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ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE

LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

LUTO PERINATAL UC: P r e p a r a ç ão p a r a a pa r e n t a l i d ad e


An a Ma rg a r i d a S i l v a a l 7 35 3 2     Da n i e l a Go n ç a l v e s a l 7 40 9 0    
Da n i e l a Ri b e i r o a l 7 3 70 0 Ma r i a So usa P i n t o a l 7 3 38 1
Ma r i a n a Ri b e i r o a l 7 5 7 43
20 2 2
1. Introdução
2. Luto perinatal

ÍNDICE
 2.1 Morte perinatal
2.2 Fases do luto
2.3 Luto antecipatório
2.4 Trabalho de luto
2.5 Luto mal elaborado
3.   Luto perinatal e o processo de vinculação
4.   Luto perinatal e a vivência familiar
                            4.1  No casal
4.2  Para a fratria
                    4.3  Para os filhos do futuro

5.  Parentificação
6. Luto patológico  
7. Rede de Apoio 
8.   Conclusões
9.   Referências bibliográficas
1. INTRODUÇÃO
Para muitos casais ter um filho é um dos momentos mais esperados
do seu percurso. A perda de um filho, seja em que fase da vida for, é o
acontecimento mais traumatizante para os pais e para a família.

As redes de apoio são muito importantes para o processo de luto que,


muitas vezes, é tão desvalorizado pela sociedade.

Os profissionais de saúde são igualmente importantes para a evolução


do processo de luto, de acordo com a assistência proporcionada junto
da díade parental no momento da perda e no puerpério.

A RR U D A, A . P. , S A N TO S , H . L . ,   PA C H E R , I . A. S . ,   PA R R A GA , M . B . (2 0 2 2 )
 RAMOS, S. (2015)
2. LUTO PERINATAL 

Luto
Para os pais o luto vivenciado no momento perinatal e neonatal é desconcertante e
indescritível, sendo que uma criança significa o inicio da vida e não o fim na
Sofrimento
causado pela generalidade das vezes. O luto tem o seu início no momento da perda de um filho,
morte de alguém. gerando sentimentos de vazio interior, irritabilidade, raiva e receio de voltar a engravidar
e passar por tudo novamente. Isto tudo pode gerar transtornos psicológicos, podendo
assim influenciar futuras gestações.  
Sentimento de
angústia e
desalento.

A R R U DA , A. P. , S A NTO S , H. L . ,   PA C HE R , I . A . S . , &   PA R R AG A , M . B , (2 0 2 2 )
2. LUTO
PERINATAL 

Dados epidemiológicos
Dados epidemiológicos. (Santos, 2022) 
2.1 MORTE PERINATAL

É designado óbito perinatal quando este decorre no período da vigésima


oitava semana de gestação até ao sétimo dia após o nascimento do bebé.

2.2 FASES DO LUTO

Barganha ou
Negação  negociação Aceitação

Raiva  Depressão 

D O S S A N TOS L A G UN A , T. F. , L E M O S , A . P. S . , F E R R E I R A, L . ,   D OS S AN TOS GO N Ç ALV E S ,   C ,


2 0 2 1 ;  A R R UD A , A. P. , S AN TO S , H. L . ,   PA CH E R , I. A . S . , &  PA R R AG A , M . B , ( 2 0 2 2 )
2.3 LUTO ANTECIPATÓRIO

O luto antecipatório acontece a partir do conhecimento prévio sobre a complicação perinatal com desfecho de morte
neonatal, este luto permite que o trabalho do luto seja vivenciado gradativamente até a morte propriamente dita.  

2.4 TRABALHO DE LUTO 

O trabalho de luto é definido como um processo intrapsíquico, consecutivo à perda de um objeto de afeição, e pelo qual o
sujeito consegue progressivamente desapegar-se. O trabalho de luto bem-sucedido, começa com o teste de realidade, a
constatação de que houve a perda. 

2.3 LUTO MAL ELABORADO

O processo de luto vai envolver sobretudo a elaboração das fantasias associadas ao bebé na ausência do mesmo. A mãe, que
precisa fazer o luto desse bebé, não é confrontada com a perda de um objeto externo (bebé morto), o que ocorre é a
interrupção de um projeto de vida. Assim, a mãe terá de se identificar não com o objeto externo morto, mas com o objeto
interno morto. De forma gradual, a mãe terá de deixar morrer uma parte de si mesma para que assim, possa processar a
perda. 

