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Filosofia

"Em filosofia, o perfil das questões do exame envolve habilidades de conhecimento em relação
aos períodos históricos", diz. "Não é o fato pelo fato, mas sim qual é a importância do fato
filosófico para a história da humanidade". Na hora de estudar, Heitor Henriques Sayeg, professor
de sociologia da Oficina do Estudante, recomenda muita leitura. "O aluno tem de ter um
conhecimento curricular bem amplo, mas ele precisa de uma percepção muito clara de como
relacionar os conteúdos, por isso ler é fundamental. Tem que procurar estar bem informado".
Contudo, conhecer os conceitos é insuficiente para enfrentar a prova. "O estudante não tem que
saber apenas o que o filósofo pensa ou de que época ele é, mas também compreender o
desdobramento filosófico de uma situação que ele já havia problematizado e que estamos
vivendo agora", diz o professor.

Filosofia antiga: Sócrates, Platão e Aristóteles (concepção de ética e política de um deles);

Conhece-te a ti mesmo: Sócrates e a nossa relação com o mundo


A figura de Sócrates é como um divisor de águas na Filosofia Antiga, tanto que os filósofos
anteriores a ele são tradicionalmente chamados de pré-socráticos. De fato, com Sócrates há uma
mudança significativa no rumo das discussões filosóficas sobre a verdade e o conhecimento. Os
primeiros filósofos estavam preocupados em encontrar o fundamento (arké) de todas as coisas.
Sócrates, por sua vez, está mais interessado em nossa relação com os outros e com o mundo.
Curiosamente, Sócrates nada escreveu - e tudo o que sabemos dele é graças a seus discípulos,
particularmente Platão. Sócrates teria tomado a inscrição da entrada do templo de Delfos como
inspiração para construir sua filosofia: Conhece-te a ti mesmo. Para compreendermos o sentido
dessa frase, segundo o filósofo francês Michel Foucault (1926 - 1984), devemos inscrevê-la em
uma estratégia mais geral do cuidado de si. Ou seja, o que Sócrates pregava era que nós
devemos nos ocupar menos com as coisas (riqueza, fama, poder) e passarmos a nos ocupar com
nós mesmos. Poderia objetar-se: com que propósito deveria ocupar-me comigo mesmo? Porque
é o caminho que me permite ter acesso à verdade. Mas que tipo de verdade? Obviamente não é
uma verdade qualquer, tal como a fórmula química da água, mas a verdade que é capaz de
transformá-lo no seu próprio ser de sujeito. É esse ato de conhecimento, capaz de promover
nossa autotranscendência, de que fala Sócrates. Conhecer a mim mesmo para saber como
modificar minha relação para comigo, com os outros e com o mundo. Como ter acesso à
verdade? Tal modificação para ter acesso à verdade, contudo, não é um ato puramente
intelectual. Ela exige, por vezes, determinadas renúncias e purificações, das quais Sócrates é um
exemplo.
Sócrates dizia ter recebido de Deus a missão de exortar os atenienses, fossem eles velhos ou
jovens, a deixarem de cuidar das coisas, passando a cuidar de si mesmos. Tal atitude o fez
dedicar-se inteiramente à filosofia e à prática dialógica (uma forma especial de diálogo,
denominada maiêutica) por meio da qual ele fazia com que seu interlocutor percebesse as
inconsistências de seu discurso e se autocorrigisse. A atitude de Sócrates questionava os valores
da sociedade ateniense, razão pela qual seus inimigos o levaram ao tribunal, onde foi julgado e
condenado à morte. Sua morte, porém, não impediu que a questão do cuidado de si se tornasse
um tema central na filosofia durante mais de mil anos - e chegasse a influenciar alguns filósofos
modernos e contemporâneos. A questão central do cuidado de si é que jamais se tem acesso à
verdade sem uma experiência de purificação, de meditação, de exame de consciência - enfim,
através de determinados exercícios espirituais capazes de transfigurar nosso próprio ser.
Dito de outro modo, o estado de iluminação, de descoberta da verdade, não é produto do estudo,
mas de uma prática acompanhada de reflexão constante sobre minhas ações, atitudes - e de
como posso modificá-las para me tornar uma pessoa melhor. É como se a vida fosse uma obra
de arte em que nós vamos nos moldando, nos aperfeiçoando no decorrer da existência.
A difícil busca da verdade
Atualmente, estamos distantes dessa perspectiva socrática do cuidado de si. A ciência moderna
está preocupada com a produção e acumulação de conhecimentos.Mas quando nos
perguntamos: para quê acumulamos e produzimos conhecimento? A resposta é simplesmente:
para aumentar infinitamente nosso conhecimento. Entramos, assim, numa corrida sem fim, em
que nunca nos questionamos se isso realmente está trazendo os benefícios prometidos.Claro que
a tecnologia traz inegáveis benefícios, mas não parece que as pessoas, atualmente, estejam
mais felizes. Pode-se alegar, no entanto, que não é papel do conhecimento e da ciência promover
a felicidade humana - e que, talvez, conhecimento e ciência tenham a única função de contribuir
para a concentração de poder e dinheiro nas mãos de alguns uns poucos.Sócrates, porém, via a
busca da verdade como um caminho de ascese, pois, quando cuidamos de nós mesmos,
modificamos nossa relação com os outros e com o mundo.Mergulhados em preocupações com a
aparência e o consumo, pensamos estar cuidando de nós mesmos, quando na verdade estamos
nos perdendo em meio às coisas. É preciso conhecer a si mesmo para não perder-se. Claro que
você não vai encontrar toda verdade em si mesmo, mas, pelo menos, a única verdade capaz de
salvá-lo.

Ideias de Platão: As coisas mudam, mas seus modelos são eternos


Platão (428-347 a.C.) foi discípulo de Sócrates, por quem sempre nutriu profunda admiração,
transformando-o no personagem principal de seus diálogos. Após a morte do mestre, fundou sua
própria escola de filosofia, chamada de Academia, em homenagem ao deus Academus. Sua obra
está intimamente ligada aos problemas filosóficos de sua época.Platão viveu durante a
florescente democracia ateniense - e na democracia era importante saber argumentar e
convencer os cidadãos a votarem nesta ou naquela proposta. Muitos jovens, que pretendiam ter
destaque na vida pública, procuravam professores que lhes ensinassem a arte de falar bem e de
maneira convincente. Esses professores de oratória e retórica eram os sofistas, título que,
originalmente, significa "sábio".
Relativismo
Os sofistas mais famosos foram Protágoras (480-411 a.C.) e Górgias (485-380 a.C.). Para eles
não existem verdades imutáveis, válidas para todo o sempre. Muito do que acreditávamos ser
certo no passado, hoje sabemos que é falso, e nada garante que no futuro não venha a acontecer
o mesmo. O melhor que podemos almejar é construir um consenso provisório sobre o que é certo
para maioria, aqui e agora. "O homem é a medida de todas as coisas", dizia Protágoras, cabe a
nós decidir sobre o que é certo ou errado, respeitando os diferentes pontos de vista, pois ninguém
pode se julgar dono da verdade. Ora, o melhor modo de fazer isso é a democracia, em que
prevalece o livre debate de ideias. A posição dos sofistas é chamada de relativismo, por
considerar que não existem verdades absolutas, mas apenas verdades relativas que mudam com
o passar do tempo e de uma cultura para outra. Daí a necessidade de sempre refazermos o
consenso democrático sobre os problemas que nos afetam e reformar as leis de nossa
sociedade.
Modelos ideais imutáveis
Platão achava isso absurdo. É certo que a realidade está sempre mudando, que as coisas
nascem e morrem, mas é igualmente certo que existem coisas que não morrem e tampouco
mudam. Do contrário, teríamos apenas opiniões (doxa) sobre as coisas, mas nunca um
conhecimento (episteme) sobre elas. O que não muda são as ideias das quais as coisas são
meras cópias. As coisas podem mudar de forma e tamanho, mas a soma dos ângulos internos de
um triângulo será sempre 180 graus, assim como 2 + 2 será sempre igual a 4. O que conhecemos
da realidade não é o que pode ser percebido através dos sentidos, mas os modelos ideais
imutáveis que estão para além das aparências. Imagine um edifício, um carro, uma máquina. O
que eram antes de existir? Apenas uma ideia na mente do projetista ou inventor. Quando
colocada em prática, aparecem as imperfeições que fazem parte da realidade, não da ideia. Da
mesma forma, as coisas que existem em nosso mundo são cópias das ideias que lhes deram
origem. As cópias estragadas são substituídas por novas, mas a forma permanece sempre a
mesma. Quando olhamos para João ou Paula, vemos um ser humano, mas não existe mais
humanidade em João do que em Paula, ou melhor, a humanidade não é algo que está neles, mas
são como biscoitos retirados de uma mesma forma (ô). Por isso, é inútil buscar alguma verdade
no mundo sensível, imperfeito e corruptível, enquanto podemos intuí-la diretamente do mundo
das ideias, que permanece imutável e completamente separado do nosso mundo de aparências.
Alma imortal
Mas, se o mundo das ideias é separado do nosso mundo, como Platão sabe que ele existe?
Segundo o filósofo, não só ele, mas todos nós sabemos que o mundo das ideias existe porque já
estivemos lá.Para Platão, temos em nós duas partes: um corpo corruptível e uma alma imortal.
Nossa alma imortal tem sua origem no mundo das ideias, onde contemplou as ideias de tudo o
que existe. Assim, quando olhamos para as coisas neste mundo, nos lembramos do que
contemplamos no mundo das formas ideais, e dizemos que algo é bom ou justo apesar de nunca
encontrarmos algo verdadeiramente bom ou justo em parte alguma.Quando participamos de um
diálogo filosófico, mesmo que seja um diálogo da alma consigo mesma, nos afastamos das
opiniões sobre as coisas para contemplar diretamente as ideias. E ao recordar tudo o que vimos
no mundo das ideias, onde tudo era eternamente Bom, Belo e Verdadeiro, nossa alma aspira a
libertar-se do corpo corruptível, no qual está aprisionada, e voltar para o mundo das ideias.
Enquanto isso não acontece, a alma busca afastar-se de tudo que é ligado ao corpo, dedicando-
se à contemplação e à filosofia. Existem almas, porém, que se agarram ao corpo e seus apetites,
e tomam o efêmero por duradouro, o relativo pelo verdadeiro. Infelizmente, são poucos os que
escolhem o caminho da verdade e da filosofia. Estes são, até mesmo, vistos como loucos pela
maioria que vaga entre opiniões incertas. Por tentar retirá-los do mundo de sombras e ilusões em
que se encontram (leia "O mito da caverna e a visão além das aparências"), alguns filósofos são
perseguidos e até condenados a morte, como aconteceu com Sócrates. O filósofo, entretanto,
não pode fechar os olhos para verdade - e a única coisa que pode aspirar é que ela, por fim,
prevaleça.

