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ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO

A FUNÇÃO SOCIAL DA ALFATIZAÇÃO


AS ETAPAS NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO
A ALFABETIZAÇÃO NOS DIFERENTES MOMENTOS
HISTÓRICOS
Professora: Magda
Marques
Por trás da mão que pega o lápis, dos olhos que
olham
e dos ouvidos que escutam, há sempre uma criança
que pensa.
Emília
Ferreiro
Papel da alfabetização como função social na vida do
indivíduo
A alfabetização é a base para uma educação
construtiva, o qual ajuda as pessoas a desenvolver a
leitura, a escrita, a comunicação, as ideias e os
pensamentos, o letramento utiliza a escrita para
resolver problemas do dia a dia, facilitando assim
suas práticas sociais podendo produzir gêneros
textuais.
A alfabetização favorece o progresso da socialização
do indivíduo, possibilitando o estabelecimento de
novos tipos de trocas simbólicas com outros
indivíduos, acesso aos bens culturais e as facilidades
oferecidas pelas instituições sociais. Ou seja, a
alfabetização resulta no exercício consciente da
cidadania e do desenvolvimento da sociedade.
Segundo Ferreiro, 2013 o processo de alfabetização
não é fixo, mas uma construção histórica que muda
conforme se altera as exigências sociais e as
tecnologias produção de texto.
O processo de alfabetização precisa refletir o que a
sociedade vive fora da escola, a instituição escolar
não pode ser um mundo paralelo onde o que se
aprende nela não faz conexão com o real
Para Ferreiro e Teberosky (1999), não é o ambiente
que alfabetiza, nem tampouco o fato de pendurar
coisas escritas nas paredes que produz um efeito
alfabetizador, e que nenhuma criança entra na escola
regular sem nada saber sobre a escrita, e que o
processo de alfabetização é longo e trabalhoso para
todos, não importa a classe social.
Os primeiros registros sobre a educação brasileira datam de
1554, a época dos jesuítas e do período colonial. Em 1759,
quando os padres foram expulsos do país, suas escolas
tinham matriculado menos de 0,1% da população. As
primeiras tentativas de organizar a educação do país
começaram em 1876 e coincidiram com os movimentos pela
formação da República. Esse período foi marcado pela
implementação dos primeiros métodos de ensino de leitura,
com base em abordagens sintéticas como o método
alfabético
A segunda fase da alfabetização no Brasil começou em São
Paulo depois de 1890, com professores que defendiam a
importância da pedagogia (o “como” se ensina) e dos
métodos analíticos. Essa visão moderna gerou uma disputa
acirrada entre esse grupo e os adeptos das abordagens mais
tradicionais (sintéticas). O termo “alfabetização” foi criado
mas o foco permaneceu em ensinar os alunos a ler, a escrita
ainda estava muito ligada à caligrafia.
A terceira fase da alfabetização começou por volta de 1920,
quando os professores começaram a rejeitar abertamente os
métodos analíticos que se tornaram obrigatórios na segunda
fase. Foi nesse período em que nasceram os métodos mistos
e os testes ABC para medir o desempenho dos alunos.
No entanto, uma das mudanças mais fortes foi que a
pedagogia ficou cada vez mais dependente dos aspectos
psicológicos (“para quem ensinamos”). Esse embate entre os
diferentes métodos, a mistura entre “antigo e novo” e a
sensação de fragilidade são questões importantes que podem
ter influência nos níveis atuais de desempenho dos alunos.
Com início em 1980, a quarta fase da alfabetização brasileira foi
marcada por mudanças sociais e políticas que resultaram na
restauração da democracia. Nesse período, surgiu o
construtivismo, um paradigma muito diferente da tradição
behaviorista.
A desvantagem da difusão da perspectiva construtiva foi que
ainda não havia um método de ensino-aprendizagem estruturado.
A ausência de um método estruturado ainda está presente em
nossas escolas e deve ser um dos fatores que causa o baixo
desempenho dos estudantes de hoje.
O acesso à escola em todos os níveis de educação
aumentou consideravelmente, e o país pôde dizer com
orgulho que quase todas as crianças já estavam na escola.
Apesar de termos conseguido matricular praticamente
todas elas, passamos a notar que não estavam
aprendendo o suficiente. Essa conjuntura é bastante
parecida com a situação atual de nossas escolas.
CENÁRIO DA
ALFABETIZAÇÃO NO BRASIL
APÓS A
PANDEMIA
Diagnóstico da
Após quase 2 anos de situação...
escolas fechadas e mais de 5 milhões de
estudantes sem aulas em 2020, segundo levantamento do
Unicef, as aulas presenciais na rede pública começaram a
voltar em 2022. No entanto, os efeitos da pandemia na
educação podem ser devastadores. Podemos regredir em até 2
décadas, de acordo com a Unicef e o Cenpec Educação
Diagnóstico da
situação...
As crianças de 6 a 10 anos foram as mais afetadas pela
exclusão escolar. Em 2019, antes do mundo parar
devido ao Coronavírus, cerca de 1,4 milhão de crianças
entre 6 e 7 anos de idade não sabiam ler nem escrever
no Brasil. Em 2021, esse número passou para 2,4
milhões. Um crescimento de 66,3% em apenas dois
anos. Os dados são da ONG Todos pela Educação.
O impacto é ainda maior entre crianças pretas e pardas,
acentuando ainda mais a desigualdade racial existente no
Brasil. Ao todo, 47,4% das crianças pretas não sabem ler ou
escrever; entre as pardas o índice é 44,5%. Já entre as bancas,
de 35,1%.
Além disso, o percentual de crianças mais pobres que não
sabem ler e escrever aumentou de 33,6% para 51%, entre 2019
e 2021. Dentre as crianças mais ricas, o aumento foi mais sutil,
de 11,4% para 16,6%.
Antes da pandemia, essa era a etapa de ensino que mais havia
avançado no Brasil, tanto em universalização de acesso – ou
seja, quase todas as crianças dessa idade estavam frequentando
a escola – quanto em progressos no ensino.

