Você está na página 1de 22

ORGANOGÉNESE PULMONAR

1. Fase embrionária
a. 4º-8ºsemanas
b. Forma-se vias aéreas inferiores
2. Fase pseudoglandular
a. 8º-16ºsemanas
b. Forma-se todas as divisões brônquicas
c. Surgem as 1º células ciliadas
d. A cartilagem aparece nos brônquios por volta 10-12º semana
3. Fase canicular
a. 16-26º semanas
b. Diferenciação do epitélio (células tipo I)
c. Início da síntese do surfactante (células tipo II)
d. Início da formação do ácino
e. Antes deste nível o feto não tem qualquer hipótese de sobrevivência
4. Fase sacular
a. 26-36ºsemanas
b. Desenvolvimento do ácino (futura zona de trocas gasosas)
c. Forma-se em média 3 gerações de ductos e 1 de saco alveolares
d. Interstício pulm- pobre colagénio- pulmão frágil e delicado
5. Fase alveolar
a. 36º semanas (após o nascimento)
b. 85% alvéolos formados entre o 4º- 21º dia pós natal
c. 2 estadios:
i. Nascimento-18 meses:
ü formação alveolar
ü maturação microvascular
ii. 18 meses- até ao final do crescimento:
ü Pulmão cresce proporcional
ü O volume pulmonar aumenta na mesma proporção do peso do corpo
ü Os compartimentos pulmonares aumentam linearmente com o aumento do
volume

Do ponto de vista funcional:


ü A resistência das pequenas vias áreas de uma criança com menos de 5 anos é responsável por uma
parte substancial da resistência total das vias áreasà severidade de maior obstrução brônquica
ü Comparando com o adulto, o bebé têm maior densidade de glândulas produtoras de muco.
ü O músculo liso do brônquio está pouco desenvolvido ou mesmo ausente nas pequenas vias
aéreasà broncoespasmo, tendo um papel minor na obstrução brônquica do bebé
ü Antes dos 6 anos, a ventilação colateral é praticamente inexistente
ü As técnicas de fisioterapia respiratória da desobstrução das vias áreas no bebé são realizadas em
Decúbito dorsal.
Crianças:
ü Horizontalização dos arcos costais
ü Tórax em prosiçao inspiratória ( em forma de barril)
ü Compliance elevada da caixa tóracica+ Baixa eficácia do diafragma+ baixo peso das vísceras
abdominais
ü 8-12 anos: fim do crescimento dos alvéolos e vias aéreas terminaisà nova abordagem

1
Fisioterapia cardiorrespiratória I
Ventilação colateral- implicações para a prática
ü Prevenir atelectasias
ü Minimizar consequências do assincronismo ventilatório
ü Facilitar a progressão da secreção da periferia
Relação comprimento-Tensão
ü Relação entre a tensão desenvolvida num músculo e o seu comprimento
ü A tensão esta dependente dos filamentos de actina e miosina
ü Se o músculo estiver encurtado ou alongado, para além do comprimento ótimo, a tensão que o
músculo é capaz de produzir estará diminuída
Relação ventilação- perfusão (V/Q=0.8) - Exceções:
ü Crianças até aos 10 anos de idade (pressão pleural próxima da atmosférica, elevada elasticidade da
grade costal, menor vantagem mecânica do diafragma)
ü Situações clinicas que condicionam a ventilação a baixos volumes pulmonares (obesidade, cirurgia
torácica e abdominal, gravidez)
ü Indivíduos ventilados mecanicamente
PIP- ponto de igual pressão - Durante a expiração forçada:
ü Aumenta a pressão elástica
ü Pressão manual ou muscular
ü P alveolar
ü O aumento da força muscular expiratória não leva a uma mudança do PIP, mas a um aumento da
compressão da via área e um aumento do DEM
Assincronismo ventilatório
ü Desigualdade na distribuição da ventilação
ü Inspiração rápidaà assincronia não homogénea
ü Inspiração lentaà permite igualar constantes de tempo em unidades parcialmente obstruídas/sãs

APARELHO RESPIRATÓRIO
ü Estruturas ósseas
ü Músculos respiratórios
ü Pleuras
Vias áreas superiores
1. Cavidade nasal: faringe
a. Rinofaringe (porção nasal)
b. Orofaringe (porção oral)
c. Laringofaringe (porção laríngea)
2. Laringe
Vias áreas inferiores
1. Traqueia
2. Brônquios principais
3. Brônquios lobares
4. Brônquios segmentares
5. Parênquima pulmonar- ácino:
a. Bronquíolos respiratórios
b. Ductos alveolares
c. Sacos alveolares
d. Alvéolos
Parênquima Pulmonar- sistema ventilação colateral:
1. Poros de KOHN: interalveolares, aparece por volta dos 6-12 anos
2. Canais de LAMBERT: conexões brônquio-alveolares
3. Canais de MARTIN: interbronquiolares
2
Fisioterapia cardiorrespiratória I
Elasticidade do parênquima pulmonar
ü Elementos tecidulares: elastina e colagénio
ü Surfactante: reduzir o trabalho muscular inspiratório
Fase da respiração
1. Fase de fornecimento: pulmonar ou respiração externa
2. Fase de transporte: Cardiovascular
3. Fase de utilização: Celular ou respiração interna
Funções não Respiratórias Pulmonares
1. Circulatórias:
a. Filtro de sangue venoso sistémico
b. Reservatório da volémia
c. Balanço hídrico
2. Hematológicas
a. Reservatório de leucócitos e plaquetas
b. Ativador da coagulação: tromboplastina celular e tromboaxo A2
c. Inibidor da coagulação: heparina e prostaglandina
d. Ativador da fibrinólise
3. Metabólicas
a. Fosfolípidos e estabilidade alveolarà surfactante (faz com que não haja colapso alveolar)
4. Defesa
a. Mecanismos não específicos:
i. Clearance mucociliar e alveolar
ii. Secreções traqueobrônquicas e alveolares
iii. Reflexo da tosse
b. Mecanismo específicos: imunoglobulinas e linfócitos T

