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Espinha Bífida

Prof. Ana Clara Santana


Prof. Cláudia Monteiro
Definição
Os defeitos do tubo neural constituem
um grupo de anormalidades do
desenvolvimento em que o tubo neural
não se fecha em determinada altura
entre a medula espinhal e o cérebro.

Dentre esses defeitos pode ser citada a


espinha bífida (EB), que é a
malformação mais comum e costuma
resultar em uma abertura cutânea,
musculofascial, vertebral e dural,
podendo haver protusão e exposição da
medula espinhal.
Epidemiologia
Em todo o mundo, a EB afeta aproximadamente 300.000 neonatos a cada ano, sendo a segunda
incapacidade mais comum na infância, após a Paralisia Cerebral. A média da incidência mundial varia entre
2 e 8 casos a cada 10.000 nascidos vivos – maior incidência em meninas do que em meninos, e sua
prevalência varia de acordo com a região e a raça.

• No Brasil, a incidência é de 2,28/1.000 nascidos vivos.

A etiologia parece estar associada a fatores ambientais, geográficos, teratogênicos e demográficos,


incluindo condição socioeconômica, idade e saúde materna. Adicionalmente, evidências crescentes
apontam a influência genética associada a anormalidades cromossômicas, síndromes genéticas, etnia/raça e
distribuições familiares. Além disso, sabe-se que a deficiência de ácido fólico é um importante agente,
sendo sua suplementação capaz de reduzir drasticamente o risco dos defeitos do tubo neural (DFTN).

De modo geral, os DFTN resultam da interação de genomas suscetíveis com um ou mais fatores
ambientais.
Etiopatogênese e Classificação da Espinha Bífida
O SNC é formado a partir de uma estrutura côncava, denominada tubo neural.

• A maior parte do tubo neural se desenvolve a partir da placa neural (neurulação primária) – essa parte
do tubo neural originará o cérebro e a medula espinhal até os níveis lombares.

• A estrutura mais distal do tubo neural, dará origem aos níveis sacrais e coccígeos da medula espinhal
(neurulação secundária).

Neurulação: processo decorrente de alterações morfológicas nos neuroblastos (futuros neurônios). Assim,
qualquer distúrbio durante esse processo ocasionará mal-formações. Por causa dessa relação, uma falha na
neurulação quase sempre leva a uma malformação das estruturas circundantes.
Etiopatogênese e Classificação da Espinha Bífida
Neurulação: processo decorrente de alterações morfológicas nos neuroblastos (futuros neurônios). Assim,
qualquer distúrbio durante esse processo ocasionará mal-formações. Por causa dessa relação, uma falha na
neurulação quase sempre leva a uma malformação das estruturas circundantes.
Etiopatogênese e Classificação da Espinha Bífida
Neurulação: a partir do 18º dia, as margens laterais da placa neural se tornam mais espessas e se unem,
dando origem ao tubo neural. A abertura, o neuroporo anterior, se fecha em torno de 24 dias; a abertura
caudal, o neuroporo posterior, cerca de 2 dias mais tarde.
Etiopatogênese e Classificação da Espinha Bífida
Neurulação: a partir do 18º dia, as margens laterais da placa neural se tornam mais espessas e se unem,
dando origem ao tubo neural. A abertura, o neuroporo anterior, se fecha em torno de 24 dias; a abertura
caudal, o neuroporo posterior, cerca de 2 dias mais tarde.
Etiopatogênese e Classificação da Espinha Bífida
Neurulação: a partir do 18º dia, as margens laterais da placa neural se tornam mais espessas e se unem,
dando origem ao tubo neural. A abertura, o neuroporo anterior, se fecha em torno de 24 dias; a abertura
caudal, o neuroporo posterior, cerca de 2 dias mais tarde.
Etiopatogênese e Classificação da Espinha Bífida
Feto de 4 semanas – 6 mm
Etiopatogênese e Classificação da Espinha Bífida
Lesões no neuroporo anterior: Anencefalia (óbito); Encefalocele (herniação das estruturas intracranianas)
– Meningocele (apenas meninges), Meningoencefalocele (meninges e o cérebro) e
Meningoidroencefalocele (meninges, cérebro e parte ventricular).
Etiopatogênese e Classificação da Espinha Bífida
Lesões no neuroporo anterior: Anencefalia (óbito); Encefalocele (herniação das estruturas
intracranianas) – Meningocele (apenas meninges), Meningoencefalocele (meninges e o cérebro) e
Meningoidroencefalocele (meninges, cérebro e parte ventricular).
Etiopatogênese e Classificação da Espinha Bífida
Lesões no neuroporo anterior: Uma alteração mais branda nessa região pode dar origem à mal formação
de Arnold-Chiari – herniação congênita do vérmis cerebelar através do forame magno.
Etiopatogênese e Classificação da Espinha Bífida
Lesões no neuroporo posterior: Onde a maior parte das lesões acontece. Os defeitos dão origem à espinha
bífida (EB), que se divide em dois tipos: aberta ou fechada. Algumas anormalidades, como defeitos dos
componentes vertebrais, tufos de pelo na pele, são observadas na EB oculta – em muitos casos
assintomática; orientação: pesquisar anomalias do sistema urinário.
Etiopatogênese e Classificação da Espinha Bífida
Lesões no neuroporo posterior: Em contraste à EB fechada, na EB aberta se observa uma bolsa que pode
incluir somente as meninges (meningocele) ou tecidos neurais com meninges (mielomeningocele). Como
as incapacidades estão relacionadas principalmente com a mielomeningocele, abordaremos apenas essa
condição.
Etiopatogênese e Classificação da Espinha Bífida
Diagnóstico Fetal e Tratamento Médico
MEDULA ESPINHAL

