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INTRODUÇÃO
EXPEDIENTE
GOVERNO FEDERAL
MINISTÉRIO DA JUSTIÇA E SEGURANÇA PÚBLICA
SECRETARIA NACIONAL DE POLÍTICAS SOBRE DROGAS
SECRETÁRIO NACIONAL
Luiz Roberto Beggiora
CONTEUDISTAS
George Felipe Lima Dantas
Isângelo Senna da Costa
REVISÃO DE CONTEÚDO
Carlos Timo Brito
Fernanda Flavia Rios dos Santos
APOIO
Ana Carolina Pastorino Magalhães
Daphne Sarah Gomes Jacob
Eurides Branquinho da Silva
Maria Aparecida Alves Dias
Maria de Fatima Pinheiro de Moura Barros
Tatiana Almeida Santos
BY NC ND
labSEAD
COORDENAÇÃO GERAL
Luciano Patrício Souza de Castro
FINANCEIRO
Fernando Machado Wolf
SUPERVISÃO DE MOODLE
Andreia Mara Fiala
SECRETARIA ADMINISTRATIVA
Caroline da Rosa
Gabriela Cassiano Abdalla
DESIGN INSTRUCIONAL
Supervisão: Milene Silva de Castro
Danrley Mauricio Vieira
Márcia Melo Bortolato
Marielly Agatha Machado
DESIGN GRÁFICO
Supervisão: Fabrício Sawczen
Heliziane Barbosa
Juliana Jacinto Teixeira
Luana Pillmann de Barros
Vinicius Alves Jacob Simões
REVISÃO TEXTUAL
Supervisão: Cleusa Iracema Pereira Raimundo
Isadora da Silveira Calônico
PROGRAMAÇÃO
Supervisão: Alexandre Dal Fabbro
Cleberton de Souza Oliveira
Thiago Assi
AUDIOVISUAL
Supervisão: Rafael Poletto Dutra
Fabíola de Andrade
Luiz Felipe Moreira Silva Oliveira
Renata Gordo Corrêa
TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO
Dalmo Tsuyoshi Venturieri
Wilton Jose Pimentel Filho
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO 5
REFERÊNCIAS 62
APRESENTAÇÃO
Olá, cursista!
RA
Enquadre no seu celular Seja bem-vindo ao nosso primeiro módulo do curso.
ou tablet o código de
REALIDADE AUMENTADA
do aplicativo Zappar
Neste módulo, trataremos da problemática do narcotráfico e do crime
para assistir ao vídeo de organizado, por meio de uma abordagem multidisciplinar que leva em
apresentação do módulo. conta, por exemplo, aspectos econômicos, sociais, culturais e psico-
lógicos. Nesse sentido, apresentaremos reflexões que nos permitam
entender no que consiste a economia das drogas e quais os elementos
que compõem o mercado das drogas. Outros pontos abordados no
módulo dizem respeito a concepções nacionais e internacionais do
que vem a ser o crime organizado e as organizações criminosas em
suas interfaces com a violência e com o Sistema de Justiça Criminal.
Objetivos do módulo
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
5
UNIDADE 1
ASPECTOS MERCADOLÓGICOS
DO NARCOTRÁFICO E DO CRIME
ORGANIZADO
Contextualizando
Nesta unidade, apresentaremos as principais noções e conceitos re-
lacionados aos aspectos mercadológicos do crime organizado e do
narcotráfico, assim como os aspectos relacionados à oferta de drogas.
Para compor nossa reflexão, vamos nos valer de aspectos econômicos,
sociais, culturais e psicológicos que circundam o problema.
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
6
Nas ruas da maioria das capitais do país, usuários de
drogas são vistos nas sinaleiras, numa situação degradante,
pedindo moedas e mendigando qualquer centavo para
compra de droga.
(SOUZA; CALVETE, 2017)
saiba mais
O Código Internacional de Doenças (2013), em sua décima
edição, aponta os vários diagnósticos correspondentes
(disponível em: https://cid10.com.br/).