RESPIRAÇAO PULMONAR
1. Ventilação: movimento de ar entre a atmosfera e os alvéolos
2. Perfusão: corresponde á circulação pulmonar
3. Difusão: movimento de gases na zona respiratória entre os alvéolos e os capilares pulmonares
4. Transporte: maneira como os gases circulam no sangue
5. Controlo da ventilação: engloba vários mecanismo responsáveis pela manutenção de um padrao
ventilatório com vista ao fornecimento de O2 e remoção adequada de CO2
Variações de volume pulmonar que resultam da aplicação de pressões determinadas definem:
ü Compliance (C) ou distensibilidade pulmonar (C=V/P) se o P aumenta o C diminui, a pressão e a
compliance são inversamente proporcionais
ü Elastância (inverso de Compliance)
Volumes
ü Volume corrente (VC): volume de ar que é inspirado e expirado em cada ciclo respiratório
ü Volume Reserva Expiratória (VRE): volume máximo que pode ser expirado
ü Volume Reserva Inspiratória (VRI): volume máximo que pode ser inspirado partir do VC
ü Volume Residual (VR): volume de ar que fica no pulmão no final da expiração forçada

3
Fisioterapia cardiorrespiratória I
Capacidades
ü Capacidade Inspiratória (CI) : volume máximo de ar que pode ser inspirado
ü Capacidade Vital (CV): volume de ar que se pode ser expirado após um esforço inspiratório máximo
ü Capacidade Pulmonar Total (CPT) : volume máximo que os pulmões podem conter CV + VR
ü Capacidade Residual Funcional (CRF) : volume de ar que se mantem no final da expiração VRE+VR

1. VENTILAÇÃO- gradientes de pressão:


ü Movimento de ar que resulta dos gradientes de pressão gerados pelas forças que mobilizam o tórax
e o abdómem
ü Os pulmões e a parede torácica são elementos passivos, dependentes das pressões externas
o Pressão Trans-Respiratória: entre a atmosfera e os alvéolos, depende da resistência das vias
áreas
o Pressão Trans-Pulmonar: entre os alvéolos e a pleura, depende do parênquima pulmonar
o Pressão Trans-Torácica: entre a pleura e atmosfera, depende da parede torácica
ü A pressão negativa intra-pleural deriva:
o Forças opostas do parênquima e da parede torácica
o Dinâmica da circulação linfática
Analise de um ciclo respiratório- comparando variáveis que refletem a mecânica ventilatórias:
ü Volume corrente
ü Débito aéreo
ü Pressão das vias áreas
ü Pressão pleural
Composição e distribuição do ar ventilado (em cada ciclo, o ar têm determinado volume e composição)
ü Débito Ventilatório (DV): volume de gás expirado por minuto
ü Ventilação Alveolar (VA): corresponde ao débito ventilatório que atinge a zona respiratória
pulmonar
Ar não utilizado na ventilação:
ü Espaço Morto Anatómico (EMA): volume ocupado pelas vias aéreas condutoras
ü Espaço Morto Alveolar (EMAL): volume de ar inspirado que não participa na ventilação, apesar de
atingir a zona respiratória.
a. Espaço Morto Fisiológico= EMA+ EMAL
i. Fatores que aumentam o espaço morto fisiológico: idade, sexo e a extensão do
pescoço com projeção do queixo para frente

2. PERFUSÃO
ü Circulação pulmonar- recebe o débito cardíaco vindo do ventrículo direito, têm caraterísticas
morfológicas diferentes dos vasos da grande circulação:
o Vasos colapsáveis e distensíveis
o Vasos com variações uniformes de calibre
o Vasos com trajetos curtos e irregulares
o Débito cardíaco pulsátil
o Débito sanguíneo de viscosidade variável
o Regulação da perfusão dependente de fatores humorais

4
Fisioterapia cardiorrespiratória I
Principais elementos da circulação pulmonar
1. Volémia: volume sanguíneo que aumenta na inspiração e diminui na expiração
ü Vasos pulmonares:
o Alveolares são comprimidos pelos alvéolos na inspiração
o Extra-alveolares distendem-se durante a inspiração permitindo acumular sangue
2. Débito: débito sanguíneo pulmonar é heterogéneo e depende dos seguintes fatores:
§ Efeitos da pressão hidrostática
§ Presença de vasos colapsáveis e distensíveis
ü Padrão normal é dependente não só do gradiente de pressão entre as artérias (20/25mmHg) e das
veias (8/10mmHg) mas também do eixo vertical do pulmão que no individuo adulto e na posição de
pé é de 40 cmH2
3. Resistência Vascular
a. Depende do volume pulmonar, do débito sanguíneo, das pressões vasculares e da
viscosidade sanguínea
4. Reatividade vascular
a. Hipercápnia: Aumento de O2 tb vasoconstrição mas de menor intensidade

3. DIFUSÃO
ü Ocorre ao nível do ácino entre os bronquíolos respiratórios e os alvéolos, e também ao nível da
membrana alvéolo-capilar (elevada superfície e espessura muito reduzida), o sangue venoso
pulmonar já oxigenado tem valores idênticos de PO2 e PCO2 aos da mistura gasosa
ü Solubilidade do CO2 é muito superior que O2 (20 vezes) mas atingem o equilíbrio em simultâneo
devido a solubilidade do CO2 ser menor na membrana
Relação ventilação-Perfusão (V/Q)
ü O ar inspirado não se distribui uniformemente nos pulmões, as bases recebem mais que os vértices
(cerca do dobro)
ü Fatores que podem afetar a distribuição do ar ventilado:
o Padrão inspiratório (velocidade, força)
o Heterogeneidade das constantes de tempo pulmonar
o Posição corporal
ü A perfusão não é uniforme, mas o gradiente entre as bases e os vértices é maior (4:1)
ü Fatores que podem afetar a perfusão:
o Debito cardíaco
o Exercício
o Hipoxemia
o Acidose
ü Como consequência dessa heterogeneidade da distribuição do ar e do sangue existe uma maior
V/Q nas bases que nos vértices

