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Organogénese pulmonar

1. Fase embrionária: 4-8ºsemanas. Forma-se as vias aéreas inferiores


2. Fase pseudoglandular:8-16ºsemanas. Forma-se a divisão brônquica e as 1ºcelulas ciliadas
3. Fase canicular:16-26ºsemanas: diferenciação do epitélio. Início da síntese do surfactante. Inicio formação ácino
4. Fase sacular:26-36ºsemanas. Desenvolvimento do ácino. Forma-se 3 gerações de ductos e 1 de sacos alveolares
5. Fase alveolar-36 semanas –após o nascimento. 85% dos alvéolos já estão formados entre 4-21 semana pós natal.
Temos 2 estadios:
I. Nascimento-18 meses: formação alveolar + maturação microvascular
II. 18meses-fim do crescimento: o pulmão cresce proporcional, o volume pulmonar aumenta em
proporção ao peso do corpo

Do ponto de vista funcional:


• <5 anosà maior severidade da obstrução brônquica
• Bebes· têm maior densidade de glândulas produtoras de muco
• <6 anosà ventilação colateral praticamente inexistente
• 8-12 anosà fim de crescimento alveolar e vias áreas terminais
Caraterísticas das crianças:
• Horizontalização dos arcos costais
• Tórax em forma de barril
• Compliance elevada da caixa torácica
• Baixa eficácia do diafragma
• Baixo peso das vísceras abdominais
Ventilação colateral:
I. Poros KOHN: interalveolares, dos 6-12 anos
II. Canais de LAMBERT: conexões entre alvéolos e brônquicos
III. Canais de MARTIN: interbronquiolares
Funções não respiratórias pulmonares:
1. Circulatórias
2. Hematológicas
3. Metabólicas
4. Defesa
Respiração pulmonar
1. Ventilação: movimento entre a atmosfera e os alvéolos
2. Perfusão: corresponde á circulação pulmonar
3. Difusão: movimento de gases na zona respiratória entre alvéolos e capilares
4. Transporte: maneira como os gases circulam no sangue
5. Controlo da ventilação: mecanismos que englobam o fornecimento de O2 e remoção de CO2
Ventilação- gradientes de pressão:
1. Pressão Trans-Respiratória: entre atmosfera e os alvéolos, depende da resistência das vias aéreas
2. Pressão Trans- Pulmonar: entre os alvéolos e a pleura, depende do parênquima pulmonar
3. Pressão Trans-Torácica: entre a pleura e atmosfera, depende da parede torácica
Ar não utilizado na ventilação:
1. Espaço morto anatómico: volume ocupado pelas vias aéreas
2. Espaço morto alveolar: o volume de ar inspirado que não participa na ventilação apesar de atingir a zona
respiratória
3. Espaço morto fisiológico: EMA+EMAL. Depende de alguns fatores: idade, sexo, extensão do pescoço com projeção
do queixo para a frente
Perfusão- principais elementos da circulação:
1. Volémia
2. Débito
3. Resistência vascular
4. Reatividade vascular
Relação ventilação-perfusão (V/Q)
• O ar não se distribui uniformemente nos pulmões, as bases recebem mais que os vértices
Centro respiratório
1. Centro apnêusticaà promove a inspiração
2. Centro pneumotóxicoà promove a expiração
Reflexo Hering-Breuer
• Regula a amplitude da inspiração e previne a hiperinsuflação dos pulmões
• Efeito inibitório do centro inspiratório
• Papel mais importante nas crianças, no adulto só é importante quando o volume corrente é elevado
Sons na percussão
1. Ressonante: grau baixo, intensidade moderada a forte, qualidade graveà Pulmão Normal
2. Hiperressonante: grau baixo, intensidade forte, qualidade surdoà Pneumotórax
3. Timpânico: grau elevado, intensidade suave, qualidade musical como tamborà Abdómen com ar
4. Submaciço: grau elevado, intensidade suave, qualidade submateà Atelectasia
5. Maciço: grau elevado, intensidade suave, qualidade mateà Derrame Pleural
Sintomas Maiores:
1. Tosse: consiste numa expiração forcada contra a glote parcialmente fechada
a. Seca e irritativa: processos extrapulmonares
b. Produtiva: acompanhada de expetoração
c. Bitonal: paralisia de uma corda vocal e constituída por 2 tons
d. Rouca: processos patológicos das cordas vocais e da laringe “tosse de cão”
e. Afónica: variante da anterior
f. Quintosa: sucessivos ataques de tosse
g. Coqueluchoide: variante da quintosa, acompanhada de uma inspiração sibilante
h. Emetizante: acompanhada de vómito
i. Sincopal: frequente em idosos, devido á anoxia cerebral
2. Expetoração: é formada por secreções brônquicas e salivares
a. Mucosa: aspeto de clara de ovo. Asma
b. Serosa: abundante, espumosa e cor amarela. Edema Pulmonar Agudo
c. Purulenta: opaca, cor amarela ou esverdeada, constituída por pús. Bronquiectasias
d. Fibrosa: muito viscosa, acinzentada. Pneumonias por pneumococos
e. Pseudomembranosa: identificam-se placas de tecido necrosado. Processos neoplásicos
f. Hemoptoica: Contém sangue. Pneumonias
g. Mista: mistura de diferentes tipos
3. Dispneia: dificuldade respiratória
a. Por perturbação da condução de O2 ao sangue
b. Por perturbação nervosa
c. Por perturbação metabólica
4. Dor (toracalgia): pode ser localizada, irradiada e reflexa

