O documento resume o capítulo 2 de um livro sobre psicoterapia breve para crianças usando Terapia Cognitivo-Comportamental. Ele descreve um estudo de caso no qual crianças diagnosticadas com estresse excessivo foram tratadas com um protocolo de psicoterapia breve focado em controle de estresse. As sessões ensinaram às crianças novas estratégias como relaxamento para lidar melhor com situações estressantes.
Descrição original:
Técnicas para atendimento psicológico com tcc para o público infantil.
O documento resume o capítulo 2 de um livro sobre psicoterapia breve para crianças usando Terapia Cognitivo-Comportamental. Ele descreve um estudo de caso no qual crianças diagnosticadas com estresse excessivo foram tratadas com um protocolo de psicoterapia breve focado em controle de estresse. As sessões ensinaram às crianças novas estratégias como relaxamento para lidar melhor com situações estressantes.
O documento resume o capítulo 2 de um livro sobre psicoterapia breve para crianças usando Terapia Cognitivo-Comportamental. Ele descreve um estudo de caso no qual crianças diagnosticadas com estresse excessivo foram tratadas com um protocolo de psicoterapia breve focado em controle de estresse. As sessões ensinaram às crianças novas estratégias como relaxamento para lidar melhor com situações estressantes.
A psicoterapia deverá ser planejada de acordo com as necessidades e possibilidades de cada criança. Nesse sentido, a TCC caminha no objetivo de elaborar parâmetros que auxiliem na organização do raciocínio clínico para a compreensão diagnostica dos casos e para o planejamento do processo psicoterápico. Na proposta de análise, é apresentado um tratamento de psicoterapia breve referente a crianças diagnosticadas com um nível de estresse excessivo. Todas foram submetidas a um psicodiagnóstico breve em condições naturais de atendimento e foram tratadas por meio do Treino de Controle do Stress Infantil, que consiste em um protocolo de tratamento de psicoterapia breve, específico para o tratamento do estresse. A manifestação de sintomas em crianças e adolescentes é semelhante ao que é observado em adultos. Ansiedade, terror noturno, pesadelos, dificuldades interpessoais, introversão súbita, desânimo, insegurança, agressividade, choro excessivo e depressão. Como sintomas físicos podem ser encontrados: dores de barriga, diarréia, tiques nervosos, dores de cabeça, náusea, hiperatividade, enurese noturna, gagueira, tensão muscular e ranger de dentes. A vulnerabilidade ao estresse é explicada em função dos fatores endógenos e ambientais. O que determina qual resposta uma pessoa vai ter ao estresse é a forma como ela percebe os estímulos, os estressores, ou seja, suas cognições. Cognições são o que a pessoa pensa, sente, seus valores, crenças e atitudes que influenciam na sua resposta comportamental ao estressor (Range, 1995). Kobasa et al. (1979), sugerem que existe um fator ao qual denominam de resistência, para explicar o porquê de algumas pessoas adoecerem e outras não em face ao mesmo grau elevado de estresse. O termo coping ou enfrentamento é utilizado na literatura para denominar o processo de lidar com demandas; internas ou externas, avaliadas pela criança como estando além de seus recursos ou possibilidades. Em seu estudo, Raimundo e Pinto (2006) analisaram a relação entre eventos estressantes entre pares e as estratégias de coping em 443 crianças e adolescentes portuguesas. Os objetivos desse estudo foram, de um lado, analisar a prevalência da frequência e intensidade percebida dos eventos estressantes entre pares e das estratégias de coping utilizadas para lidar com esse estressor; além de investigar as variáveis sociodemográficas. No final, as autoras justificam a preocupação com as consequências potenciais desse estressor, nas crianças e nos adolescentes, e em particular nas meninas, que o experienciam mais intensamente. Assim, sugerem para a necessidade de elaboração e implementação de programas de prevenção e intervenção escolar em nível da utilização, por parte das crianças e dos adolescentes, estratégias de coping mais adequadas a situações percebidas como