Clarissa, Francine, Heitor, Livia, Maria Isabel, Maria Karolina e Raquel
MIELOMENINGOCELE Introdução ◦ A mielomeningocele também é chamada de espinha bífida ◦ É o defeito congênito mais comum envolvendo a medula espinhal ◦ Acontece uma falha do fechamento do tubo neural nas primeiras semanas de vida fetal, durante fase embrionária chamada de neurulação primária. Nesta fase, não só acontece o fechamento do tubo neural como também ocorre a separação entre o tecido nervoso e a pele ◦ Fechamento completo até 28 dias de gestação ◦ Analogia da camiseta com botão ◦ Mais frequente não fechar nas extremidades, região lombar Tipos Aberta ou Cística: ocorre a formação de uma bolsa cística, um extravasamento da medula e má formação vertebral. ◦ Meningocele: Meninge e liquor extravasa. Normalmente assintomática. A condução do impulso se processa normalmente. ◦ Mielomeningocele: Meninge, liquor, medula e raiz nervosa extravasa.
Oculta: não tem extravasamento e nenhuma proeminência
◦ Apresenta tufo de pelo ◦ Má formação vertebral ◦ Normalmente assintomática, na região de L5 - S1 Causas ◦ A etiologia é multifatorial, podendo resultar de uma combinação de fatores de risco genéticos, nutricionais e ambientais ◦ Uso de álcool na gestação ◦ Fatores de risco não-genéticos incluem: deficiência de ácido fólico, uso de anticonvulsivantes, diabetes mellitus e obesidade materna ◦ O principal: deficiência de ácido fólico, que é nutriente essencial para a proliferação e sobrevivência celular durante a formação do embrião ◦ Desde 1992, o Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC) recomenda o uso de 0,4 mg diários de ácido fólico para todas as mulheres em idade reprodutiva pelo menos 3 meses antes de engravidar. ◦ Ministério da saúde em 2002 obrigou os fabricantes de farinha de trigo e milho a enriquecerem seus produtos com ácido fólico Epidemiologia ◦ A prevalência de mielomeningocele varia de 0.17 a 6.39% por 1000 nascidos vivos, sendo a maior prevalência na China. ◦ No Brasil, a prevalência é estimada entre 1,4 em cada 10000 nascimentos Diagnostico Podem ser feitos de duas maneiras: ◦ Dosagem de alfafetoproteína (AFP) – amostra de sangue materno pode ser colhido e testado para alfafetoproteína, uma proteína produzida pelo feto. Níveis anormais de AFP sugerem que o bebê tenha um defeito do tubo neural. É realizado no segundo trimestre, mas isso pode ocorrer também em outras doenças, não sendo específico para mielomeningocele
◦ Ultrassonografia - é método de rastreio não invasivo para a detecção de
anomalias fetais, incluindo os defeitos do tubo neural devido à sua segurança, eficiência de custos e sensibilidade à detecção. Podem ser feitos durante todas a gestação. Manifestações clinicas ◦ Abaixo do nível da lesão: ◦ Paralisia flácida (fraqueza + hipotonia); ◦ Atrofia muscular; ◦ Diminuição ou abolição dos reflexos tendíneos; ◦ Diminuição ou abolição da sensibilidade; ◦ Incontinência esfincteriana; ◦ Deformidades de origem paralítica e congênita. Complicações secundárias ◦ Úlceras de pressão; ◦ Alterações vasomotoras; ◦ Osteopenia - osteoporose – fraturas; ◦ Atraso do DNPM; ◦ Contraturas e deformidades; ◦ Alergia ao látex; ◦ Obesidade. Manifestações neurológicas associadas ◦ Malformação de Arnold Chiari ◦ Hidrocefalia ◦ Medula presa Malformação de Arnold Chiari ◦ Tipo I consiste no deslocamento caudal das amígdalas cerebelares por meio do forame magno; ◦ Tipo II representa uma herniação das amígdalas, verme cerebelar, quarto ventrículo e porção inferior do bulbo por meio do forame occipital; ◦ Tipo III consiste em uma herniação do cerebelo e tronco encefálico dentro de uma meningocele cervical alta; ◦ Tipo IV, consiste em uma hipoplasia cerebelar Malformação de Chiari do tipo II ◦ Ela está presente em praticamente todas as crianças com mielomeningocele e é caracterizada por um deslocamento das estruturas da fossa posterior para o interior do canal espinhal. Acontece devido à perda de líquido cefalorraquidiano através do defeitos espinhal, formando uma fossa