Este documento discute a cognição e aprendizagem humana. Explica que a cognição emerge da interação entre processos biológicos e sócio-culturais e evolui gradualmente através de esquemas perceptuais e respostas condicionadas. Também descreve como as funções cognitivas como memória, linguagem e autoconsciência se desenvolvem na infância através da maturação do cérebro e experiências.
Este documento discute a cognição e aprendizagem humana. Explica que a cognição emerge da interação entre processos biológicos e sócio-culturais e evolui gradualmente através de esquemas perceptuais e respostas condicionadas. Também descreve como as funções cognitivas como memória, linguagem e autoconsciência se desenvolvem na infância através da maturação do cérebro e experiências.
Este documento discute a cognição e aprendizagem humana. Explica que a cognição emerge da interação entre processos biológicos e sócio-culturais e evolui gradualmente através de esquemas perceptuais e respostas condicionadas. Também descreve como as funções cognitivas como memória, linguagem e autoconsciência se desenvolvem na infância através da maturação do cérebro e experiências.
No capítulo 1 o fenômeno cognição foi definido como sendo Um produto em memória resultante das interações produzidas por estruturas e mecanismos encefálicos em vertentes operacionais sobre eventos de relação orgânica e/ou ambiental e, entre eles. Vista sob uma perspectiva neural, a cognição humana se traduz através da permeabilização de substratos neuroquímicos que dão sentido a eventos de processamento mental traduzidos a partir de estimulações de várias naturezas. O triunfo da cognição na evolução humana, não decorre apenas dos genes ou cromossomos da aprendizagem, mas sim do fruto sócio-histórico desencadeador de processos interativos e intencionais que são mediatizados por outros processos da mesma ordem (Vygotsky, 1987), tal como o processo perceptivo que já se inicia em fases neonatais bem precoce. A evolução cultural que a criança assimila através das suas fases de desenvolvimento gradativamente lhe assegura competência para tratar com o seu corpo e com o universo ao seu redor. Feirestein (1974), concluiu ser a evolução cognitiva baseada na teoria da modificabilidade de procedência eminentemente social, a priori da individual. Afirma este autor que, a cognição emerge da síntese dialética de processos biológicos e sócio-culturais que se influenciaram e influenciam mutuamente ao longo do processo histórico da espécie. Esta evolução bem recentemente, tem sido vista como decorrente de formalizações construtivas e não eminentemente adquiridas, como antes se pensava. Seja qual for a versão teórica que se possa utilizar na tentativa da explicação do desenvolvimento cognitivo, pode-se dizer que o mesmo procede através de um processo seqüencial e de forma progressiva. Fonseca (1998), sugere que cada fase do desenvolvimento cognitivo é marcada por mudanças quantitativas e qualitativas que formam princípios organizacionais e de sistemas, de tal forma que as estruturas são impostas ao mundo exterior para lhe dar sentido. Conforme as informações do mundo adentram o cérebro da criança, as mesmas são traduzidas sob forma de conhecimento que permite, a mesma, condições melhores categorizações e planificações em suas respostas e/ou análises sobre as informações respectivas. O ser humano nasce munido de habilidades para produzir todos os padrões interativos e sensório-motores necessários como respostas às estimulações do meio (Peiper, 1963). A partir desta premissa, Fonseca (1998) apresenta o desenvolvimento cognitivo como uma evolução cibernética neurofuncional progressiva. A criança evolui através de mímicas e de gestos a prosódias e palavras. Aprende o significado dos objetos, imagens, sons, reconhecendo-os e identificando-os, através da mediatização dos adultos. Inicia-se então, um controle sobre o seu corpo, sua motricidade e suas emoções. Conseqüentemente a isto, à medida que a criança se torna mais consciente das exigências das tarefas impostas, ela passa a organizar seus métodos para