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MATERIAIS COMPLEMENTARES:

Muitas das pessoas que iniciam a leitura desse livro


não terminam devido a complexidade das
Neurociências.
Considere concluir sua leitura em apenas 4 horas
adquirindo a versão em audio desse livro, disponível
nesse link: neuroinformatas.com/audio

Além disso, para tornar os conceitos e teorias sobre o


funcionamento cerebral mais tangíveis e palpáveis,
criei um grupo de estudos com aulas semanais
ministradas por mim.
Nesse grupo, percorremos diversos fundamentos de
Neuroinformática como mapas virtuais do cérebro,
repositórios de neuroimagens e simulações
computacionais do cérebro.
Considere fazer parte do grupo gratuitamente, clique
nesse link: neuroinformatas.com/grupo
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INTRODUÇÃO

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Hora do show, meus amigos!
Em meu segundo livro, quero te guiar por uma
jornada de compreensão do cérebro humano,
apresentando seus mistérios, dilemas, mitos e fatos.
Minha ideia é te apresentar o funcionamento do
órgão mais complexo e importante do corpo humano
sem deixar margens para entendimentos enviesados e
pseudocientíficos.
Desde já, quero te deixar claro que os estudos dos
mecanismos cerebrais não são para curiosos, são para
os apaixonados e comprometidos.
É provável que você queira abandonar a leitura no
sexto ou sétimo conceito neurocientífico que não
conseguir entender, por isso recomendo que você
continue essa leitura apenas se for extremamente
apaixonado pelo cérebro e pelo seu funcionamento.
Eu comecei minha pós graduação em Neurociência
após uma jornada de fenômenos observáveis que me
fizeram entrar em parafuso por estar vendo algo
“impossível” na frente dos meus olhos e não
encontrar as respostas de como aquilo poderia
funcionar.

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Esse foi um dos motivos que me levaram a mergulhar
não apenas na pós graduação em Neurociência, mas
em diversos cursos, livros e pesquisas científicas sobre
o funcionamento do cérebro.
Tenho certeza que se eu tivesse iniciado meus estudos
apenas por curiosidade, na primeira equação
eletrofisiológica que eu encontrasse no caminho, teria
pulado fora e começado a estudar algo mais simplista
e de fácil execução.
Meu maior desafio nessa jornada vai ser te apresentar
esses conceitos sem te assustar e te fazer sair
correndo, por causa de certas complexidades.
Mas eu prefiro assim, pois tentar simplificar o
funcionamento do órgão mais complexo do corpo
humano pode gerar margens para interpretações
equivocadas e divergentes da realidade.
Então, desde já quero fazer um acordo com você e
pedir que concentre toda sua paixão pelo cérebro
humano nessa leitura.
Se você fizer isso, eu te prometo que eu vou
concentrar todas as informações fundamentais para
que você construa uma base sólida, ou preencha as

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lacunas que ainda faltam para que você entenda os
mecanismos e funcionamentos cerebrais.
Tente não se assustar com os termos neurocientíficos
e tente não se assustar com os modelos sistêmicos e
lógicas complexas.
Mesmo que você se esforce durante a leitura e
mesmo assim não entenda alguns conceitos, vou te
pedir para que não pule etapas.
Dessa forma, quando você menos esperar suas
conexões neuronais serão estabelecidas e você
compreenderá, aconteça isso mais cedo ou mais tarde.
Se você pular etapas por não entender inicialmente,
não terá nem a informação como matéria prima para
que futuramente se torne conhecimento.
Então, promete pra mim que você não vai pular
etapas... repita comigo: “Ok, Felipe... eu não vou
pular etapas!”
Se compromete comigo, abre seu instagram, procure
por @ofelipematos e me envie uma mensagem
privada dizendo: “Ok, Felipe... eu não vou pular
etapas!”

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Essa mensagem vai te ajudar a registrar seu
compromisso comigo e toda vez que seu cérebro
pensar em economizar energia, dando aquela
puladinha em um conceito complexo, você vai
lembrar do seu compromisso comigo.
Se a melhor forma de você aprender é ler o livro
completo de uma vez, mesmo sem entender alguns
conceitos e mesmo sem executar algumas atividades,
tudo bem.
Desde que você se comprometa comigo, a
metodologia de estudo que você vai aplicar não fará
diferença.
Para te incentivar a se comprometer, vou
disponibilizar diversas neuroimagens no meu
instagram, dessa forma quando a vontade de
abandonar a leitura por causa da complexidade bater,
você poderá consultá-las para facilitar seu
entendimento.
Para iniciarmos a jornada, vou te apresentar diversas
ferramentas, tecnologias e técnicas de estudo do
cérebro humano, dessa forma você irá entender como

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é possível acessarmos e compreendermos o
funcionamento dos mecanismos cerebrais.
Vou te ajudar a desconstruir alguns vieses do senso
comum que podem estar te atrapalhando no
entendimento do que realmente é o cérebro e no
entendimento de como ele funciona.
Quero começar te guiando por uma viagem no tempo
baseada na teoria da Origem das Espécies e te
proporcionar o entendimento de como nosso cérebro
evoluiu, se adaptou e fez com que nossa espécie se
tornasse a espécie dominante do planeta, mesmo não
tendo estrutura física para isso.
Nessa jornada você vai perceber o impacto que o
trabalho de milhares de anos realizado pela natureza
sofreu e como a forma que nosso cérebro interpreta
os estímulos do ambiente que estamos inseridos está
sendo fundamentalmente alterada.
Consequentemente, você terá algumas ideias de como
simular e criar os ambientes mais adequados ao
funcionamento do seu cérebro, fazendo apenas
alguns ajustes na sua rotina e criando interfaces

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cognitivas para aumentar sua qualidade de vida e
sensação de bem-estar.
Ainda no primeiro capítulo, vamos mergulhar nas
estruturas anatômicas do cérebro humano, para que
você entenda detalhadamente as áreas cerebrais, suas
principais funções e particularidades.
A partir disso, poderemos seguir com o entendimento
dos sistemas biológicos que são controlados pelo
cérebro, como o sistema nervoso, sistema endócrino e
suas correlações.
Por fim, concluiremos o primeiro capítulo analisando
alguns dados importantes extraídos de pesquisas
científicas, juntamente aos fatos e fenômenos
observáveis utilizados como base para obtê-los.
Em nosso próximo passo, vamos parar um pouco de
olhar para o cérebro como ponto central, e
começaremos a olhar para o sistema nervoso como
um todo.
Dessa forma, você entenderá o que é o sistema
nervoso em si e suas dinâmicas de funcionamento, da
captação dos estímulos do ambiente ao transporte
desses estímulos ao cérebro.

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Após isso, entraremos em detalhes, entendendo como
os sub-sistemas do sistema nervoso, como o sistema
sensorial e os receptores trabalham para criar sua
experiência de realidade interna.
Assim, você poderá compreender sistemicamente
como sua realidade externa cria, altera, desenvolve e
gerencia sua realidade interna, você querendo ou não.
Vou te mostrar como os neurônios funcionam, desde
a captação de luzes, sons, cheiros e toques até a
conversão desses estímulos em impulsos elétricos e
seus transportes pelas redes neuronais.
Por fim, vamos fazer uma análise sobre os
neurotransmissores, assim você conseguirá preparar
seu entendimento para os próximos capítulos do livro
onde entraremos em mais detalhes sobre a química e
a eletricidade do nosso corpo em relação ao cérebro.
Novamente, quero te pedir pra não se assustar ou
interpretar algo complexo como “chato”, pois minha
ideia com esse livro não é ficar apenas falando de
“dopamina” como a maioria das pessoas que
levantam a bandeira da Neurociência.

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Sendo assim, preciso do seu comprometimento para
te guiar nessa jornada, então se você ainda não se
comprometeu comigo, estou esperando sua
mensagem dizendo “Ok, Felipe... eu não vou pular
etapas”.
A partir daqui entraremos numa área que eu costumo
apelidar carinhosamente de “o lugar onde o filho
chora e a mãe não vê”.
Vou te apresentar as loucuras elétricas e matemáticas
da eletrofisiologia e é aqui que provavelmente você
vai me odiar temporariamente.
A boa notícia é que depois que você entender esses
fundamentos, mesmo proferindo mentalmente
palavras de baixo calão direcionadas a minha pessoa,
você vai me agradecer.
Principalmente quando entender que esses
fundamentos que quase fizeram seu cérebro explodir
poderão ser aplicados para solucionar diversos
problemas da espécie humana.
E é a partir daqui que você vai começar a me amar e
eu vou precisar relevar todas as ofensas mentais que

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você proferiu, principalmente as que envolvem minha
mãe.
Pois a partir daqui, vou te mostrar como o
aprimoramento humano através da integração entre
os fundamentos eletrofisiológicos e as
neurotecnologias está próximo.
O narcisista que habita em mim vai amar ver seu
queixo caindo quando te apresentar os avanços
neurocientíficos e neurotecnológicos que nos
permitirão controlar máquinas “com a mente”.
É claro que analisaremos as questões éticas, possíveis
problemas e possíveis consequências, pois não
adianta acelerarmos o aprimoramento humano se o
mesmo nos levar a autodestruição.
Por fim, chegaremos na reta final do livro e eu vou te
contar as principais experiências pessoais que eu tive
durante a vida que me levaram a estudar o cérebro
humano.
Talvez não sejam as mesmas que levaram você a
estudar o cérebro humano, mas acredito que você vai
se conectar bastante com as histórias e talvez elas
abram um pouco mais sua perspectiva sobre

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problemas que podem ser resolvidos com o
conhecimento neurocientífico.
Além de te dar vários insights sobre possíveis
descobertas e aprimoramentos que você mesmo pode
trazer para esse planetinha azul que está sendo
destruído por pessoas que não sabem como o próprio
cérebro funciona.
E para finalizarmos, vou te apresentar e te convidar a
fazer parte da plataforma de Neurociências que eu
passei alguns anos desenvolvendo e do movimento de
pessoas aprimoradas que eu estou criando dentro
dela.
Essa é a última chance de você se comprometer
comigo me enviando a mensagem “Ok, Felipe... não
vou pular etapas...”, pois a partir daqui não tem mais
volta.
Espero que esteja pronto e vamos nessa!

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ESTUDANDO O
CÉREBRO HUMANO

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Para começarmos os estudos do cérebro, precisamos
entender quais equipamentos são utilizados para
romper as barreiras do que é visível aos olhos.
Assim como telescópios nos permitem observar o que
está extremamente longe e microscópios nos
permitem observar o que é extremamente pequeno,
existem ferramentas e técnicas que nos permitem
observar a composição e o funcionamento do cérebro.
Essas ferramentas são fundamentais, pois além de
permitirem a observação da composição do cérebro,
também permitem a observação da atividade cerebral
em si.
Algumas das principais ferramentas de estudo do
cérebro humano são:

MRI
A imagem de ressonância magnética (MRI) é uma
técnica de imagem usada para criar imagens da
anatomia e dos processos fisiológicos do corpo.
Os scanners de ressonância magnética usam campos
magnéticos, e ondas de rádio para criar imagens do

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cérebro, sua principal aplicação permite que vejamos
a estrutura anatômica do cérebro sem precisar “abrir
a cabeça de alguém”.

FMRI
A ressonância magnética funcional (FMRI) nos permite
ver as alterações no fluxo sanguíneo do cérebro
relacionadas à atividade neural, para que possamos
ver a atividade cerebral e a anatomia em si.
As imagens geradas mostram quais estruturas
cerebrais são ativadas durante a realização de várias
tarefas e registram as mudanças no uso de oxigênio
no fluxo sanguíneo cerebral durante a atividade.

EEG
O eletroencefalograma (EEG) é um teste que usa
pequenos discos de metal chamados “eletrôdos”, que
são presos ao couro cabeludo para medir a atividade
elétrica no cérebro.
As células cerebrais se comunicam por meio de
impulsos elétricos e estão constantemente ativas,
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mesmo durante o sono. Essa atividade aparece como
uma linha ondulada nas gravações de EEG.

SPIKERBOX
A Spikerbox é um dispositivo extremamente recente
nos estudos da Neurociência, criada pelo
Neurocientista Greg Gage, o dispositivo de baixo-
custo nos permite amplificar, ouvir e redirecionar a
atividade elétrica dos neurônios.

CAT
A tomografia computadorizada (CAT) usa uma série
de raios-x da cabeça tirados de diversas direções. As
tomografias computadorizadas são comumente
utilizadas para visualizar rapidamente os danos
cerebrais, usando um programa de computador para
realizar cálculos numéricos em uma série de raios-X
medidos e absorvidos por um pequeno volume do
cérebro.

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EROS
O sinal óptico relacionado ao evento (EROS) é uma
técnica de escaneamento cerebral que utiliza luz
infravermelha através de fibras ópticas para medir
mudanças nas propriedades ópticas de regiões ativas
do córtex cerebral, permitindo que a atividade no
cérebro seja medida em milímetros e milissegundos.

ULTRASSOM
A ultrassonografia craniana geralmente é usada
apenas em bebês devido a moleira em suas cabeças,
ela torna possível aplicar a técnica de ultrassom para
criar imagens do cérebro dos recém-nascidos sem a
necessidade do uso de radiação.

DOI
A imagem óptica difusa (DOI), também conhecida
como tomografia óptica difusa, tomografia óptica de
infravermelho próximo ou tomografia óptica de
fluorescência difusa, é uma técnica usada para
estudar o tecido vivo no nível macroscópico.

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Esta tecnologia aproveita a relativa "transparência" do
tecido vivo no infravermelho próximo, permitindo que
a luz penetre muito profundamente devido ao seu
tamanho.

MEG
A magnetoencefalografia é uma técnica de imagem
que utiliza instrumentos altamente sensíveis, como
dispositivos supercondutores de interferência
quântica, para medir os campos magnéticos
produzidos pela atividade elétrica do cérebro. Uma
forma muito direta de atividade neuroelétrica com
resolução temporal muito alta, mas resolução espacial
relativamente baixa.

PET
A tomografia por emissão de pósitrons mede a
liberação de radioquímicos metabólicos injetados na
corrente sanguínea.

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Os dados de emissão são processados ​ ​ por
computador para gerar imagens 2D ou 3D de
distribuição química por todo o cérebro.

SPECT
A tomografia computadorizada de emissão de fóton
único usa radioisótopos que emitem raios gama e
uma câmera gama para registrar os dados e usar um
computador para criar imagens bi ou tridimensionais
das áreas ativas do cérebro. Essa técnica depende da
injeção de um radiotraçador que é rapidamente
absorvido pelo cérebro, mas não redistribuído.

INTRODUÇÃO AO CÉREBRO HUMANO

Agora que entendemos quais são as ferramentas e


técnicas utilizadas para romper as barreiras do que é
visível aos olhos humanos, vamos mergulhar nos
principais conceitos e mecanismos do cérebro.

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Vamos iniciar analisando um modelo dos anos 60,
criado pelo Neurocientista Paul D. MacLean e
apresentado em seu livro de “O Cérebro Trino na
Evolução”.
MacLean descreve o cérebro em termos de três
estruturas distintas que surgiram ao longo de um
caminho evolutivo, sendo elas: Cérebro Reptiliano,
Cérebro Paleomamífero e Neomamífero.
Apesar deste modelo ser uma explicação reducionista
da atividade e organização do cérebro, ele fornece
uma aproximação fácil de entender da hierarquia das
funções cerebrais.

1. Cérebro Reptiliano.
Também conhecido como “O Cérebro Primitivo” ou
“Complexo Reptiliano”, esse sistema do cérebro é
responsável pelas funções mais básicas de
sobrevivência, como frequência cardíaca, respiração,
temperatura corporal e orientação no espaço.

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As funções desta parte do cérebro terão precedência
sobre outras atividades cerebrais. Por exemplo, se
você tentar prender a respiração, descobrirá que à
medida que o dióxido de carbono se acumula na
corrente sanguínea, essa parte primitiva do cérebro
vai querer assumir o controle e fazer você respirar
novamente.
Por meio do treinamento, você poderá aumentar sua
resistência ao desejo básico de respirar, mas
inevitavelmente acabará cedendo e respirando.
Essas ameaças à sobrevivência são abordadas
primeiro pelo cérebro primitivo, onde os vasos
sanguíneos são constringidos na periferia do corpo em
antecipação ao trauma físico e têm precedência sobre
outras funções cerebrais.

2. Cérebro Paleomamífero.
Também conhecido como “Sistema Límbico” ou
“Complexo Paleomamífero”, é a parte reativa de nós
que inicia a resposta de “luta ou fuga” ao perigo.

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Esta é uma primeira resposta muito importante,
porque se fosse deixado para o córtex pré-frontal
iniciar, por exemplo, um salto para fora do caminho
de um ônibus que você inadvertidamente pisou na
frente, então poderia ser tarde demais. Ou seja, esse
sistema de avaliação é muito lento.
O sistema límbico faz avaliações muito rápidas,
embora nem sempre precisas, que iniciam uma
resposta ao estresse para evitar a tragédia iminente.

3. Cérebro Neomamífero.
Também conhecido como “Neocortex” ou “Complexo
Neomamífero”, é o nosso cérebro “inteligente”, a
parte executiva do nosso sistema que é responsável
por todas as atividades conscientes de ordem superior,
como linguagem, pensamento abstrato, imaginação e
criatividade, para citar apenas algumas.
Ele também abriga grande parte de nossa memória,
não apenas nossa memória biográfica, mas todas as
memórias automáticas essenciais para falar, escrever,
andar, tocar piano e inúmeras outras atividades
familiares.

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Apesar de ser a área responsável pelo pensamento
racional, lógico, criativo e inventivo, sua atividade
pode ser “sequestrada” pelo sistema límbico no caso
de uma ameaça percebida, tanto imaginada quanto
real.

IMPORTANTE:
Lembre-se que a divisão do cérebro em três grandes
partes é uma ideia extremamente reducionista do
funcionamento do cérebro e deve ser considerada
apenas para objetivos de introdução aos estudos do
cérebro.
O cérebro é um órgão extremamente complexo,
responsável por controlar o pensamento, a memória,
a emoção, o tato, as habilidades motoras, a visão, a
respiração, a temperatura, a fome e todos os
processos que regulam o nosso corpo.
Juntos, o cérebro e a medula espinhal que se estende
a partir dele formam o sistema nervoso central, o que
torna o sistema mais complexo ainda.

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Então lembre-se de utilizar o modelo de Paul MacLean
apenas para dar os primeiros passos no entendimento
do cérebro humano por camadas de divisão, controle
cognitivo e executivo.

DETALHES DO CÉREBRO HUMANO

A partir daqui iniciaremos uma fase mais complexa em


nossos estudos, então recomendo que você consulte
as neuroimagens disponíveis no meu instagram:
@ofelipematos
Pesando cerca de 3 quilos no adulto médio, o cérebro
é cerca de 60% de gordura, os outros 40% são uma
combinação de água, proteínas, hidratos de carbono e
sais.
O cérebro em si não é um músculo, ele contém vasos
sanguíneos e nervos, incluindo neurônios e neuróglias.
A massa cinzenta e a massa branca são duas regiões
diferentes do sistema nervoso central, no cérebro, a

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massa cinzenta representa a porção externa mais
escura, enquanto a massa branca representa a sessão
interna mais clara abaixo.
Na medula espinhal, encontramos essa ordem sendo
invertida, a massa branca está do lado de fora e a
massa cinzenta fica dentro.
A massa cinzenta é composta principalmente de
somas de neurônios e a massa branca é composta
principalmente de axônios envoltos por bainhas de
mielina.
A composição diferente das partes dos neurônios é o
motivo pelo qual os dois aparecem como tons
separados em certos scanners e cada uma das regiões
desempenha um papel diferente.
A matéria cinzenta é a principal responsável pelo
processamento e interpretação das informações,
enquanto a matéria branca transmite essas
informações para outras partes do sistema nervoso.
O cérebro envia e recebe sinais químicos e elétricos
por todo o corpo, são esses sinais que controlam os
mais diversos processos de funcionamento do corpo.

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Seu cérebro interpreta alguns desses sinais como dor
ou cansaço e essa troca de sinalizações ocorre no
próprio cérebro.
Outras sinalizações são retransmitidas pela coluna e
pela rede de nervos do corpo para extremidades
distantes.
O sistema nervoso central possui bilhões de neurônios
que realizam todo esse trabalho.

AS PARTES DO CÉREBRO

Em termos gerais podemos dividir o cérebro em 3


principais partes, sendo elas: cérebro, tronco cerebral
e cerebelo.
O cérebro é composto pela massa cinzenta e a pela
massa branca como vimos anteriormente. A maior
parte do nosso cérebro inicia e coordena o
movimento, além de regular a temperatura.
Outras áreas do cérebro cuidam de capacidades
executivas e cognitivas como a fala, julgamento,

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pensamento, raciocínio, resolução de problemas,
emoções e aprendizagem.
E por fim, outras áreas cuidam da visão, audição, tato
e outros sentidos. Veremos todas essas áreas em
detalhes daqui a pouco.

Córtex cerebral:
Cortex significa “casca” em latim, e descreve a
cobertura externa da matéria cinzenta do cérebro. O
córtex tem uma grande área de superfície devido às
suas dobras e compreende cerca de metade do peso
do cérebro.
O córtex cerebral é dividido em duas metades,
coberto com sulcos e dobras. As duas metades se
unem em um sulco grande e profundo que vai da
frente da cabeça para trás.
A metade direita do cérebro controla o lado esquerdo
do corpo e a metade esquerda do cérebro controla o
lado direito do corpo.
As duas metades se comunicam através de uma
grande estrutura de massa branca e vias nervosas

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chamada corpo caloso, que se encontra no centro do
cérebro.

Tronco cerebral:
O tronco cerebral conecta o cérebro com a medula
espinhal. O tronco cerebral inclui o mesencéfalo, a
ponte e a medula.
O mesencéfalo é uma estrutura muito complexa com
uma variedade de diferentes aglomerados de
neurônios, vias neurais e outras estruturas.
Esses recursos facilitam várias funções, desde a
audição e o movimento até o cálculo de respostas e
mudanças ambientais.
O mesencéfalo também contém uma substância
chamada “substância negra”, uma área afetada pela
doença de Parkinson que é rica em neurônios
dopaminérgicos e parte dos gânglios da base, que
permitem o movimento e a coordenação.
A ponte cerebral é a conexão entre o mesencéfalo e a
medula, que da origem a quatro dos 12 nervos
cranianos que possibilitam uma série de atividades

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como produção de lágrimas, mastigação, piscar,
focalizar a visão, equilíbrio, audição e expressão facial.
Na parte inferior do tronco cerebral é onde o cérebro
encontra a medula espinhal. A medula é essencial
para a sobrevivência.
As funções da medula regulam muitas atividades
corporais, incluindo ritmo cardíaco, respiração, fluxo
sanguíneo, níveis de oxigênio e dióxido de carbono.
A medula produz atividades reflexivas como espirrar,
vomitar, tossir e engolir. A medula espinhal estende-
se da parte inferior da medula e através de uma
grande abertura na parte inferior do crânio.
Apoiada pelas vértebras, a medula espinhal carrega
mensagens do cérebro para o resto do corpo e do
resto do corpo para o cérebro.
Cerebelo:
O cerebelo é uma porção do cérebro do tamanho de
um punho localizado na parte de trás da cabeça,
abaixo dos lobos temporal e occipital e acima do
tronco cerebral.