Deformidades do tórax grave:


• Diminui a compliance
• Diminui a expansão pulmonar
• Aumenta o trabalho muscular
• Aumenta o custo energético
• Aumenta o espaço morto anatómico
• Provoca taquipneia (respiração rápida e superficial)
• Provoca hipoventilação alveolar crónica
• Hipoxemia
• hipercapnia
PATOLOGIA DA PAREDE TORÁCICA
1. DEFORMIDADES CONGÉNITAS
a. Pectus escavatum
i. Concavidade do corpo do esterno e angulação das cartilagens costais ficam incluídas na depressão
ii. Etiologia: retração do ligamento esternal e hiperdesenvolvimento das cartilagens costais
iii. Repercussões:
1. Cardiorrespiratórias: infeções respiratórias repetidas, insuficiência respiratória, alterações
cardíacas,
2. Posturais: protusão de ombros, abdómen proeminente, cifotorácica alta
3. Estéticas
4. Psicológicas: depressão
iv. Tratamento:
1. Deformidade ligeiraà fisioterapia, ginástica e natação
2. Deformidade graveà correção cirúrgica
b. Pectus carinatum
i. Protusão do esterno, das cartilagens costais ou de ambos
ii. Etiologia: crescimento desequilibrado e excessivo das cartilagens costais
iii. Repercussão: cardiorrespiratórias, estéticas
iv. Tratamento:
1. Deformidade ligeiraà não necessita de tratamento e/ou Fisioterapia
2. Deformidade graveàcorreção cirúrgica
c. Cifoescoliose
i. Aumento da cifose dorsal e desvio lateral da coluna dorsal com rotação dos corpos vertebrais e
consequente deformação do tórax
ii. Etiologia:
1. Idiopática: genética, 70% de todas as escolioses
2. Congénita: vertebral (espinha bífida) e extravertebral (fusão congénitas das costelas)
3. Neuromuscular: neuropática (paralisia cerebral) e miopática (distrofia muscular progressiva)
4. Neurofibramatose: congénita (Sindrome de Marfan) e adquirida (artrite reumatoide)
5. Traumatismo: vertebral (fraturas) e extravertebral (queimaduras)
6. Secundaria a fenómenos irritativos: tumores
iii. Tratamento:
1. Conservador (curvas <40º)à Fisioterapia, uso de ortóteses, natação e ginástica
2. Cirúrgico (curvas> 40º)à Feito após alcançada a maturidade óssea. Fisioterapia pós e pré-
cirurgia
2. LESÕES TRAUMÁTICAS PARIETAIS
a. Traumatismos fechados do tórax
§ Fraturas de um ou mais arcos costais; Luxações ou subluxações das articulações; Fratura do
esterno
§ Lesão é muito grave em idosos, debilitados, bronquíticos e insuficientes respiratórios
§ Complicações
o “flail chest” ou “volt” costal
o Hemotórax
o Pneumotórax
o Enfisema subcutâneo
o Contusão pulmonar
§ Tratamento
• Dor: analgésicos
• Fisioterapia respiratória
• Tratamento das complicações
b. Traumatismos abertos do tórax
§ Feridas penetrantes no tórax: comunicação da cavidade pleural com o exterior
PATOLOGIAS DA PLEURA
1. DERRAME PLEURAL
a. Excesso de liquido no espaço pleural (>15ml)
b. 6 Mecanismos principais pela acumulação:
i. Aumento da pressão hidrostática da microcirculação
ii. Aumento da permeabilidade da microcirculação
iii. Diminui da pressão oncótica na microcirculação
iv. Diminui a pressão espaço pleural
v. Bloqueio da drenagem linfática
vi. Passagem de liquido apartir do espaço peritoneal
c. Sintomas:
i. Dor: tipo pontada que agrava com os movimentos respiratórios
ii. Dispneia: ligada á dor e volume do derrame
iii. Tosse: seca e quintosa
d. Objetivos terapêuticos:
i. Desinfeção da cavidade pleural
ii. Reexpansão pulmonar: drenagem torácica e fisioterapia respiratória
e. Etiologia:
i. Transudados (derivam de situações extrapulmonares)
• Altamente fluido, proteínas <0.5 e DLH <0.6
• Manifestações: insuficiência respiratória, cirrose hepática, síndrome nefrótico
• Tratamento: toracentese evacuador para Alívio da dispneia
ii. Exsudados (causados pelo aumento da permeabilidade nos vasos da microcirculação)
• Aspeto turvo, proteínas> 0.5 e DLH> 0.6
• Exsudados pleurais:
1. Derrames parapneumónicos: Pneumonias, Abcessos ou Bronquiectasias
2. Empiemas: presença de líquido purulento na cavidade pleural. Normalmente
secundários a focos sépticos pulmonares
• Estadios evolutivos:
1. Estadio exsudativo: infeção e exsudação da pleura
2. Estadio fibropurulento: formação de aderências que tentam limitar a inflamação
3. Estadio organização ou crónico: encapsulamento do exsudado purulento
2. PNEUMOTORAX
o Presença de ar na cavidade pleural
o Complicações:
§ Pneumotórax hipertensivo
§ Pneumotórax bilateral simultâneo
§ Hemopneumotórax
§ Piopneumotórax
§ Pneumomediastino
I. Pneumotórax espontâneo primário
a. Mais frequente em jovens adultos do sexo masculino
b. Rutura de bolhas de enfisema
c. Sintomas:
üDor torácica: intenso tipo punhalada
üDispneia: ligeira a muito intensa, sufocante
üTosse: muitas vezes dolorosa
d. Objetivos terapêuticos:
üAliviar sintomas
üReduzir a morbilidade e prevenir complicaçõe
PATOLOGIA DO DIAFRAGMA
1. DEFORMIDADES CONGÉNITAS
A. Hérnia do hiato
i. De deslizamento ou escorregamento
ü Junção gastroesofágica desloca-se para cima através do hiato para tórax, fazendo
com que a porção do estomago penetre na cavidade torácica
ü Sem significado patológico, associado a sintomas de refluxo gastroesofágico
ü Tratamento: medidas dietéticas, posturais e neutralização do refluxo. Fisioterapia
a nível de correção postural e reeducação manual da hérnia
ii. Para-esofágica ou de enrolamento
ü Junção gastroesofágica mantem se na posição intra-abdominal, mas o fundo
gástrico sobe para o mediastino através de um defeito da membrana freno-
esofágica
ü Originam poucos sintomas, enfartamento
ü Tratamento: cirúrgico
B. Hérnia Bochdalek
ü Através da fenda pleuroperitoneal, as vísceras no tórax penetram no tórax,
colapsando o pulmão e empurrando o mediastino para o lado afetado
ü Mais frequente á esquerda e em homens
ü Diagnosticado em recém-nascidos
ü Nos adultos, sintomas dispneia ou vómito
ü Tratamento: cirúrgico
C. Hérnia de Morgagni
ü Através da fenda de Larrey entre as inserções esternais e condro-costais do
diafragma
ü Mais frequente a direita e em mulheres obesas entre 4-5º década de vida
ü Assintomático, por vezes confunde-se com angina de peito
ü Tratamento: cirúrgico