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
7
dica de mídia
WASHINGTON
VERMONT MAiNE
OREGON
MASSACHUSETTS
MiCHiGAN
NEVADA
CALiFÓRNiA iLLiNOiS
COLORADO
Estados que liberam o consumo
recrativo da Cannabis nos EUA:
Califórnia, Colorado, Oregon,
Massachusetts, Washington,
Maine, Nevada, Illinois, Michigan,
Vermont, Alasca e Maine.
ALASKA
Foto: Adaptado de © [sutowo] /
Adobe Stock.
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
8
Lá as unidades federativas possuem legislações distintas, ao con-
trário do Brasil, país onde prevalece uma legislação federal única.
Em função disso, as políticas de liberação de uso e comercialização
legal de drogas podem assumir posições extremamente díspares.
Redução de 19% na
taxa média dos
glossário crimes na cidade de
Denver, Colorado.
Correlação é uma medida do
relacionamento linear entre duas
variáveis. Essas variáveis podem
estar positivamente relacionadas,
negativamente relacionadas ou não
relacionadas.
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
9
Como a cidade mais feliz dos EUA, é seguro dizer que
Boulder encontrou seu equilíbrio. Esta cidade descontraída
no sopé das Montanhas Rochosas pontua em vários níveis
da escala para hierarquizar a felicidade.
(GUPTON, 2017)
(JOKO WIDODO)
A questão tem se tornado tão séria que o governo brasileiro tem alertado
os viajantes brasileiros dos riscos de se ingressar na Indonésia portando
drogas, veja as Instruções para Viajantes Brasileiros (BRASIL, 2020).
PODCAST transcrito
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
10
Se a imoralidade do tema tráfico e do uso de drogas é fato ou não, em
face das ciências, nem por isso a economia das drogas deixou de ser
tratada por diversas ciências, incluindo a própria economia. E para
você entender a economia das drogas, é necessário ter em conta,
inicialmente, a noção do que é a expressão “economia”.
No mesmo local.
Globalmente.
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
11
| principais fluxos globais de cocaína
Principais produtores de cocaína
CANADÁ 14
EUROPA
124
EUA
165
MÉXiCO
EUA
17
17 CARiBE
VENEZUELA
MÉXiCO
CANADÁ 14
DOS ANDES
REGiÃO
165
ÁFRiCA
OCiDENTAL
REGiÃO
Principais produtores de cocaína DOS ANDES
BRASiL
Tráfico de cocaína (em toneladas métricas)
CARiBE
140
60
15 ÁFRiCA
DO SUL
6
124
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
12
Chamamos de drogas psicotrópicas aquelas que atuam diretamente
glossário no funcionamento do sistema cerebral e causam modificações no
estado mental.
A terminologia “psicotrópico” é composta Drogas psicotrópicas, também conhecidas por substâncias psicoa-
por duas palavras: psico e trópico. Psico tivas, são aquelas que atuam diretamente sobre o cérebro, alterando
está relacionado ao psiquismo, que abarca de alguma maneira o psiquismo. Elas dividem-se em três grupos:
todas as funções do sistema nervoso drogas depressoras, drogas estimulantes e drogas perturbadoras.
central (SNC), e “trópico” significa ter
atração por, em direção a.
DROGAS DEPRESSORAS
Seu efeito é diminuir a atividade cerebral.
Elas diminuem a atividade psicomotora do organismo,
assim como a atenção, a concentração, a capacidade
de memorização e intelectual.
DROGAS ESTiMULANTES
Seu efeito é acelerar a atividade cerebral, trazendo
como consequência um estado de alerta exagerado,
insônia, sentimento de perseguição e aceleração dos
processos psíquicos.
DROGAS PERTURBADORAS
Seu efeito é distorcer ou modificar a atividade cerebral,
causando delírios, alucinações e alterações
na sensopercepção (efeito sinestésico). As drogas
perturbadoras também são chamadas de alucinógenas.
Experimental.