Aristóteles: O mundo da experiência, as quatro causas, ética e política


Em 1996, descobriu-se em Atenas, Grécia, o sítio arqueológico onde funcionou o Liceu - a escola
fundada por Aristóteles (384-322 a.C.), para concorrer com a Academia, a escola anterior,
fundada por seu antigo professor, Platão (427-347 a.C.). A fundação do Liceu não reflete
nenhuma ingratidão do discípulo com seu mestre, que por sinal já havia morrido cerca de dez
anos quando a escola aristotélica surgiu (336 a.C.). Aluno de Platão, a quem reconhecia o gênio,
Aristóteles passou a discordar de uma ideia fundamental de sua filosofia e, então, o pensamento
dos dois se distanciou. Talvez seja esse o ponto de partida para se falar da obra filosófica
aristotélica.
Platão concebia a existência de dois mundos: aquele que é apreendido por nossos sentidos - por
assim dizer, o mundo concreto -, que está em constante mutação; e um outro mundo - abstrato -,
o mundo das ideias, imutável, independente do tempo e do espaço, que nos é acessível somente
pelo intelecto.
O mundo da experiência
Para Aristóteles, existe um único mundo: este em que vivemos. Só nele encontramos bases
sólidas para empreender investigações filosóficas. Aliás, é o nosso deslumbramento com este
mundo que nos leva a filosofar, para conhecê-lo e entendê-lo. Aristóteles sustenta que o que está
além de nossa experiência não pode ser nada para nós. Nesse sentido, ele não acreditava e não
via razões para acreditar no mundo das ideias ou das formas ideais platônicas. Porém, conhecer
o mundo da experiência, "concreto", foi um desejo ao qual Aristóteles se entregou
apaixonadamente. Assim, ele descreveu os campos básicos da investigação da realidade e deu-
lhes os nomes com que são conhecidos até os nossos dias: lógica, física, política, economia,
psicologia, metafísica, meteorologia, retórica e ética. Aliás, ele inventou também os termos
técnicos dessas disciplinas e eles também se mantêm em uso desde então. Exemplos? Energia,
dinâmica, indução, demonstração, substância, essência, propriedade, categoria, proposição,
tópico, etc.
O que é ser?
Filósofo que sistematizou a lógica, Aristóteles definiu as formas de inferência que são válidas e as
que não são, além de nomeá-las. Durante dois milênios, estudar lógica significou estudar a lógica
aristotélica.Aristóteles aplicou a lógica, antes de mais nada, para responder a uma questão que
lhe parecia a mais importante de todas: o que é ser?, ou, em outras palavras, o que significa
existir? Primeiramente, o filósofo constatou que as coisas não são a matéria de que se
constituem.Por exemplo, uma pilha de telhas, outra de tijolos, vigas e colunas de madeira não são
uma casa. Para se tornarem casa, é necessário que estejam reunidas de um modo determinado,
numa estrutura muito específica e detalhada. Essa estrutura é a casa; e os materiais, embora
necessários, podem variar.Com o tempo, nosso corpo está em constante mutação - transforma-
se da infância para adolescência, desta para a idade adulta e, finalmente, para a velhice. Nem por
isso deixamos de ser nós mesmos. Da mesma maneira, um cão é um cão em virtude de uma
organização e estrutura que ele compartilha com outros cães e que o diferencia de outros animais
que também são feitos de carne, pelos, ossos, sangue...
As quatro causas
Para Aristóteles uma coisa é o que é devido a sua forma. Como, porém, o filósofo entende essa
expressão? Ele compreende a forma como a explicação da coisa, a causa de algo ser aquilo que
é. Na verdade, Aristóteles distingue a existência de quatro causas diferentes e complementares:
Causa material: de que a coisa é feita? No exemplo da casa, de tijolos.
Causa eficiente: o que fez a coisa? A construção.
Causa formal: o que lhe dá a forma? A própria casa.
Causa final: o que lhe deu a forma? A intenção do construtor.
Embora Aristóteles não seja materialista (vimos que a forma não é a matéria), sua explicação do
mundo é mundana, está no próprio mundo. Finalmente, para o filósofo, a essência de qualquer
objeto é a sua função. Diz ele que, se o olho tivesse uma alma, esta seria o olhar; se um
machado tivesse uma alma, esta seria o cortar. Entendendo isso, entendemos as coisas.Mas o
pensamento aristotélico não se limitou a essa área da filosofia que podemos chamar de teoria do
conhecimento ou epistemologia. Deixando de lado os domínios que deram origem a outras
ciências e nos limitando à filosofia propriamente dita, Aristóteles ainda refletiu sobre a ética, a
política e a poética (que, no caso, compreende não apenas a poesia, mas a obra literária e
teatral).
Ética e política
No campo da ética, segundo Aristóteles, todos nós queremos ser felizes no sentido mais pleno
dessa palavra. Para obter a felicidade, devemos desenvolver e exercer nossas capacidades no
interior do convívio social.
Aristóteles acredita que a auto-indulgência e a autoconfiança exageradas criam conflitos com os
outros e prejudicam nosso caráter. Contudo, inibir esses sentimentos também seria prejudicial.
Vem daí sua célebre doutrina do justo meio, pela qual a virtude é um ponto intermediário entre
dois extremos, os quais, por sua vez, constituem vícios ou defeitos de caráter.Por exemplo, a
generosidade é uma virtude que se situa entre o esbanjamento e a mesquinharia. A coragem fica
entre a imprudência e a covardia; o amor-próprio, entre a vaidade e a falta de auto-estima, o
desprezo por si mesmo. Nesse sentido, a ética aristotélica é uma ética do comedimento, da
moderação, do afastamento de todo e qualquer excesso.Para Aristóteles, é a ética que conduz à
política. Segundo o filósofo, governar é permitir aos cidadãos viver a vida plena e feliz eticamente
alcançada. O Estado, portanto, deve tornar possível o desenvolvimento e a felicidade do
indivíduo. Por fim, o indivíduo só pode ser feliz em sociedade, pois o homem é, mais do que um
ser social, um animal político - ou seja, que precisa estabelecer relações com outros homens. O
papel da arte A poética tem, para Aristóteles, um papel importantíssimo nisso, na medida em que
é a arte - em especial a tragédia - que nos proporciona as grandes noções sobre a vida, por meio
de uma experiência emocional. Identificamo-nos com os personagens da tragédia e isso nos
proporciona a catarse, uma descarga de desordens emocionais que nos purifica, seja pela
piedade ou pelo terror que o conflito vivido pelas personagens desperta em nós. Tudo isso é,
evidentemente, um resumo ultra-sintético do pensamento aristotélico. Sua obra é gigantesca,
apesar de a maior parte dela ter se perdido ao longo dos tempos. O que chegou até nós
corresponde a 1/5 de sua produção. São notas suas e de seus discípulos que passaram nas
mãos de estudiosos da Antiguidade, da Idade Média (parte dos quais em países islâmicos), e que
foram reorganizadas pela posteridade. Principalmente em função disso, a leitura de Aristóteles é
difícil e seus textos não possuem a qualidade artística que encontramos nas obras de Platão.

Filosofia medieval: São Tomás de Aquino (questão da relação da fé e a razão)


Santo Tomás de Aquino: Razão a serviço da fé
Deus existe? É possível provar sua existência? Razão e fé são incompatíveis? Tais questões
foram centrais na filosofia medieval, que, por mais de mil anos (aproximadamente, entre os
séculos 2 d.C. e 13 d.C.), subordinou especulações filosóficas aos dogmas das escrituras
sagradas, sob o domínio da Igreja Católica. A partir da Renascença, o período passou a ser
conhecido como Idade Média, para caracterizar uma era de "trevas" para a razão, localizada
entre o florescimento da filosofia helenística na Antiguidade e sua retomada no fim do século 13.
Mas, ao contrário, a Idade Média foi uma época de consideráveis avanços em filosofia,
principalmente no campo da lógica, e cujos temas permanecem atuais. Podemos destacar dois
períodos na filosofia medieval. O primeiro, a Patrística (2 a.C. a 7 d.C.), teve como maior
expoente Santo Agostinho (354-430), o filósofo que adaptou o pensamento de Platão aos
preceitos da Igreja Católica. O outro período, a Escolástica (século 8 a 14), assim chamada em
razão dos professores das universidades medievais, os escolásticos, foi marcada pela tentativa
de conciliação entre razão e fé. Um dos mais importantes nomes da filosofia medieval e maior
representante deste período foi Santo Tomás de Aquino (c.1225-1274).
Aristóteles
Na época de Tomás de Aquino começaram a ser difundidos na Europa escritos deAristóteles (384
a.C. - 322 a.C.), grande parte graças a filósofos árabes comoAverróes e Avicena, que traduziram
e comentaram a obra.
Mas, ao contrário de Platão, cuja filosofia idealista incluía, por exemplo, uma noção de alma
imortal (e, deste modo, pôde se adequar mais facilmente ao cristianismo), o pensamento
aristotélico, com seu caráter mais científico, representava uma ameaça à política
eclesiástica.Coube a Tomás de Aquino tornar a metafísica aristotélica não somente aceitável para
os cânones papais como também um fino tecido argumentativo em favor da fé cristã.
Razão e fé
Oposto à Patrística, o pensamento tomista é construído em bases racionais e empíricas,
separando filosofia de teologia, apesar de subordinar a primeira à segunda. Assim, o papel da
razão é demonstrar e ordenar os mistérios revelados pela fé.Razão e fé puderam ser, enfim,
harmonizadas, apesar de serem distintas, mesmo no que diz respeito às verdades que podem
alcançar, conforme afirma Tomás de Aquino em "Súmula contra os gentios": Com efeito, existem
a respeito de Deus verdades que ultrapassam totalmente as capacidades da razão humana. Uma
delas é, por exemplo, que Deus é trino e uno. Ao contrário, existem verdades que podem ser
atingidas pela razão: por exemplo, que Deus existe, que há um só Deus etc. Estas últimas
verdades, os próprios filósofos as provaram por via demonstrativa, guiados que eram pelo lume
da razão natural.
Deus existe?
Um exemplo de como o tomismo emprega a razão a serviço da fé cristã é o conjunto de
argumentos, todos de cunho empírico, isto é, que se demonstram por via da experiência, que
provam a existência de Deus. Eles ficaram conhecidos como asCinco Vias que levam a Deus.
São elas:
1) Movimento:Este primeiro argumento parte da constatação de que as coisas se movem.
Galáxias, planetas, rios, nuvens, homens, moléculas, tudo na natureza está em constante
movimento e transformação.E se existe o movimento, existe também aquilo que provoca o
movimento. Como um jogador que chuta uma bola, um raio que incendeia uma árvore ou a força
gravitacional que mantém corpos celestes em órbita.Constata-se, portanto, que este agente do
movimento é externo, ou seja, nada pode mover a si próprio, ou ser, ao mesmo tempo, motor e
movido: nenhum carro se locomove sem algum tipo de combustível.Mas este raciocínio conduz a
um absurdo lógico: se todo movido possui um motor, há uma sucessão infinita e, não havendo um
primeiro motor, também não haveria um segundo e assim por diante. Em resumo, o movimento
seria impossível!A única forma de explicar o movimento é conceber Deus como causa motora
primeira, que não é movida por nenhuma outra.
2) Causalidade:A segunda via é parecida com a primeira. Observa-se na natureza uma ordem
segundo uma relação de causa e efeito. O homem com o taco de bilhar é a causa; a bola que
entra na caçapa, o efeito.É impossível algo ser causa e efeito ao mesmo tempo: a bola de bilhar
não entra sozinha na caçapa. Contudo, se toda causa tem um efeito, haveria, uma sequência
infinita, a menos que admitamos uma causa primeira no universo, que é Deus.
3) Possível e necessário:As coisas podem ser e não ser. Todas as pessoas que conhecemos e
nós mesmos não existimos para sempre. As coisas nascem, se transformam e morrem. Em
outras palavras, somos seres contingentes.Porém, isso nos leva a pensar que houve um
momento em que nada existia, um instante de puro nada, que os astrônomos, atualmente,
localizam antes do "Big Bang", e que deu origem a tudo que há no universo.Para que o universo
saísse da mera possibilidade para a existência é preciso imaginar que algo tenha provocado isso,
caso contrário o nada persistiria como nada.Consequentemente, entre todos os seres possíveis
(que podem ser e não ser), é razoável acreditar que haja um que seja necessário, isto é, não
contingente. Como necessidade precisa ser causada, retorna-se ao absurdo das cadeias causais
infinitas do segundo e primeiro argumentos, a menos que Deus exista como necessário por si
mesmo.
4) Graus de perfeição:O quarto argumento é mais fácil de entender. Diz Tomás de Aquino:
"Encontram-se nas coisas algo mais ou menos bom, mais ou menos verdadeiro, mais ou menos
nobre, etc." Por exemplo, fulano é mais legal que beltrano, o banco A é mais confiável que o
banco B, etc."Ora, mais ou menos se dizem de coisas diversas conforme elas se aproximam
diferentemente daquilo que é em si o máximo". Quer dizer, para afirmar que uma coisa é mais ou
menos em graus de perfeição, é preciso ter algo como parâmetro comparativo, dotado de
perfeição absoluta, como um quente absoluto que permite dizer que esta água está muito quente
- e aquela, apenas morna.Conclui Tomás de Aquino: "Existe algo que é, para todos os outros
entes, causa de ser, de bondade e de toda a perfeição: nós o chamamos Deus".
5) Finalidade:A quinta e última via trata dos seres que se movem em uma direção, que possuem
uma finalidade, o que é facilmente verificável na vida na Terra, que progride rumo a maiores
níveis de organização, desde simples bactérias até modernas sociedades humanas.Tomás de
Aquino usa como o exemplo o arqueiro: a flecha só parte em direção ao alvo porque existe o
arqueiro que mira e dispara, isto é, porque há uma inteligência guiando a flecha. O "arqueiro" do
universo, por assim dizer, é Deus.

