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Desenvolvimento Humano I
juliana.marques@anhanguera.com
Unidade 2
Seção 2.1
Entretanto, o que é consenso com relação à obra de Piaget é que ele enfatiza o papel
do amadurecimento biológico no desenvolvimento infantil, não se detendo à explicação de
que forma o social interfere no desenvolvimento e nas capacidades da inteligência
humana, assim como fizeram autores como Vigotski (LA TAILLE, 1992).
Para Piaget, no processo de interação da criança com seu meio social, o
organismo humano depara-se com diversas situações que favorecem seu
desequilíbrio, sendo necessário que a criança desenvolva mecanismos de adaptação
à realidade circundante (PALANGANA, 1998).
Neste processo de interação com o meio, em que inúmeras dificuldades e situações
são impostas à criança e que precisam ser superadas, há um impacto nas estruturas
cognitivas preexistentes e seu ajustamento, favorecendo o desenvolvimento de novas
estruturas cognitivas e a adaptação do sujeito à realidade.
Tal pressuposto parte da ideia de que o desenvolvimento é um processo contínuo,
em que cada habilidade aprendida se liga a uma estrutura cognitiva preexistente, a
qual é transformada para atender a novas exigências do meio e favorecer o
processo de adaptação.
Portanto, Piaget deriva de seus estudos da biologia dois conceitos
fundamentais para explicar o desenvolvimento humano: esquemas e
adaptação (PALANGANA, 1998).
No processo de adaptação e desenvolvimento das estruturas cognitivas, a
criança aprende a organizar suas ações no espaço e no tempo, surgindo as noções
de causalidade, constância do objeto, conservação, velocidade, entre outros fatores
importantes para o desenvolvimento cognitivo da criança.
Essas habilidades são aprendizados importantes que permitem à criança construir
uma lógica de pensamento, na medida em que atribui significado ao que vivencia,
ocorrendo primeiramente no âmbito do concreto para, em seguida, ocorrer no plano
abstrato. Em outras palavras, o processo de aprendizagem da criança é
caracterizado pela elaboração constante de novos esquemas (PALANGANA, 1998).
É por meio do mecanismo de adaptação a novas e diferentes circunstâncias que
as mudanças nas estruturas ou esquemas mentais são possíveis. A função
adaptativa é constituída por dois processos distintos e complementares: assimilação
e acomodação.
O primeiro refere-se à incorporação de novas experiências ou informações à
estrutura mental, sem, contudo, alterar a estrutura cognitiva. Já o processo de
acomodação é responsável pela reorganização das estruturas cognitivas.
Em outras palavras, pode-se entender o conceito de assimilação relacionado à
capacidade do sujeito incorporar um novo objeto ou conceito a um esquema
mental já existente, ou seja, a um esquema que já é construído e consolidado pela
criança.
Já o processo de acomodação pode ser entendido como o conhecimento que
altera os esquemas de ações e conhecimentos já adquiridos pelo sujeito,
visando adequar o novo objeto.
Neste processo de assimilação e acomodação, a criança passará a ter domínio
sobre o novo objeto, alcançando seu ponto de equilíbrio. (PALANGANA, 1998)
O ideal, para o desenvolvimento humano, é que os processos de assimilação e
acomodação ocorram em harmonia e de modo simultâneo, tendo em vista que
somente com a interligação desses dois processos é que de fato a adaptação
acontecerá (PALANGANA, 1998).
Quando Piaget refere-se ao termo equilíbrio, é importante destacar que tal
estado em um desenvolvimento saudável é momentâneo. Isto porque, à medida
que o sujeito interage com o social, novos desequilíbrios acontecem e novas
demandas de adaptação surgem às estruturas cognitivas, surgindo novos
processos de assimilação e acomodação.
A busca pelo equilíbrio guia o desenvolvimento humano na direção da autonomia,
em que o sujeito constrói suas próprias certezas sobre si e sobre o mundo,
libertando-se das ideias do senso comum e das imposições sociais que procuram
projetar concepções e ideologias no sujeito.
Na concepção de Piaget, em função do desenvolvimento cognitivo, o sujeito é
capaz de construir sua própria lógica de pensamento, questionando a realidade e
as
diversas imposições sob as quais vive, possibilitando o desenvolvimento da
autonomia (LA TAILLE, 1992).