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Introdução aos Bloqueios Cerebrais

Começando Bloqueios Cerebrais, essa aqui é aula Introdução. Esse negócio


de chamar a aula de introdução, eu acho que desvaloriza a aula. Eu chamei de
Introdução aos Bloqueio Mercadológicos, não, vou dar um nome mais bonito, essa
aula aqui vai ser “o cérebro e a criatividade”, muito melhor que "introdução aos
bloqueios”, “introdução”… puta aula complexa que eu demoro fazer: “introdução?”…
introdução, o caralho. E essa de bloqueios mercadológicos eu vou mudar o nome,
vai ser tendências mercadológicas, vou pensar num nome melhor depois.
Mas enfim, começando a aula “o cérebro e a criatividade”. Lembrando que a
gente tá nos bloqueios. A gente passou pelos bloqueios educacionais,
mercadológicos. E os educacionais e mercadológicos, eu separei porque são
bloqueios que ocorrem mais em determinada fase da vida, enquanto que os
cerebrais é tudo.
Os cerebrais tem haver com a forma como o nosso cérebro funciona, a forma
como ele processa, como ele conecta as coisas, então esses são os mais
complicados né, porque é uma luta da gente contra a gente mesmo, beleza.
Recapitulando, passamos pelo bloqueio do gabarito, sucesso, tesão. Depois
especialista, adulto e ocupado e vamos agora pros cerebrais, vamos falar desse
bicho louco aí.
E este é um assunto que eu particularmente adoro, é o assunto que eu mais
gosto de estudar e de falar porque é o assunto que eu menos sei, é o que eu menos
sei porque é o assunto mais complexo do mundo e naturalmente é o que eu menos
sei e por eu menos saber, é o que mais me apetece, me instiga pra saber mais.
Eu sempre lembro do “só sei que nada sei”, clássico. E cada vez que você
abre uma porta do universo do cérebro, você faz puta que pariu, tem isso ainda que
eu não tava ligado. E a frase de Sócrates que é o complemento mais legal ainda só
sei que nada sei “... e o fato de saber disso me coloca em vantagem sobre
aqueles que acham que sabem alguma coisa”. É… a maior ignorância é não ter
consciência da sua ignorância, porque a gente precisa saber aquilo que a gente não
sabe e se declarar ignorante,né, porque quando a gente se declara ignorante, a
gente declara que tá pronto a aprender, portanto, né.
Queria começar falando da Teoria do Cérebro Trino. É uma teoria clássica
que separa o cérebro em três tipos de cérebros. Então: o cérebro reptiliano, o
sistema límbico e o neocórtex. O reptiliano é esse aqui mais do meio, sistema
límbico ao redor e neocórtex aqui em volta. Vou falar rapidinho de cada cérebro
desse.

Cérebro número um: cérebro reptiliano. É o cérebro mais primitivo que a


gente tem e é o cérebro que tem uma grande diretriz: sobrevivência. É, se fosse um
software teria só uma linha de código, survive, ponto é isso. Ele lida com as coisas
mais básicas de controle do medo, de fome, de sede, coisas ligadas à
sobrevivência. E ele tem três tipos de respostas básicas, né: fight, flight or freeze.
Ou seja, fight que é partir pro combate; flight que é correr e simbora; ou freeze que é
paralisar e não saber o que fazer, ou seja, ou ele peita, ou ela trava ou ele vaza, é
isso que ele faz.
É, eu fui num congresso de atividades do SisPAE e tinha uma empresa lá,
um curso de criatividade que chamava A new improvement que toda a campanha
deles era com esse jacarezinho né, simbolizando o reptiliano e ele falava “a reação

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de um jacaré ao novo é: atacar, correr ou ignorar, para desenvolver a
inovação, não haja como um jacaré”. Uma mensagem de como a gente, muitas
vezes, esquece o neocórtex, que eu vou falar daqui a pouco, que é a nossa
capacidade de racionalizar as coisas e age de forma primitiva, como um jacaré,
quando a gente é movido apenas por esses sentimentos muito primitivos, de ir pra
cima, ou ir embora ou paralisar e não saber o que fazer.
Bem, aqui é o cérebro mais primitivo, o reptiliano, ao redor vem o sistema
límbico, o cérebro número 2 e o sistema límbico é a parte do cérebro relacionada às
emoções básicas e essa parte do cérebro já existe em mamíferos, mamíferos
chamados inferiores, meio escroto esse nome, inferiores, mas que não são os
primatas que são os superiores né. E… você percebe que os mamíferos, eles já tem
vários tipos de emoções, diferentemente de uma cobra, você nunca viu uma cobra
triste, chorando né. Mas os mamíferos como esses já fazem isso.
E por último, o neocórtex que é o cérebro primata de mamíferos superiores,
incluindo nós humanos, mas incluindo tem, incluindo também gorilas, orangotangos
e por aí vai. Que é o cérebro racional, o cérebro mais inteligente e o cérebro que
controla.
Enquanto que o sistema límbico ele tem esse sentimentos, emoções, o
neocórtex, ele consegue ter sentimentos sobre os sentimentos. Ele tá acima da
parada, é… controlando tudo, mas o interessante é que apesar dele estar por cima
e no aparente controle, o sistema límbico ele tem uma capacidade de resposta mais
rápida e muitas vezes, ele sobrepõe o neocórtex, é quando a gente perde a razão.
Essa teoria do cérebro trino ela foi desenvolvida por esse cara aqui, o Paul
Maclean. E ele criou, começou a criar esse conceito, criou esse nome sistema
límbico. Tem papers dele, anos cinquenta, 54, 55 ou seja, há muito tempo, ele vem
com essa conversa e o Carl Sagan, o grande futurista, escritor, viajadão, ele pegou
a teoria do cérebro trino e colocou no livro dele, em 77 e bombou esse conceito. Um
livro sobre especulações da evolução da inteligência humana em 77.
Só em noventa, depois ainda que o próprio Paul lançou uma teoria sobre o
cérebro trino e é interessante que esse é o conceito que ficou muito popular, apesar
de que, a teoria original do Paul tem várias ressalvas. Principalmente, ele focou
muito na questão evolucionária e hoje em dia, já sabe-se que o negócio não é tão
simples assim, como “ah, começou com reptiliano e foram criado camadas em
cima”. Na verdade, a gente, a nível didático é até legal falar isso “ah, foi muito

