Você está na página 1de 16

SISTEMA RESPIRATÓRIO

Respiração:
1) Ventilação.
2) Troca de gases (entre o ar e o sangue nos pulmões e nos tecidos).
3) Utilização de oxigénio (pelas células, para a realização da respiração celular).

Ventilação → É a troca de ar entre a atmosfera e os alvéolos. O ar entra ou sai dos pulmões porque a pressão
alveolar é menor ou maior, respetivamente, que a pressão atmosférica. As pressões alveolares variam com a
dimensão dos pulmões – Lei Boyle – e o volume dos pulmões depende da pressão intrapulmonar (entre o
interior e o exterior dos pulmões) e da extensibilidade dos pulmões. Assim:
F(fluxo de ar) = Variação de P/ R (resistência) e Patp= Palv – Pip

Inspiração → Contração dos músculos intercostais externos e diafragma, expansão da caixa torácica e
consequentemente aumento do volume dos pulmões (lei de Boyle), diminuição da pressão intrapleural e
diminuição da pressão alveolar. Assim, após todos estes passos, o ar entra finalmente nos pulmões.

Expiração → Relaxamento dos músculos intercostais externos e do diafragma, encolhimento da caixa torácica
e consequentemente diminuição do volume dos pulmões (lei de Boyle), aumento da pressão intrapleural e
aumento da pressão alveolar. Assim, após todos estes passos, o ar sai dos pulmões.

O nosso sistema respiratório acaba por ter algumas funções:


- Funções defensivas tais como aquecimento/arrefecimento, humidificação e filtração do ar, produção de
secreções brônquicas (IgA), epitélio nos seios paranasais (produção NO – bacteriostático), epitélio respiratório
(produção PGE2), macrófagos pulmonares que fazem fagocitose e as adenoides no tecido linfóide.

- Funções endócrinas e metabólicas tais como controlo do pH do sangue, fonação, olfato, produção de
surfactante, captação e destruição de bolhas gasosas produzidas na circulação sistémica e ativação de
hormonas (Angiotensina I → Angiotensina II).

O sistema respiratório pode ser dividido em:


1. Zona condutora → Desde a cavidade nasal até à zona respiratória. Outras funções das vias aéreas
superiores são aquecer humidificar, filtrar e limpar.

2. Zona respiratória → bronquíolos respiratórios, ductos alveolares, sacos alveolares. As trocas de gases
ocorrem nos pulmões ao longo de cerca de 300 milhões de alvéolos, correspondendo a uma área de
cerca de 60-80m2.

O epitélio respiratório é pseudoestratificado colunar ciliado, produção de muco por células caliciformes
e drenagem desse muco feita pelas células epiteliais ciliadas.

A manutenção e limpeza das vias respiratórias ocorrem pelos pêlos nasais, muco, cílios, macrófagos.
Temos de ter cuidado com o fumo do tabaco e com a poluição. O reflexo da tosse acontece quando temos
substâncias irritantes nas vias inferiores e o reflexo do espirro ocorre quando temos substâncias irritantes nas
mucosas nasais. A contração dos bronquíolos ocorre como resposta à irritação, ou seja, ajuda a prevenir que
algumas partículas entrem nos alvéolos.

Fabiana Portela
Células poeira → macrófagos alveolares com função defensiva.
Pneumócitos Tipo I → 95-97% da superfície total dos pulmões, trocas gasosas (hematose pulmonar),
células precursoras dos pneumócitos tipo II, espessura 0.3mm (aumento da taxa de difusão).
Pneumócitos tipo II → produção de surfactante pulmonar (múltiplas funções) – molécula lipoproteica,
redução da tensão superficial (expansão alveolar na inspiração impede o colapso durante a expiração),
reabsorção de Na+ e H2O (impedem acumulação de líquidos), fluidificação do muco brônquico, melhoria da
atividade ciliar, atividade bactericida, opsonização de partículas inaladas.

A relação entre os pulmões e a caixa torácica dá-se pelas: pleura visceral, pleura parietal e cavidade pleural
(fluído intrapleural).

A respiração forçada é o modo de provocar maior diferenças


de pressão transpulmonar, há a intervenção de mais músculos. Na
respiração forçada temos:
- Inspiração forçada → além da contração do diafragma e
músculos intercostais externos temos contração dos
esternocleidomastóideos e dos escalenos.
- Expiração forçada → relaxamento dos músculos
contraídos durante a inspiração forçada e, ainda, contração
dos músculos intercostais internos, abdominais oblíquos
internos e externos, abdominais transversos e retos.

Propriedades físicas dos pulmões:


- Complacência dos pulmões → é a variação do volume em função da pressão intrapleural (mede a
facilidade com que os pulmões e o tórax se expandem).
- Elasticidade dos pulmões → permite contrações pulmonares na expiração devido às fibras elásticas
nas paredes dos alvéolos. Num pneumotórax (entrada de ar no espaço intrapleural) também temos
elasticidade dos pulmões.
- Tensão superficial

A complacência pulmonar é o resultado de duas componentes diferentes:


- as forças elásticas dos tecidos pulmonares.
- a tensão superficial do fluído que reveste a superfície dos alvéolos.

A pressão necessária para expandir o pulmão na ausência de tensão superficial é muito menor.

Tensão superficial do líquido alveolar → uma tendência dos alvéolos a colapsar. Surfactantes = diminuem a
tensão superficial (constituído por lípidos proteínas e cálcio produzidos pelas células alveolares tipo II).
Absorção = osmose + transporte ativo de Na+
Secreção = transporte ativo de Cl-
Síndrome da dificuldade respiratória do recém-nascido ou doença da membrana hialina.

