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DEFICIÊNCIA VISUAL
CONTEXTUALIZANDO
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professor comprometido a considerar as particularidades desse aluno
proporcionarão uma aprendizagem significativa.
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diversas situações, ao passo que a criança com deficiência visual só tem esse
contato bem mais tarde, pois o sistema de leitura e escrita braille ainda é muito
restrito ao uso somente do deficiente visual, dificultando o acesso a essa
comunicação antes de seu ingresso na escola.
O processo de alfabetização da criança com deficiência visual deve ser
baseado em atividades que explorem os sentidos senso-motores, ou seja, o tato,
a audição, o olfato, pois é por meio desses sentidos que ela enxerga o mundo e
constrói conhecimento. Portanto, como já dissemos, a estimulação sensorial e
motora é fundamental para a alfabetização da criança com deficiência visual.
De acordo com Bruno (2006, p. 48), “Os jogos de construção, o fazer,
desfazer, a curiosidade pela construção e elaboração do outro em argila, massas,
pinturas e desenhos em relevo é que permitem a criança perceber, compreender,
apreciar e utilizar diferentes linguagens representativas”.
Assim como a criança vidente, a criança com deficiência visual também
necessita de um ambiente alfabetizador que lhe oportunize compreender e
elaborar sua percepção do mundo, por meio de recursos táteis. Nesse sentido,
“Um ambiente alfabetizador é aquele que promove um conjunto de situações reais
de leitura e escrita nas quais as crianças têm oportunidade de participar”. (Bruno,
2006, p. 56).
A criança com deficiência visual precisa da experiência física com os
objetos, para que ocorra o processo de alfabetização, e de metodologias que
proporcionem significado concreto ao seu aprendizado. Para isso, são
importantes a criatividade e o comprometimento do professor no sentido de
considerar as particularidades desse aluno.
Mosquera (2010) sugere a adoção da Teoria Sistêmica como
fundamentação de qualquer método de educação inclusiva, pois contempla as
diversas áreas do conhecimento. “A Teoria Sistêmica, ou enfoque interdisciplinar,
é uma teoria que consegue dialogar com os diversos saberes na escola inclusiva”
(Mosquera, 2010, p. 85).
Poderíamos, aqui, discorrer sobre diversas teorias e métodos de
alfabetização, no entanto, alfabetizar crianças com ou sem deficiência visual é um
processo que exige adaptações, “propostas criativas e interessantes que
diversifiquem as formas de aprendizagem” (Mosquera, 2010, p. 86). Não há uma
fórmula pronta!
No processo de alfabetização de uma criança com deficiência visual, o mais
importante é o professor compreender o aluno na sua totalidade, e não somente
pela deficiência.
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TEMA 2 – O SISTEMA BRAILLE
Como vimos na aula anterior, o sistema braille foi elaborado com base em
um código militar de comunicação noturna, formado por pontos em relevo, criado
por um oficial francês. Louis Braille adaptou e simplificou o código de Barbier e,
em 1825, criou o método, também conhecido como leitura tátil.
Com base na criação desse sistema, abriu-se uma nova possibilidade para
a educação da criança com deficiência visual, que possibilitaria a aprendizagem
também da leitura e escrita, sendo, atualmente, o sistema usado em todo o mundo
para esse fim.
O primeiro livro escrito em braille Procedimento para escrita de palavras,
música e canto com pontos, data de 1829 e foi escrito por Louis Braille com o
objetivo de divulgar o alfabeto por ele criado (Figura 1).
Figura 1 – Livro de 1829 de Louis Braille: “Procédé pour écrire les paroles, la
musique et le plain-chant au moyen de point” (procedimento para escrita de
palavras, música e canto com pontos – em tradução literal)
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A Fundação Dorina Nowill foi a responsável pela difusão de livros em braille
no Brasil, sendo que, atualmente, o contato com esse tipo de leitura – livros,
revistas, cardápios e até avisos em locais públicos como nos ônibus, teclados de
caixa eletrônico – está mais presente no dia a dia das pessoas.