2. LESÕES TRAUMÁTICAS
A. Ruturas traumaticas
ü Causadas por traumatismos torácicos fechados ou feridas penetrantes, como acidentes de
viação ou queda em altura
ü Rutura mais frequente da hemicúpula esquerda
ü Originam dispneia marcada e choque persistente

B. Eventração do diafragma:
Elevação da hemicúpula diafragmática
Dispeneia por défice da ventilação da base
A paralisia pode ser congénita ou adquirida
EFEITOS DA MOBILIDADE E ACAMAMENTO
Imobilidade: redução do estimulo físico que afeta todos os sistemas orgânicos com profundo efeito cardiovascular,
cardiopulmonar e neuromuscular.
Acamamento: eliminação do estímulo gravitacional da verticalidade, exerce um efeito no sistema cardiovascular e
cardiopulmonar
Efeitos no músculo esquelético
ü Aumento do consumo de oxigénio
ü Aumento da dispneia
ü Aumento da fadiga
ü Aumento da reabsorção óssea
Efeitos no sistema Metabólico e Renal
ü aumento da excreção de potássio, magnésio, fosforo e cálcio
Efeitos no sistema pulmonar
ü aumento do trabalho respiratório
Efeitos no sistema circulatório
ü aumento do volume central de sangue
ü aumenta o trabalho cardíaco

ESPIROMETRIA
Índice de Tiffeneau (FEV1/FVC): percentagem da capacidade vital que consegue expirar no 1 segundo apos uma
inspiração máxima
Normal
ü FEV1/FVC>0.70
ü FEV1>80%
ü FVC>80%
Obstrutivo
ü FEV1/FVC<0.70
Restritivo
ü FEV1/FVC>0.70
ü FVC<80%
Misto
ü FEV1/FVC<0.70
ü FVC<80%

RADIOGRAFIA AO TORAX
RX em PA:
ü Clavículas alinhadas com as transversas dorsais
ü Omoplatas afastadas
ü Doente de pé: bolha de ar gástrico
ü A cúpula diafragmática direita deve projetar se a nível do 6º arco costal anterior
ü Permite observar o parênquima pulmonar até a periferia e os vasos da base esquerda da massa ventricular
ü A coluna dorsal é visível através do mediastino, distinguindo-se os primeiros corpos vertebrais mas não os últimos

RX em PERFIL:
ü Perfil correto
ü Arcos posteriores das costelas devem estar sobrepostos
ü A cúpula diafragmática projetadas a nível do 6 arco costal anterior, nítidas e regulares
ü Sobreposição dos dois parênquimas
ü Observam cisuras

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