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Introdução à Sexualidade

A Sexualidade das Pessoas


com Deficiência

Aline Moura Gameleira


Psicóloga CRP 15/2284
O que é deficiência?

1. Insuficiência ou ausência de funcionamento de um


órgão.

1. Insuficiência de uma função psíquica ou intelectual.

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Ciclo da resposta sexual

Desejo >> Excitação >> Orgasmo >> Relaxamento

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Sexualidade e Deficiência
A experiência da sexualidade e da corporalidade de modo
geral, é fator integrante do processo de formação de
identidade, que por sua vez é determinado, em grande
parte, pelas mensagens que o indivíduo recebe no convívio
com outras pessoas.

A formação de identidade pessoal é a essência do processo


de socialização, e consiste em comparar-se e ajustar-se aos
padrões reconhecidos como “normais” pelo grupo social.
Assim, a imagem que um indivíduo tem de si e de seu corpo
é definida a partir das percepções e representações que os
outros membros do seu grupo social fazem dele.
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Sexualidade e Deficiência
A Maioria das pessoas com deficiências, assim como outras
minorias desviantes, por não conseguirem aderir aos
padrões sociais de normalidade, são considerados
“anormais” (fora da norma), sendo marginalizados ou
excluídos da vida social.

Em função desta situação de vida estigmatizada,


desenvolvem uma personalidade, identidade pessoal, ou
maneira de ser no mundo incompleta, fragmentada,
“excepcional” (Glat, 1989; 1995; Goffman, 1988).

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Indivíduos com deficiências, em sua maioria, são tratados


(tanto no sentido terapêutico, quanto pessoal) como
incapazes, indesejáveis, dependentes.

São ensinados e reforçados (até mesmo pelos


profissionais) durante toda a sua vida a representar o
papel social do deficiente, resultando em um nível de
autonomia e adaptação social mais baixo do que lhes seria
imputado por sua condição orgânica.

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Por lhes ser negado o acesso a uma educação adequada,


bem como experiências de vida significativas,
frequentemente acabam exibindo comportamentos
inapropriados, na esfera da sexualidade, assim como em
várias outras áreas.

Justamente por não serem considerados seres humanos


“completos” ou “normais”, a sexualidade da pessoas com
deficiência ainda é ignorada, ou considerada um tabu.

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Alguns avanços:

1. Desmistificação da sexualidade de modo geral que,


gradativamente, vem ganhando espaços educativos

1. Nos meios de comunicação de massa, também,


sexualidade não é mais veiculada apenas como
pornografia, e sim como matéria de interesse cultural e
educacional.

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Sexualidade e Deficiência

A propagação dos princípios e políticas de inclusão, por


outro lado, faz com que a discussão sobre sexualidade seja
ampliada para abranger questões referentes as pessoas
com deficiência. Na medida em que esses jovens saem do
confinamento de suas casas e instituições especializadas, e
começam a frequentar os espaços educacionais e sociais
comuns a todos, tornam-se também mais abertos às
experiências sexuais e situações de risco, necessitando,
portanto, de orientação.

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Sexualidade e Deficiência

As pesquisas mostram que a representação social de


muitas famílias e profissionais sobre sexualidade de seus
filhos, alunos ou pacientes com deficiência alterna-se
entre dois eixos: por um lado, são considerados
sexualmente infantis e assexuados e, por outro,
sexualmente agressivos, exibicionistas e/ou “sem controle”.

Com base nesses estereótipos, o desenvolvimento e a


expressão saudável e normal da sexualidade nesses jovens
é reprimida ou ignorada.

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Os pais, frequentemente externam preocupação de que


pessoas mal intencionadas “se aproveitem de seus filhos”
por conta de sua deficiência cognitiva, física ou sensorial
que os torna mais carentes.

Discutir sobre métodos anticoncepcionais, por exemplo,


assusta tanto pais quanto profissionais, pois sugere a
possibilidade de permitir que esses jovens “inocentes”
tenham vida amorosa e sexual.

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Chama atenção, também, que embora pais e profissionais


reconheçam que os jovens deficientes têm interesse em
namoro, sexo e, até mesmo, casamento, a maioria nunca
namorou, e poucos participam de reuniões e atividades
sociais, não protegidas.

Sobretudo os jovens com déficits cognitivos e distúrbios


de comportamento, não têm oportunidade de vivenciar
relações amorosas próprias dos adolescentes.