5
Fisioterapia cardiorrespiratória I
CENTRO RESPIRATÓRIO
Centro inspiratório
ü Localizado no Bulbo
ü Ciclo de atividade espontâneo
ü Estabelece o ritmo basal dos movimentos respiratórios
Centro expiratório
ü Localizado na face ventral do Bulbo raquidiano
ü Inativo durante a respiração de repouso
ü Se a frequência e amplitude da ventilação aumenta, ativa-se os músculos expiratórios inibindo o
centro inspiratório
Centros localizados na Protuberância
1. Centro apnêustico: Envia estímulos para o centro inspiratório (promove a inspiração)
2. Centro pneumotóxico: inibe o centro respiratório e o centro apnêustico (promove a expiração)
ü Funcionam em conjunto reforçando a função do centro respiratório e asseguram ciclos
respiratórios rítmicos.
REFLEXO DE HERING-BREUER
§ Regula a amplitude da inspiração e previne a hiperinsuflaçao dos pulmões
§ Depende dos receptores localizados nas paredes dos brônquios e bronquíolos
§ Efeito inibitório do centro inspiratório
§ Papel mais importante nas crianças, no adulto só é importante quando o volume
corrente é elevado.
Regulação química da respiração- Quimioreceptores
1. Quimioreceptores centrais: localizam-se no bulbo
ü Diminui pH:
o Aumento da estimulação do centro respiratório
o Aumento da ventilação provoca uma baixa PCO2 que conduz a um aumento do pH
ü Aumento do pH:
o Diminui a estimulação do centro respiratório
o Diminui a ventilação que provoca um aumento PCO2 que conduz a uma diminuição do pH
2. Quimioreceptores periféricos: localizam-se nos corpos carotídeos e aórticos
ü Diminui PO2
o Aumento da estimulação do centro respiratório
o Aumento da ventilação provoca um aumento PCO2

SEMIOLOGIA CLÍNICA EM FISIOTERAPIA RESPIATORIA


ANAMNESE
1.Caracterizar: Início, duração, intensidade, tipo e periodicidade dos Sintomas
2.Investigar as características e modificações sintomáticas
3.Pormenorizar as condições e ambiente laboral e analisar eventuais relações com os sintomas
4.Pormenorizar tipo e natureza dos produtos do local de trabalho
5.Doenças anteriores (+++as do foro respiratório)
6.Doenças familiares e conviventes
7.Hábitos (tabágicos e alcoólicos)
8.Medicação
6
Fisioterapia cardiorrespiratória I

INSPECÇÃO
1. Sinais de dificuldade respiratória: cianose, polipneia
2. Face: expressão, cor, cianose, expiração com lábios semicerrados
3. Pele e mucosas: hidratação, cor, cianose, cicatrizes
4. Pescoço: engurgitamento da jugular (sinal de insuficiência cardíaca) e músculo acessório
5. Extremidades: edemas, dedos (tambor, unhas em vidro de relógio)
6. Postura: cifose, escoliose, lordose
7. Morfologia: simetria e deformidades
8. Ventilação:
Ø Ritmo regular:
o Eupneia normal
o Polipneia (aumento da frequência)
o Taquipneia (respiração rápida e superficial)
o Hiperpneia (frequência normal, profundidade aumentada)
o Kussmaul (frequência alta, profundidade aumentada (acidose metabólica)
o Bradipneia (frequência baixa, profundidade superficial ou normal)
o Cheyne‑Stokes (profundidade crescente e depois decrescente, intercalada com períodos
de apneia)
o Expiração prolongada (inspiração rápida, expiração lenta e prolongada, com frequência e
profundidade normais)
o Dispneia psicogénica (frequência normal, suspiros em intervalos regulares, associada
com ansiedade)
Ø Ritmos irregulares:
o Biot ou atáxica: Irregularidade imprevisível da profundidade e frequência
o Apnêustico : frequência baixa, inspiração profunda seguida de apneia

PALPAÇÃO
1. Expansibilidade, elasticidade e rigidez torácica
2. Assimetrias torácicas
3. Pontos dolorosos
4. Alterações mamárias
5. Sensações tácteis anormais (atritos, pulsações)
6. Vibrações vocais (mantidas, diminuídas ou abolidas)
7. Modificações da traqueia (desvios e mobilidade)

PERCUSSÃO
Ø Deve ser suave e rítmica para mais facilmente serem percetíveis as diferenças de sonoridade
Ø Pequenas alterações da sonoridade digital:
o Imediata: polpa dos dedos
o Mediata: percussão digito-digital

7
Fisioterapia cardiorrespiratória I
Comparação e exemplo de tonalidades sonoras da percussão torácica

Tonalidade Grau Intensidade Qualidade Situação


Ressonante baixo Moderada a forte grave Pulmão normal
hiperssonante baixo Forte surdo Pneumotórax
timpânico alto suave Musical como Abdómen com ar
tambor
submaciço alto suave submate Atelectasia
maciço alto suave mate Derrame pleural

Sintomas Maiores:
1. Tosse
2. Expetoração
3. Dispneia
4. Dor (Toralgia)
Sintomas Menores:
o Vómica
o Febre
o Anorexia
o Adinamia
o Astenia (sensação de fraqueza, porém sem perda real da capacidade muscular)

TOSSE

ü É um ato reflexo de defesa das estruturas pulmonares


ü Consiste numa expiração forçada contra a glote parcialmente fechada, geralmente precedida de
uma inspiração profunda
ü Pode ser desencadeada por:
o Processos inflamatórios
o Agentes poluentes
o Causas mecânicas
o Fatores térmicos
o Fatores neuro psíquicos

Classificação da tosse
1. Seca e irritativa: presentes em processos extrapulmonares
2. Produtiva: acompanhada de expetoração (tuberculose, bronquite crónica, bronquiectasias)
3. Bitonal: paralisia de uma corda vocal e constituída por 2 tons
4. Rouca: processos patológicos das cordas vocais e da laringe (tumores, laringite) “tosse de cão”
5. Afónica: variante da anterior
6. Quintosa: sucessivos ataques de tosse, irritação do vago ou n.laringeo
7. Coqueluchoide: variante da quintosa, acompanhada de uma inspiração sibilante
8. Emetizante: acompanhada de vómito desencadeada por movimentos antiperistálticos do estômago
9. Sincopal: frequente em idosos, é devido anóxia cerebral
8
Fisioterapia cardiorrespiratória I
EXPETORAÇÃO