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lógico, começou aqui, depois aqui e vem aqui”. Mas, já foi muito derrubado esse
conceito, dá forma como evoluiu, na verdade, vários animais já tinham parte dos
outros sistemas, mas que elas foram evoluindo todas ao mesmo tempo e tal.
Mais recentemente, esse cara aqui, Daniel Siegel, que é um pediatra, tem
um livro massa que é O Cérebro da Criança, ele inventou um jeito interessante de
explicar melhor, eu diria uma evolução a essa explicação do cérebro trino que ele
chama de hand model, o modelo da mão, vê aí. Vídeo.
Eu acho essa uma ótima tática pra explicar o cérebro, uma coisa visual. Faz
você lembrar, é uma evolução da forma de explicar o cérebro trino, lá, do Paul
Mclean. Mas esse vídeo, ele na verdade tem outras coisas que ele traz que eu
queria comentar. Então eu vou abrir o parênteses pra fugir um pouquinho disso
aqui, pegar uns trechos do que o Siegel falou.
Então, uma hora ele falou assim “entender o que acontece com a
comunicação emocional que temos no curso do nosso dia a dia”. Cê lembra da
aula start, lá, a aula inaugural, que a gente falou sobre as vozes que tem, que falam
com a gente, o bem e o mal, ou várias outras vozes e eu questionei como dar
qualidade para seus diálogos internos. Pois é, isso que ele tá falando entender o
que acontece com a comunicação emocional que temos no curso do nosso dia,
essa é a importância da gente estudar um pouco como é que funciona,
tecnicamente, cientificamente o nosso jeito de pensar, permite que a gente entender
essa comunicação.
Outra coisa legal que ele falou “quando nós, de fato, conseguimos ver na
nossa frente o que tá acontecendo no cérebro, então nós podemos mudar o
que o cérebro faz”. Quando a gente consegue perceber, visualizar, ver o que tá
acontecendo, a gente consegue modificar e no final, ele fala, “apenas por nomear
esses processos, eles já se amansam”.
Eu também falei isso na aula start, lembra? Eu falei sobre a questão de como
a gente começa a dar nome, essa aqui a voz da resistência, a voz da
procrastinação, a voz do perfeccionismo, é isso que ele tá dizendo. Quando a gente
começa a olhar o cérebro na nossa frente e dar nome aos sentidos e as emoções, a
gente consegue amansá-los.
É engraçado que a Tânia Mujica, eu já falei muito dela, eu fiz um coach com
ela, várias sessões. E eu me lembro que nas primeiras sessões, ela deu pra mim
uma lista de sentimentos, com nome de sentimentos e falou estude os sentimentos,

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estude a diferença entre esses sentimentos aqui pra você poder identificá-los
melhor. E engraçado, como as coisas se conectam porque eu tava lendo o filósofo
que eu gosto o Spinoza, sem tá procurando nada disso e olha o que Spinoza falou
“uma emoção, que é um paixão, ela deixa de ser uma paixão assim que a
gente forma uma visão, uma ideia clara e distinta do que ela é”.
Ou seja, é isso em outras palavras né, uma emoção deixa de ser quando a
gente dá um nome pra ela e torna ela uma ideia. E aí recentemente agora, eu
fazendo meditação guiada no Headspace, meu grande amigo Andy, que é o cara
que eu mais ouço na minha vida, que é a voz do Headspace. Ele também trouxe,
entre as meditações guiadas, ele faz umas técnicas e tal, uma técnica chamada
Noting que é a mesma coisa.
Técnica que quando você tiver sentindo algo, dá o nome pra aquele
sentimento, reconhecer qual é aquele sentimento sem muito burocracia e tal. Ele dá
o exemplo de imaginar como se fosse um com um copo de cristal e uma pena e
você tem apenas que tocar o copo, o sentimento, não precisa botar ele numa caixa
e tal, até porque é difícil você categorizar.
E aí conectando também, eu li sobre um cara chamado James Pennebaker,
que ele criou a teoria que ele chama de Expressive Writing, que ele descobriu que
pessoas que tem traumas grandes, problemas psicológicos conseguem muitas
vezes melhorar só escrevendo sobre o próprio problema. Que no fundo é uma forma
indireta de fazer o que o Andy chamou de noting, o que o Daniel Siegel chamou de
name the motion. Quando você começa a escrever, pessoas que engajam nessa
escrita expressiva, reportando seus sentimentos, elas ficam melhor e tal, enfim, ele
tem vários benefícios provados nisso.
Isso que também conecta, o poder das palavras com os quatro
compromissos, lembra? O primeiro compromisso “seja impecável com a sua
palavra” que na verdade eu troquei para “fique atento ao poder da palavra”. A
palavra é tão poderosa que é capaz de você fazer um express writing, expressar
seus sentimentos e no caso, acalmá-los. E o cara que virou a maior referência no
que eu to falando agora, é esse cara aqui, Daniel Goleman, porque tudo que eu tô
falando agora, tem um parênteses aberto, tu tá ligado? Tem um parênteses aberto
que eu vou fechar daqui a pouco. Tudo nesse parênteses até agora pode ser
resumido em uma palavra inteligência emocional, capacidade de você gerir as
suas emoções de forma inteligente.