supostas respostas e adaptações de comportamento para atender as exigências das tarefas como a organização de um programa próprio de respostas e soluções, que Gleitman (1981) chamou de “Programa Mestre” para respostas a soluções de problemas. As funções cognitivas que se desenvolvem no início da infância, incluindo a memória, a linguagem e a autoconsciência, não estão localizadas em lugares específicos do cérebro, mas derivam de relações complexas e conexões entre diferentes partes do cérebro. Este crescimento se deve à maturação e as experiências vivenciadas pelo indivíduo. De acordo com Brazelton (1973), a maturação do sistema nervoso central, as tendências perceptuais inatas e a experiência pós- natal atuam juntas para permitir que a criança adquira dois tipos de estrutura psicológica: os esquemas perceptuais e as respostas condicionadas. Desde os primeiros anos de vida os bebês criam representações de esquemas. Uma representação de elementos que se destacam em um evento e suas relações um com o outro. Os esquemas estão presentes em todas as modalidades sensoriais: visual, auditiva, olfativa e tátil. Os esquemas preservam aspectos do evento original em cada situação, tais como a forma de olhar da mãe, a qualidade do som de sua voz ou o cheiro de sua pele. O esquema de um bebê para a face humana, por exemplo, provavelmente enfatiza a forma oval contendo duas formas circulares dispostas horizontalmente (Brocklehurst 1982). Há evidências de que os bebês podem detectar uma semelhança entre dois eventos, quando eles se originam em diferentes modalidades sensoriais, tais como visão e audição ou visão e tato. Se um bebê de 6 meses recebe uma chupeta macia e lisa ou cheia de saliências para chupar sem ver o objeto, e mais tarde vê as duas chupetas, ele olhará mais tempo para a chupeta que explorou com sua língua. Essa situação sugere que o bebê criou um esquema para as “saliências” quando chupava a chupeta e usou este esquema em sua busca visual (Mendelson 1982). Em um experimento relatado, os bebês ouviam primeiro um som intermitente ou contínuo e depois mostrava-se a eles um conjunto de segmentos de linhas curtas descontínuas e uma linha contínua. Os bebês olhavam mais tempo para as linhas quebradas depois de ter ouvido sons intermitentes, e olhavam mais tempo para as linhas contínuas depois de ter ouvido sons contínuos (Osofsky, 1987). Essas constatações sugerem que os bebês conseguiram captar a dimensão de “descontinuidade” tanto na modalidade visual quanto auditiva, que Mussen e colaboradores (1995), chamou de esquema cross modal . Para o mesmo autor, a capacidade de o bebê criar um esquema para análise dimensionais, tais como a continuidade e/ou descontinuidade de um evento, implica afirmar que os bebês podem criar categorias. Mussen e colaboradores (1995), definem uma categoria como uma representação mental das dimensões comuns a um conjunto de estímulos ou eventos semelhantes, mas não idênticos. Tais dimensões podem ser exemplificadas como traços físicos, tamanho ou cor, ações como comer e expelir. Quando cria uma categoria o bebê relaciona as poucas dimensões críticas que caracterizam uma classe de objetos ou eventos, como por exemplo, as características de um pássaro, as asas, o bico e os pés. Cognição também poderia ser pensada como definida por Kolb e Wishan (1985), Kolb, B. e Whishaw, I.Q. (1985). Introduction to Human neuropsychology. Nova York: Freeman and Co. autores que entendem ser esta uma busca pela adaptação mais conveniente do organismo à respostas e soluções (descoberta) inerentes a vida orgânica e as coisas do mundo. Para tanto a cognição se estabelece em conseqüência de objetivos traçados pela mente e resolvidas graças a participação de funções orgânicas superiores tais como atenção, percepção, memória, simbolização, processamento, resolução de problemas, planificação, ações de decisão que, conforme explica Albino (2002), Albino F. (2002). Metacognição e hemisfericidade em jovens atletas: Direcionamento para uma pedagogia de ensino desportivo. Dissertação de Mestrado. Universidade castelo Branco, Rio