ü É formada por secreções brônquicas salivares e nasais


ü Surge quando existe hipersecreções brônquica devido a:
o Inflamação
o Infeção
o Irritação do aparelho mucociliar
o Ineficácia da clearance mucociliar

Classificação da expetoração
1. Mucosa: têm aspeto clara de ovo, patologias de hipersensibilidade, inflamatórias, tóxicas ou nervosas.
É frequente na Asma
2. Serosa: abundante, espumosa, e cor amarelada ou rosada, devido á transudação serosa alveolar. É
frequente no Edema Pulmonar Agudo
3. Purulenta: opaca, cor amarela ou esverdeada, constituída por pús. É frequente em Bronquiectasias
4. Fibrosa: muito viscosa, tonalidade acinzentada. Frequente em Pneumonias por pneumococos
5. Pseudomembranosa: identificam-se placas de tecido necrosado. Frequente em Processos neoplásicos
6. Hemoptoica: presença de sangue. Cor vermelho escuro sugere secreções hemáticas no aparelho
respiratório e Cor ferrugem sugere pneumonias lobar em evolução
7. Mista: mistura dos diferentes tipos

DISPNEIA
ü Dificuldade respiratória
ü Classificação:
o Por perturbação da condução de O2 ao sangue
§ Alterações da ventilação
§ Alterações da ventilação/perfusão (V/Q)
o Por perturbação nervosa
§ Relacionadas com SNC (AVC, Hipertensão, encefalite)
§ Relacionadas com SNP (Poliomielite, fratura da coluna)
o Por perturbação metabólica (diabetes, urémia)
§ Acidose ( dispneia tipo Kussmaul)
ü A maioria das dispneias de origem pulmonar não é desencadeada por decúbito, o que permite a
distinção com dispneias de causa cardíaco. A exceção á regra é a asma cuja a dispneia é causada
pelo próprio decúbito e não agrava em decúbito.

TORACALGIA
• Sintoma plurifacetado, que nem sempre é de causa respiratória
• Por outro lado, são múltiplas estruturas torácicas e intratorácicas com sensibilidade dolorosa:
o Pleura parietal, Caixa torácica, Traqueia, Brônquios principais, Diafragma e esófago
• Toracalgia pode ser: localizada (limitada ao local da génese da dor), irradiada ( consequência de
lesão de todo o trajeto nervoso) e reflexa ( correspondente á origem do estimulo doloroso visceral).

9
Fisioterapia cardiorrespiratória I
PATOLOGIA DA PAREDE TORÁCICA
DEFORMIDADES CONGENITAS
1. PECTUS ESCAVATUM
• Concavidade do corpo do esterno e angulação das cartilagens costais que ficam incluídas na
depressão podendo ser Simétrico (depressão central) e Assimétrico (depressão lateral)
Etiologia:
o Retração do ligamento esternal
o Hiperdesenvolvimento das cartilagens costais
o Associação com a síndrome de Marfan
Repercussões:
o Cardiorrespiratórias: infeções respiratórias repetidas, insuficiência respiratória, alterações
cardíacas.
o Posturais: protusão dos ombros, cifotorácica alta, abdómen proeminente
o Estéticas: a mais importante
o Psicológicas: efeitos negativos mais nos rapazes: timidez, depressão.
Tratamento:
o Deformidade ligeira: Fisioterapia, natação e ginástica
o Deformidade grave: correção cirúrgica
2. PECTUS CARINATUM OU TORAX EM QUILHA
• Protusão do esterno, das cartilagens costais ou de ambos. Frequente assimétrica.
Etiologia:
o Relacionada com o crescimento desequilibrado ou excessivas cartilagens costais
Repercussões:
o Cardíaco, Respiratório e Estético
Tratamento:
o Deformidade ligeira: não necessita de tratamento ou eventualmente Fisioterapia
o Deformidade grave: correção cirúrgica
3. ESTERNO BIFIDO
• Não fusão completa do esterno. Correção cirúrgica.
4. CIFOESCOLIOSE
• Deformidade da coluna vertebral e tórax, caraterizada por um aumento da cifose dorsal e desvio
lateral da coluna dorsal com rotação dos corpos vertebrais e consequente deformação do tórax.
Etiologia:
o Idiopática: genética, cerca de 70% de todas as escolioses
o Congénita: vertebral (espinha bífida) e extravertebral (fusão congénitas das costelas)
o Neuromuscular: neuropática (poliomielite, paralisia cerebral) e miopática (distrofia muscular
progressiva)
o Neurofibromatose (doenca de Van Recklinghausen): congénita (síndrome de Marfan), adquirida
(artrite reumatoide)
o Traumatismo: vertebral (fratura) e extravertebral (queimadura)
o Secundária a fenómenos irritativos : tumores da medula espinal
o Outras: metabólicas, nutricionais e endócrinas