F O NS E C A, A . C . ( 2 0 2 2 )
3. LUTO PERINATAL E O PROCESSO DE VINCULAÇÃO
• Durante a gestação a mulher está vinculada a
expectativas e desejos ligados à imaginação de uma
criança “perfeita”. Alguns autores defendem a
existência de três bebés na mente dos pais:  

 bebé fantasiado, 

 bebé imaginário

 bebé real.

• A perda não é unicamente do bebé, é também


identificável a perda da autoestima de cada gestante
associada ao sentimento de fracasso relativamente à
proteção que deveriam ter tido a capacidade de
proporcionar à criança assim como toda a idealização
e expectativa que foi criada à volta da mesma.

I A C O NE L L I, V. ( 2 0 0 7 ) .
  F O N S E C A , A . C . ( 2 0 2 2 ) . M E N DO N Ç A, C . S . D . Á . ( 2 0 1 8 )
4. LUTO PERINATAL E A VIVÊNCIA FAMILIAR
• O luto perinatal é devastador para as famílias. O dia da
perda fica marcado para sempre na história familiar.

• As expectativas criadas à volta da gravidez e do bebé


desmoronaram e há uma mistura de sentimentos que
invade a família. No entanto, o luto é experienciado de
forma diferente pelas diferentes pessoas que fazem parte
dela.

• A morte perinatal afeta não só os pais como também


outros filhos que possam existir pois também eles criam
conceções e expectativas face ao novo elemento da
família que estaria a chegar.

B A R R OS R , S . (2 0 1 5 )  
  A LV E S , S . I . N . ( J A NE I R O DE 2 0 1 8 )
4.1 NO CASAL
A sobrecarga emocional e a dificuldade de aceitação da situação, apesar de comuns ao casal, são vivenciadas de forma
diferente pelo homem e pela mulher. É importante respeitar a individualidade de cada um no que diz respeito aos sentimentos
e à forma como se expressam e perceber que todas as emoções são válidas.

4.2 PARA A FRATRIA


A perda também é vivenciada de forma dolorosa pelos irmãos. Dependendo da idade, a expressão do luto surge nas mais
diversas formas: culpabilização, atitudes de insegurança, explosões agressivas e destrutivas, parentificação, angústia
persistente, angústia de separação, problemas relacionados com o sono e controlo dos esfíncteres.

4.3 PARA OS FILHOS DO FUTURO


O processo de luto da díade parental é de extrema importância para o novo ser que virá posteriormente. Em situações
em que os pais não conseguiram fazer o luto da criança perdida e há o nascimento de uma nova criança, esta pode ser
considerada a “criança de substituição”. Nestes casos, a criança sente que todas as coisas boas que faz não são suficientes
para preencher o vazio que a perda deixou na vida dos pais, levando a sentimentos de culpabilização com possíveis
consequências refletidas na idade adulta.

B AR R O S R , S . ( 2 0 1 5 ) & A LV ES , S . I . N . ( JA N E I R O D E 2 0 1 8 )
A RR U D A , A . P. , S A N TO S , H . L . ,   PA C H E R , I . A . S . ,   PA R R AG A , M . B . ( 2 0 2 2 )
5.   PARENTIFICAÇÃO
• Fenómeno que ocorre como uma inversão de papéis entre pais e
filhos. A criança é forçada ter responsabilidades que não lhe
compete ter.

• A parentificação pode ser vista em domínios: o emocional e o


físico.

• A criança sente que não tem a quem recorrer quando precisa. Há


um sentimento de obrigação de cuidador que se gera e, quando
não é possível fazê-lo, a criança culpa-se e tenta interiorizar os
seus sentimentos numa tentativa de se concentrar nas suas
responsabilidades com o objetivo de ser reconhecido perante os
pais.

• Para além de abdicar da sua infância e de perder a oportunidade


de se desenvolver de forma gradual, a parentificação deixa a
criança vulnerável a uma variedade de problemas.