de Janeiro. formam o complexo que retrata os fundamentos da subseqüente automatização de respostas ou do exercício da cognição. De uma forma em geral, um produto cognitivo tem dimensões variadas de representatividade que pode ser interpretado tanto sob o ponto de vista quantitativo, quanto qualitativo. No aspecto quantitativo a cognição é representada por elementos montantes de um determinado conhecimento (maior quantidade de sinônimos para uma determinada palavra). Já no qualitativo, a característica se expressa em função das representações configuradas por associações lógicas, associativas, plurais e, em muitos casos, pelos contornos e detalhes estéticos que a qualidade relaciona ao elemento cognizado. Relativamente ao exemplo dado para o quantitativo cognitivo (acima), em termos qualitativos os valores não estariam representados pela quantidade de sinônimos associados a palavra principal, mas sim a interatividade dimensional da palavra aos sinônimos referidos. Tanto uma quanto a outra, emerge da síntese dialética de processos biológicos e sócio culturais inerentes ao corpo e a ação deste em processos de adaptação e modificabilidade. As diferenças que um homem pode exibir no seu comportamento relacional social comparativamente a outro homem, podem ser, em grande parte determinadas por diferentes níveis de competência cognitiva. Principalmente em se tratando de competências específicas, quando outras competência (não específicas à observação) são controladas. Por exemplo, Romário é especificamente mais competente no jogo de futebol do que Gustavo Kuerten, mas este é mais competente no jogo de tênis (especificamente) do que Romário. Em grande parte, a superioridade de Gustavo Kuerten está relacionada a uma maior cognição sobre o jogo de tênis e vice-versa. Agora, se tivéssemos de graduar o nível de cognição destes atletas em relação ao futebol e ao tênis, em uma escala de 1 a 10 (um para muito pouca habilidade e 10 para habilidade muito elevada), ao Romário provavelmente atribuiríamos 10 para o futebol e, talvez, um valor em torno de 3 para o seu jogo de tênis. Valores iguais poderiam ser atribuídos ao Guga, para o jogo de tênis e futebol, respectivamente. Pensemos, para efeito das presentes comparações que estes valores incluem as funções qualitativa e quantitativa, de cada atleta, por esporte. Como exemplificado, o ponto mais alto do valor atribuído a cognição do Romário para jogar futebol e do Guga para o tênis, foi de 10. Logicamente o ponto 10 autodefine o máximo de cognição que um indivíduo pode possuir para as duas modalidades desportivas. Na vida prática, todavia, alguns indivíduos se distanciam em performance comparativa aos dois atletas exemplificados. Pelé, foi, no imaginário e concepção da sociedade (talvez da maioria social) muito mais competente do que o Romário para jogar futebol. E novamente, embora se sabendo que uma série de fatores pode servir para explicar as diferenças entre os dois futebolistas, sem dúvida, grande parte delas (das diferenças) pode ser explicada em termos de uma maior cognição do Pelé (sobre o Romário) para o jogo de futebol. Deveríamos, então, para valorar a competência do Pelé, aumentar a escala para mais de 10 e atribuir ao Pelé um valor 20 (neste caso a escala variaria de 1 a 20) ? Bem, até que poderíamos. Todavia esta providência quebraria a validade escalar antes elaborada e, talvez o resultado não viesse a interpretar de forma correta os termos das diferenças cognitivas entre os jogadores em pauta. Uma alternativa, bastante técnica, seria a de atribuir tanto ao Pelé quanto ao Romário uma cognição de valor 10 (mantendo a lógica da escala original) e, para explicar a superioridade do Pelé, deveríamos então investigar as diferenças metacognitivas entre eles. Com bastante certeza, se um instrumento de medida de alta validade fosse utilizado, as diferenças poderiam ser explicadas através de um escore de metacognição mais elevado em favor do Pelé. Assim sendo, o termo (e a essência do termo) se refere a uma condição cognitiva mais elevada do que a rotineiramente tratada nos livros comuns às várias séries do ensino formal escolar e universitário. 