Ocasional.
Usuários de abuso.
Usuários crônicos.
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
13
cocaínaabuso
crack
narcótico
risco heroína
vício crime
dependência vida
substância droga
Veja a seguir os detalhes do surgimento da Cocaína e da Heroína.
Ainda de acordo com o autor, o fato de a droga ser muito mais ba-
rata permitiu que ela se espalhasse rapidamente nas comunidades
mais carentes. Em 1985, seu uso tornou-se uma epidemia que teve
duração de 10 anos.
| sobre o crack
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
14
Nos Estados Unidos da América, surge também a heroína, uma droga
derivada da papoula e, assim como a morfina, é um pó de cor branca.
A ela também foi associado um glamour, como na descrição do pe-
riódico “The Dispatch” da Universidade de Nova Iorque:
Antes
Lei nº 6.368
21 de outubro de 1976
Art. 16.
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
15
Depois
Lei nº 11.343
23 de agosto de 2006
Art. 28.
60.000
o POR OUTROS MEIOS Homicídio POR ARMA DE FOGO 47.510
50.000 Homicídio POR OUTROS MEIOS
47.510
Homicídio POR ARMA DE FOGO
60.000
34.147 47.510
40.000
50.000
34.147
30.000
40.000
34.147
20.000
30.000
10.000
20.000
0
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Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
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Veja a seguir como funciona o mercado do tráfico, e o que dizem
os indicadores.
Curso FRoNt
Lorem ipsum
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
17
A lavagem de dinheiro é o processamento de recursos criminais para
disfarçar sua origem ilegal. Esse processo é crucial para as operações
do crime organizado, porque os infratores seriam descobertos facil-
mente se não pudessem “mesclar” seu dinheiro ilegal em um negócio
jurídico, banco ou imobiliário (SOUDIJN, 2014).
NA PRÁTICA
Por exemplo, um traficante de drogas pode comprar um
restaurante para disfarçar os lucros das drogas com os lucros
legítimos do restaurante. Dessa maneira, os lucros das drogas
são lavados pelo restaurante para fazer com que a renda
pareça ter sido obtida legalmente.
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
18
Assim como em qualquer outro mercado, o processo que constitui o
mercado das drogas ilícitas reflete questões macroestruturais, como
produção, distribuição, lucratividade, liquidez e segurança, e também
questões próprias do nível do indivíduo, de seu ambiente e de seus
grupos imediatos. Isso vale para a oferta, para a procura e para as
ações de prevenção e repressão a esse mercado.
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
19
Nesse sistema e na seara das drogas ilícitas, cabe destacar os for-
necedores de substâncias, os usuários e as próprias drogas ilícitas.
crescimento populacional
urbanização
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
20
As substâncias psicoativas, hoje consideradas drogas ilícitas, estão
difundidas por todo globo. Sua difusão e respectivos mercados, corres-
pondentemente, aconteceu globalmente e desde tempos imemoriais.
saiba mais
Veja mais sobre o assunto no artigo “Guerras do
Ópio” (disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/
historiag/guerras-do-opio.htm).
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
21
Segunda Guerra do Ópio.
Foto: © [Archivist] / Adobe Stock.
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
22
1.2.1 Drogas de uso ilícito
Veja o que nos diz o UNODC acerca do mercado de drogas ilícitas:
PODCAST transcrito
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
23
| NÚMERO DEusuários
número de USUÁRiOS NO
no ANO
ano deDE 2018
2018 em EM MiLHÕES
milhões
192 88
58 30
Anfetaminas e Estimulantes
de prescrição Ecstasy
27 21
Cocaína
19
HIV +
HIV Hepatite C Hepatite C
1,4 milhão de usuários de 5,5 milhões de usuários 1,2 milhão de usuários
drogas injetáveis vivem têm Hepatite C estão vivendo com
com HIV Hepatite C e HIV
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
24
Você sabia que os altos índices de transmissão de HIV e hepatite C
glossário fazem com que esses vírus sejam considerados epidemias globais?
