EDUCAÇÃO LÚDICA:
A Música no Processo de Alfabetização
Resumo: O presente artigo tem por objetivo analisar a importância da música como
elemento lúdico no processo de alfabetização, de modo que esse instrumento
pedagógico tem um forte papel na construção cognitiva das crianças, despertando
para novas vivências, linguagens e habilidades no ambiente escolar. Na busca de
alcançar o objetivo proposto, realiza-se uma pesquisa bibliográfica, com base em
livros, artigos e demais estudos e legislação específica sobre a temática, tendo em
seu horizonte teórico contribuições bibliográficas como Chalita (2014), Cardoso
(2016), Kishimoto (2019), Brito (2018), Ferreira (202), entre outros, que foram de
extrema relevância para uma análise e fundamentação teórica para o
desenvolvimento deste trabalho. O artigo divide-se em três momento, onde
primeiramente traça-se um panorama da criança em seus primeiros contatos com o
aprender; na segunda parte, mostra-se a inserção do lúdico propriamente dito na
educação voltada para a alfabetização e, por fim, na terceira parte, encontra-se com
a aplicabilidade da música no cotidiano de alfabetização.
1 INTRODUÇÃO
1
Autor
Faculdade de Educação Tecnológica do Estado do Rio de Janeiro (FAETERJ)- Licenciatura em Pedagogia
Santo Antônio de Pádua/RJ, Brasil.
Damazio (2016) vem falar em sua obra, sobre algumas teorias que explicam a
forma de como a criança adquire conhecimento. Dentre elas, apresenta-se três: o
empirismo de John Locke, que mostra que deve-se ver a criança como uma página
em branco e que seu conhecimento se dá por meio de experiências concretas; a
Behaviorista (Watson), onde a criança é moldável e adaptável ao meio que vive; e o
Construtivismo (Piaget), onde a criança é o sujeito da ação sobre o meio. O
desenvolvimento da criança é que propicia seu aprendizado.
Nas duas primeiras toma-se consciência da criança como um ser incompleto,
inacabado, suscetível a novas experiências concretas. É no processo de interação
com o outro, que começa esse despertar do conhecimento. Segundo Bakhtin (2015,
p. 378): “Tomo consciência de mim, originalmente, através dos outros; deles recebo a
palavra, a forma e o tom que servirão para a formatação original da representação
que terei de mim mesmo”.
É no ouvir o outro chamá-la pelo nome que se reconhece como ser social,
assim como é pela interação com outro toma conhecimento do mundo interior e
exterior. É no observar aqueles que a rodeiam que passa a ter noções de sentimentos,
de sensações, atitudes morais e passa a ter consciências dos estímulos necessários
para se comunicar com os outros. É através do contato com o outro que vai tomando
conhecimento de mundo, começa a formar seu caráter e personalidade. (CHALITA,
2014)
Já para o construtivismo de Piaget, apesar da importância da interação com o
outro, para a criança perceber que nem todos pensam como ela, o conhecimento não
é visto como adquirido, mas sim construído pela criança. Onde pais e professores tem
o papel de mediadores, valorizando o pensamento, as experiências e a busca
individual pelo conhecimento. Para Piaget, não é o professor que ensina, mas ele cria
métodos para que a própria criança descubra. (GAGLIARI, 2018)
Também conforme Gagliari (2018), o processo de alfabetização, no entanto,
sempre foi local de muitos questionamentos, pelo fato de não se ter total conhecimento
de como a criança aprende ou da “forma correta” de ensinar. O que pode-se afirmar,
com clareza, é que os avanços mais importantes para a alfabetização ocorreram a
partir de meado da década de 1980. Esses avanços decorreram de um intenso
processo de mobilização da sociedade civil e participação nacional que culminaram
com a promulgação da Constituição de 1988, gerando como consequências a edição
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Santo Antônio de Pádua/RJ, Brasil.
O termo lúdico, segundo o Cardoso (2016), é uma palavra que tem função de
adjetivo e está relacionada a jogos, brinquedos, divertimentos.
Num cenário histórico, o lúdico está presente desde os primórdios da
humanidade e, conforme afirma Cardoso (2016), de acordo com as evoluções sociais
e tecnológicas, a ludicidade foi ganhando papel de destaque na sociedade e, muito
em especial, entre as crianças, que encontram, em processos como as brincadeiras,
uma forma de se inter-relacionar com outros iguais.
Faculdade de Educação Tecnológica do Estado do Rio de Janeiro (FAETERJ)- Licenciatura em Pedagogia
Santo Antônio de Pádua/RJ, Brasil.
O lúdico tem sua origem na palavra latina “ludus” que quer dizer “jogo”, mas
se ficasse limitado a sua origem referir-se-ia apenas ao jogar, brincar,
movimentar, mas com a evolução semântica da palavra hoje é definida como
uma necessidade básica do ser humano. De maneira geral o lúdico refere-se
à brincadeira e a questão simbólica envolvida nesse processo, faz parte das
atividades essenciais da dinâmica humana, transcende o visível.
