Você está na página 1de 25

GÊNERO E

SEXUALIDADE
NA EDUCAÇÃO ESCOLAR
GÊNERO:
Sexo e gênero O conceito de gênero constitui a condição de
Definição Inicial: Psiquiatra John Money: possibilidade de aparição de um conjunto de
pertencimento de um indivíduo a um grupo novidades técnicas de normalização e
cultural reconhecido como masculino ou transformação da subjetividade sexual –
feminino (anos 40) fundamentalmente endocrinológicas e
Gênero é um construto sócio-histórico (Judith cirúrgicas (Paul Preciado)
Butler)
A identidade de gênero é uma realização
performativa compelida pela sanção social e
tabu (Judith Butler)
PERFORMANCE
DE GÊNERO
Judith Butler

“O corpo se torna seu gênero através de uma série de atos que são renovados, revisados
consolidados através do tempo [...] deve-se tentar reconceber o corpo generificado como o legado
de atos sedimentados antes de [concebê-lo] como uma estrutura predeterminada ou foracluída,
uma essência ou fato, seja natural, cultural ou linguística.”
“Performance de gênero é uma imitação ou uma paródia sempre fracassada de gêneros originais
impossíveis de serem performados, existentes somente em um plano ideal”
“As performances de gênero são vigiadas e reguladas por um aparato coercitivo que pune aqueles
que performam seu gênero de maneira inadequada. Aqueles que não cumprem o papel que lhes foi
designado pela heteronormatividade sofrem”
PERFORMANCE
DE GÊNERO
Paul Preciado

Biodrag, tecnocorpo, tecnogênero e indústria farmacopornográfica


“A masculinidade e feminilidade são criações da II Guerra Mundial, que conheceram sua plena expansão
comercial durante a Guerra Fria, como a comida enlatada e o computador”
“O “macho” viril, desejoso de descarregar sua potência orgásmica a todo custo não é senão o complemento
perfeito à “mulher” submissa consumidora de pílula,que aparece nua na Playboy.
Pós-Moneísmo
“Se no sistema disciplinar do século XIX o sexo era natural, definitivo, intransferível e transcendental; o
gênero aparece agora como sintético, maleável, variável, suscetível de ser transferido, imitado, produzido e
reproduzido”
“ Já não se trata de castigar a infrações sexuais dos indivíduos nem de vigiar e corrigir seus desvios através
de um código de leis externas, mas de modificar seus corpos enquanto plataforma viva de órgãos, fluxos,
neurotransmissores e possibilidades de conexão e agenciamento, fazendo destes ao mesmo tempo o
instrumento, o suporte e o efeito de um programa político”
HETERONORMATIVIDADE
OBRIGATÓRIA E PAPÉIS
DE GÊNERO
Determinista;
Binário: “Homem” e “Mulher”;
Reprodução;
Processo de colonização e na religião;
“Assim, por exemplo, para ser considerado um “homem” dentro dos padrões dessa matriz
cultural, o indivíduo deve contar com órgãos sexuais definidos como masculinos, seguir
práticas de gênero associadas normalmente à masculinidade e orientar seu desejo a sujeitos
do sexo feminino.”
“identificar essa violência [a violência normativa do gênero] era difícil porque o gênero era algo
que se tratava como dado e que ao mesmo tempo se vigiava terminantemente. Pressupunha-
se que era uma expressão natural do sexo ou uma constante natural que nenhuma ação
humana era capaz de modificar.”
DESIGUALDADES
DE GÊNERO

IBGE 2022
DESIGUALDADES
DE GÊNERO

IBGE 2022
DESIGUALDADES
DE GÊNERO
O Brasil é conhecido como o país que mais mata pessoas trans no mundo
Conforme o IPEA, o Brasil teve aumento de casos de violência física contra
pessoas trans, entre 2020 - 2021, de 9,5% e violência psicológica de 20,4%
56% dos homens trans que sofreram alguma violência são negros
65% das travestis que sofreram alguma violência são negras