De acordo com a BNCC, os alunos devem ser alfabetizados até


o 2º ano do Ensino Fundamental. A não-alfabetização de
crianças em idade adequada pode trazer enormes prejuízos para
aprendizagem, além de aumentar o risco de reprovação e evasão
escolar.
Sabemos que independente de metodologia o processo de
alfabetização ainda é centrado na figura do professor. Estamos
cientes que o contato dos professores com os alunos, por meio de
estratégias de ensino e intervenções é crucial para o desenvolvimento
das habilidades de leitura e escrita. Portanto, o distanciamento social
causado pela pandemia da COVID- 19 impactou negativa e
significativamente o desenvolvimento dos alunos, sobretudo em
processo de alfabetização.
O que é analfabetismo
funcional?
Incapacidade de compreender, utilizar e refletir sobre
informações contidas em materiais escritos para ampliar
conhecimentos e participar da sociedade.
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
•São percebidos com processos integrantes no desenvolvimento das
habilidades de leitura e escrita;
•São processos distintos;
•Estar alfabetizado não significa necessariamente ser letrado e vice e versa;

O entendimento das diferenças significativas e importantes entre esses dois


conceitos permite ao educador um estímulo ao desenvolvimento das crianças nas
duas frentes do processo de aprendizagem. Embora sejam ações distintas, é
recomendado que alfabetizar e letrar aconteçam de maneira paralela, entendendo
os conceitos como complementares. Ou seja, a formação ideal considera
alfabetizar letrando, onde toda criança deve ser alfabetizada ao mesmo tempo em
que é letrada.
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO

NA BNCC
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) traz diretrizes específicas para a
etapa escolar de alfabetização, propondo que esse processo ocorra nos dois
primeiros anos da vida escolar. Porém, o letramento deve permear todas as
fases de aprendizado, sendo introduzido, antes do início formal do processo
de alfabetização de uma criança. Segundo a BNCC, é indicado que as práticas
letradas já devam ser estimuladas desde a Educação Infantil, além das
considerações a respeito da vida social mais ampla do aluno.
Com o desenvolvimento dessas habilidades o documento propõe a inserção
social e cultural da criança promovendo a autonomia e construção da
identidade do indivíduo.
Nos anos iniciais, mais especificamente no 1° e 2° anos, embora se
alfabetize letrando, ou seja, dispensando grande atenção à
alfabetização, mas sem deixar de lado a leitura e produção de textos
dos diversos campos adequados aos anos em questão, as práticas de
ensino devem priorizar a ALFABETIZAÇÃO e a CONSTRUÇÃO
DO SISTEMA DE ESCRITA ALFABÉTICO do português do Brasil,
para desta forma, introduzir o aluno no mundo da escrita.
Antes de mais nada “Para aprender a ler e escrever, a criança precisa construir um
conhecimento de natureza conceitual.” (BRASIL, 2001, vol. 3, p. 122). Com base na
citação significa defender a alfabetização como:
I. função da maturação biológica.
II. desenvolvimento de capacidades relacionadas à percepção, memorização e treino de um
conjunto de habilidades sensório-mecânicas.
III. um processo de construção de conhecimento pelas crianças por meio de práticas que
têm como ponto de partida e de chegada o uso da linguagem e a participação nas diversas
práticas sociais e de escrita.
IV. aquisição de um código de transcrição da fala.
Está(ão) correto(s) apenas o(s) itens(s):
A) I.
B) II.
C) III.
D) IV.
E) I e IV.
C
Para que as crianças aprendam a ler e a escrever na perspectiva
da alfabetização e letramento, é
preciso:
a. ( ) letrar antes de alfabetizar.
b. ( ) alfabetizar antes de letrar.
c. ( ) alfabetizar sem preocupação com o letramento.
d. ( ) letrar sem preocupação com a alfabetização.
e. ( ) alfabetizar letrando.
COMPREENDENDO MELHOR OS TERMOS
ALFABETIZAÇÃO E
LETRAMENTO
Alfabetização: Se refere especificamente à aprendizagem e
domínio do SISTEMA DE ESCRITA ALFABÉTICO. É o
processo onde a criança aprende a descodificar os elementos que
compõem a escrita. Ou seja, o desenvolvimento de competências
quanto à memorização do alfabeto, o reconhecimento das letras,
a ligação entre sílabas e formação de palavras, utilizando-as na
leitura e na escrita.
Letramento é o
processo de
inserção nas práticas
sociais
através do uso da
leitura
e da escrita.
De acordo com linguagem, assinale a afirmativa INCORRETA.

A) A formação literária dos sujeitos está sustentada na concepção do papel


da literatura na constituição social do indivíduo e da coletividade.
B) A literatura contribui para desenvolver as capacidades interpretativas
amplas dos leitores, as quais favorecem uma socialização mais rica.
C) As relações entre fala e escrita e a apropriação do sistema de escrita
alfabética são os únicos conhecimentos necessários para que a criança se
alfabetize.
D) A escola tem função importante na preservação do patrimônio cultural da
infância, uma vez que é mais um espaço de encontro da criança com a
linguagem, em sua dimensão lúdica e histórica, o que contribui para a
construção da identidade.
C
COMO TRABALHAR CADA UM DESSES
PROCESSOS?
LETRAMENTO

Desenvolve-se através do trabalho com diversos


gêneros textuais e seus portadores. Fazendo análises
que levem o aluno a compreender a função social, a
estrutura e características próprias de cada gênero e
adequação da linguagem de acordo com cada
interlocutor.
ALFABETIZAÇÃO
Requer uso de metodologias que levem o aluno a
conhecer e reconhecer as letras do alfabeto, o princípio
alfabético, desenvolvendo a consciência fonológica
que abrange: consciência de palavra, de silábica,
fonêmica, de rima, de aliteração, culminando no
desenvolvimento da leitura e escrita.
É correto afirmar, sobre alfabetização e letramento:
1. Alfabetização e letramento são dois processos diferentes, mas ao mesmo tempo indissociáveis.
2. Podemos classificar a alfabetização como o processo de aquisição do sistema de escrita, das
convenções da escrita, do código da escrita e letramento como processo de desenvolvimento das
práticas sociais de leitura e escrita.
3. Alfabetização é condição para o letramento e letramento é condição para a alfabetização e um
não precede o outro.
4. Estudiosos indicam que obrigatoriamente deve-se ensinar primeiro o código, isto é, a
alfabetização, e só depois possibilitar a pratica desse código.
Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.
a. ( ) É correta apenas a afirmativa 2.
b. ( ) São consideradas corretas apenas as afirmações 1 e 4.
c. ( ) São consideradas corretas apenas as afirmações 2 e 3.
d. ( ) São consideradas corretas apenas as afirmações 1, 2 e 3.
e. ( ) São consideradas corretas as afirmações 1, 2, 3 e 4.
D
A CONSTRUÇÃO E O DESENVOLVIMENTO
DA LEITURA E DA ESCRITA
O QUE É A PSICOGÊNESE DA
LÍNGUA ESCRITA?
Resultado das pesquisas de Emília Ferreiro e Ana Teberosky, a
Psicogênese da Língua Escrita afirma que todo conhecimento
tem uma gênese, um início, onde apresenta os pensamentos
iniciais que uma criança tem sobre como funciona a Língua
escrita.
Tais contribuições nos ajudam a perceber como a criança está
construindo hipóteses sobre como funciona o código alfabético.
Emilia Ferreiro e Ana Teberosky partiram do pressuposto
da teoria piagetiana – de que todo conhecimento possui
uma origem – e, pelo método clínico de Piaget, observaram
108 crianças e seu funcionamento do sistema de escrita.
Elas queriam entender como as crianças se apropriam da
cultura escrita, criando a obra intitulada de Psicogênese da
Língua Escrita, introduzida no Brasil por volta dos anos
1980 (Picolli; Camini, 2013).
O fato de questionarem e considerarem o que as
crianças sabem antes da alfabetização (da entrada na
escola) modificou toda a forma de pensar da época, e
ainda hoje tais ideias embasam muitos profissionais.
Diversas práticas construtivistas foram lançadas no
dia a dia da sala de aula por influência da
Psicogênese da Língua Escrita (Picolli; Camini,
2013).
Nessa obra, as autoras criticam os métodos utilizados
para alfabetização e afirmam que há uma “verdadeira
escrita inibida pelos métodos tradicionais”, visto que
estes utilizam a cópia como ferramenta fundamental.
“A verdadeira escrita (...) seria a escrita espontânea:
aquela que proporcionaria à criança pensar sobre as
regras que constituem o sistema de escrita” (Picolli;
Camini, 2013).
Ferreiro e Teberosky sustentam que a grande
maioria das crianças com seis anos de idade sabe
distinguir textos de desenhos. Aquelas crianças que
ainda “leem” desenhos e não letras são crianças que
não têm contato com a escrita em seus diversos
materiais (Multieducação).
CONTRIBUIÇÕES DA
PSICOGÊNESE DA LÍNGUA
Através da interpretação ESCRITA?
do trabalho de Ferreiro e Teberosky
podemos compreender as etapas pelas quais passa o aprendiz de
um língua escrita que utiliza sistema alfabético, percebendo que a
apropriação do SEA não acontece do dia para a noite.
Essa teoria segue uma linha construtivista que pressupõe que “um
novo conhecimento só pode surgir da transformação de um
conhecimento anterior”.
NÍVEIS DE ESCRITA
DE ACORDO COM A
PSICOGÊNESE
PRÉ-SILÁBICO