Lei de Laplace → Relaciona a relação entre a pressão, tensão superficial e raio dos alvéolos.
P= 2T/r
Os surfactantes estabilizam os alvéolos mais pequenos.

Fabiana Portela
Asma → Essencialmente provocada pela inflamação cronica das vias respiratórias. É caracterizada por
episódios intermitentes nos quais os músculos lisos das vias respiratórias contraem, aumentando a resistência
e, consequentemente, dificultando o fluxo do ar. Pode surgir devido a alergias, infeções víricas ou sensibilidade
a fatores ambientais. Terapia → reduzir a inflamação crónica com, por exemplo, glucocorticoides e provocar
a broncodilatação.

Doença pulmonar crónica obstrutiva:


1. Enfisema → destruição e colapso das vias respiratórias
2. Bronquite crónica→ produção excessiva de muco e alterações crónicas inflamatórias nas vias
respiratórias mais pequenas.
3. As duas simultaneamente.

Fibrose pulmonar: A estrutura normal dos pulmões é substituída por tecido conjuntivo fibroso. Pode resultar
pela inalação de partículas muito pequenas que se acumulam na zona dos pulmões.

Um espirómetro mede os volumes de ar inspirados e expirados por uma pessoa (o registo é um espirograma).
Definem-se 4 volumes respiratórios fundamentais:
1- Volume tidal ou corrente → volume de ar trocado em cada respiração normal, em repouso. É cerca
de 500 mL.
2- Volume inspiratório de reserva → o volume máximo que se pode inspirar além da inspiração normal.
É cerca de 3000 mL.
3- Volume expiratório de reserva → o volume máximo que se pode expirar além da expiração normal. É
cerca de 1100 mL.
4- Volume residual → o volume de ar que permanece no pulmão após uma expiração forçada. É cerca
de 1200 mL.

Capacidade inspiratória = quantidade total de ar que pode ser inspirada = volume tidal + volume inspiratório
de reserva = 500 + 3000 = 3500 mL.

Capacidade residual funcional = quantidade de ar que permanece nos pulmões após uma expiração normal =
volume expiratório de reserva + volume residual = 1100 + 1200 =2300 mL.

Capacidade vital = quantidade de ar total que pode ser expirada após uma inspiração máxima = volume tidal
+ volume inspiratório de reserva + volume expiratório de reserva = 4600 mL.

Capacidade pulmonar = quantidade total de ar que os pulmões podem ter após uma inspiração máxima =
volume tidal + volume inspiratório de reserva + volume expiratório de reserva + volume residual = 5800 mL.

Capacidade vital forçada = quantidade de ar expirado forçadamente após uma inspiração máxima.

Volume expiratório forçado 1 = quantidade de expirado forçadamente ao fim do 1º segundo


%VEF1/CVF = 75-85%

Os testes das funções pulmonares são uteis no diagnostico de certas doenças. Pessoas com doenças
pulmonares obstrutivas podem ter capacidade vital reduzida a 80%.

Fabiana Portela
Ventilação pulmonar → Ve (ventilação/minuto) = Vt (volume corrente) X f (frequência respiratória/minuto)

Espaço morto → Uma parte do aparelho respiratório não participa nas trocas de gases (desde o nariz até aos
bronquíolos) e a esse espaço chamamos de espaço morto anatómico (150 mL). O espaço morto fisiológico é
constituído pelo espaço morto anatómico e pelo volume de alvéolos não funcionantes. No caso de doenças
pulmonares existem partes dos pulmões que são inativas e o espaço morto fisiológico (real, total) pode ser
muito maior.

As trocas de gases nos pulmões entre o ar alveolar e o sangue dos capilares dos pulmões resultam num
aumento da concentração de O2 e uma diminuição de CO2 no sangue que deixa os pulmões.

Pressões parciais dos gases = a pressão que um gás exerce é proporcional à temperatura e à concentração do
gás.

Lei de Dalton → Numa mistura de gases, a pressão exercida por um gás é independente da pressão exercida
pelos outros gases.

Pressão atmosférica= soma da pressão de todos os gases que constituem a atmosfera (Patm= PN2+P02+PCO2
= 760 mmHG).

Difusão de gases nos líquidos: A Lei de Henry diz que a quantidade de gás que se dissolve num líquido é
dependente da solubilidade do gás no fluido (constante física), da temperatura do fluido (mas a temperatural
corporal não varia significativamente) e da pressão parcial do gás.

Pressões parciais do O2 → A pressão de O2 no ar alveolar é de 104 mmHG, enquanto que no sangue venoso
é de 40 mmHG. A nível dos tecidos, o sangue chega com uma P02 de 100 mmHG, no espaço intersticial a PO2
é de 40 mmHG e no interior das células é de 23 mmHG – transporte para o espaço intersticial.

Pressões parciais de CO2 → o sangue arterial chega aos capilares nos tecidos com PCO2 de 40 mmHG, no
interstício a PCO2 é de 45 mmHG e nas células é de 46 mmHG. A nível dos pulmões a PCO2 alveolar é de 40
mmHG.

Transporte de O2 → 98.5% hemoglobina e 1,5% dissolvido no plasma. A hemoglobina tem 4 cadeias


polipeptídicas (globinas) em que 2 são alga e 2 são beta. Tem ainda 4 grupos azotados (heme) de ião ferro.

Concentração de hemoglobina no sangue:


- anemia (abaixo do normal) VS policitemia (acima do normal)
- eritropoetina (rins) – produção de hemácias/hemoglobina na medula óssea.