posterior pequena, muitas vezes não causam sintomas ◦ A sintomatologia depende da idade, podendo causar disfunções da deglutição e respiratórias em lactentes, enquanto crianças mais velhas se apresentam com cefaleia, dor cervical, fraqueza em membros. Estes sintomas são geralmente transitórios e a necessidade de descompressão cirúrgica é rara Hidrocefalia ◦ É definida como o acúmulo de líquido cefalorraquidiano nos ventrículos cerebrais, determinando aumento do perímetro cefálico e hipertensão intracraniana. ◦ Está presente em aproximadamente 80% das crianças com mielomeningocele. ◦ Têm relação com a malformação de Chiari II, devido a obstrução do fluxo de saída liquórico, mas também associada a alterações estruturais do cérebro, como a estenose secundária do aqueduto cerebral, além da compressão e obstrução do fluxo venoso da fossa posterior que poderiam levar à dificuldade de absorção do líquor. ◦ O tratamento da hidrocefalia geralmente se dá através do implante de uma válvula, com o objetivo de drenar o excesso de líquido cefalorraquidiano para outras partes do corpo Medula presa O que é a síndrome da medula presa/ancorada ? ◦ Ao nascer o filo terminal se encontra no nível da L5, nos primeiros meses de vida passa a se localizar no nível de L1. ◦ Por conta das malformações presentes na região lombar, que estão associadas a cicatriz do tratamento cirúrgico, o filo terminal pode permanecer fixado no nível de L5 ou S1. ◦ Fazendo com que a medula possa progressivamente sofrer um processo de tração e estiramento durante o período de crescimento. Medula presa Epidemiologia ◦ Vários estudos relataram que a incidência de medula ancorada sintomática após o reparo da MMC varia amplamente, variando de menos de 10% dos pacientes até 30%. ◦ Em relação aos pacientes submetidas à correção fetal de MMC, foram relatadas maiores incidências de sintomas de cordão amarrado e cistos de dermóides. Sintomas ◦ Perda progressiva da força muscular dos membros inferiores, inicio ou progressão de deformidades, espasticidade dos membros inferiores, escoliose progressiva, piora da função vesical ou intestinal. Medula presa Diagnóstico clínico ◦ Embora todo os paciente tenham alterações anatômicas observáveis da medula espinhal a medula presa é uma síndrome clínica na qual os pacientes apresentam sintomas neurológicos, ortopédicos e urológicas progressivos. ◦ O diagnóstico e o tratamento precoce são essenciais. Diagnóstico radiológico ◦ A ressonância magnética é o principal procedimento de imagem usado. ◦ Várias características, incluindo hidromielia, escoliose e aderências na medula espinhal, estão relacionadas à Síndrome. Procedimento Cirúrgico ◦ O objetivo da intervenção cirúrgica é interromper mecanicamente a tensão excessiva da medula espinhal inserida em crianças sintomáticas Avaliação ◦ Teste muscular Manual ◦ Avaliação da Amplitude de Movimento ◦ Teste reflexos superficiais e profundo ◦ Teste de reflexos primitivos ◦ Avaliação do desenvolvimento funcional ◦ Exame sensorial ◦ Escala ASIA ◦ Exame motor Nível Neurológico de lesão ◦ Os níveis funcionais da Mielomengocele é classificada de acordo com seu comprometimento neurológico, sendo: torácico, lombar alto, lombar baixo e sacral. ◦ Nível torácico: se caracteriza pela ausência de movimentação ativa nos membros inferiores. ◦ Nível lombar alto: apresenta funcionalidade nos músculos psoas, adutores dos quadris e quadríceps. ◦ Nível lombar baixo: apresenta funcionalidade nos músculos psoas, adutores dos quadris e quadríceps, músculos flexores mediais do joelho e eventualmente tibial anterior e/ou glúteo médio. ◦ Nível sacral: Tem funcionalidade os músculos psoas, adutores, quadríceps, flexores mediais do joelho, músculo tibial anterior, glúteo médio, flexores plantares e extensores do quadril. Prognóstico de deambulação ◦ O prognóstico funcional e de marcha tem relação direta com o nível da lesão, presença ou não de deformidades ortopédicas, obesidade e alterações cognitivas. ◦ Torácico: realiza a deambulação terapêutica