Medula significa miolo o que está por dentro. Está localizada dentro do canal medular da coluna vertebral.
Diagnóstico Fetal e Tratamento Médico
MEDULA ESPINHAL

• É a porção mais caudal do SNC;

• É uma massa cilindróide;

• Via de condução de impulsos nervosos para o encéfalo e vice versa;

• Termina afilando-se para formar o cone medular e o filamento terminal;

• Limite superior: bulbo – forame magno;

• Limite inferior: L2;

• Abaixo de L2: prolongamento das raízes nervosas mais caudais e as

meninges que, junto com o cone medular, formam a cauda equina.


Diagnóstico Fetal e Tratamento Médico
NERVOS ESPINHAIS

Ao todo existem 31 pares de nervos espinhais:

• 8 cervicais;

• 12 torácicos;

• 5 lombares;

• 5 sacrais;

• 1 coccígeo.
Diagnóstico Fetal e Tratamento Médico
MENINGES

Membranas que envolvem a medula espinhal: dura-máter; aracnóide e pia-máter.


Diagnóstico Fetal e Tratamento Médico
.
Diagnóstico Fetal e Tratamento Médico
.
Diagnóstico Fetal e Tratamento Médico
O diagnóstico da EB pode ser estabelecido ainda no estágio fetal, com confirmação por
ultrassonografia tridimensional. Exames de ressonância magnética podem ser úteis naqueles casos em que
não é possível determinar o nível da lesão por US (obesidade materna, oligoidramnios e posição fetal).
Diagnóstico Fetal e Tratamento Médico
➢ Em alguns centros, as cirurgias são realizadas com o feto ainda intraútero.

➢ Em outras condições, as cirurgias devem ser realizadas em até 72h após o parto. O objetivo da cirurgia
é inserir o tecido nervoso no canal vertebral, cobrir o defeito e fechar a bolsa de maneira plana e
impermeável. Caso haja hidrocefalia associada, esta deve ser corrigida simultaneamente, uma vez que
com o fechamento da região posterior a pressão no sistema liquórico aumentará, o que pode levar ao
extravasamento de líquor pela sutura cirúrgica, impedindo a cicatrização.

➢ As cirurgias reduzem o risco de infecções do SNC e minimizam os agravos neurológicos.