Reação reversível (ligação e dissociação) – a reação vai para uma direção ou para outra dependendo da PO2
do ambiente e da afinidade entre a hemoglobina e o oxigénio.

Fabiana Portela
Quando a PO2 do sangue é de 95 mmHg a hemoglobina encontra-se saturada a 97%, enquanto com
PO2 de 40 mmHg o valor é de 75% - em condições de repouso, a hemoglobina liberta só os 22% do O2 que
poderia teoricamente transportar.

Durante exercício intenso: A PO2 nos músculos pode descer até 15 mmHg; nesse caso o valor de
saturação da hemoglobina desce a 20%, o que quer dizer que o sangue transporta para os tecidos uma
quantidade de O2 três vezes maior do que nas condições de repouso. Multiplicando este incremento pelo
aumento do débito cardíaco durante o esforço (até 6-7x), chega-se a um aumento de 20 vezes no O2
transportado por minuto.

Efeito de Bohr → com o exercício físico acumula-se o CO2, o ácido lático e há um aumento da temperatura
intersticial que resulta num desvio da curvatura para a direita

Esta característica da hemoglobina “se adaptar” e trocar mais ou menos oxigénio conforme o
consumo, está na base da capacidade da hemoglobina de funcionar como “sistema tampão” da concentração
de O2 no corpo. Desta forma a concentração de O2 a nível dos tecidos fica bastante constante apesar de
possíveis variações da concentração de O2atmosférica.

Transporte de CO2 → O CO2 no sangue encontra-se em três formas:


1. Dissolvido como CO2- 7%
2. Combinado com a água em ácido carbónico/bicarbonato H2CO3/ HCO3-- 70%
3. Combinado com a hemoglobina ou proteínas do plasma (carbamino-hemoglobina) - 23% - Efeito Haldane

A reação de hidratação no citoplasma dos eritrócitos é muito rápida devido à presença do enzima
anidrase carbónica. No plasma esta reação ocorre espontaneamente, mas deforma lenta; nos eritrócitos
ocorre muito mais rapidamente devido à ação da enzima anidrase carbónica.

Controlo da respiração: os centros que controlam o ritmo respiratório involuntário encontram-se na


ponte e na medula oblonga (tronco cerebral). Daqui impulsos descem à medula espinal de onde saem os
nervos motores que controlam os músculos respiratórios.

Existem quimiorrecetores na medula oblonga e nos corpúsculos carotídeos e aórticos: aumento da


concentração de CO2 traduz-se num aumento do ritmo e profundidade da respiração.
Além do controlo involuntário existem vias que descem diretamente do córtex até à medula espinal
que servem para o controlo voluntário da respiração.

SISTEMA DIGESTIVO

O sistema digestivo tem como funções:


• Motilidade – movimento dos alimentos no tracto digestivo através de processos de ingestão,
mastigação, deglutição e movimentos peristálticos.
• Secreção – podem ser exócrinas (água, acido clorídrico, bicarbonato e muitas enzimas digestivas que
são secretadas para o trato intestinal) ou podem ser endócrinas (o estomago e intestino delgado
segregam hormonas que ajudam a regular o sistema digestivo).
• Digestão – refere-se à quebra das moléculas em sub-unidades de menor tamanho, de modo a
poderem ser absorvidas pelo epitélio intestinal.

Fabiana Portela
• Absorção – a passagem direta dos produtos resultantes da digestão para o sangue e para a linfa
• Armazenamento e eliminação – refere-se ao armazenamento temporário e subsequente eliminação
das moléculas que não são digeridas.

A mastigação é feita com auxílio dos dentes e da saliva produzido pelos 3 pares de glândulas salivares.
Assim, é formado o bolo alimentar. A mastigação tem como funções:
- Triturar, misturar e lubrificar as partículas de alimentos.
- Digerir parcialmente os polissacarídeos, por ação da amilase salivar ou ptialina.
- Dissolver alguns alimentos que, só assim, podem reagir com quimiorrecetores → sensação de gosto.
- Ação antibacteriana (lisozima) e imunológica (IgA).

A deglutição é realizada pela faringe e esófago e permite que os alimentos cheguem ao estomago. A
epiglote (na laringe) deve estar fechada, para impedir a entrada de alimentos para a traqueia. A deglutição
pode dividir-se em 3 fases:
• Fase cefálica – voluntária, quando o bolo alimentar é empurrado para a parte posterior da boca.
• Fase faríngica – involuntária, que é quando os alimentos passam da faringe até ao esófago.
• Fase esofágica – involuntária, que facilita a passagem dos alimentos até ao estômago (ondas
peristálticas).

O esófago está separado do estomago por um anel musculoso que funciona como um esfíncter, o esfíncter
gastro-esofágico. A sua parede tem características importantes como a existência de células produtoras de
muco lubrificante e a capacidade de executar movimentos peristálticos. O esófago é, então, constituído por
um tubo muscular com cerca de 25 cm, epitélio pavimentoso estratificado, com músculo esquelético na parte
superior e musculo liso na parte inferior.

Os movimentos peristálticos são contrações musculares (por ação de músculos lisos), em forma de onda,
produzidos por reflexos, em resposta à distensão das paredes do trato digestivo por ação do bolo alimentar.
Quando os alimentos chegam à parte terminal do esófago, o esfíncter abre, permitindo a passagem dos
alimentos para o estômago, mas fecha logo de seguida para evitar a regurgitação.

O estômago tem várias funções motoras como por exemplo:


• Armazenamento de grandes quantidades de alimentos que possam ser processados pelo
duodeno.
• Mistura de alimentos com as secreções gástricas até formarem o quimo
• Vazamento lento dos alimentos desde o estômago até ao intestino delgado para que este os possa
digerir e absorver.