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colar (grãos, bolinhas de papel, palito, barbante);
pintura a dedo;
massa de modelar;
amassar papel;
corda, barbante, palitos de sorvete, para criar formas e traçados;
rolar a bola;
bater a bola no chão e agarrar em seguida;
jogar bola de mão e mão;
jogos de encaixar;
blocos lógicos;
enfileirar, empurrar sem desfazer.
Para entender melhor como funciona o sistema braille, vamos fazer uma
comparação com o sistema alfabético de forma bastante simples.
A alfabetização ocorre quando a criança domina o conhecimento do
alfabeto e suas combinações para formar letras e palavras e passa a interpretá-
las, dando-lhes significados – usa o sentido da visão. Para a criança com
deficiência visual, o processo é o mesmo, o que muda é o sistema de leitura e
escrita. Em vez do alfabeto, ela aprende por meio do sistema braille, que combina
seis pontos para formar as letras, sílabas e palavras e, também, passa a
interpretá-las, dando-lhes significados – usa o sentido do tato.
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A escrita braille é feita em relevo, em um espaço chamado cela braille,
composto por seis espaços alinhados em duas colunas (Figura 2).
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Com uma punção, dentro de uma espécie de régua, a raglete (Figura 3),
são pressionadas as áreas dentro das celas, para criar os pontos que ficarão em
relevo.
O papel utilizado para a escrita em braille possui uma espessura maior que
o papel comum, pois a pressão feita com a punção cria pequenas saliências, que
no papel de menor gramatura não seria possível perceber.
Outro recurso para iniciar a alfabetização em braille é o giro-braille,
composto por três cubos giratórios com pontos em relevo representando o
alfabeto braille (Figura 4)
Figura 4 – Giro-braille
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Fonte: Adaptafácil, 2018.
O alfabeto braille é uma combinação dos seis pontos, que compõem a cela
braille. São possíveis 64 combinações diferentes e assim formam o alfabeto, os
números, sinais gráficos como podemos ver na Figura 5.
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depois porque as formas de manipular a punção e as ragletes exigem do aluno
um mínimo de maturidade psicomotora. O aluno também vai precisar de uma
sensibilidade maior na mão para a leitura dos relevos no papel” (Mosquera, 2010,
p. 79).
A leitura em braille é realizada pela percepção tátil das combinações do
alfabeto braille. Assim, percorrendo os pequenos pontos em relevo o aluno vai
decifrando a escrita (Figura 6).
Fonte: http://ares.hosbos.com.br/blog/materias/conheca-o-sistema-braille/
Atualmente, existem livros que podem ser lidos tanto por leitores videntes
como por pessoas com deficiência visual (Figura 7).
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Como vimos, o sistema braille, mesmo sendo bastante específico, é um
sistema de escrita e leitura que guarda as mesmas características de dificuldade
e aprendizagem que os sistemas alfabéticos, sua singularidade reside na forma
de leitura que utiliza o sentido do tato e não da visão.
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assim como a criança que aprende o alfabeto por meio do sistema alfabético
convencional.
Com uma proposta de aprendizagem dos números e cálculos matemáticos,
o soroban ou ábaco (Figura 9) é um instrumento bastante antigo que ficou
conhecido a partir do trabalho de um professor japonês que, em 1662, publicou o
livro Embrião do soroban, tomando por base um ábaco que trouxera da China
(Mosquera, 2010).
Figura 9 – Soroban
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formas que contribuem para que essas pessoas tenham acesso ao conhecimento,
como os áudio-livros, programas de computadores com sintetizador de voz, e as
tecnologias assistivas de educação.
FINALIZANDO
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LEITURA OBRIGATÓRIA
PARA aprender braille na internet: software público e gratuito que pode ser usado
online e instalado no computador. Braille Virtual, 2004. Disponível em:
<http://www.braillevirtual.fe.usp.br/pt/index.html>. Acesso em 23 maio 2018.
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REFERÊNCIAS
ELECTRIC Blue Perkins Brailler. Perkins school for the blind. Disponível em:
<http://www.perkinsproducts.org/store/en/braillers/242-electric-blue-perkins-
brailler.html>. Acesso em: 23 maio 2018.
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WINTER, B. Braille’s most famous book. Perkins school for the blind. Disponível
em: <http://www.perkins.org/stories/brailles-most-famous-book>. Acesso em: 23
maio 2018.
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