ameaçadoras. Pincus, D. B. e Friedman, A. G. (2004) realizaram um estudo com o objetivo de identificar quais eram as estratégias que as crianças de algumas escolas em Boston utilizavam para lidar com o estresse cotidiano. Eles constataram que muitas das crianças não apresentavam um repertório de estratégias que fossem adequadas para o enfrentamento das situações vivenciadas. No final, eles sugeriram que fossem realizados programas de intervenção específicos ao ensino de estratégias (reestruturação cognitiva, autocontrole emocional) adequadas ao enfrentamento de estresse em seus ambientes escolares. Os estímulos que eliciam a resposta de estresse (proveniente a um evento positivo ou negativo) são denominados de estressor, e o estímulo que desencadeia a reação de estresse torna-se um estressor em função da interpretação cognitiva, ou significado, que a pessoa passa a dar a ele. Everly (1989) relata que os estressores podem ser eventos bons ou ruins, mas o organismo reage independentemente de sua qualidade. O que interfere na magnitude da resposta do estresse é a interpretação dada ao estímulo pelo organismo. Em função da presença do estressor, da interpretação que o organismo dá a esse estresse, pode ocorrer a estimulação de um órgão-alvo no organismo promovendo doenças relacionadas ao estresse. Portanto, o nível de estresse experimentado pelo indivíduo depende, em grande parte, da interpretação que é dada ao evento, isto é, as crenças que se tem quanto àquela situação (Lipp et al., 1990). EXPLICAÇÃO DA ANÁLISE DO CASO: A terapeuta no Treino de Controle do Stress Infantil teve como função ensinar novos comportamentos, auxiliando no grupo a construção de uma unidade coesa com uma reciprocidade em dar e receber informações. A coterapeuta teve a função de anotar as sessões e ajudar na aplicação de técnicas como relaxamento e respiração profunda. Foram realizadas 16 sessões, uma por semana, com duração de 90 minutos, no consultório. O tratamento foi realizado em grupo para que seus membros percebessem que a sua dificuldade não é algo exclusivo, além de favorecer que seus integrantes percebam a similaridade com os outros e partilhem seus conflitos. As crianças compreendiam a faixa etária de 7 a 8 anos, de ambos os sexos; não apresentavam necessidades atípicas e frequentavam o ensino fundamental; sendo todas diagnosticadas previamente como estressadas, por meio do instrumento psicológico adequado, a Escala de Stress Infantil (Lipp 8c Lucarelli, 2005). No início de cada sessão, propiciava-se um tempo livre para as crianças expressarem o que tinha ocorrido durante toda a semana, e o grupo opinava livremente sobre as colocações de cada uma. Em seguida, eram apresentados os temas das sessões do TCSI (Treino de Controle do Stress Infantil) conforme programados. 1ª Sessão - Objetivos da realização do grupo e integração das crianças: Por se tratar do primeiro encontro foi realizado as boas-vindas, a explicação sobre a confidencialidade, como ocorreriam as sessões e qual o objetivo delas. Foi explicado também sobre TCSI, assim como a importância da participação de todos no grupo. Depois, houve a realização da dinâmica para apresentação e a explanação sobre o tema estresse na infância. Inicialmente foi solicitado que as crianças escolhessem animais que se assimilavam a si mesmas. MGS (menino/8anos) desenhou um macaco = são espertos e pulam o dia todo sem ninguém reclamar; MCSA (menino/8 anos) desenhou um jacaré = todos o respeitam por comer pessoas; JB (menina/9anos) desenhou borboleta = é bonita e pode voar; LMSV (menino/9anos) desenhou leão = é o mais brabo de todos e rei da selva; BRDP (menina/9anos) desenhou borboleta = poder voar nas flores que gosta; ALS (menina/8anos) desenhou cachorrinha branca = seu animal de estimação; KRB (menina/9anos) desenhou peixe vermelho = pois tem um em casa; PLPN (menino/8anos) desenhou formiga = para morder sua irmã chata; GPL (menina/8anos) desenhou um gato = por ser o animal mais bonito; CEGK (menino/8anos) desenhou leão = gosta desse animal por ser o rei da selva.
Após a realização da dinâmica, houve a explanação do tema estresse na infância.