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O Daniel Goleman, ele usa uma expressão que é sequestro da amígdala. A
amígdala é essa parada aqui, que faz parte do sistema límbico, que é responsável
principalmente por perigo, análise do perigo, medo.

E é engraçado como muitas vezes ela nos sequestra. Eu já falei isso já, no
Bloqueio do Sucesso também, como nós somos movidos pelo medo, muitas vezes a
gente começa a ver uma matéria na televisão que tem a ver com uma coisa ruim,
um sequestro. Você quer ver porque no fundo é sua amígdala sequestrando sua
atenção pra dizer “velho, vê isso aí, porque vendo isso aí, pode ser que tudo se
proteje e não caí nisso que tá acontecendo aí”.
Então, o sequestro da amígdala, é quando a gente perde a nossa razão e fica
movido simplesmente pelo medo, pelo poder da amígdala e trazendo para uma
situação bem do que eu falei das técnicas. Lembra do advogado do diabo, do
advogado do anjo. Normalmente, o advogado do diabo, essa vontade que a gente
tem incontrolável de mediante de uma ideia querer julgar, querer criticar, tem um
pouco a ver com isso também, com a gente querer sempre encontrar o perigo das

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coisas, ver o que vai dar errado e esquece de ser advogado do anjo, de construir
em cima daquilo.
O Daniel Goleman chama inteligência emocional. Navy Seals, os
americanos, chamam de Mental Toughness, será como é que fala isso, toughness
que é firmeza mental, dureza mental.

Mas que no fundo tem a ver com a inteligência emocional de Goleman e


achei muito legal esse frameworkzinho aqui.

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Que pega aqueles três F’s, que são as respostas que o cérebro reptiliano e o
sistema límbico ligam muito que é o fight, flight e freeze. Ele coloca no framework, e
adiciona um face que é encarar a parada né. E ele coloca num framework que é um
seguinte, oh: Aqui pra cima, é quando você engaja com a coisa, quando você se
conecta. Aqui é quando você se desengaja, aqui na esquerda e na direita é quando
você repele, se afasta e quando você se atrai.
Por exemplo, o fight é você tá querendo repelir aquilo, mas tá repelindo
engajando, porque brigar é engajar, é um engajamento negativo, mas é engajar.
Enquanto que o flight que é o vazar, é você repelir e desengajar, você tá indo
embora e não tá engajando.
O freeze é o desengajamento, mas você tá atraído porque você tá ali perto,
mas quando você paralisa, você fica perto.
E o mais legal de todos é o face, ai vem a inteligência emocional, a mental
dureza que é você encarar as palavras, claro, com tranquilidade, com clareza,
dando nome às coisas, sabendo onde tá se metendo, sabendo os riscos, mas
encarar. Fecha o parênteses que eu queria abrir.
Voltamos aqui, ao que eu tava falando o cérebro trino e o interessante é o
seguinte, quando o Paul MacLean lançou esse livro que bombou a teoria, foi o ano

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de 1990. Nesse mesmo ano, Bush, Bush pai, ele assinou uma lei lá, declarando,
que 1990 estamos começando a década do cérebro.
Que foi uma parada que, uma lei que implicou que várias instituições de
pesquisa alocassem uma verba grande a estudos do cérebro, porque chegou a hora
de estudar o cérebro e tal. Isso aqui era o site desse projeto, lá em 1990, tinha o
site desse projeto já. E o que que rolou de diferente nessa década do cérebro que
Bush chamou? Duas tecnologias mudaram o jogo das pesquisas em relação ao
cérebro.
Primeira, todo mundo já entrou, eu acho, nisso. Eu já entrei várias vezes
porque eu já tive um tumor e tive que fazer mil vezes isso aí, que é uma máquina de
ressonância magnética, ressonância magnética funcional e isso é uma parada que
começou a existir e ficar acessível a partir dos anos 90, assim como o
eletroencefalograma também.
E… por que essas duas coisas são tão disruptivas para pesquisa do cérebro?
Eu compararia até o que o telescópio foi para a astronomia e o que o microscópio
foi pra biologia, é mais ou menos o que a ressonância magnética funcional e o EEG,
o eletroencefalograma foi pra neurociência.
Porque velho, antigamente, os caras, só estudavam os cérebros mortos.
Olhavam a anatomia, ou conseguiam perceber o cérebro através de
comportamentos externos das pessoas, atitudes. O que mudou com aquilo ali é que
agora você pode fazer pesquisas de pessoas vivas, dentro da máquina ou com os
eletrodos aqui na cabeça e isso muda o jogo, você consegue ver o que acontece no
cérebro e o EEG e o RMF, que é ressonância magnética funcional.
Eles se complementam porque o EEG mostra a atividade elétrica, enquanto
que a ressonância magnética funcional te dá a imagem que você consegue ver com
sangue, de acordo com o fluxo de sangue no cérebro, ele bota lá em cores, as
áreas. Então, o EEG que mostra mais ou menos em que momento acontece as
coisas, as necessidades e a ressonância magnética te mostra onde está
acontecendo, em que região do cérebro também a intensidade.
Cês lembram, lá no bloqueio do ocupado, que eu mostrei um trechinho de um
documentário da BBC mostrando aquele cientista que descobriu o que acontece no
cérebro na hora do insight? Ele fez isso utilizando essas tecnologias, se não seria
impossível, eu vou botar só um trechinho, um trechinho daquele comecinho só pra
poder, é um trecho do trecho, daquele documentário pra gente lembrar. Vídeo.