As pessoas que injentam drogas (PWID) são uma das populações
mais vulneráveis afetadas por essas doenças infecciosas.
PWID é a sigla em inglês para people who
inject drugs. A prevalência de HIV e hepatite C é desproporcionalmente alta nesse
grupo e é responsável por uma uma parte significativa de novos infec-
tados por HIV e por hepatite C em todo o mundo (UNODC, 2020, p. 11).
1.2.3 Fornecedores
Finalmente, considerando o componente “fornecedores” do mercado
de drogas, os documentos do UNODC dizem o seguinte:
PODCAST transcrito
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
25
| extensão do mercado de drogas internacional
RÚSSiA
CANADÁ
ÁSiA
CENTRAL
JAPÃO
EUA
CHiNA
MÉRICA
MÉ RICA
AMÉRICAA
CEN
CENTRALL
SUDESTE
ASiÁTiCO
REGIÃO BRASiL
DOS ANDES
AUSTRÁLiA
ÁFRiCA
DO SUL
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
26
dica de mídia
percentual de
| PERCENTUAL DEpresos
PRESOSprovisórios
PROViSÓRiOSporPOR
crime praticado
TiPO DE CRiME PRATiCADO
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
27
No próximo tópico, você vai entender o panorâma geral das políticas
de redução de drogas no Brasil.
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
28
1.3 Redução da oferta de drogas
A Política Nacional sobre Drogas, instituída pelo Decreto nº 9.761/2019,
nomeou a redução da oferta de drogas como um de seus principais
eixos de atuação, com ações prioritárias sumarizadas pelo Ministério
da Justiça e Segurança Pública.
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
29
Com base no princípio da responsabilidade compartilhada, o combate
às drogas ilícitas vinculadas ao crime organizado deve priorizar as
regiões com maiores indicadores de homicídios.
Fonte: Divulgação/PRF.
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
30
Dentre os principais termos técnicos e conceitos empregados no
texto do Ministério da Justiça e Segurança Pública sobre a redução
da oferta de drogas que serão abordados ao longo dos tópicos deste
módulo, um deles é as operações especiais.
(MCRAVEN, 1996)
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
31
No contexto das polícias militares, as unidades de operações es-
peciais são representadas pelos Batalhões de Operações Especiais
(BOPEs). Por sua vez, no combate ao narcotráfico nos níveis federal
e internacional, destaque-se o Comando de Operações Táticas
(COT), da Polícia Federal.
saiba mais
Para saber mais, leia na íntegra a publicação da Joint Pub.
3-05 (disponível em: www.jcs.mil/Doctrine/DOCNET/JP-
3-05-Special-Operations).
dica de mídia
Você sabe o que significa a expressão latina ultima ratio? Ela é uma
das expressões mais conhecidas no contexto das operações especiais.
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
32
Isso se torna ainda mais relevante porque a Inteligência de Segurança
Pública está intimamente relacionada à execução de ações para prever,
prevenir, neutralizar e reprimir atos criminosos de qualquer natureza.
Lei nº 9883
de 7 de dezembro de 1999
Art. 1º
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
33
FiNALiDADES DA iSP
(DISPERJ, 2015)
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
34
Propõe uma linguagem especializada entre os profissionais da ativi-
dade de ISP, de modo que as relações de comunicação essenciais ao
seu exercício ocorram sem distorções ou incompreensões.
saiba mais
Ainda dentro da temática “inteligência”, para mais
informações sobre proteção de conhecimentos sensíveis
e sigilosos, bem como outros assuntos correlatos,
sugere-se a consulta ao “Caderno de Legislação da
Agência Brasileira de Inteligência” (disponível em:
https://www.gov.br/abin/pt-br/centrais-de-conteudo/
publicacoes/Col3v3.pdf).
