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S D R

síndrome
do
desconforto
respiratório
Conceito Epidemiologia
• Afeta aproximadamente 1% de todos os nascidos, mas
A síndrome do desconforto respiratório (SDR) é uma injúria afeta 10 a 15% de todos os neonatos com peso abaixo de
que acomete recém-nascidos pré-termo. 2000g;
• Quanto menor a idade gestacional ao nascimento maior o
A principal falha da SDR é a deficiência da secreção de desenvolvimento de SDR.
surfactante pelos pneumócitos tipo II. • Com 29 semanas o risco é >60%
• Com 34 semanas o risco é 20%
• Com 37 semanas o risco é 5%.
Diagnóstico/Prognóstico

• Com o tratamento a mortalidade é


<10%;
• Avaliação da Maturidade • Maior prematuridade está associada a
Pulmonar Fetal. maior risco de doença pulmonar
• Avaliação clínica; crônica, displasia pulmonar ou ambos;
• Gasometria • Hipoxemia grave nesses casos pode
levar a falência múltipla dos órgãos e
• Radiografia de tórax;
morte.
Quadro clínico
• Desconforto respiratório
• Taquipneia
• Tiragem intercostal e subdiafragmática
• Gemidos expiratórios
• Batimento de asa de nariz
• Cianose
• Edema de extremidades.
Avaliação
Avaliação da maturidade Pulmonar Fetal

É feito por meio do líquido amniótico por amniocentese ou coletado da vagina. Eles são indicados para
partos antes das 39 semanas.

O teste inclui:
• Proporção de lecitina/esfingomielina
• Teste de índice de estabilidade com espuma
• Proporção de surfactante/ albumina.
• Corpos lamelares
• Fosfatidilglicerol

• O risco é baixo quando a proporção de lecitina/esfingomielina é >2, fosfatidil glicerol está


presente, índice de estabilidade espumosa é igual a 47 ou a proporção de surfactante/albumina é >
55mg/g.
Exames complementares
• Gasometria
Hipercapnia e hipoxemia.

• Radiografia de tórax
Grau I (leve): infiltrados retículo granulares e broncograma aéreo na região peri-hilar;
Grau II (moderada): infiltrados retículo granulares e broncograma aéreo até a região pulmonar
periférica;
Grau III (severa): infiltrados retículo granulares e broncograma aéreo até a região pulmonar periférica,
com borramento da área cardíaca;
Grau IV: opacidade total dos campos pulmonares.
Exames complementares
Tratamento farmacológico/cirúrgico
Ventilação mecânica não invasiva e reposição de surfactante

Em casos de complicação pulmonar é indicado logo após o nascimento. Está indicado para casos de
desconforto respiratório moderado, com necessidade de concentração de oxigênio abaixo de 60%.

É administrada por meio de uma pressão positiva contínua nas vias aéreas por meio de um CPAP com
um prong nasal.

O método de administração mais indicado é a intubação transitória. É feita pela intubação para
reposição de surfactante, extubação e CPAP nasal. Menor incidência de barotrauma.
Tratamento farmacológico/cirúrgico
CPAP COM PRONG
Tratamento farmacológico/cirúrgico
Ventilação mecânica invasiva e reposição de surfactante

Se torna uma opção quando a SDR é severa. É indicada quando há uma necessidade de concentração de
oxigênio acima de 60%.

É usada a estratégia ventilatória protetora pulmonar que reduz a lesão pulmonar induzida pela
ventilação mecânica, com base em volumes de baixa corrente.

Após a administração do surfactante, há rápida oxigenação, diminuição das áreas de atelectasia e


melhora da ventilação-perfusão.
Tratamento farmacológico/cirúrgico

Ventilação líquida

Permite uma maior ventilação espontânea precoce gerando uma melhor distribuição do gás alveolar.

É utilizado um líquido chamado perfluorocarbono que tem baixa tensão, em que gases como : oxigênio,
dióxido de carbono e nitrogênio são solúveis. Dessa forma, o transporte desses gases é facilitado até as
porções finais da árvore brônquica.
Tratamento farmacológico/cirúrgico

Ventilação de alta frequência

São utilizados volumes de baixa corrente e frequências respiratórias altas. É uma das estratégias
ventilatória mais utilizadas para o tratamento de síndrome do desconforto respiratório (SDR).
Tratamento fisioterapêutico
Drenagem postural

É uma técnica antiga que consiste em favorecer o deslocamento de secreções brônquicas por meio da
ação gravitacional sobre os brônquios.