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Você vê, como é que ele sabe disso? Aqui é o paper dele né, “atividades
neurais quando as pessoas resolvem problemas verbais com um insight”. É, como é
que ele descobriu isso? “Ah, na hora do insight acontece isso porque tá tendo um
mapeamento em tempo real de pessoas vivas”.
Não só vivas, desempenhando em vivo, coma, as pessoas estão
desempenhando ali atividades, desafios que ele manda e de acordo com o desafio
ele monitora o cérebro e compara o que acontece em cada situação de acordo com
a solução dada.
Toda essa pesquisa dele tá nesse livro aqui que é maravilhoso, um dos
melhores livros de neurociência que eu li até hoje, conectado com criatividade,
claro. The Eureka Factor, é, o estudo desse cara, como ele conseguiu perceber o
que acontece no cérebro antes do insight. Virou matéria no mundo todo e eu diria
até que foi um grande, ele, esse cara, ele foi um dos maiores divulgadores da
criatividade, do estudo da criatividade porque ele conseguiu Washington Post, New
Yorker, The Wall Street Journal, CNN, é… News Week, Galileu, tudo matérias
trazendo essa nova abordagem que ele conseguiu pesquisar usando aquelas
tecnologias e eu queria abrir um parêntese aqui, pra contar só uma coisa.
Cê lembra que eu falei do Roberto Limeira Barreto, várias vezes, ao longo
do curso, o cara que é uma grande referência pra mim, li vários livros dele e que eu
tentei contato com ele por e-mail e ele nunca me respondeu. E eu descobri que ele
tinha morrido dois meses antes de eu ter mandado esse e-mail. Ele já era um
senhor de idade e tal, mas eu tentei contato, tentei aproximação.
Engraçado que esse cientista, do livro, lá da BBC, eu tentei contato com ele e
mandei “E aí, John! Acabei de ler o seu livro e gostei, sou um comediante brasileiro
e professor de criatividade”. Sabe o que aconteceu, ele demorou não, ele me
respondeu “E ai, Murilo, beleza? Feliz ano e, tal, num sei o quê, minha avisa se
você tiver alguma piada de criatividade ou história”. E aí eu, opa, tenho um bucado
de coisa, papai.
Ai eu peguei e mandei “meus pensamentos sobre comédia e criatividade” e
mandei uma palestra minha em inglês que eu tenho, resumindo meu pensamento
sobre criatividade, conexão com comédia e tal. E aí ele me respondeu “obrigado, eu
e a minha esposa vamos assistir agora”. Ai eu, legal. Aí passou, isso aqui, oh, isso
foi no dia 12 de janeiro e tudo isso foi na mesma hora, ai passou uns dias, ele não
falou mais nada, ai eu, caralho, vou dar uma pequena cutucada.

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Ai no dia 14 eu mandei, “Hi, John! Cê chegou a ver o negócio, tô curioso em
relação ao seu feedback”. Ai, ele respondeu, dois dias depois, aí eu pensei, ih perdi,
deixa pra lá, tentei o approach, aí dois dias depois, ele respondeu “sua palestra
Comedy Thinking é excelente, muito consistente com a pesquisa científica sobre
criatividade. Realmente, eu gostei muito, obrigado!”. Ai eu, massa. “Obrigado por
receber seu feedback,tal, num sei o que”. E ai, oh, ele pegou e postou no Twitter
dele “Hey, everybody, aqui está o link de Murilo Gun, terrific talk sobre criatividade e
Comedy Thinking” e divulgou e um outro cientista assistindo a minha parada.
E ai mais, eu descobri que uma cientista que segue ele, Carola, comentou,
“eu gosto quando ele pede para as pessoas comentarem a pior solução para um
problema. Piadas e bom humor, aumentam os insights e tal”. Ai eu vi que ela era
cientista, peguei, vi o site dela. Ela é uma cientista PhD, estuda criatividade,
inclusive achei legal isso aqui no site dela tem os links, tem click outside the box,
haha que merda, mas eu achei engraçado.
Perguntei, mandei pra ela, “gostei do click outside the box do seu site, achei
diferente”, ai ela respondeu “hahah thanks”, ai eu também. Ai eu descobri que ela
trabalha nesse laboratório chamado Creative Brain Lab, que é um laboratório do
coautor do livro Eureka! do John, que é o Mark Berman. E agora, tanto o John,
quanto a Carola estão me seguindo no Twitter e eu tô conectado com eles.
Eu quis mostrar isso sabe por que? Porque eu, como palestrante, viajo muito
dando palestras. E engraçado como é que eu vejo que as pessoas elas tem medo
de tentar contato, de conexão com o cara que tá ali em evidência.
Eu sou um cara, que desde de adolescente, eu ia pra palestras, eu lembro
que eu em 97/98, ia na palestra do Marx Gehringer, o cara da palestra e eu falei,
velho, eu vou falar com ele no final, vou atrás dele no final, eu vou, se tiver fila, eu
fico na fila, eu vou lá atrás. E cara, grande parte das vezes, exceto talvez Madonna,
você consegue falar com as pessoas, pelo menos falar rápido, deixar cartão, deixar
contato, ou então não consiga, mas tentar, tentar pelo menos.
Tem uma história que eu vi numa matéria, a Anitta, cantora Anitta, ela
falando que tá solteira, num sei o quê. Ela falando que ela vai na balada e ela tava
puta porque os cara não chegam nela mais, ninguém dá em cima mais dela porque
todo mundo fica ai Anitta, Anitta, não vou dar em cima de Anitta, peraí, tô louco?
Entendeu? E ela tava reclamando, porra, dê em cima de mim, velho, eu num quero

