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MULHERES TRANS NO SISTEMA PENITENCIÁRIO BRASILEIRO: UMA ANÁLISE

DA VUNERABILIDADE DAS ENCARCERADAS E AS FALHAS NO APARATO LEGAL

Brena Santana Moraes de Almeida1

Ana Carolina Teixeira Oliveira Ruas2

INTRODUÇÃO

O Brasil é o país que se encontra no topo do ranking de países que mais matam
pessoas transgêneros no mundo (ANF, 2021), conforme dados elencados no relatório da
Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgêneros e Intersexuais (ILGA).
Estamos falando de um grupo que se encontra em uma situação de extrema
vulnerabilidade, mesmo sendo o Brasil, um país, cuja Constituição Federal garante uma série
de direitos fundamentais, tais direitos são, comumente, desrespeitados.
Se essa situação por si só já é preocupante, imagine, quando tal grupo, se encontra
em uma situação ainda mais vulnerável, qual seja: o cárcere.
As mulheres transgêneros encarceradas são vítimas incessantes de todo tipo de
preconceito, tendo seus direitos fundamentais violados diariamente por parte do Estado,
que ao colocá-las, em um presídio masculino, para cumprir pena, as colocam em uma
situação extremamente vulnerável, e degradante, pois, são vitimas incessantes dos mais
variados tipos de violência.
E é exatamente sobre tal situação específica, que desenvolveremos o presente
trabalho, tendo sido o primeiro capítulo, destinado a esclarecer sobre os termos referentes à
sexualidade.
O segundo capítulo foi dedicado a elucidar sobre a violação que as mulheres
trânsgeneros encarceradas sofrem, sobretudo, sobre o principio da dignidade da pessoa
humana.

1
Graduanda do curso de Direito. Centro Universitário FG - UNIFG. Guanambi (BA). CV Lattes:
http://lattes.cnpq.br/0684740090593223 . Email: bremmors@gmail.com .
2
Mestranda em Fundamentos e Efetividade do Direito. Centro Universitário FG - UNIFG. Guanambi (BA). CV
Lattes: http://lattes.cnpq.br/6487878007395637. Email: anacarolinateixeira.adv@gmail.com.
Já no terceiro capítulo tratou-se das recomendações constantes nos Princípios de
Yogyakarta, e os direitos decorrentes de tais princípios.
Por fim, no último e concluso capítulo, explanou-se sobre recente decisão do STF,
que garantiu que as mulheres transgêneros pudessem escolher se querem cumprir pena em
presídio feminino ou masculino.
Para tanto, utiliza-se como estratégia metodológica, pesquisas bibliográficas, tendo
como fontes: doutrinas, jurisprudências e artigos científicos de plataformas seguras, como:
Google Acadêmico, SciELO e CAPS, valendo-se de métodos lógico-dedutivos, foram
desenvolvidos os presentes capítulos.

1 DA NECESSÁRIA DISTINÇÃO ENTRE OS TERMOS: SEXO BIOLÓGICO, IDENTIDADE DE


GÊNERO, ORIENTAÇÃO SEXUAL E TRANSGÊNERO.

Em linhas iniciais, partimos da compreensão dos conceitos e da origem acerca da


identidade de gênero, peculiaridades estas, que são necessárias para entendermos a
amplitude temática.
Em um segundo momento, nos debruçaremos quanto as violações de direitos
fundamentais das mulheres transgêneros no sistema penitenciário brasileiro.
Antemão, é necessário esclarecer alguns pontos relevantes, quais sejam:
compreender o que é gênero, diferenciar identidade sexual de orientação sexual, e definir o
termo transgênero.
Gênero é o termo que se utiliza para se identificar e ser identificado como homem ou
mulher. Orientação sexual é o que se refere à atração efetiva e sexual por outra pessoa de
determinado gênero. Não há uma norma de orientação sexual que dependa uma da outra,
ou que seja função do gênero das pessoas, uma vez que nem todo homem e mulher são
naturalmente heterossexuais (JESUS, 2012).
A identidade de gênero é como a pessoa estritamente de forma particular se sente e
se percebe em relação ao seu gênero, é a identificação do indivíduo como homem, mulher
ou alguma outra categoria que seja diferente do feminino e masculino.
Em suma, sexo é biológico, gênero é social. A definição do gênero perpassa a ideia do
sexo, o que importa, na definição do que é ser homem ou mulher, não serão os
cromossomos, tão pouco, as genitálias, mas na auto percepção e a forma como a pessoa se
expressa socialmente, explica Jaqueline Gomes de Jesus:

[...] para a ciência biológica, o que determina o sexo de uma pessoa são suas
células reprodutivas (espermatozoides, logo, macho; óvulos, logo, fêmea), e só.
Biologicamente, isso não define o comportamento masculino ou feminino das
pessoas: o que faz isso é a cultura. [...] Sexo é biológico, gênero é social. Como as
influências sociais não são totalmente visíveis, parece para nós que as diferenças
entre homens e mulheres são naturais, totalmente biológicas, quando, na verdade,
a maior parte delas é influenciada pelo convívio social (JESUS, 2012 p. 6).

A sociedade baseia-se e fundamenta-se na ideia do sexo e do gênero, e a partir dessa


premissa, entendem que as posições construídas pelos indivíduos nas instituições da
sociedade onde se identificam será baseada na noção e definição de gênero, por esse
motivo, “além de ser exclusivamente um predicado dos indivíduos, ele é fomentador de
todo âmbito social onde estes indivíduos se mobilizam” (AMÂNCIO, 2003 p. 691).
Superada essas definições, podemos definir transgênero, conforme ensina o Dr.
Enézio de Deus Silva Júnior:

“(...) são indivíduos que, na sua forma particular de estar e/ou de agir, ultrapassam
as fronteiras de gênero esperadas/construídas culturalmente para um e para outro
sexo. Assim, são homens, mulheres (e pessoas que até preferem não se identificar,
biologicamente, por expressão alguma) que mesclam, nas suas formas plurais de
feminilidade e masculinidade, traços, sentimentos, comportamentos e vivências
que vão além de questões de gênero como, corriqueiramente, são, no geral,
tratadas.” (ENÉZIO SILVA JUNIOR, 2011 p. 65)

Os transgêneros possuem identidade de gênero diferente em diversos graus do sexo


biológico, e a partir deste entendimento, pode-se então, precisar o termo transgênero,
conforme ensina Letícia Lanz:

[...] a não conformidade com a norma de gênero está na raiz do fenômeno


transgênero, sendo ela – e nenhuma outra coisa – que determina a
existência do fenômeno transgênero. *...+ não se trata de “mais uma”
identidade gênerodivergente, mas de uma circunstância sociopolítica de
inadequação e/ou discordância e/ou desvio e/ou não-conformidade com o
dispositivo binário de gênero. [...] A transgeneridade é um fenômeno
extremamente amplo, podendo apresentar uma imensa variedade de
manifestações. O termo transgênero também vem sendo utilizado para
classificar pessoas que, de alguma forma, não se reconhecem e/ou não
podem ser socialmente reconhecidas nem como “homem”, nem como
“mulher”, pois a sua identidade de gênero não se enquadra em nenhuma
das duas categorias disponíveis. Desta forma, transgênero refere-se a todo
tipo de pessoa envolvida em comportamentos e/ou atividades que
transgridem as normas de conduta impostas pelo dispositivo binário de
gênero (LANZ, 2014 p. 70-71).

Por inúmeros motivos, as pessoas transgênero, não conseguem se ajustar às normas


de conduta relativas ao gênero em que foram especificados ao nascer, se tornam pessoas
estranhas, na visão de Heloisa Pontes (2004, p. 16), e se deparam com situações e
consequências graves e absolutamente nefastas, por serem e comportarem dessa forma.

Pessoas que provocam uma ideia de ―transição‖ entre os gêneros, como travestis
e transexuais, não apenas questionam normas de gênero estabelecidas, mas
ajudam a criar novos padrões de gêneros que podem vir a ser repetidos, pois é no
interior da performatividade que as fissuras de gênero se revelam e moldam
caminhos para novas vivências. Ainda conforme Butler, como (...) o transgênero
mesmo ingressa no campo do político? Sugiro que o faz não só fazendo-nos
questionar sobre o que é real e o que deve sê-lo, mas também mostrando-nos
como as ações contemporâneas de realidade podem ser questionadas e como
novos modos de realidade podem ser instituídos (LEITE JR., 2008, p. 125-126).