10
Fisioterapia cardiorrespiratória I
Fisiopatologia
ü Convexidade:
o Aumento dos espaços intercostais tórax em posição inspiratória
o Angulo da costela recuaà diminui o diâmetro transversal
ü Concavidade:
o Diminui os espaços intercostais do tórax na posição expiratória
o Angulo da costela avançaà aumenta o diâmetro transversal
Deformidade do tórax grave
§ Diminui a compliance do tórax
§ Diminui a expansão pulmonar
§ Aumenta o trabalho muscular
§ Aumenta o custo energético
§ Aumenta o espaço morto anatómico
§ Provoca taquipneia
§ Provoca hipoventilaçao alveolar crónica
§ Hipoxemia
§ Hipercápnia
Manifestações clínicas
o Dispneia de esforço
o Dispneia em repouso
o Dor (toracalgia)
o Taquipneia
o Alterações posturais
o Diminuição da mobilidade torácica/ diafragmática
o Cianose
o CPT, CV e VC progressivamente diminuídos
o VR aumenta proporcional á gravidade.
Evolução/ Prognóstico
ü Agravamento da deformidade depende da sua etiologia, mas um agravamento implica um
agravamento na condição cardiorrespiratória do doente.
ü Hábito de fumar e a sua consequência a bronquite à Risco de Insuficiência Respiratória.
Tratamento
Objetivo: corrigir e evitar a progressão da deformidade e suas repercussões cardiorrespiratórias
• Conservador (deformidades ligeiras ou moderadasà curvas escolióticas inferior a 40º)
ü Fisioterapia: corrigir a deformidade e melhorar a função pulmonar
ü Uso de ortóteses de correção à colete Milwaukee
ü Atividade desportiva: natação e ginástica
• Cirúrgico (deformidades gravesà curvas superiores a 40º)
o Normalmente feito depois de alcançada a maturidade óssea
o Fisioterapia é fundamental no pré e pós cirúrgico

11
Fisioterapia cardiorrespiratória I
LESOES TRAUMATICAS PARIETAIS
1. TRAUMATISMOS FECHADOS DO TÓRAX
• Fraturas de um ou múltiplos arcos costais
• Luxações e subluxações das articulações
• Fraturas do esterno
• Lesão é grave em idosos, debilitados e/ou nos bronquíticos crónicos e insuficientes respiratórios.
Complicações
• “Flail-chest” ou “volt” costal:
o Resultante de fraturas duplas ou múltiplas das várias costelas seguidas
o Ventilação: aspirado para dentro na inspiração e empurrado para fora na expiração
o Variações de pressão intra-torácica contrariando os movimentos da restante caixa torácica
• Hemotórax
• Pneumotórax
• Enfisema subcutâneo
• Contusão pulmonar (síndrome dificuldade respiratória adulto-ARDS)
Tratamento
• Dor: analgésicos, TENS…
• Fisioterapia Respiratória: prevenção e/ ou tratamento de complicações a nível respiratório
• Tratamento das complicações: hemotórax, ARDS, “volet” costal…
2. TRAUMATISMOS ABERTOS
• Fendas penetrantes no tórax: comunicação da cavidade pleural com o exterior
• Grande calibre:
o Inspiração: devida á entrada de ar pela ferida, o mediastino é empurrado para o lado são,
comprimindo o pulmão contra-lateral
o Expiração: sair ar pela ferida, o mediastino retoma a sua posição mediana
§ Esta dança mediastínica provoca insuficiência respiratória e dificuldade do
enchimento cardíaco-levando á morte se o orifício não for ocluido
TUMORES DA PAREDE TORÀCICA
1. Tumores benignos da parede torácica ( presença de uma massa)
a. Condromas (+frequente)- localizados nas cartilagens condrocostais
b. Displasia fibrosa- na parte posterior das costelas
c. Osteo-condroma (raro)
d. Tumores neurogéneos (originados a partir dos nervos intercostais)
• Terapêutica: excisão cirúrgica
2. Tumores malignos da parede torácica
a. Ósseos
i. Condrosarcoma (+comum) localizado na junção condrocostal e esterno
ii. mielomas
b. Partes moles
i. Fibrossarcomas
ii. Angiossarcomas
iii. Liposarcomas
• Terapêutica: excisão cirúrgica associada a técnicas de reconstrução da parede

12
Fisioterapia cardiorrespiratória I
PATOLOGIA DA PLEURA
Pleura: membrana que reveste a face externa do pulmão, face interna da grelha costal, o mediastino e o
diafragma.
1. Pleura visceral
ü Reveste todo o pulmão á exceção do hilo
ü Pobre em terminações nervosas sendo praticamente indolor
2. Pleura parietal
ü Costal (maior)
ü Mediastínica (antero-inferior)
ü Diafragmática (inferior)
ü Rica em inervação (nervos intercostais, vago, simpático e nervo frénico)
Espaço pleural: espaço limitado entre os dois folhetos pleurais
Liquido Pleural
ü Fluido que ocupa o espaço pleural
ü Função: lubrificação facilitadora do deslizamento das pleuras
ü Composição: idêntica ao líquido intersticial (liquido claro com concentração de proteínas de
1,5g/dl)
Pleura- estrutura:
Ø Mesotélio
Ø Camada conjuntiva submesotelial
Ø Camada fibro-elástica superficial
Ø Camada conjuntiva subpleural
Ø Camada fibro-elástica profunda
Circulação linfática no espaço pleural
1. Circulação linfática da pleura parietal
a. A linfa do espaço pleural é colectada pelas comunicações pleuro-linfáticas da pleura
parietal- estomas e lacunas- é dirigida em direção ao canal linfático direito e em menor
quantidade em direção ao canal torácico, através dos vasos linfáticos valvulares, ajudada no
seu movimento pelas excursões respiratórias
2. Circulação linfática da pleura visceral
a. Pleura visceral não tem comunicações linfáticas diretas com o espaço pleural

A. DERRAME PLEURAL
o Excesso de liquido no espaço pleural (>15ml)
o Fisiologicamente equilíbrio entre a entrada e saída de líquido na cavidade pleural
o Os movimentos respiratórios, facilitam a reabsorção do líquido e das partículas

