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FAEP – Faculdade de Educação Paulistana

Curso de pós - graduação


Educação em Foco

Clotilde Ferreira Brandão

A formação do professor de educação infantil

SÃO PAULO
2020

1
Clotilde Ferreira Brandão

A formação do professor de educação infantil

Artigo apresentada à Faculdade


De Educação Paulistana ,como requisito
parcial para a obtenção do título do curso
de Educação em Foco.

SÃO PAULO
2020

2
Clotilde Ferreira Brandão

A formação do professor de educação infantil

artigo apresentada à Faculdade de


Educação Paulista, como requisito parcial
para a obtenção do título de Especialista em
Educação em Foco

Aprovado em:

Banca Examinadora

Orientador(a) Prof(a) Maria José Pinto Natale

Assinatura________________________________________________________

Prof(a) ___________________________________________________________

Assinatura_________________________________________________________

Prof(a) Ms _________________________________________________________

Assinatura_________________________________________________________
Dedicatória
Á todos por seu carinho e apoio durante a
realização deste trabalho, minha eterna
gratidão.
3
“Brincar com crianças não é perder
tempo, é ganhá-lo; se é triste ver meninos
sem escola, mais triste ainda é vê-los
sentados enfileirados em salas sem ar,
com exercícios estéreis, sem valor para a
formação do homem.”

Carlos Drummond de Andrade

4
RESUMO

A presente pesquisa tem como objetivo analisar a formação do professor para atuar
na educação infantil, o percurso histórico da educação infantil no mundo e no Brasil,
a importância do brincar como espaço privilegiado para a promoção do brincar, o
brinquedo como recurso pedagógico nesse processo. Os profissionais de educação
infantil precisam estar cientes do seu papel , possibilitando uma aprendizagem
significativa na vida dos educandos, propiciando a possibilidade de uma base sólida
que influenciará todo o desenvolvimento futuro dessas crianças. Visando a criação
de condições para satisfazer as necessidades básicas na criança, oferecendo-lhe
um clima de bem estar físico, afetivo, social e intelectual estimulando aprendizagem
e novas descobertas.

Palavras chaves: Professor, formação, Brincadeira, educação infantil, e


aprendizagem.

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO.......................................................................................................8

INTRODUÇÃO.............................................................................................................9

2 A EDUCAÇÃO INFANTIL E SEU PERCURSO HISTÓRICO.................................11

2.1 A educação infantil no mundo..............................................................................11

2.2 A educação infantil no Brasil................................................................................13

3 A BRINCADEIRA E O BRINQUEDO NA CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO20

3.1 A brincadeira no desenvolvimento da criança......................................................20

3.2 O brinquedo como recurso pedagógico...............................................................23

4 O PAPEL DO PROFESSOR NA EDUCAÇÃO IONFANTIL...................................29

4.1 O professor na interação e mediação das aprendizagens..................................29

4.2 O professor e o processo ensino-aprendizagem.................................................32

4.3 O professor de educação infantil na atualidade...................................................35

CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................40

REFERÊNCIAS..........................................................................................................42

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1 INTRODUÇÃO

Escolhemos este tema, pois o objetivo é investigar sobre o papel e a


formação do professor de educação infantil, acreditamos que esse profissional
exerce um papel marcante na formação de identidade da criança, fazendo a
mediação entre a criança e o meio, no papel de organizador, facilitador, investigador
e motivador, enfim, figura principal na relação adulto – criança, no sentido de permitir
o desenvolvimento da criança e, sua segurança física e emocional e segundo os
RCNEI, muitos profissionais que atuam na educação infantil não possuem formação
mínima para exercerem a profissão e quando possuem formação muitas vezes é
menos valorizado, pois muitos na sociedade acreditam que a criança só percorre
um caminho de conhecimento ao iniciar o ensino fundamental e em muitos casos o
educador é considerado apenas cuidador em caráter assistencialista, quando na
verdade o papel que tem hoje a educação infantil é cuidar e educar.

Acreditamos que é preciso uma formação adequada para o professor de


educação infantil, e que realize uma reflexão sobre sua própria pratica e esteja
preparado para atender as necessidades do aluno, principalmente no que se refere à
compreensão da criança como ser histórico social, capaz de construir seu próprio
conhecimento, estimulando novas descobertas formando crianças felizes e
saudáveis, porém a sociedade deve percebê-lo e valoriza-lo com tanta importância
quanto os demais profissionais.

A metodologia utilizada é a de bibliografia, apoiando-se em


embasamentos teóricos, ressaltando concepções de autores conceituados que se
dirigem a temática da formação de professores de educação infantil.
Evidenciar a importância da brincadeira no desenvolvimento da criança e o
brinquedo como recurso pedagógico. O histórico da Educação infantil no
mundo , o O papel do professor de educação Infantil

Enfatizar a importância do professor na educação infantil e sua influencia na


construção do processo ensino-aprendizagem aprendizagens.

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2 A EDUCAÇÃO INFANTIL E SEU PERCURSO HISTÓRICO

2.1 A educação infantil no mundo

A educação infantil é um assunto extenso, pois vem desde a antiguidade, e cada


povo com suas culturas e crenças tinham seus métodos de educar.

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Segundo pesquisas de Drouet (1997 p. 10), os gregos educavam seus filhos até a
idade de sete anos, tratava-se não de uma educação, mas de uma “criação”, que era
competência das mulheres. Após essa idade, os meninos eram entregues ao estado,
enquanto as meninas permaneciam em casa aprendendo as tarefas domesticas.

Na antiga Roma a educação familiar era também o instrumento de formação do


futuro cidadão, sendo as mães responsáveis por essa formação. Em ambos os
casos tratavam de uma educação informal.

No século XVII João Amós Comenius salientou a importância da educação


infantil formal e preconizou a criação de escolas maternais por toda à parte.
As crianças teriam assim a oportunidade, desde os primeiros anos, de
adquirir noções elementares de todas as ciências que estudariam mais
tarde [DROUET , 1997, p. 10].