Algumas das verbalizações demonstraram que as crianças entenderam o que seria uma situação estressante. Realizaram-se em seguida as orientações quanto à tarefa de casa. 2ª Sessão - Fontes externas de estresse: Iniciou-se a sessão ouvindo as anotações das crianças sobre as situações de estresse ao longo da semana. O objetivo da atividade foi verificar se eles compreenderam as explicações da sessão anterior. Notou-se, por meio das verbalizações das crianças, que o objetivo desse momento foi atingido: BRDP - (menina/9anos): “meu maior estresse foi quando meu pai e minha mãe se separaram, mas ainda continua, pois, minha mãe e meu pai só brigam'’. MGS – (menino/8anos): “Pra mim, o estresse acontece sempre quando tem bandido por perto, porque meu pai é investigador e bandido tem raiva do meu pai, então querem matar minha mãe e eu”. ALS – (menina/8anos): “meu estresse é ser gorda... todo dia eu sou chamada na minha classe de ‘a baleia da escola”. JB – (menina/9anos): “Escrevi que eu não lembro muito, mas tenho certeza de que foi quando meu pai morreu que foi um grande estresse, pois eu só tinha 3 anos, e ele morreu do coração quando a gente estava almoçando”. CEGK – (menino/8anos): “Eu já todo dia tenho a coisa que mais me dá estresse, é ter três irmãos mais novos, por- que sou sempre o esquecido, até na escola um dia minha mãe me esqueceu”. A partir das colocações apresentadas pela criança, a pesquisadora colocou o conceito de fontes de estresse, especificando as externas mais comuns. Ainda com o objetivo de melhorar a integração das crianças, foi realizada a vivência: desenho - presente. Realizou-se a técnica de relaxamento. Foi informado que o exercício de relaxamento será realizado ao final de todas as sessões durante todo o treinamento. 3ª Sessão - Identificar sentimentos: Esse encontro teve início com a apresentação da tarefa de casa, na qual as crianças registraram alguns sentimentos que perceberam que tiveram durante a semana. A maioria dos participantes esteve atento apenas aos seus sentimentos negativos (raiva, tristeza, ciúmes etc.). Essa questão foi levantada relatando a importância de se prestar atenção também aos sentimentos positivos. Foi solicitado que cada criança relatasse um sentimento dessa natureza vivenciado durante a semana e construiu-se uma lista de sentimentos positivos e negativos. Em seguida foi introduzido o tema identificar pensamentos, com o objetivo dos participantes conhecerem as bases do funcionamento mental da teoria proposta por Albert Ellis. Outro ponto importante nessa sessão foi o momento após a realização vivência (descobrir emoções e sentimentos - saco das emoções). Em que algumas crianças perceberam a importância de identificar os próprios sentimentos. No final do encontro a terapeuta, com o auxílio da coterapeuta, ensinou para as crianças o exercício de respiração profunda. 4ª Sessão - Associação situação (pensamentos/sentimentos): Essa sessão iniciou-se com a apresentação da tarefa de casa. Nesse momento, percebe- se que as crianças estavam interessadas nos conteúdos que estavam aprendendo, pois a maioria delas pediu para falar para todos no grupo sobre a situação de estresse que escreveu, o que pensou e como se sentiu. Relatos: LMSV (menino/9anos): relatou que sofre de raiva e em um episódio enforcou um colega de sala. Disse que a mãe o chamou de animal. Explicou que teve essa atitude após o colega o provocar de marica por usar cabelo comprido, justificando que queria dar uma lição que ninguém o chamasse mais assim. CEGK (menino/8anos): meu estresse é ter muitos irmãos, acho que minha mãe só gosta deles e não de mim e por isso é que fico triste”. BRDP (menina/9anos): sofro com meu pai e minha mãe que só brigam, acho que eu penso que pai e mãe não podem brigar tanto porque isso faz eu ficar irritada”. MCSA (menino/8anos): quando minha prima morreu, eu sofri também, mas fiquei com muita raiva, porque minha mãe só chorava e eu até pensei que ela gostava mais da minha prima do que de mim, e tem dias que minha mãe fica chorando e eu ainda penso nisso. KRB (menina/9anos): na quarta meu cachorro morreu porque comeu veneno que alguém jogou, mas eu além de ficar triste fiquei com muito medo, porque pensei que o veneno foi algum bandido que jogou e eu tenho medo de bandido” (MGS). Esta semana o que aconteceu que eu acho que foi um estresse, foi a prova de matemática, mas o estresse foi eu ficar pensando que não ia acertar as contas porque não ia lembrar