6 Mecanismos principais pela acumulação de um volume anormal de líquido


1. Aumento da pressão hidrostática na microcirculação
2. Diminuição da pressão oncótica na microcirculação vascular
3. Diminuição da pressão do espaço pleural
4. Aumento da permeabilidade da microcirculação
5. Bloqueio da drenagem linfática
6. Passagem de líquido a partir do espaço peritoneal
13
Fisioterapia cardiorrespiratória I
Sintomas
Ø Dor: tipo pontada que agrava com os movimentos respiratórios
Ø Tosse: seca e quintosa
Ø Dispneia: ligada á dor e volume do derrame
Ø Febre
Estadios evolutivos
1. Estadio exsudativo: infeção e exsudação da pleura
2. Estadio fibropurulento : formação de aderências que tentam limitar o processo inflamatório
3. Estadio de organização ou crónico: encapsulamento do exsudado purulento
Objetivos da terapêutica
ü Desinfeção da cavidade pleural
ü Reexpansão pulmonar: drenagem torácica, fisioterapia respiratória
ü Fisioterapia- recuperação funcional
ü Outras medidas que visem evitarem a degradação do estado geral do utente: correção da
anemia e carência proteica
Etiologia
1. Transudados
a. Derivam de situações extra-pleurais
b. Altamente fluido, rico em proteínas e desprovido de células inflamatórias
c. Bioquímica: proteínas líquidas pleurais/proteínas soro <0,5 / DLH pleura/DLH sérica <0.6
d. Manifestações: insuficiência cardíaca, cirrose hepática e síndrome nefrótica
e. Tratamento: toracentese evacuador para alivio da dispneia e nos derrames recidivantes
pode ter a indicação de sínfise pleural (tetraciclinaàtalcagem)
2. Exsudados
a. Causado por um aumento da permeabilidade nos vasos da microcirculação
b. Aspeto: turvo, hemático ou semelhante ao leite no quilotórax
c. Bioquímica: proteínas> 0.5 /DLH> 0.6
d. Exsudados pleurais
1. Derrames parapneumónicos
o Podem acompanhar as pneumonias bacterianas, abcessos do pulmão ou
bronquiectasias infetadas
o Tratamento: depois da drenagem do líquido, terapêutica é a do processo
inflamatório causal
2. Empiemas
o Presença de líquido purulento na cavidade pleural
o Normalmente são secundários a focos sépticos pulmonares
o Surgem após situações que levam á aspiração de produtos infetantes das vias aéreas
superiores para a árvore traqueobrônquica

14
Fisioterapia cardiorrespiratória I
B. PNEUMOTÓRAX
o Presença de ar na cavidade pleural
Fisiopatologia
o Diminui o volume pulmonar
o Diminui CV e CPTà síndrome ventilatório restritivo
o Hipoxemia
o Dispneia
Complicações
a) Pneumotórax hipertensivo
§ Ocorre devida a uma mecanismo valvular em que o ar entra no espaço pleural para
inspiração e não sai completamente na expiração
§ Doente agitado, suado, dispneia, pulso filiforme, hipotenso com engurgitamento da jugular
podendo entrar em choque
§ Rx: alargamento dos espaços intercostais
§ Desvio do mediastino e da traqueia para o lado contrário
b) Pneumotórax bilateral simultâneo
§ Raro, mas muito grave
§ Requer uma drenagem bilateral do tórax
§ Ocorre por vezes em situações de rutura traqueal ou esofágica
c) Hemopneumotórax
§ Mais frequente no pós-traumático
§ Rx: presença de nível hidraéreo
§ Exige drenagem pleural e reposição de sangue perdido
d) Piopneumotórax
§ Surge quando uma pneumonia necrosante, um abcesso pulmonar, tuberculose pulmonar
rompem a cavidade pleural
§ Necessita de drenagem torácica de grande calibre, associada ou não a lavagens pleurais +
antibioterapia +fisioterapia respiratória
e) Pneumomediastino
§ Presença de ar no mediastino
§ Geralmente é palpável enfisema subcutâneo
1. PNEUMOTORAX ESPONTANEO PRIMARIO
o Surge em indivíduos aparentemente saudáveis
o Mais frequente no adulto jovem, sexo masculino, altos, asténicos
o Relação com fumo do tabaco e tendência familiar
o Deve-se geral á rutura de bolhas de enfisema intra parenquimatosas (+localizado nos vértices onde
a pressão pleural é mais negativa)
o Por vezes ocorrem apos o esforço
Sintomas
ü Dor torácica: localizada na região ântero-lateral do hemitórax afetado, intenso tipo punhalada
agrava com movimentos respiratórios
ü Dispneia: pode ir de ligeira a muito intensa, sufocante

15
Fisioterapia cardiorrespiratória I
ü Tosse: muitas vezes dolorosa, é pouco frequente

Sinais
ü Cianose, taquicardia e agitação
ü Abaulamento do hemitórax com hipomobilidade
ü Vibrações vocais abolidas
ü Percussão: timpanismo
ü Auscultação pulmonar: diminuição ou abolição do ruido respiratório normal
ü Rx: zona de hipertransparência entre o pulmão e a parede torácica desprovida de reticulo
broncovascular. Visualização da pleura visceral
Terapêutica
Objetivos:
ü Aliviar os sintomas
ü Reduzir a morbilidade
ü Prevenir complicações
Ø Ventilação com suplemento de oxigénio
Ø Fisioterapia respiratória:
ü Facilitar a expansão do pulmão
ü Prevenir complicações (retenção de secreções, atelectasias, infeção respiratória)
2. PNEUMOTORAX ESPONTANEO SECUNDARIO
ü É uma complicação bastante grave, pois sucede em indivíduos que tem frequentemente uma
função respiratória comprometida
ü A causa mais frequente é a DPOC
Manifestações
ü Dispneia marcada com cianose, hipertensão e insuficiência respiratória de grau variável
ü Diagnóstico deve ser suspeitado em todo o doente DPOC, que surja com maior grau de dispneia e
dor torácica unilateral
Complicações
ü Insuficiência Respiratória Aguda
3. PNEUMOTORAX TRAUMÁTICO
a) Iatrogénico
o Biopsia pulmonar
o Toracentese
o Biopsia pleural
o Colocação de cateter na subclávia ou jugular interna
o Doentes sob ventilação mecânica- PEEP elevados
b) Traumatismos torácicos
o Pneumotórax por traumatismo do Tórax, fechado ou aberto, deve ser tratado com
drenagem torácica
o Por vezes, é necessário colocar um tubo no 2 espaço intercostal para drenar o ar e outro
no 7º espaço para drenar o sangue