Manobras cinéticas

Manobras como tapotagem, vibração, compressão e aceleração de fluxo expiratório são técnicas
utilizadas para promoção da higiene brônquica e reexpansão pulmonar, que assim como a drenagem
postural demandam maior tempo de aplicação e são indicados para casos de menor gravidade.
Tratamento fisioterapêutico
Aspiração endotraqueal

Devido a presença da cânula endotraqueal, há maior produção de muco, com impossibilidade de


eliminação espontânea do mesmo. Dessa forma, a aspiração é um processo necessário para esses tipos
de pacientes.

Posicionamento

A literatura científica aponta que adotar alguns posicionamentos podem inferir benefícios. A posição
em prona é capaz de promover melhora da oxigenação, da ventilação, estabilidade da caixa torácica,
além da redução da frequência respiratória.

Outro ponto importante é a mudança de decúbito rotineira, que além de promover benefícios nas trocas
gasosas e na expansibilidade pulmonar, promove menos risco de lesões cutâneas e maior conforto ao
RN, reduzindo seu gasto energético.
Inovações tecnológicas

Calfactant aerossolizado para recém-nascidos com desconforto


respiratório: um estudo randomizado
Inovações tecnológicas
A terapia do surfactante só é aprovada para administração por intubação. No entanto, a intubação neonatal pode ser
prejudicial. O surfactante aerossolizado pode evitar a intubação e pode ser eficaz. No entanto, os ensaios clínicos até à
data têm sido pequenos e a maioria descontrolados e têm tido resultados mistos.

o ensaio randomizado e controlado revela que o surfactante aerossolizado, usando um novo


dispositivo de entrega, pode ser prontamente administrado, independente do circuito de suporte respiratório nasal, e
significantemente reduz a necessidade de intubação neonatal e instilação de surfactante líquido

Entre 22 UCNIs, 457 bebês foram matriculados; gestação 23 a 41 (mediana 33) semanas e peso ao nascer 595 a 4802
(mediana 1960) gramas. No total, 230 lactentes foram aleatoriamente atribuídos ao aerossol; 225 receberam 334 tratamentos,
começando com uma mediana de 5 horas. As taxas de intubação para instilação de surfactantes foram de 26% no grupo do
aerossol e 50% no grupo de cuidados habituais (P , .0001). Os resultados respiratórios até os 28 dias de idade não foram
diferentes.
Referências
• SARMENTO, George Jerre V. Princípios e Práticas de Ventilação Mecânica em Pediatria e Neonatologia. [Digite o Local da
Editora]: Editora Manole, 2011. E-book. ISBN 9788520442456. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788520442456/. Acesso em: 18 set. 2022.

• https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/biblioteca/conceitos-atuais-sobre-avaliacao-da-maturidade-pulmonar-fetal/#:~:text=A
%20S%C3%ADndrome%20do%20Desconforto%20Respirat%C3%B3rio,geralmente%20est%C3%A1%20associada
%20%C3%A0%20prematuridade.

• https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/pediatria/problemas-respirat%C3%B3rios-em-neonatos/s%C3%ADndrome-da-
ang%C3%BAstia-respirat%C3%B3ria-em-neonatos#v1089951_pt
S A M

síndrome
de aspiração
do mecônio
Conceito Epidemiologia
O mecônio é uma substância presente no íleo
fetal a partir do terceiro mês de gestação, e apresenta- O mecônio está presente no líquido amniótico
se como um líquido esverdeado e viscoso. em cerca de 10 a 15% dos partos, sendo que
aproximadamente 5% das crianças que
Ele é composto por restos celulares, secreção nascem com essa substância no líquido
gastrintestinal, muco, bile, suco pancreático, lanugo, amniótico desenvolverão a síndrome de
sangue e verniz caseoso. aspiração de mecônio (SAM)

A SAM é um problema característico de crianças a


termo e pós-termo, em que a presença do mecônio na
árvore brônquica ocasiona várias complicações
respiratórias.
SAM
Os motivos que desencadeiam a liberação do mecônio no líquido amniótico ainda são
controversos entre os vários autores da literatura especializada.