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Como o córtex cerebral, tem dois hemisférios. A
porção externa contém neurônios e a área interna se
comunica com o córtex cerebral.
Sua função é coordenar os movimentos musculares
voluntários e manter a postura e o equilíbrio.
Novos estudos estão explorando os papéis do
cerebelo no pensamento, emoções e comportamento
social, bem como seu possível envolvimento no vício,
autismo e esquizofrenia.

Meninges
Três camadas de cobertura protetora chamadas
meninges envolvem o cérebro e a medula espinhal.
A camada mais externa, a dura-máter, é espessa e
resistente. Inclui duas camadas: a camada periosteal
da dura-máter reveste a cúpula interna do crânio e a
camada meníngea está abaixo dela.
Os espaços entre as camadas permitem a passagem
de veias e artérias que fornecem fluxo sanguíneo para
o cérebro.

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A aracnóide é uma fina camada de tecido conjuntivo
semelhante a uma teia que não contém nervos ou
vasos sanguíneos. Abaixo da aracnóide está o líquido
cefalorraquidiano.
Esse fluido amortece todo o sistema nervoso central e
circula continuamente em torno dessas estruturas
para remover as impurezas.
A pia-máter é uma membrana fina que abraça a
superfície do cérebro e segue seus contornos. A pia-
máter é rica em veias e artérias.

Lobos (leia-se lóbos) do cérebro e o que eles


controlam
Cada hemisfério cerebral tem quatro seções,
chamadas lobos:
Frontal, parietal, temporal e occipital.
Lobo frontal: O maior lobo do cérebro, localizado na
parte da frente da cabeça, o lobo frontal está
envolvido em características de personalidade,
tomada de decisão e movimento.

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O reconhecimento do olfato geralmente envolve
partes do lobo frontal. O lobo frontal contém a área
de Broca, que está associada à capacidade de fala.
Lobo parietal: A parte central do cérebro, o lobo
parietal, ajuda a pessoa a identificar objetos e
entender as relações de espaço.
Também está envolvido na interpretação da dor e do
toque no corpo. O lobo parietal também abriga a área
de Wernicke, que ajuda o cérebro a entender a
linguagem falada.
Lobo occipital: O lobo occipital é a parte posterior do
cérebro que está relacionada especificamente com a
visão.
Lobo temporal: Os lados do cérebro, lobos temporais
estão envolvidos na memória de curto prazo, fala,
ritmo musical e algum grau de reconhecimento do
cheiro.
Hipófise: Conhecida como “glândula mestra”, ou
“glândula pituitária”, a hipófise é uma estrutura do
cérebro do tamanho de uma ervilha, encontrada nas
profundezas do cérebro, atrás da ponte do nariz.

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A glândula pituitária governa a função de outras
glândulas do corpo, regulando o fluxo de hormônios
da tireóide, glândulas supra-renais, ovários e
testículos.
Ela recebe sinais químicos do hipotálamo através de
seu pedúnculo e suprimento sanguíneo.

Hipotálamo
O hipotálamo está localizado acima da glândula
pituitária e envia mensagens químicas que controlam
sua função. Regula a temperatura corporal, sincroniza
os padrões de sono, controla a fome e a sede e
também desempenha um papel em alguns aspectos
da memória e da emoção.

Amígdala
Essa pequena estrutura em forma de amêndoa, a
amígdala está localizada sob cada metade do
cérebro. Incluídas no sistema límbico, as amígdalas
regulam a emoção e a memória e estão associadas ao
sistema de recompensa do cérebro, ao estresse e à

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resposta de “luta ou fuga” quando alguém percebe
uma ameaça.

Hipocampo
Um órgão curvo em forma de cavalo-marinho na parte
inferior de cada lobo temporal, o hipocampo é parte
de uma estrutura maior chamada formação
hipocampal. Suporta memória, aprendizagem,
navegação e percepção do espaço. Ele recebe
informações do córtex cerebral e pode desempenhar
um papel na doença de Alzheimer.

Glândula pineal:
A glândula pineal está localizada profundamente no
cérebro e ligada por uma haste ao topo do terceiro
ventrículo. A glândula pineal responde ao claro e ao
escuro e secreta melatonina, que regula os ritmos
circadianos e o ciclo sono-vigília.

Ventrículos e líquido cefalorraquidiano:

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No fundo do cérebro há quatro áreas abertas com
passagens entre elas. Elas também se abrem no canal
medular central e na área abaixo da camada
aracnóide das meninges.
Os ventrículos fabricam o líquido cefalorraquidiano,
um líquido aquoso que circula dentro e ao redor dos
ventrículos e da medula espinhal e entre as
meninges. Esse líquido envolve e amortece a medula
espinhal e o cérebro, lava os resíduos e as impurezas e
fornece nutrientes.

Fornecimento de sangue para o cérebro


Dois conjuntos de vasos sanguíneos fornecem sangue
e oxigênio ao cérebro: as artérias vertebrais e
as artérias carótidas.
As artérias carótidas externas se estendem pelas
laterais do pescoço e são onde você pode sentir o
pulso quando toca a área com as pontas dos dedos. As
artérias carótidas internas se ramificam no crânio e
circulam o sangue para a parte frontal do cérebro.

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As artérias vertebrais seguem a coluna vertebral até o
crânio, onde se unem no tronco encefálico e formam
a artéria basilar, que fornece sangue para as porções
posteriores do cérebro.
O círculo de Willis, uma alça de vasos sanguíneos
perto da parte inferior do cérebro que conecta as
principais artérias, circula o sangue da parte frontal do
cérebro para a parte posterior e ajuda os sistemas
arteriais a se comunicarem.

Nervos cranianos
Dentro do crânio existem 12 nervos, chamados nervos
cranianos:

1. Nervo olfativo, que permite o sentido do olfato.


2. O nervo óptico, que governa a visão.
3. O nervo oculomotor, controla a resposta da pupila
e outros movimentos do olho, e se ramifica da
área do tronco encefálico onde o mesencéfalo
encontra a ponte.

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4. O nervo troclear, controla os músculos do
olho. Ele emerge da parte de trás do mesencéfalo,
parte do tronco cerebral.
5. O nervo trigêmeo, é o maior e mais complexo dos
nervos cranianos, com função sensorial e
motora. Origina-se da ponte e transmite a
sensação do couro cabeludo, dentes, mandíbula,
seios da face, partes da boca e rosto para o
cérebro, permite a função dos músculos da
mastigação, entre outras.
6. O nervo abducente, inerva alguns dos músculos do
olho.
7. O nervo facial, suporta o movimento da face,
paladar, funções glandulares e outras.
8. O nervo vestibulococlear, facilita o equilíbrio e a
audição.
9. O nervo glossofaríngeo, permite o paladar, o
movimento do ouvido e da garganta e tem muitas
outras funções.
10. O nervo vago, permite a sensação ao redor do
ouvido e do sistema digestivo e controla a

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atividade motora no coração, garganta e sistema
digestivo.
11. O nervo acessório, inerva músculos específicos da
cabeça, pescoço e ombro.
12. Por fim, o nervo hipoglosso, fornece atividade
motora para a língua.

SISTEMAS CONTROLADOS PELO CÉREBRO

O cérebro é sem dúvida o órgão mais importante do


corpo humano.
Ele controla e coordena ações e reações, nos permite
pensar e sentir, e nos permite ter memórias e
sentimentos, todas as coisas que nos tornam
humanos.
Enquanto o cérebro pesa apenas cerca de três quilos,
é um órgão altamente complexo composto de muitas
partes.

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Anos de estudo científico tornaram possível aos
cientistas identificar as várias áreas do cérebro e
determinar suas funções específicas.
Vamos olhar com mais detalhes para algumas das
áreas que citamos anteriormente.

O Crânio: Cobertura do Cérebro


O cérebro é protegido por uma cobertura óssea
chamada crânio, composta pelo próprio crânio e pelos
ossos do rosto. Dentro do crânio, o cérebro é cercado
por três camadas de tecido chamadas meninges. As
meninges incluem:
 Pia mater: A camada mais próxima da
superfície do cérebro.
 Membrana aracnóide: A camada média do
tecido.
 Dura mater: A camada mais externa.

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Parte Frontal do Cérebro
A maior parte do cérebro, localizada na frente, é
chamada de cérebro. O cérebro é responsável por:
 Movimento
 Temperatura corporal
 Toque
 Visão
 Audição
 Julgamento
 Raciocínio
 Solução de problemas
 Emoções
 Aprendizado

O cérebro é formado pelos hemisférios cerebrais


direito e esquerdo. Os hemisférios estão conectados
na parte inferior e têm um sulco profundo entre eles.

41
Como já vimos, o hemisfério cerebral direito controla
o lado esquerdo do corpo e o hemisfério cerebral
esquerdo controla o lado direito do corpo.
Os hemisférios cerebrais são divididos em lobos,
regiões mais amplas do cérebro. Cada lobo é
responsável por uma variedade de funções corporais.
A superfície do cérebro parece enrugada e é composta
de sulcos profundos, chamados “sulcos”, e saliências
ou dobras, chamadas “giros”.

O tronco cerebral: meio do cérebro


O tronco cerebral está localizado na frente do
cerebelo, ele é o principal painel de controle do corpo
e é responsável por transmitir mensagens entre o
cérebro e outras partes do corpo.
O cérebro, o cerebelo e a medula espinhal estão todos
conectados ao tronco cerebral. O tronco cerebral tem
três partes principais: o mesencéfalo, a ponte e a
medula oblonga.
O tronco cerebral controla funções vitais do corpo
como:

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 Respiração
 Função cardíaca
 Movimentos musculares involuntários
 Deglutição
 Movimento dos olhos e boca
 Sinais sensoriais
 Fome
 Consciência

O cerebelo: parte de trás do cérebro


Atrás do cérebro na parte de trás da cabeça está o
cerebelo. Em latim, cerebelo significa “pequeno
cérebro”, mas o cerebelo na verdade contém mais
células nervosas do que os dois hemisférios
combinados.
O cerebelo é principalmente um centro de controle do
movimento, responsável por:
 Movimentos musculares voluntários

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 Habilidades motoras finas
 Manter o equilíbrio e a postura
 Ao contrário do cérebro, o cerebelo esquerdo
controla o lado esquerdo do corpo e o cerebelo
direito controla o lado direito do corpo.

Sistema Ventricular
O cérebro não é um órgão sólido, existem cavidades
cheias de líquido dentro do cérebro chamadas
ventrículos, responsáveis pelo fornecimento de
nutrição ao cérebro.
O sistema ventricular produz e processa o líquido
cefalorraquidiano, uma substância clara e aquosa que
flui ao redor do cérebro para amortecê-lo e protegê-lo.

INTRODUÇÃO A COMUNICAÇÃO CEREBRAL

44
O cérebro controla o que você pensa e sente, como
você aprende e lembra, e a maneira como você se
move e fala. Mas também controla coisas das quais
você está menos ciente, como as batidas do seu
coração e a digestão da sua comida.
Pense no cérebro como uma sala de controle repleta
de computadores, que controlam todas as funções do
seu corpo. O resto do sistema nervoso é como uma
rede que retransmite mensagens do cérebro para
diferentes partes do corpo.
Ele faz isso através da medula espinhal, que vai do
cérebro até as costas. Ele contém nervos filiformes
que se ramificam para todos os órgãos e partes do
corpo.
Quando uma mensagem chega ao cérebro de
qualquer parte do corpo, o cérebro diz ao corpo como
reagir. Por exemplo, se você tocar um fogão quente,
os nervos da sua pele enviam uma mensagem de dor
ao seu cérebro.
O cérebro então envia uma mensagem de volta
dizendo aos músculos da sua mão para se afastarem.

45
Felizmente, essa corrida de revezamento neurológico
acontece em um instante.
O sistema nervoso é composto pelo sistema nervoso
central e pelo sistema nervoso periférico: O cérebro e
a medula espinhal são o sistema nervoso central, os
nervos que percorrem todo o corpo compõem o
sistema nervoso periférico.

A medula espinhal é um longo feixe de tecido nervoso


com cerca de 18 polegadas de comprimento e 1/2
polegada de espessura. Estende-se da parte inferior
do cérebro até a coluna vertebral. Ao longo do
caminho, os nervos se ramificam para todo o corpo.
O cérebro e a medula espinhal são protegidos por
ossos: o cérebro pelos ossos do crânio e a medula
espinhal por um conjunto de ossos em forma de anel
chamados vértebras.
Ambos são amortecidos por camadas de membranas
chamadas meninges e um fluido especial chamado
líquido cefalorraquidiano. Este fluido ajuda a proteger
o tecido nervoso, mantê-lo saudável e remover os
resíduos.

46
O funcionamento básico do sistema nervoso depende
muito de pequenas células chamadas neurônios. O
cérebro tem bilhões deles, e eles têm muitos
trabalhos especializados.
Por exemplo, os neurônios sensoriais enviam
informações dos olhos, ouvidos, nariz, língua e pele
para o cérebro. Os neurônios motores levam
mensagens do cérebro para o resto do corpo.
Todos os neurônios transmitem informações uns aos
outros por meio de um processo eletroquímico
complexo, fazendo conexões que afetam a maneira
como você pensa, aprende, se movimenta e se
comporta.
Inteligência, aprendizado e memória. À medida que
você cresce e aprende, as mensagens viajam de um
neurônio para outro repetidamente, criando conexões
ou caminhos no cérebro.
É por isso que dirigir exige tanta concentração quando
alguém aprende pela primeira vez, mas depois é uma
segunda natureza, um caminho que se estabeleceu.
Em crianças pequenas, o cérebro é altamente
adaptável. Na verdade, quando uma parte do cérebro

47
de uma criança é lesada, outra parte pode aprender a
assumir a parte da função perdida.
Mas à medida que você envelhece, o cérebro precisa
trabalhar mais para criar novos caminhos neurais,
tornando mais difícil dominar novas tarefas ou alterar
padrões de comportamento definidos.
É por isso que muitos cientistas acreditam que é
importante continuar desafiando o cérebro para
aprender coisas novas e fazer novas conexões, isso
ajuda a manter o cérebro ativo ao longo da vida.
Vamos ver algumas das funções mais complexas
controladas pelo cérebro:

MEMÓRIA:
A memória é outra função complexa do cérebro. As
coisas que você fez, aprendeu e viu são processadas
primeiro no córtex.
Então, se você sentir que essa informação é
importante o suficiente para ser lembrada
permanentemente, ela é passada para outras regiões

48
do cérebro, como o hipocampo e a amígdala, para
armazenamento e recuperação de longo prazo.
À medida que essas mensagens viajam pelo cérebro,
elas também criam caminhos que servem como base
da memória.

MOVIMENTO:
Diferentes partes do cérebro movem diferentes partes
do corpo. O lado esquerdo do cérebro controla os
movimentos do lado direito do corpo, e o lado direito
do cérebro controla os movimentos do lado esquerdo
do corpo.
Quando você pressiona o acelerador do carro com o
seu pé direito, por exemplo, é o lado esquerdo do seu
cérebro que envia a mensagem permitindo que você
faça isso.

FUNÇÕES BÁSICAS DO CORPO:


Uma parte do sistema nervoso periférico chamada
sistema nervoso autônomo controla muitos dos
processos do corpo em que você quase nunca precisa
49
pensar, como respiração, digestão, sudorese e
calafrios.
O sistema nervoso autônomo tem duas partes: o
sistema nervoso simpático e o sistema nervoso
parassimpático.
O sistema nervoso simpático prepara o corpo para o
estresse repentino, como se você testemunhasse um
assalto. Quando algo assustador acontece, o sistema
nervoso simpático faz o coração bater mais rápido
para enviar sangue rapidamente para as diferentes
partes do corpo que possam precisar.
Também faz com que as glândulas supra-renais na
parte superior dos rins liberem adrenalina, um
hormônio que ajuda a dar força extra aos músculos
para uma fuga rápida. Esse é o processo que citei
anteriormente como mecanismo de "luta ou fuga".
O sistema nervoso parassimpático faz o oposto:
prepara o corpo para o descanso. Também ajuda o
trato digestivo a se mover para que nossos corpos
possam absorver com eficiência os nutrientes dos
alimentos que ingerimos.

50
SENTIDOS:
1. Visão: provavelmente nos diz mais sobre o mundo
do que qualquer outro sentido. A luz que entra no
olho forma uma imagem invertida na retina. A retina
transforma a luz em sinais nervosos para o cérebro. O
cérebro então vira a imagem para cima e diz o que
você está vendo.
2. Audição: cada som que você ouve é o resultado de
ondas sonoras entrando em seus ouvidos e fazendo
seus tímpanos vibrarem. Essas vibrações então se
movem ao longo dos minúsculos ossos do ouvido
médio e se transformam em sinais nervosos. O córtex
então processa esses sinais, dizendo o que você está
ouvindo.
3. Gosto: a língua contém pequenos grupos de células
sensoriais chamadas papilas gustativas que reagem a
produtos químicos nos alimentos.
As papilas gustativas reagem ao doce, azedo, salgado,
amargo. As papilas gustativas enviam mensagens para
as áreas do córtex responsáveis ​ ​ pelo
processamento do paladar.

51
4. Cheiro.
As células olfativas nas membranas mucosas que
revestem cada narina reagem aos produtos
químicos que você respira e enviam mensagens ao
longo de nervos específicos para o cérebro.
5. Toque.
A pele contém milhões de receptores sensoriais
que reúnem informações relacionadas ao toque,
pressão, temperatura e dor e as enviam ao
cérebro para processamento e reação.

É POSSÍVEL VIVER SEM CÉREBRO?

O paciente de um neurologista da Universidade de


Marselha de 44 anos reclamou de fraqueza na perna
esquerda, então ele o enviou para uma tomografia
cerebral.
Quando o médico viu a imagem de ressonância
magnética do cérebro do homem, ficou atordoado. Na
verdade, não havia muito cérebro para ser visto.

52
A maior parte da cavidade craniana foi ocupada por
fluido, com um punhado de tecido cerebral revestindo
o interior do crânio.
Testes subsequentes mostraram que seu QI estava
abaixo do normal, o que não prejudicou sua
capacidade de realizar tarefas no escritório de
impostos onde trabalhava.
Como era de se esperar, a história gerou uma grande
cobertura da imprensa com escritores de manchetes
competindo para superar uns aos outros com sua
esperteza.
“Cérebro minúsculo não é problema para o fisco
francês” e “homem vive vida normal com cérebro
anormal” foram exemplos típicos de manchetes
publicadas.
A cabeça do homem estava cheia de líquido
cefalorraquidiano que normalmente banha o cérebro
e a medula espinhal e se acumula em cavidades no
cérebro chamadas ventrículos.
Em uma condição conhecida como hidrocefalia, tanto
líquido se acumula que os ventrículos se expandem
bastante e esmagam o cérebro.

53
Comumente conhecida como “água no cérebro”, a
hidrocefalia é um defeito congênito que geralmente
causa deficiência mental e resulta em um crânio
anormalmente grande devido à pressão interna extra
aplicada ao crânio à medida que se forma.
O paciente francês nasceu com hidrocefalia e foi
tratado cirurgicamente quando era criança,
implantando um shunt no cérebro para drenar o
excesso de líquido para o sangue.
Ele se desenvolveu essencialmente e normalmente,
porém alheio ao fato de que sua cabeça estava
essencialmente cheia de líquido até que o problema
com a perna surgiu.
Um neurocirurgião agora inseriu outro shunt e dentro
de semanas os problemas neurológicos do homem
desapareceram e ele estava de volta ao trabalho na
administração fiscal.
A história é notável, mas não única. Em 1980, um
artigo apareceu na Science, uma das principais
revistas do mundo, descrevendo o trabalho de John
Lorber, professor de pediatria da Universidade de
Sheffield, na Inglaterra, que havia realizado vários

54
estudos em indivíduos que sofriam de hidrocefalia e
vieram com algumas descobertas notáveis.
Lorber havia submetido seus pacientes a tomografias
computadorizadas e descobriu que, embora a maioria
deles fosse mentalmente deficiente, alguns, mesmo
quando seus cérebros não enchiam mais de 5% da
cavidade craniana, levavam vidas normais.
Em um caso documentado, um colega encaminhou
um jovem para Lorber por causa de sua cabeça
extraordinariamente grande, que aparentemente não
estava lhe causando nenhuma dificuldade.
Uma tomografia computadorizada revelou um crânio
revestido com uma camada de tecido cerebral de
cerca de um milímetro de espessura e cheio de líquido
cefalorraquidiano.
É claro que o tronco cerebral que fica na parte inferior
do cérebro e se conecta à coluna era normal. Uma vez
que controla funções vitais como respiração,
deglutição, digestão, movimento dos olhos e
batimentos cardíacos, não pode haver vida sem ele.
Mas o resto do cérebro é obviamente capaz de alguns
feitos notáveis, com uma parte capaz de compensar

55
deficiências em outra. No caso do jovem investigado
por Lorber, a fina camada de células cerebrais
certamente estava à altura da tarefa de fornecer o
poder cerebral necessário.
O aluno tinha um QI alto de 126 e tinha uma
licenciatura em matemática de primeira classe. Parece
que você não precisa de muito cérebro para fazer
matemática, mas não pode haver vida sem ele.

É POSSÍVEL VIVER COM O CÉREBRO DANIFICADO?

Phineas Gage era um jovem americano comum de 25


anos, até que, em 1848, uma explosão acidental
durante a construção de trilhos colocou uma barra de
ferro de um metro atravessando seu crânio de forma
bizarra. Mas ele não morreu.
Phineas passou por tempos difíceis durante a
recuperação após a remoção e quase faleceu de uma
infecção na ferida, que de acordo com os registros
chegou a ter 250ml de pus.

56
Após quase três meses sob cuidados médicos, Phineas
voltou para casa dos pais e começava a retornar para
as tarefas do cotidiano, aguentando meia jornada de
trabalho.
Entretanto, a mãe dele logo notou que parte da
memória dele parecia prejudicada, apesar de segundo
os relatos do médico a memória, capacidade de
aprendizado e força motora não terem sido alteradas.
Com o passar do tempo, o comportamento de Gage já
não era mais o mesmo de antes do acidente. Gage
parecia ter perdido parte do tato social, e se tornou
agressivo, explosivo e até mesmo profano.
O antes doce rapaz, se tornou inconsequente e rude e
abandonara os planos para o futuro, não tendo
constituído família.
Ele não conseguiu recuperar o emprego, e por anos se
tornou uma espécie de museu ambulante, afinal como
um homem tem o cérebro atravessado por uma barra
e consegue sobreviver? Sem maiores danos?
Era um caso tão notório, que por dois anos
a comunidade médica se recusava em acreditar. Como
o caso ocorreu no interior, o médico que acompanhou

57
Phineas, John Harlow, teve que atestar a
autenticidade perante advogados.
John e Phineas também viajaram para Boston rumo a
faculdade de medicina para expor o caso. Apesar de
não ter constituído família, Phineas foi um homem
independente e funcional, tendo ido trabalhar como
cocheiro no Chile.
Os relatos indicam que foi através do trabalho, que
suas habilidades sociais retornaram e ele estava cada
vez mais reabilitado ao convívio.
Em 1860, Phineas adoece, volta para a casa da mãe
após começar a ter quadros convulsivos e falece em
maio do mesmo ano.
A família Gage enviou ao médico Harlow o crânio de
Phineas Gage após a exumação bem como a barra de
ferro. Hoje, o crânio está exposto no Warren
Anatomical Museum da Universidade de Harvard.
O caso de Phineas Gage deu material para dois fortes
temas de pesquisa e debate no século seguinte: a
personalidade como produto do cérebro com as
relações mente-cérebro e funções localizadas em
áreas específicas do cérebro.