Aspectos Relacionados com a Funcionalidade e a
Incapacidade
As crianças diagnosticadas com Mielomeningocele apresentam diversas deficiências que têm impacto
direto nas atividades e participações sociais, e estão sob influência de fatores ambientais e pessoais, de
acordo com a CIF (Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde).

Seguem as principais restrições da participação, limitações de atividades e deficiências da estrutura e


funções do corpo, bem como os fatores contextuais (pessoais e ambientais).
Aspectos Relacionados com a Funcionalidade e a
Incapacidade
RESTRIÇÕES DA PARTICIPAÇÃO E LIMITAÇÕES DA ATIVIDADE

As limitações ocorrerão principalmente nas áreas de mobilidade e auto-


cuidado.

Na fase de lactação, a principal limitação da atividade é o atraso no


desenvolvimento motor, principalmente quando associado à outras
comorbidades, como a hidrocefalia.

Adicionalmente ao atraso motor, as crianças apresentam dificuldade em manter


a posição do corpo por determinado tempo, incluindo permanecer sentadas,
sobre quatro apoios e de pé – dependendo do nível motor.
Aspectos Relacionados com a Funcionalidade e a
Incapacidade
RESTRIÇÕES DA PARTICIPAÇÃO E LIMITAÇÕES DA ATIVIDADE

De modo geral, as crianças adquirem a marcha, que varia de acordo com o uso ou não de tecnologia
assistiva e do nível neurológico.

• 5 anos e 6 meses: torácico;

• 5 anos e 2 meses: lombar alto;

• 5 anos: lombar médio;

• 3 anos e 10 meses: lombar baixo;

• 2 anos e 2 meses: sacral.


Aspectos Relacionados com a Funcionalidade e a
Incapacidade
RESTRIÇÕES DA PARTICIPAÇÃO E LIMITAÇÕES DA ATIVIDADE

Apesar de os pacientes do mesmo nível neurológico serem enquadrados frequentemente em um mesmo


grupo quanto ao prognóstico de marcha, sabe-se que vários fatores estão associados e devem ser levados
em consideração, como intervenções cirúrgicas, obesidade, tônus, contraturas; bem como outras
deficiências da estrutura e funções do corpo.

Á medida que a criança cresce e atinge as idades pré-escolares e escolar, os problemas de mobilidade e
autocuidado se acentuam.

Mobilidade Autocuidado

• Mudar a manter a posição do corpo; • Lavar-se;


• Autotransferências; • Cuidar das partes do corpo;
• Mover-se; • Cuidados com os processos de excreção;
• Andar e deslocar; • Vestir-se;
• Deslocar-se utilizando transportes. • Comer, beber e cuidar da própria saúde.
Aspectos Relacionados com a Funcionalidade e a
Incapacidade
DEFICIÊNCIAS DA ESTRUTURA E FUNÇÕES DO CORPO

A mielomeningocele é mais comum nos níveis torácicos, lombares e sacrais, haja vista que as lesões
cervicais são mais raras.

As lesões na mielomeningocele resultam em déficts nas funções motoras e sensoriais no nível


neurológico – bem como abaixo desse nível. Além disso, salienta-se que as alterações nas funções
sensoriais e motoras podem não ser simétricas em razão dos diferentes padrões da lesão.

AJFR, 12 anos
Lesão sacral:
Aspectos Relacionados com a Funcionalidade e a
Incapacidade
DEFICIÊNCIAS DA ESTRUTURA E FUNÇÕES DO CORPO

Quando não há acometimento dos membros superiores, a lesão é definida como paraparesia. Diferente da
paraparesia causada por lesões medulares traumáticas, que são primariamente síndromes do neurônio motor
superior; na paraparesia proveniente da mielomeningocele são observadas características de síndromes de
neurônio motor inferior associadas.
Aspectos Relacionados com a Funcionalidade e a
Incapacidade
DEFICIÊNCIAS DA ESTRUTURA E FUNÇÕES DO CORPO
Aspectos Relacionados com a Funcionalidade e a
Incapacidade
DEFICIÊNCIAS DA ESTRUTURA E FUNÇÕES DO CORPO

