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Foi um célebre biólogo suíço nascido em 1896 e que veio a falecer em 1980. Inicialmente
dedicou seus estudos a área da biologia, mas interessava-se também por estudos nas áreas de
filosofia, religião sociologia e psicologia, e mais tarde dedicou-se a Epistemologia Genética (do
desenvolvimento e conhecimento do ser humano). Piaget é reconhecido pelo seu trabalho de
organizar o desenvolvimento cognitivo em estágios; seu estudo fora feito por meio da
observação de crianças, dentre elas seus três filhos.
Sua teoria era de que o conhecimento é construído por cada sujeito na interação com seu
ambiente. Dessa forma, procurou identificar como o homem constrói seu conhecimento, como
ele o procura, organiza e assimila a seu estado anterior de conhecimento, ou seja, a gênese do
conhecimento, defendendo então que as pessoas passariam por estágios de desenvolvimento.
Segundo Piaget, a inteligência seria o resultado dessa adaptação, nesse sentido seria por meio
da experiência como ação que as pessoas passariam a transformar o mundo e a incorporá-lo,
portanto pode-se afirmar que por meio da motricidade o indivíduo integra-se ao mundo
exterior e o modifica, assim como a si próprio (FONSECA, 2008).
A adaptação para Piaget não era um processo passivo, “é um processo dinâmico e contínuo no
qual a estrutura hereditária do organismo interage com o meio externo de modo a
reconstituir-se, com vistas a uma melhor sobrevivência” (PULASKI, 1986, p.22). Neste mesmo
sentido Fonseca (2008, p.76) aponta que:
Piaget possui uma visão da inteligência ou da cognição humana como uma adaptação
biológica especifica de um organismo complexo a um envolvimento igualmente complexo, um
sistema cognitivo extremamente ativo, que seleciona e interpreta a informação do
envolvimento à medida que constrói o seu conhecimento.
Essa adaptação biológica é formada, como já dito anteriormente, pela assimilação e pela
acomodação, que muito embora sejam componentes distintos estão intimamente ligados.
Ainda para Fonseca (2008, p.77):
A criança estabelece, assim, a relação com o mundo exterior através da circularidade entre as
percepções (assimilação) e as ações (acomodação), e é o conjunto de adaptações que, na sua
circulação corporalizada pela motricidade, irá transformar a inteligência prática e sensório-
motora em inteligência reflexiva e gnósica.
Conseqüentemente,
Seguido a esse período, as ações das crianças passam a ser compreendidas por elas, por meio
de esquemas operacionais. A representação passa a ter uma perspectiva mais elaborada, pois
agora o objeto só terá sentido para a criança se ele for utilizado de forma significativa e essa
função de utilização é sinônima de conhecimento e “são consequências das ações que a
criança pode realizar e produzir o objeto” (FONSECA, 2008, p. 83). Fonseca (2008) coloca ainda
que seja seguindo este raciocínio que Piaget usa o termo esquema de ação “O objeto virá a ser
conhecido como objeto permanente na razão direta da variedade e complexidade dos
esquemas de ação que a criança tiver adquirido e assimilado à sua estrutura mental”.
Portanto quando um objeto passa a incorporar um esquema de ação, essa ação passa a ter
uma estrutura cognitiva. Com isso é imprescindível apontar que:
Seguindo esse pensamento, e, mais uma vez colocando em primeiro plano a importância da
motricidade na construção da inteligência, haja vista, há justiça em afirmar, que é pela
motricidade, que as representações se criam, se estruturam e reestruturam.
Piaget revolucionou a área da educação, mesmo nunca tendo atuado como pedagogo e muito
menos criado um método de ensino. Mesmo assim, suas contribuições foram fundamentais
para que profissionais da área pudessem tomar conhecimento do processo de
desenvolvimento e aquisição do conhecimento da criança e dessa forma, pudessem auxiliá-las,
atuando nesse processo de maneira mais objetiva e satisfatória.
REFERÊNCIAS
FONSECA, Vitor da. Aprender a Aprender: A Educabilidade Cognitiva. Porto Alegre: Artmed,
1998.
PIAGET, Jean. A Equilibração das Estruturas Cognitivas. Rio de Janeiro: Zahar, 1975.
O movimento não é um puro deslocamento no espaço nem uma adição pura e simples
de contrações musculares; o movimento tem um significado de relação e de interação afetiva
com o mundo exterior, pois é a expressão material, concreta e corporal de uma dialética
subjetivo-afetiva que projeta a criança no contexto da sociogênese.