2.2. Metacognição e aprendizagem As pesquisas em metacognição se iniciaram a partir da psicologia cognitiva, no período entre 1960 e 1970, que segundo Shuell (1986), caracterizou o período de preocupação em estudar o funcionamento da mente em ações analíticas sobre os conceitos de como aprender e de motivação para aprender.Tal preocupação, dentro de um aspecto cognitivista, focalizava as mudanças dos processos orgânicos/físicos (internos) do indivíduo envolvido nesta tarefas. Estes processos internos eram citados como: atribuições causais, conflitos conceptuais, expectativas de sucesso, memórias de comportamentos de outras pessoas, pensamentos e sentimentos. Conceituado a partir destas referências o ato de aprender se estabelecia como um processo ativo, construtivo cumulativo, onde o conhecimento anterior é essencial para a aquisição do conhecimento subseqüente. O construto advindo do processo integrado por estas variáveis, serve de base à análise das ordenações cognitivas, necessárias a realização de novas tarefas e aprendizagens mais sofisticadas sobre estas. O avançado status cognitivo evidenciado por uma dinâmica avançada no elaborar do pensamento elaborador de ações, pode ser classificado como um estado metacognitivo da mente. Dentro deste perspectiva Metacognição, significa a transcendência da cognição. Ou, como expressa de forma aplicada, uma habilidade no uso da cognição que se superpõe aos indicativos dos fenômenos presentes que servem de referência à análise cognitiva empreitada em uma ação (Silva Vernon, 2003). Como expõe Brown (1983), a metacognição humana pode ser interpretada como uma condição operacionalizadora multipolar da mente que permite, a mesma, gerar previsões ´intuitivas”, na operacionalização de ações-respostas para eventos internos e/ou externos ao corpo operativo. Para ele, a metacognição também se refere à capacidade de controle que um indivíduo possui sobre os seus próprios processos cognitivos na elaboração de planos mentais, buscas em memória, monitoramento e controle da atenção (e das emoções) e outros processos executivos como por exemplo, a organização de eventos em memória. Ainda para aquele autor, o efetivo saber de como apropriadamente utilizar conhecimentos adquiridos através de experiências passadas na realização de uma ação presente, é um dos mais importantes aspectos da operacionalização cognitiva de um indivíduo, e entendido como parte efetiva do seu “status” metacognitivo. Flavell e Wellman (1977) compreendem que a condição metacognitiva de um indivíduo pode ser representada em quatro níveis das funções cerebrais valorados como conhecimentos. Estes estão mostrados no quadro 1 e definidos como - - O conhecimento sobre as relações inerentes à execução de tarefas, o auto- conhecimento, o conhecimento associado ao entendimento de interações e, o conhecimento de estratégias. Entendo que o status metacognitivo de um indivíduo está muito mais fortemente associado às suas habilidades estratégicas para interagir com o mundo, Good e Brophy (1986), dividiram o nível conhecimento de estratégias em cinco sub-níveis inter-relacionados: 1) estratégias de ensaio; 2) estratégias de elaboração; 3) estratégias de organização; 4) estratégias de monitoramento e 5) estratégias afetivas. Em um sumário estes autores definiram que as estratégias de ensaio se caracterizam pela repetição na fala ou na escrita, as de elaboração como alta habilidade na composição de interações entre o aprendido e o conteúdo a aprender, a de organização como relacionada a competência de manipulação mental de conteúdos a serem aprendidos tais como subdivisão, identificação de relações subordinadas e/ou super ordenação, as estratégias de monitoramento envolvem a consciência realista do quanto o indivíduo é capaz de captar e absorver o conteúdo a ser aprendido e, finalmente, as estratégias afetivas referindo-se a eliminação de sentimentos desagradáveis na ambiência da aprendizagem, podendo estas estratégias serem utilizadas em comportamentos como um todo.