58
Afinal, se um acidente é capaz de mudar como uma
pessoa age no cotidiano por danificar o cérebro, a
personalidade está então armazenada na cabeça.
Alguns afirmam que o caso de Gage serviu como
disrupção para o desenvolvimento da psicocirurgia e
até da lobotomia, entretanto sem evidências
concretas.
Foram os relatos do caso de Phineas que voltaram a
atenção de cientistas para o lobo frontal como região
associada a características da personalidade, além da
possibilidade de sobrevivência após uma lesão tão
brusca que de acordo com o médico, “derramava
cérebro” quando ele tossia.
O caso de Phineas Gage ganha atenção
principalmente com o fim da frenologia, uma
pseudociência que buscava investigar a forma física do
crânio e do cérebro e, a partir desses dados, atribuir o
quão inteligente ou capaz uma pessoa poderia ser.
A frenologia foi muito usada para sustentar o racismo
e ideologias de supremacia branca, mas com o
aumento de evidências de que não passava de
pseudociência, ou seja, com as posteriores análises

59
dos relatos médicos do acidente e sobrevida de
Phineas, se instalava a “Era Localista” da neurociência.
Antes do caso de Phineas, Herbert Spencer já
propunha que cada região do cérebro poderia ter uma
designada função e dizia “Localização da função é a lei
de toda organização”.
Entretanto, devido as poucas evidências e relatos
concretos sobre Phineas, os que eram contra os
localistas também se aproveitaram do caso para
promover que “Phineas teria tido a destruição dos
centros da fala sem nunca ter tido prejuízo de
linguagem ou fala”.
Atualmente, o acidente de Phineas já foi simulado em
computadores por pelo menos dois grupos de
pesquisa. Em 2004, a reconstrução apontava que o
dano teria sido nos dois “lados” do cérebro, mas em
uma versão 3D mais recente apenas o lado esquerdo
foi afetado.
A análise mais recente, em 2012, estima que ele
perdeu cerca de 15% de massa cerebral, tendo a barra
de ferro levado parte do córtex e parte dos núcleos
internos do cérebro.

60
Isso justifica as alterações de comportamento e
perdas de memória, afinal foram danificadas regiões
como o córtex pré-frontal que é parte importante na
tomada de decisões e planejamento.
Hoje sabemos que, assim como uma andorinha só não
faz verão, apenas uma região não executa sozinha
toda uma função. O cérebro é todo conectado por um
motivo: integração.
Cada região terá aquela atividade em que é
insubstituível, mas irá receber informações de outras
partes do cérebro e também irá participar de outros
processos e funções, como os núcleos da base que são
um grupo de regiões essenciais para a locomoção,
mas também para processar o prazer.

61
SISTEMAS E
MECANISMOS DE
FUNCIONAMENTO

62
SISTEMA NERVOSO

O sistema nervoso é uma parte altamente


complexa de um animal que coordena suas ações e
informações sensoriais transmitindo sinais de e para
diferentes partes de seu corpo.
O sistema nervoso detecta mudanças ambientais que
impactam o corpo, então trabalha em conjunto com
o sistema endócrino para responder a tais eventos.
O tecido nervoso surgiu pela primeira vez
em organismos de 600 milhões de anos atrás, porém,
essa tese tem sido desafiada nas últimas décadas pela
descoberta da existência e uso de sinais elétricos em
plantas.
Com base nessas descobertas, alguns cientistas
propuseram que existe um sistema nervoso vegetal e
que um campo científico chamado neurobiologia
vegetal deveria ser criado.

63
Essa proposta gerou uma disputa na comunidade
científica entre aqueles que acham que devemos falar
sobre o sistema nervoso das plantas e aqueles que são
contra.
A inflexibilidade das posições no debate científico de
ambos os lados levou à proposta de uma solução para
o debate, constituindo em redefinir o conceito de
sistema nervoso usando apenas critérios fisiológicos e
evitando critérios filogenéticos.
Nos vertebrados, consiste em duas principais partes,
o sistema nervoso central e o sistema nervoso
periférico, o sistema nervoso central é composto
pelo encéfalo e a medula espinhal, e o sistema
nervoso periférico é composto principalmente
de nervos que são feixes fechados de fibras longas
ou axônios e que conectam o sistema nervoso central
a todas as outras partes do corpo.
Os nervos que transmitem sinais do cérebro são
chamados de nervos motores ou nervos eferentes,
enquanto os nervos que transmitem informações do
corpo para o sistema nervoso central são
chamados de nervos sensoriais ou aferentes.

64
Os nervos espinhais são nervos mistos que servem as
duas funções, o sistema nervoso periférico é dividido
em três subsistemas separados, os sistemas
nervoso somático, autônomo e entérico.
Os nervos somáticos medeiam o movimento
voluntário. O sistema nervoso autônomo é
subdividido em sistema
nervoso simpático e parassimpático.
O sistema nervoso simpático é ativado em casos de
emergência para mobilizar energia, enquanto o
sistema nervoso parassimpático é ativado quando os
organismos estão em estado de relaxamento.
O sistema nervoso entérico funciona para controlar o
sistema gastrointestinal. Tanto o sistema nervoso
autônomo quanto o entérico funcionam
involuntariamente.
Os nervos que saem do crânio são chamados
de nervos cranianos, enquanto aqueles que saem da
medula espinhal são chamados de nervos espinhais.
No nível celular, o sistema nervoso é definido pela
presença de um tipo especial de célula,
chamada neurônio, também conhecido como "célula

65
nervosa". Os neurônios têm estruturas especiais que
lhes permitem enviar sinais de forma rápida e precisa
para outras células.
Eles enviam esses sinais na forma de impulsos
eletroquímicos que viajam ao longo de fibras finas
chamadas axônios, que podem ser transmitidos
diretamente para células vizinhas através de sinapses
elétricas ou causar a liberação de substâncias
químicas chamadas neurotransmissores nas sinapses
químicas.
Uma célula que recebe um sinal sináptico de um
neurônio pode ser excitada, inibida ou modulada de
outra forma. As conexões entre os neurônios podem
formar vias neurais, circuitos neurais
e redes maiores que geram a percepção do mundo de
um organismo e determinam seu comportamento.
Junto com os neurônios, o sistema nervoso contém
outras células especializadas chamadas células
glias ou simplesmente glia, que fornecem suporte
estrutural e metabólico.
Os sistemas nervosos são encontrados na maioria dos
animais multicelulares, mas variam muito em

66
complexidade. Os únicos animais multicelulares que
não possuem sistema nervoso
são esponjas, placozoários e mesozoários, que têm
planos corporais muito simples.
Os sistemas nervosos dos organismos radialmente
simétricos ctenóforos geleias de pente
e cnidários que incluem anêmonas, hidras, corais e
águas-vivas consistem em uma rede nervosa difusa.
Todas as outras espécies de animais, com exceção de
alguns tipos de vermes, têm um sistema nervoso
contendo um cérebro, um cordão central ou dois
cordões paralelos e nervos que irradiam do cérebro e
do cordão central.
O tamanho do sistema nervoso varia de algumas
centenas de células nos vermes mais simples, a cerca
de 300 bilhões de células nos elefantes africanos.
O sistema nervoso central funciona para enviar sinais
de uma célula para outras, ou de uma parte do corpo
para outras e receber feedback.
O mau funcionamento do sistema nervoso pode
ocorrer como resultado de defeitos genéticos, danos

67
físicos devido a trauma ou toxicidade, infecção ou
simplesmente senescência.
A especialidade médica da neurologia estuda os
distúrbios do sistema nervoso e procura intervenções
que possam preveni-los ou tratá-los.
No sistema nervoso periférico, o problema mais
comum é a falha na condução nervosa, que pode ser
devido a diferentes causas, incluindo neuropatia
diabética e distúrbios desmielinizantes,
como esclerose múltipla e esclerose lateral
amiotrófica.

Estrutura
O sistema nervoso deriva seu nome dos nervos, que
são feixes cilíndricos de fibras,
os axônios dos neurônios, que emanam do cérebro
e da medula espinhal e se ramificam repetidamente
para inervar todas as partes do corpo.
Os nervos são grandes o suficiente para terem sido
reconhecidos pelos antigos egípcios, gregos e
romanos, mas sua estrutura interna não foi

68
compreendida até que se tornou possível examiná-los
usando um microscópio.
É difícil acreditar que até aproximadamente o ano
1900 não se sabia que os neurônios são as unidades
básicas do cérebro, e igualmente surpreendente é o
fato de que o conceito de transmissão química no
cérebro não era conhecido até cerca de 1930.
Começamos a entender o fenômeno elétrico básico
que os neurônios usam para se comunicar entre si, o
potencial de ação, na década de 1950.
Foi na década de 1960 que nos conscientizamos de
como as redes neuronais básicas codificam estímulos
e, portanto, os conceitos básicos são possíveis.
A revolução molecular varreu as universidades
americanas na década de 1980 e foi na década de
1990 que os mecanismos moleculares dos fenômenos
comportamentais se tornaram amplamente
conhecidos.
Um exame microscópico mostra que os nervos
consistem principalmente de axônios, juntamente
com diferentes membranas que os envolvem e os
segregam em fascículos.

69
Os neurônios que dão origem aos nervos não estão
inteiramente dentro dos próprios nervos, seus corpos
celulares residem no cérebro, na medula espinhal ou
nos gânglios periféricos.
Todos os animais mais avançados que as esponjas têm
sistema nervoso. No entanto, mesmo esponjas,
animais unicelulares e não animais, como os bolores
limosos, têm mecanismos de sinalização célula a
célula que são precursores dos neurônios.
Em animais radialmente simétricos, como a água-viva
e a hidra, o sistema nervoso consiste em uma rede
nervosa, uma rede difusa de células isoladas.
Nos animais bilaterais, que compõem a grande
maioria das espécies existentes, o sistema nervoso
tem uma estrutura comum que se originou no início
do período Ediacarano, há mais de 550 milhões de
anos.

Células
O sistema nervoso contém duas categorias principais
ou tipos de células: neurônios e neuróglias.

70
Neurônios
O sistema nervoso é definido pela presença de um
tipo especial de célula chamada neurônio, também
conhecida como "célula nervosa".

A estrutura básica de um Neurônio é a seguinte:


 Dendrito
 Soma
 Axônio
 Núcleo
 Nó de Ranvier
 Terminal Axônico
 Células de Schwann
 Bainha de mielina

Os neurônios podem ser distinguidos de outras células


de várias maneiras, mas sua propriedade mais
fundamental é que eles se comunicam com outras

71
células por meio de sinapses, que são junções
membrana a membrana contendo maquinaria
molecular que permite a transmissão rápida de sinais,
seja elétrica ou química.
Muitos tipos de neurônio possuem um axônio, uma
protuberância protoplasmática que pode se estender
a partes distantes do corpo e fazer milhares de
contatos sinápticos; os axônios normalmente se
estendem por todo o corpo em feixes chamados
nervos.
Mesmo no sistema nervoso de uma única espécie,
como os humanos, existem centenas de tipos
diferentes de neurônios, com uma grande variedade
de morfologia e funções.
Estes incluem neurônios sensoriais que transmutam
estímulos físicos como luz e som em sinais neurais
e neurônios motores que transmutam sinais neurais
em ativação de músculos ou glândulas;
No entanto, em muitas espécies, a grande maioria dos
neurônios participa da formação de estruturas
centralizadas, o cérebro e os gânglios, e recebem

72
todas as suas entradas de outros neurônios e enviam
suas saídas para outros neurônios.

Neuróglias
Também conhecidas como "células gliais” ou “células
da glia” são células não neuronais que fornecem
suporte e nutrição, mantêm a homeostase,
formam mielina e participam da transmissão de sinais
no sistema nervoso.
No cérebro humano, estima-se que o número total de
células glias seja aproximadamente igual ao número
de neurônios, embora as proporções variem em
diferentes áreas do cérebro.
Entre as funções mais importantes das células glias
estão apoiar os neurônios e mantê-los no
lugar; fornecer nutrientes aos neurônios; isolar
eletricamente os neurônios; destruir patógenos
remover neurônios mortos; e fornecer pistas de
orientação direcionando os axônios dos neurônios
para seus alvos.

73
Um tipo muito importante de célula glia gera camadas
de uma substância gordurosa chamada mielina que
envolve os axônios e fornece isolamento elétrico que
lhes permite transmitir potenciais de ação muito mais
rápido e com eficiência.
Descobertas recentes indicam que as células da glia,
como a microglia e os astrócitos, servem como
importantes células imunes residentes no sistema
nervoso central.

Anatomia em vertebrados
O sistema nervoso dos vertebrados é dividido
em sistema nervoso central e sistema nervoso
periférico, como vimos anteriormente.
O sistema nervoso central é a divisão principal e
consiste no cérebro e na medula espinhal. O canal
espinhal contém a medula espinhal, enquanto
a cavidade craniana contém o cérebro.
O sistema nervoso central é fechado e protegido
pelas meninges, um sistema de três camadas de

74
membranas, incluindo uma camada externa dura e
coriácea chamada dura-mater.
O cérebro também é protegido pelo crânio e a medula
espinhal pelas vértebras.
O sistema nervoso periférico é um termo coletivo para
as estruturas do sistema nervoso que não se
encontram dentro do sistema nervoso central.
A grande maioria dos feixes de axônios chamados
nervos são considerados como pertencentes ao
sistema nervoso periférico, mesmo quando os corpos
celulares dos neurônios aos quais pertencem residem
no cérebro ou na medula espinhal.
O sistema nervoso periférico é dividido em
partes somáticas e viscerais, a parte somática consiste
nos nervos que inervam a pele, articulações e
músculos.
Os corpos celulares dos neurônios sensoriais
somáticos situam-se nos gânglios da raiz dorsal da
medula espinhal.

75
A parte visceral, também conhecida como sistema
nervoso autônomo, contém neurônios que inervam os
órgãos internos, vasos sanguíneos e glândulas.
O próprio sistema nervoso autônomo consiste em
duas partes: o sistema nervoso simpático e o sistema
nervoso parassimpático.
Alguns autores também incluem neurônios sensoriais
cujos corpos celulares estão na periferia, para
sentidos como a audição, como parte do sistema
nervoso periférico; outros, porém, os omitem.
O sistema nervoso dos vertebrados também pode ser
dividido em áreas chamadas de substância cinzenta e
substância branca. A matéria cinzenta contém uma
alta proporção de corpos celulares de neurônios.
A substância branca é composta principalmente de
axônios mielinizados e recebe sua cor da mielina. A
substância branca inclui todos os nervos e grande
parte do interior do cérebro e da medula espinhal.
A matéria cinzenta é encontrada em aglomerados de
neurônios no cérebro e na medula espinhal e nas
camadas corticais que revestem suas superfícies.

76
Existe uma convenção anatômica de que um
aglomerado de neurônios no cérebro ou na medula
espinhal é chamado de núcleo, enquanto um
aglomerado de neurônios na periferia é chamado
de gânglio.
Existem, no entanto, algumas exceções a essa regra,
incluindo a parte do prosencéfalo
chamada gânglios da base.

Precursores neurais em esponjas


As esponjas não têm células conectadas umas às
outras por junções sinápticas, ou seja, não há
neurônios e, portanto, nenhum sistema nervoso.
Eles, no entanto, têm homólogos de muitos genes que
desempenham papéis-chave na função sináptica.
Estudos recentes mostraram que as células da esponja
expressam um grupo de proteínas que se agrupam
para formar uma estrutura semelhante a
uma densidade pós-sináptica, a parte receptora de
sinal de uma sinapse.

77
No entanto, a função desta estrutura não é
clara. Embora as células esponjosas não mostrem
transmissão sináptica, elas se comunicam por meio de
ondas de cálcio e outros impulsos, que mediam
algumas ações simples, como a contração de todo o
corpo.

Bilateria
Sistema nervoso de um animal bilateral, na forma de
um cordão nervoso com alargamentos segmentares e
um "cérebro" na frente.
A grande maioria dos animais existentes são bilaterais,
ou seja, animais com lados esquerdo e direito que são
imagens espelhadas aproximadas um do outro.
Acredita-se que todos os bilaterais descendem de um
ancestral comum semelhante a um verme que
apareceu no período Ediacarano, 550 a 600 milhões
de anos atrás.
Mesmo os mamíferos, incluindo os humanos,
mostram o plano corporal bilateriano segmentado ao
nível do sistema nervoso. A medula espinhal contém

78
uma série de gânglios segmentares, cada um dando
origem a nervos motores e sensoriais que inervam
uma porção da superfície do corpo e da musculatura
subjacente.
Nos membros, a disposição do padrão de inervação é
complexa, mas no tronco dá origem a uma série de
faixas estreitas. Os três segmentos superiores
pertencem ao cérebro, dando origem ao prosencéfalo,
mesencéfalo e rombencéfalo.
Os bilaterais podem ser divididos, com base em
eventos que ocorrem muito cedo no desenvolvimento
embrionário, em dois grupos
chamados protostômios e deuterostômios.
Há uma diferença básica entre os dois grupos na
colocação do sistema nervoso dentro do corpo: os
protostômios possuem um cordão nervoso na parte
ventral do corpo, enquanto nos deuterostômios o
cordão nervoso está na parte dorsal.
De fato, vários aspectos do corpo estão invertidos
entre os dois grupos, incluindo os padrões de
expressão de vários genes que mostram gradientes
dorsais a ventrais.

79
A maioria dos anatomistas agora considera que os
corpos de protostômios e deuterostômios são
"invertidos" um em relação ao outro.
Assim, os insetos, por exemplo, têm cordões nervosos
que correm ao longo da linha média ventral do corpo,
enquanto todos os vertebrados têm medulas
espinhais que correm ao longo da linha média dorsal.

Neurônios "identificados"
Os cérebros de muitos moluscos e insetos também
contêm um número substancial de neurônios
identificados. Em vertebrados, os neurônios
identificados mais conhecidos são as
gigantescas células de Mauthner de peixes.
Todo peixe tem duas células de Mauthner, na parte
inferior do tronco cerebral, uma no lado esquerdo e
outra no lado direito. Cada célula de Mauthner tem
um axônio que cruza, inervando neurônios no mesmo
nível do cérebro e depois descendo pela medula
espinhal, fazendo inúmeras conexões à medida que
avança.

80
As sinapses geradas por uma célula de Mauthner são
tão poderosas que um único potencial de ação dá
origem a uma grande resposta comportamental: em
milissegundos o peixe se curva, formando um formato
de “C” com seu corpo, então se endireita,
impulsionando-se rapidamente para a frente.
Funcionalmente, esta é uma resposta de fuga rápida,
desencadeada mais facilmente por uma forte onda de
som ou onda de pressão que atinge o órgão da linha
lateral do peixe.
As células de Mauthner não são os únicos neurônios
identificados em peixes - existem cerca de 20 tipos
mais, incluindo pares de "análogos de células de
Mauthner" em cada núcleo segmentar espinhal.
Embora uma célula de Mauthner seja capaz de
provocar uma resposta de fuga individualmente, no
contexto do comportamento comum, outros tipos de
células geralmente contribuem para moldar a
amplitude e a direção da resposta.
As células de Mauthner foram descritas
como neurônios de comando. Um neurônio de
comando é um tipo especial de neurônio identificado,

81
definido como um neurônio capaz de conduzir um
comportamento específico individualmente.
Esses neurônios aparecem mais comumente nos
sistemas de escape rápido de várias espécies, o axônio
gigante da lula e a sinapse gigante da lula,
usadas​ para experimentos pioneiros em
neurofisiologia devido ao seu enorme tamanho,
ambos participam do circuito de escape rápido da
lula.
O conceito de um neurônio de comando, no entanto,
tornou-se controverso, por causa de estudos que
mostram que alguns neurônios que inicialmente
pareciam se encaixar na descrição eram realmente
capazes de evocar uma resposta em um conjunto
limitado de circunstâncias.

Função
No nível mais básico, a função do sistema nervoso é
enviar sinais de uma célula para as outras, ou de uma
parte do corpo para outras. Existem várias maneiras
pelas quais uma célula pode enviar sinais para outras
células.

82
Uma delas é a liberação de substâncias químicas
chamadas hormônios na circulação interna, para que
possam se difundir para locais distantes.
Em contraste com esse modo de sinalização de
"difusão", o sistema nervoso fornece sinais "ponto a
ponto", os neurônios projetam seus axônios para
áreas-alvo específicas e fazem conexões sinápticas
com células-alvo específicas.
Assim, a sinalização neural é capaz de um nível muito
mais alto de especificidade do que a sinalização
hormonal. Também é muito mais rápido: os sinais
nervosos mais rápidos viajam a velocidades superiores
a 100 metros por segundo.
Em um nível mais integrador, a função primária do
sistema nervoso é controlar o corpo. Ele faz isso
extraindo informações do ambiente usando
receptores sensoriais, enviando sinais que codificam
essas informações para o sistema nervoso central,
processando as informações para determinar uma
resposta apropriada e enviando sinais de saída para
músculos ou glândulas para ativar a resposta.

83
A evolução de um sistema nervoso complexo tornou
possível que várias espécies animais tivessem
habilidades avançadas de percepção, como visão,
interações sociais complexas, coordenação rápida de
sistemas orgânicos e processamento integrado de
sinais simultâneos.
Nos humanos, a sofisticação do sistema nervoso
possibilita a linguagem, a representação abstrata de
conceitos, a transmissão da cultura e muitas outras
características da sociedade humana que não
existiriam sem o cérebro humano.

Neurônios e sinapses
Uma onda eletroquímica chamada potencial de
ação viaja ao longo do axônio de um neurônio, e
quando a onda atinge uma sinapse, provoca a
liberação de uma pequena quantidade de
moléculas neurotransmissoras, que se ligam a
moléculas receptoras químicas na membrana da
célula-alvo.
A maioria dos neurônios envia sinais por meio de
seus axônios, embora alguns tipos sejam capazes de

84
comunicação dendrito a dendrito, como as células
amácrinas.
Os sinais neurais se propagam ao longo de um axônio
na forma de ondas eletroquímicas
chamadas potenciais de ação, que produzem sinais de
célula a célula em pontos onde terminais
axônicos fazem contato sináptico com outras células.
As sinapses podem ser elétricas ou químicas. As
sinapses elétricas fazem conexões elétricas diretas
entre os neurônios, mas as sinapses químicas são
muito mais comuns e muito mais diversas em função.
Em uma sinapse química, a célula que envia os sinais é
chamada de pré-sináptica, e a célula que recebe os
sinais é chamada de pós-sináptica.
Ambas as áreas pré-sinápticas e pós-sinápticas estão
repletas de maquinaria molecular que realiza o
processo de sinalização.
A área pré-sináptica contém um grande número de
minúsculos vasos esféricos chamados vesículas
sinápticas, repletos de substâncias
químicas neurotransmissoras.

85
Quando o terminal pré-sináptico é eletricamente
estimulado, uma série de moléculas embutidas na
membrana são ativadas e fazem com que o conteúdo
das vesículas seja liberado no estreito espaço entre as
membranas pré-sinápticas e pós-sinápticas, chamado
de fenda sináptica.
O neurotransmissor então se liga
a receptores embutidos na membrana pós-sináptica,
fazendo com que eles entrem em um estado
ativado. Dependendo do tipo de receptor, o efeito
resultante na célula pós-sináptica pode ser excitatório,
inibitório ou modulatório de formas mais complexas.
Por exemplo, liberação do
neurotransmissor acetilcolina em um contato
sináptico entre um neurônio motor e uma célula
muscular induz contração rápida da célula muscular.
Todo o processo de transmissão sináptica leva apenas
uma fração de milissegundo, embora os efeitos na
célula pós-sináptica possam durar muito mais tempo,
mesmo indefinidamente, nos casos em que o sinal
sináptico leva à formação de um traço de memória.