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O estereótipo do deficiente como sexualmente agressivo
ou assexuado, é uma extensão da visão popular do
deficiente como um “ser demoníaco” ou “uma eterna
criança”, respectivamente. Estas representações sociais se
tornam, então, justificativas para negação de sua
sexualidade e, consequentemente, para a ausência de
orientação sexual a esta população. Aí, quando esses jovens
exibem comportamentos sexuais considerados socialmente
inapropriados, estes são interpretados como “sintoma de
sua patologia”, e adotam-se medidas repressoras (abertas
ou veladas), inclusive através do uso de medicação (Denari,
1997; Glat, 1992; Glat & Freitas, 1996; Militão, 1991).

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Certamente não há qualquer evidência científica para a
suposição de que pessoas com deficiência, mesmo aquelas
com déficit cognitivo, não possuam sexualidade ou que seu
desenvolvimento sexual (a não ser, talvez, nos casos mais
prejudicados neurologicamente) seja qualitativamente
diferente dos demais (Assumpção Jr. & Sprovieri, 1993;
Facion, 2002; Glat, 1992; Glat & Freitas 1996; SPOD, 1988; etc).

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Causas psicológicas da
Impotência:
● Ansiedade
● Depressão
● Fadiga
● Culpa
● Stress
● Problemas conjugais
● Problemas financeiros
● Ansiedade por desempenho
● Excessivo uso de álcool
● Conflitos de identidade sexual, preferência e
orientação sexual.
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Outros fatores:

● Fumo
● Colesterol.
● Efeito colateral de Cirurgias e Traumas
● Drogas
● Impotência como efeito colateral de medicamentos
para Pressão, Depressão, Diuréticos etc.

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Impotência Por Lesão Medular:

Em alguns casos a quantidade e qualidade do esperma


ejaculado pode estar comprometida o que ocorre em parte
às vezes pelas infecções urinárias que são bastante comuns
em quem tem esse tipo de lesão. O problema com o
esperma ejaculado pode ser um fator complicador para o
paciente ter filhos. A sensibilidade em outras parte do corpo
(ex: mamilo, pescoço etc...) pode facilitar o orgasmo.

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Impotência Por Lesão Medular:

A ereção que é a entrada de sangue nos corpos cavernosos


ocorre quando provocada de forma reflexa (estímulo nos
órgãos genitais ou regiões próximas e leva à ereção como
um arco reflexo independente de estímulos do cérebro) ou
psicogênica ou ambas.

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Impotência Por Lesão Medular:
A ereção psicogênica é aquela em que os estímulos partem
do cérebro, descem a medula e através dos nervos chegarão
até os órgãos genitais. Esse tipo de estímulo ocorre
frequentemente quando o homem se depara com situações
que causem a excitação ou desejo sexual como por exemplo
estímulo visual, tátil, cheiros, sons ou pensamentos.

Cada um desses estímulos é comandado por um centro


medular e é por isso que o local da lesão altera a parte de
ereção de forma diferente e poderá definir o tratamento a
ser seguido.

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Impotência Por Lesão Medular:
É preciso avaliar o paciente para ver se seu problema de
ereção pode ser resolvido com medicamentos via oral ou
injetável. Caso não seja possível uma boa ereção com os
tratamentos clínicos aí será necessário pensar em implante
peniano que dará uma boa rigidez ao pênis do paciente. O
tipo de implante a ser utilizado será definido com base no
quadro clínico do paciente, na destreza em lidar com o
implante e da condição financeira do mesmo. O uso de
implantes infláveis são altamente recomendados em
pacientes que necessitam se auto sondar.

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Impotência Por Lesão Medular:

Tão importante quanto tentar melhorar a parte física do


paciente para conseguir uma boa relação sexual é
fundamental muito diálogo e sintonia entre o casal para
superar as dificuldades das limitações e fornecer uma
qualidade de vida sexual bastante satisfatória.

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Jovens com paralisia cerebral

Apenas 1/4 dos jovens com paralisia cerebral se mostram


mais independente: “saio sozinho para fazer compras e
para jogar bola”. Poucos jovens tem namorada e costuma
ir para a casa dela.

Embora saibam o que é uma relação sexual, a maioria


demora ou não tem a experiência, acabam sendo vigiados
constantemente pelos pais.

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Jovens com paralisia cerebral
Em sua maioria sabem como as mulheres engravidam,
mas não sabem falar sobre gestação, parto, métodos
contraceptivos.

Sobre infecções sexualmente transmissíveis sabe que são


doenças que se pegam transando, mas o que fica notório
é que a “educação” vem através do medo.

Da mesma forma falta informação sobre menstruação e


masturbação.

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Jovens com deficiência visual

● Estão acostumados a sair sozinhos;


● Se relacionam com jovens sem deficiência, além de
seus pares, e já tiveram namorado(a);
● Eles entendem bem a diferença entre namorar e
“ficar”.
● Todos sabem o que é uma relação sexual e
menstruação;
● A primeira relação acontece entre os 14 e 17 anos.