Durante milênios, a genitália trazida pelas pessoas desde o nascimento, era suficiente
para determinar ou definir o destino da pessoa em seu ciclo como ser humano. Por mais
atrasado que seja essa colocação, diante de tempos de acesso ao conhecimento e
principalmente sobre a complexa constituição e funcionamento da pessoa humana, ainda
prevalece na sociedade essa única distinção para separar e classificar “homens” e
“mulheres”, atribuindo-lhes, conceitos, características, comportamentos e vários papéis
sociais para sanar e atender a expectativa social, “assim, se a pessoa tiver um pênis, será
classificada no gênero masculino ou “homem”, da mesma forma que uma vagina
determinará sua classificação como membro do “gênero feminino” ou ”mulher” (LANZ ,
2014 p. 67).
Isto é, a sociedade mesmo estando em constante evolução em diversas áreas sócio
jurídica encontra-se ainda, limitadas e apegadas a esse conceito de classificação do que é ser
“homem” ou “mulher” e a determinação incessante de trejeitos sociais para então agradar e
atender o anseio da sociedade.

2 DAS MULHERES TRANSGÊNERO E O PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA


A Constituição Federal de 1988, em assistência às demandas sociais, endossa a
preservação e a promoção da dignidade da pessoa humana, e constitui-se como objetivo
fundamental e um princípio constitucional da República conforme se vê:

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos


Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de
Direito e tem como fundamentos:
[...]
III - a dignidade da pessoa humana.

Antes de adentrarmos no princípio da dignidade da pessoa humana, é importante


tecer alguns entendimentos que norteiam os direitos humanos.
Conforme os ensinamentos de André Carvalhos Ramos:

Os direitos humanos consistem em um conjunto de direitos considerado


indispensável para uma vida humana pautada na liberdade, igualdade e dignidade.
Os direitos humanos são os direitos essenciais e indispensáveis à vida digna.
(RAMOS, 2020, p. 24).

Nesse sentido, tem-se que os direitos humanos refletem preceitos primordiais, que
são explicitamente elencados em Constituições ou em tratados internacionais.

Estão expressos em tratados, no direito internacional consuetudinário, conjuntos


de princípios e outras modalidades do Direito. A legislação de direitos humanos
obriga os Estados a agir de uma determinada maneira e proíbe os Estados de se
envolverem em atividades específicas. No entanto, a legislação não estabelece os
direitos humanos. Os direitos humanos são direitos inerentes a cada pessoa
simplesmente por ela ser um humano (ONUBR, 2017).

O art. 55 da Carta da ONU alude que:

Artigo 55. Com o fim de criar condições de estabilidade e bem estar, necessárias às
relações pacíficas e amistosas entre as Nações, baseadas no respeito ao princípio
da igualdade de direitos e da autodeterminação dos povos, as Nações Unidas
favorecerão:
a) níveis mais altos de vida, trabalho efetivo e condições de progresso e
desenvolvimento econômico e social;
b) a solução dos problemas internacionais econômicos, sociais, sanitários e
conexos; a cooperação internacional, de caráter cultural e educacional;
c) o respeito universal e efetivo dos direitos humanos e das liberdades
fundamentais para todos, sem distinção de raça, sexo, língua ou religião (BRASIL,
1948).