Santo Agostinho: A procura da verdade no interior do ser humano


"Não é certo que os leitores de Agostinho passarão os portais do céu. Mas é seguro que eles
entrarão no paraíso da literatura." Assim se referiu com muita pertinência a santo Agostinho o
historiador materialista Luiz Felipe de Alencastro, num pequeno artigo sobre este que é um dos
maiores pensadores católicos de todos os tempos.De fato, além de filósofo, Agostinho era um
escritor primoroso, expoente da literatura em língua latina, o que pode ser confirmado
principalmente pela leitura das suas Confissões, uma obra-prima. No entanto, infelizmente,
mesmo lido em português, não se trata de um livro fácil para o leitor de hoje. Contraditoriamente,
trata-se de uma obra de gritante atualidade.Quem quiser se aventurar a conhecê-la deve se
lembrar de que só se pode ver o panorama esplendoroso do pico de uma montanha depois de
empreender uma difícil escalada. Da mesma maneira, é difícil explicar em poucas linhas a obra
de Agostinho, que conta com cerca de 5 milhões de palavras.
Aspectos biográficos
Por isso, este artigo se limitará a alguns aspectos do filósofo e teólogo, a começar pelos
biográficos, já que as Confissões são, em sua maior parte, uma autobiografia - a primeira escrita
na história da humanidade.Agostinho ou Aurelius Augustinus (354-430) foi um homem que viveu
num momento limite: o Império romano se esfacelava: com a queda de Roma terminava o mundo
antigo e tinha início a Idade Média, por isso, talvez, o filósofo tenha produzido uma obra que é
essencialmente a síntese do pensamento de Platão com o cristianismo.Seus pais se esforçaram
para mandá-lo estudar na Universidade de Cartago, a grande metrópole da África romana. Em
vez de dedicar-se aos estudos, Agostinho preferiu dedicar-se a uma vida de prazeres,
preferencialmente os sexuais, tanto que se celebrizou sua seguinte frase: "Senhor, torna-me
casto, mas não ainda".Independentemente disso, Agostinho leu o filósofo e orador romano Cícero
(106-43a.C.) e, influenciado por ele, deu início a uma busca filosófica pela verdade, que o levou a
adotar as mais diversas posições filosóficas e religiosas (maniqueísmo, ceticismo) até abraçar o
cristianismo aos 32 anos. Mais tarde se tornaria bispo da cidade de Hipona (atual Annaba, na
Argélia).
O tempo
Segundo ele mesmo relata, obteve nesse momento uma revelação divina, juntamente com sua
mãe (Santa Mônica), e mudou de vida, embora seu pensamento, desde então, evoluísse
gradativamente, com as ideias amadurecendo ao longo do tempo. O tempo, aliás, foi objeto de
suas reflexões, que, sobre esse tema, anteciparam o pensamento de Descartes (1596-1650),
Kant (1724-1784), e Schopenhauer (1788-1860).Para Agostinho, o tempo não tem realidade em
si, é uma invenção do homem, constituído por três nadas: o passado, que não existe mais; o
futuro, que ainda não existe; e o presente, tão fugaz que é uma mistura de passado e futuro. É a
partir daí que se compreende com certa facilidade a concepção agostiniana de Deus.Assim como
Platão (427-347 a.C.), Agostinho concebe Deus como uma entidade que pertence a um reino de
verdades atemporais, perfeitas e imateriais, com o qual só temos contato de maneira não-
sensorial: tendo sido feitos à imagem e semelhança de Deus, uma parte desse reino existe dentro
de nós (e pode ser identificado com a alma).

Interioridade
Dentro é outra palavra chave para conhecer o pensamento de Agostinho: em sua busca filosófica,
ele deixou de lado a reflexão sobre o mundo exterior, e fez uma profunda introspecção para
descobrir a sua interioridade, a essência do ser humano. Por isso, Agostinho é considerado
também um pioneiro da psicologia.Para encerrar, convém lembrar que o cristianismo - antes de
Agostinho - pouco tinha de filosófico: consistia da crença num Deus criador que se fez homem e
num conjunto de instruções morais. Por isso, o filósofo pôde conciliá-lo sem contradições ao
platonismo.

Filosofia moderna: Maquiavel (suas concepções no campo da política), Thomas Hobbes, John
Locke, Jean-Jacques Rousseau (estado de natureza, contrato social e estado de sociedade para
cada um) e Immanuel Kant;

Maquiavel: A política e "O Príncipe"


Quando queremos dizer que alguém é ardiloso, astuto ou pérfido, costumamos dizer que é
maquiavélico. O adjetivo não é nada lisonjeiro, mas o responsável por ele é um dos filósofos mais
importantes da história da filosofia política. Niccolò Maquiavel (1469-1527) nasceu em Florença,
na época do Renascimento.Como sabemos, o Renascimento foi um período de intensa
renovação. Caracterizou-se por um movimento intelectual baseado na recuperação dos valores e
modelos da Antiguidade greco-romana, contrapondo-os à tradição medieval ou adaptando-os a
ela. O Renascimento referiu-se não apenas às artes plásticas, a arquitetura e as letras, mas
também à organização política e econômica da sociedade.
O Príncipe
Durante o período medieval, o poder político era concebido como presente divino. Os teólogos
elaboraram suas teorias políticas baseados nas escrituras sagradas e no direito romano. No
período do Renascimento, os clássicos gregos e latinos passaram a lastrear o pensamento
político. Maquiavel, no entanto, elaborou uma teoria política totalmente inédita, fundamentada na
prática e na experiência concreta."O Príncipe" sintetiza o pensamento político de Maquiavel. A
obra foi escrita durante algumas semanas, em 1513, durante o exílio de Maquiavel, que tinha sido
banido de Florença, acusado de conspirar contra o governo. Mas só foi publicada em 1532, cinco
anos depois da morte do autor.Como tinha sido diplomata e homem de estado, Maquiavel
conhecia bem os mecanismos e os instrumentos de poder. O que temos em "O Príncipe" é uma
análise lúcida e cortante do poder político, visto por dentro e de perto.
Os fins justificam os meios
A Europa passava então por grandes transformações. Uma nova classe social, a burguesia
comercial, buscava espaço político junto à nobreza, ao mesmo tempo em que assistia a um
movimento de centralização do poder que daria origem aos Estados absolutistas (Portugal,
Espanha, França e Inglaterra).Em "O Príncipe" (palavra que designa todos os governantes), a
política não é vista mais através de um fundamento exterior a ela própria (como Deus, a razão ou
a natureza), mas sim como uma atividade humana. O que move a política, segundo Maquiavel, é
a luta pela conquista e pela manutenção do poder.A primeira leitura que se fez dos escritos de
Maquiavel tomou o livro como um manual de conselhos práticos aos governantes. A premissa de
que "os fins justificam os meios" (frase que não é de Maquiavel, no entanto) passou a nortear a
compreensão da obra. Daí a reputação de maquiavélico dada ao governante sem escrúpulos.
O pensamento político contemporâneo
"O Príncipe" tem um estilo elegante e direto. Suas partes são bem organizadas, tanto na
apresentação quanto na distribuição dos temas. O procedimento principal do narrador é comparar
experiências históricas com fatos contemporâneos, a fim de analisar as sociedades e a política.
Em algumas passagens, o próprio autor se torna personagem das situações que
descreve.Podemos dividir a obra política de Maquiavel em quatro partes: classificação dos
Estados; como conquistar e conservar os Estados; análise do papel dos militares e conselhos aos
políticos para manutenção do poder. Dizemos que Maquiavel é o fundador do pensamento
político contemporâneo, pois foi o primeiro a pintar os fatos "como realmente são" e não mais
"como deveriam ser".Além de "O Príncipe", Maquiavel deixou outras obras, como o "Discurso
sobre a Primeira Década de Tito Lívio", "A Arte da Guerra" e "Histórias Florentinas". Deixou
também uma peça de teatro, "A Mandrágora", que se tornou um clássico do repertório teatral de
todos os tempos.

John Locke e o empirismo britânico: Todo conhecimento provém da experiência.


Uma das questões mais antigas que a filosofia tenta responder é "Qual a fonte do conhecimento
humano?". Como podemos saber se Deus existe, que dois mais dois são quatro ou que o céu é
azul? Será que já nascemos com algumas informações a respeito do mundo? A moderna biologia
genética nos diz apenas que possuímos uma história, inscrita em nossos genes, que irão
determinar algumas predisposições para desenvolvermos certas doenças hereditárias, tendências
sexuais e comportamentais ou mesmo o gosto por sorvete de chocolate. Mas aquilo que somos
depende de uma combinação de fatores genéticos com o ambiente em que fomos criados.
Seríamos, portanto, o resultado das escolhas que fizemos segundo as imposições de nosso
patrimônio genético e das oportunidades que temos na vida.Mesmo assim, a ciência
contemporânea ainda não responde às perguntas a respeito de como conhecemos as coisas e
como podemos estar seguros de possuir um entendimento verdadeiro. Filósofos como Platão
(428/27-347 a.C.), Santo Agostinho (354-430), e Descartes (1596-1650) acreditavam na doutrina
das ideias inatas, ou inatismo, que sustenta que o homem nasce com determinadas crenças
verdadeiras.Segundo eles, a alma humana teria uma espécie de repositório de informações
conferidas por Deus, e isso validaria as certezas sobre as coisas do mundo. Platão, no diálogo
Fédon, diz que conhecer é recordar-se daquilo que nossas almas imortais, que habitavam o
Mundo das Ideias, já sabiam, mas que ao nascer nos esquecemos.Contra essa doutrina, John
Locke (1632-1704), um dos mais importantes filósofos ingleses modernos, escreveu um livro
chamado Ensaio Acerca do Entendimento Humano (1690), que inaugurou a escola chamada
Empirismo Britânico. Na época, Locke foi muito influenciado pela ciência moderna, baseada em
observações.
Tábula rasa
Para Locke, o princípio do inatismo, além de não provar nada, é completamente desnecessário
para uma teoria do conhecimento. Se realmente nossas almas imortais compartilhassem um
mesmo estoque de informações, por que todos não teríamos as mesmas concepções científicas
de mundo, por exemplo? Por que os europeus desenvolveram a ciência, enquanto índios que
habitavam as Américas, não?Segundo Locke, Deus nos conferiu apenas as faculdades para que
pudéssemos adquirir conhecimento, dentro de certos limites. Contrariando o inatismo, ele afirma
que, ao nascermos, somos como uma folha em branco - "tábula rasa", diziam os empiristas - que
é escrita na medida em que vivemos e temos experiência de mundo:
"Suponhamos, pois, que a mente é, como dissemos, um papel em branco, desprovida de todos
os caracteres, sem quaisquer ideias; como ela é suprida? De onde lhe provém este vasto
estoque, que a ativa e que a ilimitada fantasia do homem pintou nela com uma variedade quase
infinita? De onde apreende todos os materiais da razão e do conhecimento? A isso respondo,
numa palavra, da experiência. Todo o nosso conhecimento está nela fundado, e dela deriva
fundamentalmente o próprio conhecimento." (1978, I, II, ii).Basicamente é isso que o empirismo
sustenta: contrapondo-se ao racionalismo, que privilegia a razão como fonte segura do
conhecimento, esta escola enfatiza o papel da experiência. Junto com Locke, fazem parte do
empirismo britânico os filósofos George Berkeley (1685-1753), David Hume (1711-1776) e John
Stuart Mill (1806-1873).Mas isso não quer dizer que, para Locke, a razão não tem nenhuma
função no processo cognitivo e que apenas aprendemos por meio das sensações. Seria um
absurdo dizer isso, porque equivaleria a dizer que um matemático, para saber que um triângulo
possui três lados, teria que encontrar um triângulo andando de metrô ou vagando pelo bosque.
Limites do conhecimento nas ideias
O que Locke diz é que somente a experiência nos fornece as ideias que habitam nossos
pensamentos. Em outras palavras, que o conhecimento tem um início externo, fora do
homem.Ideias, segundo o filósofo inglês, são os objetos do conhecimento, isto é, a matéria da
qual o conhecimento é formado. Elas são percebidas pelos sentidos, mas é o entendimento que
confere o, por assim dizer, acabamento final.Todo conhecimento, portanto, está fundamentado na
experiência, que nos fornece as ideias que constituem tudo aquilo que podemos saber sobre o
mundo. As fontes dessas ideias, diz Locke, são duas:
Sensação, ou sentido externo: é a percepção de objetos sensíveis e particulares, como o gosto
de uma maçã, a sensação de uma xícara quente de café, o som da voz de nossa mãe ou a visão
de um pôr do sol.Reflexão ou sentido interno: é a percepção da operação de nossas mentes com
as ideias já ali depositadas pela sensação, derivando as dúvidas, crenças, vontades e o
conhecimento propriamente dito.É somente com o segundo estágio, da reflexão, que atingimos o
entendimento das coisas; mas, sem as janelas abertas para a luz vinda da experiência, nossa
mente permanece como um quarto escuro. Os limites do que podemos conhecer, desse modo,
são as ideias. Não podemos ir além delas.
Locke ainda divide as ideias em:
Simples: são as que nos chegam misturadas num objeto, mas que podem ser separadas pelos
diferentes sentidos pelos quais as recebemos: a textura lisa, o aroma perfumado, o gosto doce, a
consistência firme e a cor vermelha são ideias simples que podemos distinguir da
maçã.Complexas: quando nossa mente é preenchida dessas ideias simples, podemos formar,
combinando-as, ideias complexas, como, por exemplo, homem, beleza, maçã ou universo.
Boa parte do Ensaio Acerca do Entendimento Humano é dedicado ao exame dessas ideias
simples e complexas que são a base de todo entendimento, o que permite a Locke propor
resoluções para importantes problemas filosóficos envolvendo conceitos como espaço, tempo,
infinidade, substância, Deus, liberdade e poder.Graus de conhecimento Em resumo, diz Locke:
"Conhecimento consiste na percepção do acordo ou desacordo de duas ideias. Parece-me, pois,
que o conhecimento nada mais é do que a percepção da conexão e acordo, ou desacordo e
rejeição, de quaisquer de nossas ideais." (1978, IV, I, ii).Por exemplo, quando sabemos que
branco não é preto, ao perceber que ambas as ideias ("branco" e "preto") estão em desacordo; ou
que os três ângulos de um triângulo são iguais a dois retos, ao perceber a igualdade entre
eles.Em relação à clareza e certeza dessas afirmações, Locke classifica os graus de
conhecimento em três:
Intuitivo: é aquele em que a mente percebe o acordo ou desacordo entre duas ideias
imediatamente, sem a necessidade de outras ideias. Por exemplo, quando percebo que o branco
não é preto, o quadrado não é triângulo ou 1+1=2. É o tipo mais seguro e claro de conhecimento
humano.
Demonstrativo: é quando a mente necessita de ideias subsidiárias para perceber o acordo ou
desacordo entre outras duas ideias - são as chamadas provas. Para saber, por exemplo, que três
ângulos de um triângulo são iguais a dois ângulos retos, preciso verificar essas medidas.
Sensível: é a percepção que temos de objetos particulares externos através dos sentidos. Apesar
de Locke incluir este terceiro tipo entre os graus de conhecimento, mesmo sendo o menos claro e
seguro dos três anteriores, o filósofo diz que o raciocínio que não for intuitivo ou demonstrativo é
artigo de fé ou de opinião, não conhecimento propriamente dito.Com base em sua classificação
dos tipos de conhecimento, Locke diz que as certezas provenientes da matemática e a moral são
indubitáveis e evidentes, pois são alcançáveis pelo raciocínio com ideias presentes na mente
humana, enquanto as ciências empíricas, como a física, que necessitam de uma verificação e
confronto com a realidade sensível, não configuram verdades universais. A teoria do
conhecimento lockeana influenciou os filósofos iluministas, Kant e os positivistas lógicos, entre
outros.

