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Nesta aula, iremos nos aprofundar no signi cado da re exão losó ca, na consciência de si e no exercício da crítica,
considerando o dito popular: A barba não faz o lósofo!
Para tanto, analisaremos alguns aspectos do pensamento platônico, em especial a narrativa da caverna e do anel de
Giges.
Bons estudos!
OBJETIVOS
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17/05/2019 Disciplina Portal
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Você pode ter entreouvido algumas teorias, nomes de pensadores, pode ter descoberto que lósofos como Platão e
Aristóteles já foram estampados em moedas gregas, Voltaire em cédulas do dinheiro francês, Kant, Marx e Russell em
selos para postagens. Pode ter reconhecido a importância de seus pensamentos, mas, possivelmente, não se
perguntou sobre a possibilidade de aplicar algumas de suas ideias nas suas experiências cotidianas (MARCONDES e
FRANCO, 2011).
A contribuição mais signi cativa da Filoso a é, sem dúvida, a re exão e seu compromisso com a alteridade. Portanto,
a Filoso a não é um saber distante do mundo da vida, mas uma postura crítica diante dos dilemas que precisamos
enfrentar em nossa existência.
A postura re exiva pertence à Filoso a e in uencia a base de todas as ciências porque nos separa do pensamento do
senso comum, bem como das explicações cientí cas já superadas por novos paradigmas.
VOCÊ SABIA?
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Re etir signi ca, antes de tudo, organizar o pensamento para o conhecimento. Signi ca o distanciamento em relação
ao objeto a ser investigado para se veri car as próprias condições do ato de conhecer. E, nesse ponto, os pressupostos
do próprio pensamento são questionados. Por isso, há uma presença visível e invisível da Filoso a em nossas vidas. A
própria ideia de educação do ser humano é construção losó ca. Então, o que faz o lósofo é a qualidade de sua
re exão, não sua barba!
Podemos pensar que a re exão nos conduz a algumas ideias: em primeiro lugar, trata-se de um exercício hermenêutico
(glossário) na tentativa de se compreender as razões ou motivos que fundamentam pensamentos e ações; em
segundo lugar, possibilita a rede nição de ideias, assim como outras concepções à luz de novos tempos. Em terceiro
lugar, é uma atitude que nos liga ao outro porque somos seres comunicativos, logo, mediados pela linguagem. Não há
como existir sem estar no horizonte da alteridade, e a linguagem signi ca essa proximidade com o outro
(CARBONARA, 2008).
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Já que não é a barba que faz o lósofo, mas a sua re exão, como devemos proceder?
Ao ler um texto, por exemplo, devemos observá-lo como parte de um sistema coerente de argumentos, conceitos e
proposições do seu autor. Há uma lógica interna dos argumentos que precisa ser descoberta pelo leitor. Seja um texto
jornalístico ou algo mais complexo, há sempre uma intencionalidade que precisa ser desvelada.
Para ler um texto ou pensar de maneira re exiva, devemos buscar, em primeiro lugar, um esforço efetivo para a
compreensão da inteligência do texto/pensamento. Usa-se esse método de leitura/investigação para se compreender
a lógica interna do texto/pensamento.
E é certo a rmar: se não entendermos essa lógica intrínseca ao texto, não poderemos compreender os argumentos
que lá habitam. Por isso, a Filoso a nos ensina a perguntar.
O papel da Filoso a não se reduz a um ensinamento de teorias, mas envolve, antes de tudo, a capacidade de perguntar
e avaliar a nossa vida de maneira crítica, as maneiras de ser e agir de nossa época, por exemplo.
Sua vitalidade repousa sobre esse enfrentamento dos problemas concretos da vida humana. Por quê? Porque a
educação do pensamento crítico e a cidadania desempenham um papel essencial na organização democrática das
sociedades contemporâneas.
No momento em que a Filoso a nos ensina a pensar sobre nossos próprios pensamentos, a provocar as condições de
possibilidade de reconhecimento na pessoa do outro, está construindo um dos aspectos mais importantes da
cidadania: a percepção de que precisamos lidar com “a diversidade, a diferença, a tolerância e o diálogo” (CASSOL,
2008, p. 152).
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Segundo Jaime Paviani (2008, p. 8), “A loso a de Platão nasce de perguntas e de respostas contextualizadas, do
exame refutativo, (...) da busca da verdade e do desejo de livrar o homem dos so smas e da falsa retórica”.