Na Constituição Federal de 1988, encontra-se consagrado o princípio dos direitos


humanos, observe:
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais
pelos seguintes princípios: II – prevalência dos direitos humanos;(…)
Os direitos humanos são base para todos os direitos e garantias das mulheres
transgênero para que seja efetivo o tratamento igualitário e isonômico.
O objetivo da Carta da ONU e da Constituição Federal de 1988, é garantir proteção
aos direitos humanos, e assegurar o cumprimento dos direitos e garantias fundamentais que
estão elencadas no princípio constitucional da dignidade da pessoa humana.
Superada essas considerações, o princípio da dignidade da pessoa humana é,
claramente, o valor fundamental para a manutenção do Estado Democrático de Direito, e é
acima de tudo, uma condição intrínseca a todo e qualquer ser humano, inalienável e
irrenunciável.
O ordenamento jurídico pátrio passa por mudanças e evoluções de acordo a
sociedade e exercer papel importante no que tange a institucionalização do gênero como
um preito social e consolidador das relações de poder e opressão.
Carolina Valença Ferraz e Glauber Salomão Leite (2015, p.70) ensinam que: a pessoa
que tem a sensação de não se encaixar relativamente aquele gênero biológico que lhe fora
designado, sem que esse fato seja, devidamente amparado, acompanhado e respeitado pelo
direito, o resultado é preconceito, rejeição, humilhação pública e violência emocional.
Diante das influências que regem a manutenção do status quo da comunidade
LGBTQIA+ na esfera social, tem-se, por exemplo, o entendimento do STF de 13 de Junho de
2019, que criminaliza a homofobia e transfobia, e entendeu que o Congresso Nacional foi
omisso inconstitucionalmente por não editar a lei que criminalizaria os atos que envolvem
práticas homofóbicas e transfóbicas.
Diante de tal contexto, a Corte entendeu durante o julgamento da Ação Direta de
Inconstitucionalidade por Omissão (ADO) nº 26, e do Mandado de Injunção (MI) nº 4733,
que enquanto não fosse editada pelo Congresso Nacional, lei específica, as condutas
homofóbicas e transfóbicas, se incluem nos crimes previstos na Lei do Racismo, nº 7.716/86.
Princípios como da autoafirmação, autodeterminação e da dignidade da pessoa humana,
foram mencionados durante a decisão.
É importante aludir que o Direito Internacional avançou no que concerne à igualdade
de gêneros e, vislumbrou a proteção contra práticas violentas nas famílias e na sociedade,
através dos fundamentos dos princípios de Yogyakarta, que se trata de normas e aplicação
destas na orientação sexual e identidade de gênero, cada princípio está aparado por um
montante de recomendações estatais. Além disso, importantes mecanismos relacionados
aos direitos humanos das Nações Unidas, têm certificado a obrigação dos Estados de
endossar a todas as pessoas proteção idônea contra a discriminação por motivo de
orientação sexual ou identidade de gênero. Todavia, o retorno internacional às violações de
direitos humanos baseada na orientação sexual e identidade de gênero ainda se encontra
inconsistente e desagregada (Princípio de Yogyakarta 2017, p.8).

3 PRINCÍPIO DE YOGYAKARTA

A Comissão Internacional de Juristas e o Serviço Internacional de Direitos Humanos,


em prol de uma coalização de organizações de direitos humanos, desenvolveram um projeto
que tinha como objetivo a desenvoltura de um conjunto de princípios jurídicos
internacionais que versassem sobre a legislação internacional às violações de direitos
humanos com base na orientação sexual e identidade de gênero, para que houvesse mais
clareza e coerência às obrigações de direitos humanos dos Estados (Princípio de Yogyarkarta
, p.8).
Conforme a introdução dos Princípios de Yogyakarta:
Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. Todos os
direitos humanos são universais, interdependentes, indivisíveis e inter-
1 2
relacionados. A orientação sexual e a identidade gênero são essenciais para a
dignidade e humanidade de cada pessoa e não devem ser motivo de discriminação
ou abuso (Princípios de Yogyakarta, p.7)

Nota-se que o Princípio da Dignidade da Pessoa Humana, é a base para os Princípios


de Yogyakarta, e que os fundamentos essenciais correspondem nitidamente à mesma ideia
com foco nos direitos sobre a orientação sexual e a identidade de gênero.
Um grupo de especialistas em direitos humanos elaborou um documento preliminar,
na qual, discutiu e refinou esses princípios. Conforme a parte introdutória dos Princípios de
Yogyakarta:
Um grupo eminente de especialistas em direitos humanos preparou um
documento preliminar, desenvolveu, discutiu e refinou esses Princípios. Depois de
uma reunião de especialistas, realizada na Universidade Gadjah Mada, em
Yogyakarta, Indonésia, entre 6 e 9 de novembro de 2006, 29 eminentes
especialistas de 25 países, com experiências diversas e conhecimento relevante das
questões da legislação de direitos humanos, adotaram por unanimidade os
Princípios de Yogyakarta sobre a Aplicação da Legislação Internacional de Direitos
Humanos em relação à Orientação Sexual e Identidade de Gênero (Princípios de
Yogyakarta, p. 8).
O relator da reunião foi o professor Michael O’Flaherty, responsável por a princípio
contribuir com a versão preliminar e a revisão dos Princípios.
Os Princípios de Yogyakarta lidam com a ampla visão de normas de direitos humanos
e de sua aplicação em questões que envolvem orientação sexual e identidade de gênero.
Esses Princípios reiteram que os Estados tem obrigação de implementarem os
direitos humanos, vez que, cada Princípio é devidamente enriquecido através das
recomendações estatais. Contudo, os especialistas frisam que outros atores também detém
a responsabilidade na promoção e proteção dos direitos humanos, quais sejam: o sistema de
direitos humanos das Nações Unidas, instituições nacionais de direitos humanos,
financiadores, organizações não-governamentais e a mídia.
Em suma, os Princípios de Yogyakarta vislumbram o estado atual da legislação
internacional de direitos humanos concernente às questões de identidade de gênero e
orientação sexual. Os princípios de Yogyakarta sustentam as normas jurídicas internacionais
vinculantes, que devem ser observadas e cumpridas por todos os Estados, dentre os quais,
destacam-se os princípios que se seguem.