as tabuadas, aí fiquei nervosa e fiquei com dor de cabeça. PLPN (menino/8anos): O que aconteceu que foi um grande estresse pra mim foi minha irmã ter comido minha bolacha favorita, aí eu fiquei bravo que dei uma mordida no braço dela.... mas agora eu pensei que não devia ter mordido minha irmã, eu podia ter feito a respiração que aprendi aqui para ficar mais calmo”. ALS (menina/8anos): eu consegui fazer a respiração e ficar mais calma, foi assim: eu fiquei triste e brava quando os meninos me chamaram de ‘a gorda da escola’, aí respirei quatro vezes, igual a que treinamos aqui, aí me acalmei e minha braveza passou, este foi meu estresse. Nessa sessão, foi trabalhado um ponto fundamental do treino de controle do estresse, que consiste na reestruturação cognitiva, que foi explanada de maneira que as crianças fossem capazes de compreendê-la adequadamente. 5ª Sessão - Fontes internas de estresse (ansiedade, autoestima prejudicada, timidez e medo da punição divina): Nessas sessões, apresentaram-se os conceitos relacionados às fontes internas de estresse. Estimulou-se que os participantes treinassem a habilidade para identificar seus estressores internos. Quanto aos estressores apontados pelo grupo, notou-se similaridade com aqueles apontados pela maioria das crianças da amostra geral desse estudo. Sendo eles: a ansiedade e a autoestima prejudicada. Algumas verbalizações foram: PLPN (menino/8anos): “Minha mãe diz que vou explodir por causa da ansiedade”. ALS (menina/8anos): Quando fico ansiosa, como toda a minha unha”. JB (menina/9anos): “Minha mãe fala que eu sou bonita, mas acho que eu não sou”. KRB (menina/9anos): “Eu também não acho que sou bonita”. MGS (menino/8anos): Eu penso é que sou burro”. Após as colocações das crianças, foi explicado sobre as implicações do bem-estar físico e mental e sugeriu formas de minimizar seus efeitos. O objetivo foi levá-las a perceber que as dificuldades não eram somente delas e que existe ajuda quando se busca apoio. Ao final, foi explicado mais sobre ansiedade, por esta ter sido a fonte interna de maior prevalência na avaliação inicial. 6ª Sessão - O Controle da Ansiedade: Iniciou-se com a explicação dos conceitos de ansiedade e seus sintomas, citando exemplos, permitindo que o grupo se colocasse. Os participantes citaram um grande número de situações em que se percebiam ansiosos e como se sentiam nessas ocasiões. Eram comuns provas, festa de aniversário, um passeio escolar ou familiar, ficar doente e no relacionamento com outras crianças. Foi realizado o exercício de registro de pensamento (Jardim de flor de pensamento, de Bernard & loyce, 1984), visando identificar os pensamentos relacionados à ansiedade e à reestruturação cognitiva. Ensinou-se a técnica de parada de pensamento, e enfocou-se a importância da respiração profunda e do relaxamento no controle da ansiedade. Realizou-se as técnicas descritas anteriormente e encerrou-se a sessão com o relaxamento. 7ª Sessão - Estratégias de enfrentamento para lidar com as fontes externas de estresse: Antes de iniciar as atividades da sessão, os participantes relataram a experiência da aplicação das técnicas aprendidas para o controle da ansiedade. Em seguida, entregou-se o jogo Guerra ao Estresse para os participantes brincarem. O objetivo dessa atividade foi, por meio de um instrumento lúdico, ensinar às crianças os quatro pilares do treino de controle do estresse, sendo eles: a reestruturação cognitiva, o exercício de relaxamento e a respiração profunda, a prática de atividades físicas e o hábito de uma alimentação adequada. 8ª Sessão - Relacionamento com Amigos: A terapeuta iniciou o tema central colocando quanto a necessidade de a criança ter amigos, e como a maneira de pensar e agir de cada uma pode aproximar ou afastar as pessoas. As crianças fizeram comentários de situações em que se sentiram em conflito com outras crianças e quanto isso era ruim. Quanto a situações de conflitos com amigos apresentadas pelas crianças, foi observado que isso era um aspecto mais presente para as meninas no grupo que para os meninos. Após as colocações das crianças, discutiu-se os temas da assertividade, a expressão de sentimentos e a empatia. 9ª Sessão - Lidando com a pressão em grupo: Foi iniciada sessão com apresentação da tarefa de casa aonde as crianças trouxeram relatos de situações onde precisaram realizar algo para agradar um amigo. Diante da maioria dos relatos apresentados, o mais comum foi situações onde as crianças diziam bater em outro colega para agradar o seu amigo. Depois do relato a terapeuta apresentou o tema central e realizou a vivendo: qual é o animal. Depois disto, realizou a discussão “meus amigos querem, mas eu não”. 