( N U T TA LL , A . K. ,   B A L L I N G E R , A . L . ,   L E V E ND O S K Y, A . A. , &  B O R KO W S K I , J . G. ( 2 0 2 1 )    
6.  LUTO PATOLÓGICO

Luto Luto
"normal" Patológico Sentimentos de negação, distorção e
permanência nas memórias passadas,
Amenização dos sentimentos de
levando assim a um desequilíbrio
angustia associados à perda num curto
pessoal e emocional podendo
espaço de tempo, surgindo a
culminar em outras
aceitação.
perturbações psiquiatricas como a
depressão. 

Este é caracterizado por sobrecarga prolongada a partir da intensificação do luto, existindo comportamentos desadequados e
permanecendo no processo de luto de forma indeterminada e sem progresso, sendo este vivenciado de forma crónica. A
reação ao luto patológico pode-se manifestar por sintomas físicos e psicológicos que surgem de forma interligada após a
perda, sendo que geralmente a pessoa nega a sua relação.  

A R R U DA , A. P. , S A NTO S , H. L . ,   PA C HE R , I . A . S . , &   PA R R AG A , M . B . , 2 0 2 2 ;  
M A RT I N E T,   S E R GE .   B AY L E , F I L O M E N A , 2 0 0 8
7. REDE DE APOIO

  Profissionais • Necessidade de preparação e capacitação


para lidar com a morte e serem capazes de
de saúde prestar assistência à família enlutada.

Existem protocolos que agilizam o acolhimento e tudo o que envolve a perda de um


filho no período perinatal de maneira que os profissionais tenham uma linha guia
acerca da melhor forma e respeitosa de cuidar da  família.

Os profissionais de saúde  são uma importantísima ajuda para os  pais e para


a família a enfrentar as dores físicas e psicológicas, de forma a oferecer acolhimento
e mostrar-se disponível para escutar os seus medos e receios.

D OS S AN TOS L AG U N A, T. F. , L E M OS , A . P. S . , F E R R E I R A , L . , & DO S S AN TO S
G ON Ç A LV E S , C . ( 2 0 2 1 )
03 /08 /2 0XX L E M OS ; C UN H A, 2 0 1 5
7. REDE DE APOIO

• Importante elemento da rede de apoio


  Sociedade que, na situação da perda perinatal, não
tem uma intervenção positiva.

O luto perinatal é invisível perante os olhos da sociedade. 


Apesar da sociedade ser, em muitas situações, uma importante dimensão da rede de apoio, no caso do luto
perinatal em específico, é precisamente o oposto. Há uma desvalorização da situação e dos sentimentos da
família (muitas vezes marcada por comentários como "Depois têm outro filho e já nem se lembram desse") e a
perda que aquela família vivenciou passa despercebida. 
Neste grupo estão também incluídos os elementos da família alargada e amigos que não são capazes de prestar
auxilio à família no que realmente necessita acabando, muitas vezes, por dificultar o processo de luto.

D OS S AN TOS L AG U N A, T. F. , L E M OS , A . P. S . , F E R R E I R A , L . , & DO S S AN TO S
G ON Ç A LV E S , C . ( 2 0 2 1 )
03 /08 /2 0XX L E M OS ; C UN H A, 2 0 1 5
Segundo Cabral (2005), podemos considerar cinco áreas de intervenção dos
profissionais de saúde sendo elas: 

Desenvolver
 Identificar os pais
atividades
em risco de Melhorar a
específicas para os Atitude e
desenvolver um interação com os  Memórias
momentos em que comunicação 
processo de luto pais
o bebe está a
patológico
morrer ou morreu