Podemos perceber que cada povo tem seus próprios métodos para educar e visões
diferentes, porém as crianças de todo o mundo tem as mesmas carências e
necessidades que são fatos importantes e reais até os dias atuais.

Segundo pesquisas de Drouet (1997 p. 11) Rousseau importante filosofo do


século XVIII, teve uma grande influencia na educação e pode ser
considerado um dos precursores da educação infantil. Ate sua época a
criança era considerada um adulto em miniatura, foi ele quem descobriu a
infância, fazendo com que se passassem a pensar na criança como um ser
com idéias próprias diferentes das do adulto.

Nesse sentido a formação da criança começa com o seu nascimento, pois mesmo
ate antes de falar ou compreender a criança utiliza outros instrumentos para ter
contato com o mundo, como por exemplo, o choro, para demonstrar algo que esta
sentindo ou necessitando, de maneira que ao nascer a criança se orienta pelos
sentidos, depois pela fantasia e só mais tarde é capaz de utilizar a razão como ponto
para suas atitudes diante do mundo.

Segundo Drouet (1997 p.11) referindo-se a Froebel criador dos jardins de infância
(Kindergarten) chamou-os de “viveiros infantis” pois considerava as crianças
plantinhas tenras que deviam ser cuidadas com carinho.A finalidade principal dos
jardins era colocar as crianças em estreito contato com a natureza. Reconhecia o
poder do professor, mas enfatizava muito o fato do aluno ser o principal agente de
seu próprio desenvolvimento.

De açodo com estudos realizados por Drouet (1997 p.13), No tocante da


educação infantil Froebel expressava as seguintes idéias “A única
preparação possível para o desenvolvimento da meninice é o
9
desenvolvimento completo dos poderes da infância” Estes por sua vez,
preparavam o caminho da juventude e da virilidade não se negando a
criança condições e oportunidades de desenvolvimento, refletindo nas
etapas anteriores de um modo permanente.

No momento de criação do Kindergarten a educação infantil passa por grandes


avanços em relação à totalidade de forma que segundo Drouet (1997 p.13) falando
sobre Froebel afirma que para ele além dos conteúdos formais para se realizar uma
formação completa era necessário utilizar métodos que propiciassem condições de
uma formação completa do individuo como cuidados e carinho.

Segundo Drouet (1997 p.21) pode se dizer que a criação das creches
modernas encontra-se nos chamados “refúgios” europeus do fim do século
XVIII, cujo objetivo principal era guardar a alimentação dos filhos das
mulheres que precisavam se ausentar do lar, pois com a revolução industrial
muitas mulheres foram obrigadas a deixar as manufaturas caseiras e
trabalhar nas fabricas que passavam a se multiplicar. Esses refúgios
consistiam em uma sala, ou mesmo cozinha, na casa de uma mulher que
não trabalhava fora a “guardiã”, que reunia varias crianças de todas idades,
filhas de vizinhos, as quais dava alimentação e cuidados.

Por volta de 1840, segundo Drouet (1997 p. 21) apareceram na França as primeiras
instituições que cuidavam de crianças recém nascidas ate completarem cinco anos
de idade. Eram filhos de trabalhadores que não tinham onde deixa-los durante o
serviço. Na Inglaterra elas também tiveram bastante sucesso, com o nome Day-
nurseries. E por toda a Europa e também América estabeleceram-se creches, com a
função de cuidar da alimentação e cuidados das crianças.

Assim as instituições que cuidavam dessas crianças ainda tinham um caráter


assistencialista, pois a grande maioria das crianças era filhos de operários, hoje
devido a grandes mudanças na educação o trabalho é executado por pessoal
remunerado, especializado ou treinados na maioria das vezes. Há também uma
classificação onde se dividem as crianças em grupos, e faixas etárias sendo
atendidas através de modernas técnicas pedagógicas.

Segundo Drouet (1997 p. 23) com a primeira Guerra Mundial, a necessidade de


creches aumentou muito, tanto na Europa quanto na América, pois era cada vez
maior o número de mulheres trabalhando nas indústrias em substituição aos homens
que se alistavam, além disso havia também o problema dos órfãos de guerra que
passavam a necessitar de atenção quanto à saúde emocional. As creches públicas
não conseguiam mais abrigar todas as crianças, de modo que foram surgindo aos
poucos berçários e creches particulares, que só a partir do final da segunda Guerra
Mundial começaram a ser regulamentadas e registradas, passando a receber
inspeções periódicas.

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Devido as grandes mudanças que a Guerra causou, além dos cuidados básicos que
se tinha com as crianças era necessário mais do que isso, pois muitas ficaram com
sérios problemas psicológicos devido à ausência da família que ao nosso entender é
parte importante para o processo de formação de identidade da criança.

3. A BRINCADEIRA E O BRINQUEDO NA CONSTRUÇÃO DO


CONHECIMENTO

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3.1 A Brincadeira no desenvolvimento da criança

Viver é uma grande brincadeira, representamos papéis, ganhamos e perdemos, mas a forma com
que participamos dela é diferente da visão que uma criança tem desse reino fabuloso.
Para a criança a brincadeira gira em torno da espontaneidade e da imaginação. Não dependendo de
regras, de formas rígidas estruturadas. Para surgir basta uma bola, um espaço para correr ou um
risco no chão.
Criadas e recriadas a todo o momento, deixam estampadas no rosto de cada criança um sorriso que
desperta nos adultos aquele desejo freqüente de voltar a ser criança... e brincar, mas daquele jeito. A
criança constrói sua personalidade brincando. A brincadeira é uma parcela importante da sua vida.
Para o adulto as experiências tanto externas como internas podem ser férteis, mas para a criança
essa riqueza encontra-se principalmente na brincadeira e na fantasia.
Na atuação com brinquedos, a criança cria normas e funções que apenas tem significado naquela
relação especifica. Para a criança brinquedo e brincadeira representam uma parte do mundo que ela
conhece, são os personagens de sua historia atual, que irão tomar novos papeis mais tarde em sua
vida.
No universo lúdico tudo pode divertir e ser divertido transforma-se em brinquedos ou brincadeiras.
Tudo pode significar a busca isolada de novas descobertas ou a troca de experiências no convívio
com outras, crianças. [VELASCO,1996, p. 69].