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dar só pra global não, eu quero dar pra todo mundo, pra outras pessoas normais
também, entendeu e ela tava reclamando disso.
Então, é mais ou menos parecido, que as pessoas criam uma, “não, Anitta,
não vou dá em cima dela”. “Ah, Marx Gehringer, eu não vou falar com ele”. “Ah, é o
cientista americano, autor de um best seller”. Cara, sempre tente a conexão, sempre
que encontrar a pessoa, tente, não se frustre se não conseguir. Eu mandei ali, não
exagere, enchendo o saco, eu mandei ele ali, ele me respondeu, esperei dois dias,
vou mandar só pinguizinho, só mais um contato, se ele não responder, vou deixar
quieto.
Porque é melhor você também não ter contato do que você encher o saco.
Então você tenta rapidinho ali. Viu na balada Anitta, chega nela, papai, chega nela,
troca uma ideia, vai lá, se der certo, der errado, tudo bem, negócio é tentar. Então,
fecha parênteses.
Voltando aqui, a história do cérebro trino, eu falei que o Sagan difundiu muito
esse conceito através desse livro dele. E esse livro dele, o subtítulo é “especulações
sobre a evolução da inteligência humana”. E aí veio uma dúvida que rola, mas e aí,
beleza, mas, por que então o nosso cérebro, como ele perguntou aqui, porque
nossa inteligência humana evoluiu tão mais que a dos outros animais?
E aí tem uma teoria pra isso que eu acho fantástica, né. É a teoria de que o
que nos faz humano, cozinhar. Cozinhar é o que nos faz humanos. A invenção do
cozinhar fez com que o cérebro vira-se um gradativo diferencial para os humanos.
Como é que é essa história, vou explicar melhor:
O cérebro, ele ocupa, a nível de espaço, ele ocupa um espaço muito
pequeno do corpo todo. Mas o cérebro gasta muita energia, consome muita energia.

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Então, desproporcional até o espaço que ele ocupa e a comida é a nossa
fonte de energia, por isso, existe uma grande relação entre, pra poder ter um
cérebro como o nosso, consumir energia, nós precisamos ter uma grande fonte de
energia. Dá uma olhada nesse TED dessa cientista explicando essa relação do
cozinhar com isso aí. Vídeo.
É interessante porque ela casa com esse gráfico, mostrando aqui, é… aqui o
tamanho do cérebro e aqui existe as espécies e mostrando que mais ou menos no
cooking, quando começou o cooking, ocorreu um crescimento incrível do tamanho
do cérebro e é impossível não olhar pra esse gráfico e não lembrar do gráfico que
eu mostrei tantas vezes, né.

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Ou seja, o cooking, o ato de cozinhar, a utilização do fogo para fins de tornar
o alimento mais pré-digerido, como ela falou, foi o joelho da curva exponencial da
evolução da mente humana. Foi o ponto que o negócio, puff, pipocou, o joelho da
curva.
E esse aqui é o paper dela e o interessante não sei se perceberam é que ela
é brasileira, sotaque nem parece, o sotaque, brasileira, carioca, Suzana, uma
grande cientista. No momento, não mora no Brasil, tá fazendo pesquisa no exterior,
mas ela é brasileira.
Ou seja, o que fez a gente ficar diferente, deste tipo de espécie,. Lembrando
que o pessoal fala muito, “ah nós viemos do macaco”. Nós não viemos do macaco,
não veio do gorila, nós temos antecessores em comuns a eles, o que é diferente.
Mas, o que fez a diferença é que esses bichos tinham que passar cerca de
nove horas por dia comendo e num tinha tempo pra fazer nada mais, a vida deles
era só procurar comida e comer e depois procurar comida de novo e comer e não
tinham tempo pra fazer outras coisas até que a espécie humana começou a utilizar
o fogo para cozinhar, isso permitiu ganhar tempo e permitiu termos a energia

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necessária para termos o cérebro que é muito como ela chama, caro, ela fala
expensive, caro no sentido de gastar energia.
E aí, nós começamos a desenvolver o neocórtex, e aí, vem uma coisa que é
exclusiva do homem, que tá no neocórtex, que é a capacidade de abstrair, de
imaginar, de criar imagens. Como Alex Osborn, a imaginação aplicada em
criatividade, a gente precisa criar pra quê? Pra criar formas mais eficientes de caçar
e criar ferramentas e coisas que cada vez mais, otimizassem o nosso tempo e
fossemos com ferramentas e por aí vai.
Quando eu vejo esse gráfico aqui, eu não consigo não lembrar da minha
experiência na Singularity e eu recuperei essa foto aqui. Isso é uma foto que eu tirei
de um slide de uma aula mostrando a evolução do preço pra conseguir sequenciar o
genoma humano. É, vou explicar o que é sequenciar genoma humano, vou explicar
pelo menos, pelo primeiro gráfico aqui.