Segundo o IPEA, somente em 2021, 3.858 mulheres foram assassinadas


Em 2019, o índice de feminicídio por 100 mil habitantes subiu de 0,43 para
1,2
Mulheres negras representam 67% dos feminicídios
PRIMEIRAS DEFINIÇÕES
SOBRE ORIENTAÇÃO SEXUAL
Sexo: referente a genitália (macho, fêmea e intersexo)
Gênero: psicológico (masculino, feminino e andrógino):
Orientação sexual: social e cultural (homossexual, heterossexual e bissexual):
Conceito de Lovemap ou Mapa do amor: normofílico ou parafílico
(John Money)
CRÍTICAS
Abordagem superficial que coloca
sexualidade de forma genitalista
Aborda transgeneridade como
desviante e que deve ser tratada
por médicos
Perspectiva moralista e antiga
Desconsidera formas diferentes de
se relacionar, outros modelos de
relacionamentos
Ignora que a identificação de
gênero ao sexo biológico é imposto
socialmente
SEXUALIDADE E OUTRAS
ANÁLISES
Análise de Freud:
Sexualidade é energia vital instintiva direcionada para o prazer,
passível de variações quantitativas e qualitativas, vinculada à
homeostase, à afetividade, às relações sociais, às fases do
desenvolvimento da libido infantil, ao erotismo, à genitalidade, à
relação sexual, à procriação e à sublimação.

Outras observações:
Se por um lado Freud assume a complexidade da tentativa de definir
'masculino' e 'feminino', por outro parece incorporar os valores em
vigor do século XIX, segundo o qual o feminino se identificava com a
idéia de passividade e o masculino era associado à idéia de
atividade.
CRÍTICAS
Freud não trata dos aspectos
culturais e sociais do gênero
A mulher fica sujeitada ao homem,
colocada como inferior
Perspectiva falocêntrica e
heteronormativa
Utilização de características
biológicas para explicar
homossexualidade e bissexualidade
ENFRENTAMENTOS
A heterossexualidade é pressuposta, ou seja,
regula e gerencia os corpos tornando-os assim a
base, a matriz que orienta o normal do desviante.
(Judith Butler)

A contrassexualidade, analisa de uma forma crítica


a construção sistemática da naturalização do
gênero de identificação ao sexo biológico de
nascimento.
Um sujeito não define suas relações a partir do
que é ser homem, mulher ou perversão, mas sim
por se reconhecer como um corpo vivo e
experimentar todas as práticas significantes
(Paul Preciado)
BRASIL ATUALMENTE
ULTIMOS DADOS
BRASIL ATUALMENTE
ULTIMOS DADOS

Os dados não mostram um retrato completo do


problema, pois há uma falta de padrão e confusão na
forma como os estados lidam com esses crimes
A melhoria não precisa vir apenas no sistema de dados.
O próprio trabalho policial precisa de mais preparo,
como relatou a cuidadora de idosos Sheron Silva
Moreira, agredida por um desconhecido na rua por
motivações homofóbicas e que não recebeu o
atendimento adequando da delegacia.
GÊNERO E SEXUALIDADE
NA ESCOLARIZAÇÃO
A sociedade reflete a escola e a escola reflete a sociedade