A brincadeira é uma atividade cotidiana na vida da criança, pois através do


brincar a criança pode exercitar sua imaginação e assimilar o real ao desejo de
construir, abre caminhos para autonomia, a criatividade. Atua também sobre a
capacidade de representar articulando com outras formas de expressão,
instrumentos para aprendizagem de regras sociais.

Desde os primórdios da civilização o brincar é uma atividade das crianças e


também dos adultos. Na antiguidade as crianças participavam das
festividades, lazer e jogos dos adultos, mas tinham, ao mesmo tempo, um
ambiente separado para os jogos estes ocorriam em praças públicas,
espaços livres, sem supervisão do adulto em grupos de crianças de
diferentes idades e sexos. Naquela época a brincadeira era considerada um
elemento da cultura, do riso, do folclore e do carnaval. Ela era uma
representação da vida, modelo em miniatura da historia e destino da
humanidade [VELASCO, 1996, p. 41].

A brincadeira era considerada um fenômeno social do qual todos participavam, e,


aos poucos foi perdendo o vinculo comunitário, tornando-se individual e a partir
desta individualidade houve a separação entre o mundo da criança e o do adulto e
com o decorrer do tempo foi ocorrendo o processo de socialização que é
fundamental no desenvolvimento infantil tanto quanto a nutrição e cuidados de
higiene. Com o progresso nas grandes cidades e a mudança de hábitos que a
evolução da civilização nos impôs, o brincar sofreu varias mudanças no decorrer do
século VELASCO (1996 p.43).

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Vemos que nas cidades houve a redução do espaço físico e a falta de segurança
para as crianças brincarem. O ritmo da vida moderna fez diminuir o tempo reservado
para as atividades lúdicas. A tecnologia reduziu o estimulo á brincadeira como, por
exemplo, temos a TV e a industrialização modificando a relação da criança com o
brinquedo, porém ainda assim podemos ver o quanto a criança ainda tem
necessidade de brincar tanto quanto precisam de suprir sua necessidades mais
básicas.

A brincadeira favorece a auto-estima das crianças, auxiliando-as a superar


progressivamente suas aquisições de forma criativa. Brincar contribui,
assim, para a interiorização de determinados modelos de adulto, no âmbito
de grupos sociais diversos. Essas significações atribuídas ao brincar
transformam-no em um espaço singular de constituição infantil [RCNEI,
1998, p 27]

Deste ponto ressaltado, o brincar é essencial, porém o adulto tem papel importante
servindo como modelo a criança. O professor no processo educativo é esse modelo,
podendo leva a questão do brincar de forma favorável as aprendizagens das
crianças, ou deixar o brincar só por brincar.

Brincar é uma atividade não apenas natural, mas, sobretudo sóciocultural,


cujo tema começa a ser objeto de interesse dos que fazem a política. A
questão está mais fundamentalmente na efetivação desse direito. Ele não
esta sendo cumprido. Muitas crianças não brincam outras brincam muito
pouco [VELASCO, 1996, p. 45].

Sabemos que a criança a cada dia tem menos tempo para brincar, pois os pais as
matriculam no maior número possível de atividades, e como conseqüência elas são
vitimas do stress bem cedo e as cidades estão engolindo o espaço do brincar e do
brinquedo “os jardins de infância são cada vez menos jardins e cada vez mais
escolas”.

O brincar, afeto, motricidade, linguagem, percepção, representação,


memória e outras funções cognitivas estão profundamente interligadas. A
brincadeira favorece o equilíbrio afetivo da criança e contribui para o
processo de apropriação de signos sociais [OLIVEIRA, 2002 , p. 160]

A brincadeira cria, nesse contexto, condições para uma transformação significativa


da consciência infantil, por exigir da criança formas mais complexas de
relacionamento com o mundo. Isso ocorre em virtude das características da
brincadeira que é a comunicação interpessoal que ela envolve não podendo ser
considerada ao pé da letra ação, pois é uma negociação de regras e a
transformação de papéis assumidos pelos participantes faz com que ela seja sempre
imprevisível.

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Por meio da brincadeira, a criança exercita capacidades nascentes, como
as de representar o mundo e distinguir entre pessoas, possibilitadas
especialmente pelos jogos de faz-de-conta e os de alternância,
respectivamente [OLIVEIRA, 2002, p. 160].

Ao brincar a criança passa a compreender as características dos objetivos, seu


funcionamento, e ao mesmo tempo, ao tomar o papel do outro na brincadeira,
começa a perceber as diferentes perspectivas de uma situação. A brincadeira
permite a construção de novas possibilidades de ação e formas diferentes de criar
os elementos do ambiente.

Segundo Oliveira (2002 p. 162) a imaginação desenvolve-se por toda a vida, ela é
livre embora ainda pobre na criança, ao passo que o adulto, por ter uma experiência
mais diversificada, pode experimentar uma função imaginativa extremamente rica e
madura.

Há recíproca vinculação entre imaginação e emoção. Ao mesmo tempo em que as


imagens da fantasia selecionam e recombinam elementos da realidade segundo o
estado interior do individuo, os sentimentos e alegrias de personagens imaginários o
emocionam, entendemos então que reflexões podem colaborar para discutir a
questão da criação humana, abrindo caminhos para a promoção de experiências
educativas.

A criança que brinca vive sua infância, tornando-se um adulto muito mais
equilibrado física e emocionalmente, suportara muito melhor a pressão das
responsabilidades adulta e terá mais criatividade para solucionar os problemas que
lhe surgirem.