Então, em 1990, começou o projeto do genoma humano em que eles


gastaram 3 bilhões de dólares, durante 13 anos, um esforço global pra conseguir
sequenciar o genoma humano.
Aí oh, a partir de 2001, isso já passou a ser 100 milhões e aqui, quando vai
diminuindo, significa que o preço vai abaixando. Então em 2001, foi abaixando, até
que em 2006, você vê que a partir de 2006 o negócio começou a descer mais, ou
seja, alguma tecnologia, algo evoluiu aqui, fez o negócio ficar, aumentar o preço de
performance como ele chama, que é preço cada vez barato pruma performance
cada vez melhor.

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Começou a baixar muito até que em 2014, por mil doláres, já se tem, essa
empresa aqui, Illumina, foi quem deu a palestra pra gente lá, conseguiram
sequenciar o genoma humano por mil doláres. É interesse porque se você pegar
esse gráfico aqui e inverter, é uma curva meio exponencial.

Tem que inverter porque como é um gráfico de preço, ele diminui, mas o
comportamento de um fato, a gente tende a querer projetar isso aqui linear e projeta
linear chegaria aqui, mas a tecnologia não é linear, a tecnologia sempre tem esses
saltos quando alguém tem um insights. O que é esses insights, esse salto de lógica
e esse salto de lógica faz o negócio acelerar, pisa no acelerador e acontece muito
mais rápido. Então, aqui oh, parece uma curva exponencial.
Deixa eu explicar esse negócio de que que é sequenciar o DNA. Sequenciar
o DNA é basicamente, colocar o DNA numa sequência, é simplesmente isso. No
caso, os pares de letras do DNA, que é GA, TC, quando você começa a pegar uma
fita e consegue trazer ela pra uma série de letras, você codifica a vida, você
transforma a vida em dados, em informação, em código fonte.
E isso tem uma repercussão muito grande, porque quando começa a ficar
muito acessível, como está hoje a possibilidade de você transformar a vida em um
código. Acontece uma grande mudança que a vida passa a não mais ser regida pela
evolução biológica que é lenta, a evolução biológica é lenta, as coisas vão

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modificando, são milhares e milhares de anos, pra uma espécie ter alguma uma
modificação. Por exemplo, não ter mais o siso. É como a gente vê que tá ocorrendo
uma mutação da nossa espécie em relação ao siso mas se demora muitos anos,
milhares e milhares de anos. Mas a evolução da tecnologia da informação é
diferente, ela cresce exponencialmente.
Então, esse fato aqui traz milhares de novas possibilidades, olha, “usos pro
genoma, desde usos médicos, até usos pessoais”. Então, porra, pra fazer doenças,
remédios, você passar a ter remédios pra você, específicos pro seu DNA. Pode
quem sabe imprimir o remédio em casa, na impressora 3D e ele funciona
exatamente pra você ou como pra coisas mais simples como simplesmente um
shampoo. Um shampoo que é feito pro seu código genético específico.
Lá no Vale do Silício, as Starts Garagens, sabe? As garagens do Vale do
Silício que a galera e ia lá e fazia no computador. Hoje em dia são Bayer - Bio
Techoniques Labs -, o Bio Curious, eles chamam de um hacker space para biotech.
É um lugar que em vez de ficar abrindo no computador, neguinho fica aqui. Até
assustador porque eles ficam brincando com a vida. E eu peguei, fui pesquisa,
como tá atualmente essa questão do preço do sequenciamento do genoma
humano, porque aquele dado era 2014.
Eu encontrei um site que era um Buscapé, um site de comparação de preços
para empresas que oferecem o serviço de sequenciamento do genoma. Aí tem de
350 dólares à 99 mil dólares, deve ser uma coisa mais avançada, e aqui oh,
encontrou 35 laboratórios que oferecem o serviço, a avaliação do laboratório, um
Buscapé de comparação de preços pra serviço de sequenciamento.
É engraçado que as pessoas se assustam com notícias assim, ah, os robôs
estão criando outros robôs, isso é assustador, “ah, os robôs vão dominar o mundo”.
Cara, é pior é quando os humanos estão criando outros humanos que vai, a
tendência é acontecer né, a gente conseguir manipular a vida a ponto de criar vida.
É, quem não conhece o seriado West World, da HBO é maravilhoso, é
exatamente o futuro que a gente consegue criar vida, consegue criar robôs
perfeitos, inclusive, robôs com sentimentos e isso começa a dar vários problemas. É
o que eu falei lá trás, no Mito do Artista que é quando tudo vira dados e entramos na
Matrix. É o que o Ray Kurzweil chama de Singularity.
Então, enquanto Bush falou que 1990 era a década do cérebro, agora nós
estamos na década da biotecnologia, que é a capacidade de talvez não só estudar o

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cérebro, mas talvez criar os cérebros. Tá perguntando agora, tá, Murilo, tá indo
longe, qual a relação com criatividade? Vai chegar, antes eu só queria abrir uma
pequena polêmica aqui.
É… a pequena polêmica é o seguinte, o início da polêmica, eu tenho um
aviso de início de polêmica. A evolução das espécies ocorre através da seleção
natural, não é os mais fortes que sobrevivem, são os mais adaptados que
sobrevivem, ou seja, a cada nova espécie que chega, quem consegue se adaptar
ao contexto vai ficando, os não adaptados vão morrendo e não se reproduzem e
surgem do mapa.
Então, aqui tá o exemplo.