10ª Sessão - Lidando com as Diferenças: Neste encontro foi dado continuidade ao tema relacionamento entre amigos onde, durante o momento de sensibilização, as crianças expressaram sentimentos que tinham com relação a serem diferentes das outras. 11ª Sessão - O Sentimento de Rejeição: Nesta sessão foi trabalhado o sentimento de rejeição através de materiais lúdicos. Este tema mobilizou o grupo a compartilhar experiências onde foram atravessados por este sentimento. Relatos: LMSV (menino/9anos): Se meu pai não quis ser pai, me rejeitou. CEGK (menino/8anos): Sempre achei que minha mãe só gostava dos meus irmãos, mas não acho mais, então não fico mais triste. Nesta etapa do tratamento, por meio da verbalização e diálogo, foi possível observar que a reestruturação cognitiva estava sendo utilizada como estratégia das crianças para lidar com seus sentimentos disfuncionais. 12ª Sessão - Bullyng (quanto esse comportamento prejudica o outro): Iniciou-se essa sessão com as crianças colocando a tarefa de casa, que consistia em cada criança apresentar alguns apelidos que já tiveram. Nesse momento, apesar de ser percebido um momento de descontração, observou-se o sofrimento psicológico que as crianças apresentaram em decorrência dos apelidos designados a elas. A seguir, introduziu-se o tema quanto ao termo bullying e a responsabilidade que cada criança tem no praticar esse comportamento. 13ª Sessão - A pressão do grupo para atos específicos que não queira fazer: Antes de iniciar as atividades da sessão, as crianças trouxeram assuntos relacionados aos temas que foram abordados quanto ao relacionamento interpessoal. O objetivo dessa sessão foi recapitular o tema da nona sessão, lidando com a pressão do grupo, e introduzir o tema do quanto isso é prejudicial para a criança nas situações a fazerem coisas que não gostam e que são obrigados para se encaixarem. Nesse encontro, as crianças colocaram algumas atividades que não realizavam por prazer, mas sim por outros motivos. Também se explorou com elas quais as possíveis soluções para essas situações. 14ª Sessão - A família (hábitos de vida): O objetivo dessa sessão foi apresentar para as crianças como que a família influencia na formação dos hábitos de vida que elas possuem. Iniciou-se com cada criança apresentando tarefas que realizava com a família. A partir disso, o assunto foi sendo abordado. MCSA (menina/8anos): Lá em casa o meu pai tem o hábito de pescar, ele fala que é para tirar o estresse. ALS (menina/8anos): Meu pai gosta é de dormir muito, minha mãe fala assim: esse não é um bom hábito, mas ele é dorminhoco, então não resolve”. KRB (menina/9anos): Acho que hábito é o que a gente faz, por exemplo: fazer exercício, dormir muito, comer bem, essas coisas” MGS (menino/8anos): Acho que o hábito o filho não aprende só com a mãe e o pai, aprende com o avô também, porque eu faço coisa igual o meu avô faz”. Nessa sessão, também, abordou-se a questão de que cada membro da família é um ser único e que por isso deve ser respeitado em sua maneira de ser. Tema este que as crianças demonstraram interesse. 15ª Sessão - Medos: O encontro iniciou com as crianças colocando alguns medos que tinham: JB (menina/9anos): “Meu pior medo é minha mãe morrer, já que meu pai morreu”. MGS (menino/8anos): “O meu é de algum bandido matar minha mãe e eu, porque bandido não mata o policial, ele mata a família, assim o policial sofre”. KRB (menina/9anos): “Eu já tenho medo é de tirar nota ruim na prova”. LMSV (menino/9anos): “Meu medo é de ficar doente como o meu tio”. MCSA (menina/8anos): “O meu é não passar de ano”. CEGK (menino/8anos): “Mas dá muito medo não ter amigos”. ALS (menina/8anos): “Mas criança também tem medo de não ter amigos”. De maneira geral, observou-se que a maioria delas apresentaram medo de perder os pais, de não irem bem na escola e não serem aceitos por seus pares. Foi utilizado a reestruturação cognitiva para ensinar às crianças como lidar com esses medos. Sugeriu-se estratégias para a busca de soluções, sendo algumas sugeridas pelas próprias crianças, como conversar com a mãe ou com o pai, fazer o relaxamento do ET que dá coragem. P. reforçou a busca de auxílio na resolução de problemas, por meio da conversa com os