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Afecções neurológicas e ortopédicas em

neonatologia

Prof: VIVIANI P. R. SIMISEN


Hemorragia Peri-Intraventricular (HPIV)

A hemorragia peri-intraventricular (HPIV) é uma


das principais lesões neurológicas que acometem o
recém-nascido pré-termo (RNPT), principalmente
naqueles de muito baixo peso.
A HPIV desenvolve-se por uma imaturidade da matriz germinativa, onde é
observada a presença de vasos de pequena espessura, ainda formados somente
por tecido endotelial4. Como o fluxo sanguíneo cerebral depende da pressão
arterial sistêmica e o RNPT não possui auto regulação de seu sistema
cardiovascular, qualquer variação na pressão arterial sistêmica alterará o fluxo
sanguíneo cerebral e, consequentemente, levará ao rompimento dos vasos com
possibilidade de ocorrência de uma lesão isquêmica2,4.
Fatores de risco

Em diversos estudos, são descritos alguns fatores de risco


associados à HPIV como: idade gestacional inferior a 32 semanas,
peso inferior a 1500 g, necessidade de reanimação na sala de parto;
desconforto respiratório grave; necessidade de ventilação mecânica;
hipóxia, pneumotórax; sepse;  variações ampla de pressão
arterial; entre outros.
Diagnóstico

A ultrassonografia transfontanelar por ser um método não invasivo, isento de radiação


ionizante e de fácil manuseio à beiro do leito, se tornou o método diagnóstico mais
utilizado e efetivo para o diagnóstico e seguimento desses pacientes.
Classificação
A classificação de HPIV mais amplamente utilizada foi a elaborada por Papile et al. em
1978 com base em análise de tomografia computadorizada de crânio. Segundo esta
classificação, podem ser subdivididas em:
Grau I Hemorragia restrita à matriz
germinativa

Grau II Hemorragia intraventricular sem


dilatação ventricular

Grau II Hemorragia intraventricular sem


dilatação ventricular

Grau IV Hemorragia intraparenquimatosa


Hemorragia Grau I

•Apresenta-se em região
subependimária, uma imagem
ecogênica, inferior e lateral ao
corno frontal e medial a cabeça do
núcleo caudado. Pode uni ou
bilateral. Após semanas, o coágulo
sofre liquefação central, sendo
absorvido por completo ou Figura 1. Hemorragia Grau 1 restrita à matriz
formando um cisto subependimal. germinativa com sinais ecográficos de
processo de absorção
Hemorragia Grau II

•Quando a matriz germinal rompe a


parede ependimal e penetra no
interior dos ventrículos laterais.
Apresenta-se como uma imagem
( material ) ecogênico no corpo frontal
e occipital ou também aderido em
todo contorno do plexo coróide
tornando-o mais espesso.
Podem ser autolimitadas e resolverem Figura 2. Hemorragia Grau II: material
sem sequelas. ecogênico no interior dos ventrículos laterais,
sem dilatação.
Hemorragia Grau III

•aracteriza-se pelo aumento das


cavidades ventriculares, devido ao
processo obstrutivo à drenagem
liquórica gerado pelo
sangramento profuso.
•             
 Figura 3. Hemorragia Grau III: material
ecogênico aderido ao plexo coróide e no
interior do corno posterior dos ventrículos
laterais com dilatação dos mesmos.
Hemorragia Grau IV

•Caracterizado por imagem


ecogênica de margens irregulares
no parênquima adjacente ao
ventrículo lateral. Dependendo
do tamanho da hemorragia
podemos ver um desvio de linha
média devido ao efeito de massa.
É considerado um infarto
hemorrágico venoso.
Figura 4. Hemorragia Grau IV – infarto
hemorrágico intraparenquimatoso
Na maioria dos casos, a HPIV ocorre nos primeiros dias de vida do recém-nascido, entre
o 4° até 7° dia de vida período onde ocorrem mais de 70% dos casos. O prognóstico é
altamente dependente da localização e extensão da lesão. Paralisia cerebral e
comprometimento cognitivo grave são comuns em bebês que sofreram infarto
hemorrágico intraparenquimatoso.
Como a HPIV pode evoluir de graus menores para maiores, destaca-se a importância do
diagnóstico precoce, com o estudo ultrassonográfico para se propor o tratamento
adequado a cada caso.
Apneia da prematuridade

As particularidades anatomofisiológicas no RN lhe confere desvantagens


anatômicas e mecânicas, dentre elas podemos citar:
 o pequeno diâmetro das vias respiratórias que produz maior tendência à
obstrução;
 função muscular intercostal e diafragmática imaturas favorecendo a exaustão;
 poros de ventilação colateral (canais de Lambert e poros de Kohn)
pobremente desenvolvidos favorecendo a formação de atelectasias;
 caixa torácica mais complacente favorecendo a incoordenação
toracoabdominal, sobretudo durante a fase do sono responsável pelo
desenvolvimento cerebral (fase de Movimento Ocular Rápido);
 pulmões com menos elastina e colágeno, resultando em redução
na complacência pulmonar;
 sistema imunológico em desenvolvimento, o que favorece a
ocorrência infecções
Definição