Preservar e valorizar o brincar espontâneo são maneiras de fazermos a nossa


historia e a nossa cultura. O brincar nunca deixará de ter seu papel importante na
aprendizagem e daí à necessidade de não permitirmos suas transformações
negativas e estimularmos a permanência e existência (autentica e espontânea) da
atividade lúdica infantil.

3.2 O brinquedo como recurso pedagógico.

Pode ser uma pipa colorida no azul do céu; uma boneca de pano nos
braços de uma menina ou um caminhãozinho carregado de sonhos na
estrada iluminada de fantasias do menino... Em todos os tempos, para todos
os povos, os brinquedos evocam as mais as mais sublimes lembranças.
São objetos mágicos, que vão passando de geração em geração, com um
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incrível poder de encantar crianças e adultos. Brinquedo é tudo o que a
criança utiliza como passaporte para o reino mágico da brincadeira. Pode
ser uma folha caída da árvore, pedrinhas achadas no chão, um pedaço de
barbante, sementinhas que o vento esparrama pelos campos, papéis
usados, um pano qualquer, latas velhas, tampinhas de garrafas etc
[VELASCO, 1996, p 49].

O brinquedo sempre esteve presente na vida da criança, desde os tempos


primitivos até os dias de hoje, sendo sua figura peça de fundamental importância na
construção do mundo infantil.

Estudos arqueológicos em tumbas funerárias revelaram a existência de


miniaturas de barcos de madeira e bonecos representados artífices de
algumas profissões, possivelmente utilizados como brinquedos, 2000 a.C.
No antigo Egito, um milênio antes de Cristo, também foram encontrados
vestígios de objetos considerados brinquedo [VELASCO, 1996, p. 49].

Crianças da antiguidade, na Grécia, já brincavam com chocalhos de argila


recheados de pedrinhas. Em Roma divertiam-se com carrinhos de duas rodas
imitando os guerreiros, cavalinhos construídos de madeira e pequenas réplicas de
animais e soldados.

Dentre todos os brinquedos conhecidos, supõe-se que o primeiro a


encantar a criança tenha sido o chocalho, que acompanha a humanidade desde o
berço. Segundo alguns historiadores, os pais davam chocalhos aos filhos com a
função de espantar os maus espíritos.

De acordo com Velasco (1996 p. 50) Muitos brinquedos surgiram dentro de uma criativa
cumplicidade. De um lado o espírito infantil, buscando/desenvolvendo, a seu modo, formas de
expressão, exploração, manipulação, socialização, diversão, projeção, verbalização, locomoção e
prazer. De outro, a habilidade artesanal, transformando madeiras, metais ou argila em objetos aos
quais as crianças deram à função lúdica e os primeiros brinquedos que as crianças ganharam
surgiram no próprio ambiente familiar. Eram bonecas de palha, argila, ou pano, cavalinhos de
madeira, bolas, rudimentadas e carrinhos de latas confeccionados artesanalmente. No século XVIII,
apareceram às oficinas especializadas, sua produção, de inicio, era praticamente artesanal, mas
pouco a pouco o trabalho manual foi cedendo lugar às máquinas.

Ao passar do tempo vemos que as matérias primas naturais foram substituídas


pelos sintéticos e os produtos passaram a ser produzidos em série para atender a
demanda de consumo da sociedade.

[...] o processo de urbanização e a poderosa influência da televisão


alteraram os brinquedos e as crianças. O prazer de se construir os próprios
brinquedos, exercitando a criatividade, a imaginação perdeu-se diante da
presteza da indústria [VELASCO, 1996, p. 51].

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Apesar das modificações criadas pela sociedade, o prazer de semear a alegria, os
brinquedos fazem brotar felicidade em toda parte. Por onde passam eles deixam sua
marca e com sua originalidade e criatividade criam melhores lembranças da infância
de cada um, resgatando o significado do brincar.

Contudo o brinquedo deve ser considerado na sua especificidade: a criança,


na maior parte das vezes, não se contenta em contemplar ou registrar as
imagens: ela as manipula na brincadeira e, ao fazê-lo, transforma-as e lhes
dá novas significações [BOUGÉRE, 1995, p 47].

O brinquedo como suporte da brincadeira tem papel estimulante para a criança no


momento da ação lúdica, em que tanto o brinquedo, quanto à brincadeira, permitem
a exploração do seu potencial criativo de uma seqüência de ação libertas e naturais
dando ênfase a imaginação que se apresenta como atração principal, permitindo,
assim que a criança reinventa o mundo e liberta suas fantasias.

Segundo Velasco (1996 p. 54) há vários estágios descritos por Piaget


importante estudioso que nos mostra as leis que regem o desenvolvimento humano
e são os seguintes:

• No período sensório-motor, de 0 a 24 meses, a criança passa dos


comportamentos reflexos aos automatizados e chega aos voluntários, num
constante crescimento físico e mental. É um período de grande exploração do
espaço e de enormes descobertas. Nesse estágio os brinquedos devem promover a
facilitação dessa evolução motora, como os de encaixe, cavalinhos, velocípedes etc.

• No período de operações concretas, por volta dos 2 aos 4 anos, o estagio


préoperacional, pré-conceitual, onde os melhores brinquedos são representados
pelos de empilhagem, encaixe, modelagem e construção.

• Dos 3 aos 5 anos a criança atravessa um período de grande criatividade, ela


dramatiza o seu dia-a-dia e coloca sua fantasia em quase todas as situações reais.
Nessa fase os carrinhos, bonecas, utensílios são os personagens do brincar.

• No período pré-operacional, intuitivo, dos 4 aos 7 anos, inicia-se um acumulo


de conhecimentos. Já há maior atenção e concentração em suas atividades, que
são mais sociais, pois a criança começa a perceber e aceitar regras e brincar mais
em grupo, os brinquedos são acessórios de criação, como os de construção, com
peças pequenas, materiais de desenho e modelagem, jogos e ferramentas.

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• No período de operações concretas de 7 à12 anos, a criança passa do
concreto para o raciocínio abstrato e já domina completamente sua motricidade. Os
brinquedos são representados pelos jogos de raciocínio, memória, competição
destreza e teatro.

