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Noções Básicas de Genética

A Genética é a ciência que estuda a transmissão das características hereditárias e


dos genes (segmentos de DNA que as determinam).
Na maioria dos seres vivos, o material genético corresponde ao DNA (ácido
desoxirribonucleico), exceto nos retrovírus, que é RNA (ácido ribonucleico).
O DNA (ácido desoxirribonucleico) é o suporte da informação biológica, onde estão
“escritas” as características de cada organismo, ou seja, é a biomolécula que contem a
informação genética idêntica em todas as células do mesmo indivíduo, necessária para
especificar a sequência de aminoácidos nas proteínas.
Cada molécula de DNA presente nas células possui diversos genes, que
correspondem a segmentos de DNA responsáveis pela transmissão das características
hereditárias, isto é, genes são segmentos de DNA com informação para a síntese de uma
proteína, que é responsável pelo aparecimento de uma dada característica.
Cada molécula de DNA tem como unidade básica o nucleótido (fig. 1), que é
constituído por um grupo fosfato, uma desoxirribose (pentose) e uma das quatro bases
azotadas (adenina, ou timina, ou citosina ou guanina). O DNA, que se replica
semiconservativamente, é formado por duas cadeias polinucleotídicas enroladas em
dupla hélice (fig. 2).

Figura 1 – Representação esquemática de um nucleótido.


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Figura 2 – Níveis de organização do material genético das células eucarióticas


(DNA e proteínas).

Nos eucariontes, o material genético (DNA) localiza-se maioritariamente no núcleo e


nos procariontes está disperso no citoplasma, formando o nucleoide. Esse material
encontra-se organizado em cromossomas e cada um pode ter um ou dois cromatídeos
unidos pelo centrómero. O filamento de DNA presente em cada cromatídeo, enrola-se em
torno de um conjunto de histonas (proteínas) formando um nucleossoma. Os
cromossomas correspondem às unidades morfológicas e fisiológicas da cromatina
(agregados filamentosos de DNA e proteínas).
O cariótipo é o conjunto de todos os cromossomas homólogos com sua forma,
tamanho e número, existente no núcleo das células, que contêm a informação genética e
que é característico de cada espécie.
No ser humano (ser diploide – 2n), o cariótipo é constituído por 46 cromossomas,
portanto, no núcleo das células somáticas, em condições normais, existem 22 pares de
autossomas e um par de heterossomas ou cromossomas sexuais (fig. 3). O cariótipo da
mulher é representado por 46, XX ou 44A+XX e o do homem por 46, XY ou 44A+XY.

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Figura 3 – Representação esquemática do cariótipo humano.

No núcleo dos gâmetas (células haploides - n) existe metade do material genético,


ou seja, 23 cromossomas. Cada oócito II possui 22 autossomas e um cromossoma sexual
X, então o seu cariótipo é 23, X ou 22A + X e cada espermatozoide contém 22
autossomas e um cromossoma sexual, ou X ou Y, então os seus cariótipos possíveis são:
23, X (22A + X) ou 23, Y (22A + Y). Desta forma, quem determina o sexo da criança é o
gâmeta masculino. Quando ocorre a fecundação, isto é, a junção espermatozoide com o
oócito II forma-se o ovo ou zigoto (célula diploide – 2n), que, por mitoses sucessivas,
forma-se o embrião e mais tarde um novo indivíduo que apresentará 46 cromossomos em
cada célula somática, com metade da informação genética proveniente do pai e metade
da mãe.

Mutações e Seus Efeitos

As células, em condições normais, diariamente sofrem inúmeras alterações ao nível


do DNA mas, graças aos mecanismos de reparação, são raras as que persistem e essas
alterações permanentes do genoma (conjunto de todos os genes de um indivíduo),
denominam-se mutações e os indivíduos que as possuem designam-se mutantes.
Os efeitos das mutações são desde inconsequentes a fatais. Portanto, essas
alterações, que ocorrem de forma aleatória no genoma dos indivíduos, podem ser
prejudiciais, neutras/silenciosas (quando não causam nem vantagens nem
desvantagens nos seus portadores) ou benéficas. Estas alterações, frequentemente,
estão relacionadas a algo ruim, por estarem associadas ao aparecimento de doenças,