As glândulas gástricas contêm vários tipos de células que segregam vários produtos – muco alcalino
que protege e lubrifica, ácido clorídrico, pepsinogénio, histamina e serotonina, gastrina e somatostatina, fator
intrínseco (glicoproteína que permite a absorção da vitamina B12). A secreção das células gástricas mais as
elevadas quantidades de água (2-4L/dia) formam o suco gástrico. As glândulas do estomago secretam um
ácido forte – acido clorídrico – e várias enzimas digestivas – pepsinogénio, percursos da pepsina.

Funções do ácido clorídrico → dissolver as partículas de alimento, a sua acidez vai desnaturar as
proteínas e facilitar a sua digestão, misturar os alimentos havendo uma digestão parcial das proteínas por
ação da pepsina e matar muitas bactérias que entram no sistema gastro-intestinal com os alimentos.

Fabiana Portela
Forma-se o quimo, que contém moléculas de proteínas, polissacarídeos, gordura, sal, água e várias
outras moléculas ingeridas pelos alimentos que são parcialmente digeridas ou hidrolisadas. As intensas
contrações peristálticas do estomago levam ao seu vazamento.
Ao mesmo tempo que há uma resistência à passagem do quimo pelo piloro que se opõem a esse
vazamento. Na maior parte do tempo, as contrações rítmicas do estomago são fracas e atuam de modo a
misturar os alimentos com as secreções gástricas.
Além das contrações peristálticas, o estomago também produz umas contrações quando permanece
muito tempo vazio – contrações de fome – contrações peristálticas rítmicas do corpo gástrico, mais intensas
em pessoas jovens e sãs, com um tónus gastrointestinal intenso.
O esfíncter pilórico abre apenas o suficiente para que água e outros líquidos saiam do estomago. A
sua contração evita a passagem de partículas alimentares antes de estarem bem misturadas com o quimo e
com consistência fluída quase completa.
O grau de contração do piloro pode aumentar ou diminuir dependendo da influência de sinais
nervosos e humorais tanto do estômago como do duodeno.

Digestão e absorção no estômago:


- digestão parcial de proteínas – pepsina
- paragem da digestão do amido – início na boca, amilase salivar
- absorção de produtos na digestão – maioria no intestino delgado (apenas absorção álcool e aspirina)

Regulação da função gástrica:


A motilidade e a secreção são controladas automaticamente, através dos nervos autónomos e das hormonas.
Este controlo extrínseco da função gástrica é dividido em três fases:
1- Fase cefálica - controlo pelo cérebro via nervo vago. A visão, o cheiro, o paladar e recordações da
comida estimulam o nervo vago do cérebro
2- Fase gástrica - a distensão do estômago estimula o nervo gástrico que estimula as secreções gástricas
(gastrina).
3- Fase intestinal ou entérica - a inibição neuronal do esvaziamento gástrico e da secreção ácida. Em
resposta, a gordura do quimo o duodeno segrega a hormona que inibe a secreção do acido gástrico
(secretina).

Intestino delgado → Designa-se delgado devido ao seu diâmetro, mas o seu comprimento varia entre os 4-9
m. Pode ser dividido em 3 zonas: duodeno – segmento inicial (corresponde a 20-30cm); jejuno +/- 2,5m; Íleo
+/- 3,5m. As secreções do intestino delgado contêm muco, eletrólitos e água. Estas secreções lubrificam e
protegem a parede intestinal da acidez do quimo e da ação de enzimas digestivas, mantendo o quimo no
estado líquido o que facilita a digestão.

A motilidade do intestino delgado pelos músculos lisos da sua parede serve para:
- misturar o conteúdo do lúmen com as várias secreções.
- colocar o conteúdo em contato com o epitélio, onde ocorre a secreção.
- fazer avançar lentamente o material para o intestino grosso.

O esfíncter ileocecal (válvula ileocecal) permite a passagem das substâncias não absorvidas para o cego.

Absorção dos produtos da digestão ocorre no duodeno e no jejuno (absorção de glícidos, lípidos,
aminoácidos, cálcio e ferro) e no íleo (absorção de sais biliares, vitamina B12, água e eletrólitos).

Fabiana Portela
O intestino grosso ou cólon, estende-se desde a válvula ileocecal do ânus. Os restos de digestão, ou
fezes, são excretados através do ânus, a abertura externa do canal anal.

Absorção de produtos da digestão → absorção de água, sais, vitaminas do complexo B e K.


Flora intestinal → produção de vitamina K e ácido fólico (vitamina B9), fermentação (respiração anaeróbica)
e secreção de muco.

O fígado localiza-se imediatamente abaixo do diafragma, ma cavidade abdominal. Além de regular a


composição química do sangue, produz e segrega a bílis, que é armazenada na vesícula biliar. Outras funções:
metabolismo dos hidratos de carbono, metabolismo dos lípidos, síntese de proteínas.

A bílis contém iões bicarbonato, colesterol, fosfolípidos, pigmentos biliares, desperdícios orgânicos e
sais biliares. É segregada por pequenos ductos que se juntam e formam o ducto hepático. Entre as refeições
é armazenada e concentrada na vesícula biliar.

A vesícula biliar armazena e concentra a bílis que é drenada do fígado pelos ductos biliares, ductos
hepáticos e ducto cístico. Tem um esfíncter na extremidade e permite uma capacidade de armazenamento de
35-100ml. A contração da camada muscular da vesícula ejeta a bílis no ducto cístico para o ducto biliar comum
que leva a bílis ao duodeno.