(BENJAMIM, 2019, p. 41)
A criança quer puxar alguma coisa, torna-se cavalo, quer brincar com areia e
torna-se padeiro, quer esconder-se, torna-se ladrão ou guarda e alguns
instrumentos do brincar arcaico e desprezam toda a máscara imaginária (na
época, possivelmente vinculados a rituais): a bola, o arco, a roda de penas e
o papagaio, autênticos brinquedos, tanto mais autênticos quanto menos o
parecem ao adulto. (BENJAMIM, 2019, p. 76-77)
Kishimoto (2019), afirma ser a prática lúdica os elementos que a criança passa
a conhecer desde o seu nascimento no âmbito familiar e, tem continuidade na infância,
adolescência e também na fase adulta.
A ludicidade é um tipo de atividade social humana. Aprender de forma lúdica é
essencial para a criança, pois cria um clima de entusiasmo e motivação. Muitos
professores têm incluído em sua prática pedagógica atividades lúdicas, uma vez que
as mesmas acionam as esferas motoras e cognitivas, levando a criança a pensar, agir,
sentir, aprender e se desenvolver. Situações lúdicas, criadas pelo professor,
estimulam a aprendizagem.
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A música muitas vezes é vista apenas como forma de brincar, mas brincando
também se aprende. A música é riquíssima, quando se coloca a música certa
para o conteúdo adequado, os dois geram uma aprendizagem para o aluno,
pois é um meio gostoso de aprender. Ao trabalhar com a alfabetização se
obtém uma boa experiência, a utilização de diversos tipos de músicas infantis
pode ajudar na aplicação dos conteúdos. A música quando bem trabalhada
desenvolve o raciocínio, criatividade e outros dons e aptidões, por isso, deve-
se aproveitar esta tão rica atividade educacional dentro das salas de aula.
(FERREIRA, 2020, P. 19)
Brito (2018) ressalta que a música torna o ato de aprender mais agradável, visto
trazer à lembrança muito mais rápida aquilo que é de nosso interesse, portanto a
criança que convive com a música possui estímulos que favorecem em sua
aprendizagem, apresentando maior facilidade em absorver informações e
conseguindo trabalhar melhor as suas emoções.
É de conhecimento de todos diversas brincadeiras e jogos que utilizam a
música para divertir as crianças. Mas, quando se trata de musicalização na
alfabetização, existem diversas alternativas para explorar essa prática.
Um caminho muito conhecido, segundo Brito (2018), é a exploração de filmes
e desenhos musicais, que estão entre os programas de televisão e
de streaming preferidos das crianças. A maioria deles também podem ser educativos
e abordar assuntos variados, incluindo curiosidades sobre ciência, natureza, história
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e geografia, por exemplo. Há ainda que se ressaltar que esse tipo de conteúdo
abrange geralmente desde crianças menores até opções para os maiorzinhos.
Outra forma de inserção da música na alfabetização está em aulas como canto,
violão ou flauta, por exemplo, sendo uma maneira de instigar a criatividade e despertar
as habilidades dos pequenos para o mundo das artes. Algumas escolas podem incluir
esse tipo de aula na sua grade curricular, proporcionando um ensino integrado e
interdisciplinar da música na alfabetização igualmente vantajoso para os estudantes.
(FEREIRA, 2020)
Ainda conforme Ferreira (2020), em algumas instituições, as aulas de música
para crianças podem fazer parte de atividades extras e totalmente focadas em
potencializar o desenvolvimento dos pequenos e dos jovens.
Uma prática comum em muitas instituições de ensino está nas apresentações
culturais e artísticas, pois, assim como nos desenhos animados, as peças teatrais e
os shows musicais destinados a crianças possuem um caráter educativo muito
valioso. (BRITO, 2018)
Para Jordão (2019), as tradicionais cantigas de crianças, aquelas que vão
passando de geração em geração, não podem ser esquecidas. É importante explicar
que apesar deste tipo de cantiga não trazer nenhum conhecimento de mundo muito
significativo, são fundamentais para estimular a sensibilidade dos pequenos, fazendo-
os explorar o sentido das palavras e as sensações que cada vocabulário pode
despertar, por exemplo.
Assim, fica claro que a tarefa de ensinar é um desafio e a inserção da música
no processo de alfabetização também é, pois com tantas opções e incentivos dos
meios de comunicação necessita-se ter senso crítico e postura ética.
Para que a educação com musicalidade aconteça na prática, em especial no
processo de alfabetização, é preciso qualidade, eficiência, competência, diálogo e
afetividade para transformar sonhos em alegrias concretas. O processo de
ensino/aprendizagem requer o entendimento de que ensinar e aprender não significa
acumular informações memorizadas, mas sim fazer o aluno buscar novas alternativas,
fazer escolhas frente a novas situações apresentadas, sendo a música uma grande
estimuladora.
Faculdade de Educação Tecnológica do Estado do Rio de Janeiro (FAETERJ)- Licenciatura em Pedagogia
Santo Antônio de Pádua/RJ, Brasil.
5 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política. 8. ed. São Paulo: Brasiliense,
2019.
Faculdade de Educação Tecnológica do Estado do Rio de Janeiro (FAETERJ)- Licenciatura em Pedagogia
Santo Antônio de Pádua/RJ, Brasil.
CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização & Linguística. 11 ed. São Paulo: Scipione,
2018.
CHALITA, G. Educação: a solução está no afeto. 3. ed. São Paulo: Editora Gente,
2014.
FERREIRA, Martins. Como usar a música na sala de aula. Martins Ferreira. São
Paulo: Contexto, 2020.
GAINZA, Violeta Hemsy de. Estudos de psicopedagogia musical. 4. ed. São Paulo:
Summus, 2017.