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síndromes, certos tumores e até a morte. Estima-se que 8,1% de todas as gestações
tenham alguma mutação cromossómica e que ela seja responsável por cerca de metade
dos casos de aborto espontâneo.
Contudo, as mutações também são fonte primária de informação genética,
influenciando diretamente o processo de evolução dos seres vivos e, por vezes, a chave
do seu sucesso evolutivo, ou seja, permitem criar novos genes alelos, contribuindo para
uma maior variabilidade genética, que aumenta a capacidade das populações se
adaptarem às mudanças ambientais. Podem produzir características favoráveis num dado
ambiente e desfavoráveis em outro. Por norma, quando a mutação faz surgir uma
característica vantajosa para o indivíduo, ela é mantida, logo o genótipo das espécies é
fruto de mutações vantajosas, que foram preservadas ao longo do tempo pela seleção
natural.
As mutações podem ocorrer nos gâmetas (células da linha germinativa) ou em
células somáticas. As que ocorrem nos gâmetas designam-se mutações germinais ou
germinativas. Estas ocorrem durante a replicação do DNA que precede a meiose e como
ocorrem nos gâmetas, são transmitidas em parte ou a toda a descendência. Portanto,
estas mutações afeta os gâmetas e todas as células que deles dependem após a
fecundação.
As mutações somáticas são as mutações que ocorrem nas células somáticas (nas
outras células), durante a replicação do DNA, que precede uma divisão mitótica e,
portanto, não são transmitidas à descendência e estão na origem de certos cancros.
As mutações podem ocorrer espontaneamente, por exemplo, durante a duplicação
do DNA ou serem induzidas por exposição a agentes mutagénicos físicos (raios: gama,
X, UV, cósmicos e radiação atómica), químicos (colquicina, gás mostarda, fumo do
tabaco, corantes, conservantes e nitrosaminas) e biológicos (alguns vírus e bactérias).

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Tabela I – Mutações germinativas.


As mutações germinativas podem ser:
- São mutações que afetam um determinado gene que
provocam pequenas modificações no nº ou na sequência
de nucleótidos.
- As mutações génicas podem ser: por deleção (perda de
um nucleótido), por inserção (ganho de um nucleótido)
ou por substituição - com perda de sentido, sem sentido e
Génicas silenciosa (neutra).
quando modifica - Estas mutações, exceto a silenciosa, conduzem à
a sequência produção de proteínas mutantes que levam ao
nucleotídica do aparecimento de doenças, como anemia falciforme,
DNA. albinismo, hemofilia, fenilcetonúria, daltonismo,
fibrose cística, polidactilia, paramiloidose, entre outras.
A mutação silenciosa, devido à redundância do código
genético, não traz consequências para o seu portador,
pois as proteínas sintetizadas não perdem a sua
funcionalidade.

Estruturais – São alteração que afetam a estrutura, ou


seja, o número ou o arranjo dos genes nos cromossomas, mas
o número destes mantem-se.
Cromossómicas Estas mutações podem ser provocadas por:
quando afeta a - Deleção (perda de material cromossómico);
estrutura ou o nº - Duplicação (repetição de uma porção do cromossoma);
de cromossomas. - Inversão (rotação de 180º de um segmento
cromossómico em relação à posição normal sem alterar a
sua posição nos cromossomas);
- Translocação simples (transferência de um segmento
de cromossoma ou de um cromossoma inteiro para um
cromossoma não homólogo);
- Translocação recíproca (troca de segmentos entre dois
cromossomas não homólogos).
Por exemplo: a doença Síndrome de “Grito do gato” é
uma mutação cromossómica estrutural por deleção, e a
leucemia mielóide crónica é uma mutação cromossómica
estrutural por translocação recíproca.

Numéricas – Quando há alteração no número de


cromossomas no cariótipo. Origina monossomias,
trissomias ...