com tutor longo com cinto pélvico e com RGO. ◦ Lombar alto: Prognóstico de deambulação regular apresentando marcha domiciliar e comunitária para curtas distâncias com auxílio de órteses longas em membros inferiores e andadores, porém passam a utilizar a cadeira de rodas no início da adolescência; ◦ Lombar baixo: bom prognóstico de deambulação conseguem deambular com órteses em membros inferiores e muletas canadenses como dispositivo auxiliar de marcha ◦ Sacral: podem ou não necessitar de órteses para a deambulação, se necessário, realiza marcha com auxílio de órtese suropodálica. Tratamento ◦ O tratamento da mielomeningocele é cirúrgico, podendo ser realizado após o nascimento ou intra-útero. Independente da técnica, o objetivo do tratamento é a reconstrução dos planos, a liberação do tecido neural, a prevenção de infecção do Sistema Nervoso Central e manutenção da função neurológica. ◦ Correção cirúrgica pós-natal: - Cesária - Correção cirúrgica em ate 48h ◦ Cirurgia fetal: - Cirurgia intrauterina - Entre 19 e 27 semanas de idade gestacional - A correção cirúrgica intra-útero demonstrou redução significativa da incidência de malformação de Chiari II e hidrocefalia - Riscos maternos Tratamento das deformidades ◦ Quadril: cirurgia de partes moles para alinhar os MMII e permitir o ortostatismo ◦ Joelho: quando a deformidade em flexão é maior do que 30° a indicação é cirúrgica. Em caso de recurvato, é indicado o uso de órteses longas. ◦ Tornozelo: no caso de deformidade em valgo, inicia-se o tratamento conservador, se o uso da órtese promover áreas de hiperpressão maleolar prejudicando a deambulação, o tratamento será cirúrgico. ◦ Pé: o objetivo do tratamento é obter o pé platígrado e com mobilidade, livres de área com hiperpressão e compatível com o uso de órteses. Pés rígidos podem desenvolver pé de Charcot. Tratamento fisioterapêutico ◦ Estimular o DNM típico ◦ Prevenir ou tratar encurtamentos musculares ◦ Promover funcionalidade ◦ Fortalecer MMSS e MMII ◦ Fortalecimento de tronco ◦ Uso de órtese, de acordo com o nível da lesão (órtese de reciprocação, órtese inguino-pédica com cinto pélvico, órtese tornozelo e pé ou cadeira de rodas). Referências ◦ Janik K, Manire MA, Smith GM and Krynska B. Spinal Cord Injury in Myelomeningocele: Prospects for Therapy. Front. Cell. Neurosci. Junho, 2020. Vol.14:201. doi: 10.3389/fncel.2020.00201 ◦ Sociedade brasileira de neurocirurgia pediátrica. Mielomeningocele: artigo de revisão. Disponível em: https://sbnped.com.br/pt/conteudos/mielomeningocele/203-mielomeningocele-artigo-d e-revisao . Acesso em: 17/04/2022 ◦ Christofoletti G.; Bela G. P.; Turolla R. C.; Serradilha S.; Olliani M. M.; Quadros A. C. Jr. Alterações Motoras e Sensoriais na Mielomeningocele: relato de três casos. SAÚDE REV., Piracicaba, 9 (22): 53-57, 2007. ◦ Ferreira Furtado L, Da Costa Val Filho J, Dantas F, et al. (14 de Outubro de 2020) Síndrome do Cordão Atado após Reparação de Mielomeningocele: Uma Atualização da Literatura. Cureus 12(10): e10949. DOI 10.7759/cureus.10949 ◦ Reabilitação / Antônio Carlos Fernandes…[et al.]. - 2. ed. - Baruri, Sp: Manole, 2015. Referências ◦ InterFisio. A intervenção fisioterapêutica em criança portadora de Mielomeningocele. Disponível em: https://interfisio.com.br/a-intervencao-fisioterapeutica-em-criancas-portadora-de-mielom eningocele/ Acesso em: 17/03/2022 ◦ Souza, LAC. et al. Avaliação da força muscular pelo teste do esfigmomanômetro modificado: uma revisão de literatura. Fisioterapia Movimento. 2013. ◦ Neves, MAO. et al. Escalas clinicas e funcionais no gerenciamento de indivíduos com lesões traumáticas da medula espinhal. Revista Neurociência. 2007. ◦ Scontri, C.M. C. Branco, D. Braga, Gouvêa, J. X. Muzzi de, Werneck, M. Soares. Associação entre objetivo funcional e nível de lesão na Mielomeningocele. Revista CIF Brasil, 2019. ◦ Robaina, Luciane. Reabilitação na mielomeningocele. AACD/RS. Disponível em: http://www1.saude.rs.gov.br/dados/1322853856416AACD%20-%20mielomeningocele.p df OBRIGADO!