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
35
Ou seja, é preciso adotar estratégias de cooperação mútua e de arti-
culação de esforços entre governo, iniciativa privada, terceiro setor
e cidadãos de modo geral, com foco na priorização de regiões que
apresentam taxas de homicídios mais elevadas. Em outras palavras,
os múltiplos atores envolvidos nos esforços de redução da oferta
de drogas devem agir de forma mais organizada que aqueles que
atuam na atividade criminal. Parafraseando as palavras de Rudy
Giuliani, ex-prefeito da cidade de Nova Iorque, já é tempo de as
ações de redução da oferta de drogas passarem a ser tão organizadas
quanto o crime organizado.
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
36
Unidade 2
CRIME, ORGANIZAÇÕES
CRIMINOSAS E NARCOTRÁFICO
Contextualizando
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
37
O crime organizado passou a ser, individualmente, a maior
ameaça global desde o final da Guerra Fria.
| Perspectiva 1
Na primeira perspectiva, o que tornaria o crime organizado
seria a natureza dos crimes praticados ou os criminosos
por trás deles. Assim, para uma atividade ser classificada
como organizada, ela deveria apresentar um certo nível de
sofisticação, continuidade, racionalidade e dano.
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
38
| Perspectiva 2
Na segunda perspectiva, não importam os crimes praticados
em si, o que importa é como os criminosos se vinculam e se
associam uns com os outros. “O crime organizado estaria
relacionado a qualquer grupo que possui alguma estrutura
formal cujo objetivo primeiro seja obter dinheiro oriundo de
atividades ilegais (FBI apud LAMPE, 2016).
| Perspectiva 3
A terceira perspectiva estaria relacionada à concentração de
poder ilegítimo nas mãos de criminosos. Assim, os criminosos
poderiam criar um tipo de governo no submundo criminoso
que controla, regula e taxa atividades ilegais.
| Perspectiva 4
A quarta perspectiva, chama-se condição sistêmica, que
acontece quando o crime organizado influencia as instâncias
legítimas das sociedade, ou as toma em acordo com a elite
política e financeira que governa um país. Nessa perspectiva, os
criminosos exerceriam influência sobre a sociedade legítima,
substituindo o governo formal ou estabelecendo alianças com
políticos corruptos e com a elite empresarial com a finalidade de
manipular a ordem constitucional em vantagem própria. Lampe
denomina essa perspectiva também de condição sistêmica.
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
39
2° Estágio: Aquiescência
Ao perceber a incapacidade de adotar uma estratégia bem-sucedida
contra o crime organizado, o Estado seria forçado a aceitar a prevalência
de atividades ilegais daquelas organizações em seu território nacional.
4° Estágio: Encorajamento
Membros do Estado, beneficiários diretos das atividades ilícitas do
crime organizado, passariam a prevenir ou sabotar estratégias de
contenção, para garantir os benefícios por eles auferidos.
Fonte: La Parola.
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
40
A condução de negócios ilícitos em um ambiente
favorável, permeado por corrupção, demanda de
mercado e suporte social.
Lei nº 12.850
de 2 de agosto de 2013
Art. 1°
Dentro das categorias sintetizadas por Klaus Von Lampe, nossa le-
gislação foca em definir organizações criminosas e em como os
criminosos vinculam-se uns aos outros.
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
41
Até 2013, o conceito de grupo ou organização criminosa utilizado
pela área jurídica era extraído da Convenção de Palermo, a qual foi
internalizada no ordenamento jurídico pátrio pelo Decreto nº 5.015,
de 12 de março de 2004.
Decreto nº 5.015
de 12 de março de 2004
Art. 2° (alínea A)
Note que a definição antiga era mais rígida, pois alcançava grupos
formados por apenas três criminosos, diferentemente do atual requi-
sito mínimo para preenchimento do tipo penal atual, que considera
organização criminosa os grupos constituídos de quatro pessoas.