O pâncreas é um órgão glandular com uma parte endócrina (ilhéus de Langerhans, segrega insulina, o
glucagon e somatostatina para o sangue) e uma parte exócrina (ácinos, segregam o suco pancreático que é
libertado para o intestino delgado e que contém as enzimas digestivas). As enzimas digestivas do suco
pancreático são segregadas na forma inativa, para evitar que degradem os tecidos que as produzem.

O suco pancreático tem um componente aquoso (composto essencialmente por água e bicarbonato)
e um componente enzimático (composto por uma variedade de enzimas digestivas, como a trispsina (digere
as proteínas), lípase (digere os triglicerídeos), amilase pancreática (digere o amido), ribonuclease (digere
curtas cadeias de RNA) e desoxirribonuclease (digere curtas cadeias de DNA)).

Digestão e absorção dos hidratos de carbono: Cerca de 2/3 dos hidratos de carbono ingeridos são
amido, o resto é essencialmente sacarose ou lactose. A digestão do amido começa na boca, por ação da
amilase salivar ou ptialina. Assim que os alimentos são deglutidos e chegam ao estomago, a enzima fica
inativada. A digestão continua no duodeno – amilase pancreática – mas esta enzima apenas consegue digerir
o amido até oligossacarídeos de maltose.

Os oligossacarídeos são hidrolizados em monossacarideos, por enzimas localizadas nas


microvilosidades das células epiteliais do intestino delgado. Passam através da membrana epitelial por
transporte ativo, no qual a glucose partilha um transportador comum com o Na+. Finalmente, a glucose passa
das células epiteliais das microvilosidades intestinais para os capilares sanguíneos.

Proteínas: A digestão das proteínas começa no estômago por ação da pepsina. Alguns aminoácidos
são libertados no estômago, mas a maior parte dos produtos resultantes da digestão completa das proteínas
são polipéptidos de cadeia pequena. No intestino delgado a tripsina e a quimiotripsina (segregados pelo
pâncreas) quebram as ligações peptídicas do interior das cadeias de polipéptidos – endopeptidases e
exopeptidases.

Fabiana Portela
Os Aminoácidos ácidos e neutros entram nas células epiteliais por co-transporte com o Na+ enquanto
que os aminoácidos básicos entram por difusão facilitada. Há muitos transportadores com diferentes
especificidades para os diferentes aminoácidos.

Os dipéptidos e tripéptidos podem entrar nas células epiteliais, por ação de um transportador de
membrana e, no citoplasma destas células. São hidrolisados em aminoácidos por ação de dipeptidases ou
tripeptidases, e os aminoácidos passam para o sangue. Pequenas quantidades de proteínas intactas são
capazes de atravessar o epitélio intestinal. Utilizam uma combinação de processos de endo e exocitose →
Passagem de anticorpos do leite materno para os bebés.

Lípidos: Os lípidos são insolúveis em água, formando gotículas, e a lipase é hidrossolúvel  só atua à superfície
da gotícula. A chegada dos lípidos, essencialmente triglicerídeos, ao duodeno serve como estímulo para a
formação de bílis. Num processo chamado emulsificação, os sais biliares são secretados no duodeno e atuam
provocando uma rutura mecânica dos triglicerídeos – aumentando a área de superfície – forma gotículas mais
pequenas.

A emulsificação:
- permite a rutura mecânica para tornar as gotículas pequenas;
- agentes emulsificantes impedem que os lípidos se tornem a agregar.
A lipase é hidrossolúvel, pelo que tem dificuldade em aceder às gotículas da emulsão. Assim, a colipase
(segregada pelo pâncreas) liga-se à lipase, permitindo a sua atuação.

As micelas estão constantemente a formar-se


e a serem partidas, assim que os
monoglicerídeos e ácidos gordos são
absorvidos.

Assim que passam para as células epiteliais intestinais, ácidos gordos e monoglicerídeos são
novamente ressintetizados em triglicerídeos, no retículo
endoplasmático liso.
As vesículas com as gotículas deixam o R.E. e fundem-se com a membrana plasmática, libertando as
gotículas para o fluído intersticial – quilomicras (+/-1mm). → Lacteal ou quilífero.

Os lípidos absorvidos passam para o sistema linfático e eventualmente entram no sangue venoso, via
ductos torácicos. Por contraste com os aminoácidos e os monossacarídeos que entram através da veia porta
hepática.

Transporte dos lípidos no sangue: Uma vez no sangue os triglicerídeos são removidos pela enzima
lipoproteína lipase. Esta enzima hidroliza os triglicerídeos e permite que os ácidos gordos e o glicerol sejam
usados pelas células. As partículas que contêm o colesterol são removidas pelo fígado, por um processo de
endocitose.

Fabiana Portela
Vitaminas: As vitaminas lipossolúveis A, D, E e K – seguem a absorção descrita para as gorduras. Qualquer
interferência com a secreção da bílis ou na ação dos sais biliares no intestino diminui a absorção das vitaminas
lipossolúveis. As vitaminas hidrossolúveis são absorvidas por difusão ou mediante transportador.
Expecto: vitamina B12 que necessita do Fator Intrínseco (parietais gástricas). A vitaminas B12 é necessária à
formação dos eritrócitos e a sua falta resulta em anemia perniciosa.

Água: É a substância mais abundante do quimo. +/- 8000 ml da água ingerida e/ou segregada entra no
intestino por dia, mas só 1500 ml passam para o intestino grosso. As membranas do epitélio intestinal (do
intestino delgado) são permeáveis à água.