Jean-Jacques Rousseau: O contrato social


A discussão em torno desse tema poderia partir de qualquer um de nós, mas quem a formulou
magistralmente foi o filósofo Jean-Jacques Rousseau. Rousseau viveu durante a época do
Iluminismo, na segunda metade do século 18.
Como se sabe, o Iluminismo (também chamado de Filosofia das Luzes) foi um movimento
intelectual caracterizado pela importância da ciência e da racionalidade crítica no questionamento
filosófico, o que implica recusa a todas as formas de dogmatismo, especialmente o das doutrinas
políticas e religiosas tradicionais.
O contrato social
A questão da liberdade do homem é o mote central de "O Contrato Social", uma das obras primas
de Jean-Jacques Rousseau. "O Contrato Social" é um ensaio fundamental para a história da
filosofia e ao mesmo tempo uma obra para ser lida com prazer, na qual o filósofo conversa de
igual para igual com o leitor.Rousseau escreveu dezenas de obras num estilo que poderíamos
chamar de ensaio filosófico. Tendo nascido na Suíça, estabeleceu-se em Paris em 1742, onde fez
amizade com os filósofos enciclopedistas, entre os quais Denis Diderot e Condillac. Colaborou na
"Enciclopédia" coordenada por Diderot, escrevendo diversos artigos. Em 1749, a Academia de
Dijon ofereceu um prêmio para quem respondesse à seguinte questão: "O restabelecimento das
ciências e das artes terá contribuído para aprimorar os costumes?"Em consequência do que ele
mesmo chamou de uma iluminação, Rousseau escreveu o "Discurso Sobre as Ciências e as
Artes", tratando já da maioria dos temas importantes em sua filosofia. Em julho do ano seguinte
recebeu o primeiro prêmio, que se materializou numa medalha de ouro e em trezentas libras.
Com a publicação desta obra, Rousseau obteve o reconhecimento.
As bases da sociedade
Os anos seguintes foram de grande efervescência intelectual. Publicou o "Discurso sobre a
Origem da Desigualdade entre os Homens" e mais tarde um romance epistolar, "A Nova Heloísa",
que obteve grande êxito. Em 1762 surgiram duas de suas obras mais importantes, o ensaio "O
Contrato Social" e o tratado "Emílio, ou da Educação"."O Contrato Social" é considerado uma das
obras fundamentais da filosofia política. Rousseau parte do pressuposto de que é impossível
retornar ao estado de natureza. O homem em estado de natureza participa de uma condição sem
lei nem moralidade. Só um contrato com seus semelhantes oferece as bases legítimas para uma
vida em sociedade.É preciso, então, criar uma forma de associação que defenda e proteja a
pessoa do uso da força. Longe de ser um pacto de submissão, o contrato social é um pacto de
associação entre os homens. No estado civil, preconizado por Rousseau, o soberano é a vontade
geral.
Influência de Rousseau
Na época da publicação de "O Contrato Social" Rousseau tinha 50 anos e era um homem
célebre. Após a publicação, seu livro foi considerado ofensivo às autoridades, que ordenaram a
prisão do autor. Rousseau fugiu para a cidade de Neuchatel, na Suíça."O Contrato Social" foi
uma das obras que marcou o ideário da Revolução Francesa. Em seus últimos anos de vida,
Rousseu levou uma vida isolada, e redigiu em sua defesa as "Confissões" (uma espécie de livros
de memórias).A influência da obra de Rousseau pode ser estendida até os dias de hoje. "O
Contrato Social" marca a elaboração da noção de Estado moderno. Além de escritor e filósofo,
Jean-Jacques Rousseau foi também apaixonado por música. Escreveu duas óperas, "As Musas
Galantes" e "O Adivinho da Aldeia" e estudou teoria musical. Suas experiências, reflexões e
sensações foram registradas no livro "Os Devaneios de um Caminhante Solitário", publicado em
1776.

Kant - teoria do conhecimento: A síntese entre racionalismo e empirismo


O filósofo alemão Immanue Kant responde à questão de como é possível o conhecimento
afirmando o papel constitutivo de mundo pelo sujeito transcendental, isto é, o sujeito que possui
as condições de possibilidade da experiência. O que equivale a responder: "o conhecimento é
possível porque o homem possui faculdades que o tornam possível". Com isso, o filósofo passa a
investigar a razão e seus limites, ao invés de investigar como deve ser o mundo para que se
possa conhecê-lo, como a filosofia havia feito até então.Mas quais são exatamente, segundo
Kant, estas faculdades ou formas a priori no homem que o permitem conhecer a realidade ou, em
outros termos, o que são essas tais condições de possibilidade da experiência?
Em Kant, há duas principais fontes de conhecimento no sujeito:
 A sensibilidade, por meio da qual os objetos são dados na intuição.
 O entendimento, por meio do qual os objetos são pensados nos conceitos.
Vejamos o que ele quer dizer com isso, começando pela intuição. Na primeira divisão da Crítica
da Razão Pura, a "Doutrina Transcendental dos Elementos", a primeira parte é intitulada "Estética
Transcendental" (estética, aqui, não diz respeito a uma teoria do gosto ou do belo, mas a uma
teoria da sensibilidade). Nela, Kant define sensibilidade como o modo receptivo - passivo - pelo
qual somos afetados pelos objetos, e intuição, a maneira direta de nos referirmos aos
objetos.Funciona assim: tenho uma multiplicidade de sensações dos objetos do mundo, como
cor, cheiro, calor, textura, etc. Estas sensações são o que podemos chamar de matéria do
fenômeno, ou seja, o conteúdo da experiência. Mas para que todas estas impressões tenham
algum sentido e entrem no campo do cognoscível (daquilo que se pode conhecer), elas precisam,
em primeiro lugar, serem colocadas em formas a priori da intuição, que são o espaço e o
tempo.Estas formas puras da intuição surgem antes de qualquer representação mental do objeto;
antes que se possa pensar a palavra "cadeira", a cadeira deve ser apresentada, recebida, na
forma a priori do espaço e do tempo. Este é o 1º passo para que se possa conhecer algo.Assim,
apreendemos daqui duas coisas: primeiro, o conhecimento só é possível se os objetos da
experiência forem dados no espaço e no tempo; e, segundo, espaço e tempo são propriedades
subjetivas, isto é, atributos do sujeito e não do mundo (da coisa-em-si).
Espaço e tempo
Espaço é a forma do sentido externo; e tempo, do sentido interno. Isto é, os objetos externos se
apresentam em uma forma espacial; e os internos, em uma forma temporal.Como Kant prova
isso? Pense em uma cadeira em um espaço qualquer, por exemplo, em uma sala de aula vazia.
Agora, mentalmente, retire esta cadeira da sala de aula. O que sobra? O espaço vazio. Agora
tente fazer contrário, retirar o espaço vazio e deixar só a cadeira. Não dá, a menos que sua
cadeira fique flutuando em uma dimensão extraterrena.E o tempo? Ele é minha percepção
interna. Só posso conceber a existência de um "eu" estando em relação a um passado e a um
futuro. Só concebemos as coisas no tempo, em um antes, um agora e um depois. Voltemos ao
exercício mental anterior: podemos eliminar a cadeira do tempo - ela foi destruída, não existe
mais. Porém, não posso eliminar o tempo da cadeira - eu sempre a penso em uma duração,
antes ou depois.A conclusão é de que é impossível conhecer os objetos externos sem ordená-los
em uma forma espacial - e de que nossa percepção interna destes mesmos objetos fica
impossível sem uma forma temporal.Além disso, espaço e tempo preexistem como faculdades do
sujeito - e, portanto, são a priori e universais - quando eliminamos os objetos da experiência. Por
isso, segundo Kant, espaço e tempo são atributos do sujeito e condições de possibilidade de
qualquer experiência.As categorias Na segunda parte da "Doutrina Transcendental dos
Elementos", a "Analítica Transcendental", Kant analisa os conceitos puros a priori do
entendimento, pelos quais representamos o objeto.Vamos rever o esquema do conhecimento,
antes de avançar. Temos objetos no mundo, que só podemos conhecer como fenômenos, isto é,
na medida em que aparecem para o sujeito. Fora do sujeito, como coisa-em-si, estão fora do
alcance da razão.
Mas, para serem fenômenos, estas coisas precisam, antes de tudo, aparecer no espaço e tempo,
que são faculdades do sujeito. Vejo uma árvore. Esta árvore eu vejo em suas cores e formas, que
são as sensações deste objeto. Estas sensações são recebidas e organizadas pela intuição no
espaço e no tempo. Esta é a primeira condição para o conhecimento. O segundo momento,
depois de o sujeito receber o objeto na intuição, na sensibilidade, pela faculdade do entendimento
ele reunirá estas intuições em conceitos, como, por exemplo, "Árvore" ou "A árvore é verde". Esta
é a segunda condição para o conhecimento.Os conceitos básicos são chamados de categorias,
que são representações que reúnem o múltiplo das intuições sensíveis. As categorias, em Kant,
são 12:
1. Quantidade: Unidade, Pluralidade e Totalidade.
2. Qualidade: Realidade, Negação e Limitação.
3. Relação: Substância, Causalidade e Comunidade.
4. Modalidade: Possibilidade, Existência e Necessidade.
São formas vazias, a serem preenchidas pelos fenômenos. Os fenômenos, por outro lado, só
podem ser pensados dentro das categorias.Em Hume, a causalidade - relação de causa e efeito -
era um hábito, uma ilusão. Já para Kant, Hume estava errado em procurar a causalidade na
Natureza. Só podemos pensar as coisas em uma relação de causa e efeito porque a causalidade
está no sujeito, não no mundo. Uma criança vê uma bola sendo arremessada (causa) e olha na
direção de quem atirou a bola (efeito). Como a criança liga um fato com o outro? Porque ela
possui, a priori, a categoria de causalidade, que a permite conhecer.Chegamos, portanto, a uma
síntese que Kant faz entre racionalismo e empirismo. Sem o conteúdo da experiência, dados na
intuição, os pensamentos são vazios de mundo (racionalismo); por outro lado, sem os conceitos,
eles não têm nenhum sentido para nós (empirismo). Ou, nas palavras de Kant: "Sem
sensibilidade nenhum objeto nos seria dado, e sem entendimento nenhum seria pensado.
Pensamentos sem conteúdo são vazios, intuições sem conceitos são cegas."Considerações finais
É um lugar-comum dizer que Kant é um divisor de águas na filosofia, mas é verdade. O sistema
kantiano foi contestado pelos filósofos posteriores. No entanto, suas teorias estão na raiz das
principais correntes da filosofia moderna, da fenomenologia e existencialismo à filosofia analítica
e pragmatismo.