Que a liberação do mecônio intrauterino Outros autores afirmam que a Para muitos, a presença de
representa um sinal de maturidade do compressão abdominal durante o mecônio no
trato gastrintestinal do feto. trabalho de parto e a liberação de líquido amniótico está
um reflexo vagal decorrente da relacionada com sofrimento fetal
compressão do polo cefálico no canal e asfixia.
de parto levariam à liberação de
mecônio no líquido amniótico.
SAM
A presença de intercorrências maternas como:

• patologias placentárias; Pode levar a um estado de sofrimento


• doença hipertensiva; fetal com diminuição da oferta de
• descolamento prematuro da oxigênio para o feto.
placenta ou compressão do
cordão umbilical.

Além das alterações relacionadas à obstrução das


vias aéreas, o mecônio causa a inativação do surfactante, acentuando as complicações
pulmonares na SAM.
Ventilação/Perfusão (V/Q)
Prognóstico/Diagnóstico
A hipertensão pulmonar induz ao aparecimento de shunts extrapulmonares através
do canal arterial e/ou forame oval. Quando a hipertensão pulmonar surge associada
com a SAM, piora o prognóstico do recém-nascido.

sangue que entra no leito arterial sistêmico


sem passar pelas áreas ventiladas do pulmão

A morbidade está diretamente relacionada com


o grau de asfixia perinatal, sequelas pulmonares e neurológicas.

Existem evidências de aumento da incidência de complicações


neurológicas e pulmonares nos RNs com SAM.
Prognóstico/Diagnóstico
Esses pacientes possuem 7x mais risco de apresentarem convulsões quando
comparados aos que não sofreram aspiração meconial

Aproximadamente 9,4% dos neonatos com diagnóstico de SAM que


apresentaram no quinto minuto de vida Apgar menor que 5 evoluíram com
paralisia cerebral.

A lesão em um pulmão em desenvolvimento pode trazer consequências em


relação à hiperreatividade brônquica (33 a 40%) e maior suscetibilidade às
infecções das vias aéreas.
Prognóstico/Diagnóstico
A possibilidade de encefalopatia, devido a perío-dos prolongados de hipoxemia e
asfixia, deve ser levada em consideração nesse grupo de pacientes.

Com base na fisiopatologia, nos exames


complementares e no quadro clínico, o • histórico de líquido amniótico meconial;
• presença de desconforto respiratório sem
diagnóstico da SAM deve ser feito de acordo
causa prévia;
com os critérios seguintes, quando existir: • alterações radiológicas de tórax
características de SAM.
Quadro clínico
O recém-nascido portador de SAM apresenta
pele, cordão umbilical, vérnix, unhas e cabelo impregnados de mecônio.
Esses pacientes desenvolvem um quadro de desconforto respiratório
caracterizado por:
Outras complicações decorrentes da asfixia
• taquipneia precoce associada à retração
podem estar presentes nos achados clínicos;
intercostal; portanto, devemos estar atentos a quadros
• gemido expiratório; convulsivos, encefalopatia hipóxico-
• batimento de asa do nariz e leve cianose. isquêmica, alteração do tônus muscular,
choque cardiogênico, insuficiência renal e
• O diâmetro anteroposterior do tórax se encontra
enterocolite necrosante.
aumentado.
Avaliação
Inspeção
• Sinais de dificuldade respiratória e hipoxemia (p. ex., agitação, cianose e uso de
músculos acessórios);
• Deformidades da parede torácica;
• Padrões respiratórios anormais (p. ex., tempo expiratório prolongado, respiração
de Cheyne-Stokes e respirações de Kussmal).

