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APRESENTAÇÃO
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para os temas e autores aqui desenvolvidos. Levando em conta que estamos
num programa de EAD, com as facilidades promovidas pelo grande oráculo
tecnológico (Google), contamos com a iniciativa dos alunos para navegarem na
web, procurando o aprimoramento das palavras chaves que serão destacadas
no texto. Ainda dentro desse propósito, será oferecido no final de cada capítulo
um repertório de questões para que o aluno tenha mais elementos que sirvam
de complemento ao texto. Que este pequeno livro sirva, portanto, como início
de uma aventura intelectual e não o fim dela.
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As origens da definição de conhecimento.
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entre tiranias, fazer surgir um modelo político em Atenas que bastaria como
principal legado dos gregos ao mundo contemporâneo. Estamos falando da
democracia. Sabemos que a democracia de Atenas não era plena para seus
habitantes. Só os ditos cidadãos podiam exercê-la e isso excluía os escravos,
as mulheres e os estrangeiros. Mas apesar dessas restrições, a semente fora
lançada. Foi constituída a arena para discussão entre os cidadãos, e o critério
de decisão para os membros da assembleia era o voto da maioria. Em
princípio, o voto de cada um não deveria se pautar pela origem da proposta
apresentada a uma disputa. Idealmente, não deveria importar se o
representante de uma ideia fosse mais rico ou poderoso do que os eventuais
críticos a esta ideia. A capacidade argumentativa deveria pesar mais na
escolha Neste contexto, o discurso passou a ter poder político explícito
(provisoriamente tomaremos discurso, linguagem, logos e razão como
sinônimos). Tal poder colocou a racionalidade na vitrine, suscitando, desse
modo, que passasse a ser um (instrumento) de grande interesse. Realmente,
essa descoberta do logos já tinha atraído a adesão de muitos pensadores que
viam nela um instrumento que, além de sua capacidade de persuasão politica,
poderia ser aplicada ao mundo de forma distinta das explicações advindas da
tradição e calcadas no pensamento mágico ou religioso. Ou seja, pelo exercício
do logos era também possível inspecionar o mundo. Os primeiros filósofos
deram ênfase a tal diretriz e, num certo sentido, propiciaram a origem do que
chamaríamos de uma atitude científica perante o real. Por esta orientação, de
modo geral, são conhecidos como filósofos pré-socráticos (físicos). Mas há
outro modo pelo qual o logos exposto chamou a atenção. Exatamente
enquanto ele mesmo é tomado como objeto de investigação e o divisor de
águas para essa atitude é Sócrates. Com ele nossa forma de representar o
mundo passou a debruçar-se sobre si mesma e procurar entender suas origens
e limites. A razão (...) toma ela mesma como matéria de investigação (...) e o
logos enquanto linguagem passa a ser objeto de consideração, mas não num
sentido gramatical, e sim na força que ele possui em carregar conteúdos
possíveis, em outras palavras, sua possibilidade de significar (...). Tal virada
metodológica produziu uma estranheza cognitiva que se faz sentir até hoje.
Similar à estranheza que temos ao vermos o quadro de Rene Magritte onde
está pintado um cachimbo e cujo título é exatamente "Isto não é um cachimbo".