3.1 Direito a igualdade e a não discriminação

A igualdade e a não discriminação são princípios fundamentais e indispensáveis do


Direito Internacional.
Todas as pessoas, sem distinção, possuem o direito de desfrutar de todos os direitos
humanos, inclusive o direito de ser tratada de forma igualitária pela lei e a garantia do
direito à proteção contra a discriminação por inúmeros motivos, incluindo a orientação
sexual e a identidade de gênero. Veja-se:

Todas as pessoas têm o direito de desfrutar de todos os direitos humanos livres de


discriminação por sua orientação sexual ou identidade de gênero. Todos e todas
têm direito à igualdade perante à lei e à proteção da lei sem qualquer
discriminação, seja ou não também afetado o gozo de outro direito humano. A lei
deve proibir qualquer dessas discriminações e garantir a todas as pessoas proteção
igual e eficaz contra qualquer uma dessas discriminações (Princípios de Yogyakarta,
2007 p. 12)
De acordo os Princípios de Yogyakarta (2007, p. 13) a discriminação por motivos de
orientação sexual ou identidade de gênero que inclui qualquer tipo de distinção, restrição,
limitação ou preferência baseada na condição sexual, que tenha como objetivo prejudicar ou
nulificar a igualdade diante da lei ou proteção igual à lei, ou o reconhecimento, exercício ou
gozo, em base igualitária, de todos os direitos e garantias humanas e das liberdades
fundamentais. É importante frisar, que a discriminação que tem como base a orientação
sexual ou identidade de gênero é, comumente, agravada por discriminação decorrente de
algumas outras circunstâncias, como por exemplo, aquelas relacionadas ao gênero, raça,
religião, cor e status financeiro.
Diante de tal situação, os Princípios de Yogyakarta (2007, p. 13) dispõe que os
Estados deverão incorporar os princípios de igualdade e não discriminação por motivo de
orientação sexual e identidade de gênero nas suas constituições nacionais, adotar legislação
adequada e outras medidas que proíbam a discriminação nas esferas públicas e privadas por
motivo de orientação sexual e identidade de gênero e implementar normas e ações
apropriadas, programas de educação, para que elimine atitudes ou comportamentos
preconceituosos ou discriminatórios, que estejam relacionados á ideia de inferioridade ou
superioridade de qualquer orientação sexual, expressão de gênero ou identidade de gênero.

3.2 Direito a vida

Todas as pessoas, sem distinção, possuem direito a vida. Ninguém pode ser de forma
arbitrária privado da vida, inclusive nas condições á orientação sexual ou identidade de
gênero.
Na Constituição Federal de 1988, em seu art. 5º, caput, elucida o direito a vida,
observe: art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.
Conforme os ensinamentos de Luciana Russo (2009 p. 91), o direito á vida é o bem
mais significativo e pertinente de todas as pessoas, além disso, a dignidade da pessoa
humana elencada e fundamentada na Constituição Federal de 1988 se quer, existiria sem a
vida.
Já para Alexandre de Moraes (2003, p. 63), o direito à vida é o primordial diante de
todos os direitos, pois, se trata de um pré-requisito à existência e exercícios dos demais
direitos.
Nesse mesmo sentindo, elucida André Ramos Taváres (2010, p. 569): “é o mais básico
de todos os direitos, no sentido de que surge como verdadeiro pré-requisito da existência
dos demais direitos consagrados constitucionalmente. É, por isto, o direito humano mais
sagrado”.