86
Existem centenas de tipos diferentes de sinapses. Na
verdade, existem mais de cem neurotransmissores
conhecidos, e muitos deles têm vários tipos de
receptores.
Muitas sinapses usam mais de um neurotransmissor,
um arranjo comum é para uma sinapse usar um
neurotransmissor de pequena molécula de ação
rápida, como glutamato ou GABA, juntamente com
um ou mais neurotransmissores peptídicos que
desempenham papéis moduladores de ação mais
lenta.
Os neurocientistas moleculares geralmente dividem
os receptores em dois grandes grupos: canais iônicos
quimicamente controlados e sistemas de segundos
mensageiros.
Quando um canal iônico fechado quimicamente é
ativado, ele forma uma passagem que permite que
tipos específicos de íons fluam através da membrana.
Dependendo do tipo de íon, o efeito na célula alvo
pode ser excitatório ou inibitório. Quando um
segundo sistema mensageiro é ativado, ele inicia uma
cascata de interações moleculares dentro da célula-

87
alvo, que pode produzir uma ampla variedade de
efeitos complexos, como aumentar ou diminuir a
sensibilidade da célula a estímulos, ou mesmo
alterar a transcrição gênica.
De acordo com uma regra chamada princípio de Dale,
que tem apenas algumas exceções conhecidas, um
neurônio libera os mesmos neurotransmissores em
todas as suas sinapses.
Isso não significa, porém, que um neurônio exerça o
mesmo efeito em todos os seus alvos, porque o efeito
de uma sinapse não depende do neurotransmissor,
mas dos receptores que ele ativa.
Como alvos diferentes podem usar diferentes tipos de
receptores, é possível que um neurônio tenha efeitos
excitatórios em um conjunto de células-alvo, efeitos
inibitórios em outras e efeitos modulatórios
complexos em outras ainda.
No entanto, acontece que os dois neurotransmissores
mais utilizados, glutamato e GABA, cada um tem
efeitos amplamente consistentes. O glutamato tem
vários tipos de receptores que ocorrem amplamente,
mas todos eles são excitatórios ou moduladores.

88
Da mesma forma, o GABA tem vários tipos de
receptores de ocorrência ampla, mas todos eles são
inibitórios. Devido a essa consistência, as células
glutamatérgicas são frequentemente chamadas de
"neurônios excitatórios" e as células GABAérgicas
como "neurônios inibitórios".
Um subconjunto muito importante de sinapses é
capaz de formar traços de memória por meio de
mudanças de longa duração dependentes de atividade
na força sináptica.
A forma mais conhecida de memória neural é um
processo chamado de potenciação de longo prazo,
que opera em sinapses que usam o
neurotransmissor glutamato agindo em um tipo
especial de receptor conhecido como receptor
NMDA.
O receptor NMDA tem uma propriedade "associativa":
se as duas células envolvidas na sinapse forem
ativadas aproximadamente ao mesmo tempo, abre-se
um canal que permite que o cálcio flua para a célula-
alvo.

89
A entrada de cálcio inicia uma cascata de segundos
mensageiros que, em última análise, leva a um
aumento no número de receptores de glutamato na
célula-alvo, aumentando assim a força efetiva da
sinapse.
Essa mudança na força pode durar semanas ou
mais. Desde a descoberta da LTP em 1973, muitos
outros tipos de traços de memória sináptica foram
encontrados, envolvendo aumentos ou diminuições
na força sináptica que são induzidas por condições
variadas e duram por períodos de tempo variáveis.
O sistema de recompensa, que reforça o
comportamento desejado, por exemplo, depende de
uma forma variante de LTP que é condicionada a uma
entrada extra proveniente de uma via de sinalização
de recompensa que usa a dopamina como
neurotransmissor.
Todas essas formas de modificabilidade sináptica,
tomadas coletivamente, dão origem à plasticidade
neural, ou seja, a uma capacidade do sistema nervoso
que se adapta às variações do ambiente.

90
Circuitos e sistemas neurais
A função neuronal básica de enviar sinais para outras
células inclui a capacidade dos neurônios trocarem
sinais entre si. Redes formadas por grupos de
neurônios interconectados são capazes de uma ampla
variedade de funções, incluindo detecção de
características, geração de padrões e temporização, e
existem inúmeros tipos de processamento de
informações possíveis.
Warren McCulloch e Walter Pitts mostraram em 1943
que mesmo as redes neurais artificiais formadas a
partir de uma abstração matemática bastante
simplificada de um neurônio são capazes
de computação universal.
Historicamente, por muitos anos a visão
predominante da função do sistema nervoso foi como
um associador estímulo-resposta. Nesta concepção, o
processamento neural começa com estímulos que
ativam os neurônios sensoriais, produzindo sinais que
se propagam através de cadeias de conexões na
medula espinhal e no cérebro, dando origem
eventualmente à ativação dos neurônios motores e,
assim, à contração muscular, ou seja, as respostas.

91
Descartes acreditava que todos os comportamentos
dos animais, e a maioria dos comportamentos dos
humanos, poderiam ser explicados em termos de
circuitos estímulo-resposta, embora também
acreditasse que funções cognitivas superiores, como a
linguagem, não fossem capazes de ser explicadas
mecanicamente.
Charles Sherrington, em seu influente livro de 1906 “A
Ação Integrativa do Sistema Nervoso” desenvolveu o
conceito de mecanismos de estímulo-resposta com
muito mais detalhes, e o Behaviorismo, a escola de
pensamento que dominou a Psicologia em meados do
século XX, tentou explicar todos os aspectos do
comportamento humano em termos de estímulo-
resposta.
No entanto, estudos experimentais de eletrofisiologia,
começando no início do século 20 e atingindo alta
produtividade na década de 1940, mostraram que o
sistema nervoso contém muitos mecanismos para
manter a excitabilidade celular e gerar padrões de
atividade intrinsecamente, sem a necessidade de um
estímulo externo.

92
Descobriu-se que os neurônios são capazes de
produzir sequências regulares de potenciais de ação,
ou sequências de rajadas, mesmo em isolamento
completo.
Quando neurônios intrinsecamente ativos são
conectados uns aos outros em circuitos complexos, as
possibilidades de gerar padrões temporais intrincados
se tornam muito mais extensas.
Uma concepção moderna vê a função do sistema
nervoso em parte em termos de cadeias de estímulo-
resposta e em parte em termos de padrões de
atividade intrinsecamente gerados, ambos os tipos de
atividade interagem entre si para gerar todo o
repertório de comportamento.
Esquema simplificado da função do sistema nervoso
básico: os sinais são captados por receptores
sensoriais e enviados para a medula espinhal e o
cérebro, onde ocorre o processamento que resulta em
sinais enviados de volta para a medula espinhal e
depois para os neurônios motores.
O tipo mais simples de circuito neural é um arco
reflexo, que começa com uma entrada sensorial e

93
termina com uma saída motora, passando por uma
sequência de neurônios conectados em série. Isso
pode ser mostrado no "reflexo de retirada" fazendo
com que uma mão seja puxada para trás depois que
um fogão quente é tocado.
O circuito começa com os receptores sensoriais na
pele que são ativados por níveis nocivos de calor: um
tipo especial de estrutura molecular embutida na
membrana faz com que o calor altere o campo
elétrico através da membrana.
Se a mudança no potencial elétrico for grande o
suficiente para ultrapassar um determinado limiar, ela
evoca um potencial de ação, que é transmitido ao
longo do axônio da célula receptora para a medula
espinhal.
Lá o axônio faz contatos sinápticos excitatórios com
outras células, algumas das quais se projetam, enviam
saída axonal, para a mesma região da medula espinhal,
outras projetando-se no cérebro.
Um alvo é um conjunto de interneurônios espinhais
que se projetam para os neurônios motores que
controlam os músculos do braço.

94
Os interneurônios excitam os neurônios motores e se
a excitação for forte o suficiente, alguns dos neurônios
motores geram potenciais de ação, que percorrem
seus axônios até o ponto em que fazem contatos
sinápticos excitatórios com as células musculares.
Os sinais excitatórios induzem a contração das células
musculares, o que faz com que os ângulos articulares
do braço mudem, afastando o braço.
Na realidade, esse esquema simples está sujeito a
inúmeras complicações. Embora para os reflexos mais
simples existam caminhos neurais curtos do neurônio
sensorial ao neurônio motor, também existem outros
neurônios próximos que participam do circuito e
modulam a resposta.
Além disso, existem projeções do cérebro para a
medula espinhal que são capazes de aumentar ou
inibir o reflexo. Embora os reflexos mais simples
possam ser mediados por circuitos inteiramente
localizados na medula espinhal, as respostas mais
complexas dependem do processamento de sinais no
cérebro.

95
Por exemplo, quando um objeto na periferia do
campo visual se move e uma pessoa olha para ele,
muitos estágios de processamento de sinal são
iniciados.
A resposta sensorial inicial, na retina do olho, e a
resposta motora final, nos núcleos oculomotores do
tronco cerebral, não são tão diferentes daquelas em
um reflexo simples, mas os estágios intermediários
são completamente diferentes.
Em vez de uma cadeia de processamento de uma ou
duas etapas, os sinais visuais passam por talvez uma
dúzia de estágios de integração, envolvendo o tálamo,
o córtex cerebral, os gânglios da base, o colículo
superior, o cerebelo e vários núcleos do tronco
cerebral.
Essas áreas executam funções de processamento de
sinal que incluem detecção de
recursos, análise perceptiva, recuperação
de memória, tomada de decisão e planejamento
motor.
A detecção de recursos é capaz de extrair informações
biologicamente relevantes de combinações de sinais

96
sensoriais. No sistema visual, por exemplo, os
receptores sensoriais na retina do olho são apenas
individualmente capazes de detectar "pontos de luz"
no mundo exterior.
Neurônios visuais de segundo nível recebem
informações de grupos de receptores primários,
neurônios de nível superior recebem informações de
grupos de neurônios de segundo nível e assim por
diante, formando uma hierarquia de estágios de
processamento.
Em cada estágio, informações importantes são
extraídas do conjunto de sinais e informações sem
importância são descartadas. Ao final do processo, os
sinais de entrada representando "pontos de luz"
foram transformados em uma representação neural
de objetos no mundo circundante e suas
propriedades.
O processamento sensorial mais sofisticado ocorre
dentro do cérebro, mas a extração de características
complexas também ocorre na medula espinhal e em
órgãos sensoriais periféricos, como a retina.

97
Geração de padrão intrínseco
Embora os mecanismos estímulo-resposta sejam os
mais fáceis de entender, o sistema nervoso também é
capaz de controlar o corpo de maneiras que não
requerem um estímulo externo, por meio de ritmos
de atividade gerados internamente.
Devido à variedade de canais iônicos sensíveis à
voltagem que podem ser incorporados na membrana
de um neurônio, muitos tipos de neurônios são
capazes, mesmo isoladamente, de gerar sequências
rítmicas de potenciais de ação, ou alternâncias
rítmicas entre estouro de alta taxa e quiescência.
Quando neurônios que são intrinsecamente rítmicos
são conectados uns aos outros por sinapses
excitatórias ou inibitórias, as redes resultantes são
capazes de uma ampla variedade de comportamentos
dinâmicos, incluindo dinâmica de atratores,
periodicidade e até caos.
Uma rede de neurônios que usa sua estrutura interna
para gerar uma saída estruturada temporalmente,
sem exigir um estímulo estruturado temporalmente

98
correspondente, é chamada de gerador de padrão
central.
A geração interna de padrões opera em uma ampla
faixa de escalas de tempo, de milissegundos a horas
ou mais. Um dos tipos mais importantes de padrão
temporal é a ritmicidade circadiana, ou seja, o ciclo
com período de aproximadamente 24 horas.
Todos os animais estudados mostram flutuações
circadianas na atividade neural, que controlam as
alternâncias circadianas no comportamento, como o
ciclo sono-vigília.
Estudos experimentais datados da década de 1990
mostraram que os ritmos circadianos são gerados por
um "relógio genético" composto por um conjunto
especial de genes cujo nível de expressão aumenta e
diminui ao longo do dia.
Animais tão diversos quanto insetos e vertebrados
compartilham um sistema de relógio genético
semelhante. O relógio circadiano é influenciado pela
luz, mas continua a funcionar mesmo quando os níveis
de luz são mantidos constantes e não há outras
indicações externas de hora do dia disponíveis.

99
Os genes do relógio são expressos em muitas partes
do sistema nervoso, bem como em muitos órgãos
periféricos.

Neurônios espelho
Um neurônio espelho é um neurônio
que dispara tanto quando um animal age quanto
quando o animal observa a mesma ação realizada por
outro.
Assim, o neurônio "espelha" o comportamento do
outro, como se o próprio observador estivesse
agindo. Esses neurônios foram observados
diretamente em espécies de primatas.
As aves demonstraram ter comportamentos de
ressonância imitativa e evidências neurológicas
sugerem a presença de alguma forma de sistema de
espelhamento.
Em humanos, a atividade cerebral consistente com a
dos neurônios-espelho foi encontrada no córtex pré-
motor, a área motora suplementar, o córtex
somatossensorial primário e córtex parietal inferior.

100
A função do sistema de espelhos é objeto de muita
especulação. Muitos pesquisadores em neurociência
cognitiva e psicologia cognitiva consideram que este
sistema fornece os mecanismos fisiológicos para o
acoplamento percepção e ação.
Eles argumentam que os neurônios-espelho podem
ser importantes para entender as ações de outras
pessoas e para aprender novas habilidades por
imitação.
Alguns pesquisadores também especulam que os
sistemas de espelho podem simular ações observadas
e, assim, contribuir para as habilidades da teoria da
mente, enquanto outros relacionam os neurônios-
espelho a habilidades de linguagem.
No entanto, até o momento, nenhum modelo neural
ou computacional amplamente aceito foi apresentado
para descrever como a atividade do neurônio-espelho
suporta funções cognitivas como a imitação.
Há neurocientistas que alertam que as alegações
feitas sobre o papel dos neurônios-espelho não são
apoiadas por pesquisas adequadas.

101
Desenvolvimento dos Neurônios
Em vertebrados, os marcos do desenvolvimento
neural embrionário incluem o nascimento e
a diferenciação de neurônios de precursores
de células-tronco, a migração de neurônios imaturos
de seus locais de nascimento no embrião para suas
posições finais.
O crescimento de axônios de neurônios e a orientação
do cone de crescimento móvel através do embrião
em direção aos parceiros pós-sinápticos, a geração
de sinapses entre esses axônios e seus parceiros pós-
sinápticos e, finalmente as mudanças ao longo da vida
nas sinapses que se acredita serem a base do
aprendizado e da memória.
Todos os animais bilaterais em estágio inicial de
desenvolvimento formam uma gástrula, que é
polarizada, com uma extremidade chamada de pólo
animal e a outra de pólo vegetal. A gástrula tem a
forma de um disco com três camadas de células, uma
camada interna chamada endoderme, que dá origem
ao revestimento da maioria dos órgãos internos.

102
Uma camada intermediária chamada mesoderme, que
dá origem aos ossos e músculos, e uma camada
externa chamada ectoderme, que dá origem à pele e
ao sistema nervoso.
Nos vertebrados, o primeiro sinal do sistema nervoso
é o aparecimento de uma fina faixa de células ao
longo do centro das costas, chamada de placa neural.
A porção interna da placa neural está destinada a se
tornar o sistema nervoso central, a porção externa
o sistema nervoso periférico. À medida que o
desenvolvimento prossegue, uma dobra
chamada sulco neural aparece ao longo da linha
média.
Essa dobra se aprofunda e depois se fecha no
topo. Neste ponto, o futuro sistema nervoso central
aparece como uma estrutura cilíndrica chamada tubo
neural, enquanto o futuro sistema nervoso periférico
aparece como duas tiras de tecido chamadas crista
neural. Correndo longitudinalmente acima do tubo
neural.
A sequência de estágios da placa neural ao tubo
neural e crista neural é conhecida como neurulação.

103
No início do século 20, um conjunto de experimentos
famosos de Hans Spemann e Hilde Mangold mostrou
que a formação do tecido nervoso é "induzida" por
sinais de um grupo de células mesodérmicas
chamado região organizadora.
Por décadas, porém, a natureza da indução
neural derrotou todas as alternativas de descobrir isso,
até que finalmente foi resolvido por abordagens
genéticas na década de 1990. A indução de tecido
neural requer a inibição do gene para a
chamada proteína morfogenética óssea, ou BMP.
Duas proteínas chamadas Noggin e Chordin, ambos
secretados pela mesoderme, são capazes de inibir
BMP e, assim, induzir a ectoderme a se transformar
em tecido neural.
Parece que um mecanismo molecular semelhante está
envolvido para tipos amplamente díspares de animais,
incluindo artrópodes e vertebrados.
Em alguns animais, no entanto, outro tipo de
molécula chamada Fator de Crescimento de
Fibroblastos ou FGF também pode desempenhar um
papel importante na indução.

104
A indução de tecidos neurais causa a formação de
células precursoras neurais,
chamadas neuroblastos. Na drosófila, os neuroblastos
se dividem assimetricamente, de modo que um
produto é uma "célula-mãe ganglionar" e o outro é
um neuroblasto.
Um se divide uma vez, para dar origem a um par de
neurônios ou a um par de células gliais. Ao todo, um
neuroblasto é capaz de gerar um número indefinido
de neurônios ou glia.
Como mostrado em um estudo de 2008, um fator
comum a todos os organismos bilaterais é uma família
de moléculas sinalizadoras secretadas
chamadas neurotrofinas que regulam o crescimento e
a sobrevivência dos neurônios.
Como as neurotrofinas já foram identificadas em
vertebrados e invertebrados, essa evidência sugere
que as neurotrofinas estavam presentes em um
ancestral comum a organismos bilaterais e podem
representar um mecanismo comum para a formação
do sistema nervoso.

105
Camadas que protegem o cérebro e a medula
espinhal.
O sistema nervoso central é protegido por grandes
barreiras físicas e químicas.
Fisicamente, o encéfalo e a medula espinhal são
circundados por membranas meníngeas resistentes e
encerradas nos ossos do crânio e da coluna vertebral,
que se combinam para formar um forte escudo físico.
Quimicamente, o cérebro e a medula espinhal são
isolados pela barreira hematoencefálica, que impede
que a maioria dos tipos de substâncias químicas se
movam da corrente sanguínea para o interior do
sistema nervoso central.
Essas proteções tornam o sistema nervoso central
menos suscetível em muitos aspectos do que o
sistema nervoso periférico; o outro lado, no entanto, é
que danos ao sistema nervoso central tendem a ter
consequências mais sérias.
Embora os nervos tendam a ficar profundamente sob
a pele, exceto em alguns lugares, como o nervo
ulnar, próximo à articulação do cotovelo, eles ainda
estão relativamente expostos a danos físicos, que

106
podem causar dor, perda de sensibilidade ou perda de
controle muscular.
Danos aos nervos também podem ser causados
​ ​ por inchaço ou hematomas em locais onde um
nervo passa por um canal ósseo apertado, como
acontece na síndrome do túnel do carpo.
Se um nervo for completamente seccionado, muitas
vezes ele se regenerará, mas para nervos longos esse
processo pode levar meses para ser concluído.
Além do dano físico, a neuropatia periférica pode ser
causada por muitos outros problemas médicos,
incluindo condições genéticas, condições metabólicas,
como diabetes, condições inflamatórias
como síndrome de Guillain-Barré, deficiência de
vitaminas, doenças infecciosas
como hanseníase ou herpes zoster, ou
envenenamento por toxinas como metais pesados.
Muitos casos não têm causa que possa ser identificada
e são referidos como idiopáticos. Também é possível
que os nervos percam a função temporariamente,
resultando em dormência como rigidez, causas
comuns incluem pressão mecânica, queda de

107
temperatura ou interações químicas com
drogas anestésicas locais, como a lidocaína.
Danos físicos à medula espinhal podem resultar
em perda de sensibilidade ou movimento. Se uma
lesão na coluna não produzir nada pior do que inchaço,
os sintomas podem ser transitórios, mas se as fibras
nervosas da coluna forem realmente destruídas, a
perda de função geralmente é permanente.
Estudos experimentais mostraram que as fibras
nervosas espinhais tentam crescer novamente da
mesma forma que as fibras nervosas, mas na medula
espinhal, a destruição do tecido geralmente produz
tecido cicatricial que não pode ser penetrado pelos
nervos em crescimento.

SISTEMA SENSORIAL
O sistema nervoso sensorial é uma parte do sistema
nervoso responsável pelo processamento de
informações sensoriais.
Um sistema sensorial consiste em neurônios
sensoriais, incluindo as células receptoras

108
sensoriais, vias neurais e partes do cérebro envolvidas
na percepção sensorial.
Os sistemas sensoriais comumente reconhecidos são
os de visão, audição, tato, paladar, olfato e equilíbrio.
Os sentidos são transdutores do mundo físico para o
reino da mente onde as pessoas interpretam as
informações, criando sua percepção do mundo ao seu
redor.
O campo receptivo é a área do corpo ou ambiente à
qual um órgão receptor e células receptoras
respondem.
Por exemplo, a parte do mundo que um olho pode ver
é seu campo receptivo; a luz que
cada bastonete ou cone pode ver, é o seu campo
receptivo.
Os campos receptivos foram identificados para
o sistema visual, sistema auditivo e
sistema somatossensorial.

109
Estímulo
Os organismos precisam de informações para resolver
pelo menos três tipos de problemas: manter um
ambiente adequado, ou seja, a homeostase; para
cronometrar atividades, por exemplo, mudanças no
comportamento. Ou sincronizar atividades com
aquelas de coespecíficos; e localizar e responder a
recursos ou ameaças, por exemplo, movendo-se em
direção a recursos ou evitando ou atacando ameaças.
Os organismos também precisam transmitir
informações para influenciar o comportamento de
outros: para se identificar, alertar sobre o perigo,
coordenar atividades ou enganar.
Os sistemas sensoriais codificam quatro aspectos de
um estímulo: tipo, intensidade, localização e duração.
O tempo de chegada de um pulso sonoro e as
diferenças de fase de um som contínuo são usados
para localização do som.
Certos receptores são sensíveis a certos tipos de
estímulos, por exemplo,
diferentes mecanorreceptores respondem melhor a

110
diferentes tipos de estímulos de toque, como objetos
pontiagudos ou contundentes.
Receptores enviam impulsos em certos padrões para
enviar informações sobre a intensidade de um
estímulo, por exemplo, quão alto é um som.
A localização do receptor que é estimulado fornece ao
cérebro informações sobre a localização do estímulo
por exemplo, estimular um mecanorreceptor em um
dedo enviará informações ao cérebro sobre esse
dedo.
A duração do estímulo é transmitida por padrões de
disparo de receptores. Esses impulsos são
transmitidos ao cérebro por meio de neurônios
aferentes.

Estado de repouso
A maioria dos sistemas sensoriais tem um estado
quiescente, isto é, o estado para o qual um sistema
sensorial converge quando não há entrada.