Funções Neuromusculoesqueléticas e Relacionadas com o Movimento

De modo geral, as crianças com mielomeningocele apresentam hipotonia, fraqueza muscular e diminuição
ou abolição dos reflexos. O grau de acometimento depende do nível neurológico, que pode ser torácico,
lombar alto, lombar baixo e sacral.
Aspectos Relacionados com a Funcionalidade e a
Incapacidade
DEFICIÊNCIAS DA ESTRUTURA E FUNÇÕES DO CORPO

Funções Neuromusculoesqueléticas e Relacionadas com o Movimento


Aspectos Relacionados com a Funcionalidade e a
Incapacidade
DEFICIÊNCIAS DA ESTRUTURA E FUNÇÕES DO CORPO

Funções Neuromusculoesqueléticas e Relacionadas com o Movimento

Em razão da natureza da lesão e da manutenção de posturas viciosas, as crianças desenvolvem deficiências


secundárias com o passar do tempo, como contraturas dos músculos dos MMII e alterações na coluna
vertebral (aumento da cifose e escolioses).
Aspectos Relacionados com a Funcionalidade e a
Incapacidade
DEFICIÊNCIAS DA ESTRUTURA E FUNÇÕES DO CORPO

Funções Neuromusculoesqueléticas e Relacionadas com o Movimento

As principais contraturas são em flexão, rotação externa e abdução de quadril, flexão de joelho e flexão
plantar. Há ainda que se destacar que as assimetrias pélvicas, principalmente naqueles pacientes que
utilizam cadeiras de rodas como meio de locomoção, podem agravar as alterações da coluna vertebral.
Aspectos Relacionados com a Funcionalidade e a
Incapacidade
DEFICIÊNCIAS DA ESTRUTURA E FUNÇÕES DO CORPO

Funções Neuromusculoesqueléticas e Relacionadas com o Movimento


Aspectos Relacionados com a Funcionalidade e a
Incapacidade
DEFICIÊNCIAS DA ESTRUTURA E FUNÇÕES DO CORPO

Funções Neuromusculoesqueléticas e Relacionadas com o Movimento

Em relação à perda de massa óssea, sabe-se que a redução da função muscular diminui a carga axial usal
nos MMII, predispondo o paciente às fraturas por fragilidade óssea.

Nas crianças deambuladoras são apontadas deficiências como dor anterior e artrite de joelho. Por outro
lado, as crianças não deambuladoras irão apresentar luxações/subluxações de quadril.

Outras deformidades ortopédicas: hemivértebra e deformidades nos pés (pé torto e tálus vertical).

As crianças com mielomeningocele apresentam, também, alterações das funções de equilíbrio nas posturas
sentada, de pé e ao andar.
Aspectos Relacionados com a Funcionalidade e a
Incapacidade
DEFICIÊNCIAS DA ESTRUTURA E FUNÇÕES DO CORPO

Padrão de Marcha
Naqueles pacientes que apresentam marcha são observadas alterações
cinemáticas e cinéticas. Essas compensações posturais durante a marcha
estão associadas à redução da força muscular e ao mau alinhamento
articular, como em crianças com fraqueza de abdutores e quadril e
plantiflexão, nas quais são observadas maiores inclinações laterais,
movimentos pélvicos, aumento da flexão de joelho e dorsiflexão.
Aspectos Relacionados com a Funcionalidade e a
Incapacidade
DEFICIÊNCIAS DA ESTRUTURA E FUNÇÕES DO CORPO

Funções de tolerância ao exercício

As crianças com mielomeningocele apresentam baixa tolerância ao


exercício, quando comparadas a seus pares, haja vista a redução da
capacidade aeróbica. A baixa tolerância ao exercício tem sido relacionada
com o sedentarismo, e vice-versa, o que pode resultar em aumento de peso.
Aspectos Relacionados com a Funcionalidade e a
Incapacidade
DEFICIÊNCIAS DA ESTRUTURA E FUNÇÕES DO CORPO

Funções do Aparelho Respiratório e Sono

As crianças com mielomeningocele apresentam redução da função pulmonar (tipo restritivo), sobretudo
aquelas com nível mais alto da lesão, e essas funções podem ser agravadas pela presença de escolioses e
hipercifoses.