3.3 Direito a segurança pessoal

Todas as pessoas, sem distinção, independente de sua orientação sexual ou


identidade de gênero, tem o direito á segurança pessoal respaldada pela proteção do Estado
contra a violência ou dano corporal infligido por qualquer indivíduo (Princípio de Yogyakarta,
2007 p. 15).
Conforme determina os Princípios de Yogyakarta (2007, p. 16) os Estados devem se
ater as medidas policiais e outras medidas cabíveis e necessárias para proteger e prevenir as
pessoas de todas as formas de violência e assédio relacionadas á orientação sexual e a
identidade de gênero, tomar medidas legislativas, administrativas e outas medidas
necessárias para garantir que a orientação sexual ou identidade de gênero da vítima não
seja utilizada para justificar, atenuar e desculpar ações de violência.

3.4 Direito a tratamento humano durante a detenção

Todos os indivíduos cumprindo pena privativa de liberdade devem ser tratados com
humanidade e com respeito pela dignidade inerente à pessoa humana. A orientação sexual e
identidade de gênero são partes consideradas essenciais da dignidade de cada pessoa
(Princípios de Yogyakarta, 2007 p.19)
Conforme estipula os Princípios de Yogyakarta (2007, p. 19) os Estados deverão
garantir que a detenção evite maior marginalização das pessoas pela sua orientação sexual,
assegurar que todos os detentos e detentas participem das decisões relacionadas ao local de
detenção adequado à sua condição sexual, implantar medidas de proteção para os presos e
presas vulneráveis à violência ou abuso motivado pela condição sexual, de forma que essas
medidas não resultem maior restrição a seus direitos, assegurar que as visitas conjugais,
onde são permitidas, com base de igualdade a todas as outras pessoas e implementar
programas de treinamento, educação e conscientização no sistema prisional e todas as
demais pessoa que estão envolvidas com as instalações prisionais, sobre padrões de
respeito, igualdade e não discriminação desses detentos e detentas pela sua orientação
sexual e identidade de gênero.

3.5 Direito de não sofrer tortura e tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante

Todas as pessoas, sem distinção, tem o direito de não ser submetido à tortura ou
tratamento cruel, desumano e degradante, inclusive por motivações relacionadas à
orientação sexual e identidade de gênero (Princípio de Yogyakarta, 2007 p. 20).
De acordo dispõe os Princípios de Yogyakarta (2007, p. 20) os Estados deverão se ater
a tomar todas as medidas cabíveis e razoáveis para identificar as vítimas de tortura e
tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante, perpetrados por motivos
relacionados à orientação sexual e identidade de gênero, promovendo recursos jurídicos,
medidas corretivas e reparações e, quando for apropriado, apoio médico e psicológico.

3.6 Direito à liberdade de opinião e expressão

Toda pessoa, indepedentente de sua orientação sexual ou identidade de gênero, tem


direito a liberdade de opinião e expressão de identidade e autonomia pessoal através da
fala, vestimenta, traços corporais, escolha de nome ou qualquer outro meio que viabilize tal
entendimento (Princípios de Yogyakarta, 2007, p. 27).
Em conformidade com oque determina os Princípios de Yogyakarta (2007, p. 27), os
Estados devem assegurar e garantir que o exercício da liberdade de expressão e opinião não
seja violado e firam a liberdade das pessoas de orientação sexual e identidade de gênero
diversa.
Os Princípios de Yogyakarta (2007, p.37) vislumbram a aplicação da legislação de
direitos humanos internacionais o direito, à vida e à experiência das pessoas de orientações
sexuais e identidades de gênero diversas de forma que nenhum deles deve ser interpretado
como restringindo e limitando os direitos e liberdades dessas pessoas, conforme já
reconhecidos e elucidados em leis internacionais, regionais e nacionais.