Filosofia contemporânea: Michel Foucault;


Filosofia pós-moderna - Michel Foucault: A genealogia dos micropoderes
Desde crianças, adoramos os super-heróis. Torcemos por eles e esperamos que derrotem os
vilões. São narrativas importantes em nossas vidas, e nos ajudam a assimilar noções de bem e
mal, certo e errado. Em geral, nos identificamos também como o mais fraco, que desafia o poder
do mais forte, como o tímido e fraco Clark Kent, que usa seus poderes secretos, como Superman,
para derrotar Lex Luthor. Afinal de contas, também somos fracos e o mundo, tão cruel, que não
custa imaginar que temos algum tipo de superpoder para enfrentar os vilões que aparecem pelo
caminho.Agora, imaginem a confusão de uma HQ (História em Quadrinhos) como Watchmen -
cujo filme estreia em 2009 -, em que os super-heróis cuidam de sua própria vida, não têm mais
uma "causa" pela qual lutar e, pior, alguns deles comportam-se como vilões! Escrita nos anos 80
por Alan Moore, o enredo é tipicamente pós-moderno. Em uma realidade fragmentada, com um
cotidiano multifacetado e sem coesão, como agiriam os super-heróis? E como fica a questão do
poder?Para responder a essas perguntas, vamos conhecer um pouco do pensamento deMichel
Foucault (1926-1984), um dos mais conhecidos e estudados filósofos franceses contemporâneos,
sendo alinhado, por suas teorias, tanto entre osestruturalistas como entre os pós-estruturalistas
ou pós-modernos. De sua obra, nos interessa discutir aqui apenas sua teoria do poder.
Poder no plural
Antes de Foucault, a teoria política concebia o poder como algo que uns tem, outros não, além de
estar associado, mais comumente, à figura da Igreja ou do Estado. Toda teoria política clássica,
de Maquiavel e os contratualistas (Hobbes, Locke e Rousseau) até Marx, discutia-se como
legitimar o poder de uns poucos sobre muitos, e assim, manter (ou subverter, no caso de Marx) a
ordem social.Foucault entende o poder não como um objeto natural, mas uma prática
socialexpressa por um conjunto de relações. Temos que pensar o poder não como uma "coisa"
que uns tem e outros não, como, por exemplo, o pai e o filho, o rei e seus súditos, o presidente e
seus governados, etc., mas como uma relação que se exerce, que opera entre os pares: o filho
que negocia com o pai, os súditos que reivindicam ao rei, os governados que usam dispositivos
legais para fiscalizar o presidente, etc.Deste ponto de vista, poder não se restringe ao governo,
mas espalha-se pela sociedade em um conjunto de práticas, a maioria delas essencial à
manutenção do Estado. O poder é uma espécie de rede formada por mecanismos e dispositivos
que se espraiam por todo cotidiano - uma rede da qual ninguém pode escapar. Ele molda nossos
comportamentos, atitudes e discursos.Para descobrir como o poder funciona, Foucault vai usar
o método genealógico, empregado por Nietzsche para contar a "história secreta" dos valores (ver
o texto"Filosofia pós-moderna - Nietzsche"). Vamos ver alguns exemplos disso.
Corpos dóceis
Uma manifestação externa desses poderes que Foucault analisa diz respeito aos seus efeitos
sobre nossos corpos, que ele chama de poder disciplinar e que caracterizou determinadas
sociedades no século 20.Foucault argumenta que nenhum poder que fosse somente repressor
poderia se sustentar por muito tempo, porque uma hora as pessoas iriam se rebelar. Portanto,
seu segredo é que, ao mesmo tempo em que reprime, gera conhecimento e corpos produtivos
para o trabalho.Era comum, e ainda é nos dias atuais, encontrarmos pátios escolares em que se
formam filas com crianças para entrar nas salas de aula. Depois, na sala de aula, era preciso que
as crianças controlassem suas vontades corporais (fome, vontade de fazer xixi, etc.) até que
tocasse o sinal. Este é um exemplo da domesticação de corpos de que fala o filósofo.Mais tarde,
na Igreja, no Exército e nas fábricas, esse indivíduo viveria a mesma rotina de adestramento
corporal. O objetivo? Segundo Foucault, maximizar a utilidade econômica de nossos corpos, para
o trabalho, e diminuir a força política e criativa, de contestação, que temos também, criaturas
cheias de desejos que somos.Afinal de contas, imagine o que seria de uma sociedade, livre de
mecanismos de poder, em que quiséssemos trabalhar ou estudar na hora em que desse na telha
e resolvêssemos passar a maior parte do nosso tempo namorando, jogando futebol ou
simplesmente não fazendo nada? E, para dar o exemplo para aqueles que são considerados
corpos improdutivos para a sociedade, diz Foucault, foram criados asilos para os loucos e prisões
para os ladrões. Desse encarceramento surgem áreas de conhecimento como a psiquiatria e a
criminologia.Resistências locaisO ponto em que a teoria de poder de Foucault converge com o
pós-modernismo é que, da mesma maneira que lidamos com o fim das visões totalizantes de
mundo, o poder também se pulveriza em micropoderes. E, consequentemente, a resistência aos
poderes passa a ser local, em ações cada vez mais regionalizadas.Não adianta investir contra o
Estado, achando que ele é a causa de todos os males. Ele é apenas uma das representações
desse poder que se exerce em uma série de mecanismos, que reproduzimos todos os dias sem
ao menos nos darmos conta disso. Por exemplo, quando tratamos com autoritarismo nossos
filhos, namoradas ou pais.E onde Foucault identifica estes focos de resistências locais aos
poderes? Nos movimentos ativistas pelos direitos humanos, além de gays, negros, feministas,
ecologistas e outras minorias que se organizaram como pólos de contra-poder, principalmente a
partir da década de 1960, quando emerge o pós-modernismo.
Neste nosso mundo pós-moderno, fica cada dia mais difícil saber quem é o vilão e quem é o
mocinho. Os super-heróis estão cada vez mais humanos. Ou, como diria Nietzsche,
demasiadamente humanos.
Sociologia
Sayeg concorda com o docente do colégio Magnum em relação aos possíveis temas da prova da
disciplina no Enem (veja abaixo). "Acredito que o exame foca bastante na política, no que diz
respeito a movimentos sociais, estado e sociedade civil e representações culturais", afirma.Ele
acrescenta que a dificuldade pode estar na falta de costume dos alunos em estudar essas
disciplinas de humanas. "Não acho a prova difícil. Ela é trabalhosa de se fazer, porque ainda não
existe uma cultura de se estudar filosofia e sociologia como se estuda as outras matérias",
analisa.
Sociologia: Movimentos sociais, socialização, surgimento das instituições, questão da
cultura, estratificação da sociedade, papel social da educação, pobreza e desenvolvimento, e
clássicos: Auguste Comte (visão ao positivismo), Karl Marx e Jürgen Habermas.

Modernização (2): Transformação social


A modernização social sofre grande influência da modernização econômica. A industrialização,
por exemplo, altera profundamente a distribuição demográfica das populações. A mecanização da
agricultura é um dos fatores que acarretam êxodo de mão-de-obra excedente para a zona
urbana. Além disso, o crescimento da oferta de emprego gerado pela expansão da indústria
acaba atraindo mais pessoas (que antes viviam no campo) para as cidades.
Os empregos gerados pela indústria e pelo comércio nas zonas urbanas dão origem à
necessidade de mão-de-obra especializada. Neste aspecto, a exigência de alfabetização aparece
como primeiro requisito para aquisição de conhecimentos profissionais. A alfabetização pode ser
considerada o processo primário de instrução dos indivíduos.
A alfabetização em larga escala através da oferta de escolarização pública estimulará o
surgimento dos meios de comunicação de massa, cujo exemplo mais importante é a imprensa.
Embora tenha surgido devido às necessidades de profissionalização, a alfabetização também
aparece como exigência do processo de socialização, que é o meio pelo qual os indivíduos
assimilam novos valores sociais. Com o passar dos anos, a alfabetização ganhará status social e
passará a ser considerada um valor cultural e um direito do cidadão.
Mobilidade social
Outro fenômeno importante constitutivo do processo de modernização social (e que também é
diretamente influenciado pela modernização econômica) é a estratificação social, que pode ser
entendida como uma mudança nos padrões de mobilidade social (horizontal e vertical).A
mobilidade social de caráter horizontal está relacionada com o aumento do deslocamento
geográfico dos indivíduos, reflexo das migrações internas. Esse deslocamento é causado pela
movimentação espacial dos indivíduos que deixam o campo e rumam para as cidades e que
também se deslocam de uma cidade para outros meios urbanos.A mobilidade social vertical está
relacionada com a constituição de classes sociais e o surgimento dos valores de ascensão social.
A estratificação social altera profundamente os padrões de sociabilidade, que passam a se
assentar na solidariedade grupal a partir do desempenho de funções produtivas semelhantes.A
ideologia de ascensão social, por outro lado, desempenha importante papel na busca dos
indivíduos pela superação da condição de classe. Um elevado grau de escolarização e uma boa
formação educacional e profissional se transformam em bens capazes de alterar os padrões de
mobilidade social vertical.
Entendendo as crises
O conceito de modernização foi um instrumento analítico muito importante para a área de
pesquisa em ciências sociais. A título de ilustração, cumpre destacar que o conceito de
modernização foi muito empregado para se entender períodos e conjunturas de crises políticas
que afetaram o Brasil.O período da República Velha (1889-1930), por exemplo, foi marcado pela
adoção do voto popular e de eleições periódicas para constituição do governo representativo. Não
obstante, o sistema político representativo foi considerado muito avançado para um país
predominantemente agrário, com a maioria da população vivendo na zona rural e sob controle
dos grandes latifundiários.O fenômeno do coronelismo é explicado sociologicamente a partir da
existência de um sistema político representativo avançado (portanto, moderno) em funcionamento
numa sociedade arcaica, atrasada social e economicamente.Paradoxalmente, as frequentes
crises de governabilidade que marcaram o períodopopulista (1945-1963), em que a mais grave
provocou o golpe militar de 1964, foram comumente interpretadas como a incapacidade do
sistema político de canalizar eficazmente as crescentes demandas sociais geradas pelos
processos de modernização econômica e social que afetava a sociedade brasileira.Nesse caso,
em particular, o sistema político não conseguiu acompanhar as rápidas mudanças na estrutura
econômica e social. O país se modernizava econômica e socialmente, mas o sistema político foi
incapaz de acompanhar as transformações que acabaram gerando graves crises institucionais.