111
Isso é bem definido para um sistema linear invariante
no tempo, cujo espaço de entrada é um espaço
vetorial e, portanto, por definição, tem um ponto
zero.
Também está bem definido para qualquer sistema
sensorial passivo, ou seja, um sistema que opera sem
precisar de energia de entrada. O estado quiescente é
o estado para o qual o sistema converge quando não
há energia de entrada.
Nem sempre é bem definido para órgãos sensoriais
não lineares e não passivos, pois eles não podem
funcionar sem energia de entrada.
Por exemplo, uma cóclea não é um órgão passivo, mas
vibra ativamente seus próprios pêlos sensoriais para
melhorar sua sensibilidade.
Isso se manifesta como emissões otoacústicas em
ouvidos saudáveis e zumbido em ouvidos patológicos.
Ainda existe um estado quiescente para a cóclea, uma
vez que há um modo bem definido de entrada de
energia que ela recebe, energia vibratória no tímpano,
que fornece uma definição inequívoca de "energia de
entrada zero".

112
Alguns sistemas sensoriais podem ter vários estados
quiescentes dependendo de sua história, como flip-
flops e material magnético com histerese. Ele também
pode se adaptar a diferentes estados quiescentes.
Na escuridão completa, as células da retina tornam-se
extremamente sensíveis, e há perceptível "neve
visual" causada pelas células da retina disparando
aleatoriamente sem qualquer entrada de luz.
Em luz mais brilhante, as células da retina tornam-se
muito menos sensíveis e, consequentemente, o ruído
visual diminui.
O estado quiescente é menos bem definido quando o
órgão sensorial pode ser controlado por outros
sistemas, como as orelhas de um cachorro que se
voltam para a frente ou para os lados conforme o
cérebro comanda.
Algumas aranhas podem usar suas redes como um
grande órgão de toque, como tecendo uma pele para
si mesmas.
Mesmo na ausência de qualquer coisa caindo na rede,
as aranhas famintas podem aumentar a tensão do fio
da teia, de modo a responder prontamente mesmo a

113
presas geralmente menos visíveis e menos lucrativas,
como pequenas moscas da fruta, criando dois
"estados quiescentes" diferentes para o líquido.
As coisas tornam-se completamente mal definidas
para um sistema que conecta sua saída à sua própria
entrada, portanto, sempre em movimento sem
nenhuma entrada externa. O principal exemplo é o
cérebro, com sua rede de modo padrão.

Sentidos e receptores
Embora exista debate entre os neurologistas quanto
ao número específico de sentidos devido a diferentes
definições do que constitui um sentido, Gautama
Buda e Aristóteles classificaram cinco sentidos
humanos 'tradicionais' que se tornaram
universalmente
aceitos: tato, paladar, olfato, visão e audição.
Alguns animais não humanos demonstraram possuir
sentidos alternativos, incluindo magnetorecepção,
como as aves, e eletrorecepção, como enguias.

114
Receptores
A inicialização da sensação decorre da resposta de um
receptor específico a um estímulo físico.
Os receptores que reagem ao estímulo e iniciam o
processo de sensação são comumente caracterizados
em quatro categorias
distintas: quimiorreceptores, fotorreceptores, mecano
rreceptores e termorreceptores.
Todos os receptores recebem estímulos físicos
distintos e transformam o sinal em um potencial de
ação elétrico. Esse potencial de ação então viaja ao
longo dos neurônios aferentes para regiões
específicas do cérebro onde é processado e
interpretado.

Quimiorreceptores
Os quimiorreceptores, ou quimiossensores, detectam
certos estímulos químicos e transformam esse sinal
em um potencial de ação elétrico. Os dois principais
tipos de quimiorreceptores são:

115
Os quimiorreceptores de distância, que são essenciais
para receber estímulos em gases no sistema
olfativo através de neurônios receptores olfativos e
neurônios no órgão vomeronasal.
Os quimiorreceptores diretos, que detectam estímulos
em líquidos incluem as papilas gustativas no sistema
gustativo, bem como receptores nos corpos
aórticos que detectam mudanças na concentração
de oxigênio.

Fotorreceptores
Os fotorreceptores são capazes de fototransdução,
processo que converte a luz entre outros tipos
de energia, um potencial de membrana. Os três tipos
principais de fotorreceptores são:
Os cones: são fotorreceptores que respondem
significativamente à cor.
Nos humanos, os três tipos diferentes de cones
correspondem a uma resposta primária ao
comprimento de onda curto, comprimento de onda
médio e comprimento de onda longo.

116
Hastes: são fotorreceptores que são muito sensíveis à
intensidade da luz, permitindo a visão em condições
de pouca luz. As concentrações e a proporção de
bastonetes para cones estão fortemente
correlacionadas com o fato de um animal
ser diurno ou noturno.
Em humanos, os bastonetes superam os cones em
aproximadamente 20:1, enquanto em animais
noturnos, como a coruja, a proporção é mais próxima
de 1000:1.
As células ganglionares residem na medula adrenal e
na retina, onde estão envolvidas na resposta
simpática. Das milhões de células ganglionares
presentes na retina, acredita-se que 1-2%
sejam gânglios fotossensíveis.
Esses gânglios fotossensíveis desempenham um papel
na visão consciente de alguns animais, e acredita-se
que façam o mesmo em humanos.

117
Mecanorreceptores
Os mecanorreceptores são receptores sensoriais que
correspondem a forças mecânicas,
como pressão ou distorção. Enquanto os
mecanorreceptores estão presentes nas células
ciliadas e desempenham um papel integral nos
sistemas vestibular e auditivo, a maioria dos
mecanorreceptores são cutâneos e são agrupados em
quatro categorias:
Os receptores do tipo 1 de adaptação lenta têm
campos receptivos pequenos e respondem à
estimulação estática. Esses receptores são usados
​ ​ principalmente nas sensações
de forma e rugosidade.
Os receptores do tipo 2 de adaptação lenta têm
grandes campos receptivos e respondem ao
estiramento. Da mesma forma que o tipo 1, eles
produzem respostas sustentadas a estímulos
contínuos.
Receptores de adaptação rápida têm campos
receptivos pequenos e fundamentam a percepção de
deslizamento.

118
Os receptores pacinianos têm grandes campos
receptivos e são os receptores predominantes para
vibração de alta frequência.

Termorreceptores
Os termorreceptores são receptores sensoriais que
respondem a temperaturas variadas. Embora os
mecanismos pelos quais esses receptores operam não
sejam claros, descobertas recentes mostraram que
os mamíferos têm pelo menos dois tipos distintos de
termorreceptores:
O bulbo terminal de Krause, ou corpúsculo bulboide,
detecta temperaturas acima da temperatura corporal.
O órgão final de Ruffini detecta temperaturas abaixo
da temperatura corporal.
O TRPV1 é um canal ativado por calor que atua como
um pequeno termômetro de detecção de calor na
membrana que inicia a polarização da fibra neural
quando exposta a mudanças de temperatura. Em
última análise, isso nos permite detectar a
temperatura ambiente na faixa quente/quente.

119
Da mesma forma, o primo molecular do TRPV1,
TRPM8, é um canal iônico ativado pelo frio que
responde ao frio. Tanto os receptores frios quanto os
quentes são segregados por subpopulações distintas
de fibras nervosas sensoriais, o que nos mostra que a
informação que chega à medula espinhal é
originalmente separada.
Cada receptor sensorial tem sua própria “linha
rotulada” para transmitir uma sensação simples
experimentada pelo receptor. Em última análise, os
canais TRP atuam como termossensores, canais que
nos ajudam a detectar mudanças na temperatura
ambiente.

Nociceptores
Os nociceptores respondem a estímulos
potencialmente prejudiciais enviando sinais para a
medula espinhal e o cérebro. Esse processo, chamado
de nocicepção, geralmente causa a percepção de dor.
Eles são encontrados em órgãos internos, bem como
na superfície do corpo. Os nociceptores detectam

120
diferentes tipos de estímulos prejudiciais ou danos
reais.
Aqueles que só respondem quando os tecidos são
danificados são conhecidos como nociceptores
"adormecidos" ou "silenciosos".
Os nociceptores térmicos são ativados por calor ou
frio nocivo em várias temperaturas. Os nociceptores
mecânicos respondem ao excesso de pressão ou
deformação mecânica.
Os nociceptores químicos respondem a uma ampla
variedade de produtos químicos, alguns dos quais são
sinais de dano tecidual. Eles estão envolvidos na
detecção de algumas especiarias nos alimentos.

Córtex sensorial
Todos os estímulos recebidos
pelos receptores listados acima são transduzidos a
um potencial de ação, que é conduzido ao longo de
um ou mais neurônios aferentes em direção a uma
área específica do cérebro.

121
Embora o termo córtex sensorial seja frequentemente
usado informalmente para se referir ao córtex
somatossensorial, o termo se refere com mais
precisão às múltiplas áreas do cérebro nas quais
os sentidos são recebidos para serem processados.
Para os cinco sentidos tradicionais em humanos, isso
inclui os córtices primário e secundário dos diferentes
sentidos : o córtex somatossensorial, o córtex visual, o
córtex auditivo, o córtex olfativo primário e o córtex
gustativo.
Outras modalidades também têm áreas de córtex
sensorial correspondentes, incluindo o córtex
vestibular para a sensação de equilíbrio.

Córtex somatossensorial
Localizado no lobo parietal, o córtex somatossensorial
primário é a área receptiva primária para o sentido do
tato e propriocepção no sistema somatossensorial.
O olho humano é o primeiro elemento de um sistema
sensorial: neste caso, a visão, para o sistema visual.

122
Córtex visual
Localizado no lobo occipital, atua como a principal
estação de retransmissão para entrada visual,
transmitindo informações para duas vias primárias
rotuladas como correntes dorsal e ventral.
Aumentos na atividade Tarefa-negativa são
observados na rede de atenção ventral, após
mudanças abruptas nos estímulos sensoriais, no início
e no deslocamento de blocos de tarefas, e no final de
uma tentativa concluída.

Córtex auditivo
Localizado no lobo temporal, o córtex auditivo é a
principal área receptiva da informação sonora.
Ambas as áreas agem de forma semelhante e são
essenciais para receber e processar os sinais
transmitidos pelos receptores auditivos.

123
Córtex olfativo primário
Localizado no lobo temporal, o córtex olfativo
primário é a área receptiva primária para o olfato.
Exclusivo para os sistemas olfativo e gustativo, pelo
menos em mamíferos, é a implementação
de mecanismos de ação periféricos e centrais.
Os mecanismos periféricos envolvem neurônios
receptores olfativos que transduzem um sinal químico
ao longo do nervo olfativo, que termina no bulbo
olfativo.
Os quimiorreceptores nos neurônios receptores que
iniciam a cascata de sinalização são receptores
acoplados à proteína G.
Os mecanismos centrais incluem a convergência
dos axônios do nervo olfatório em glomérulos no
bulbo olfatório, onde o sinal é então transmitido para
o núcleo olfatório anterior, o córtex piriforme,
a amígdala medial e o córtex entorrinal, todos os
quais compõem o núcleo olfatório primário.

124
Córtex gustativo
O córtex gustativo é a principal área receptiva
do paladar. A palavra gosto é usada em um sentido
técnico para se referir especificamente às sensações
provenientes das papilas gustativas na língua.
As cinco qualidades de sabor detectadas pela língua
incluem acidez, amargura, doçura, salinidade e a
qualidade do sabor da proteína, chamada umami.
Em contraste, o termo sabor refere-se à experiência
gerada por meio da integração do paladar com o
olfato e informações táteis.
O córtex gustativo consiste em duas estruturas
primárias: a ínsula anterior, localizada no lobo insular,
e o opérculo frontal, localizado no lobo frontal.
Da mesma forma que o córtex olfativo, a via gustativa
opera através de mecanismos periféricos e centrais.
Receptores gustativos periféricos, localizados
na língua, palato mole, faringe e esôfago, transmitem
o sinal recebido para axônios sensoriais primários,
onde o sinal é projetado para o núcleo do trato
solitário na medula, ou o núcleo gustativo do

125
complexo do trato solitário. O sinal é então
transmitido ao tálamo, que por sua vez projeta o sinal
para várias regiões do neocórtex, incluindo o córtex
gustativo.
O processamento neural do paladar é afetado em
quase todos os estágios do processamento pela
informação somatossensorial concomitante da língua,
ou seja, sensação na boca.
O cheiro, em contraste, não é combinado com o sabor
para criar sabor até as regiões de processamento
cortical superior, como a ínsula e o córtex
orbitofrontal.

Neurotransmissores

Os neurotransmissores são os mensageiros químicos


do seu corpo. Eles carregam mensagens de uma célula
nervosa através de um espaço para o próximo nervo,
músculo ou célula glandular.

126
Essas mensagens ajudam você a mover seus membros,
sentir sensações, manter seu coração batendo e
absorver e responder a todas as informações que seu
corpo recebe de outras partes internas de seu corpo e
de seu ambiente.
Os neurotransmissores carregam sinais químicos de
um neurônio para a próxima célula-alvo. A próxima
célula-alvo pode ser outro neurônio, uma célula
muscular ou uma glândula.
Seu corpo tem uma vasta rede de nervos, seu sistema
nervoso, que envia e recebe sinais elétricos de células
nervosas e suas células-alvo em todo o corpo.
Seu sistema nervoso controla tudo, desde sua mente
até seus músculos, bem como as funções dos
órgãos. Em outras palavras, os nervos estão
envolvidos em tudo que você faz, pensa e sente.
Suas células nervosas enviam e recebem informações
de todas as fontes do corpo. Este feedback constante
é essencial para o funcionamento ideal do seu corpo.

Seu sistema nervoso controla funções como:

127
 Batimentos cardíacos e pressão arterial.
 Respiração.
 Movimentos musculares.
 Pensamentos, memória, aprendizado e
sentimentos.
 Sono, cura e envelhecimento.
 Resposta ao estresse.
 Regulação hormonal.
 Digestão, sensação de fome e sede.
 Sentidos, resposta ao que você vê, ouve, sente,
toca e saboreia.

Como funcionam os neurotransmissores.


Você tem bilhões de células nervosas em seu
corpo. As células nervosas são geralmente compostas
de três partes: Corpo Celular, Axônio e Terminal
axônico.

128
O corpo celular é vital para produzir
neurotransmissores e manter a função da célula
nervosa.
O axônio transporta os sinais elétricos ao longo da
célula nervosa até o terminal axônico.
É no terminal axônico que a mensagem elétrica é
alterada para um sinal químico usando
neurotransmissores para se comunicar com o próximo
grupo de células nervosas, células musculares ou
órgãos.
Os neurotransmissores estão localizados em uma
parte do neurônio chamada terminal axônico. Eles são
armazenados dentro de sacos de paredes finas
chamados vesículas sinápticas. Cada vesícula pode
conter milhares de moléculas de neurotransmissores.
À medida que uma mensagem ou sinal viaja ao longo
de uma célula nervosa, a carga elétrica do sinal faz
com que as vesículas de neurotransmissores se
fundam com a membrana da célula nervosa na borda
da célula.
Os neurotransmissores, que agora carregam a
mensagem, são então liberados do terminal axônico

129
para um espaço cheio de fluido que fica entre uma
célula nervosa e a próxima célula-alvo, seja ela outro
neurônio ou outro tipo de célula.
Nesse espaço, chamado de junção sináptica, os
neurotransmissores transmitem a mensagem por
menos de 40 nanômetros de largura, em comparação,
a largura de um cabelo humano é de cerca de 75.000
nanômetros.
Cada tipo de neurotransmissor pousa e se liga a um
receptor específico na célula-alvo, como uma chave
que só pode caber e funcionar em sua fechadura
parceira.
Após a ligação, o neurotransmissor desencadeia uma
mudança ou ação na célula-alvo, como um sinal
elétrico em outra célula nervosa, uma contração
muscular ou a liberação de hormônios de uma célula
em uma glândula.
Os neurotransmissores transmitem uma das três
ações possíveis em suas mensagens, dependendo do
neurotransmissor específico: Exitatório, Inibitório e
Modulador.

130
Excitatório. Os neurotransmissores excitatórios
“excitam” o neurônio e fazem com que ele “dispare a
mensagem”, o que significa que a mensagem continua
a ser passada para a próxima célula. Exemplos de
neurotransmissores excitatórios incluem glutamato,
epinefrina e norepinefrina.

Inibitório. Os neurotransmissores inibitórios


bloqueiam ou impedem que a mensagem química seja
passada adiante. GABA, glicina e serotonina são
exemplos de neurotransmissores inibitórios.

Modulador. Os neurotransmissores moduladores


influenciam os efeitos de outros mensageiros
químicos.
Eles ajustam como as células se comunicam na
sinapse. Eles também afetam um número maior de
neurônios ao mesmo tempo.
Depois que os neurotransmissores entregam sua
mensagem, as moléculas devem ser limpas da fenda

131
sináptica, o espaço entre a célula nervosa e a próxima
célula-alvo. Eles fazem isso de uma das três maneiras.

1. São reabsorvidos e reutilizados pela célula nervosa


que o liberou, através de um processo chamado
recaptação.
2. São decompostos por enzimas dentro da sinapse,
de modo que não podem ser reconhecidos.
3. Se ligam à célula receptora, através de um processo
chamado degradação.
Atualmente, temos o conhecimento de pelo menos
100 neurotransmissores e suspeitamos que existam
muitos outros que ainda precisam ser descobertos.
Eles podem ser agrupados em tipos com base em sua
natureza química. Algumas das categorias mais
conhecidas e exemplos de neurotransmissores e suas
funções incluem o seguinte:

132
Aminoácidos neurotransmissores
Esses neurotransmissores estão envolvidos na maioria
das funções do seu sistema nervoso.
 Glutamato. Este é o neurotransmissor excitatório
mais comum do seu sistema nervoso. É o
neurotransmissor mais abundante em seu
cérebro. Desempenha um papel fundamental em
funções cognitivas como pensamento,
aprendizagem e memória. Desequilíbrios nos
níveis de glutamato estão associados à doença de
Alzheimer, demência, doença de
Parkinson e convulsões.
 GABA. O GABA é o neurotransmissor inibitório
mais comum do sistema nervoso, particularmente
no cérebro. Regula a atividade cerebral para
prevenir problemas nas áreas de ansiedade,
irritabilidade, concentração, sono, convulsões
e depressão.
 Glicina. A glicina é o neurotransmissor inibitório
mais comum na medula espinhal. A glicina está
envolvida no controle do processamento auditivo,
na transmissão da dor e no metabolismo.

133
Neurotransmissores Monoaminas
Esses neurotransmissores desempenham muitos
papéis diferentes em seu sistema nervoso e
especialmente em seu cérebro. Os
neurotransmissores monoaminas regulam a
consciência, cognição, atenção e emoção.
Muitos distúrbios do sistema nervoso envolvem
anormalidades dos neurotransmissores monoaminas,
e muitos medicamentos que as pessoas costumam
tomar afetam esses neurotransmissores.
 Serotonina. A serotonina é um neurotransmissor
inibitório. A serotonina ajuda a regular o humor,
padrões de sono, sexualidade, ansiedade, apetite
e dor. As doenças associadas ao desequilíbrio da
serotonina incluem transtorno afetivo
sazonal, ansiedade, depressão, fibromialgia e dor
crônica. Os medicamentos que regulam a
serotonina e tratam esses distúrbios incluem
inibidores seletivos da recaptação da serotonina
(ISRSs) e inibidores da recaptação da serotonina-
norepinefrina.

134
 Histamina. A histamina regula as funções do corpo,
incluindo vigília, comportamento alimentar e
motivação. A histamina desempenha um papel
na asma, broncoespasmo, edema de mucosa
e esclerose múltipla.
 Dopamina. A dopamina desempenha um papel no
sistema de recompensa do seu corpo, que inclui
sentir prazer, alcançar maior excitação e
aprendizado. A dopamina também ajuda no foco,
concentração, memória, sono, humor e
motivação. Doenças associadas a disfunções do
sistema dopaminérgico incluem doença de
Parkinson, esquizofrenia, doença
bipolar, síndrome das pernas
inquietas e transtorno de déficit de atenção e
hiperatividade (TDAH). Muitas drogas altamente
viciantes, cocaína, metanfetaminas, anfetaminas,
atuam diretamente no sistema dopaminérgico.
 Adrenalina. Esse neurotransmissor estimula a
resposta do seu corpo aumentando a frequência
cardíaca, respiração, pressão arterial, açúcar no
sangue e fluxo sanguíneo para os músculos, além
de aumentar a atenção e o foco para permitir que

135
você aja ou reaja a diferentes estressores. Excesso
de adrenalina pode levar a pressão alta, diabetes,
doenças cardíacas e outros problemas de
saúde. Como droga, a adrenalina é usada para
tratar anafilaxia, ataques de asma, parada cardíaca
e infecções graves.
 Noradrenalina. Responsável pelo aumento da
pressão arterial e a frequência cardíaca. É mais
conhecido por seus efeitos no estado de alerta,
excitação, tomada de decisão, atenção e
foco. Muitos medicamentos visam aumentar os
níveis de noradrenalina para melhorar o foco ou a
concentração para tratar o TDAH ou modular a
noradrenalina para melhorar os sintomas de
depressão.

Neurotransmissores peptídicos
Peptídeos são polímeros ou cadeias de aminoácidos.
 Endorfina. As endorfinas são o analgésico natural
do seu corpo. Eles desempenham um papel na
nossa percepção da dor. A liberação de endorfinas
reduz a dor, além de causar sentimentos de

136
“sentir-se bem”. Baixos níveis de endorfinas
podem desempenhar um papel na fibromialgia e
em alguns tipos de dores de cabeça.
 Acetilcolina. Esse neurotransmissor excitatório
desempenha várias funções no sistema nervoso
central e no sistema nervoso periférico. A
acetilcolina é liberada pela maioria dos neurônios
do sistema nervoso autônomo, regulando a
frequência cardíaca, a pressão arterial e a
motilidade intestinal. A acetilcolina desempenha
um papel nas contrações musculares, memória,
motivação, desejo sexual, sono e
aprendizado. Desequilíbrios nos níveis de
acetilcolina estão ligados a problemas de saúde,
incluindo doença de Alzheimer, convulsões e
espasmos musculares.

Várias coisas podem dar errado e fazer com que os


neurotransmissores não funcionem como
deveriam. Em geral, alguns desses problemas incluem:
 Demasiado ou insuficiente de um ou mais
neurotransmissores são produzidos ou liberados.

137
 O receptor na célula receptora não está
funcionando corretamente. O neurotransmissor
de funcionamento normal não pode efetivamente
sinalizar a próxima célula.
 Os receptores celulares não estão absorvendo
neurotransmissor suficiente devido à inflamação e
dano da fenda sináptica.
 Os neurotransmissores são reabsorvidos muito
rapidamente.
 As enzimas limitam o número de
neurotransmissores de atingir sua célula-alvo.
Problemas com outras partes dos nervos, doenças
existentes ou medicamentos que você pode estar
tomando podem afetar os neurotransmissores. Além
disso, quando os neurotransmissores não funcionam
como deveriam, a doença pode acontecer. Por
exemplo:
A falta de acetilcolina pode levar à perda de memória
que é vista na doença de Alzheimer.
Demasiada serotonina está possivelmente associada
a distúrbios do espectro do autismo.