Qua dro 1 . Tipos de conhecimentos associados ao status” metacognitivo de um
indivíduo conforme definem Flavell e Wellman (1977).
O conhecimento O autoconhecimento O conhecimento O conhecimento
sobre as relações associado ao de estratégias inerentes a entendimento de execução de interações tarefas
Caracteriza-se pela T e m c o m o i nd i c a t i v o a N e s t e n í v el o Neste tipo de
percepção que o percepção que o indivíduo identifica conhecimento o
indivíduo possui i nd i v i í d u o p o s s u i s o b r e como os indivíduo demonstra
s o b r e a s d i s ti n ç õ e s a s u a c ap a c i d a d e à conhecimentos uma maior capacidade
intra-tarefa a ser realização da tarefa e a n t e r i o r e s p o d e m s e para buscar diferentes
aprendida e sobre o articular, interagir estratégias na das reações geradas e i nf l u e n c i a r o resolução de processo (ou ( p e l a e x e c uç ã o ) e m desempenho de problemas de processos) mais determinados atividades naturezas distintas, indicado(s) à momentos da cognitivas assim como utilizar aprendizagem. realização da subseqüentes. métodos alternativos mesma. para tais resoluções.
Talvez uma das mais relevantes definição para a condição
metacognitiva de um indivíduo é a elaborada por Good (1986), que especifica ser a cognição uma condição associada à orientação do processo estratégico de aprender, e metacognição como funções de controle e monitoramento do desenvolvimento cognitivo. Neste caso, a metacognição precisa ser interpretada como sendo uma condição análoga e avançada em referência a cognição, desempenhada por funções mentais eficientes que são normalmente utilizadas por metacognitivos no decorrer de eventos de aprendizagem e/ou no desempenho de tarefas. Esta condição pode ser mais simples de se fazer notar em tarefas cognitivas cujas realizações dependam de alto níveis de abstração. Um exemplo da atuação metacognitiva em situações sociais especiais com a prática desportiva, por exemplo, pode ser associado a atuação de indivíduos altamente competentes na prática do jogo propriamente dita. Assistindo-se a jogos do Chicago Bulls (Basquetebol), mais particularmente, ao desempenho do jogador Michael Jordan se faz notório o seu diferencial metacognitivo comparativamente aos outros jogadores daquela mesma equipe (Também muito bons!!). Análises dos seus jogos podem facilmente mostrar que a condução dos seus atos em quadra obedecem sempre a um plano mental elaborado em consonância com as dicas que o ambiente lhe permite ter e organizadas em previsões (portanto, pré-organizadas) que lhe garantem sucesso em quase todas as suas ações durante o jogo. Este plano pode ser assim descrito: (1) ao entrar na quadra e observar a disposição dos companheiros de equipe, dos adversários, da localização da bola e do juiz (em relação a quadra do jogo) o mesmo, 2) estipula as probabilidades futuras da localização da bola e de passes (da bola) inerentes a seqüência do jogo em si. Diante de probabilidades a,b ou c, por exemplo), Michael 3) seleciona, dentre elas, a mais provável de ocorrência. Assim, 4) mesmo distanciando-se do local presente da bola, desloca-se para o ponto de maior probabilidade desta vir a estar ou um passe “fatal” ocorrer (probabilidade de passe e/ou da bola chegar àquela posição). Quase sempre, o seu plano elaborativo de probabilidades é concluído com sucesso como mostram as estatísticas dos seu jogos. Observa-se no exemplo referente ao Michael Jordan que a atuação metacognitiva do referido jogador foi baseada em “dicas” presentes que podiam dar margem a ocorrência de eventos futuros. Procurar dentre as possibilidades de ocorrência de um evento futuro, a de maior valor é, por assim dizer, uma questão de lógica, não é? O exemplo acima se interrelaciona com as perspectivas de outros vários autores nesta área de estudos da aprendizagem humana os quais tradicionalmente apresentam a capacidade metacognitiva como a expressa em comportamentos do tipo do acima