Positivismo: Ordem, progresso e a ciência como religião da humanidade


A palavra positivismo foi empregada pela primeira vez pelo filósofo francês Claude Saint-Simon -
um dos chamados socialistas românticos - para designar o método exato das ciências e a
possibilidade de sua extensão à filosofia. Mais tarde, o politécnico Auguste Comte (1798-1857),
que foi seu secretário, utilizou a expressão para designar a sua filosofia, que teve grande
expressão no mundo ocidental durante a segunda metade do século 19 (estendendo-se no Brasil
à primeira metade do século 20).O positivismo acompanhou e estimulou a organização técnico-
industrial da sociedade moderna e fez uma exaltação otimista do industrialismo. Nesse sentido,
pode-se compreendê-lo como produto da sociedade técnico-industrial que, ao mesmo tempo, a
leva esta mesma sociedade a desenvolver-se e consolidar-se.Basicamente, a característica
essencial ao positivismo, tal qual o concebeu Comte, é a devoção à ciência, vista como único
guia da vida individual e social, única moral e única religião possível. Desse modo, em última
análise, o positivismo é compreendido como a "religião da humanidade".
Curso de filosofia positiva
A partir da ciência - e de uma ciência social ou sociologia, da qual Comte é um fundador -, o
filósofo propunha reformular a sociedade para que se obtivesse ordem e progresso. Note-se,
porém, que isso implica a criação de uma ciência social, pois só é possível reformular ou
transformar aquilo que conhecemos.A obra fundamental de Comte é o "Curso de Filosofia
Positiva", livro escrito entre 1830 e 1842, a partir de 60 aulas dadas publicamente pelo filósofo, a
partir de 1826. É na primeira delas que Comte formulou a "lei dos três estados" da evolução
humana:o estado teológico, em que a humanidade vê o mundo e se organiza a partir dos mitos e
das crenças religiosas;o estado metafísico, baseado na descrença em um Deus todo-poderoso,
mas também em conhecimentos sem fundamentação científica;o estado positivo, marcado pelo
triunfo da ciência, que seria capaz de compreender toda e qualquer manifestação natural e
humana.Passados mais de 150 anos da publicação do "Curso", talvez não fosse necessário dizer
que é inerente ao positivismo uma romantização da ciência, romantização esta que atribuiu ao
conhecimento científico uma onipotência não comprovada pela realidade. Atualmente, sabe-se
que a ciência não só resolve problemas, como também os cria: veja-se como um exemplo a
interferência danosa do desenvolvimento industrial no meio ambiente.
Positivismo no Brasil
Conhecer o positivismo, contudo, é particularmente importante aos brasileiros, devido à grande
influência que esta escola filosófica exerceu no país na virada dos séculos 19 e 20. Se o leitor foi
atento, percebeu que o objetivo da filosofia de Comte é aordem e o progresso, lema inscrito na
bandeira brasileira adotada após a proclamação da República.As ideias de Comte, em especial
através dos pensadores Miguel Lemos (1854-1917), Teixeira Mendes (1855-1927) e do militar
Benjamin Constant (1836-1891), se impuseram aos círculos republicanos brasileiros, contribuindo
para nortear a nova ordem social republicana, em especial nos governos Deodoro da
Fonseca e Floriano Peixoto.
Marx e a divisão do trabalho: A alienação do trabalho
É de Karl Marx a asserção de que todo novo estado da divisão do trabalho determina as relações
dos indivíduos entre si com referência a material, instrumento e produto do trabalho. Foi assim
com a propriedade tribal, depois com a comunal e com a feudal, ou estamental.Portanto, um
modo de produção ou estágio industrial é marcado por um modo de cooperação ou estágio social
sendo ele mesmo uma força produtiva.
Entre a reflexão e a execução
Mas só passou a haver efetiva divisão quando se instalou uma separação entre trabalho manual
e trabalho intelectual. Enquanto execução e reflexão andaram juntas nesse processo, o indivíduo
pôde, de algum modo, realizar-se em sua ocupação.É só com o trabalho industrial, no modo de
produção especificamente capitalista, que se dá de fato a divisão entre trabalho manual e
trabalho intelectual. Marx diz que mesmo na manufatura ainda havia a possibilidade de algum
trabalho diferenciado.
Alienação total
Na manufatura, ou modo de produção pré-capitalista, o trabalhador é explorado, mas não é
despojado do seu saber. O capital se apropria do trabalho, mas a alienação é apenas do corpo.Já
no modo de produção especificamente capitalista (trabalho industrial), o processo de trabalho é
desmontado pelo capital que o remonta à sua própria lógica. A alienação é então total. O
trabalhador da manufatura torna-se propriedade do capital.As forças intelectuais da produção
desenvolvem-se apenas num aspecto, em função dos operários serem classificados e
distribuídos segundo suas aptidões específicas. Já se nota a cisão entre o trabalhador e as forças
intelectuais do processo material de produção, que são apropriadas pelo capital.
Relação hierárquica
Na indústria, a divisão entre trabalho manual e trabalho intelectual se configura na relação entre
trabalhadores técnico-científicos, cuja função é organizar o processo de trabalho e os operários
que o executam.Essa é uma relação hierárquica. Os operários estão submetidos à lógica que o
capital impôs ao processo de trabalho. Quem atua para submetê-los são os trabalhadores
técnico-científicos, que se constituem em agentes do capital.Os trabalhadores técnico-científicos
não só organizam e planificam o processo de trabalho, mas também perpetuam uma estrutura
hierárquica e reproduzem as relações sociais capitalistas.
Separação entre execução e reflexão sobre o trabalho
Partindo de Marx, André Gorz acrescenta que, "os trabalhadores da ciência e da técnica, no
interior de sua função técnico-científica, têm a função de reproduzir as condições e as formas de
dominação do capital sobre o trabalho". As ciências e as técnicas não são, assim,
ideologicamente neutras. Elas favorecem a reprodução do capital e de sua lógica.O próprio Marx
já havia sugerido que o desenvolvimento geral da ciência e do progresso tecnológico - a utilização
do conhecimento científico-tecnológico na produção capitalista - torna-se o motor da criação da
riqueza efetiva. E esta é cada vez menos dependente do tempo de trabalho.Esse conhecimento
científico, que resulta da apropriação capitalista do saber social geral, mostra-se como tendência
da produção e reprodução capitalista, em sua fase avançada. Isso acentua cada vez mais a
separação entre a execução do trabalho e a reflexão acerca do que se faz, acentuando o
estranhamento (a alienação) do sujeito em relação ao que ele faz.
Jürgen Habermas - a ascensão do Estado: A decadência da esfera pública
Os estudos do filósofo alemão Jürgen Habermas, além de analisarem o surgimento da esfera
pública, também apontam para a transformação estrutural dessa mesma esfera, diante do
estreitamento das possibilidades de realização e expansão dos ideais burgueses (particularmente
no último quartel do século 19).Esse estreitamento de possibilidades ocorreria devido às
crescentes contradições da sociedade capitalista, que engendrou a necessidade da regulação
dos conflitos sociais pelo Estado, e à fragmentação do público racional em uma arena de
interesses concorrentes (conflitos de classe).Essas mudanças ocasionaram, consequentemente,
o desgaste e a independência da opinião pública e a legitimidade das instituições que serviram
para sua estruturação. Na esfera cultural, por exemplo, desde as artes até a imprensa e a
indústria do entretenimento de massa, os processos de comercialização e racionalização têm
cada vez mais visado o consumidor individual, ao mesmo tempo em que os contextos mediadores
de recepção e o discurso racional são eliminados - particularmente na nova era da mídia
eletrônica.Dessa forma, desaparece a base clássica da esfera pública - ou seja, a distinção entre
bem público e interesse privado e a separação entre Estado e sociedade, baseada em princípios
e num papel constitutivo de cidadãos participantes, definindo a política pública e seus parâmetros
através da troca racional, livre de dominação. As relações entre o Estado e a sociedade são
reordenadas, assim, com evidente vantagem para o primeiro.
Críticas à perspectiva habermasiana
Há uma série de críticas dirigidas aos estudos de Habermas. Primeiramente, Habermas confina
sua discussão em demasia na burguesia, limitando-se ao modelo liberal de "esfera pública
burguesa", distinguindo-a da esfera pública plebeia, associada à fase jacobina da Revolução
Francesa que, posteriormente, se manifestou no Cartismo e nas forças anarquistas do movimento
trabalhista continental.Outro limite de Habermas seria o fato de ele se ater em demasia à forma
plebiscitária aclamatória da esfera pública regimentada que caracterizava as ditaduras das
sociedades industrializadas (o fascismo).Outra crítica se refere à virtude do coletivo, que
poderia se materializar além das transações intelectuais de um ambiente burguês polido e culto.
Ou seja, o discurso baseado na "razão" também foi empregado por outros setores e classes
sociais, pois o ambiente ideológico global encorajou camponeses e trabalhadores a lutar pelo
mesma "linguagem emancipatória".Em outras palavras, os valores positivos da esfera pública
burguesa liberal rapidamente ganharam maiores dimensões e adquiriram ressonância
democrática mais ampla, resultando na emergência de movimentos populares com seus
movimentos culturais próprios, ou seja, formas distintas de esfera pública. Está aberta a
questão de até que ponto esses movimentos eram derivativos da esfera pública liberal, como
insinua Habermas, e até que ponto possuíam sua dinâmica e especificidade próprias.Os críticos
também apontam que, devido ao impacto da Revolução Francesa, diversos grupos de elite ou
subalternos, situados em diversas partes da Europa, apresentaram suas próprias reivindicações,
pois o evento legou um vocabulário político no qual as novas aspirações podiam ser exortadas,
ou seja, um discurso ideológico estruturado sobre direitos e autogestão, por meio do qual a
França revolucionária teria induzido a sociedade à reflexão consciente.As atividades
emancipatórias que atendem aos critérios de Habermas poderiam se originar de situações que
não parecem estar encapsuladas em seu modelo clássico de esfera pública burguesa (por
exemplo, os movimentos de trabalhadores e camponeses).

Elitismo burguês
O modelo habermasiano de esfera pública também foi apontado como limitado, restrito e
idealista. Ele negligencia o fato de que o elitismo burguês bloqueou e reprimiu conscientemente
as chances de uma participação/emancipação mais amplas, como ignora também os impulsos
emancipatórios presentes em tradições populares radicais.Ao agrupar todas as possibilidades no
modelo de esfera pública burguesa, Habermas perde essa diversidade e perde também a
extensão de que a esfera pública sempre foi constituída pelo conflito.Além disso, a emergência
de um público burguês nunca foi definida única e exclusivamente contra a autoridade arbitrária (o
absolutismo), mas também contra os movimentos populares, pois o modelo clássico de esfera
pública já estava sendo subvertido no momento de sua formação, à medida que as ações das
classes subordinadas ameaçavam redefinir o significado e o alcance da cidadania.Qual o
significado do termo "racional" na obra de Habermas? De certo modo, a teoria habermasiana é
uma abstração de um "ideal de racionalidade comunicativa", que o filósofo concebe como
realização, até certo ponto imperfeita, na esfera pública burguesa.A partir dessas considerações,
podemos afirmar que o conceito de esfera pública faz mais sentido como o cenário estruturado
onde o debate cultural e ideológico entre vários públicos acontece, e não como uma realização
voluntária e específica da classe burguesa.
SIMULADOS DE FILOSOFIA: Enem, Vestibular e Concursos

Questão 1-
Vernant conclui em As origens do pensamento grego que:
A) a jovem ciência dos jônios espelha a razão intemporal que veio encarnar-se no Tempo.
B) recolocada na história, prova-se que a filosofia reveste-se de um caráter de revelação
absoluta.
C) é no plano político que a Razão, na Grécia, primeiramente se exprimiu, constituiu-se e formou-
se.
D) a escola de Mileto fez nascer a própria Razão, que foi aprimorada pela razão experimental.

Questão 2 –
Na geração do cosmo, a preponderância à terra, ao fogo, à água e ao ar costuma ser atribuída,
respectivamente, aos seguintes pensadores pré-socráticos:
A) Parmênides, Heráclito, Tales e Pitágoras. Anaximandro.
B) Xenófanes, Heráclito, Tales e D) Empédocles, Anaximandro, Tales e
Anaxímenes. Parmênides.
C) Pitágoras, Anaxágoras, Tales e

Questão 3
"Para defender-nos, teremos de necessariamente discutir a tese de nosso pai Parmênides e
demonstrar, pela força de nossos argumentos que, em certo sentido, o não ser é; e que, por sua
vez, o ser, de certa forma, não é. (...) Enquanto não houvermos feito esta contestação, nem essa
demonstração, não poderemos, de forma alguma, falar nem de discursos falsos nem de opiniões
falsas" (Platão, Sofista, 241d-e).
I. O falso é possível porque
II. O não ser, em certo sentido, é.

As afirmações I e II dizem respeito ao trecho citado do Sofista de Platão. A alternativa correta é:


A) I é verdadeira e II é verdadeira, e II é condição para I.
B) I é verdadeira e II é verdadeira, mas II não é condição para I.
C) I é verdadeira e II é falsa, e II não é condição para I.
D) I é verdadeira e II é verdadeira, e I é condição para II.