A regulação do Sistema Digestivo pode ser:

Regulação Extrínseca: Sistema Nervoso Autónomo


• Divisão Simpática
- Inibição movimentos peristálticos e secreção
- Estimulação esfíncteres
• Divisão Parassimpática
- Estímulo motilidade intestinal e secreção
- Nervo Vago
Esófago, Estômago, Pâncreas, Vesícula Biliar, Intestino Delgado, Porção Superior Intestino Grosso
- Nervos Espinhais
Porção Inferior Intestino Grosso

Regulação Intrínseca: Sistema Nervoso Entérico


• Controlo Nervoso Local
• Agentes Parácrinos (Moléculas de Atuação Local)
• Hormonas (Moléculas Produzidas Mucosa)

SISTEMA RENAL

1- Regulação do volume da água e concentração de iões inorgânicos


2- Remoção de produtos metabólicos do sangue e excreção pela urina. Ex.: Ureia, creatinina e restos da
degradação da hemoglobina.
3- Remoção de compostos químicos do sangue e excreção pela urina. Ex.: Drogas, pesticidas e aditivos
alimentares
4- Regulação do pH do fluído extracelular (os rins secretam quantidades variáveis de H+ e de HCO3-,
para o fluído extracelular).
5- Gluconeogénese
6- Produção de hormonas/enzimas
• eritropoietina – controla a produção de eritrócitos
• renina – controla a formação de angiotensina e influencia a pressão arterial e o balanço de sódio
• 1,2-dihidroxivitamina D – influencia o balanço de cálcio

Fabiana Portela
Ultraestrutura do corpúsculo renal: Barreira de filtração:
• Capilares glomerulares - Camada visceral da cápsula de Bowman
• Membrana basal glomerular - Espaço de Bowman
• Podócitos (endocitose) – camada epitelial - Camada parietal da cápsula de Bowman

Podócitos: Mesângio:
- Células com prolongamentos interligados - Rodeiam os capilares glomerulares
separados pelas fendas de filtração - Suporte estrutural
- Fendas de filtração com poros - Segregam matriz extracelular
- Carregados eletronegativamente - Têm atividade fagocítica
- Segregam prostaglandinas
- Contracção
Aparelho justaglomerular:
- Mácula densa
- São produtoras de renina
- Células justaglomerulares
(células de músculo liso modificadas)

O processo renal engloba 3 fases: Filtração glomerular, reabsorção tubular e secreção tubular.

Taxa de Filtração glomerular → Os capilares glomerulares são extremamente permeáveis (fenestrados) e têm
uma extensa área - a filtração líquida é de cerca de 7,5 L/hora, ou 180 L/dia num adulto. Volume de sangue =
+/- 5L - volume total de sangue é filtrado cada 40 min. A maior parte da água filtrada retorna imediatamente
para o sistema vascular.

O controle fisiológico da filtração glomerular está sujeito a regulação neuronal e hormonal.


- ativação do sistema nervoso (simpático e parassimpático)
- Ação de noradrenalina e a adrenalina (constrição das arteríolas aferentes e eferentes).
- Angiotensina II (formada nos rins causando constrição das arteríolas eferentes e aumenta a filtração
glomerular).

Reabsorção mediado por transporte: As substâncias para seres reabsorvidas têm de atravessar a
membrana luminal ou apical, atravessar o citosol da célula e atravessar a membrana basal → transporte
epitelial transcelular.

Mecanismos de reabsorção:
✓ Difusão – certas substâncias como ureia, lípidos e pesticidas passam livremente. O gradiente é obtido
por reabsorção da água.
✓ Transporte ativo – O na+ move-se ativamente para fora da célula através da membrana basal via
bombas sódio/potássio. A reabsorção de muitas substâncias esta associada à reabsorção de Na+, por
co-transporte. Ex: glicose.

As taxas de reabsorção da água e de muitos iões são muito elevadas e controladas fisiologicamente:
- quando se bebe muita água → o aumento da sua excreção e diminuição da percentagem reabsorvida.

Fabiana Portela
Quando há transporte mediado por transportadores, há um limite para a quantidade de substâncias a serem
transportadas - Transporte máximo - Tm

Diabete mellitus: a concentração de glicose plasmática excede Tm → glicose aparece na urina.


No sistema tubular a água passa través das aquaporinas (mais abundantes no túbulo contornado proximal).
A permeabilidade à água pode ser alterada por controlo fisiológico:
• vasopressina ou hormona antidiurética (ADH) – estimula a inserção de aquarinas na
membrana apical do ducto coletor.

Diabetes insipidus: má formação na produção de vasopressina ou incapacidade de os rins


responderem à vasopressina → Diurese (aumento de água na urina).

Secreção tubular: Move substâncias dos capilares peritubulares para o lúmen dos túbulos. Pode
ocorrer por difusão ou por transporte mediado. Principais substâncias secretadas: H+ e o K+, mas aniões
orgânicos, colina e creatinina (importante no equilíbrio ácido-base); a secreção por transporte ativo requer
mediadores tanto através da membrana basolateral, como através da membrana apical. Está associada à
reabsorção de sódio.

Regulação dos canais de membranas e transportadores: O controle, tanto da reabsorção como da secreção
tubular de muitas substâncias é efetuado pela regulação da atividade ou da concentração de proteínas
membranares envolvidas no seu transporte. Regulação através de: hormonas, neurotransmissores, agentes
parácrino e agentes autócrinos.

Micção → A urina sai dos rins pelos ureteres em direção à bexiga.

Quando a bexiga enche, aumenta a pressão dentro da bexiga, estimulando os recetores na parede da
bexiga e fazendo com que as fibras aferentes primárias na medula espinal estimulem os neurónios
parassimpáticos. Após isto temos contração do músculo detrusor o que vai facilitar a abertura dos esfíncter
uretral interno (reflexo medular). Simultaneamente, os aferentes primários inibem os neurónios simpáticos
do esfíncter uretral interno e os neurónios motores somáticos do esfíncter uretral externo.