pais. 16ª Sessão - Finalização do Tratamento: Foi iniciada a sesssão para possíveis dúvidas sobre os temas abordados durante o treino. Algumas dúvidas levantadas referiam-se a situações com os pais e amigos. Solicitou- se que o grupo interferisse sugerindo estratégias de enfrentamento. Enfocou-se a importância dos quatro pilares do controle do estresse, fundamentais para evitar o estresse excessivo. Os participantes relataram quanto se sentiam melhor por realizarem exercícios físicos, relaxamentos e os cuidados com a alimentação. Repassou-se a síntese das estratégias que adotaram para lidar com o estresse, enfocando-se a relação destas no alívio do estresse e no desenvolvimento da qualidade de vida. Deu-se atenção ao progresso dos objetivos do grupo e cada participante relatou as mudanças observadas em si. Sugeriu-se a importância de os participantes continuarem a fazer o uso de técnicas aprendidas durante o treino. No fim, realizou-se o relaxamento. A avaliação do processo grupal, junto a esse grupo de TCSI, possibilitou a análise de que o grupo evoluiu na aquisição do conteúdo proposto. As falas, os questionamentos, as dúvidas e a frequência dos participantes durante todas as sessões demonstraram grande envolvimento e motivação entre eles. A percepção de que tinham questões em comum favoreceu o entrosamento e a colaboração fazendo que se sentissem aceitos, o que possibilitou desenvolver a sensação de que podem contar com o outro. Mostraram por meio de relatos e desempenho nas vivências utilizadas no grupo comunicação mais adequada e identificação interpessoal.
QUESTIONAMENTOS AO FINAL DO CAPÍTULO
1. Como é definida a psicoterapia breve cognitivo-comportamental com crianças? A psicoterapia é planejada de acordo com as necessidades e possibilidades de cada criança, criando parâmetro que auxiliem no raciocínio clínico para a compreensão diagnóstica e planejamento psicoterápico. O objetivo é a reestruturação cognitiva para ajudar as crianças a elaborar seus sentimentos e pensamentos diante dos estímulos apresentados. 2. Na sociedade atual, por que é importante um tratamento de psicoterapia breve com crianças? É justamente durante a primeira infância que as emoções humanas estão se desenvolvendo, assim como a personalidade das crianças. Elas precisam saber elaborar o turbilhão de sentimentos diante da familiares, escolares e principalmente midiáticos, onde são submetidas a diversos estímulos simultaneamente. 3. Explique por que uma intervenção focada no tratamento do estresse infantil demonstrou ser eficaz? A intervenção evidenciou a análise de que o grupo evoluiu na aquisição do conteúdo proposto, através de relatos e desempenho nas vivências. Os resultados positivos alcançados pelas crianças que se submeteram ao Treino de Controle do Estresse mostraram que, embora as crianças convivam com níveis de estresse em suas vidas, se bem orientadas, elas podem encontrar meios eficazes de gerenciamento dos seus estressores. Na medida em que passaram a pôr em prática os assuntos abordados, eles desenvolviam a sensação de competência e melhoravam a autoestima. Desenvolveram então novas cognições a respeito de si e conseguiram, por meio de um modelo de psicoterapia breve cognitivo- comportamental, aprender estratégias adequadas para lidar com situações estressantes. 4. Quais são os benefícios de uma psicoterapia breve com enfoque na teoria cognitivo- comportamental? A identificação de pensamento disfuncionais que se refletem na nossa maneira de agir; modifica a forma de pensar ao identificar pensamentos disfuncionais; trabalhar os medos que limitam o crescimento pessoal, profissional e outros; possibilita o autoconhecimento para as condições de tomar boas decisões; cria-se estratégias para modificar o aqui e o agora, sem necessariamente buscar a raiz do problema, propondo algumas medidas práticas para que determinado comportamento seja alterado o quanto antes e investigar o gatilho cognitivo para isso ao longo do tratamento. 5. De maneira geral, por que uma intervenção psicoterápica breve com crianças, também é considerada uma ação de prevenção? A infância é uma importante fase de desenvolvimento do indivíduo e, essa maturação, envolve também a estrutura mental. Portanto, assim como os adultos, as crianças podem precisar de apoio para que possam passar pelas fases de transformação e compreensão de si mesmos na sociedade – e isso pode implicar a necessidade de partir para a psicoterapia infantil.