138
Um aumento na atividade do glutamato ou atividade
reduzida do GABA pode resultar em disparo repentino
e de alta frequência de neurônios locais em seu
cérebro, o que pode causar convulsões.
Demasiada atividade de norepinefrina e dopamina e
transmissão anormal de glutamato contribuem para
a mania.
Existe uma importância absurda no papel que os
neurotransmissores desempenham no sistema
nervoso, é extremamente importante que ocorra
desenvolvimento de medicamentos que possam
influenciar esses mensageiros químicos para tratar
condições de saúde.
Muitos medicamentos, especialmente aqueles que
tratam doenças do cérebro, funcionam de várias
maneiras para afetar os neurotransmissores.
Os medicamentos podem bloquear a enzima que
degrada um neurotransmissor, de modo que mais
dele atinja os receptores nervosos.

139
OBSERVAÇÕES:
Os neurotransmissores desempenham um papel em
quase todas as funções do seu corpo. Mais
especificamente, os neurotransmissores são os
comunicadores químicos que transportam a
mensagem de um nervo de uma célula nervosa para a
próxima célula.
Sem neurotransmissores, seu corpo não pode
funcionar. Um nível muito alto ou muito baixo de
neurotransmissores específicos resulta em problemas
de saúde específicos.
Os medicamentos funcionam aumentando ou
diminuindo a quantidade ou a ação dos
neurotransmissores.
O comportamento humano, em toda a sua
complexidade, é em parte o produto das interações
entre dois componentes físicos fundamentais: os
sistemas nervoso e endócrino.
Esses dois sistemas ajudam a regular os processos
elétricos e químicos que retransmitem informações ao
longo e entre o cérebro e o corpo. Essas funções

140
incluem metabolismo, reprodução, emoção
e homeostase.

MECANISMOS DE INTEGRAÇÃO ENTRE OS SISTEMAS

O Sistema Nervoso Central


O sistema nervoso central é formado pelo encéfalo e
pela medula espinhal. Juntos, eles formam, como o
nome sugere, o centro literal do sistema de
comunicação do corpo.
O cérebro e a medula espinhal são vitais para a vida e
função humana.
Barreiras protetoras os cercam, incluindo crânio e
coluna e tecido membranoso conhecido como
meninges. Além disso, o cérebro e a coluna estão
suspensos no líquido cefalorraquidiano.
O sistema nervoso central processa cada sensação
e pensamento que você experimenta. Receptores em

141
todo o corpo coletam informações sensoriais e as
transmitem ao sistema nervoso central.
O sistema nervoso central também envia mensagens
para o resto do corpo para controlar movimentos,
ações e respostas ao ambiente.

O Sistema Nervoso Periférico


O sistema periférico é composto por nervos que se
estendem além do sistema nervoso central. As redes
neurais que compõem o sistema nervoso periférico
são, na verdade, feixes de axônios de células
neuronais.
Os feixes nervosos variam de relativamente pequenos
a grandes o suficiente para serem vistos pelo olho
humano.
O sistema nervoso periférico é dividido em dois
sistemas diferentes: o sistema nervoso somático e
o sistema nervoso autônomo.

142
O Sistema Nervoso Somático
O sistema nervoso somático transmite comunicações
sensoriais e é responsável pelo movimento e ação
voluntária. É composto por neurônios sensoriais e
neurônios motores.
Os neurônios sensoriais transportam informações dos
nervos para o cérebro e a medula espinhal; neurônios
motores transmitem informações do sistema nervoso
central para as fibras musculares.

O Sistema Nervoso Autônomo


O sistema nervoso autônomo controla funções
involuntárias, como batimentos cardíacos, respiração,
digestão e pressão arterial. O sistema também está
envolvido em respostas emocionais, como sudorese e
choro. O sistema nervoso autônomo é subdividido em
sistema nervoso simpático e sistema nervoso
parassimpático.
O sistema nervoso simpático controla a resposta do
corpo a uma emergência. Quando o sistema é ativado,
as taxas de respiração e coração aumentam, a

143
digestão diminui ou para, as pupilas se dilatam e você
começa a suar.
Também conhecido como resposta de luta e fuga,
esse sistema prepara seu corpo para enfrentar o
perigo ou evitá-lo.
O sistema nervoso parassimpático equilibra o sistema
simpático. Depois que uma crise ou perigo passa,
ajuda a acalmar seu corpo diminuindo os batimentos
cardíacos e respiratórios, retomando a digestão,
contraindo as pupilas e parando de suar.

O Sistema Endócrino
O sistema endócrino é composto por glândulas que
secretam mensageiros químicos conhecidos como
hormônios, que a corrente sanguínea transporta para
órgãos e tecidos para regular funções como
metabolismo, digestão, pressão arterial e crescimento.
Algumas das glândulas mais importantes do sistema
endócrino são a glândula pineal, hipotálamo, hipófise,
tireóide, ovários e testículos. Cada um trabalha de
forma especializada em áreas específicas.

144
Embora o sistema endócrino não esteja diretamente
ligado ao sistema nervoso, os dois interagem de várias
maneiras. Eles estão ligados pelo hipotálamo, uma
pequena coleção de núcleos na base do prosencéfalo
que controla uma quantidade surpreendente
de comportamento humano, incluindo respostas
emocionais e de estresse. Também está envolvido em
unidades básicas, como:
 Sono
 Fome
 Sede
 Libido
É importante ressaltar que o hipotálamo controla a
hipófise, que por sua vez regula a liberação de
hormônios de outras glândulas do sistema endócrino.
Apesar dos sistemas nervoso e endócrino serem
sistemas separados, eles interagem de maneiras
importantes para influenciar o comportamento
humano. Eles trabalham em conjunto para ajudar as
pessoas a responder ao mundo ao seu redor e umas
às outras.

145
Os sistemas endócrino e nervoso se comunicam
através do hipotálamo, que controla os impulsos
básicos, como fome e sede. O hipotálamo também
regula a hipófise, que governa a liberação de
hormônios pelas outras glândulas do corpo.
Os sistemas nervoso e endócrino interagem com o
hipotálamo, que controla a comunicação entre os dois
por meio de mensageiros químicos.
Ambos são essenciais para o corpo humano e
trabalham constantemente para mantê-lo
funcionando e respondendo aos estímulos de forma
eficaz.

146
A ELETRICIDADE
QUE HABITA EM
NÓS

147
Eletrofisiologia é o ramo da fisiologia que estuda as
propriedades elétricas da biologia, células e tecidos.
Envolve medições de mudanças de voltagem
ou corrente elétrica ou manipulações em uma ampla
variedade de escalas, desde proteínas de canal
iônico único até órgãos inteiros como o coração .
Na neurociência, inclui medições da atividade elétrica
dos neurônios e, em particular, da atividade
do potencial de ação.
Gravações de sinais elétricos em grande escala
do sistema nervoso, como eletroencefalografia,
também podem ser chamadas de gravações
eletrofisiológicas, úteis
para eletrodiagnóstico e monitoramento.
A eletrofisiologia é o ramo da fisiologia que se refere
amplamente ao fluxo de íons em tecidos biológicos e,
em particular, às técnicas de registro elétrico que
permitem a medição desse fluxo.

148
As técnicas clássicas de eletrofisiologia envolvem a
colocação de eletrodos em várias preparações de
tecido biológico.
Os principais tipos de eletrodos são condutores
sólidos simples, como discos e agulhas, traçados em
placas de circuito impresso ou polímeros flexíveis,
também isolados com exceção da ponta, e tubos ocos
preenchidos com um eletrólito, como pipetas de vidro
preenchidas com solução de cloreto de potássio ou
outra solução eletrolítica.
A eletrofisiologia neuronal é o estudo das
propriedades elétricas de células e tecidos biológicos
dentro do sistema nervoso. Com a eletrofisiologia
neuronal, médicos e especialistas podem determinar
como os distúrbios neuronais acontecem, observando
a atividade cerebral do indivíduo.
Atividades como quais partes do cérebro acendem
durante qualquer situação encontrada. Se um
eletrodo for pequeno o suficiente, com micrômetros
de diâmetro, o eletrofisiologista pode optar por inserir
a ponta em uma única célula. Tal configuração
permite observação direta e registro intracelular da
atividade elétrica de uma única célula.

149
No entanto, essa configuração invasiva reduz a vida
útil da célula e causa um vazamento de substâncias
através da membrana celular.
A atividade intracelular também pode ser observada
usando uma pipeta de vidro especialmente formada
contendo um eletrólito. Nesta técnica, a ponta da
pipeta microscópica é pressionada contra a
membrana celular, à qual adere firmemente por uma
interação entre o vidro e os lipídios da membrana
celular.

O eletrólito dentro da pipeta pode ser levado à


continuidade do fluido com o citoplasma, fornecendo
um pulso de pressão negativa à pipeta para romper o
pequeno pedaço de membrana circundado pela borda
da pipeta.
Alternativamente, a continuidade iônica pode ser
estabelecida por "perfuração" do emplastro,
permitindo que o agente formador de poros exógeno
dentro do eletrólito se insira no emplastro de
membrana.

150
Finalmente, o patch pode ser deixado intacto, o
eletrofisiologista pode optar por não inserir a ponta
em uma única célula. Em vez disso, a ponta do
eletrodo pode ser deixada em continuidade com o
espaço extracelular.
Se a ponta for pequena o suficiente, tal configuração
pode permitir a observação indireta e o registro
de potenciais de ação de uma única célula,
denominado registro de unidade única.
Dependendo da preparação e posicionamento preciso,
uma configuração extracelular pode captar a atividade
de várias células próximas simultaneamente,
denominada gravação multi-unidade.
À medida que o tamanho do eletrodo aumenta, o
poder de resolução diminui. Os eletrodos maiores são
sensíveis apenas à atividade líquida de muitas células,
denominadas potenciais de campos locais .

Eletrodos ainda maiores, como agulhas não isoladas e


eletrodos de superfície usados por neurofisiologistas
clínicos e cirúrgicos, são sensíveis apenas a certos

151
tipos de atividade sincrônica dentro de populações de
milhões de células.
Outras técnicas eletrofisiológicas clássicas
incluem gravação de canal único e amperometria .

Eletrofisiologia computacional
Embora não constitua estritamente uma medida
experimental, foram desenvolvidos métodos para
examinar as propriedades condutoras de proteínas e
biomembranas em silício.
Estas são principalmente simulações de dinâmica
molecular nas quais um sistema modelo como
uma bicamada lipídica é submetido a uma voltagem
aplicada externamente.
Estudos usando essas configurações têm sido capazes
de estudar fenômenos dinâmicos
como eletroporação de membranas e translocação de
íons por canais.
O benefício de tais métodos é o alto nível de detalhe
do mecanismo de condução ativo, dado pela inerente

152
alta resolução e densidade de dados que a simulação
atomística proporciona.
Existem desvantagens significativas, dadas pela
incerteza da legitimidade do modelo e do custo
computacional de modelar sistemas que são grandes
o suficiente e em escalas de tempo suficientes para
serem considerados reproduzindo as propriedades
macroscópicas dos próprios sistemas.
Embora as simulações atomísticas possam acessar
escalas de tempo próximas ou no domínio de
microssegundos, isso ainda representa várias ordens
de magnitude menor do que a resolução de métodos
experimentais, como o patch-clamping.

Potencial de ação
À medida que um potencial de ação percorre
um axônio, há uma mudança na polaridade elétrica
através da membrana do axônio.
Em resposta a um sinal de outro neurônio , canais
iônicos controlados por sódio e potássio abrem e

153
fecham quando a membrana atinge seu potencial
limiar.
Os canais de sódio se abrem no início do potencial de
ação e o sódio se move para dentro do axônio,
causando despolarização. A repolarização ocorre
quando os canais de potássio se abrem e o potássio se
move para fora do axônio, criando uma mudança na
polaridade elétrica entre a parte externa da célula e a
parte interna.
O impulso percorre o axônio em apenas uma direção,
até o terminal do axônio, onde sinaliza outros
neurônios.
Na fisiologia, um potencial de ação ocorre quando
o potencial de membrana de uma
localização celular específica aumenta e diminui
rapidamente.
Essa despolarização faz com que locais adjacentes
também despolarizem. Os potenciais de ação ocorrem
em vários tipos de células animais, chamadas
células excitáveis, que incluem neurônios, células
musculares, células endócrinas e em algumas células
vegetais .

154
Nos neurônios, os potenciais de ação desempenham
um papel central na comunicação célula a célula,
fornecendo, ou em relação à condução saltatória,
auxiliando a propagação de sinais ao longo
do axônio do neurônio em direção aos botões
sinápticos situados nas extremidades de um axônio.
Esses sinais podem então se conectar com outros
neurônios nas sinapses, ou com células motoras ou
glândulas. Em outros tipos de células, sua principal
função é ativar processos intracelulares. Nas células
musculares, por exemplo, um potencial de ação é o
primeiro passo na cadeia de eventos que levam à
contração.
Nas células beta do pâncreas, provocam liberação
de insulina. Os potenciais de ação nos neurônios
também são conhecidos como impulsos nervosos ou
picos, e a sequência temporal dos potenciais de ação
gerados por um neurônio é chamada de seu trem de
picos.
Um neurônio que emite um potencial de ação, ou
impulso nervoso, costuma ser chamado de disparo. Os
potenciais de ação são gerados por tipos especiais
de canais iônicos dependentes de

155
voltagem incorporados na membrana plasmática de
uma célula.
Esses canais são fechados quando o potencial de
membrana está próximo do potencial de repouso da
célula, mas eles rapidamente começam a se abrir se o
potencial de membrana aumenta para um limiar de
voltagem precisamente definido, despolarizando o
potencial transmembrana.
Quando os canais se abrem, eles permitem um fluxo
de entrada de sódio, que altera o gradiente
eletroquímico, que por sua vez produz um aumento
adicional no potencial de membrana para zero.
Isso faz com que mais canais se abram, produzindo
uma corrente elétrica maior através da membrana
celular e assim por diante.
O processo prossegue explosivamente até que todos
os canais iônicos disponíveis estejam abertos,
resultando em um grande aumento no potencial de
membrana.
O rápido influxo de sódio faz com que a polaridade da
membrana plasmática se inverta, e os canais iônicos
então se inativam rapidamente.

156
À medida que os canais de sódio se fecham, os íons de
sódio não podem mais entrar no neurônio e são então
transportados ativamente de volta para fora da
membrana plasmática.
Os canais são então ativados e há uma corrente de
saída de íons potássio, retornando o gradiente
eletroquímico ao estado de repouso.
Após a ocorrência de um potencial de ação, ocorre um
deslocamento negativo transitório, chamado de pós-
hiperpolarização .
Nas células animais, existem dois tipos principais de
potenciais de ação. Um tipo é gerado por canais de
sódio dependentes de voltagem, o outro por canais
de cálcio dependentes de voltagem.
Os potenciais de ação à base de sódio geralmente
duram menos de um milissegundo, mas os potenciais
de ação à base de cálcio podem durar 100
milissegundos ou mais.
Em alguns tipos de neurônios, picos de cálcio lentos
fornecem a força motriz para uma longa explosão de
picos de sódio emitidos rapidamente.

157
Forma de um potencial de ação típico.
O potencial de membrana permanece próximo de um
nível de linha de base até que, em algum ponto no
tempo, ele suba abruptamente e depois caia
rapidamente.
Quase todas as membranas celulares em animais,
plantas e fungos mantêm uma diferença
de voltagem entre o exterior e o interior da célula,
chamada de potencial de membrana.
Uma voltagem típica através de uma membrana de
célula animal é -70 milivolts. Isso significa que o
interior da célula tem uma tensão negativa em relação
ao exterior.
Na maioria dos tipos de células, o potencial de
membrana geralmente permanece bastante
constante. Alguns tipos de células, no entanto, são
eletricamente ativos no sentido de que suas tensões
flutuam ao longo do tempo.
Em alguns tipos de células eletricamente ativas,
incluindo neurônios e células musculares, as

158
flutuações de voltagem frequentemente assumem a
forma de um rápido pico ascendente (positivo)
seguido por uma rápida queda.
Esses ciclos de subida e descida são conhecidos como
potenciais de ação. Em alguns tipos de neurônios,
todo o ciclo de subida e descida ocorre em alguns
milésimos de segundo.
Nas células musculares, um potencial de ação típico
dura cerca de um quinto de segundo. Em alguns
outros tipos de células e plantas, um potencial de
ação pode durar três segundos ou mais.
As propriedades elétricas de uma célula são
determinadas pela estrutura da membrana que a
envolve. Uma membrana celular consiste em
uma bicamada lipídica de moléculas na qual moléculas
de proteínas maiores estão incorporadas.
A bicamada lipídica é altamente resistente ao
movimento de íons eletricamente carregados, por isso
funciona como um isolante. As grandes proteínas
mergulhadas na membrana, em contraste, fornecem
canais através dos quais os íons podem atravessar a
membrana.

159
Os potenciais de ação são acionados por proteínas de
canal cuja configuração alterna entre os estados
fechado e aberto em função da diferença de voltagem
entre o interior e o exterior da célula. Essas proteínas
sensíveis à voltagem são conhecidas como canais
iônicos dependentes de voltagem.

Processo em um neurônio típico


O gráfico aproximado de um potencial de ação típico
mostra suas várias fases à medida que o potencial de
ação passa por um ponto na membrana celular . O
potencial de membrana começa em
aproximadamente -70 milivolts no tempo zero.
Após a aplicação do estímulo, o potencial de
membrana aumenta rapidamente para um potencial
de pico de +40 milivolts no tempo = 2 ms.
Com a mesma rapidez, o potencial cai e ultrapassa
para -90 milivolts no tempo = 3 ms e, finalmente, o
potencial de repouso de -70 milivolts é restabelecido
no tempo = 5 ms.

160
Todas as células nos tecidos do corpo animal
são eletricamente polarizadas, em outras palavras,
elas mantêm uma diferença de voltagem através
da membrana plasmática da célula, conhecida
como potencial de membrana .
Essa polarização elétrica resulta de uma interação
complexa entre estruturas de proteínas embutidas na
membrana chamadas bombas iônicas e canais
iônicos.
Nos neurônios, os tipos de canais iônicos na
membrana geralmente variam em diferentes partes
da célula, dando origem aos dendritos, axônio e corpo
celular.
Como resultado, algumas partes da membrana de um
neurônio podem ser excitáveis, capazes de gerar
potenciais de ação, enquanto outras não.
Estudos recentes mostraram que a parte mais
excitável de um neurônio é a parte após o montículo
do axônio o ponto onde o axônio deixa o corpo celular,
que é chamado de segmento inicial axonal, mas o
axônio e o corpo celular também são excitáveis na
maioria dos casos.

161
Cada pedaço excitável de membrana tem dois níveis
importantes de potencial de membrana: o potencial
de repouso, que é o valor que o potencial de
membrana mantém enquanto nada perturba a célula,
e um valor mais alto chamado potencial limiar.
Os potenciais de ação são acionados quando se
acumula despolarização suficiente para trazer o
potencial de membrana até o limiar. Quando um
potencial de ação é desencadeado, o potencial de
membrana dispara abruptamente para cima e, em
seguida, igualmente abruptamente para baixo, muitas
vezes terminando abaixo do nível de repouso, onde
permanece por algum período de tempo.
A forma do potencial de ação é estereotipada; isso
significa que a ascensão e queda geralmente têm
aproximadamente a mesma amplitude e curso de
tempo para todos os potenciais de ação em uma dada
célula.
Na maioria dos neurônios, todo o processo ocorre em
cerca de um milésimo de segundo. Muitos tipos de
neurônios emitem potenciais de ação constantemente
a taxas de até 10-100 por segundo. No entanto, alguns
tipos são muito mais silenciosos.

162
Os potenciais de ação resultam da presença na
membrana de uma célula de tipos especiais de canais
iônicos dependentes de voltagem. Um canal iônico
dependente de voltagem é uma proteína
transmembrana que possui três propriedades
principais:
 É capaz de assumir mais de uma conformação.
 Pelo menos uma das conformações cria um
canal através da membrana que é permeável a
tipos específicos de íons.
 A transição entre as conformações é
influenciada pelo potencial de membrana.
Assim, um canal iônico dependente de voltagem
tende a ser aberto para alguns valores do potencial de
membrana e fechado para outros.
Na maioria dos casos, no entanto, a relação entre o
potencial de membrana e o estado do canal é
probabilística e envolve um atraso de tempo.
Os canais iônicos alternam entre as conformações em
momentos imprevisíveis: o potencial de membrana

163
determina a taxa de transições e a probabilidade por
unidade de tempo de cada tipo de transição.

Propagação do potencial de ação ao longo de um


axônio
Canais iônicos dependentes de voltagem são capazes
de produzir potenciais de ação porque podem dar
origem a alças de feedback positivo: o potencial de
membrana controla o estado dos canais iônicos, mas o
estado dos canais iônicos controla o potencial de
membrana.
Assim, em algumas situações, um aumento no
potencial de membrana pode causar a abertura dos
canais iônicos, causando assim um aumento adicional
no potencial de membrana. Um potencial de ação
ocorre quando este ciclo de feedback positivo procede
de forma explosiva.
A trajetória de tempo e amplitude do potencial de
ação são determinadas pelas propriedades biofísicas
dos canais iônicos dependentes de voltagem que o
produzem.

164
Existem vários tipos de canais capazes de produzir o
feedback positivo necessário para gerar um potencial
de ação.
Os canais de sódio dependentes de voltagem são
responsáveis pelos potenciais de ação rápidos
envolvidos na condução nervosa. Potenciais de ação
mais lentos em células musculares e alguns tipos de
neurônios são gerados por canais de cálcio
dependentes de voltagem.
Cada um desses tipos vem em várias variantes, com
diferentes sensibilidades de tensão e diferentes
dinâmicas temporais. O tipo mais intensamente
estudado de canais iônicos dependentes de voltagem
compreende os canais de sódio envolvidos na
condução nervosa rápida.
Estes são às vezes conhecidos como canais de sódio
de Hodgkin-Huxley porque foram caracterizados pela
primeira vez por Alan Hodgkin e Andrew Huxley em
seus estudos vencedores do Prêmio Nobel da biofísica
do potencial de ação.

165
Movimento iônico durante um potencial de ação.
Nos estágios de um potencial de ação, a
permeabilidade da membrana do neurônio
muda. No estado de repouso, os íons sódio e potássio
têm capacidade limitada de atravessar a membrana, e
o neurônio tem uma carga líquida negativa em seu
interior.
Uma vez que o potencial de ação é acionado,
a despolarização do neurônio ativa os canais de sódio,
permitindo que os íons de sódio passem através da
membrana celular para dentro da célula, resultando
em uma carga líquida positiva no neurônio em relação
ao líquido extracelular.
Após atingir o pico do potencial de ação, o neurônio
inicia a repolarização, onde os canais de sódio se
fecham e os canais de potássio se abrem, permitindo
que os íons de potássio atravessem a membrana para
o líquido extracelular, retornando o potencial de
membrana a um valor negativo.
Finalmente, há um período refratário, durante o qual
os canais iônicos dependentes de voltagem
são inativados enquanto os canais de sódio e potássio

166
retornam às suas distribuições de estado de repouso
através da membrana, e o neurônio está pronto para
repetir o processo para o próximo potencial de ação.
A capacidade de um neurônio de gerar e propagar um
potencial de ação muda durante o desenvolvimento .
Quanto o potencial de membrana de um neurônio
muda como resultado de um impulso de corrente é
uma função da resistência de entrada da membrana .
À medida que uma célula cresce, mais canais são
adicionados à membrana, causando uma diminuição
na resistência de entrada. Um neurônio maduro
também sofre alterações mais curtas no potencial de
membrana em resposta a correntes sinápticas.
Neurônios imaturos são mais propensos à depressão
sináptica do que à potencialização após estimulação
de alta frequência.
No desenvolvimento inicial de muitos organismos, o
potencial de ação é, na verdade, inicialmente
transportado pela corrente de cálcio em vez da
corrente de sódio .