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As mutações cromossómicas numéricas, como referido, são alterações que afetam o


número de cromossomas no cariótipo e podem ser de dois tipos: euploidias e aneuploidias,
sendo esta última, o objeto de estudo do presente trabalho.
As euploidias são alterações cromossómicas numéricas que se caracterizam pela
alteração de todo um conjunto de cromossomas ou genomas. Podem resultar na perda ou
ganho de um conjunto de cromossomas haploides e, assim, o número de genomas
ocorrem em múltiplos inteiros, ou seja, o indivíduo será n, 3n, 4n, 5n, 6n, etc. A euploidia
é comum no mundo das plantas, como, por exemplo, o trigo, que possui variedades
diploides, tetraploides (4n) e hexaploides (6n). Já na espécie humana a ocorrência de
euploidias é raríssima e, quando ocorre, é incompatível com a vida (fig. 4).

Figura 4 – Indivíduo triploide (3n) e o respetivo cariótipo.

Aneuploidias

As aneuploidias são alterações ou mutações cromossómicas numéricas, que se


caracterizam pela perda ou ganho de um ou mais cromossomas (tanto nos autossomas
como nos heterossomas) no cariótipo, envolvendo apenas um par de cromossomas.
A área da ciência que estuda as aneuploidias é a citogenética, que é o campo da
genética que estuda os cromossomos, sua estrutura, composição e papel na evolução e
no desenvolvimento de doenças.
As aneuploidias podem ou não trazer complicações para os indivíduos afetados, as
que envolvem cromossomas sexuais ou heterossomas são menos graves do que as
autossómicas. No Homem, estas mutações são responsáveis por causar doenças,
distúrbios, síndromes (que adiante serão desenvolvidos) e até a morte.

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Classificação das Aneuploidias

As aneuploidias classificam-se em nulissomias, monossomias e polissomias e estas


em trissomias e tetrassomias (tabela II).
Tabela II – Classificação de aneuploidias.
Nulissomia – Ausência de um par de cromossomas homólogas (2n – 2).
Aneuploidias

Monossomia – Ausência de um dos cromossomas de um par de homólogas


(2n – 1).
Trissomia – Existência de três
Polissomia – Aumento do número de cromossomas homólogos (2n + 1).
cromossomas (um ou mais extra). Tetrassomia – Existência de quatro
cromossomas homólogos (2n + 2).

Nulissomias
As nulissomias correspondem às aneuploidias mais raras e específicas, em que se
verifica a ausência de um par de cromossomas homólogas (2n – 2), portanto, os seus
portadores possuem dois cromossomas a menos. Na espécie humana, este tipo de
aneuploidia, pode afetar o cromossoma X e, nesse caso, é letal, não sendo viáveis
embriões com cariótipos 45Y ou 46 YY, ou mesmo sem heterossomas.

Monossomias
As monossomias ocorrem quando o indivíduo apresenta apenas um dos
cromossomas de um par de homólogo, ou seja, possui um cromossoma a menos (2n – 1).
Na espécie humana, os embriões com monossomias autossómicas, ou seja, com
falta de uma cópia de qualquer autossoma não se desenvolvem, portanto, esta mutação é
letal. Isto porque os embriões têm uma "dose" muito baixa de proteínas e de outros
produtos que são codificados pelos genes do cromossoma que falta. No entanto, alguns
embriões com monossomias heterossómicas conseguem sobreviver, como é o caso de
portadores da síndrome de Turner, descrita em 1938 por Henry Turner, (fig.5) que é a
única monossomia viável em seres humanos.

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Figura 5 – Portadoras de síndrome de Turner.

Estes indivíduos são caracterizados fenotipicamente como mulheres, que possuem


44 autossomas e apenas um cromossoma X, logo o seu cariótipo é 45, X0 ou 44 A + X0
(fig. 6).

Figura 6 - Cariótipo de uma mulher com síndrome de Turner.