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Abstrai-se o conteúdo do discurso e se examina as estruturas que permitem a
significação. Nesta perspectiva, o alvo de pesquisa de Sócrates é sobre uma
parte muito específica do logos, a saber, os conceitos e o uso que deles
fazemos. Quando o filósofo avança sua análise, ele está envolvido na
clarificação dos mesmos, mais propriamente, querendo explicitar o
entendimento que deles temos e o caminho é estabelecer a definição destes
conceitos - ou das ideias, se seguirmos o jargão de Platão (como é notório,
Sócrates não escreveu nenhum livro. O que conhecemos dele provém da pena
de seu discípulo Platão). Muitos são os conceitos que nós usamos no dia a dia
e grande parte deles, quanto àsua significação, não são problemáticos. Por
exemplo: temos a definição e aplicamos sem dificuldade o conceito de "cão",
sendo fácil identificar-lhe instâncias. Mas quanto aos conceitos de "bem",
"beleza" ou mesmo "justiça", não temos a mesma segurança sobre seu pleno
entendimento. Somos capazes de lhes fornecer definições claras? Sócrates era
visto como aquela figura impertinente que se aprazia em questionar os que se
apresentavam como sábios em determinado assunto para justamente expor a
ignorância dos mesmos. Como não poderia deixar de ser, Sócrates volta-se
para um dos conceitos mais preciosos da filosofia e que está enraizado na
origem etimológica da palavra (...) (amor á sabedoria), o conceito de
conhecimento. Essa iniciativa funda a Teoria do Conhecimento, também
nomeada como epistemologia.
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abandona esse expediente, objetando que está a procura, então, do que há de
comum entre tais atividades distintas, permitindo caracterizá-las como saberes
genuínos. Quer, assim, a unidade oculta na diversidade dos exemplos. Então o
personagem Teeteto sugere que a fonte do conhecimento seria a percepção. A
partir deste parecer, vemos o diálogo tomar uma direção crítica, colocando em
relevo as doutrinas de Protágoras (então em moda) e outro pensador que as
inspira, Heráclito. Em ambos podemos obter teses relativistas quanto à
verdade e, consequentemente, ao conhecimento. Para eles a explicação está
enraizada no fato deque a fonte primeira de nossos conhecimentos provém da
percepção que temos do mundo sensível. O problema é que o mundo da
percepção é um mundo inconstante e fugidio. O que parece muito doce para
uma pessoa pode parecer não ser tanto para outra. O que parece azul para
um, parece verde para outro. Mesmo para uma mesma pessoa as percepções
são por vezes indefinidas. Por exemplo, os gregos sabiam das ambiguidades
perceptivas que um indivíduo, diante de três potes de água com temperaturas
distintas, pode passar. Um pote no centro com água na temperatura ambiente,
outro, ao lado de sua mão direita com água quente, e o terceiro com água fria,
ao lado da mão esquerda. O indivíduo que tirar a mão esquerda do pote de
água fria e colocar no pote do centro terá a sensação que o pote contém água
quente. Inversamente, tirando a mão do pote com água quente e colocando no
mesmo pote central, terá a sensação que o pote contém água fria. Então
teremos um objeto simultaneamente quente e frio. Motivado por ideias
similares e pelo permanente movimento do mundo, Protágoras conclui que
todas nossas afirmações são provisórias e, portanto, relativas aos agentes que
as declaram. Daí sua máxima: o humano (homem)é a medida de todas as
coisas (...). Com efeito, a verdade e o conhecimento dependem do que é
humano, e assim estão confinados no ato de percepção. Por exemplo, embora
a percepção de Sócrates do gosto do vinho dependa de ele estar enfermo ou
não, ao prová-lo,é verdadeiro que ele sentirá de um modo quando enfermo e
de outro modo quando saudável. No decorrer do diálogo Sócrates aponta uma
série de dificuldades envolvidas nessa tese, para começar, se tudo o que
experimentamos é produto da percepção, fica difícil explicar a realidade dos
sonhos, pois estes parecem ser independentes dela. E de outra , de modo mais
dramático ainda poderíamos perguntar: e se nossas vidas forem como um
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sonho? Então todas as percepções serão enganosas por definição. Além
desses embaraços para a tese da percepção, o filósofo sugere ainda nossa
competência linguística como sinal de que exercemos conhecimento sem a
percepção. Compreender um idioma é mais do que perceber os sons. Se
dependesse apenas de perceber os sons, entenderíamos qualquer língua.