Apesar dos reflexos medulares, a informação segue para o cérebro. As vias descendentes podem
influenciar este reflexo, determinando voluntariamente a micção. A perda das vias descendentes (por doença
ou lesão da medula) pode condicionar o controlo voluntário da micção.

Papel da aldosterona: 90% do Na+ e do K+ filtrados são reabsorvidos no tubo contornado proximal,
sem regulação hormonal ou neuronal. Os restantes 10% são reabsorvidos no tubo contornado distal e tubo
coletor, sob influência da aldosterona.
Aldosterona → reabsorção de Na+ e secreção de K+
Controle da segregação da aldosterona: O aumento de K+ no sangue estimula diretamente a secreção
de aldosterona pelo córtex adrenal. Uma diminuição da concentração de Na+ no plasma também promove a
secreção de aldosterona, mas de um modo indireto.

As células do aparelho justaglomerular produzem e segregam a enzima renina que é libertada para o
sangue; a enzima cataliza a conversão de angiotensinogénio em angiotensina I, que é convertida em
angiotensina II. A angiotensina II estimula as glândulas suprarenais a segregar aldosterona → Sistema renina-
angiotensina-aldosterona.

Fabiana Portela
SISTEMA ENDÓCRINO

O sistema endócrino e o sistema nervoso são os principais sistemas reguladores do organismo.

As células endócrinas são hormonas (mensageiros humorais transportados pelo sangue). Existem
hormonas locais (por exemplo no aparelho digestivo – estimulam a segregação pancreática e biliar) e
hormonas gerais (alvos mais distantes no corpo) → células-alvo.

As glândulas do sistema endócrino são: glândula pineal, hipotálamo, hipófise, glândula tiroidea e
paratidoideas, timo, glândula suprarrenal, pâncreas, ovários e testículos.

O hipotálamo e o tecido adiposo também atuam como órgãos endócrinos. O hipotálamo atua na
integração entre sistema nervoso e endócrino. Ele recebe informação de nervos de outras partes do corpo e
secreta hormonas que atuam no controle da hipófise. Ao acumular certa quantidade de gordura, o tecido
adiposo produz e liberta a hormona leptina, que atua no hipotálamo reduzindo o apetite.

Hipófise → A hipófise é formada por duas porções bem definidas: a região anterior – chamada adenohipófise
– é constituída por células epiteliais, como a maioria das glândulas endócrinas. A região posterior – chamada
neurohipófise – é um prolongamento do hipotálamo, tendo, portanto, origem nervosa.

Lobo anterior (adeno-hipófise) → Esta região hipofisária produz e liberta na corrente sanguínea várias
hormonas, coletivamente chamadas de hormonas tróficas (do grego: trofos = nutrir, alimentar)

• Hormona do crescimento (GH) ou somatrotropina → crescimento (músculos e ossos), metabolismo


celular (em conjunto com a insulina) e segregação cíclica circadiana. A produção de GH diminui muito
depois da puberdade. Certas disfunções hipofisárias levam a produção de GH na fase adulta, podendo
ocasionar acromegalia. O seu excesso na fase jovem leva ao gigantismo e sua deficiência ao nanismo.

• Hormona adrenocorticotrópica (ACTH) ou corticotropina → induz a secreção das hormonas do córtex


supra-renal.

• Hormona tiro-estimulante (TSH) ou tirotropina → aumenta a secreção de tiroxina e tri-iodotironina


pela Tiróide.

• Hormona folículo-estimulante (FSH) ou foliculotropina → provoca o crescimento dos folículos


ováricos (maturação dos ovócitos) ou formação de espermatócitos nos testículos.

Fabiana Portela
• Hormona luteinizante (LH) → estimula a ovulação e o desenvolvimento do corpo lúteo ou indução da
produção de testosterona nos testículos.

• Prolactina (PRL) → desenvolvimento das glândulas mamárias e produção de leite.


→ ajuda (nos homens) a regular o sistema reprodutor.
→ ajuda a regular o balanço eletrolítico nos rins.

Lobo posterior (neuro-hipófise) → Esta estrutura armazena e liberta duas hormonas produzidas no
hipotálamo – oxitocina e ADH (hormônio antidiurético).

• Hormona anti-diurética (ADH) ou vasopressina → retenção de água pelos rins = controlo da


concentração das soluções corporais.
→ aumento da pressão arterial (quando em
concentrações elevadas).
• Oxitocina → contracção das fibras lisas que contraem os alvéolos das glândulas mamárias = ejeção do
leite.
→ contracção da musculatura lisa do útero durante o parto.
→ relacionada com emoções e afetos.

Controlo hipotalâmico-hipofisário: A hipófise controla as funções de todo o corpo. O controlo sobre o


lobo posterior, operado pelo SNC, é direto → neurónios dos núcleos hipotalâmicos, quando excitados,
disparam potenciais de ação - as hormonas correspondentes (ADH ou oxitocina) são libertadas nas sinapses
(que se encontram no lobo posterior) = neuro-secreção.

A hormona antidiurética (ADH ou vasopressina): Aumenta a reabsorção de água pelos rins e inibe a
excreção de água. A osmolaridade elevada de solutos no sangue estimula os neurónios da ADH → secreção
→ retenção de água pelos rins. (Sangue mais diluído inibe a atividade dos mesmos neurónios).
Os recetores que controlam este mecanismo estão no próprio hipotálamo ou na parede do III ventrículo
cerebral. As células da ADH são inibidas pelo etanol → efeito de desidratação após consumo de bebidas
alcoólicas.