167
As cinéticas de abertura e fechamento dos canais de
cálcio durante o desenvolvimento são mais lentas do
que as dos canais de sódio dependentes de voltagem
que transportarão o potencial de ação nos neurônios
maduros.
Os tempos de abertura mais longos dos canais de
cálcio podem levar a potenciais de ação
consideravelmente mais lentos do que os dos
neurônios maduros.

Neurotransmissão
Vários tipos de células suportam um potencial de ação,
como células vegetais, células musculares e as células
especializadas do coração, nas quais ocorre
o potencial de ação cardíaco.
No entanto, a principal célula excitável é o neurônio,
que também possui o mecanismo mais simples para o
potencial de ação.
Neurônios são células eletricamente excitáveis
compostas, em geral, por um ou mais dendritos, um

168
único soma, um único axônio e um ou mais terminais
axônicos.
Dendritos são projeções celulares cuja função
primária é receber sinais sinápticos.
Suas saliências, conhecidas como espinhas dendríticas,
são projetadas para capturar os neurotransmissores
liberados pelo neurônio pré-sináptico.
Eles têm uma alta concentração de canais iônicos
controlados por ligantes.
Esses espinhos têm um pescoço fino conectando uma
protuberância bulbosa ao dendrito.
Isso garante que as mudanças que ocorrem dentro da
coluna tenham menos probabilidade de afetar as
colunas vizinhas.
A espinha dendrítica pode, com raras exceções, atuar
como uma unidade independente.
Os dendritos se estendem do corpo selular, que abriga
o núcleo, e muitas das
organelas eucarióticas "normais" .

169
Ao contrário dos espinhos, a superfície do corpo
celular é povoada por canais iônicos ativados por
voltagem.
Esses canais ajudam a transmitir os sinais gerados
pelos dendritos.

Neurotoxinas
Várias neurotoxinas, tanto naturais quanto sintéticas,
são projetadas para bloquear o potencial de ação.
A tetrodotoxina do peixe baiacu e a saxitoxina da
alga gonyaulax, bloqueiam os potenciais de ação
inibindo o canal de sódio sensível à voltagem. Da
mesma forma, dendrotoxina da serpente mamba
negra inibe o canal de potássio sensível à voltagem.
Esses inibidores de canais iônicos servem a um
importante propósito de pesquisa, permitindo que os
cientistas "desliguem" canais específicos à vontade,
isolando assim as contribuições de outros canais; eles
também podem ser úteis na purificação de canais
iônicos por cromatografia de afinidade ou no ensaio
de sua concentração.

170
No entanto, esses inibidores também produzem
neurotoxinas eficazes e foram considerados para uso
como armas químicas.
As neurotoxinas direcionadas aos canais iônicos dos
insetos têm sido inseticidas eficazes; um exemplo é a
permetrina sintética, que prolonga a ativação dos
canais de sódio envolvidos nos potenciais de ação.
Os canais iônicos dos insetos são suficientemente
diferentes de seus homólogos humanos para que haja
poucos efeitos colaterais em humanos.

171
TECNOLOGIAS
EM FUNÇÃO DO
CÉREBRO

172
BCI
Uma interface cérebro computador, também
conhecida como BCI é um sistema que determina a
intenção funcional diretamente de sua atividade
cerebral , o desejo de mudar, mover, controlar ou
interagir com algo em seu ambiente.
Em outras palavras, os BCIs permitem que você
controle um aplicativo ou dispositivo usando apenas
sua mente.
Normalmente, quando queremos controlar ou
interagir com um dispositivo em nosso ambiente, por
exemplo, primeiro decidimos o que queremos fazer
depois coordenamos e usamos os músculos de nossos
braços, pernas, mãos , pés, para executar essa ação e,
finalmente, o dispositivo responde a essa ação.
Os BCIs ignoram a etapa intermediária de coordenar e
usar seus músculos para executar a ação desejada, em
vez de usar um computador para identificar a ação
pretendida e, em seguida, controlar o
aplicativo/dispositivo diretamente.
Por isso, os BCIs estão sendo pesquisados ​ ​ como
uma tecnologia de acesso promissora para pessoas

173
com deficiências físicas graves que têm controle
confiável limitado sobre seus músculos e corpos.
O uso de um BCI ignora a necessidade de ter controle
voluntário de seus músculos para interagir com
dispositivos ao seu redor.
O computador substitui a execução de um movimento
físico, traduzindo a ação desejada e controlando o
dispositivo diretamente.
Uma interface cérebro-computador tem três partes
principais:
Um dispositivo para medir a atividade cerebral. Isso
geralmente é na forma de um fone de ouvido, boné
ou faixa de cabeça que possui sensores especializados
embutidos para detectar e registrar sinais vindos do
cérebro.
Um computador para processar e analisar a
atividade cerebral gravada. O software BCI tentará
interpretar a ação desejada do usuário a partir da
atividade cerebral recebida, usando métodos e
algoritmos de processamento especializados.

174
Um aplicativo/dispositivo para controlar. Uma vez
que o computador tenha 'determinado' o que o
usuário quer fazer, ele enviará um sinal para o
aplicativo/dispositivo para executar esse comando .
Outra parte importante de uma BCI é o feedback : o
sistema deve, de alguma forma, informar ao usuário
qual decisão ou ação pretendida o computador foi
capaz de interpretar.
Por exemplo, uma lâmpada acendendo com sucesso
indica ao usuário que o BCI identificou com sucesso a
ação que o usuário queria.
Fornecer feedback ajuda o usuário a se adaptar ao
sistema BCI, aprendendo como pode controlar e
ajustar sua atividade cerebral, assim como podemos
aprender a coordenar e controlar nossos músculos e
corpos.
As etapas de um BCI: primeiro a atividade cerebral é
registrada, depois processada para determinar a
intenção do usuário, em seguida, um sinal de
comando é enviado para o aplicativo que deve ser
controlado e, finalmente, o feedback informa ao
usuário se sua ação foi bem-sucedida.

175
Seu cérebro é feito de milhões de células
chamadas neurônios. Esses neurônios trabalham
juntos em grandes redes para coordenar e controlar
processos em seu corpo, desde entender o que você
vê, ouve, cheira, saboreia e sente, até executar
movimentos, regular sua respiração, frequência
cardíaca e metabolismo.
Os neurônios se comunicam
usando sinais eletroquímicos . Quando um neurônio
é ativado , ele gera um sinal elétrico que pode ser
transferido para o próximo neurônio da rede, que o
transferirá para o próximo e assim por diante.
Dessa forma, a informação pode viajar rapidamente
por todo o cérebro, conectando diferentes áreas
responsáveis por diferentes processos e partes do
corpo.
Um único neurônio por si só não gera muita atividade
elétrica, mas a atividade coletiva dos neurônios
dentro dessas redes produz atividade elétrica
suficiente para ser detectada fora da
cabeça. Podemos medir essa atividade elétrica
colocando sensores especiais chamados eletrodos na
cabeça.

176
Muitas vezes colocamos muitos eletrodos em um
boné, fone de ouvido ou faixa de cabeça para registrar
a atividade elétrica proveniente de diferentes regiões
do cérebro.
Este método de medir a atividade elétrica do cérebro
externamente é chamado de
eletroencefalografia, ou EEG. Muitos sistemas BCI
usam EEG para registrar a atividade cerebral, embora
este não seja o único método.
Você já deve ter ouvido falar de BCIs implantáveis ou
invasivos, esses sistemas envolvem a implantação
cirúrgica de sensores diretamente na superfície do
cérebro.
Esses sistemas também medem a atividade elétrica
dos neurônios, mas como a atividade elétrica não
precisa atravessar os ossos, pele e cabelo para chegar
ao sensor, a atividade registrada é muito mais forte.
BCIs invasivos estão sendo estudados porque esses
sinais mais fortes podem nos permitir desenvolver
sistemas BCI mais precisos ou complexos do que
aqueles que registram sinais de fora do couro
cabeludo, como BCIs baseados em EEG.

177
Por outro lado, BCIs não invasivos , incluindo aqueles
que usam EEG, não requerem cirurgia. Eles são
perfeitamente seguros e não causam dor.
Mesmo com sistemas BCI implantáveis e invasivos, a
tecnologia ainda está muito, muito longe de ser capaz
de "ler" os pensamentos de qualquer pessoa.
Em vez disso, o que os BCIs procuram são padrões que
ocorrem na atividade cerebral em resposta a certos
eventos ou estímulos externos, ou que são gerados
durante certos processos cognitivos.
Esses padrões são tipicamente fenômenos
neurofisiológicos que foram bem documentados e
estudados por neurocientistas e médicos.
Por exemplo, se você olhar para uma luz piscando, sua
atividade cerebral começará a sincronizar com a taxa
dessa luz piscante, e esse padrão de sincronização
pode ser detectado pelo BCI.
Existem vários tipos de paradigmas de BCIs , todos
baseados em seu próprio padrão neurofisiológico. Em
breve teremos mais informações sobre alguns dos
paradigmas BCI mais comuns e esses padrões que eles
empregam.

178
Algumas das primeiras aplicações dos BCIs foram para
ajudar pessoas com síndrome do encarceramento, ou
seja, pessoas que perderam toda a capacidade de
controlar voluntariamente seus músculos e, portanto,
não podem se mover, falar ou até piscar ou mover os
olhos, e se comunicar.
A síndrome do encarceramento pode ser o resultado
de uma doença neurodegenerativa de longo prazo,
como a esclerose lateral amiotrófica.
Indivíduos que estão presos fisicamente geralmente
ainda são cognitivamente conscientes, seus
pensamentos e sentimentos não são afetados, eles
simplesmente não têm como compartilhá-los com o
mundo.
Embora os sistemas BCI originais tenham sido
projetados para indivíduos aprisionados, seu valor
para indivíduos com outros graus de deficiência física
foi rapidamente reconhecido.
A pesquisa começou a ver como os BCIs poderiam ser
usados e implementados para substituir,
restaurar ou complementar o controle muscular para
pessoas com uma ampla gama de deficiências físicas.

179
A pesquisa nesta área se expandiu rapidamente, e as
BCIs agora estão sendo exploradas como um meio de
conduzir cadeiras de rodas elétricas, como uma
maneira de operar membros protéticos.
Como uma maneira de administrar terapias neuro-
regenerativas como estimulação elétrica funcional,
como acesso a tecnologias para coisas como
dispositivos de comunicação, computadores pessoais,
tablets e controles ambientais, para citar alguns
aplicativos.
As BCIs também não se limitam a pessoas com
deficiências físicas. Com a expansão da pesquisa BCI,
também se traduziu para a população tipicamente
desenvolvida.
Os BCIs agora estão sendo desenvolvidos para
aplicações como avaliar a fadiga em trabalhos que
exigem atenção, como controladores de tráfego aéreo
ou motoristas de caminhão, para criar novas
experiências imersivas para videogames e realidade
virtual e para avaliar as emoções e reações dos
usuários em estratégias de 'neuromarketing'.

180
Existem até alguns dispositivos já disponíveis
comercialmente, como faixas de cabeça 'sensíveis ao
cérebro' que monitoram seus níveis de relaxamento e
foco enquanto você medita.
Nas próximas décadas, a pesquisa e o
desenvolvimento da BCI provavelmente continuarão a
crescer e poderemos ver um uso mais amplo e
generalizado de BCIs na vida diária das pessoas.
O interessante é que quanto mais desenvolvimento e
recursos forem colocados nesses diferentes
aplicativos BCI ajudarão a refinar e aprimorar a
tecnologia para todos os aplicativos BCI.
Portanto, quanto mais amplo for o campo de pesquisa
do BCI, mais perto estaremos de melhorar a precisão,
confiabilidade e eficiência dos BCIs e melhores eles
serão para pessoas com ou sem deficiências físicas.

NEUROPRÓTESES
Neuropróteses também conhecida como Próteses
Neurais, é uma disciplina relacionada à neurociência e

181
engenharia biomédica preocupada com o
desenvolvimento de próteses neurais.
Às vezes, eles são contrastados com uma interface
cérebro-computador , que conecta o cérebro a um
computador, em vez de um dispositivo destinado a
substituir a funcionalidade biológica ausente.
As próteses neurais são uma série de dispositivos que
podem substituir uma modalidade motora, sensorial
ou cognitiva que possa ter sido danificada em
decorrência de uma lesão ou doença.
Os implantes cocleares são um exemplo de tais
dispositivos. Esses dispositivos substituem as funções
desempenhadas pelo tímpano e estribo enquanto
simulam a análise de frequência realizada na cóclea .
Um microfone em uma unidade externa capta o som e
o processa; o sinal processado é então transferido
para uma unidade implantada que estimula o nervo
auditivo através de uma matriz de microeletrodos .
Através da substituição ou aumento de sentidos
danificados, esses dispositivos visam melhorar a
qualidade de vida das pessoas com deficiência.

182
Esses dispositivos implantáveis também são
comumente usados em experimentos com animais
como uma ferramenta para ajudar os neurocientistas
a desenvolver uma maior compreensão do cérebro e
de seu funcionamento.
Ao monitorar sem fio os sinais elétricos do cérebro
enviados por eletrodos implantados no cérebro do
sujeito, o sujeito pode ser estudado sem que o
dispositivo afete os resultados.
Sondar e registrar com precisão os sinais elétricos no
cérebro ajudaria a entender melhor a relação entre
uma população local de neurônios responsáveis por
uma função específica.
Os implantes neurais são projetados para serem tão
pequenos quanto possível para serem minimamente
invasivos, particularmente nas áreas ao redor do
cérebro, olhos ou cóclea. Esses implantes
normalmente se comunicam com suas contrapartes
protéticas sem fio.
Além disso, a energia é atualmente recebida através
da transmissão de energia sem fio através da pele. O
tecido ao redor do implante geralmente é altamente

183
sensível ao aumento de temperatura, o que significa
que o consumo de energia deve ser mínimo para
evitar danos ao tecido.
A neuroprótese em uso mais difundida atualmente é o
implante coclear, com mais de 300.000 em uso em
todo o mundo em 2012 .

Próteses visuais
Uma prótese visual pode criar uma sensação de
imagem estimulando eletricamente os neurônios do
sistema visual.
Uma câmera transmitiria sem fio para um implante, o
implante mapearia a imagem em uma matriz de
eletrodos.
O conjunto de eletrodos deve estimular efetivamente
600 a 1.000 locais, estimulando esses neurônios
ópticos na retina, criando assim uma imagem.
A estimulação também pode ser feita em qualquer
lugar ao longo do caminho do sinal óptico. O nervo
óptico pode ser estimulado para criar uma imagem,
ou o córtex visual pode ser estimulado, embora os

184
testes clínicos tenham se mostrado mais bem-
sucedidos para implantes de retina.
Um sistema de prótese visual consiste em um sistema
de imagem externo ou implantável, que adquire e
processa o vídeo. A energia e os dados serão
transmitidos ao implante sem fio pela unidade externa.
O implante usa a energia e os dados recebidos para
converter os dados digitais em uma saída analógica
que será entregue ao nervo por meio de micro
eletrodos.
Os fotorreceptores são os neurônios especializados
que convertem fótons em sinais elétricos. Eles fazem
parte da retina, uma estrutura neural multicamada
que reveste a parte posterior do olho.
O sinal processado é enviado ao cérebro através do
nervo óptico. Se qualquer parte deste caminho estiver
danificada , a cegueira pode ocorrer.
A cegueira pode resultar de danos na via óptica,
córnea, humor aquoso, cristalino e vítreo. Isso pode
acontecer como resultado de acidente ou doença.

185
As duas doenças degenerativas da retina mais comuns
que resultam em cegueira secundária à perda de
fotorreceptores são a degeneração macular
relacionada à idade e a retinite pigmentosa.
O primeiro ensaio clínico de uma prótese de retina
implantada permanentemente foi um dispositivo com
uma matriz de microfotodiodos passivos com 3500
elementos.
Os sujeitos demonstraram sua capacidade de
distinguir entre três objetos comuns em níveis
estatisticamente acima do acaso.
Os microfotodiodos servem para modular os pulsos de
corrente com base na quantidade de luz incidente no
fotodiodo.
O trabalho experimental seminal para o
desenvolvimento de próteses visuais foi feito por
estimulação cortical usando uma grade de eletrodos
de grande superfície.
Em 1968 Giles Brindley implantou um dispositivo de
80 eletrodos na superfície cortical visual de uma
mulher cega de 52 anos.

186
Como resultado da estimulação, o paciente pôde ver
fosfenos em 40 posições diferentes do campo visual.
Este experimento mostrou que um dispositivo
estimulador elétrico implantado poderia restaurar
algum grau de visão.
Esforços recentes em próteses do córtex visual
avaliaram a eficácia da estimulação do córtex visual
em um primata não humano.
Neste experimento, após um processo de treinamento
e mapeamento, o macaco é capaz de realizar a mesma
tarefa visual sacada com luz e estimulação elétrica.
Os requisitos para uma prótese de retina de alta
resolução devem seguir as necessidades e desejos dos
indivíduos cegos que se beneficiarão do dispositivo.
As interações com esses pacientes indicam que a
mobilidade sem bengala, o reconhecimento facial e a
leitura são as principais capacidades capacitadoras
necessárias.
Os resultados e implicações de próteses visuais
totalmente funcionais são empolgantes. No entanto,
os desafios são graves.

187
Para que uma imagem de boa qualidade seja mapeada
na retina, é necessário um grande número de matrizes
de eletrodos em microescala.
Além disso, a qualidade da imagem depende de
quanta informação pode ser enviada pelo link sem fio.
Também, essa grande quantidade de informação deve
ser recebida e processada pelo implante sem muita
dissipação de energia que pode danificar o tecido.
O tamanho do implante também é uma grande
preocupação. Qualquer implante seria preferido para
ser minimamente invasivo.
Com esta nova tecnologia, vários cientistas, incluindo
Karen Moxon da Drexel, John Chapin da SUNY e
Miguel Nicolelis da Duke University, começaram a
pesquisar o design de uma prótese visual sofisticada.

188
Próteses auditivas
Os implantes cocleares, os implantes auditivos do
tronco cerebral e os implantes auditivos do
mesencéfalo são as três principais categorias de
próteses auditivas.
As matrizes de eletrodos CI são implantadas na cóclea,
as matrizes de eletrodos ABI estimulam o complexo
do núcleo coclear no tronco cerebral inferior e os
AMIs estimulam os neurônios auditivos no colículo
inferior.
Ao contrário dos aparelhos auditivos tradicionais que
amplificam o som e o enviam pela orelha externa, os
implantes cocleares adquirem e processam o som e o
convertem em energia elétrica para posterior entrega
ao nervo auditivo .
O microfone do sistema CI recebe o som do ambiente
externo e o envia ao processador. O processador
digitaliza o som e o filtra em bandas de frequência
separadas que são enviadas para a região tonotônica
apropriada na cóclea que corresponde
aproximadamente a essas frequências.

189
Melhor desempenho no implante coclear não
depende apenas da compreensão das limitações
físicas e biofísicas da estimulação do implante, mas
também da compreensão dos requisitos de
processamento de padrões do cérebro.
O processamento moderno de sinais representa as
informações de fala mais importantes, ao mesmo
tempo em que fornece ao cérebro as informações de
reconhecimento de padrões de que ele precisa.
O reconhecimento de padrões no cérebro é mais
eficaz do que o pré-processamento algorítmico na
identificação de características importantes na fala.
Uma combinação de engenharia, processamento de
sinais, biofísica e neurociência cognitiva foi necessária
para produzir o equilíbrio certo de tecnologia para
maximizar o desempenho da prótese auditiva.
Os implantes cocleares também têm sido usados para
permitir a aquisição do desenvolvimento da
linguagem falada em crianças com surdez congênita,
com notável sucesso nos implantes precoces. Houve
cerca de 80.000 crianças implantadas em todo o
mundo.

190
Próteses para alívio da dor
O dispositivo conhecido como SCS possui dois
componentes principais: um eletrodo e um gerador. O
objetivo técnico do SCS para dor neuropática é
mascarar a área da dor de um paciente com um
formigamento induzido por estimulação, conhecido
como " parestesia ", porque essa sobreposição é
necessária, mas não suficiente, para obter o alívio da
dor.
A cobertura da parestesia depende de quais nervos
aferentes são estimulados. Os mais facilmente
recrutados por um eletrodo da linha média dorsal,
próximo à superfície pial da medula espinhal, são os
grandes aferentes da coluna dorsal, que produzem
ampla parestesia cobrindo os segmentos caudalmente.
Nos tempos antigos, o peixe eletrogênico era usado
como um choque para diminuir a dor. Os curandeiros
desenvolveram técnicas específicas e detalhadas para
explorar as qualidades geradoras do peixe para tratar
vários tipos de dor, incluindo dor de cabeça.
Por causa do constrangimento de usar um gerador de
choque vivo, era necessário um nível razoável de

191
habilidade para entregar a terapia ao alvo pelo tempo
adequado. Incluindo manter o peixe vivo o maior
tempo possível, a analgesia elétrica foi a primeira
aplicação deliberada de eletricidade.
A tecnologia do marcapasso, que teve seu início em
1950, tornou-se disponível. Melzack e Wall publicaram
sua teoria do controle do portão da dor , que
propunha que a transmissão da dor poderia ser
bloqueada pela estimulação de grandes fibras
aferentes.
Médicos pioneiros se interessaram em estimular o
sistema nervoso para aliviar a dor dos pacientes. As
opções de projeto para eletrodos incluem seu
tamanho, forma, disposição, número e atribuição de
contatos e como o eletrodo é implantado.
A opção de projeto para o gerador de pulso inclui a
fonte de energia, local de posicionamento anatômico
do alvo, fonte de corrente ou tensão, taxa de pulso,
largura de pulso e número de canais independentes.
As opções de programação são muito numerosas.
Um eletrodo de quatro contatos oferece 50
combinações bipolares funcionais. Os dispositivos

192
atuais utilizam equipamentos informatizados para
encontrar as melhores opções de uso.
Essa opção de reprogramação compensa alterações
posturais, migração de eletrodos, alterações na
localização da dor e colocação de eletrodos abaixo do
ideal.

Próteses motoras
Dispositivos que suportam a função do sistema
nervoso autônomo incluem o implante para controle
da bexiga.
No sistema nervoso somático, as tentativas de auxiliar
o controle consciente do movimento incluem a
estimulação elétrica funcional e o estimulador da raiz
lombar anterior .
Os pesquisadores estão atualmente investigando e
construindo neuropróteses motoras que ajudarão a
restaurar o movimento e a capacidade de se
comunicar com o mundo exterior para pessoas com
deficiências motoras, como tetraplegia ou esclerose
lateral amiotrófica.