4 ADPF Nº 527

Antes de adentramos no conteúdo da ADPF nº 527, cumpre fazer algumas


considerações sobre as garantias trazidas pela Resolução Conjunta nº1, assinada em 2014
pelo Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP) e pelo Conselho
Nacional de Combate á Discriminação CNCD/LGBT e a ADI nº 4.275 – STF.
A Resolução Conjunta nº 1, determinou regras de tratamento e acolhimento para as
pessoas LGBT que se encontram inseridas no sistema prisional brasileiro, levando em conta a
aplicação dos Princípios de Yogyakarta pelo poder judiciário brasileiro, e com devida
observância às Regras de Mandela (CNJ, 2016), que dispõe regras básicas (das Nações
Unidas) para o tratamento de pessoas em cumprimento de pena privativa de liberdade.
A ADPF nº 527 – STF foi impetrada pela Associação Brasileira de Lésbicas, Gays,
Bissexuais, Travestis e Transexuais no Supremo Tribunal Federal (STF), em que foi solicitado
uma interpretação acertada da Resolução Conjunta nº 01, de 15 de abril de 2014, com a
Constituição Federal de 1988, para que as detentas transexuais cumpram pena privativa de
liberdade somente em sistema prisional compossível com o gênero feminino, ou seja, a
ADPF 527 versa sobre o Direito das pessoas LGBTQIA+ no cumprimento de penas em
circunstâncias pertinentes com sua identidade de gênero.
Trata-se de arguição de descumprimento de preceito fundamental, com pedido de
medida cautelar, tendo como objeto o art. 3°, §§ 1° e 2°; e o art. 4°, parágrafo único, da
Resolução Conjunta n° 1, de 15 de abril de 2014, que dispõe a seguinte redação:

Art. 3° Às travestis e aos gays privados de liberdade em unidades prisionais


masculinas, considerando a sua segurança e especial vulnerabilidade, deverão ser
oferecidos espaços de vivência específicos.
§ 1° Os espaços para essa população não devem se destinar à aplicação de medida
disciplinar ou de qualquer método coercitivo.
§ 2° A transferência da pessoa presa para o espaço de vivência específico ficará
condicionada à sua expressa manifestação de vontade.
Art. 4° As pessoas transexuais masculinas e femininas devem ser encaminhadas
para as unidades prisionais femininas. Parágrafo único. Às mulheres transexuais
deverá ser garantido tratamento isonômico ao das demais mulheres em privação
de liberdade. (BRASIL, 2014)
Posterior à sustentação da legitimidade ativa e o cabimento legal da arguição, foi
alegado, que os dispositivos mencionados, deveriam ser observados em conformidade ao
disposto nos artigos 1°, inciso III; 5°, inciso III; e 196, todos da Constituição de 1988, e
modificar o teor da Resolução Conjunta já mencionada, de modo a garantir o direito das
travesti a serem voltadas ao sistema prisional brasileiro, observando rigorosamente a
identidade de gênero do encarcerado ou encarcerada.
Advém que, a partir do julgamento da Ação Direita de Inconstitucionalidade (ADI) nº
4.275, o STF proferiu decisão histórica, que atingiu e consolidou as identidades transgênero
a um escalão de segurança e proteção constitucional. Assim, os Ministros reconheceram a
possibilidade, se assim desejarem, de que os transgêneros, independentemente de terem
realizado a cirurgia de transgenitalização, ou a submissão de tratamentos hormonais ou
patologizantes, o direito a substituição do nome e sexo no registro civil.
Sucintamente, a ADPF 527 tende reestabelecer o que elucida a Constituição Federal
de 1988, acautelando à dignidade da pessoa humana, o direito a vida e a integridade física,
direito a saúde, a não discriminação em razão da identidade de gênero o por qualquer
motivo relacionado à orientação sexual, proibição à tortura, ao tratamento degradante,
desumano ou cruel, assim como os preceitos e diretrizes que regulamentam a abertura da
Constituição Federal de 1988 ao direito internacional dos direitos humanos.
Sem que houvesse elementos suficientes para uma solução unívoca quanto aos
travestis, foi deferido, pelo Ministro, que as transexuais femininas fossem devidamente
transferidas para presídios femininos.
A decisão foi pautada expressamente sob os Princípios de Yogyakarta e ao
descumprimento contínuo aos Princípios da Dignidade Humana, da liberdade e da igualdade
no sistema penitenciário brasileiro.
Nesse mesmo sentindo, a Procuradoria Geral da República (PGR), divulgou parecer
adepto de que a transferência e a manutenção das detentas transexuais e das travestis
reconhecidas socialmente com o gênero feminino em presídios masculinos diverge do que
preceitua os direitos fundamentais previstos na Constituição Federal de 1988.
Não se pode negar que ha uma controvérsia substancial sobre o assunto, e que os
argumentos adversos a tais decisões tomaram como base, em sua ampla maioria, sobre a
ausência de cirurgia de redesignação sexual ou transgenitalização e no risco a integridade
física e sexual das mulheres cisgênero.
Em 26 de junho de 2019, o Ministro Luís Roberto Barroso ratificou parcialmente que
mulheres transexuais fossem devidamente transferidas para presídios femininos, no
entanto, a decisão não alcançava a travestis, pois, não havia entendimento plausível sobre a
melhor providência a ser adorada para esse grupo de pessoas.
Em 23 de março de 2021, o relator reajustou os termos no que tange as medidas
cautelares, para que pessoas transgêneros pudessem optar pelo estabelecimento prisional
feminino ou masculino para cumprimento de pena privativa de liberdade.
Após, a decisão do Ministro Barroso na ADPF 527, o Conselho Nacional de Justiça
(CNJ) editou a resolução 366 de 2021, que na prática editou a resolução 348 de 2020, para
estabelecer que no âmbito criminal, as pessoas que se declarassem transexuais, travestis ou
intersexo pudessem escolher se querem ser levadas para unidades penitenciárias femininas
ou masculinas.
Há, também, atualmente, uma resolução, editada pelo CNJ, que garante tais direitos
a essa população, que, diga-se de passagem, é mais um reforço a mencionado.
A partir de então, a discursão sobre as constantes violações cometidas dentro do
sistema prisional brasileiro com as pessoas transgêneros, ganhou visibilidade e se tornou
palco de destaque mundo sócio jurídico pátrio.
Outro marco histórico no ordenamento jurídico que merece destaque é a ADPF nº
527 do Supremo Tribunal Federal, que possibilitou o encarcerado ou encarcerada
transgênero, escolher em qual sistema prisional (feminino ou masculino) prefere cumprir
pena privativa de liberdade em detrimento de sua orientação sexual.
A ADI nº 4.275 também merece ser mencionada, pois, se trata de mais uma
conquista relacionada à orientação sexual e a identidade de gênero, na qual possibilitou a
alteração do nome no registro civil das pessoas transgêneros.
O sistema penitenciário e a execução penal no Brasil funcionaram por muito tempo
através de uma ótica constitucional que considerava estritamente o gênero atrelado ao
órgão genital, e assim, dividia a população encarcerada entre homens e mulheres. Essa
distinção encontra-se superada e meramente casuística da sociedade moderna, essa
limitação referente à orientação sexual e identidade de gênero no sistema de execução
penal já foi uma prensa para esses indivíduos vulneráveis.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Restou evidenciado no presente estudo a hipervulnerabilidade das mulheres
transgênero encarceradas. É indiscutível que o sistema de execução penal brasileiro é
deficitário e impiedoso em incontáveis aspectos, não só com a população transgênero, essa
situação inflexível independe do gênero do encarcerado, mas quando se trata das mulheres
transgêneros, essa situação tende a ser muito mais grave.
Por isso, as garantias fundamentais confinadas na CRFB/88 e nos demais diplomas
infraconstitucionais, como por exemplo, a resolução conjunta nº 1 e a anuência do Brasil aos
Princípios de Yogyakarta, devem ser cumpridos na íntegra, sob pena, de colocar essas
mulheres em uma situação de risco irreparável.
Razão pela qual, afirma-se que o julgamento da ADPF nº 527, foi uma decisão
histórica, para a população trânsgenero encarcerada, que permitiu que pessoas transgênero
pudessem escolher se cumpre a pena privativa de liberdade em penitenciárias masculinas ou
femininas.
Frise- se, porém, que apesar de, tal decisão ter minimizado a incessante violação aos
direitos dessas pessoas LGBTQIA+, ela é só uma das ferramentas que suavizam a situação
dessas mulheres transgênero, devendo o Estado humanizar a situação de todos os
encarcerados, sobretudo àqueles em situação de hipervulnerabilidade, como é o caso dessas
mulheres.
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