16
Fisioterapia cardiorrespiratória I
C. HEMOTÓRAX
§ Presença de sangue no espaço pleural
Etiologia: Traumatismos penetrantes ou não penetrantes de causa iatrogénica
Diagnóstico: em todos os doentes vítimas de traumatismo torácico e com derrame pleural
Semiologia:
§ Rx: realizado com o tronco do doente em posição vertical
§ Cerca de 60-80% das situações do hemotórax apresentam pneumotórax associado
Tratamento
§ Drenagem torácica com tubo
§ Suporte som soro e transfusão de sangue
§ Fisioterapia respiratória: facilitar a drenagem do sangue, prevenir sequelas a nível pleural
(aderências, fibrotórax)
D. FIBROTÓRAX
§ Espessa camada de tecido fibroso que deposita na pleura visceral e envolve o pulmão
Etiologia
§ Hemotórax
§ Empiema pleural
§ Tuberculose pleural
Semiologia
§ Hemitórax afetado retraído e com mobilidade diminuída
§ Nos estadios evoluídos, os espaços intercostais estão estreitos e o mediastino desviado para o lado
afetado
§ Síndrome ventilatório restritivo de moderada a grave
Tratamento
§ Descorticação: extração cirúrgica do tecido fibroso
§ Melhoria da função respiratória depende das alterações existentes no pulmão adjacente
§ A melhor terapêutica é a prevenção- Fisioterapia Respiratória eficiente e precoce

PATOLOGIA DO DIAFRAGMA
HÉRNIA DIAFRAGMATICAS CONGENITAS
A. HÉRNIA DO HIATO
1. De deslizamento ou de escorregamento
o Junção gastro esofágica desloca-se para cima através do hiato para o tórax, fazendo com
que a porção do estomago penetre na cavidade torácica
o Deve-se ao relaxamento do ligamento freno-esofágico
o Aparece sem significado patológico num grande número de indivíduos, tendo apenas
indicação para tratamento associada a sintomas de refluxo gastro esofágico
o Tratamento:
§ Medidas dietéticas, posturais e neutralização do refluxo ácido gástrico
§ Fisioterapia pode auxiliar na reeducação dos sintomas, intervindo a nível da correção
da postura e na redução manual da hérnia

17
Fisioterapia cardiorrespiratória I
2. Para-esofágicas ou de enrolamento
§ Junção gastro esofágica mantem-se na posição intra-abdominal, mas o fundo gástrico
sobe para o mediastino através de um defeito da membrana freno-esofágica
§ Originam pouco sintomas e quando aparecem são incaracterísticos como enfartamento
§ Sintomas agravam-se com a progressão da hérnia
§ Tratamento: cirúrgico
B. HÉRNIA DE BOCHDALECK
§ Fazem-se através da fenda pleuro-peritoneal persistente
§ São mais frequentes á esquerda, e duas vezes mais frequente no homem do que na mulher
§ Pelo orifício, as vísceras abdominais penetram no tórax, colapsando o pulmão, e
empurrando o mediastino para o lado oposto
§ Na maioria são diagnosticados no recém-nascido, devido a crises de intensa dispneia e
cianose, obrigando a reparação cirúrgica de emergência
§ No adulto: sintomas pode ser dispneia ou vómitos
§ Tratamento: consiste na redução cirúrgica das vísceras herniadas e na reparação do defeito
diafragmático
C. HÉRNIA DE MORGAGNI
§ Fazem-se através da fenda Larrey ou hiato de Morgagni, entre as inserções esternais e condo-
costais do diafragma
§ Sendo mais frequentes á direita, devido ao obstáculo criado pelo coração do lado esquerdo
§ Aparecem sobretudo em mulheres obesas, na 4-5º década de vida, e podem ser assintomáticas
ou manifestar por palpitações confundindo-se com angina de peito
§ A correção cirúrgica está indicada na presença de sintomas ou quando a hérnia tem conteúdo
abdominal
LESOES TRAUMATICAS DO DIAFRAGMA
1. Ruturas traumáticas do diafragma
§ Causadas por traumatismos toraco-abdominais fechados ou por feridas penetrantes
§ Como acidentes de viação e quedas em altura
§ Rutura mais frequente da hemicúpula esquerda
§ Originam dispneia marcada e choque persistente
2. Eventração do diafragma
§ Elevação da hemicúpula diafragmática
§ Pode causar dispneia por deficit da ventilação da base pulmonar
§ A paralisia do diafragma pode ser congénita ou adquirida