Vozes conservadores ultraliberais acusam as escolas de uma


suposta doutrina marxista e ideologia de gênero, esse medo
escalonou a voz dada a líderes políticos de direita e a
bancada religiosa moralista.
“aproximadamente 60 projetos de lei tramitaram ou tramitam no Congresso Nacional e casas
legislativas objetivando impedir a doutrinação política e ideológica de alunos por parte de
professores nas escolas.” (FURLANETTO et. al. 2018, p. 554)
RETROCESSO EM UBERLÂNDIA
Um projeto que proíbe a doutrina e qualquer manifestação de ideologia de gêneros em todas
as escolas de Uberlândia, sejam municipais, estaduais ou particulares, foi aprovado em segunda
votação na Câmara Municipal em 2023. Não seguiu em frente pois o STF suspendeu o processo
AVANÇO LENTO
Decreto nº 1.973, de 1º de agosto de 1996. Promulga a Convenção Interamericana para Prevenir,
Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher, concluída em Belém do Pará, em 9 de junho de
1994.
No Parâmetro Curricular Nacional 9 (PCN) que trazia o Tema Transversal da Orientação Sexual,
no final da década de 1990, é possível encontramos em diferentes partes do nosso país
escolas que exercem promovam algumas discussões sobre esses temas, mas elas ainda
caminham em direção à prevenção de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs) e à
gravidez na adolescência
Brasil Sem Homofobia “kit gay” (Lula) 2004
Plano Nacional de Implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação das
Relações Étnico-raciais e para o Ensino de História e Cultura Afrobrasileira e Africana (Lula)
Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica: Diversidade e Inclusão (Dilma) 2013
PCN- OBJETIVOS GERAIS
ANÁLISE DE
FORMAÇÃO NA FACULDADE
Costa e Ribeiro entrevistam algumas alunas da pedagogia em 2019 e
percebem que tem pensamentos muito enraizados ainda no determinismo
e na afirmação do sexo biológico. Além disso não há nenhum preparo na
faculdade para o professor tratar do tema com o aluno, então acaba que o
professor utiliza das próprias visões, muitas vezes enrijecidas por
preconceitos ou com bases superficiais.
Visto que o PCN salienta a importância da inclusão e da participação do
professor na escola ativamente é importante também para a licenciatura e
da pedagogia preparar os professores de todas as áreas a lidarem com a
demanda de alunos LGBT, ainda mais pq na escola é onde surgem as
maiores violências de gênero e homofobia. Pois nela se concentram as
questões que estão ainda em formação na mente dos jovens e crianças,
além disso geralmente esses jovens repetem os discursos dos pais que
podem conter moralismo e viés religioso.
EVASÃO E EXCLUSÃO
ESCOLAR DE PESSOAS
TRANS
O que falta para a inclusão de pessoas trans na educação?;
“talvez [possamos entender que] a escola também construa essa não humanidade, a partir do
momento em que ela nega certas demandas para certos corpos, por exemplo cotas raciais,
nome social e banheiro para pessoas trans e travestis.” - Maria Clara Araújo (primeira aluna
trans do curso de Pedagogia da Universidade Federal de Pernambuco)
Pesquisa do defensor público João Paulo Carvalho Dias, presidente Comissão da
Diversidade Sexual da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), mostra que 82% das
pessoas trans e travestis tenham abandonado o estudo ainda na Educação Básica;
“Pedagogia da violência” e “evasão involuntária”, de Luma Nogueira Andrade;
Hiperssexualização;
REFERÊNCIAS
Alexis Emanuel Gros. Judith Butler e Paul Beatriz Preciado: uma
comparação de dois modelos teóricos na
construção da identidade de gênero na teoria queer

Paul Beatriz Preciado. Manifesto Contrassexual


Judith Butler. Problemas de gênero
Marivete Gesser;Leandro Castro Oltramari; Denise Cord;
Adriano Henrique Nuernberg. Psicologia Escolar e formação continuada de
professores em gênero e sexualidade

Ana Flávia do Amaral Madureira;Ângela Uchoa Branco


Gênero, Sexualidade e Diversidade na Escola
a partir da Perspectiva de Professores/as.
SITUAÇÃO I
Um aluno trans acaba de se transicionar na escola (homem trans) em
que você dá aula, os outros alunos estão com dificuldade de aceitar
essa mudança, fazendo comentários transfóbicos e usando os
pronomes errados com ele. O menino começa a faltar mais nas aulas
e diminui seu desempenho, se mostrando mais isolado. O que fazer
nessa situação?
SITUAÇÃO II
Em uma apresentação de dança havia papel de palhaços e bailarinas,
os alunos poderiam escolher o que se sentiam mais confortáveis.
Em meio a vários comentários pejorativos poucos meninos optam
por serem bailarinas e apenas uma menina opta por ser palhaço.
Na segunda aula, a família de um dos meninos manda um recado: não
permite que o filho seja uma das bailarinas. A criança se mostra triste
e nervosa, se recusando a fazer o que a família impõe e pede ajuda.
FIM

POR
DANTE ANGEL
E DES AGOSTINHO

Você também pode gostar