Como coroamento dessa discussão Sócrates arremata apontando o problema
nuclear na tese de Protágoras, a saber, que se ela for verdadeira, então será
também falsa. Entretanto, se é verdade que todas as declarações são
provisórias, a própria afirmação que diz isso será, igualmente, provisória,
colapsando o que se queria afirmar de início. De fato, o paradoxo apontado
por Sócrates continua a manter o poder de desqualificar qualquer tese
relativista que pretenda ser universal, ainda que nem todos os tipos de
relativismo endossem posturas tão extremas. Finalmente, Teeteto aceita que
deve haver no conhecimento um componente intelectual independente da
percepção. Em especial, nossa capacidade de gerar pensamentos. Tal
capacidade pode estar certamente atrelada às percepções quando julgamos,
por exemplo, que o cão do nosso vizinho está velho. Mas também podemos
constituir pensamentos sobre coisas matemáticas sem nenhum traço sensível.
Contudo, ainda que Sócrates esteja seduzido com o rumo que a "dialética"
toma na conversa com Teeteto, chama a atenção que restam lacunas. Não
basta termos ou produzirmos pensamentos a esmo. Posso, por exemplo,
pensar que os Marcianos são verdes, entretanto ninguém diria que com apenas
isso eu expressaria conhecimento. A verdade deve, consequentemente, estar
atrelada ao pensamento. Realmente quando eles atingem essa conclusão
deparam-se com uma visão que pode concordar com o senso comum, na
medida em que o conhecimento seria exibido na linguagem segundo as
declarações às quais podemos agregar os fatos correspondentes. Ainda assim,
Sócrates não está satisfeito. Embora a verdade seja uma condição necessária
para o conhecimento, ela não é suficiente, afinal, o verdadeiro pode ser obtido
por mero acaso. Imagine alguém que nunca estudou geografia e num sorteio
retire um bilhete com a frase "Cabul é capital do Afeganistão"e a afirme
publicamente. Ninguém diria que ele expressa autêntico conhecimento. Desse
modo, os pensamentos verdadeiros precisam estar articulados, fixados com
algo mais, com outros pensamentos verdadeiros de modo que não os usemos
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arbitrariamente. Exigir isso é exigir que forneçamos razões para eles. Esta é a
novidade apresentada por Sócrates. Além das crenças (pensamentos)
verdadeiras, cláusulas (...) bastante intuitivas, agora temos a cláusula decisiva
que marca a originalidade do pensamento grego. O conhecimento solicita
JUSTIFICAÇÃO. Não basta apenas a verdade. Não basta igualmente constatar
os fatos. O conhecimento cobra a explicação dos fatos em consonância com a
verdade das afirmações que deles fazemos. Cobra, então,a justificação. Em
outras palavras,a necessidade de se apresentar o PORQUÊ da verdade.
MÊNON E daí?
SÓCRATES Daíque possuir uma obra de Dédalo semtê-la presa é como ter
um escravo fujão: é não ter nada, é algo que nada vale, porque, livres,
ambos fogem, mas uma estátua bem atada vale muito, porque grande é sua
beleza. Por que mereferi às estátuas de Dédalo? Com que intenção?
Pensando nas opiniões certas. Pois estas, da mesmaforma,
enquantopermanecem, valem um tesouro e só produzem o que é bom; mas
não consentem em permanecer muito tempo na alma dos homens, e não
demoram muito a escapar, a fugir, o que faz com que não tenham muito valor
até o instante em que o homem as amarra, as encadeia, as liga por um
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raciocínio de causalidade. Ora, caro Mênon, não faz muito que ficamos de
acordo em que a reminiscência oferece esta base racional. E assim, pois,
quando as opiniões certas são amarradas, transformam-se em ciência,
emconhecimento, e, comoconhecimento, permanecemestáveis. Por
essemotivo é que dizemos ter o conhecimento mais valor do que a opinião
certa: o conhecimento sedistingue da opinião certa por seu encadeamento
racional.
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1 Procure elucidar porque Sócrates adota o procedimento dialético para
alcançar as definições dos conceitos ao invés de declará-las dogmaticamente.
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