É definida como a pausa respiratória por mais de 20 segundos,


onde não se identifica fluxo respiratório/movimento respiratório
ou quando ocorre uma pausa respiratória menor (5 a 10
segundos) associada à queda de saturação e/ou bradicardia em
recém-nascidos (RN) com idade gestacional menor que 37
semanas. A frequência dos sintomas é inversamente
proporcional à idade gestacional (IG), e quase todos os lactentes
com IG inferior a 28 semanas são afetados.
Pausas respiratórias periódicas

São episódios que geralmente duram de 5 a 10 segundos, em


que há queda da saturação de oxigênio inferior a 90%
registrados em monitores de oximetria, podendo ocorrer até a
idade a termo corrigida e na ausência de sintomas clínicos
evidentes. São episódios repetitivos e cíclicos de dessaturação,
seguidos por reoxigenação e retorno à normoxia.
CLASSIFICAÇÃO

Apneia central: interrupção simultânea dos movimentos respiratórios e


do fluxo gasoso nas vias aéreas, porém sem colabamento dessas vias.

Apneia obstrutiva: persiste esforços inspiratórios que são ineficazes na


presença de obstrução das vias aéreas superiores.

Apneia mista: corresponde à apneia central, seguida de episódio


obstrutivo ou vice-versa. É o tipo mais frequente, ocorrendo em 50-
75% dos casos.
FISIOPATOLOGIA
 TOLOGIA A AP é uma desordem do desenvolvimento de RN prematuros que é
consequência da imaturidade do controle respiratório. Durante a vida fetal, a
hematose ocorre por intermédio da placenta, sendo a atividade muscular
respiratória intermitente e com pouca função na vida intrauterina. O
mecanismo responsável pela atividade muscular respiratória contínua no feto
ainda não é totalmente entendido.
 O controle da atividade respiratória é dado por meio de quimioreceptores e
neuroreceptores que identificam alterações na pressão parcial de dióxido de
carbono (PaCO2), na pressão parcial de oxigênio (PaO2) e no potencial
hidrogeniônico (pH). Esse receptores periféricos e centrais levam a informação
ao centro respiratório que desencadeia por sua vez uma resposta neural aos
músculos efetores da respiração.
No RN prematuro existe uma imaturidade global. Imaturidade central e
periférica por uma quimio sensitividade atenuada ao PaCO2 (limiar mais alto
para desencadear estímulo respiratório), por baixa mielinização e baixo número
de sinapses organizadas em “árvores dendríticas”. Existe uma tendência à
regulação de inibição da atividade respiratória pela presença de
neurotransmissores inibidores dessa atividade, como ácido gama aminobutírico
(GABA), adenosina e endorfinas. Outro fator que pode estar relacionado à
disfunção central para apneia é o alto nível de bilirrubina indireta, que pode
inibir o centro respiratório.
Fatores externos podem estar envolvidos com a fisiopatologia
da apneia, seja diretamente ou contribuindo para (dificulta
hematose):
● Redução do tônus da musculatura hipofaríngea, que pode ser
agravada com pensionamento em flexão do RN, e desencadear
a apneia com o sono REM (Rapid Eyes Movement);
● Reflexos de proteção da via aérea superior (frente a um fator
agravante);
● Obstrução nasal, RNs possuem respiração nasal
predominante.
● Anormalidades anatômicas: edema de laringe, disfunção de
cordas vocais, estenose traqueal.
Pé torto congênito e luxação congênita do quadril

As deformidades congênitas mais comuns dos


membros inferiores, ainda há controvérsias com
relação à etiologia e ao tratamento. Apesar da
frequência relativamente alta, o tratamento é
desafiador, pois objetiva a obter um pé funcional,
flexível, plantígrado e indolor, com resultados
permanentes.
Pé torto congênito
idiopático