Adeno-hipófise: A segregação na adeno-hipófise é também controlada pelo SNC, mas indiretamente,


através de controlo hormonal. O sangue passa primeiro na parte inferior do hipotálamo num leito capilar e
depois numa segunda rede de capilares que permeia o lobo anterior. Existe um vaso (v. porta hipotalâmico-
hipofisário) que liga as duas redes. As hormonas de controlo são libertadas por neurónios hipotalâmicos no
primeiro sistema capilar e chegam ao lobo anterior transportados pelo sangue.

Glândula tiróide: É bilobada e localiza-se sobre a traqueia. Torna-se funcional no início do


desenvolvimento embrionário, com papel importante no desenvolvimento das células do cérebro. As células
foliculares captam iões iodo (I-) presentes no sangue, acumulando-os no colóide. Após oxidação → I2, que é
ligado à tiroglobulina. Por adição de átomos de iodo à tiroglobulina forma-se a T3 e a T4 ligadas à tiroglobulina.
Após estimulação pela TSH a T3 e T4 solta-se da tiroglobulina e são libertadas para a corrente sanguínea.

Sob baixas concentrações de T3 e T4, o hipotálamo secreta TRH (hormona libertadora da tiróide) que
estimula a hipófise a secretar o TSH (hormona estimuladora da tiróide).

Fabiana Portela
• tiroxina (T4) e tri-iodotironina (T3) • calcitonina
→ aumentam o metabolismo celular → favorece a deposição de Ca++ nos ossos
→ promove a síntese proteíca
→ promove a maturação do sistema nervoso

A calcitonina é segregada pelas células parafoliculares da tiróide e, juntamente com a paratormona


(segregada pelas glândulas paratiróides) regula os níveis de cálcio no sangue - calcemia:
- dissolve os cristais de fosfato de cálcio nos ossos e
- estimula a excreção de cálcio na urina

Diminui as concentrações de cálcio no sangue

Doenças da Tiróide:

→ Hipotiroidismo: Caracterizado por ter níveis de hormonas da tiróide abaixo do normal. A falta de iodo
por um mecanismo de feed-back negativo, leva a um aumento crónico da TRH (hormona de libertação da
tirotropina – produzida pela adeno-hopófise), o que leva a uma elevada concentração de TSH no plasma -
Bócio (que pode ser reversível pela adição de iodo na dieta)

→ Hipertiroidismo: Caracterizado por ter níveis de hormonas da tiróide acima do normal – Bócio,
frequentemente acompanhado de exoftalmia.

Pâncreas endócrino (ilhotas de Langerhans):

• Glucagon (células a)
→ aumenta libertação da glicose do fígado para o sangue (efeito hiperglicémico) - por glucogenólise.
→ no tecido adiposo estimula a libertação da gordura armazenada para o sangue, em situações de jejum.
→ juntamente com outras hormonas estimula a hidrólise dos ácidos gordos armazenados do fígado em
corpos cetónicos que são usados como fonte de energia.

• Insulina (células b)
→ aumenta entrada da glicose nas células (efeito hipoglicémico) e gluconeogénese.
→ ajuda a entrada de aminoácidos nas células e a produção das proteínas.
→ estimula o armazenamento de lípidos após as refeições.

• Somatostatina
→ efeito parácrino = redução da secreção de insulina e glucagon
→ efeito na mobilidade, secreção e absorção do tubo gastro-intestinal (igual a GHIH = Growth-hormone
Inhibiting Hormone)

A produção das diferentes hormonas deve-se à existência das enzimas que as sintetizam que se
localizam em locais diferentes. Em certas doenças, a ausência de certas enzimas leva à diminuição da produção
de certas hormonas e aumento de outras. Ex.: A ausência de enzimas da produção de cortisol leva ao aumento
de androgénios No caso das mulheres → masculinização.

Fabiana Portela
Glândulas supra-renais:

- Córtex supra-renal:
• cortisol: metabolismo de proteínas, gorduras e hidratos de carbono (glicocorticoide).
• aldosterona: reabsorção de Na+ e secreção de K+ pelos rins = equilíbrio mineral do corpo
(mineralocorticoide).

- Medula supra-renal: epinefrina (adrenalina) e norepinefrina - reforço hormonal da estimulação do simpático


e do parassimpático.

Sistema reprodutor (parte endócrina):

-Testículos → Androgénios – testosterona: desenvolvimento dos órgãos sexuais masculinos e das


características sexuais secundárias (conversão a estrogénios na circulação).

- Ovários →
- Estrogénios: desenvolvimento dos órgãos sexuais femininos e das características sexuais secundárias e
regulação do período menstrual (indução da ovulação).
- Progesterona: prepara o útero para a implantação do zigoto.

- Placenta →
- Estrogénios: aumento do útero, das glândulas mamárias, relaxamento das articulações e ligamentos
pélvicos, desenvolvimento do embrião (?)
- Progesterona: diminui a contractilidade do útero, contribui para o desenvolvimento das glândulas
mamárias, desenvolvimento do embrião (?)
- Gonadotropina coriónica: mantem ativo o corpo lúteo (amarelo) – estrutura do ovário que segrega
estrogénios e progesterona.
- Somatomamotropina: desenvolvimento do feto (responsável pela nutrição adequada do feto) e das
glândulas mamárias.

Epífise (glândula pineal):

- Melatonina: secregação cíclica


circadiana. Enervação simpática
controlada pelos ritmos luz/escuro.

Fabiana Portela

Você também pode gostar