Nessa hipótese a criança ainda não identifica a relação da escrita


com a fala.
No início não distinguem desenho de escrita.
Presença de realismo nominal.
Dificuldade em aceitar que uma palavra possa ser escrita com
menos de três.
Leitura global.
SILÁBICO SEM VALOR
SONORO
Início da compreensão do princípio alfabético;
Compreende que as palavras são formadas por unidades
menores que são as sílabas;
Atribui uma letra para cada sílaba, mas ainda não estabelece
valor sonoro.
Na leitura, aponta o dedo representando a pauta sonora.
SILÁBICO COM VALOR
SONORO
É esperado que nessa hipótese a criança já reconheça a maioria das letras do
alfabeto e a relação grafema fonema;
Tenta fonetizar a escrita atribuindo uma letra para cada sílaba;
Pode apresentar valor nas vogais ou nas consoantes;
Ainda lhe falta desenvolver a consciência silábica.
SILÁBICO-ALFABÉTICO

Chamada de fase de transição;


Início do conflito em aceitar apenas uma letra para representar
uma sílaba – início da consciência silábica;
Ainda apresenta dificuldades em identificar todos os fonemas
que compõem a sílaba caracterizando por ainda escrever
sílabas com apenas uma letra.
ALFABÉTICO

Aqui o aluno já se apropriou do conhecimentos sobre como


funciona o Sistema de Escrita Alfabética;
Já domina a consciência fonêmica e silábica;
Os conflitos presentes nessa hipótese estão relacionados a
questões ortográficas e textuais.
COMO REALIZAR A SONDAGEM
DIAGNÓSTICA
Escolha 4 palavras de mesmo campo semântico na seguinte ordem:

Polissílaba
Trissílaba
Dissílaba
Monossílaba

Em seguida, ditar uma frase contendo uma das palavras já ditadas para
verificar regularidade na escrita.

Após a escrita é de suma importância solicitar à criança que realize a leitura


apontado com o dedo cada parte que estiver lendo.
EXEMPLO

Campo semântico objetos


escolares:
APONTADOR
CADERNO
LIVRO
GIZ

TENHO UM CADERNO NOVO.


REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
Morais, Artur Gomes de. Sistema de Escrita Alfabética/ Artur Gomes de
Morais. São Paulo: Editora Melhoramentos, 2012. (Como eu ensino)

https://www.sistemamaxi.com.br/alfabetizacao-e-letramento

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