• No período das operações formais, dos 12 anos em diante, os interesses são


individualizados, portanto os brinquedos deverão ser escolhidos em função das
habilidades, esportes para as crianças “motoras” e jogos estratégicos para as
intelectuais.
Acreditamos que todo esse processo é de extrema importância, pois cada etapa
tem sua contribuição para a formação de um futuro cidadão com mais confiança.

O brinquedo coloca a criança na presença de reproduções: tudo o que


existe no cotidiano, a natureza e as construções humanas. Pode-se dizer
que um dos objetivos do brinquedo é dar a criança um substituto dos
objetos reais para que possam manipulá-los. [KISHIMOTO, 1994, p. 18]

Quando uma criança esta brincando podemos perceber que ela geralmente faz as
mesmas coisas que vivencia em casa com os pais, as meninas gostam de ganhar
bonecas, panelas e acessórios de casa fazendo assim uma ponte entre o real e o
imaginário, onde ela vai interpretar papéis como imitar a mãe e suas atitudes
cotidianas, já os meninos preferem armas e objetos como armas de brinquedo para
representar poder e autoridade, o brinquedo então representa a criatividade da
criança. Segundo Bougére (1995, p 66), as dimensões sustentadas pelo brinquedo
torna-o um objeto iço em potencialidades enquanto fator de socialização.

O professor e os pais devem possibilitar um brincar com motivação, pois na idade


da educação infantil à criança experimenta necessidades em que os desejos não
realizáveis tornam-se verdadeiros através do brinquedo, pois no mundo imaginário a
criança cria, imagina e brinca sem limites.

O jogo e a brincadeira na infância estruturam-se no movimento. Estes têm


as emoções. A criança, dessa maneira, estabelece conceitos, interage com
os objetos e as pessoas, favorecendo a comunicação e a inteligência, daí o
pensamento e a aprendizagem vivem resultado importante desse brincar.
[VELASCO, 1996, p.78].

Vemos que ao brincar a criança exercita muitas coisas entre elas a imaginação,
interage com os outros a sua volta, respeitando regras impostas e desafios a serem
superados, fazendo assim uma preparação para a vida adulta.

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[...] o papel do brinquedo na vida da criança permite o desenvolvimento da
linguagem, em que o brinquedo e as brincadeiras são excelentes
oportunidades para nutrir a linguagem da criança, possibilitando o contato
com diferentes objetos e situações, estimulando também a linguagem
interna e o aumento do vocabulário [RCNEI, 2000, p.71].
A participação deve enriquecer o processo de desenvolvimento da linguagem da
criança e através desse processo o entusiasmo com intervenção da brincadeira faz
com que a linguagem verbal se torne mais fluente e haja maior interesse pelo
conhecimento de palavras novas, e a variedade de situações que o brinquedo
possibilita pode favorecer a aquisição de novos conceitos.

Um exemplo de material pedagógico com objetivos importantes tanto em relação ao


brinca, quanto em conteúdo curricular, Velasco (1996, p 61), vê a sucata como
material mágico.

Na sociedade consumista em que nos encontramos podemos verificar a


importância do material utilizado para a fabricação de brinquedos, que
precisa ser repensada, não só pelo fato financeiro, mas também pela
segurança e saúde da criança [VELASCO, 1996, p 61].

Atualmente se fala e se tenta fazer algo pela ecologia e o meio ambiente.


Parece haver, no pensamento de algumas pessoas conscientes, uma
preocupação com o “lixo”. É muito importante a participação da criança
nessa situação, pois ela sendo um futuro cidadão, deve começar a cuidar da
qualidade do mundo que a cerca [VELASCO, 1996 p. 61].

Muitas crianças valorizam pedacinhos de materiais como se fossem verdadeiras


jóias preciosas, e muitas vezes os adultos não dão o devido valor a tais objetos,
aproveitando essa capacidade infantil, podemos mostrar a criança um processo, o
trabalho de reaproveitamento do lixo natural ou industrializado, promovendo sua
criatividade na fabricação de objetos lúdicos, utilizáveis em diferentes brincadeiras.

Com isso estaremos contribuindo pára a formação dessa criança, colocando-a


frente ao trabalho artesanal, incentivando sua imaginação, estimulando seus
sentidos e aprimorando suas habilidades.

Dado a situação natural da criança, no destruir e construir, a utilização da


sucata como material lúdico ou de criação proporciona à criança uma
mudança de valores sociais, em relação ao brinquedo, pois com a sucata
não precisa ter medo de quebrar o brinquedo faz-se outro ate mesmo
melhor e mais interessante [VELASCO, 1996, p. 61].

Sabemos que rolhas, palitos, copos descartáveis, pedaços de papéis entre


outros objetos, são muitas vezes, jogados e desprezados como lixo, mas podem ser

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transformados em obras de arte (adulta ou infantil) são materiais que recebem uma
magia muito especial quando passam a fazer parte do mundo infantil.

4 O PAPEL DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO INFANTIL NO


PROCESSO ENSINO-APENDIZAGEM

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4.1 O professor na interação e mediação das aprendizagens

O professor na educação infantil precisa considerar o lúdico em todos os aspectos a


serem trabalhados, no entanto é necessário atentar a questão da mediação que o
mesmo faz na interação que o grupo estabelece entre si, e a interação que o
professor estabelece com os educandos na sua prática.

O aluno (criança, pré-adolescente ou adolescente), que vem à escola com


curiosidade, é um ser que adquire conhecimento utilizando a mediação do
próprio objeto do saber, do livro, das revistas, dos meios de comunicação de
massa, dos colegas de classe, do professor e de outras pessoas. A
aprendizagem é sempre mediada [...] [MATUI, 1995, p187].