193
A pesquisa descobriu que o corpo estriado
desempenha um papel crucial na aprendizagem
sensorial motora. Isso foi demonstrado por um
experimento no qual as taxas de disparo do corpo
estriado de ratos de laboratório foram registradas em
taxas mais altas após realizar uma tarefa
consecutivamente.
Para capturar os sinais elétricos do cérebro, os
cientistas desenvolveram matrizes de microeletrodos
menores que um centímetro quadrado que podem ser
implantados no crânio para registrar a atividade
elétrica, transduzindo as informações gravadas por
meio de um cabo fino. Após décadas de pesquisa em
macacos, os neurocientistas conseguiram decodificar
sinais neuronais em movimentos.
E para completar, os pesquisadores construíram
interfaces que permitem que os pacientes movam os
cursores do computador e estão começando a
construir membros robóticos e exoesqueletos que os
pacientes podem controlar pensando no movimento.
A tecnologia por trás das neuropróteses motoras
ainda está em sua infância. Investigadores e
participantes do estudo continuam experimentando

194
diversas formas de usar as próteses . Fazer um
paciente pensar em cerrar o punho, por exemplo,
produz um resultado diferente do que fazê-lo pensar
em bater com o dedo.
Os filtros usados nas próteses também estão sendo
ajustados e, no futuro, os médicos esperam criar um
implante capaz de transmitir sinais de dentro do
crânio sem fio, e não por meio de um cabo.
Antes desses avanços, Philip Kennedy tinha um
sistema operável, embora um tanto primitivo, que
permitia a um indivíduo com paralisia soletrar
palavras modulando sua atividade cerebral.
O dispositivo de Kennedy usava dois eletrodos
neurotróficos: o primeiro era implantado em uma
região cortical motora intacta por exemplo, área de
representação do dedo e era usado para mover um
cursor entre um grupo de letras. O segundo foi
implantado em uma região motora diferente e foi
utilizado para indicar a seleção.
Os desenvolvimentos continuam na substituição de
braços perdidos por substituições cibernéticas usando
nervos normalmente conectados aos músculos

195
peitorais. Esses braços permitem uma amplitude de
movimento ligeiramente limitada e, segundo
informações, devem apresentar sensores para
detectar pressão e temperatura.
Em 2002, uma matriz multieletrodo de 100 eletrodos ,
que agora faz parte do sensor de um Braingate , foi
implantada diretamente nas fibras nervosas medianas
do cientista Kevin Warwick. Os sinais gravados foram
usados para controlar um braço robótico desenvolvido
pelo colega de Warwick, Peter Kyberd e foi capaz de
imitar as ações do próprio braço de Warwick.
Além disso, uma forma de feedback sensorial foi
fornecida através do implante, passando pequenas
correntes elétricas para o nervo. Isso causou uma
contração do primeiro músculo lumbrical da mão e foi
esse movimento que foi percebido.
Em junho de 2014, Juliano Pinto, atleta paraplégico,
realizou o primeiro chute cerimonial na Copa do
Mundo FIFA 2014 usando um exoesqueleto
motorizado com interface cerebral.
O exoesqueleto foi desenvolvido pelo Projeto Walk
Again no laboratório de Miguel Nicolelis, financiado

196
pelo governo do Brasil. Nicolelis diz que o feedback
dos membros substituídos, por exemplo, informações
sobre a pressão experimentada por um pé protético
tocando o solo, é necessário para o equilíbrio.
Ele descobriu que, enquanto as pessoas puderem ver
os membros controlados por uma interface cerebral
se moverem ao mesmo tempo em que emitem o
comando para fazê-lo, com o uso repetido, o cérebro
assimilará o membro alimentado externamente e
começará a percebê-lo em termos de consciência de
posição e feedback, como parte do corpo.

BARREIRAS A SEREM ENFRENTADAS


Modelagem matemática
A caracterização precisa dos parâmetros não lineares
de entrada/saída do tecido funcionando normalmente
a ser substituído é fundamental para projetar uma
prótese que imite sinais sinápticos biológicos normais.
A modelagem matemática desses sinais é uma tarefa
complexa "por causa da dinâmica não linear inerente
aos mecanismos celulares/moleculares que

197
compreendem os neurônios e suas conexões
sinápticas".
A saída de quase todos os neurônios cerebrais
depende de quais entradas pós-sinápticas estão ativas
e em que ordem as entradas são recebidas.
Uma vez que os parâmetros de E/S são modelados
matematicamente, os circuitos integrados são
projetados para imitar os sinais biológicos normais.
Para que a prótese funcione como tecido normal, ela
deve processar os sinais de entrada, processo
conhecido como transformação, da mesma forma que
o tecido normal.

Tamanho
Dispositivos implantáveis devem ser muito pequenos
para serem implantados diretamente no cérebro,
aproximadamente do tamanho de um quarto. Um dos
exemplos de arranjo de eletrodos microimplantáveis é
o arranjo de Utah. Dispositivos de controle sem fio
podem ser montados fora do crânio e devem ser
menores que um pager.

198
Consumo de energia
O consumo de energia determina o tamanho da
bateria. A otimização dos circuitos implantados reduz
as necessidades de energia.
Os dispositivos implantados atualmente precisam de
fontes de alimentação integradas.
Quando a bateria acabar, é necessária uma cirurgia
para substituir a unidade. A vida útil mais longa da
bateria está relacionada a menos cirurgias necessárias
para substituir as baterias.
Uma opção que poderia ser usada para recarregar as
baterias do implante sem cirurgia ou fios está sendo
usada em escovas de dentes elétricas.
Esses dispositivos fazem uso de carregamento
indutivo para recarregar baterias.
Outra estratégia é converter energia eletromagnética
em energia elétrica, como nas etiquetas de
identificação por radiofrequência .

199
Biocompatibilidade
As próteses cognitivas são implantadas diretamente
no cérebro, por isso a biocompatibilidade é um
obstáculo muito importante a ser superado.
Os materiais usados ​ ​ na carcaça do dispositivo, o
material do eletrodo, como óxido de irídio, e o
isolamento do eletrodo devem ser escolhidos para
implantação a longo prazo.
Atravessar a barreira hematoencefálica pode
introduzir patógenos ou outros materiais que podem
causar uma resposta imune.
O cérebro tem seu próprio sistema imunológico que
age de forma diferente do sistema imunológico do
resto do corpo.

Transmissão de dados
A transmissão sem fio está sendo desenvolvida para
permitir o registro contínuo de sinais neuronais de
indivíduos em sua vida diária.

200
Isso permite que médicos e clínicos capturem mais
dados, garantindo que eventos de curto prazo, como
crises epilépticas, possam ser registrados, permitindo
melhor tratamento e caracterização da doença neural.
Foi desenvolvido um dispositivo pequeno e leve que
permite a gravação constante de neurônios cerebrais
de primatas na Universidade de Stanford.
Essa tecnologia também permite que os
neurocientistas estudem o cérebro fora do ambiente
controlado de um laboratório.
Os métodos de transmissão de dados entre próteses
neurais e sistemas externos devem ser robustos e
seguros.
Os implantes neurais sem fio podem ter as mesmas
vulnerabilidades de segurança cibernética que
qualquer outro sistema de TI, dando origem ao termo
neurossegurança.
Uma violação de neurossegurança pode ser
considerada uma violação da privacidade médica.

201
Implantação correta
A implantação do dispositivo apresenta muitos
problemas. Primeiro, as entradas pré-sinápticas
corretas devem ser conectadas às entradas pós-
sinápticas corretas no dispositivo.
Em segundo lugar, as saídas do dispositivo devem ser
direcionadas corretamente no tecido desejado.
Em terceiro lugar, o cérebro deve aprender a usar o
implante. Vários estudos sobre plasticidade cerebral
sugerem que isso pode ser possível por meio de
exercícios planejados com a devida motivação.

Interface homem-computador não baseada em EEG


Eletrooculografia (EOG)
Em 1989, foi apresentado um relatório sobre o
controle de um robô móvel pelo movimento dos olhos
usando sinais de eletrooculografia (EOG).
Um robô móvel foi conduzido de um ponto de partida
para um objetivo usando cinco comandos EOG,
interpretados como para frente, para trás, esquerda,
direita e parada. O EOG como um desafio de controlar
202
objetos externos foi apresentado por Vidal em seu
artigo de 1973.

Oscilação do tamanho da pupila


Um artigo de 2016 descreveu um dispositivo de
comunicação totalmente novo e uma interface
homem-computador não baseada em EEG, que não
requer fixação visual ou capacidade de mover os
olhos.
A interface é baseada em interesse oculto; direcionar
a atenção para uma letra escolhida em um teclado
virtual, sem a necessidade de mover os olhos para
olhar diretamente para a letra.
Cada letra tem seu próprio círculo que micro-oscila
em brilho de forma diferente de todas as outras
letras.
A seleção de letras é baseada no melhor ajuste entre a
oscilação não intencional do tamanho da pupila e o
padrão de oscilação de brilho do círculo de fundo.
A precisão também é melhorada pelo ensaio mental
do usuário das palavras 'brilhante' e 'escuro' em

203
sincronia com as transições de brilho do círculo da
letra.

Espectroscopia de infravermelho próximo funcional


Nos primeiros dias da pesquisa do BCI, outra barreira
substancial ao uso da eletroencefalografia (EEG) como
interface cérebro-computador era o extenso
treinamento necessário antes que os usuários
pudessem trabalhar com a tecnologia.
Por exemplo, em experimentos iniciados em meados
da década de 1990, Niels Birbaumer, da Universidade
de Tübingen, na Alemanha, treinou pessoas
severamente paralisadas para autorregular
os potenciais corticais lentos em seu EEG a tal ponto
que esses sinais pudessem ser usados ​ ​ como um
sinal binário para controlar um cursor de
computador.
O experimento viu dez pacientes treinados para
mover um cursor de computador controlando suas
ondas cerebrais. O processo era lento, exigindo mais
de uma hora para os pacientes escreverem 100

204
caracteres com o cursor, enquanto o treinamento
geralmente levava muitos meses.
No entanto, a abordagem de potencial cortical lento
para BCIs não é usada há vários anos, uma vez que
outras abordagens requerem pouco ou nenhum
treinamento, são mais rápidas e precisas e funcionam
para uma proporção maior de usuários.
Em 2005 foi relatada pesquisa sobre emulação EEG de
circuitos de controle digital para BCI, com exemplo de
um flip-flop CNV. Em 2009, foi relatado o controle EEG
não invasivo de um braço robótico usando um flip-flop
CNV.
Em 2011 foi relatado o controle de dois braços
robóticos resolvendo a tarefa Torre de Hanói com três
discos usando um flip-flop CNV.
Em 2015, foi descrita a emulação de EEG de um
gatilho Schmidt, flip-flop, demultiplexador e modem.
Embora uma interface cérebro-computador baseada
em EEG tenha sido buscada extensivamente por vários
laboratórios de pesquisa, avanços recentes feitos
por Bin He e sua equipe na Universidade de
Minnesota sugerem o potencial de uma interface

205
cérebro-computador baseada em EEG para realizar
tarefas próximas a invasivas.
Usando neuroimagem funcional avançada,
incluindo MRI funcional BOLD e imagem de fonte
de EEG, Bin He e colaboradores identificaram a co-
variação e a co-localização de sinais eletrofisiológicos
e hemodinâmicos induzidos pela imaginação motora.
Refinado por uma abordagem de neuroimagem e por
um protocolo de treinamento, Bin He e colegas de
trabalho demonstraram a capacidade de uma
interface cérebro-computador não invasiva baseada
em EEG para controlar o vôo de um helicóptero virtual
no espaço tridimensional, com base na imaginação
motora.
Em junho de 2013, foi anunciado que Bin He havia
desenvolvido a técnica para permitir que um
helicóptero de controle remoto fosse guiado por uma
pista de obstáculos.
Além de uma interface cérebro-computador baseada
em ondas cerebrais, conforme registrado a partir de
eletrodos de EEG no couro cabeludo, Bin He e colegas
de trabalho exploraram uma interface cérebro-

206
computador virtual baseada em sinal de EEG
resolvendo primeiro o problema inverso de EEG e
depois usando o resultado virtual EEG para tarefas de
interface cérebro-computador.
Estudos bem controlados sugeriram os méritos de tal
interface cérebro-computador baseada em análise de
fontes.
Um estudo de 2014 descobriu que pacientes com
deficiência motora grave podem se comunicar de
forma mais rápida e confiável com EEG BCI não
invasivo do que com qualquer canal de comunicação
baseado em músculo.
Um estudo de 2016 descobriu que o dispositivo
Emotiv EPOC pode ser mais adequado para tarefas de
controle usando o nível de atenção/meditação ou
piscar de olhos do que o dispositivo Neurosky
MindWave.
Um estudo de 2019 descobriu que a aplicação de
algoritmos evolutivos poderia melhorar a classificação
do estado mental do EEG com um
dispositivo Muse não invasivo , permitindo a
classificação de alta qualidade dos dados adquiridos

207
por um dispositivo de detecção de EEG barato para o
consumidor.
Em uma revisão sistemática de 2021 de ensaios
clínicos randomizados usando BCI para reabilitação de
membros superiores após acidente vascular cerebral,
o BCI baseado em EEG mostrou ter eficácia
significativa na melhora da função motora de
membros superiores em comparação com terapias de
controle.
Mais especificamente, os estudos BCI que utilizaram
recursos de potência de banda, imagens motoras e
estimulação elétrica funcional em seu design foram
considerados mais eficazes do que as alternativas.
Outra revisão sistemática de 2021 concentrou-se no
BCI baseado em EEG assistido por robótica para
reabilitação da mão após acidente vascular cerebral.
A melhora nos escores da avaliação motora foi
observada em três dos onze estudos incluídos na
revisão sistemática.

208
DILEMAS ÉTICOS A SEREM CONSIDERADOS:
1. Os efeitos a longo prazo para o usuário
permanecem em grande parte desconhecidos.
2. Obter consentimento informado de pessoas que
têm dificuldade em se comunicar.
3. As consequências da tecnologia BCI para a
qualidade de vida dos pacientes e seus familiares.
4. Efeitos colaterais relacionados à saúde, por
exemplo, o neurofeedback do treinamento do
ritmo sensório-motor afeta a qualidade do sono.
5. Aplicações terapêuticas e seu potencial uso
indevido.
6. Riscos de segurança
7. Não conversibilidade de algumas das alterações
feitas no cérebro.
8. Questões de responsabilização e responsabilidade:
alega que a influência das BCIs anula o livre
arbítrio e o controle sobre as ações sensório-
motoras, alega que a intenção cognitiva foi
traduzida incorretamente devido a um mau
funcionamento da BCI.
209
9. Mudanças de personalidade envolvidas causadas
pela estimulação cerebral profunda.
10. Preocupações com o estado de se tornar um
"ciborgue" - ter partes do corpo que são vivas e
partes que são mecânicas.
11. Questiona a personalidade: o que significa ser
humano?
12. Indefinição da divisão entre humano e máquina e
incapacidade de distinguir entre ações humanas
versus ações controladas por máquinas.
13. Uso da tecnologia em técnicas avançadas de
interrogatório por autoridades governamentais.
14. Aprimoramento seletivo e estratificação social.
15. Questões de ética em pesquisa sobre
experimentação animal.
16. Questões de ética em pesquisa que surgem ao
passar da experimentação animal para a aplicação
em seres humanos.
17. Perguntas morais.
18. Leitura da mente e privacidade.

210
19. Rastreamento e "sistema de marcação".
20. Controle da mente.
21. Controle de movimento.
22. Controle de emoções.

Em sua forma atual, a maioria das BCIs está longe das


questões éticas consideradas acima. Eles são
realmente semelhantes às terapias corretivas em
função.
Clausen afirmou em 2009 que "as BCIs apresentam
desafios éticos, mas estes são conceitualmente
semelhantes àqueles que os bioeticistas abordaram
para outros domínios da terapia".
À medida que a inovação continua, garantir o acesso
equitativo às BCIs será crucial, caso contrário podem
surgir desigualdades geracionais que podem afetar
negativamente o direito ao florescimento humano.
As considerações éticas das BCIs são essenciais para o
desenvolvimento de futuros dispositivos implantados.

211
Usuários finais, especialistas em ética, pesquisadores,
agências de financiamento, médicos, corporações e
todos os outros envolvidos no uso da BCI devem
considerar as mudanças antecipadas e imprevistas
que as BCIs terão na autonomia humana, identidade,
privacidade e muito mais.

212
EPÍLOGO

213
Finalmente, chegamos ao início da sua jornada de
compreensão do cérebro humano.
Por mais contra-intuitivo que isso possa parecer, a
conclusão desse livro não te coloca no final da jornada,
e sim, no início. A partir daqui você tem a matéria
prima, as informações fundamentais da sua jornada.
Naturalmente, você desenvolverá uma lente pela qual
começará a observar a realidade externa, então não
se assuste se você estiver sonhando com neurônios se
conectando e transportando correntes elétricas.
Por mais complexo que esse livro possa ter parecido,
ele é apenas a síntese dos principais fundamentos do
funcionamento do cérebro e do sistema nervoso.
Através da compreensão dos fundamentos que eu te
apresentei aqui, você estará preparado para iniciar
seus estudos em Neurociências, em alguma das
seguintes áreas ou no conjunto de todas elas, se for
obcecado pelo cérebro humano como eu.
Neurociência afetiva: na maioria dos casos, a
pesquisa é realizada em animais de laboratório e
analisa como os neurônios se comportam em relação
às emoções.

214
Neurociência comportamental: o estudo das bases
biológicas do comportamento, observando como o
cérebro afeta o comportamento.
Neurociência celular: o estudo dos neurônios,
incluindo sua forma e propriedades fisiológicas em
nível celular.
Neurociência clínica: examina os distúrbios do
sistema nervoso, enquanto a psiquiatria, por exemplo,
examina os distúrbios da mente.
Neurociência cognitiva: o estudo das funções
cognitivas superiores que existem em humanos e suas
bases neurais subjacentes. A neurociência cognitiva
baseia-se na linguística, neurociência, psicologia e
ciência cognitiva.
Neurociência computacional: tentando entender
como os cérebros computam, usando computadores
para simular e modelar funções cerebrais e aplicando
técnicas de matemática, física e outros campos
computacionais para estudar a função cerebral.
Neurociência cultural: analisa como crenças, práticas
e valores culturais são moldados e moldam o cérebro,
as mentes e os genes em diferentes períodos.

215
Neurociência do desenvolvimento: analisa como o
sistema nervoso se desenvolve em uma base celular;
quais mecanismos subjacentes existem no
desenvolvimento neural.
Neurociência molecular: o estudo do papel de
moléculas individuais no sistema nervoso.
Neuroengenharia: usando técnicas de engenharia
para melhorar os sistemas neurais.
Neuroimagem: um ramo da imagem médica que se
concentra no cérebro. A neuroimagem é usada para
diagnosticar doenças e avaliar a saúde do cérebro.
Também pode ser útil no estudo do cérebro, como ele
funciona e como diferentes atividades afetam o
cérebro.
Neuroinformática: integra dados em todas as áreas da
neurociência, para ajudar a entender o cérebro e
tratar doenças. A neuroinformática envolve a
aquisição de dados, compartilhamento, publicação e
armazenamento de informações, análise, modelagem
e simulação.

216
Neurolinguística: estuda quais mecanismos neurais no
cérebro controlam a aquisição, compreensão e
expressão da linguagem.
Neurofisiologia: analisa a relação do cérebro e suas
funções, e a soma das partes do corpo e como elas se
inter-relacionam. O estudo de como o sistema
nervoso funciona, geralmente usando técnicas
fisiológicas, como estimulação com eletrodos, canais
sensíveis à luz ou corantes sensíveis a íons ou
voltagem.
Paleoneurologia: o estudo do cérebro usando fósseis.
Neurociência social: este é um campo interdisciplinar
dedicado a entender como os sistemas biológicos
implementam processos e comportamentos sociais. A
neurociência social reúne conceitos e métodos
biológicos para informar e refinar teorias do
comportamento social. Ele usa conceitos e dados
sociais e comportamentais para refinar a organização
neural e as teorias de função.
Neurociência sistêmica: segue os caminhos do fluxo
de dados dentro do sistema nervoso central e tenta
definir os tipos de processamento que ocorrem lá. Ele

217
usa essa informação para explicar as funções
comportamentais.

Agora que você entende o funcionamento do órgão


mais complexo e importante do corpo humano com
grande proximidade da literatura científica, quero te
parabenizar por não ter pulado etapas.
Quando fiz minha pós graduação em Neurociência
meus maiores interesses eram entender os
comportamentos incoerentes, contraditórios e
prejudiciais que nossa espécie tem.
Pra mim, foi um choque de realidade quando me
deparei com os fundamentos sistêmicos, elétricos,
químicos e matemáticos, então eu entendo
perfeitamente como é a sensação de querer pular
etapas e ir direto ao ponto, se você conseguiu vencê-
la, parabéns.
O fato de eu não ter pulado etapas me trouxe muitas
respostas além das minhas principais motivações,
inclusive, me ajudou criar novas teses sobre assuntos
que eu nunca imaginei que encontraria possíveis
respostas, como supostos fenômenos de possessão, a

218
suposta existência de espíritos e a suposta existência
de vida após a morte.
Independente de qual é sua motivação ou área de
interesse dentro das Neurociências, quero te convidar
a continuar sua jornada de aprendizado se tornando
meu aluno.
Passei alguns anos desenvolvendo uma plataforma de
conteúdo e estou disponibilizando diversas trilhas de
Neurociências lá dentro.
Tenho certeza que será útil pra você, tanto na
consolidação dos conceitos que conheceu aqui no
livro, quanto na expansão do conhecimento das
diversas áreas Neurocientíficas que te apresentei
anteriormente.
Meus livros são apenas a porta de entrada para um
movimento de pessoas aprimoradas intelectualmente
que eu estou criando, baseado em ciências e
tecnologias emergentes.
Então eu realmente espero que a partir daqui você
faça parte desse movimento e se torne meu aluno,
pois eu tenho certeza que em alguns anos, muitos dos

219
meus alunos estarão rompendo as fronteiras do
conhecimento, quem sabe você seja um deles.

acesse o site: matosacademy.com

Te vejo do outro lado.

220
LINKS PARA SE
CONECTAR COMIGO

221
Se sua rede social preferida é o instagram, fique a
vontade para me seguir em meu perfil pessoal:
@ofelipematos
A princípio, não produzo conteúdo científico nele,
geralmente publico apenas alguns registros periódicos
de experiências de vida que tenho.
Por mais que não te agregue conhecimento algum,
faço questão de deixar meu perfil pessoal aberto pois
acredito que isso agregue na relação entre professor e
aluno, que é fundamental para o aprendizado.
Caso queira ter acesso apenas a conteúdo científico,
tanto sobre Neurociências quanto sobre outras áreas
que futuramente compartilharei, você pode seguir o
perfil da minha plataforma: @matosacademy
Publicamos frequentemente alguns cortes das aulas
exclusivas da plataforma, tanto sobre Neurociências
quanto sobre outras áreas.
Mas, se sua rede social preferida não é o instagram,
você também pode encontrar conteúdos no Youtube.

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Inscreva-se no meu canal do Youtube para receber
cortes das aulas exclusivas da plataforma, dessa forma
você terá conteúdos diários sobre Neurociências e
outras áreas científicas.
Basta pesquisar por: “Felipe Matos - Neurociência”
que você encontrará diversos vídeos, acesse-os e
inscreva-se no canal.
Lembre-se de ativar as notificações ao se inscrever,
pois o Youtube raramente entrega os conteúdos
postados para quem não está com as notificações
ativadas.
É bem simples, após clicar no botão “inscrever-se” é
só clicar no “sininho” que irá aparecer, a partir daí,
você receberá um alerta toda vez que eu postar um
corte no canal.
Fique a vontade também para me enviar um email,
caso você não seja adepto de redes sociais e
conteúdos digitais, mas mesmo assim queira se
conectar comigo de alguma forma.
Envie seu email para: felipe@matosacademy.com

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Esse livro é o segundo capítulo da série “Ciências
Transumanistas”, confira também o primeiro capítulo,
o livro “A Arte de Hackear o Tempo”.

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