Aqui você tem uma espécie, aqui você tem mutações, determinada mutação,
por algum motivo, não tá adaptada, por algum motivo ela não se reproduz e esse
braço aqui não existe mais. Então, esses dois crescem, até que chega em algum
lugar, ou seja, a evolução biológica, ela tem algumas ruas sem saídas que são as
espécies que morrem aqui, porque não tão adaptadas e não se reproduzem, beleza.
Já parou pra pensar e isso é bem difícil de pensar. Como nós, em função da
nossa inteligência, estamos desrespeitando a evolução da espécie. A evolução da
medicina está fazendo uma coisa muito louca com a natureza. Nós estamos agora
conseguindo fazer com que espécies não adaptadas sobrevivam e se reproduzam.

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É bem escroto falar isso, mas, por isso que eu falei que é polêmico, mas vale
refletir sobre isso. Já parou pra pensar que seguindo as leis da natureza, Stephen
Hawking, não era pra ter sobrevivido, não era pra ter sobrevivido. E a gente não
teria as ideias dele no mundo, por que? Porque ele nasceu com uma doença que se
ele estivesse na selva, ele não teria sobrevivido, mas as tecnologias que temos hoje
permitiu com que ele sobreviva.
É, tem até um filme chamado Idiocracy, que é um filme de humor que fala
sobre isso, né, como as espécies com menor Q.I se reproduzem mais do que as
espécies com maior Q.I e ai começa a viajar e o mundo vai ficando cada vez mais
burro, burro, burro, burro, porque nós permitimos que as espécies menos adaptadas
sobrevivam e se reproduzam mais.
É claro que quando a gente vê essa minha reflexão a gente pensa todos têm
o direito de sobreviver. Lógico, os direitos humanos, direito à vida, liberdade, só
lembrando um outro detalhe, direitos humanos é uma imaginação nossa. Lembra do
livro Sapiens? Direitos humanos não existem, a gente que imaginou isso aí, não
fazem parte da lei da natureza, ou seja, nós estamos de fato mudando o curso da
humanidade, claro, muitas vezes pro bem, mas pode acontecer muitas coisas
negativas, fim da polêmica. Toma essa, papai.
Vamos, lá! Legal, bonito esse negócio de cérebro, num sei o que, legal
curioso, singularity, biotech, caralho a quatro, beleza, que que isso tem a ver com
criatividade? Trazendo agora pro nosso tema aqui.
Como eu falei, o cérebro ocupa um espaço pequeno, mas gasta muita
energia. E qual o problema disso? Lembra qual é a diretriz primária do nosso
cérebro mais primitivo? A diretriz é survive, sobreviver. E, pro cérebro, sobreviver
significa gerir energia, poupar energia.
Já parou pra pensar o seguinte, que se fizesse uma linha do tempo dá
existência do Homo Sapiens no planeta, uma linha do tempo, como se fosse um
jogo de futebol, pois bem, até os 44 do segundo tempo, ou seja, grande parte da
nossa existência, o acesso a energia era muito difícil.
Energia, o quê? Comida. Por que? Porque cara, quando tinha, tinha que
caçar um bicho novo, não tinha sistema de refrigeração, não tinha como guardar,
armazenar, a gente tinha que todo dia tá caçando, tá preocupado se vai ter comida
hoje. Grande parte da existência humana foi assim que funcionou. De alguns
séculos pra cá, séculos, que não são nada, perante a nossa existência, de alguns