Nesse sentido o professor tem papel mediador importante no processo ensino-


aprendizagem. Este papel é essencial para favorecer as aprendizagens do aluno
dentro do processo educativo, pois o professor contemporâneo precisa estar em sua
prática com uma ação pedagógica que leve seus alunos a ter prazer de aprender,
numa relação de respeito mutuo mantida e estabelecida diariamente com seu
professor.

“O sujeito pensante não pode pensar sozinho; não pode pensar sem a co-
participação de outros sujeitos no ato de pensar sobre o objeto. [...] É o
<<pensamos>>que estabelece o <<penso>>e não o contrário” [FREIRE,
2001, p 66].

Na educação infantil o professor deve ampliar seu olhar além dos conteúdos e
atividades, percebendo suas crianças em aspectos cognitivos, afetivos e sociais a
fim de vê-lo com sua subjetividade e suas necessidades. A mediação que o
professor mantém é percebida pelo aluno, de forma que se o professor partir de uma
postura tradicionalista e autoritária poderá prejudicar as aprendizagens dos
educandos. Já que na questão mediação, não é interessante e sim prejudicial que o
aluno tenha medo ou fique desmotivado de ir aquele ambiente opressor.
A educação infantil requer não só do lúdico e do brincar, mais de outras
questões como cuidados, estímulos, uma relação professor-aluno equilibrada dentre
outros elementos importantes.

Matui (1995, p.139) diz que na visão de Vygotsky, essencialmente interacionista, os


conceitos científicos que as crianças formulam no processo de aprendizagem tem
duas origens:

• A partir da experiência, formando conceitos espontâneos cotidianos;

20
• A partir da interação social, especialmente em situação de escola, formando
conceitos científicos.

Assim, a interação é o resultado de constante relacionamento entre indivíduos


através do contato e comunicação, podendo ser orientada no caso da educação. A
interação é capaz de modificar o comportamento dos indivíduos envolvidos nessa
relação onde ocorre contato, comunicação e orientação.

Assim percebemos que para a formação dos conceitos científicos na criança é


preciso a mediação de um professor qualificado que conheça como lidar com as
crianças para favorecer as aprendizagens dos mesmos.

Enquanto interage com o seu mundo de origem, o grupo cultural em que


nasceu (família e vizinhança), a criança constrói conceitos cotidianos ou
espontâneos, experimentais e intuitivos, carregados de sentido primitivo
[MATUI, 1995, p140]

Como percebemos desde que nasce a mediação do adulto na formação de


conceitos da criança estás presente, ela forma esses conceitos cotidianos num
mundo social e cultural que a cerca.

Quando a criança começa a interagir com a escola e os professores, pela


primeira vez começa a interagir com o mundo das ciências, vale dizer, a
pronunciar o mundo com as palavras de significado mais abrangente, com
maior abstração e generalidade [MATUI, 1995, p 140].

Contudo a partir do contato com a mediação do professor na escola, isto é da


mediação pedagógica, a criança amplia seu olhar além do cotidiano e dos conceitos
construídos espontaneamente, passa-se a considerar os conceitos científicos do
mundo que há ao seu redor.

Na educação infantil o professor precisa estar além de conteúdos, pois a criança


precisa sim aprender esse conteúdos e conceitos direcionados a sua idade, porém,
é preciso atentar para o ser criança, onde brinca faz parte do aprender. Por isso o
professor necessita utilizar da ludicidade nos momentos de aprendizagem dos
alunos, a fim de desenvolver integralmente a criança em todos os aspetos, cognitivo,
afetivo físico e social.

21
É brincando que as crianças aprendem:

Brincando a criança desenvolve suas capacidades físicas, verbais e


intelectuais. Quando a criança não brinca ela deixa de estimular, e até
mesmo desenvolver suas capacidades inatas e pode vi a ser um adulto
inseguro, medroso e agressivo. Já quando brinca à vontade, tem maiores
possibilidades de se tornar um adulto equilibrado, consciente e afetuoso
[VELASCO, 1996, p78].

Nesse contexto o professor em sua prática necessita estar preparado para


desenvolver um trabalho lúdico com objetivos claros frente à ação pedagógica. No
sentido de transformar as aprendizagens dos alunos, levando-os a crescer em
formação de conceitos sem deixar de brincar, e sim utilizando da questão do brincar
como ferramenta uma pedagógica essencial dentro da sua ação educadora.

A interação professor-aluno está atrelada ao ato de mediar situações de


aprendizagem, é através da interação entre professor e aluno que há ampliação de
conhecimento.

“Não há docência sem discência, as duas se explicam e seus sujeitos,


apesar das diferenças que os conotam, não se reduzam à condição de
objeto, um do outro. Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende
ensina ao aprender” [FREIRE, 2001, p 25].

Percebemos que o professor enquanto mantém a interação com o seu aluno precisa
deixá-lo livre para se expressar, pois quem ensina também aprende e quem aprende
também ensina. Partindo desse pressuposto o professor pode propiciar ao seu aluno
momento favoráveis no processo de ensino aprendizagem.

4.2 O professor e o processo ensino-aprendizagem

Atualmente o professor precisa estar preparado para uma prática pedagógica a


favor da aprendizagem. Considerando aspectos relacionados à mediação e
interação o professor pode agir de maneira a estimular e motivar o seu aluno dentro
desse processo.

Morales (2008) faz referência a algumas posturas que podem estimular e favorecer
o processo ensino-aprendizagem.

a- Dar orientação;
22
b- Mostrar entusiasmo;

c- Propor alternativas para a escolha dos alunos;

d- Elogio sincero;

e- Reforço ao êxito;

f- Estimular a curiosidade;

g- Estimular o interesse;
h- Centrar a atenção;

i- Mostrar a relevância do que se estuda;

j- Criar um clima de confiança e satisfação.

Cury (2003) apresenta os sete pecados capitais dos professores, estes por sua vez
podem prejudicar o processo ensino-aprendizagem.

1- Corrigir publicamente;

2- Expressar autoridade com agressividade;

3- Ser excessivamente crítico, obstruindo a infância da criança;

23
4- Punir quando estiver irado e colocar limites sem dar explicações;

5- Ser impaciente e desistir de educar;

6- Não cumprir com a palavra;

7- Destruir a esperança e os sonhos.