A ausculta pulmonar apresenta estertoração difusa e áreas onde o murmúrio


vesicular se encontra diminuído.
• Os estertores foram comparados ao som de amassar embalagens
plásticas ou à abertura de Velcro.
Exames complementares
• Radiografia de tórax;
• Hemograma que pode apresentar sinais característicos de infecção;
• Culturas e hemocultura;
• Hipoglicemia, hipocalcemia e hiperbilirrubinemia são outros achados presentes nos exames laboratoriais;

• Na gasometria arterial dos recém-nascidos que evoluíram com SAM, observou-se a diminuição do PH e
da PO2 e aumento da PCO2.
Assim, hipoxemia, acidose e hipercapnia são achados característicos da gasometria na aspiração de
mecônio.
Exames complementares
Os exames complementares ajudam na confirmação do diagnóstico de SAM e
auxiliam na avaliação da existência de outras complicações decorrentes da asfixia.
Tratamento farmacológico/cirúrgico
O recém-nascido com história de SAM que evolui com desconforto respiratório deve ser observado e
monitorado.
A manutenção da temperatura, da pressão arterial, correção da anemia, infusão de glicose e homeostase
eletrolítica são pontos fundamentais para a garantia de um suporte ventilatório adequado ao neonato.

• Terapêutica de reposição de surfactante

A terapêutica de reposição de surfactante é indicada em casos graves, de hipóxia acentuada, quando a inibição
do surfactante endógeno passa a ser um fator de piora do quadro clínico e pulmonar.
Tratamento farmacológico/cirúrgico
• Antibioticoterapia
A eleição de um antibiótico deve ser bem elaborada. Embora poucos RNs com SAM tenham infecção associada,
achados radiológicos, como infiltrados, são indicações para antibióticos de amplo espectro. O uso de antibióticos
na SAM é discutível, pois o mecônio é estéril.

• Óxido nítrico inalatório (NOi)

Uma vez constatada a HPPN, caracterizada pelo aumento da pressão média da artéria pulmonar (PmAP) ≥ 25 mmHg, a
terapia com óxido nítrico inalatório é indicada. Quando administrado por via inalatória, o NOi atinge o endotélio
vascular pulmonar exercendo seu efeito vasodilatador e ganhando a corrente sanguínea. Ao chegar na circulação
sistêmica, o NOi é captado pela hemoglobina, sendo rapidamente inativado com a formação da metahemoglobina,
assim, a rede vascular sistêmica não é afetada por seu efeito vasodilatador
Tratamento fisioterapêutico
A fisioterapia deve ser iniciada de maneira individualizada e de acordo com a
gravidade do paciente.

• secreção visível em vias aéreas ou na cânula orotraqueal;


• ausculta pulmonar com presença de roncos e estertores;
• atelectasia ao raio X;
• e quando há sinais clínicos que evidenciam aumento da dispneia.
Tratamento fisioterapêutico
• Oxigênioterapia
é utilizada para a manutenção dos níveis de PaO2 entre 50 e 70 mmHg e PaCO2 menor que
60, portanto, o tratamento da hipoxemia deve consistir em aumento na concentração de
oxigênio inspirado e na monitorização dos gases arteriais e do PH

• CPAP nasal
O uso da CPAP nasal exige cautela, pois pode agravar o quadro de aprisionamento de ar,
principalmente quando a hiperinsuflação é evidente ao raio X.
Apesar de indicada, a pressão positiva é bastante controversa; se utilizada em níveis baixos (1 a 3
cmH2O) e intermediários (4 a 7 cmH2 O), otimiza as trocas gasosas.
Tratamento fisioterapêutico
• Ventilação mecânica
A ventilação mecânica convencional é indicada em casos de falha da ventilação mecânica não
invasiva, ou em casos de insuficiência respiratória grave, caracterizada por hipoxemia e acidose
respiratória (PaCO2 > 60mmHg) ou ainda em casos em que o recrutamento alveolar torna-se
necessário

Ventilação de alta frequência (VAF)

A VAF pode ser útil em neonatos que não evoluem com a ventilação mecânica convencional, ou
quando o objetivo é a proteção pulmonar para os que cursam com escape de ar (pneumotórax ou
pneumomediastino).
Referências
• SARMENTO, George Jerre V. Princípios e Práticas de Ventilação Mecânica em Pediatria e Neonatologia. Editora Manole, 2011.
E-book. ISBN 9788520442456. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788520442456/. Acesso em:
18 set. 2022.

• https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/distúrbios-pulmonares/abordagem-ao-paciente-pulmonar/avaliação-do-
paciente-pulmonar

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