PODCAST transcrito
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
42
Assim como ocorre em organizações mafiosas mundo afora, o com-
portamento dissocial é uma marca bem presente na criminalidade
faccionada no Brasil. Organizações criminosas do narcotráfico, como
o Comando Vermelho e o Primeiro Comando da Capital, apresentam
rígidos códigos de hierarquia e disciplina reforçados por rituais e
protocolos não escritos que são reforçados pelo grupo o tempo todo,
quase sempre por estímulos negativos (punição).
saiba mais
Leia mais sobre a história do PCC e das facções criminosas,
seus códigos de ética e as regras de conduta dentro da
organização (disponível em: https://www.politize.com.
br/pcc-e-faccoes-criminosas/).
Agora, pense no que você viu até aqui e faça a seguinte reflexão:
NA PRÁTICA
A associação de quatro pessoas que, por meio da divisão
de tarefas, se utilizam do crime de tráfico de drogas para
enriquecimento ilícito configura uma organização criminosa,
cuja pena máxima é de 15 anos, nos termos da lei brasileira.
Por outro lado, por questão de política criminal, a associação
de pessoas visando à geração de lucros com o jogo do bicho é
caracterizada como contravenção penal, com pena máxima
de um ano e não configura uma ORCRIM.
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
43
2.3. Narcotráfico/tráfico de drogas
Lei nº 11.343
de 23 de agosto de 2006
Art. 33.
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
44
Pela leitura do texto legal, você pode concluir que o crime de tráfico
de drogas é tipificado no Brasil como um crime de múltiplas condutas.
Essas condutas são expressas pelos seguintes verbos:
||GEOGRAFIA DObrasil
geografia do BRASIL
VENEZUELA
COLÔMBIA GUIANA
SURINAME
GUIANA FRANCESA
EQUADOR
PERU
BRASIL
BOLÍVIA
PARAGUAI
CHILE
URUGUAI
ARGENTINA
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
45
Sobre o caráter transnacional do tráfico de drogas e a necessidade
de cooperação internacional para seu enfrentamento, vale a pena a
leitura do trecho sobre o assunto, presente no livro “Lei de Drogas
Comentada”, de César Dario Mariano da Silva (2010). Veja:
PODCAST transcrito
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
46
Unidade 3
ELEMENTOS HISTÓRICOS,
SOCIOECONÔMICOS E NORMATIVOS
DO CRIME ORGANIZADO E DO
NARCOTRÁFICO
Contextualizando
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
47
dica de mídia
Por mais direto e objetivo que seja o conceito empregado por Jennifer
Woodhull, aspectos relevantes envolvendo a violência acabam não
sendo contemplados.
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
48
O que dizer da violência que é fruto da ameaça, como é o caso de
comunidades inteiras subjugadas por meio do medo por conta das
demonstração de força dos cartéis de drogas?
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
49
no quotidiano das cidades brasileiras, que, como já citado, se expan-
diram e continuam a se expandir rapidamente e de forma desordenada.
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
50
Veja no próximo tópico os aspectos históricos e sociais do Brasil em
relação à criminalidade e ao fenômeno do tráfico de drogas. O que será
PODCAST transcrito
3.2 Caracterização da
criminalidade no Brasil
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
51
Veja a figura a seguir, extraída do relatório da Segurança Pública do
Projeto Brasília 2060 (IBICT, 2015).
Região Metropolitana
População
8.139.730 6.879.183 1.619.792 1.590.798 1.755.083 637.516
(1970)
Densidade
demográfica 1.024,0 1.395,10 112,4 162,3 634,1 19,8
(1970)
População
20.820.093 12.090.607 5.156.217 4.197.557 4.046.845 3.548.426
(2010)
Densidade
demográfica 2.621,20 2.452,00 357,7 428,2 1.462,00 110,3
(2010)
Crescimento
256% 176% 318% 264% 231% 557%
(1970-2010)
Fonte: IBGE.
A imagem sintetiza bem os números da expansão populacional em
seis das mais influentes regiões metropolitanas brasileiras, com
destaque para a Área Metropolitana de Brasília (AMB).
saiba mais
Veja o documento da Linha de Base do Projeto Brasília 2060
(disponível em: http://brasilia2060.ibict.br/wp-content/
uploads/2015/12/Linha-de-Base-Seguranca2.pdf).