As características das mulheres portadoras de síndrome de Turner são:


 baixa estatura;
 pescoço alado (alargado na base), com pregas cutâneas;
 implantação baixa das orelhas e dos cabelos;
 escoliose e cifose;
 poucos pelos púbicos;
 tórax em escudo (largo) com mamilos espaçados;
 pouco desenvolvimento mamário;

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 infertilidade e problemas no desenvolvimento dos órgãos sexuais, incluindo atraso no


ciclo menstrual (ausência ou problemas de menstruação);
 sistema reprodutor infantil e ovários atrofiados;
 por vezes, atraso mental leve.
Além das características referidas, algumas mulheres podem apresentar problemas
cardíacos e renais, tensão alta, diabetes, entre outros. A grande parte das características
relacionadas com esta síndrome, são mais evidentes na puberdade e, se não forem
sujeitas a um tratamento hormonal, não irão desenvolver os carateres sexuais
secundários.
A incidência desta síndrome é de 1 em 2500 a 3000 meninas nado-vivas, em que a
maioria das vezes, as gestações de meninas com esta síndrome resultam em aborto e
apenas 1% chega até ao fim.

Polissomias: Trissomias e Tetrassomias


As polissomias são aneuploidias onde se verifica aumento do número de
cromossomas (um ou mais), das quais fazem parte, as trissomias e as tetrassomias,
estas últimas são muito mais raras e, no Homem, são inviáveis.
As trissomias ocorrem quando o indivíduo apresenta um cromossoma a mais
(verifica-se a existência de três cromossomas homólogos), ou seja, tem uma terceira
cópia de um cromossoma que deveria estar presente em duas cópias (2n + 1).
As trissomias (tabela III) são as aneuploidias mais comuns em humanos e podem
ser autossómicas, quando envolvem os autossomas, ou heterossómicas, quando
envolvem os cromossomas sexuais ou heterossomas. A maioria das trissomias
autossómicas impede que um embrião se desenvolva até o nascimento, portanto são
incompatíveis com a vida. No entanto, uma cópia extra de algum dos cromossomos
menores (13, 18 e 21) pode permitir que o indivíduo afetado sobreviva por um curto
espaço de tempo após o nascimento (como nas trissomias 13 e 18), ou em alguns casos,
por mais anos (como na trissomia 21).

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Tabela III – Tipos de trissomias mais frequentes na espécie humana.


Trissomias Autossómicas Trissomias Heterossómicas
- Trissomia 21 ou síndrome de Down - Síndrome de klinefelter
- Trissomia 18 ou síndrome de Edwards - Síndrome de: supermasculinidade, ou de
- Trissomia 13 ou síndrome de Patau Jacobs ou duplo YY
- Síndrome do tripo X

Trissomias Autossómicas

Trissomia 21 ou Síndrome de Down


A trissomia 21 ou síndrome de Down, inicialmente, estudada por Langdon Down, em
1866, é a aneuploidia mais frequente na espécie humana, na qual se observa
um cromossoma extra no par 21 (existem 3 cromossomas em vez de dois). Desta forma,
o cariótipo de um homem e de uma mulher com esta aneuploidia é, respetivamente, 47,
XY + 21 (45A + XY + 21) e 47, XX + 21 (45A + XX + 21) (fig. 7).

Figura 7 - Cariótipos de homem (à esquerda) e de mulher (à direita) com trissomia 21.

Os portadores de trissomia 21 (fig. 8), possuem um cromossoma a mais e isso leva


ao aparecimento de características muito marcantes, como:
 baixa estatura;
 orelhas pequenas com implantação baixa;
 face redonda e achatada;
 olhos com fendas palpebrais oblíquas;
 boca pequena e entreaberta;
 língua grande e fissurada;
 prega transversal contínua na palma da mão ou prega simiesca (fig. 9);

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 mãos pequenas, com dedos curtos e alterações na impressão digital;


 pés pequenos e quadrados;
 hipotonia muscular (diminuição do tónus muscular);
 fragilidade nos ossos;
 risco aumentado de doenças cardíacas e respiratórias;
 atraso mental mais ou menos profundo.

Figura 8 – Portadores de trissomia 21.

Figura 9 – Prega transversal contínua na palma das mãos.

As mulheres com trissomia 21 normalmente são férteis e podem ter filhos normais
ou portadores da síndrome, enquanto os homens, geralmente, são estéreis.
A incidência desta aneuploidia, em média, é de um em cada 700 nados-vivos, no
entanto, o risco aumenta com a idade materna (fig. 10). Mais de 20% dos portadores
desta síndrome são filhos de mães com mais de 35 anos.