Em relação aos distúrbios respiratórios durante o sono, as crianças apresentam prevalência de 20% quando
comparadas às crianças com mal formação de Arnold Chiari, que apresentam prevalência de 50%. Sabe-se
que estes distúrbios estão associados à morte súbita durante o sono, bem como distúrbios cognitivos e de
comportamento/humor.
Aspectos Relacionados com a Funcionalidade e a
Incapacidade
DEFICIÊNCIAS DA ESTRUTURA E FUNÇÕES DO CORPO

Funções Genitourinárias

A maioria das crianças apresenta bexiga neurogênica, o que pode ocasionar incontinência urinária, infecção
urinária de repetição, refluxos, malformações renais e distúrbios sexuais.

O acompanhamento por urologista pediátrico é fundamental para essas crianças, e o exame de urodinâmica
ainda no primeiro ano de vida é útil para monitorar a resposta às terapias, a segurança do trato urinário
inferior e identificação de pacientes que precisam de avaliação urodinâmica periódica.
Aspectos Relacionados com a Funcionalidade e a
Incapacidade
DEFICIÊNCIAS DA ESTRUTURA E FUNÇÕES DO CORPO

Alteração na Estrutura do SNC e Impacto das Funções Intelectuais

É importante destacar as malformações do SNC, como o corpo caloso, bem como o atraso na maturação
das substâncias cinzenta e branca. São citadas alterações cerebrais frontais (alargamento dos ventrículos),
medianas e posteriores (anomalias cerebelares associadas à extrusão da tonsila cerebelar para o canal
vertebral).

Dentre as alterações posteriores cerebrais pode ser citada a malformação de Arnold-Chiar, que é decorrente
da herniação do vérmis-cerebelar através do forame magno, podendo causar obstrução e aumento da
pressão intracraniana.
Aspectos Relacionados com a Funcionalidade e a
Incapacidade
DEFICIÊNCIAS DA ESTRUTURA E FUNÇÕES DO CORPO

Alteração na Estrutura do SNC e Impacto das Funções Intelectuais


A hidrocefalia está frequentemente associada à mal-formação de Arnold-
Chiara e ocorre após o nascimento, quando a mielomeningoce é
cirurgicamente fechada e a bolsa externa deixa de absorver o aumento da
pressão liquórica.

Essa condição irá exigir a implantação de derivações, que são válvulas


que drenam o liquor dos ventrículos para o peritônio.

Todas essas malformações agravam o quadro clínico, levando ao


comprometimento de diversas funções mentais, inteligência, aprendizado
não verbal, linguagem, atenção e função executivas, percepção visual e
funcionamento motor.
Aspectos Relacionados com a Funcionalidade e a
Incapacidade
DEFICIÊNCIAS DA ESTRUTURA E FUNÇÕES DO CORPO

Alteração na Estrutura do SNC e Impacto das Funções Intelectuais

Outras alterações na estrutura do SNC são a medula presa (ou ancorada) e


a hidromielia. A medula presa se apresenta mais comumente entre os 2 e 8
anos, e em menor incidência entre 10 e 12 anos. Ocorre em virtude da
aderência da medula na cicatriz cirúrgica.