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séculos pra cá que a gente passou a ter acesso à energia, a comida abundante,
nem todo mundo tem ainda, mas grande parte do planeta tem, a hora que quiser,
quando quiser, conseguimos conservar e tal.
O problema é que o nosso DNA ele funciona num ritmo diferente, a evolução
biológica é muito lenta, então, o nosso DNA ainda acha que nós estamos na selva
africana. Ele não atualizou o software ainda pra perceber que nós temos energia
abundante. Então, ele continua obcecado em poupar energia, continua obcecado
em buscar o caminho mais curto, o caminho com menos gasto energético. Então, o
cérebro é um gestor de energia e criar soluções novas gasta muita energia,
enquanto que usar soluções conhecidas gasta menos energias, portanto, por mais
paradoxal que pareça, “o cérebro não gostar de pensar criativamente!”. Não
interessa ao cérebro isso aí. O cérebro gosta sabe de que? De acessar padrões.
Nós somos caçadores obsessivos e doentes por padrões. A gente adora
padrões. Você começa olhar pra uma nuvem, em poucos segundos você começa a
ver um castelo. Não tem porra nenhuma ali, mas você vê um elefante. Por que?
Porque enquanto o seu cérebro não conseguir encaixar aquela forma da nuvem
num padrão que você conheça, ele fica perriado. Na hora que ele vê um castelo e
um elefante, ele fica, “nó, ai sim, hein papai, ai temos um castelo, ai é nois”.
Eu gosto muito de viajar. Eu tirei umas fotos na viagem pra Turquia que achei
engraçado que era na capadócia, um monte de morro, aquele monte de coisa e aí
sempre tinha assim: um morro, uma pedra, aí pedra do coelho, porque parece um
coelho, olhinho do que coelho, num sei o quê.
Ai o outro era isso aqui, parece dois olhos e uma boca. E os caras sempre, e
isso cara, é um exemplo do nosso cérebro caçador de padrões. Por que qual o
padrão que a gente mais conhece? O padrão que a gente é acostumado a ver
desde o um ano de idade. O rosto humano, que a gente tá lá, mamando na sua
mãe, sua mãe olhando e esse é o padrão que você vê, o padrão dois olhos e uma
boca e um nariz, esse é o padrão mais básico nosso. Por isso, algumas pessoas
vêem rostos numa torrada vê o rosto de Jesus, num sei o quê, a gente fica
obcecado em encontrar rostos nas coisas porque esse é o padrão.
Então, é isso, a gente vê rosto em tudo que é lugar, olha pra uma pedra, vê
um rosto, olha pra um buraco vê rosto tudo quanto é lugar. É, resumindo então, os
animais, os outros animais, fora a gente, nós somos animais também, e os humanos
têm essa diretriz de sobrevivência. Só que os animais são comandados pelo instinto

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e eles não conseguem não obedecer o instinto. Enquanto que nós, somos
comandados por padrões, que seriam o nosso instinto, com a diferença que nós
conseguimos quebrar os padrões. Nós, se quisermos, conseguimos quebrar os
padrões e isso requer energia. Hard Work, Papai. Então a questão é “vamos
gastar energia?”. A única forma de fazer coisas diferentes, criativas é desafiando o
nosso próprio cérebros. Por isso, nos bloqueios anteriores falava muito de raspar,
ah, tem que raspar essa aprendizagem. Aqui, quando se lida com o cérebro na
verdade é uma luta, não é nem raspar, é lutar com o cérebro, tem que brigar.
Cê lembra o que eu falei lá na aula start “a gente é muito bom em enrolar a
gente mesmo”, a gente é muito bom em convencer pelo caminho que gasta menos
energia. É o objetivo do cérebro, poupar energia. “a gente é muito bom em nos
convencer a ficar na zona de conforto”, lembra? A zona de conforto, que eu
mudei o nome, botei um nome ruim aqui, zona de estagnação e um nome bonito
aqui, zona de diferenciação.

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Pra fechar essa aula, eu queria também retomar um outro círculo que eu
também já mencionei no curso, lembra o círculo de ouro, Golden Circle do Simon
Sinek que primeiro começa com why, depois o how, depois o when.
E na verdade você pode olhar com esse olhar de que o why comunica com o
cérebro límbico porque o why te dá o propósito, o why te dá o motivo e o motivo
gera motivação. Ou seja, pra gente conseguir ter forças pra lutar contra o nosso
próprio cérebro, cujo objetivo é poupar energia e a gente como fazer , que não
papai, vamos fazer energia, nós precisamos de um bom why, um bom por quê,
porque senão fica muito caro, fica muito difícil, requer esforço demais. Quando a
gente já tem um bom motivo, a gente consegue ir de encontro ao nosso próprio
cérebro e gastar mais energia, já que a gente tem energia abundante, não precisa
ficar com essa pirangagem do cérebro.
Por isso, a importância de um assunto que as pessoas, muitas pessoas
julgam como bobagem que é propósito, estar conectado com coisas que façam
sentido pra você, que você tem um motivo pra fazer aquilo e por aí vai.
Fechamos então bloqueios cerebrais, vamos agora entrar nos bloqueios:
bloqueio das tradições, bloqueio da lógica e o bloqueio mais importante do curso, o
bloqueio do subentendido ou bloqueio do implícito e que você só vai poder acessar
o bloqueio do subentendido se você tiver acessado e concluído os outros oito
bloqueios. Então, se você pulou algum, corre lá pra fazer e não deixa de
acompanhar o da lógica e o das tradições.
Bem, como sempre, vamos encerrar como uma música, é uma música de
uma banda que eu não conhecia, quer dizer, ouvi falar mas nunca tinha me aberto,
banda chamada Korn, uma música chamada Evolution. E ela tem um clip muito
interessante que fala sobre essa questão da espécie está evoluindo e na verdade
está involuindo, ficando cada vez mais burra, claro, tem um exagero, tem uma coisa
meio cômica que eles fazem.
Eu coloquei aqui na aula um clipe da música que mostra uns gráficos muito
interessantes que ajuda a explicar a letra da música, que o povo fala muito gritando,
não dá pra entender muito bem o que eles falam. Nesse clipe não tem legenda em
português, mas eu vou deixar aqui embaixo, no coisas citadas, um link pra música
deles, sem ser o clipe, com legenda em português.

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Também vou deixar nas coisas citadas, o trailer do filme que eu citei,
Idiocracy, porque esse filme, essa música, eles têm mais ou menos essa mesa
teoria, vale a pena ver o trailer porque ele é bem engraçado.

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