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
52
Confrontando-se os dados relativos a recursos públicos com as esta-
tísticas criminais, observa-se que não foram apenas as taxas popula-
cionais, sobretudo em áreas metropolitanas, que dispararam no país.
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
53
No período foram abordados assuntos como:
O atendimento às vítimas.
Curso FRoNt
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
54
RA 3.3 Peculiaridades do Sistema de
Enquadre no seu celular Justiça Criminal brasileiro
ou tablet o código de
REALIDADE AUMENTADA
do aplicativo Zappar Seja na perspectiva da repressão, seja na perspectiva da prevenção
para assistir ao vídeo das atividades do narcotráfico e do crime organizado, é necessário
com informações sobre
o Sistema de Justiça
considerar as peculiaridades do Sistema de Justiça Criminal pátrio.
Criminal brasileiro.
No Brasil, a atuação do Tribunal do Júri se limita aos crimes dolosos
contra a vida. Outras peculiaridades no país, e ainda mais marcantes,
se comparadas ao que ocorre nas demais nações, são a estética, a
organização e a abrangência territorial das polícias. No Brasil, con-
vivem instituições policiais de estética civil e militar, à semelhança
de países como Chile e Itália; porém, diferentemente desses países,
cujas polícias, em regra, possuem competência territorial nacional,
no Brasil as instituições policiais têm responsabilidade apenas no
nível de estados e municípios.
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A forma de organização das forças policiais, e por
consequência, a sua efetividade no controle do fenômeno
da criminalidade e da desordem, concomitante com a tarefa
de proteger e servir, pode ter uma relevância decisiva. Já
a importância do tema para as polícias militares, interna
corporis, deve-se ao fato que tal atributo, a condição militar,
marque a própria existência histórica de todas elas.
Investigação Em regra, realizada apenas por polícias Todo departamento de polícia possui um
judiciárias (Polícia Civil e Polícia Federal), segmento constituído de investigadores
principalmente para instruir o inquérito incumbidos de coletar evidências de
policial. A Polícia Militar conduz materialidade e autoria dos crimes
investigações sobre crimes militares, eventualmente registrados.
porém com foco em seu público interno.
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Os autores colocam a questão de forma bem prática ao comparar o
modelo policial brasileiro e o americano: nos EUA, todas as polícias
fazem o ciclo completo. Nesses termos, convém explicar a ideia de
ciclo completo, justamente por ser, talvez, a maior característica do
Sistema de Justiça Criminal brasileiro.
NA PRÁTICA
No Brasil, em regra, uma polícia efetua a prisão do traficante,
enquanto outra garante sequência ao caso. Essa sequência
inclui a lavratura do flagrante delito e a adoção das demais
medidas de polícia judiciária, tais como a condução de
investigações adicionais. Então, o conjunto probatório segue
para o Ministério Público oferecer a denúncia para o juízo
competente que julgará o caso.
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Constituição (1988)
(Emenda Constitucional nº 104, de 2019)
Art. 144.
I. polícia federal;
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Observe como essas informações se entrelaçam na prática:
PODCAST transcrito
(IBICT, 2015)
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Esse sistema começa pela criação, por parte do Estado, de leis que
orientarão o convívio social. Essa função do Estado é exercida pelo
Poder Legislativo nos âmbitos federal, estaduais e municipais, bem
como por determinados órgãos da administração pública, quando
previsto em lei.
Art. 144
§ 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira,
incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia
judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares.
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Assim, caberá também ao Estado, via sistema prisional, internar e
recuperar os condenados cujas penas envolvem privação de liber-
dade. Em caso de absolvição, o Sistema de Justiça Criminal haverá
cumprido, antecipadamente, o seu papel, não havendo mais motivo
para o desenvolvimento de ações (IBICT, 2015).
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MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO
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Referências
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REALIZAÇÃO