Assim, durante o crescimento, ocorre um estiramento medular e a criança


pode apresentar alterações no padrão da marcha, sensoriais (dor),
musculoesqueléticas (escoliose), de tônus (espasticidade) e alterações nos
reflexos. Essa condição exige intervenção cirúrgica, objetivando liberar as
aderências.
Aspectos Relacionados com a Funcionalidade e a
Incapacidade
DEFICIÊNCIAS DA ESTRUTURA E FUNÇÕES DO CORPO

Alteração na Estrutura do SNC e Impacto das Funções Intelectuais

A hidromielia, por sua vez, é uma coleção de líquor no interior da medula


que causa efeitos compressivos que podem agravar o quadro clínico
(alteração de tônus, alteração de força, alteração sensorial, déficits de
equilíbrio).
Aspectos Relacionados com a Funcionalidade e a
Incapacidade
FATORES CONTEXTUAIS

Os fatores pessoais e ambientais, como idade, motivação, gênero, personalidade, renda familiar, atividades
esportivas, barreiras arquitetônicas, acesso a tecnologias assistivas, famílias monoparentais e baixo nível de
escolaridade dos pais, também estão associados a níveis baixos de participação social, mobilidade e
qualidade de vida.
Avaliação Fisioterapêutica
Coleta de Dados da História Clínica

Devem ser investigados os aspectos relacionados com a história da condição atual, a história pregressa:

• Cirurgia de fechamento;

• Presença de infecções;

• Vesicotomias;

• Implantação de derivação ventriculoperitoneal (DVP) e atrial (DVA).

Outras intervenções cirúrgicas, história social e familiar, a queixa principal da criança e/ou pais e/ou
cuidadores.
Avaliação Fisioterapêutica
Fatores Contextuais

Investigar os ambientes do indivíduo:

• Domiciliar;
Características físicas e materiais do ambiente,
• Trabalho; uso de tecnologia assistiva e contato direto
com outros indivíduos – família, conhecidos,
• Escolar; colegas e estranhos.
• Reabilitação.
Avaliação Fisioterapêutica
Fatores Contextuais

Os fatores pessoais incluem o risco de vida do indivíduo, como sexo, raça, idade, outros estados de saúde,
condição física, estilo de vida, hábitos, escolaridade, enfrentamento de problemas, motivação,
comportamento e características psicológicas individuais.
Avaliação Fisioterapêutica
Atividade e Participação

Avaliação Qualitativa – movimentação espontânea:

• Supino;

• Prono;

• Sentada;

• Gato;

• Ajoelhada e de pé.
Avaliação Fisioterapêutica
Atividade e Participação

Avaliação Quantitativa – instrumentos de medida padronizados:

• Classificação de mobilidade: Escala de Mobilidade Funcional (Functional Mobility Scale – FMS).

Identifica a mobilidade em três contextos distintos: casa (5m), escola (50m) e comunidade (500m).

Em cada um deles é dado um score que varia de 0 a 6 com base na capacidade ambulatória.

Embora tenha sido desenvolvida para crianças com PC, tem sido aplicada em outras incapacidades, como
mielomeningocele, podendo ser utilizada em crianças de 4 a 18 anos de idade,
Avaliação Fisioterapêutica
Atividade e Participação
Avaliação Fisioterapêutica
Atividade e Participação

Para avaliação das atividades motoras grossas é utilizada a Medida da Função Motora Grossa – versão 88
(Gross Motor Function Measure – GMFM-88), que consiste em uma medida quantitativa amplamente
utilizada para medir a atividade motora grossa em crianças e adolescentes com PC, mas que também tem
sido usada em crianças com mielomeningocele, embora não tenha sido validada para essa população.
Avaliação Fisioterapêutica
Atividade e Participação
Avaliação Fisioterapêutica
Atividade e Participação

• O Bayley-III pode ser utilizado para avaliar o desenvolvimento motor fino (fino e grosso), a linguagem
e a cognição de crianças com mielomeningocele na faixa etária de 1 a 42 meses;

• A capacidade de locomoção/mobilidade pode ser avaliada por meio do Teste de Caminhada de 6


Minutos (que avalia a distância da caminhada), bem como por meio do teste:

• Timed Up and Go – avalia a velocidade durante a execução do teste.