Questão 4
Na República, livro VII, apresenta-se a "alegoria da caverna", em que se diz que, quando o
homem sai da caverna, ele vê o sol e esse corresponde à ideia do Bem.
De acordo com esse texto de Platão, pode-se afirmar que o conhecimento:
A) está vinculado a uma maneira de viver, mas tal alegoria mostra que não é assim que se
encontra a verdade.
B) não é pensado, na vida dos homens, como vinculado a um modo de vida; a alegoria é apenas
ilusória.
C) está vinculado a uma maneira de viver, e a educação oferece os meios para a alma voltar-se
para o Bem.
D) não é pensado, na vida dos homens, como vinculado a um modo de vida; a alegoria mostra
que o homem pode ser feliz.
Questão 5
"Tem presente, portanto, que concordaste que também é justo cometer atos prejudiciais aos
governantes e aos mais poderosos, quando os governantes, involuntariamente, tomam
determinações inconvenientes para eles - uma vez que declaras ser justo que os súditos
executem o que prescreveram os governantes." (Platão, República, 339e)
Em meio à discussão sobre a justiça, Sócrates sintetiza do modo acima citado a posição de
Trasímaco.
As afirmações de Trasímaco que dão base a essa síntese de Sócrates são:
A) Justiça é fazer o mal para os mais fracos; os que obedecem devem, recusar-se a obedecer
aos mais fortes.
B) Justiça é fingir que se faz o bem geral, visando ao proveito próprio; deve-se fazer os fracos
pensarem que as decisões dos fortes os favorecem.
C) É justo obedecer àqueles que governam; os governantes são passíveis de cair em erro em
suas decisões.
D) Justiça é o que convém ao mais forte; os governantes nunca se enganam ao tomar decisões
que lhes favorecem.

Questão 6
Em O banquete (203b-204d; 210a-212d), de Platão, Sócrates apresenta os ensinamentos de
Diotima sobre o amor e a beleza.Sobre o modo como esses conceitos são compreendidos nesse
trecho, pode-se afirmar que:
A) o amor aos belos corpos deve abrir o caminho à contemplação da beleza em si.
B) só os sábios desejam o que é belo, pois os ignorantes não reconhecem a beleza.
C) o amor pelos belos corpos é suficiente para a contemplação da beleza em si.
D) Eros, por ser belo, deve ser objeto de contemplação apenas dos filósofos.

Questão 7
Segundo Aristóteles (Metafísica, IV, 1, 1003a20-30), a ciência do ser enquanto ser e as demais
ciências consideram, respectivamente:
A) o ser enquanto ser universalmente - os princípios constitutivos da realidade como um todo.
B) as características particulares do ser enquanto ser - as características universais do ser.
C) o ser enquanto ser universalmente - as características de uma parte do ser.
D) as características particulares do ser enquanto ser - as características de uma parte do ser.

Questão 8
Segundo Aristóteles, "nos tornamos justos praticando atos justos" (Ética a Nicômaco, II, 1103b).
A afirmação que melhor expressa seu pensamento está indicada em:
A) basta a compreensão do sumo bem para tornar possível a vida moral.
B) adquirimos as virtudes ou excelências morais por meio da prática habitual.
C) somos naturalmente injustos e só realizamos a justiça pela instrução.
D) é preciso agir contrariamente à natureza para nos tornarmos justos.

Questão 9
Aristóteles afirma que a linguagem permite ao homem expressar em comum as noções de
desvantajoso e vantajoso, justo ou injusto.Essa afirmação leva o autor a concluir que o homem:
A) possui naturalmente tais noções éticas e, portanto, pode associar-se em torno delas na família
e no Estado (pólis).
B) não possui naturalmente tais noções éticas, mas pode chegar a um acordo sobre o modo de
vivê-las na família e no Estado (pólis).
C) possui naturalmente tais noções éticas, mas não pode associar-se em nenhuma instância, seja
na família ou no Estado (pólis).
D) não possui naturalmente tais noções éticas, mas a transferência de poder a um governante é o
que possibilita a vida no Estado (pólis).

Questão 10
"Começando a lê-los [os livros da Sagrada Escritura] notei que tudo que havia de verdadeiro nos
textos platônicos também se encontrava nesses textos em meio à proclamação de Vossa graça"
(Agostinho, Confissões, VII, 21).A afirmação acima endossa uma tese muito comum à
investigação filosófica e teológica da Idade Média cristã, a saber:
A) Platão teve acesso aos escritos de Moisés e não fez nada além de ocultar a originalidade do
profeta hebreu.
B) As verdades cristãs não são compatíveis com nenhuma espécie de conhecimento filosófico ou
racional.
C) A Revelação é historicamente anterior à Filosofia, e esta última não pode contribuir em nada
para esclarecer os conteúdos da fé.
D) A Revelação é mais ampla que a Filosofia por abarcar verdades que esta última não
alcançaria por si só e ainda por conter verdades filosóficas.
Questão 11
I. Deus é o Criador do mundo.
II. A existência do mal no mundo não é responsabilidade de Deus.

Agostinho concilia essas duas teses da seguinte forma:


A) O mundo, por ser substância divina, é bom em si mesmo; apenas os homens experimentam as
coisas como más de modo absoluto.
B) Deus cria o mundo através de dois princípios coeternos equivalentes em luta permanente, a
saber: o Bem e o Mal, este último princípio explica a segunda tese.
C) Tudo que Deus cria é bom, inclusive a vontade do homem, que escolhe, livremente, trocar o
Bem imutável pelos bens mutáveis, isto é, pecar.
D) Ontologicamente, apenas Deus é bom; a simples existência das coisas criadas, portanto, já
permite justificar a possibilidade de algum mal no mundo.

Questão 12
"Existe algo verdadeiríssimo, ótimo, nobilíssimo e, por conseguinte, o ser máximo, pois todas as
coisas que são verdadeiras ao máximo são os maiores seres (...). O que é máximo em algum
gênero é causa de tudo o que é daquele gênero." (Tomás de Aquino, Suma teológica, I, q. 2, a. 1)
"A perfeição do universo requer que haja coisas incorruptíveis assim como coisas corruptíveis,
portanto, que haja coisas que possam deixar de ser boas, o que de fato por vezes ocorre."
(Tomás Aquino, Suma teológica, I, q. 48, a. 2)
Essas citações são passos argumentativos que levam Tomás de Aquino a concluir,
respectivamente, que:
A) Deus é a causa da existência de todos os seres, assim como de toda bondade e qualquer
perfeição; e o mal está presente nas coisas.
B) Deus é a causa da existência de todos os seres, assim como de toda bondade e qualquer
perfeição; e, portanto, o mal não pode estar presente nas coisas.
C) filosoficamente, não se pode provar a existência de Deus, mas apenas de um gênero supremo
(ser); e não se pode concluir pela presença ou não do mal nas coisas.
D) filosoficamente, não se pode provar a existência de Deus, mas apenas dos gêneros relativos
às perfeições; e o mal está presente nas coisas.

Questão 13
"O intelecto humano se põe no meio [entre os sentidos e o intelecto angélico]: não é ato de um
órgão corporal, mas é uma potência da alma, que é forma do corpo, como ficou demonstrado. Por
isso, é sua propriedade conhecer a forma que existe individualizada em uma matéria corporal,
mas não essa forma enquanto está em tal matéria. Ora, conhecer dessa maneira, é abstrair a
forma da matéria individual, que as representações imaginárias significam." (Tomás de Aquino.
Suma teológica, I, q. 85, a. 1.)
I. O intelecto humano conhece por abstração porque
II. A alma, da qual esse intelecto é potência, é forma do corpo.

Considerando o trecho acima e as duas afirmações sobre a teoria da abstração em Tomás de


Aquino:
A) I é verdadeira e II é falsa, e II não é condição para I.
B) I é verdadeira e II é verdadeira, mas II não é condição para I.
C) I é verdadeira e II é verdadeira, e II é condição para I.
D) I é verdadeira e II é verdadeira, e I é condição para II.

Questão 14
Em suas Meditações metafísicas, Descartes tem em vista abandonar todas as opiniões que se
mostram duvidosas e incertas que são tomadas como "princípios mal assegurados".Com isso,
Descartes tem por objetivo:
A) defender que são impossíveis verdades objetivas, apenas subjetivas.
B) rejeitar ceticamente qualquer fundamento para a ciência.
C) demonstrar que a matemática é o fundamento do conhecimento.
D) estabelecer algo de constante e de firme nas ciências.

Questão 15
Segundo Hobbes (Leviatã, XIV), "o direito consiste na liberdade de fazer ou de omitir, ao passo
que a lei determina ou obriga a uma dessas duas coisas".Além disso, o autor afirma como regra
geral da razão "que todo homem deve esforçar-se pela paz, na medida em que tenha esperança
de consegui-la, e caso não a consiga pode procurar e usar todas as ajudas e vantagens da
guerra".
A primeira e a segunda parte dessa regra geral da razão encerram, respectivamente:
A) a lei de natureza, por conter uma obrigação - o direito de natureza, por ser um preceito de
liberdade.
B) a lei de natureza, por ser preceito de liberdade - o direito de natureza, por conter uma
obrigação.
C) o direito de natureza, por conter uma obrigação - a lei de natureza, por ser preceito de
liberdade.
D) o direito de natureza, por ser um preceito de liberdade - a lei de natureza, por conter uma
obrigação.
Questão 16
Apenas os princípios da não contradição e da identidade nascem conosco.Diante dessa tese,
Locke:
A) concorda; sem esses princípios nenhuma percepção lógica da realidade é possível.
B) concorda; na idade adulta todos os homens alcançam essas máximas.
C) discorda; se assim fosse, crianças e idiotas também alcançariam esses princípios.
D) discorda; tais noções primitivas são recebidas na alma no momento de sua criação.

Questão 17
Para Rousseau, quando alguém ousou dizer "Isto é meu" e encontrou pessoas que lhe deram
crédito, foi fundada a sociedade civil, a qual significa o afastamento da vida natural.Sobre tal
afastamento, considere as seguintes teses:
I. Os homens adquiriram uma ideia de propriedade distante do primeiro estado de natureza;
II. A bondade própria ao puro estado de natureza não convinha à sociedade civil nascente;
III. No estado de natureza os homens viviam livres e felizes;
IV. A igualdade desapareceu, a propriedade se introduziu e o trabalho se tornou necessário.

De acordo com Rousseau, estão corretas:


A) apenas as teses I e II. C) apenas as teses I e IV.
B) apenas as teses I e III. D) as teses I, II, III e IV.

Questão 18
Em sua Investigação sobre o entendimento humano, Hume distingue as percepções da mente
humana em dois tipos: de um lado, o pensamento (ou as ideias); de outro, as impressões (as
sensações).Sobre essas percepções, pode-se afirmar que o pensamento:
A) é menos vivaz do que a mais embotada das C) é tão vivaz quanto as sensações, por ir além
sensações. da experiência.
B) atinge sempre a mesma vivacidade que as D) é mais vivaz que as sensações, por ser
sensações. mais complexo.

Questão 19
Na "Quarta Proposição" da Idéia de uma história universal de um ponto de vista cosmopolita,
Kant escreve:
"O meio de que a natureza se serve para realizar o desenvolvimento de todas as suas
disposições é o antagonismo delas na sociedade, na medida em que ele se torna ao fim a causa
de uma ordem regulada por leis desta sociedade. Eu entendo aqui por antagonismo a insociável
sociabilidade dos homens, ou seja, sua tendência a entrar em sociedade que está ligada a uma
oposição geral que ameaça constantemente dissolver essa sociedade. Esta disposição é evidente
na natureza humana."Com base nesse texto, o antagonismo que leva ao desenvolvimento das
disposições naturais dos homens ocorre entre:
A) a tendência individual para a socialização e a disposição para a vida natural.
B) diferentes sociedades em estado de guerra, e não entre indivíduos isolados.
C) diferentes classes sociais; cada época possui seu próprio conflito entre classes.
D) a tendência para a socialização e uma oposição geral dos indivíduos entre si.
Questão 20 - Segundo Kant, na Crítica da razão pura, as formas originárias da sensibilidade,
espaço e tempo, são:
A) conceitos a priori, mas não puros, pois pertencem à sensibilidade.
B) condições necessárias de todas as relações em que objetos são intuídos.
C) intuições a priori, mas não puras, pois constituem o objeto empírico.
D) conceitos puros a priori, que organizam os objetos empíricos.

Questão 21 Kant, na "Analítica do belo", na Crítica da faculdade de julgar, compreende o juízo de


gosto como faculdade do julgamento do belo. Sobre os conceitos "juízo de gosto" e "belo", pode-
se afirmar, que:
A) é determinado independentemente de todo interesse - apraz universalmente sem conceito.
B) é determinado independentemente de todo interesse - apraz particularmente através de
conceitos.
C) é constituído pelo interesse no que é agradável - apraz particularmente sem conceito.
D) é constituído pelo interesse no que é bom - apraz universalmente através de conceitos.