•O PTC é definido como uma


deformidade caracterizada por
mau alinhamento complexo do pé
que envolve partes moles e
ósseas, com deformidade em
equino e varo do retropé, cavo e
adução do médio e antepé.
Com incidência aproximada de um para cada 1.000 nascidos vivos, predomina
no gênero masculino, na proporção de 2:1, e tem acometimento bilateral em
50% dos casos. São encontradas variações populacionais em relação à
incidência sendo que, nos chineses, é cerca de 0,39 casos por 1.000 nascidos
vivos, nos caucasianos um a três casos por 1.000 nascidos vivos, enquanto que
nos havaianos ocorre em cerca de sete por 1.000 nascidos vivos.
ETIOLOGIA

considerando-se causas intrínsecas ou extrínsecas, entre as quais:


 posição intrauterina do feto
 compressão mecânica ou aumento da pressão hidráulica intrauterinas;
 parada no desenvolvimento fetal;
 infecções virais;
 deficiências vasculares;
 alterações musculares;
 alterações neurológicas;
 defeito no desenvolvimento das estruturas ósseas
 defeitos genéticos.
ÓRTESE DE ABDUÇÃO
Luxação congênita do quadril

• A terminologia “Displasia do Desenvolvimento


do Quadril – DDQ” descreve o amplo espectro
de alterações que atingem o quadril em
crescimento, desde a displasia até a luxação
da articulação, passando pelos diferentes
graus de subluxação da coxofemoral.
Epidemiologia e etiologia

A incidência da DDQ é variável, dependendo de vários fatores, inclusive da


localização geográfica. Aproximadamente um em cada 1.000 recém-nascidos
poderá nascer com o quadril luxado e cerca de 10 em 1.000 com o quadril
subluxado (instável).
Displasia do quadril é um termo que denota uma anormalidade no tamanho, na
morfologia, na orientação anatômica ou na organização da cabeça femoral, na
cavidade acetabular ou em ambos. A displasia acetabular é caracterizada pelo
acetábulo imaturo, com a cavidade rasa que pode acarretar a subluxação ou a
luxação da cabeça femoral.

 Na subluxação do quadril, a cabeça femoral está deslocada de sua posição


anatômica normal, mas ainda mantém algum contato com a cavidade
acetabular.
 Na luxação do quadril não ocorre nenhum contato entre a cabeça femoral e
a cavidade acetabular
O exame do quadril do recém-nascido deverá, portanto, ser rotineiro e enfatizado
ainda no berçário e, também, no seguimento ambulatorial da criança, nas
primeiras semanas e meses de vida.

No recém-nascido e nos bebês o diagnóstico da DDQ é eminentemente clínico e


realizado com as manobras de Ortolani e de Barlow. Estes testes tomarão muito
pouco tempo na rotina do exame físico do recémnascido
Paralisia braquial obstétrica

A Paralisia Braquial Obstétrica acontece


quando se é lesionado o plexo braquial do
recém-nascido durante o parto de forma
traumática, o que irá desencadear uma série
de problemas na criança durante seu
desenvolvimento.
A Paralisia Braquial Obstétrica (PBO) é a lesão do plexo braquial
que é formado por um conjunto de nervos, através do ramo
anterior da medula espinhal, sua localização vai de C5 a T1.
Acomete a criança durante o nascimento quando o parto é
realizado de forma traumática, afeta o membro superior e na
grande maioria atinge seu lado direito. Esse problema acontece
quando ocorre o estiramento dos troncos nervosos ou por meio
da avulsão radicular, é dividida em três tipos de acordo com o local
acometido, superior, médio ou inferior.
As condições que podem estar relacionadas aos fatores de risco
para a PBO são:

 parto difícil de ser realizado


 o uso do fórceps
 diabetes gestacional
 idade avançada da mãe
 o ganho de peso exagerado durante a gestação
 uma má adaptação do bebê dentro do útero
 macrossomia
ETIOLOGIA

traumática → devido a força de tração


exercida no momento do parto;

congênita → devido ao mau


posicionamento intra-uterino.
CLASSIFICAÇÃO
• Paralisia Braquial do Tipo Superior (Erb-Duchenne) é a
forma mais comum (80%) e possui o melhor prognóstico.
Acomete as raízes superiores.

• Paralisia Braquial do Tipo Completa (Erb-Klumpke) que


acomete o tronco superior e inferior do plexo braquial, a lesão
mais frequente é a ruptura da raiz C5, C6, C7 e avulsão da raiz
C8 e T1.
A confirmação do diagnóstico
depende de exames clínicos e
complementares, e que o diagnóstico
é realizado logo após o nascimento,
indicando assim um prazo de três
semanas para se definir o quadro
clínico.
História de
Inspeção por Alterações na
trauma Edema
deformidades postura
obstétrico

teste de
sensibilidade
e
identificação
de possíveis Coordenação
Força
perdas de motora fina e Cicatrizes
muscular
reflexo grossa
profundo e
movimentos
no membro
superior
PALPAÇÃO
Realizar análise dos tecidos musculares, testes de postura com os membros
superiores e a região dos troncos despida, para observar coloração da pele, comparar a
musculatura do lado afetado com o lado contralateral, avaliar a motricidade, amplitude
de movimento, força muscular e posicionamento dos membros
Obrigada!

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