Avaliação Fisioterapêutica
Atividade e Participação

• O inventário de Avaliação Pediátrica de Incapacidade (Pediatric Evaluation Disability Inventory –


PEDI) pode ser utilizado para avaliar a limitação de atividade de autocuidado, mobilidade e função
social, bem como acompanhar progressos e analisar os resultados das intervenções.
Avaliação Fisioterapêutica
Atividade e Participação
Avaliação Fisioterapêutica
Atividade e Participação
Avaliação Fisioterapêutica
Atividade e Participação

• A Escala de Equilíbrio Pediátrica (EEP) – equilíbrio funcional – pode ser utilizada para possibilitar
inferências sobre a disfunção do equilíbrio de crianças entre os 5 e os 15 anos de idade. É composta por
14 itens, sendo cada item pontuado de 0 a 4. A pontuação máxima da escala é 56 – quanto maior o
escore, maior o equilíbrio.
Avaliação Fisioterapêutica
Estrutura e Função do Corpo

• Inspeção geral: investigar postura, hipotrofia, pele e cicatriz;

• Perimetria: utilizar fita métrica;

• Função sensorial: investigar as sensibilidades profunda e superficial através dos dermátomos


correspondentes a partir da cicatriz;

• Dor: caso seja necessário.


Avaliação Fisioterapêutica
Estrutura e Função do Corpo

• Teste de força muscular de MMSS e MMII:


• Teste de uma repetição máxima ou 1RM (execução do movimento com carga máxima e sem capacidade de realizar o
segundo movimento);

• Teste muscular manual (graduação da força de 0 a 5).


Avaliação Fisioterapêutica
Estrutura e Função do Corpo

• Nível Neurológico

Consiste no segmento mais caudal da medula espinhal com sensibilidade normal e força muscular contra a
gravidade de ambos os lados, sendo determinado mediante a avaliação da função muscular. Para isso deve ser
verificada a atividade de músculos-chave (direito e esquerdo):

➢ L2: flexores de quadril;

➢ L3: extensores de joelho;

➢ L4: dorsiflexores do tornozelo;

➢ L5: extensor longo dos dedos;

➢ S1: flexão plantar do tornozelo.


Avaliação Fisioterapêutica
Estrutura e Função do Corpo
Avaliação Fisioterapêutica
Estrutura e Função do Corpo

• Amplitude de movimento;

• Reflexos;

• Tônus;

• Padrão de marcha (desvios e compensações);

• Tolerância ao exercício (teste de caminhada de 6 minutos; testes de MMSS – cicloergômetro);

• Exames de imagem (escoliose, luxação e subluxação de quadril);

• Qualidade de vida: Pediatric Quality of Life Inventory Generic Form (PedsQL) – autoavaliação de
crianças e adolescentes entre 5 e 18 anos de idade e um questionário para pais de crianças e
adolescentes entre 2 e 18 anos de idade.
Tratamento Fisioterapêutico
1) Fase Neonatal

• Possibilitar o correto fechamento da cicatriz cirúrgica;

• Posicionamento adequado no leito;

• Prevenis deformidades
Tratamento Fisioterapêutico
1) Fase Neonatal

• Os bebês que receberem dreno para a redução da pressão intracraniana devem ter a cabeceira elevada a
30 graus e centralizada a fim de favorecer o retorno venoso das veias jugulares.

• Caso a hidrocefalia seja muito grave, o manuseio pós operatório pode não ser seguro em razão da queda
brusca da pressão intracraniana.
Tratamento Fisioterapêutico
1) Fase Neonatal

• O fisioterapeuta deverá atender a criança em prono ou decúbito lateral – cicatriz cirúrgica;

• RF para manejo da cicatriz: laser.


Tratamento Fisioterapêutico
2) Fase de Lactação e Pré Escolar

O tratamento fisioterapêutico nessa fase tem como objetivo:

➢ Potencializar o desenvolvimento neurossensoriomotor e o autocuidado;

➢ Aprimorar as funções musculares;


Intervenção Precoce
➢ Aumentar o controle postural;

➢ Prevenir disfunções musculoesqueléticas.