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Jovens com deficiência visual

● Quase todos receberam propostas “indecentes”, de


adultos, de ambos os sexos.
● Eles sabem como a mulher engravida, como nascem os
bebês e como é o processo de gestação.
● Em sua maioria, conhecem métodos anticoncepcionais
e citaram como formas de evitar a gravidez: a pílula, a
injeção, o coito interrompido e a camisinha.
● Reconhecem os perigos de doenças sexualmente
transmissíveis.

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Sexualidade e a pessoa com
TEA
O desenvolvimento e processo de maturação das pessoas
autistas pode ser afetado pelo grande número de
desordens em seu sistema nervoso, no metabolismo e no
processo hormonal.

Como a epilepsia é frequente, é comum também o uso de


medicação. Remédios antipsicóticos são frequentes para
a diminuição da agressividade e de condutas
autodestrutivas e podem afetar a sexualidade.

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Sexualidade e a pessoa com
TEA
Estudos com pacientes psiquiátricos adultos sugerem que
o uso de neurolépticos pode inibir a libido, a ereção e a
ejaculação. (Mitchell&Popkin, 1983;Hertof, 1987).

Sabe-se que para alguns autistas a interação social, a


comunicação e o contato físico são áreas que podem
estar afetadas. Eles podem ter muita dificuldade, para
empatizar com outras pessoas e que pode ter problemas
para entender e expressar seus próprios sentimentos,
necessidades e desejos.

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Sexualidade e a pessoa com
TEA

Sua fantasia e uso da imaginação são muito limitadas e


sabemos que sua tendência para ritualizar e repetir
padrões de comportamento de forma estereotipada
dificulta algumas atividades diárias da vida.

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Sexualidade e a pessoa com
TEA
A puberdade, com o crescimento repentino e as mudanças
na aparência física que a acompanham e o aparecimento de
caracteres sexuais, pode acarretar ansiedade. Ouvi relatos
como o de uma jovem que descrevia a horrível sensação
que ela sentia ao redor de seu clitóris. Algumas vezes ela se
dirigia à sensação, pedindo-lhe para parar. Em situações
extremas, ela podia até bater-se. Ela se recusava a tocar-se,
não por ter medo da sensação mas por pensar no ato de
tocar-se como "muito desagradável". Um jovem autista dizia
ter medo de que seu pênis caísse, quando ereto.
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Sexualidade e a pessoa com
TEA
A falta de compreensão das normas e regras sociais pode
levar uma pessoa autista a tirar a roupa ou masturbar-se
em público. A impulsividade pode fazer com que um autista
tente tocar, beijar ou abraçar uma pessoa estranha. A
dificuldade em aproximar-se dos outros na tentativa de
estabelecer um relacionamento amoroso e/ou a rejeição ao
contato físico com conotações sexuais pode levar à
frustração e resultar em agressividade ou comportamentos
auto agressivos. Levando ao isolamento ou confusão.

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Considerações finais

● Os jovens com deficiências não têm nenhuma


necessidade especial em relação a sexo que os demais
jovens também não apresentem.

● Seu grande problema na esfera da sexualidade é a


falta de orientação, pois, de modo geral suas famílias ,
escolas, ou instituições, por diversas razões, não
assumem essa responsabilidade.

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Considerações finais

● Esta lacuna gera, por sua vez, um problema de saúde,


tanto mental quanto física, pois o desenvolvimento
sadio da sexualidade contribui de forma significativa
(para não dizer imprescindível) para o bem estar
orgânico e psicológico de qualquer indivíduo.

● Vale ressaltar que a forma como a sociedade, incluindo


suas famílias e os próprios profissionais da área, tem
uma visão estereotipada e preconceituosa da
sexualidade de pessoas com deficiência.

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Considerações finais

● Essa concepção é invariavelmente passada para eles,


que aprendem desde cedo a negar ou não reconhecer o
desenvolvimento de sua sexualidade.

● Este fato, aliado à auto-imagem denegrida devido ao


estigma da deficiência, acarreta, inevitavelmente, para
esses jovens problemas emocionais e psicológicos,
geralmente não reconhecidos por aqueles que com eles
convivem.

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Considerações finais

● Devido à sua carência afetiva, eles tornam-se ainda mais


vulneráveis às situações de risco e exploração sexual.

● A autoimagem do corpo mutilado e acorrentado, não


merecedor de prazer, comparado com os de seus demais
colegas, “completos e perfeitos”, é muito frequente em
adolescentes com deficiências físicas e paralisia
cerebral.

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