Com esses pontos de vista percebemos que o professor deve considerar suas
condutas no processo de ensino-aprendizagem, lembrando que a criança está
iniciando a formação do seu caráter, ética e moral , bem como seu perfil afetivo,
cognitivo, físico e social. E o professor faz a diferença enquanto adulto a frente
desses educandos.

Tal influencia não se dá apenas na linha dos conhecimentos e do


desenvolvimento intelectual; incide também no desenvolvimento emocional
e social dos alunos. Podemos influir também no desenvolvimento moral, no
discernimento dos próprios valores e no discernimento para saber o que
eles querem fazer com suas vidas. Nós, professores, não somos tudo, é
claro, mas temos uma grande influencia, ou podemos tê-la, na vida dos
nossos alunos [MORALES, 2008, p 40].

Na questão lúdica, o professor precisa considerar a infância e sua relação com o


brincar.

O professor frente ao aluno necessita utilizar- se do conceito que Vygotsky se


refere como ZDP- Zona de Desenvolvimento Proximal:

[...]é a distancia entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma


determinar atraves da solução independente de problemas, e o nível de
desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas
sob a orientação de um adultoou em colaboração com companheiros mais
capazes [VYGOTSKY, 2000, p112].

Mais claramente podemos dizer que a ZDP é o caminho entre o que a criança faz
sozinha e o que ela está próximo de conseguir fazer sozinha. Então o educador é
fundamental no processo educacional.

24
O professor precisa ser capaz de identificar e trabalhar dentro desse conceito,
percebendo a capacidade de seus alunos de forma, a saber, quando é preciso
intervir durante o percurso de aprendizagem.

A formação do professor nesse contexto pode ser pensada dentro de propostas


atuais de desenvolvimento do educando onde uma ação reflexiva e mediadora, com
uma avaliação diagnóstica durante todo o decorrer do processo educativo facilitará
o processo ensino-aprendizagem para as crianças.

4.2. O professor de educação infantil na atualidade

Atualmente a formação de professores de educação infantil tem sido temática muito


discutida na educação e nos cursos de formação inicial e continua, já que o
processo educativo tem requerido competências e saberes necessários a prática
pedagógica atual.

Na educação convivemos com uma realidade onde há uma diversidade de


instituições (federal, estadual, municipal), que atendem as crianças de 0 á 6 anos,
fazendo exigências diferenciadas, não só quanto a formação inicial, como também
quanto ao processo de formação de profissionais que atual na educação infantil.

Entre muitos aspectos, é importante destacar que muitas escolas privadas não
exigem formação universitária para atuar na educação infantil, somente o antigo
magistério.

De acordo com Machado (2005 p. 125), as atividades do magistério infantil


esta associados ao papel sexual, reprodutivo, desempenhado
tradicionalmente pelas mulheres, caracterizando situações que reproduzem
o cotidiano, o trabalho domestico de cuidados e socialização infantil, as
tarefas tem aspecto afetivo. Considera-se que o trabalho do profissional de
educação infantil necessita de pouca qualificação e tem menor valor. A
ideologia ai presente camufla as precárias condições de trabalho, esvazia o
conteúdo profissional da carreira, desmobiliza os profissionais quanto as
reinvidicações salariais e não os leva a perceber o poder da profissão.

Podemos perceber que a educação infantil é marcada por um grande quadro de


desigualdades, pois muitas instituições acabam por aceitar pessoas com pouca ou
nenhuma formação, o que leva a uma baixa remuneração e uma alta rotatividade,
25
pois não há perspectiva em termos de carreira, o que, acaba desmotivando esses
profissionais.

Segundo Machado (2005 p. 128), Do ponto de vista prático, enfrentamos


problemas onde quer que estejamos atuando (na rede pública, particular,
comunitária, ONGS, empresas junto aos movimentos sociais ou
sindicatos),atuar com crianças jovens e adultos significa ou exige garantia e
respeito à diversidade cultural, étnica, religiosa, combatendo a desigualdade
social.

Para atuar nessa profissão é preciso respeitar as diferentes culturas, o


professor deve fazer o papel de mediador, precisando superar seus próprios
preconceitos.

Para Machado (2005 p. 129), A formação de profissionais da educação


infantil precisa ressaltar a dimensão cultural da vida das crianças e dos
adultos com as quais convivem, apontando para a possibilidade de as
crianças aprenderem com a historia vivida e narrada pelos mais velhos, do
mesmo modo a que os adultos concebam a criança como sujeito histórico,
social e cultural, reconhecendo a especificidade da infância, sua capacidade
de criação e imaginação.

Vemos que a educação da criança de 0 a 6 anos, tem o papel de valorizar os


conhecimentos, e precisa de profissionais dedicados capaz de refletir sobre a
prática, criando estratégias de ação, e possibilidades de auxiliar a criança neste
processo de formação, fortalecendo a concepção de infância.

Segundo o RCNEI:

O trabalho direto com as crianças pequenas exige que o professor tenha


uma competência polivalente. Ser polivalente significa que ao professor
cabe trabalhar com conteúdos de natureza diversas que abrangem desde
cuidados básicos essenciais até conhecimentos específicos provenientes de
diversas áreas do conhecimento. Esse caráter polivalente demanda, por sua
vez, uma formação bastante ampla do profissional que deve tornar-se, ele
também, um aprendiz, refletindo constantemente sobre a sua prática,
debatendo com seus pares e dialogando com as famílias e a comunidade e
buscando informações necessárias para o trabalho que desenvolve. São
instrumentos essenciais para a reflexão sobre a prática direta com as
crianças a observação, o registro, o planejamento e a avaliação
[RCNEI,1998, p41].

26
O professor assim precisa estar sempre se atualizando na sua prática, para poder
atuar de maneira a desenvolver o aluno no processo educacional, levando a
aprendizagem de forma ampla, em aspecto integral.

