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Como avaliar alunos com deficiência?

Várias dúvidas surgem em relação a como avaliar alunos com deficiência: “As
provas precisam ser diferentes dos demais alunos? Devem ser mais flexíveis? O
professor deve ajudar a criança?”.

Independente da resposta a essas perguntas, sabemos que o modelo tradicional


com alunos enfileirados em carteiras, cabeças baixas e pensativas diante de uma
folha de papel, está ultrapassado, concorda? 

Por mais que a criança não tenha uma deficiência, quando se cria um padrão, as
habilidades, bem como as dificuldades dos alunos não são respeitadas e nem
mesmo atendidas.

Existem diferenças na forma de aprender entre os alunos. Portanto, independente


de as crianças terem deficiência ou não, elas absorvem as explicações do professor
de diferentes maneiras.

Além das aulas, as avaliações devem ser pensadas conforme as habilidades de


cada aluno. Para isso, conforme orientam os Parâmetros Curriculares Nacionais, o
currículo também precisa ser adaptado.

A prática pedagógica necessita, de tempos em tempos, de atualização. Afinal, a


sociedade muda e a escola precisa acompanhar essas transformações. Por isso,
continue com a gente para saber mais sobre como avaliar alunos com deficiência.

Dicas de como avaliar alunos com deficiência


Estabeleça um ambiente de confiança
Ser avaliado é motivo de desconforto, seja para crianças, adolescentes ou adultos. A
avaliação deve servir, exclusivamente, para verificar aquilo que precisa ser
melhorado e, com isso, refazer a rota para ampliar a capacidade de aprendizado.

Não deve servir como punição, pois, neste caso, impacta diretamente na autoestima
e autoimagem dos alunos. O que dificulta a aquisição de conhecimento e o
desenvolvimento de habilidades.

Portanto, crie um ambiente de confiança por meio de um trabalho afetivo, empatia e


estabelecimento de vínculos positivos.

Divida o conteúdo e a avaliação em pequenas partes


Tudo o que é visto como obstáculo para o aprendizado deve ser eliminado. Se o
aluno não estiver conseguindo compreender o conteúdo como um todo, divida-o em
partes para facilitar o entendimento. O mesmo serve para as avaliações. 
Por exemplo, se em uma prova de matemática o aluno com deficiência estiver com
dificuldades para interpretar um enunciado, separe-o em partes menores até que se
transforme em significado para a criança. Caso, ainda assim, a compreensão não
aconteça, foque em avaliar a capacidade matemática do aluno em vez de considerar
sua capacidade textual interpretativa.

Revise o conteúdo antes da avaliação


Alguns conteúdos são de difícil assimilação e precisam ser revisados, muitas vezes
por dias seguidos. O que é natural quando o assunto é novo para os alunos.

Antes das avaliações, revise os conteúdos. A repetição contribui para o aprendizado,


principalmente para as crianças com deficiência cognitiva.

Adote diferentes formas de avaliar os alunos


A flexibilização deve acontecer tanto nas formas de avaliar os alunos, quanto na
hora de repassar os conteúdos. Da mesma forma, é importante alternar os materiais
de apoio nas aulas para que os limites de cada aluno sejam respeitados. Abandone
a velha lousa e utilize outros recursos como, os jogos educativos.

Busque conhecer as principais dificuldades e potencialidades dos pequenos. Na


hora de avaliar, considere aquilo que o aluno conseguiu adquirir e avançar nas
disciplinas. Para isso, verifique tudo o que ele produziu em seu caderno e nos
exercícios repassados em sala de aula.

Com essas informações em mãos, será mais fácil definir os instrumentos de


avaliação mais adequados para cada aluno. Procure diversificar entre provas,
trabalhos, exames e ditados e, sempre que possível, fuja das comparações entre os
resultados das avaliações dos alunos.

Trabalhe com estratégias diferentes para cada tipo de


deficiência
Não adianta querer trabalhar com as mesmas estratégias para todos alunos com
deficiência, pois não vai funcionar. Cada tipo de deficiência exige adaptações e
mecanismos avaliativos diferentes. Abaixo, trazemos alguns exemplos.

Para alunos com deficiência cognitiva, uma forma eficiente de ajudá-los a enfrentar
suas dificuldades é com ilustrações e objetos concretos. Os textos, sozinhos, são
abstratos para essas crianças. Por exemplo, para que o aluno identifique a forma
geométrica de um quadrado, ofereça objetos com este formato em vez de escrever
ou desenhá-lo no papel.

No caso de alunos cegos ou surdos, diminua as questões dividindo-as em partes.


Essa ação facilita a compreensão dos enunciados para todas as crianças com
dificuldade em se comunicar.
Permita que os alunos cegos contem com o auxílio de alguém para ler as questões
da avaliação. Da mesma forma, é direito dos alunos surdos a presença de um
intérprete de Libras ao seu lado.

Ajude com a avaliação, caso necessário


Uma dúvida recorrente é se o professor deve ajudar o aluno com deficiência nas
atividades e avaliações.

Se você perceber que o aluno está com dificuldades para responder as questões,
você deve prestar apoio. Porém, você também deve anotar a necessidade de ajuda
junto à avaliação para que as dúvidas sejam trabalhadas em um outro momento e a
avaliação seja refeita.

Envolva os pais
Conforme números trazidos pela Prova Brasil de 2015, 94% dos profissionais de
educação afirmam que o fator de maior relevância no desempenho dos alunos é o
acompanhamento dos pais na vida escolar dos filhos.

Por isso, procure estabelecer uma comunicação contínua com os pais dos alunos
com deficiência. Fale sobre suas dificuldades, mas também sobre suas capacidades
e como podem colaborar no processo de ensino e aprendizagem de seus filhos.

QUANDO ADAPTAR UMA AVALIAÇÃO PARA UM ESTUDANTE COM


DEFICIÊNCIA?
Quem deve adaptar uma avaliação para um estudante com deficiência?

O professor do atendimento educacional especializado (AEE) deve


trabalhar como aliado dos professores das classes comuns e
demais profissionais da escola para a elaboração e definição do
processo de avaliação. Infelizmente, essa não é a realidade de
muitas escolas. Alguns professores do ensino regular, por falta de
conhecimento ou comodismo, depositam toda a responsabilidade
nos serviços de apoio, como se esses fossem os únicos
responsáveis pela aprendizagem e inclusão.

QUEM ADAPTA UMA AVALIAÇÃO? PARTICIPE DA DISCUSSÃO

Plano educacional individualizado (PEI)


O plano educacional individualizado (PEI) é um instrumento de
planejamento e acompanhamento do processo de aprendizagem e
desenvolvimento de estudantes com deficiência, transtornos do
espectro autista (TEA) e altas habilidades/superdotação,
cuja referência é a trajetória individual de cada um. O modelo mais
comum, adotado por escolas e redes de ensino no Brasil e em
outros países, baseia-se em seis áreas de habilidades: acadêmicas,
da vida diária, motoras/atividade física, sociais, recreação/lazer e
pré-profissionais/profissionais. Quando aplicado numa perspectiva
inclusiva, pode-se tornar uma importante ferramenta de apoio ao
trabalho em sala de aula, principalmente na avaliação de
estudantes público-alvo da educação especial.

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