Essa evolução da motricidade em coordenação com o meio atua de forma integrada com as
reações interoceptivas, proprioceptivas e exteroceptivas. As primeiras são os reflexos
neonatais como a respiração, de bem ou mal-estar, insegurança motora dentre outras. As
proprioceptivas de relação mãe e filho, de postura, segurança gravitacional e a emergência do
eu e as exteroceptivas que são preparadas a partir da antecedente, que seriam as práxias,
interações com objetos, a comunicação, a consciência corporal e de estabilidade emocional.
O desenvolvimento para Wallon é um processo pelo qual a pessoa passa de um estado de
profundo envolvimento com o meio e no qual não se distingue e passa a se reconhecer como
diverso dele, ou seja, desenvolver é se enxergar em oposição ao meio. Esse desenvolvimento
ocorre com a sucessão de estágios, oscilando entre a afetividade, na busca da construção do
eu, e a razão (inteligência/cognição) como forma de entender a realidade, acontecendo de
forma constante, mas não de forma linear e fixa podendo ainda assim existir retrocessos. Esses
retrocessos não fazem com que o que foi adquirido seja suprimido, mas um amplia as
competências adquiridas pelo outro. Completando esse pensamento, Nascimento (2004, p.51)
indica que “a descrição das etapas evidencia o que Wallon denomina princípios funcionais –
integração, preponderância e alternância -, que definem o desenvolvimento como um
processo descontínuo, marcado por rupturas e crises”.
O primeiro dos estágios é o impulsivo-emocional que abrange o primeiro ano de vida, quando
o bebê não sabe diferenciar o que é ele e o que é o mundo. Nesta fase, ocorre a
predominância da afetividade a qual orienta suas primeiras reações, sendo que as relações
com mundo físico se dão a partir das emoções, sendo a motricidade a expressão delas, tem-se
a afetividade impulsiva, emocional, que se nutre pelo olhar, o contato físico expressando-se
pelos gestos, mímicas e posturas.
Seguindo tem-se o estágio do sensório-motor e projetivo que vai até os três anos de idade,
onde o interesse é voltado para a exploração sensorial e motora do mundo físico, o que está
pensando projeta em atos motores, vai fazendo e pensando ao mesmo tempo, ocorrendo o
desenvolvimento da função simbólica. Assim, o cognitivo dá margem ao ato motor, a ideia que
a criança tem, ela projeta.
O estágio do personalismo abrange dos três aos seis anos de idade, cuja tarefa principal é a
formação da personalidade, constroem a consciência de si, por meio das interações sociais. A
criança tenta se compreender e compreender o mundo. Pode expressar o que sente porque já
fala, ou seja, a afetividade incorpora os recursos intelectuais, a chamada afetividade simbólica,
se expressa por palavras, ideias.
O quarto estágio é o categorial, por volta dos seis anos de idade, o cognitivo auxilia na entrada
do mundo da alfabetização, avanços no cognitivo que dirigem o interesse das crianças pelas
coisas, para o conhecimento e conquista do mundo externo. No plano motor os gestos são
mais precisos, elaborados mentalmente com previsão de etapas e consequências. O último
estágio é o da Adolescência, que traz à tona questões pessoais, morais e existencial, pergunta
quem sou eu enquanto pessoa no mundo. Iniciada pela puberdade, com as mudanças
hormonais. A afetividade encontra-se mais elaborada, mais racionalizada, os sentimentos são
elaborados no plano mental, com isso os jovens teorizam sobre seus sentimentos.
A teoria de Wallon possibilitou o início do pensamento psicomotor e a valorização do indivíduo
de maneira integral, dando sugestões para muitos outros estudiosos que se apropriaram de
seus conhecimentos e contribuíram para o desenvolvimento desse pensamento.
REFERêNCIAS:
FONSECA, Vitor da. Aprender a Aprender: A Educabilidade Cognitiva. Porto Alegre: Artmed,
1998.
SOUZA, Rose Keila Melo de e COSTA, Keyla Soares da. O Aspecto Sócio-Afetivo no Processo
ensino-aprendizagem na Visão de Piaget, Vygotsky e Wallon. Pará, 2004. Disponível em:
http://www.educacaoonline.pro.br/index.php?option=com_content&view=article&id=299:o-
aspecto-socio-afetivo-no-processo-ensino-aprendizagem-na-visao-de-piaget-vygotsky-e-
wallon&catid=4:educacao&Itemid=15. Acesso em: 25 set 2009.