Tratamento Fisioterapêutico
3) Fase Escolar, Adolescência e Transição para a Vida Adulta

Os objetivos da fase anterior devem ser mantidos/aprimorados, porém as prioridades estão mais
direcionadas para:

• Aumentar a capacidade funcional;

• Aprimorar a tolerância ao exercício;

• Adquirir e aprimorar a mobilidade e o autocuidado;

• Prevenir o ganho de peso;

• Aumentar a participação;

• Melhorar a qualidade de vida.


Tratamento Fisioterapêutico
3) Fase Escolar, Adolescência e Transição para a Vida Adulta

Tecnologia Assistiva:

• Órtese supramaleolar – SMO -> nível lombar baixo e sacral – posiciona subtalar (possibilita dorsi e
flexão plantar).
Tratamento Fisioterapêutico
3) Fase Escolar, Adolescência e Transição para a Vida Adulta

Tecnologia Assistiva:

• Órtese tornozelo-pé – AFO -> nível lombar baixo e sacral – posicionamento de pé e tornozelo
(manutenção das articulações tibiotársicas, subtalar e mediotarsal em posição neutra).
Tratamento Fisioterapêutico
3) Fase Escolar, Adolescência e Transição para a Vida Adulta

Tecnologia Assistiva:

• Órtese joelho-tornozelo-pé – KAFO -> nível lombar alto e torácico – posicionamento de pé e


tornozelo com controle da extensão dos joelhos (necessita controle pélvico)
Tratamento Fisioterapêutico
3) Fase Escolar, Adolescência e Transição para a Vida Adulta

Tecnologia Assistiva:

• Órtese quadril-joelho-tornozelo-pé – HKAFO -> nível lombar alto e torácico – posicionamento de pé,
tornozelo e joelhos (especialmente indicada quando há instabilidade lateral ou rotação de quadril)
Tratamento Fisioterapêutico
3) Fase Escolar, Adolescência e Transição para a Vida Adulta

Tecnologia Assistiva:

• Órtese toracolombossacral – TLSO -> presença de desequilíbrio muscular importante no tronco –


correção de escoliose e cifose.
Tratamento Fisioterapêutico
3) Fase Escolar, Adolescência e Transição para a Vida Adulta

Tecnologia Assistiva:
Tratamento Fisioterapêutico
3) Fase Escolar, Adolescência e Transição para a Vida Adulta

Tecnologia Assistiva:
Tratamento Fisioterapêutico
3) Fase Escolar, Adolescência e Transição para a Vida Adulta

Tecnologia Assistiva:

A tecnologia assistiva também tem sido utilizada para potencializar a mobilidade (padrão de marcha
e desempenho funcional) mediante o treino locomotor (solo ou esteira), bem como por meio de
programas de descarga de peso para prevenir as disfunções musculoesqueléticas.
Tratamento Fisioterapêutico
3) Fase Escolar, Adolescência e Transição para a Vida Adulta

Treino Locomotor no Solo:


Tratamento Fisioterapêutico
3) Fase Escolar, Adolescência e Transição para a Vida Adulta

Treino Locomotor no Solo:


Tratamento Fisioterapêutico
3) Fase Escolar, Adolescência e Transição para a Vida Adulta

Treino Locomotor em Esteira:


Tratamento Fisioterapêutico
3) Fase Escolar, Adolescência e Transição para a Vida Adulta

Fortalecimento Muscular e Atividade Física:


Tratamento Fisioterapêutico
3) Fase Escolar, Adolescência e Transição para a Vida Adulta

Fortalecimento Muscular e Atividade Física:


Tratamento Fisioterapêutico
3) Fase Escolar, Adolescência e Transição para a Vida Adulta

Fortalecimento Muscular e Atividade Física:


Tratamento Fisioterapêutico
3) Fase Escolar, Adolescência e Transição para a Vida Adulta

Fortalecimento Muscular e Atividade Física:


Tratamento Fisioterapêutico
3) Fase Escolar, Adolescência e Transição para a Vida Adulta

Vibração de Corpo Inteiro:

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