C A B R AL , I . P. ( 2 0 0 5 )
D I A S , M . C . M . , C O UT I N H O , E . C . , & D UA RT E , J . C . ( 2 0 1 2 )
03 /08 /2 0XX
8. CONCLUSÃO
• A relação entre mãe e filho existe desde o ventre materno, sendo este um dos
elementos mais fundamentais do psiquismo humano.
• O bebé e o seu cuidado é idealizado e fantasiado pelos pais, no entanto, quando isto é
interrompido pelo falecimento da criança, há uma quebra em tudo o que foi pensado e
inicia-se então o processo de luto.
• O processo de luto tem várias fases e nem todos os elementos da família vivenciam a
perda da mesma maneira. Assim, é normal que as diferentes pessoas da família se
encontrem em diferentes fases. 
• O luto, quando vivenciado de forma muito prolongada e com comportamentos
desajustados, pode tornar-se patológico.
• A inversão de papéis entre os filhos e os pais no momento de perda de um bebé pode
acontecer o que, a longo prazo, acarreta muitas consequências nefastas para a criança e
para a família.
• Tendo em conta que cada família e cada pessoa dentro da família tem direito a sentir e
a expressar as suas emoções, há uma grande necessidade de assistência que seja
disponibilizada à família de forma individualizada e adaptada.
• O luto perinatal é invisível aos olhos da sociedade e, por isso, ainda muito
desvalorizado.
• Uma rede de apoio que envolva os profissionais de saúde e a comunidade são
indispensáveis para que o luto se processe de forma natural. 
D O S S A NTO S L A GU N A , T. F. , LE M O S , A. P. S . , F E R R E I RA , L . , &
D O S S A NTO S G O NÇ A LVE S , C . , ( 2 0 2 1 )
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
•   Alves, Sofia Isabel das Neves (janeiro de 2018). Perda perinatal: perspetiva da díade parental (Dissertação de  Mestrado
em enfermagem de saúde materna e obstetrícia não publicada). Escola Superior de Enfermagem de  Coimbra.    
•  Arruda, A. P., Santos, H. L., Pacher, I. A. S., & Parraga, M. B. (2022). Luto materno perinatal: a dor  invisível. Tcc-
Psicologia.    
• Barros Ramos, S. (2015). O Luto Fraterno durante a Infância e Adolescência: Revisão Integrativa
da Literatura: Bereavement of Children and Adolescents when a Sibling Dies: Integrative Review. Pensar Enfermagem, 19(2)
, 3–17.
•  Cabral, I. P. (2005). Morte e luto na gravidez e Puerpério. In I. Leal (ed.), Psicologia da Gravidez e da Parentalidade  (pp.
61-91).   
•  Dias, M. C. M., Coutinho, E. C., & Duarte, J. C. (2012).  A perda gestacional e o processo de luto: quando o início é o fim
da vida. Repositorio.ipv.pt. http://hdl.handle.net/10400.19/1970    
•  Dos Santos Laguna, T. F., Lemos, A. P. S., Ferreira, L., & dos Santos Gonçalves, C. (2021). O luto perinatal e neonatal e  a
atuação da psicologia nesse contexto. Research, Society and Development, 10(6), e5210615347-e5210615347.    
• Figueiredo, Bárbara (2003) Vinculação materna: Contributo para a compreensão das dimensões envolvidas no processo
inicial de vinculação da mãe ao bebé.  International Journal of Clinical and Health Psychology.  Vol. 3, Nº 3, pp. 521-539
• Fonseca, A. C. (2022). “Não sei porque você se foi, quantas saudades eu senti”: vivências de mulheres em luto  perinatal.  
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
• Laconelli, V. (2007). Luto insólito, desmentido e trauma: clínica psicanalítica com mães de
bebês. Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, 10, 614-623.   
•   Laconelli, Vera , & Costa Muza, Júlia , & da Rocha Arrais, Alessandra , & Nascimento de Sousa, Erica (2013).
Quando a morte visita a maternidade: atenção psicológica durante a perda perinatal. Psicologia: Teoria e Prática, 15(3),34-
48   
•   Martinet, Serge. Bayle, Filomena (2008). Perturbações da Parentalidade. 1ª Edição. Lisboa. Climepsi Editores    
•  Mendonça, C. S. D. Á. (2018). Interrupção espontânea da gravidez, morte fetal e perda perinatal: luto e fatores  protetores
(Doctoral dissertation).  
•  Nuttall, A. K., Ballinger, A. L., Levendosky, A. A., & Borkowski, J. G.
(2021). Maternal parentification history impacts evaluative cognitions about self, parenting, and child. Infant Mental Healt
h Journal. https://doi.org/10.1002/imhj.21912   
•  Taxa de mortalidade perinatal e neonatal .(n.d.). Www.pordata.pt. 
https://www.pordata.pt/Portugal/Taxa+de+mortalidade+perinatal+e+neonatal-529  
•   Vizinha, Joana Rita Ferreira (2020). Vivência psicológica de uma gravidez posterior a uma interrupção  espontânea da
gravidez: Culpa, vergonha, luto perinatal e vinculação pré-natal. Universidade de Lisboa.   

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