exemplificado. As diferenças que se procedem ao ato do uso metacognitivo em comparação ao uso da cognição entre indivíduos, podem ser notadas através da observação dos seus comportamentos em tarefa de aprendizagem e performance. Como ponto de partida é de se notar que um indivíduo metacognitivo, diferentemente do apenas cognitivo, revela-se quase sempre estar consciente da tarefa em execução, das estratégias que pode utilizar associativamente ao entendimento que possui sobre o conteúdo desta, das estratégias de auto- regulação para controlar a sua aprendizagem e/ou performance e, o uso de métodos para corrigir problemas que possam surgir no desenrolar do evento (ação em aprendizagem e/ou em performance). Talvez, sejam estas diferentes habilidades (intelectuais) e não as mecânicas que provavelmente fazem o diferencial entre o super e o apenas atleta. Esta condição foi bem demonstrada em uma pesquisa realizada por Viana (2001) ao verificar que a diferença em habilidades para jogo de futebol entre atletas experientes e novatos estava associada à maior capacidade metacognitiva dos primeiros, embora, aqueles atletas experientes ainda em muito carecessem, desta específica capacidade intelectual. Da mesma forma, Albino (2002), evidenciou que atletas voleibolistas e de futsal de maior ordem no ranking de performance eram os(as) de melhor performance em testes metacognitivos específicos. Numa mesma linha, Vasco (2003), verificou que levantadores habilidosos no jogo de voleibol, responderam significativamente melhor em um teste de habilidades metacognitivas para situações probalísticas de ocorrência em um jogo de voleibol. O quantitativo das pesquisas realizadas com foco em testes de exigência metacognitiva revelando a existência de uma estreita relação entre escores altos e habilidades intelectuais associadas a eventos desportivos, matemática e outras variedades de expressões de ordem cognitiva é realmente bem grande. Da mesma forma, é bem amplo o leque de evidências indicando ser, a forma construtiva, no fomentar do ensino, a chave para um maior nível na qualidade de todo e qualquer aprendizado. Portanto, sabendo-se que a forma construtiva de se fomentar o ensino é a desejável para o desenvolvimento de uma condição metacognitiva em qualquer área do saber humano e que a referência de operacionalização metacognitiva é, talvez, a forma mais efetiva para o bom suceder nas suas funções sociais, somar esforços no sentido de fazer comprometer o ensino com metodologias e práticas nesta direção é sem dúvida o grande objetivo a ser galgado pela educação brasileira. Vinculando-se a esta perspectiva de ensino, o professor pode tomar como referência para a sua organização metodológica, vertentes pedagógicas e/ou biológicas que possam melhor orientar esta organização. Como de uma forma em geral, qualquer aprendizado está, quase sempre, atrelado à uma grande variedade de fatores universais, o aconselhável seria que o profissional pudesse ter, à sua disposição referencial, uma teoria que contemplasse uma explicação integrada dos efeitos destas variáveis sobre o desenvolvimento metacognitivo da criança. Isto certamente, facilitaria ao mesmo a formulação da sua prática pedagógica e, ao mesmo tempo, clarearia o seu entendimento sobre como o aprendiz aprende, como o aprendizado ocorre em níveis neurais e como ensinar para o aprender a aprender. Considerando-se a importância desta proposta, no capítulo 4 será apresentada uma abordagem teórica sobre a construção metacognitiva no cérebro, associando-se, a mesma, as noções contidas na teorização implícita na abordagem das inteligências múltiplas.
O movimento no processo de desenvolvimento cognitivo das crianças de 0 a 5 anos: A Importância da atividade física para o desenvolvimento e para prevenção de obesidade infantil
Nação tarja preta: O que há por trás da conduta dos médicos, da dependência dos pacientes e da atuação da indústria farmacêutica (leia também Nação dopamina)