Platão nos ofereceu importantes diálogos que nos permitem experimentar o pensamento re exivo em seu acontecer.
São diálogos, porque a presença do outro é indispensável para o reconhecimento de nossos limites e do
desenvolvimento da autoconsciência de si (CASSOL, 2008).
A autoconsciência de si desvela a nossa condição como seres de relação, inseridos numa sociedade, que, por sua vez,
interfere em nossa própria construção como sujeitos pensantes e no despertamento para a postura crítica. Elementos
que viabilizam a construção e a manutenção de uma democracia efetiva (CASSOL, 2008).
A CAVERNA DE PLATÃO
Numa importante passagem da obra República (glossário), Platão revela a íntima relação entre Filoso a, diálogo e a
autonomia do pensar. Trata-se do mito da caverna, em que Sócrates relata uma estranha história de homens
prisioneiros, desde o nascimento, no interior de uma caverna. Esses cavernícolas foram colocados nessa condição
pelos so stas.
A República de Platão investiga as condições de possibilidade para o Estado ideal e o Filósofo como o melhor
governante. Por isso, a sua concepção fundamenta-se no cuidadoso estudo sobre o conhecimento (DUPRÉ, 2015).
Saiba Mais
, Vamos conhecer um pouco mais dessa história? Primeiro, assista ao vídeo O mito da caverna (https://www.youtube.com/watch?
v=eZze-EpcwRI). Em seguida, clique aqui (galeria/aula3/docs/a03_t05.pdf) e leia o texto.
O ANEL DE GIGES
Na República, livro II, o lósofo apresenta uma outra tese interessante: a de que ninguém seria honesto naturalmente.
Será?
Em seu modo de ver, agimos conforme as regras porque somos motivados por fatores externos à nossa consciência,
tais como: medo de reprovação social, medo da sanção judicial, temor de represálias etc.
A prática do mal estaria vinculada à ignorância, ou seja, ao desconhecimento. Por isso, Platão e seu mestre Sócrates
lutaram pelo pensamento autônomo, pela necessidade de re exão que signi ca um pensar sistemático, que investiga
os fundamentos, analisa de nições etc. Assim, antes de agir, o sujeito deve re etir sobre sua ação e basear sua
postura em princípios.
Saiba Mais
, Vamos conhecer um pouco mais dessa história? Primeiro, assista ao vídeo O anel de Giges (https://www.youtube.com/watch?
v=QqB-s0nvdUs). Em seguida, clique aqui (galeria/aula3/docs/a03_t06.pdf) e leia o texto.
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ATIVIDADE
Agora que você já compreendeu a importância da re exão e do conhecimento para a construção de um pensamento
autônomo, assista ao vídeo “Saramago e a caverna de Platão (glossário)”.
Após, compartilhe com seus colegas, no fórum, suas impressões sobre o conteúdo do vídeo, que apresenta uma
versão moderna do mito da caverna de Platão a partir do olhar de José Saramago (glossário), que faz uma
apresentação sutil da face cruel do mundo capitalista e tecnológico e a rma: “Nós nunca vivemos tanto na caverna de
Platão!”. Lembre-se de indicar a fonte de sua pesquisa e traga novas contribuições para o debate.
Glossário
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REFLEXÃO
Re exão = sf. 1. Ação ou resultado de re etir (-se). 2. Pensamento sério ou meditação profunda a respeito de determinado
assunto, problema, ou sobre si mesmo: Faz as coisas sem re exão. 3. Ensaio sobre um assunto, uma temática: Re exões sobre a
globalização e seus efeitos. 4. Fil. Atenção aplicada ao processo do entendimento, aos fenômenos da consciência e às próprias
ideias.
Fonte: Aulete (http://www.aulete.com.br/)
HERMENÊUTICO
(her.me.nêu.ti.ca) sf. 1. Dir. Interpretação de textos legais para aplicação à particularidade dos casos. 2. Fil. Interpretação das
Sagradas Escrituras e de textos losó cos. 3. Ling. Interpretação do sentido das palavras e de textos em geral.
4. Liter. Interpretação de um autor e de sua obra. 5. Ling. Interpretação dos signos e de sua representação simbólica numa cultura.
Fonte: Aulete (http://www.aulete.com.br/).
REPÚBLICA
Essa obra foi considerada um projeto político pedagógico para a construção de uma sociedade ideal. No texto, a Filoso a ocupa
lugar importante na formação de cidadãos virtuosos.
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