Questão 22
"O saber que é o nosso objeto em primeiro lugar e imediatamente, não pode ser senão aquele
que é, ele próprio, saber imediato, saber do imediato ou do existente. Igualmente devemos nos
comportar de modo imediato e receptivo e, portanto, não mudando nele coisa alguma com
relação ao modo como se oferece e mantendo afastada da nossa apreensão a atividade de
conceber." (Hegel. Fenomenologia do espírito.) A passagem citada refere-se à:
A) pré-consciência, quando a consciência não iniciou sua formação.
B) certeza sensível, que desconsidera qualquer mediação.
C) percepção, pois ser receptivo e ser perceptivo são o mesmo.
D) consciência de si, pois o modo como ela se oferece não muda.

Questão 23 –
A alternativa que corresponde mais adequadamente ao materialismo de Marx é:
A) O ser não determina a consciência, isto é, a subjetividade humana determina a vida material.
B) A sensibilidade e o objeto devem ser apreendidos como atividade prática, humana e sensível.
C) O idealismo concebe a atividade de modo concreto, ao reconhecê-la como real e sensível.
D) As forças produtivas sociais equivalem ao sujeito, e as relações de produção equivalem ao
objeto.

Questão 24-
São constitutivos da fenomenologia de Husserl:
A) método da crítica do conhecimento, doutrina universal das essências, círculo hermenêutico.
B) pressuposição da realidade dada, suspensão do juízo da atitude natural, método indutivo.
C) doutrina particular das essências, suspensão do juízo da atitude natural, método experimental.
D) suspensão do juízo da atitude natural, intencionalidade, doutrina universal das essências.

Questão 25-
Em "Que é metafísica?", Heidegger afirma que são características de toda questão metafísica e
de sua formulação, respectivamente:
A) abarcar a totalidade da metafísica - quem interroga é, enquanto tal, problematizado na
questão.
B) abarcar a totalidade da metafísica - a ciência é, enquanto tal, sempre colocada em questão.
C) basear-se em pesquisas históricas - quem interroga é, enquanto tal, problematizado na
questão.
D) basear-se em pesquisas históricas - a ciência é, enquanto tal, sempre colocada em questão.

Questão 26-
"Toda interpretação que se coloca no movimento de compreender já deve ter compreendido o
que se quer interpretar" (Ser e tempo, § 32). Nesse trecho, Heidegger caracteriza o conceito de:
A) disposição afetiva. C) circularidade lógica.
B) círculo hermenêutico. D) primado ontológico
.
Questão 27-
Em O existencialismo é um humanismo, Sartre cita Dostoievski: "Se Deus não existe, tudo é
permitido".
A interpretação de Sartre sobre essa sentença está indicada de modo mais adequado em:
A) Deus não existe e não há essência humana anterior à sua existência; o homem, condenado à
liberdade e lançado no mundo, é responsável por tudo o que faz.
B) Ou a moral não tem um fundamento absoluto (Deus), ou não há moral possível; como essa
fundamentação moral é necessária, Deus tem de, necessariamente, existir.
C) Deus não existe e não há essência humana anterior à sua existência; é necessário então
afirmar o relativismo moral para toda e qualquer ação humana.
D) Deus não existe e não há essência humana anterior à sua existência; no entanto, é necessário
considerar certos valores como existindo a priori.

Questão 28-"Muito embora o planejamento do mecanismo pelos organizadores dos dados, isto é,
pela indústria cultural, seja imposto a esta pelo peso da sociedade que permanece irracional
apesar de toda racionalização, essa tendência fatal é transformada em sua passagem pelas
agências do capital de modo a aparecer como o sábio desígnio dessas agências. Para o
consumidor, não há nada mais a classificar que não tenha sido antecipado no esquematismo da
produção. A arte sem sonho destinada ao povo realiza aquele idealismo sonhador que ia longe
demais para o idealismo crítico." (Dialética do esclarecimento, "A indústria cultural: o
esclarecimento como mistificação das massas") A partir do trecho acima e de acordo com a
concepção de Adorno e Horkheimer sobre a indústria cultural, pode-se afirmar que:
A) a "arte sem sonho" destinada às grandes massas é mais realista, e por isso capaz de superar
o idealismo crítico.
B) os artistas, individual e coletivamente, são capazes de estabelecer os fins da produção cultural
de forma autônoma.
C) a indústria, ao realizar o esquematismo para os sujeitos-clientes, realiza a formação dos
sujeitos autônomos.
D) a racionalidade técnica dominante na indústria não é suficiente para a criação de uma
sociedade racional.

Questão 29-Em A lógica da pesquisa científica, Popper defende que as teorias científicas devem:
A) ser constituídas por enunciados universais passíveis de falseamento.
B) ser constituídas por inferência de enunciados universais a partir de singulares.
C) fundamentar os enunciados científicos pela verificação dos fatos.
D) fundamentar a explicação dos fatos pelo método indutivo.

Questão 30-Em A estrutura das revoluções científicas, Kuhn tem por objetivo:
A) estabelecer uma separação nítida entre ciência, religião e metafísica.
B) apresentar um modelo que justifique a ciência como concepção de mundo atemporal.
C) mostrar que a ciência se desenvolve apenas pela acumulação de descobertas.
D) esboçar um conceito de ciência diverso do estereótipo a-histórico que se atribui a ela.

Questão 31
Acerca da investigação sobre o poder realizada por Foucault em Vigiar e punir, é mais adequado
afirmar que:
A) não se encontra ainda a elaboração de uma microfísica do poder, pois se trata de realizar a
genealogia das grandes instituições penitenciárias.
B) poder e saber estão diretamente implicados: as relações de poder constituem sempre campos
de saber; e saber sempre supõe e constitui relações de poder.
C) a constituição do sujeito livre e capaz de conhecimento é o requisito fundamental para a
análise e compreensão dos mecanismos do poder.
D) a descoberta do poder disciplinar como inspirador do Panopticon é a realização que permite
compreender o poder como apropriação.

Questão 32
"A única versão defensável da doutrina do caráter sagrado da vida humana era o que poderíamos
chamar de "doutrina do caráter sagrado da vida pessoal". Sugeri que, se a vida humana tem
mesmo um valor especial ou um direito especial a ser protegida, ela os tem na medida em que a
maior parte dos seres humanos são pessoas." (Singer, Peter. Ética prática, capítulo 5).Baseado
nessa versão da "doutrina do caráter sagrado da vida humana", Peter Singer afirma que, se
alguns animais são pessoas, então a vida desses animais:
A) deve ter o mesmo valor especial, ou o mesmo direito à proteção que a dos seres humanos que
são pessoas.
B) deve ter o mesmo valor especial, mas não o mesmo direito à proteção que a dos seres
humanos que são pessoas.
C) não tem nenhum valor especial, mas tem o mesmo direito à proteção que a dos seres
humanos que são pessoas.
D) não tem nenhum valor especial, nem o mesmo direito à proteção que a dos seres humanos
que são pessoas.

Questão 33=Alguns filósofos criticaram a metafísica e o pensamento filosófico tradicional.


Sobre essas críticas, pode-se afirmar que, segundo:
A) Kant, a metafísica não é possível como ciência porque o fenômeno só pode ser apreendido por
uma intuição intelectual.
B) Nietzsche, as teorias metafísicas realizam uma integração completa entre valores absolutos
que devem, ao contrário, ser opostos.
C) Heidegger, são dois os preconceitos que perpassam a pergunta pelo ser: o ser é o conceito
mais universal e o ser é o imediato indeterminado.
D) Wittgenstein, nas Investigações filosóficas, a filosofia não pode fundamentar nem deduzir, mas
apenas descrever o uso da linguagem.
Questão 34-Inteligência, entendimento, fé e suposição. Essa ordem indica, decrescentemente,
"graus de clareza" quanto aos objetos de conhecimento para:
A) Platão, que relaciona tais graus de clareza ao que seus respectivos objetos têm de verdade.
B) Tomás de Aquino, pois sem inteligência e entendimento, fé é mera adesão ao testemunho de
outro.
C) Descartes, que considera a clareza e a distinção como critérios para separar verdade e
falsidade.
D) Kant, pois associa fé à opinião, e os objetos da inteligência e do entendimento à razão pura.

Questão 35-Na filosofia contemporânea, pode-se afirmar que a verdade, de acordo com:
A) Marx, é realizada na práxis, isto é, a teoria deve ser completamente abandonada em favor da
prática.
B) Nietzsche, é um conjunto de ilusões que parece canônico após longo uso, por se ter esquecido
seu caráter metafórico.
C) Heidegger, é, em sentido originário (alétheia), uma propriedade primordialmente atribuída às
proposições.
D) Wittgenstein, é a correspondência específica com os fatos realizada na figuração dos jogos de
linguagem.

Questão 36-A respeito da reflexão filosófica sobre a moral, pode-se afirmar que, segundo:
A) Hume, de fatos podem se deduzir normas, por isso a ética deve ser derivada da ciência.
B) Kant, o dever é a imposição da lei moral dada pelas inclinações e necessidades humanas.
C) Nietzsche, todos os valores absolutos devem ser acolhidos a partir da perspectiva da vida.
D) Mill, a utilidade é a capacidade de promover a maior felicidade para o maior número.

Questão 37-O desejo é uma noção próxima de outras, como apetite, paixões, inclinações e
refere-se, de modo geral, a impulsos ou tendências que não são guiados pela razão.
Sobre algumas formas mais clássicas de se conceber o desejo, pode-se afirmar que, de acordo
com:
A) Aristóteles, as paixões humanas estão relacionadas ao saber prático, e excluem quaisquer
relações com o saber teorético.
B) Maquiavel, o príncipe, para conservar seu poder e sua respeitabilidade, sempre deve
satisfazer os desejos dos súditos.
C) Nietzsche, grande parte do pensamento consciente de um filósofo é secretamente guiado por
seus instintos.
D) Freud, a consciência moral é senhora dos desejos inconscientes, causadores da neurose em
indivíduos imorais.

Questão 38-
Ao longo da história, algumas das teses políticas de Aristóteles mereceram críticas de outros
autores. Entre essas teses, pode-se citar a concepção do Estado justo como uma comunidade
una e indivisa; a finalidade do Estado como sendo o bem comum; e a necessidade de os
governantes serem virtuosos por serem exemplo para os governados, que os imitam.
Sobre os autores que criticaram Aristóteles, pode-se afirmar que, de acordo com:
A) Maquiavel, o príncipe deve parecer ter as virtudes éticas, sendo necessário em algumas
circunstâncias agir contrariamente a elas.
B) Hobbes, o Estado faz o contrato social surgir naturalmente da convergência dos cidadãos em
torno de seu próprio desenvolvimento.
C) Marx, a economia política é o que torna uma comunidade una e indivisa e realiza o bem
comum que é o objetivo do Estado.
D) Foucault, a sociedade disciplinar se constitui pelo estabelecimento da soberania, através da
delegação de poder pelos indivíduos nas instituições.
Questão 39-A tragédia é uma forma de arte abordada por diferentes pensadores, que a
consideraram um dos grandes gêneros artísticos.
De acordo com Aristóteles e Nietzsche, respectivamente, a tragédia envolve:
A) a imitação de ações de caráter elevado através das quais o herói é levado a um destino de
infortúnio - a articulação entre os impulsos artísticos da figuração plástica e da música.
B) a imitação de ações de caráter elevado que provocam o êxito do herói - a predominância do
impulso dionisíaco sobre o apolíneo a ponto de excluí-lo totalmente.
C) a imitação de ações de caráter baixo que provocam o êxito do herói - a predominância do
impulso apolíneo sobre as manifestações dionisíacas a ponto de excluí-las totalmente.
D) a imitação de ações de caráter baixo que provocam a decadência do herói - a destruição
mútua dos impulsos artísticos da figuração plástica e da música.

Questão 40
No "método de analogia lógica", utilizado para determinar se um argumento silogístico é válido ou
não, substituem-se algumas palavras por outras, cujo sentido conhecemos, mantendo a forma do
argumento. Se, então, depara-se com premissas verdadeiras e conclusão falsa, sabe-se que o
argumento é inválido.
A característica do silogismo que torna possível esse método está expressa em:
A) A premissa maior tem extensão lógica maior do que a premissa menor.
B) A validade ou a invalidade de um silogismo é uma questão puramente formal.
C) A validade ou a invalidade de um silogismo depende de seu conteúdo específico.
D) A conclusão tem extensão lógica menor do que as premissas.

GABARITO:
01)C 21)A
02)B 22)B
03)A 23)B
04)C 24)D
05)C 25)A
06)A 26)B
07)C 27)A
08)B 28)D
09)A 29)A
10)D 30)D
11)C 31)B
12)A 32)A
13)C 33)D
14)D 34)A
15)A 35)B
16)C 36)D
17)D 37)C
18)A 38)A
19)D 39)A
20)B 40)B

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