O curso de Pedagogia atualmente tem estado lotado de profissionais em busca de


formação qualificada para atuar na educação já que Até o ano de 2010, é
essencial o curso superior de Pedagogia para atuar na educação. Os profissionais
apenas com o magistério precisam fazer o curso superior para continuar na prática
educativa.

[...] a LDB dispõe, no titulo VI, art. 62 diz que: “A formação de docentes para
atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de
licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores
de educação, admitida, como formação mínima para exercício do magistério
na educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, a
oferecida em nível médio, na modalidade Normal.” [RCNEI, 1998, p39].

Na atualidade com a alteração do ensino de oito anos para nove anos, a criança
entra mais cedo no ensino fundamental e os anos iniciais são cinco. A educação
infantil assim requer um professor atualizado às concepções atuais de educação.

[...] “é interessante observar que a minha experiência discente é


fundamental para a prática docente que terei amanhã ou que estou tendi
agora simultaneamente com aquela. É vivendo criticamente a minha
liberdade de aluno ou aluna que em grande parte, me preparo para assumir
ou refazer o exercício de minha autoridade de professor” [FREIRE, 2001,
p100].

O educador e o educando aprendem e ensinam no processo educativo, porque a


educação contemporânea traz outras concepções em relação à ação pedagógica.
Paulo Freire, conforme citações desta pesquisa, nos elucida do ato da
dialogicidade, bem como faz referencia a relação afetiva, este autor nos coloca
como a educação pode transformar a realidade a fim de educar nossos alunos com
criticidade e diálogo num clima favorável as aprendizagem dos alunos.

A escola infantil, independente do nível ou etapa, é o local onde a criança


vive uma importante fase de sua vida (senão a mais importante). Vários
autores corroboram essa afirmação, dizendo que quem vive esses primeiros
anos com qualidade fortalece a si mesmo emocional e cognitivamente para
enfrentar os inevitáveis conflitos que se seguirão na própria infância,
adolescência e vida adulta [ROMAN Y STEYER, 2001, p

27
259].

Assim podemos refletir a importância do professor de educação infantil na


atualidade, já que diversos aspectos devem ser considerados aspectos integrais da
criança. É essencial que o professor domine sua ação frente às crianças para dar
qualidade a sua ação pedagógica, bem como estar sempre em formação para se
atualizar no mundo globalizado de hoje.

Dentro da educação infantil, o desenvolvimento dos educandos deve ser


considerado com amplo significado, onde planejamento, o brincar, o brinquedo, a
tecnologia, a avaliação, e todas as novidades do mundo atual precisam estar
inseridos na prática educativa e no cotidiano do educador e dos educandos.

O trabalho direto com crianças pequenas exige que o professor tenha uma
competência polivalente. Ser polivalente significa que ao professor cabe
trabalhar com conteúdos de naturezas diversas que abrangem desde
cuidados básicos essenciais até conhecimentos específicos provenientes
das diversas áreas do conhecimento [RCNEI, 1998, 41].

Considerando essa citação, o professor frente aos educandos deve considerar as


áreas do conhecimento bem como os cuidados básicos que todas as crianças
necessitam.

Enfim é preciso mudar nossa postura e tratar o aluno como gostaríamos de ser
tratados, dentro de uma relação humana em amplos aspectos. Constatando que é
primordial a relação que se estabelece para o processo ensino-aprendizagem, bem
como perceber a criança dentro do cognitivo e do subjetivo. Para isso é essencial a
formação inicial e continua dos professores e educadores não só de educação
infantil, mais de todas as áreas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

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Conforme a pesquisa realizada, concluímos que a educação infantil, tem o papel de
valorizar os conhecimentos, e precisa de profissionais dedicados capaz de refletir
sobre a prática, criando estratégias de ação, e possibilidades de auxiliar a criança
neste processo de formação, fortalecendo a concepção de infância.

O desenvolvimento profissional é uma caminhada que decorre ao longo de todo o


ciclo de vida e envolve crescer, ser, sentir e agir. É uma profissão complexa que
exige uma jornada de crescimento e desenvolvimento ao longo do ciclo de vida.

Percebemos que o papel do professor da educação infantil é em muitos aspectos,


similar ao papel de outros professores, porém acreditamos que o professor da
educação infantil tem sentimentos mistos onde há também que considerar que o
educador assume responsabilidades pelo conjunto total das necessidades da
criança, considerando que a criança pequena tem características especificas devido
aos seus estágios de desenvolvimento aos seus processos de crescimento e a sua
vulnerabilidade.

A criança é vista como um ser frágil, que necessita de cuidados físicos e


psicológicos constantes onde o professor é mediador neste processo, não só porque
nesta etapa o desenvolvimento dos aspectos emocionais tem um papel fundamental
como também porque se constituem condições necessárias para qualquer progresso
no desenvolvimento infantil.

Vemos que a globalidade da educação da criança pequena reflete a forma pela qual
ela aprende e se desenvolve, e levam à educadores de infância a desempenharem
uma enorme diversidade de tarefas e tem um papel abrangente, essa enorme
diversidade vai desde os cuidados de bem estar, higiene, segurança, á educação
podendo ser entendida então como socialização, desenvolvimento e aprendizagem.

Integrar saberes e funções requer a procura se saberes de renovação para


aprender, sentir e fazer. Requer também que os saberes se integrem com o afeto
capaz de sustentar a paixão de educar as crianças de hoje, cidadãos de amanhã. O
direito de cidadania das crianças desafiando a sociedade e os sistemas educativos a
criarem sistemas de apoio, supervisão ao desenvolvimento profissional dos
educadores da organização onde exercem a profissão.

Finalmente como contribuição, esperamos que este trabalho sirva como reflexão em
relação à interação professor-aluno e sua importância para o processo ensino-

29
aprendizagem, servindo como base teórica para ser colocada em prática na busca
de uma maior qualidade de ensino desde a educação infantil.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

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