18
Fisioterapia cardiorrespiratória I
EFEITOS DA IMOBILIDADE E ACAMAMENTO
IMOBILIDADE
§ Redução do estimulo físico que afeta todos os sistemas orgânicos com profundo efeito no
cardiovascular, cardiopulmonar e neuromuscular
ACAMAMENTO
§ Eliminação do estímulo gravitacional da verticalidade, exerce o seu efeito primordial sobre os
sistemas cardiopulmonar e cardiovascular
EFEITOS NO MUSCULO ESQUELETICO
§ Diminuição da força e massa muscular:
o Diminui o tónus
o Diminui a eficácia muscular
o Aumenta o consumo de oxigénio
o Aumenta a fadiga
o Aumenta a dispneia
§ Perda da densidade óssea:
o Aumenta a reabsorção óssea
o Fraturas de compressão
EFEITOS NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL
§ Diminui a atividade eletroencefalográfica
§ Diminuí a atividade psicomotora das áreas intelectuais da perceção e coordenação
§ Alterações dos padrões de sono com aumento do sono profundo
§ Alterações comportamentais e emocionais (ansiedade, depressão)
§ Diminuição do estímulo para respirar
EFEITOS NO SISTEMA METABOLICO E RENAL
§ Aumento da excreção de cálcio, potássio, magnésio e fósforo
EFEITOS NO SISTEMA PULMONAR
§ Diminui volumes pulmonares
§ Diminui fluxos
§ Diminui diâmetro das vias áreas
§ Diminui PaO2
§ Diminui a amplitude do tórax e eficácia da tosse
§ Diminui a Compliance e clearance mucociliar
§ Aumenta o trabalho respiratório
§ Diminui a capacidade residual: encerramento das vias aéreas nas regiões dependentes e redução
oxigenação arterial
EFEITOS NO SISTEMA CIRCULATORIO
§ Aumenta o volume central de sangue
§ Diminui o volume de sangue circulante
§ Aumenta o trabalho cardíaco
§ Diminui a concentração de hemoglobina
§ Aumenta as forças de compensação do miocárdio, grandes vasos, estruturas mediastínicas e
sistema linfático.
EFEITOS DO POSICIONAMENTO
1. Indicações para o posicionamento de forma a otimizar o transporte de O2
19
Fisioterapia cardiorrespiratória I
A. Aumento do volume pulmonar
B. Aumento da ventilação regional, perfusão e difusão
C. Aumento dos volumes e capacidades pulmonares
D. Diminui shunt pulmonar
E. Diminui o encerramento das vias aéreas nas zonas dependentes
F. Alterar a frequência respiratória
G. Alterar a ventilação minuto
2. Alterar a posição do hemidiafragma
A. Aumenta a eficiência respiratória
B. Aumenta a compliance pulmonar
C. Aumenta os fluxos aéreos
D. Diminui a resistência das vias aéreas
3. Estimular a tosse
A. Aumentar a eficiência biomecânica da tosse
B. Diminuir o trabalho respiratório
4. Melhorar a gasimetria, as trocas gasosas e oxigenação
A. Aumentar o transporte e a clearance mucociliar
B. Diminui forças gravitacionais, mecânicas e de compressão nos pulmões, no tórax e
diafragma
EFEITOS IMEDIATOS DA POSIÇAO DE DECUBITO PARA PÉ
A. No sistema Pulmonar
§ Aumento da capacidade pulmonar total
§ Aumento do volume corrente, volume residual e Volume reserva expiratória
§ Aumento da capacidade vital, capacidade residual funcional
§ Aumento do diâmetro transversal do abdómen e do tórax
§ Diminui o trabalho respiratório
§ Aumenta a compliance pulmonar
§ Diminui o encerramento das vias áreas
§ Aumenta PaO2
§ Aumenta o diâmetro ântero-posterior do tórax
B. No sistema Cardiovascular
§ Aumenta o volume total de sangue
§ Diminui o volume de sangue central
§ Diminui a pressão venosa central
§ Aumenta a drenagem linfática
§ Diminui o trabalho cardíaco
EFEITOS DA MOBILIDADE E EXERCICIO
A. No sistema pulmonar
§ Aumenta a ventilação pulmonar
§ Aumenta o volume corrente
§ Aumenta a frequência respiratória
§ Aumenta a capacidade residual funcional
§ Aumenta a distensão e recrutamento das unidades com baixa perfusão e ventilação

20
Fisioterapia cardiorrespiratória I
B. No sistema cardiovascular
§ Aumenta a frequência cardíaca
§ Aumenta o volume sistólico
§ Aumenta a ligação de O2 ao sangue
§ Aumenta a dissociação de O2 e sua extração a nível dos tecidos

AUSCULTAÇAO TORÁCICA

Sons Intensidade Audível Causa Patologias


Sons Respiratórios normais
RRN Suave, não Na inspiração e Estreitamentos das vias Aumenta na
musical início da áreas, hiperinsuflaçao pneumonia,
expiração atelectasia

RRT Som tubular, Inspiração e Fluxo turbulento, sem


não musical Expiração filtro parênquima
pulmonar
RRB Suave, não Inspiraçao e Obstrução do tecido Pneumonias
musical expiraçao pulmonar consolidado e Fibroses
pulmonares
Sons respiratórios adventícios
Sibilos Musical, Na inspiração, Obstrução da via área e Broncoespas
monfónicos contínua de expiração ou em Limitação do fluxo mo, edema
baixa a alta ambas mucosa,
frequencia corpo
estranho
Sibilos Múltiplas notas Na expiração Obstrução da via aérea Asma e
Polifónicos musicais e limitação do fluxo DPOC
Fervores/ Som rápido, A meio/final da Não afetados pelo TEF. Pneumonias
Crepitações explosivo, e inspiração e Relacionado com e FPI
alta não musical ocasionalmente abertura rápida na
frequência Expiração inspiração ou
encerramento na
expiração
Fervores/ Som rápido, Início da Afetado pelo TEF. DPOC
crepitações explosivo, e inspiração e Relacionado com a
baixa não musical toda a expiração passagem de ar pelas
frequência secreções
21
Fisioterapia cardiorrespiratória I
Estridores Som fixo, Inspiração, Rutura de fluido, Laringites,
Musical, alta expiração ou em vibração e colapso daparalisia das
intensidade ambas via área cordas
vocais
Roncos Som quase Inspiração, Pode desaparecer Edema,
musical, baixa expiração ou em facilmente com TEF. broncospas
frequencia ambas Situações de diminuição mo,
de calibre das vias Bronquiolite
aéreas s em bebés,
DPOC em
adultos
Sqwaks Assobio Só na inspiração Há oscilação da via Pneumonias
prolongado, aérea periférica em , doenças do
abafado ou zonas pulmonares interstício
musical, curta desinsufluadas
duração e alta
intensidade

ESPIROMETRIA
É um exame utilizado para medir a quantidade e o fluxo de ar que entra e sai dos pulmões.
Os padrões espirométricos podem ser: normal, obstrutivo, restritivo ou misto
Normal
§ FEV1/FVC > 0.70
§ FEV1> 80% teórico ou > LLN
§ FVC > 80% teórico ou > LLN
Obstrutivo
§ FEV1/FVC < 0.70
§ Morfologia da ansa expiratória da curva débito-volume, com concavidade dirigida para
cima.
§ As doenças das vias aéreas como a DPOC ou a asma são as principais causas de
obstrução.
Restritivo
§ FEV1/FVC ≥ 0.70
§ FVC < 80% teórico ou < LLN
§ Morfologia convexa da ansa expiratória da curva débito-volume.
Misto
§ FVC < 80% teórico ou < LLN
§ FEV1/FVC < 0.70

22
Fisioterapia cardiorrespiratória I

Você também pode gostar