Figura 10 – Relação entre a idade materma e a incidência de trissomia 21.


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A síndrome de Down é vulgarmente causada por uma terceira cópia do cromossoma


21 (2n + 1), mas 5% dos casos resulta da translocação do cromossoma 21 sobre o
cromossoma 14 e, assim, pode originar um indivíduo com dois cromossomas 14 e três
cromossomas 21.

Trissomia 18 ou Síndrome de Edwards


A trissomia 18 ou síndrome de Edwards, descrita em 1960 por John H. Edwards, é
uma trissomia autossómica em que se observa um cromossoma extra no par 18
(anomalia que apresenta três cromossomas 18).
O cariótipo de um menino e de uma menina com esta mutação é, respetivamente,
47, XY + 18 (45A + XY +18) e 47, XX + 18 (45A + XX + 18) (fig. 11).

Figura 11 – Cariótipos de menino (à esquerda) e de menina (à direita) com trissomia 18.

Os portadores da trissomia 18 apresentam graves deformidades físicas e mentais,


nomeadamente:
 crânio muito alongado na região occipital;
 cabeça pequena e orelhas anormais de inserção baixa (fig. 12);
 boca pequena e triangular;
 pescoço curto;
 mãos fechadas em punhos e os dedos indicadores cruzados por cima dos dedos
médio e anelar (fig. 13);
 unhas subdesenvolvidas;
 corpo mole, choro fraco e dificuldade de sucção;
 grande distância intermamilar;
 ossos da pélvis estreitos e esterno curto;
 dobras de pele, especialmente na região da nuca;
 pés tortos (fig. 14);
 plantas dos pés arqueadas;

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 anomalias graves nos órgãos internos, nomeadamente no coração, pulmões,


estomago, intestinos e rins;
 má formação nos ouvidos;
 problemas respiratórios, devido a alterações estruturais ou ausência de um dos
pulmões;
 baixo peso à nascença;
 os recém-nascidos podem ter hérnias;
 atraso mental profundo.
Devido a todos estes problemas, a maioria das crianças morre antes de completar
um ano de vida.

Figura 12 – Criança portadora de trissomia 18, onde se observa orelhas anormais de


inserção baixa.

Figura 13 - Mão fechada em punho e o dedo indicador cruzado por cima dos dedos
médio e anelar de uma criança com trissomia 18.

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Figura 14 - Pés tortos de um bebé com trissomia 18.

A trissomia 18 é muito mais rara do que a trissomia 21, mas ambas estão
associadas à idade materna, já que, grande parte dos casos é originada de mulheres com
mais de 35 anos de idade. Portanto, 85% dos casos resultam da não disjunção dos
cromossomas durante a meiose materna e apenas 15% são consequentes da meiose
paterna.

Trissomia 13 ou síndrome de Patau


A trissomia 13 ou síndrome de Patau, descrita em 1960 por Klaus Patau, é uma
trissomia autossómica em que se observa um cromossoma extra no par 13 (anomalia que
apresenta três cromossomas 13).
O cariótipo de um menino e de uma menina com esta mutação é, respetivamente,
47, XY + 13 (45A + XY +13) e 47, XX + 13 (45A + XX + 13) (fig. 15).

Figura 15 - Cariótipos de menino (à esquerda) e menina (à direita) com trissomia 13.

As crianças portadoras desta síndrome apresentam graves anomalias quer físicas


quer mentais, nomeadamente:
 malformações graves do sistema nervoso central;
 atraso mental profundo;
 anomalias cardíacas congénitas;

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 problemas urinários e genitais, nos meninos criptorquidia (testículos dentro da cavidade


abdominal) e nas meninas, útero bicorno (dividido em duas partes) e ovários infantis ou
hipoplásticos;
 rins policísticos;
 microcefalia (pode ocorrer);
 baixo peso à nascença;
 aplasia cútis (falta de pele em certas partes do couro cabeludo);
 defeitos da parede abdominal com exposição d os órgãos (pode ocorrer);
 planta do pé pode ter um aspeto arredondado ;
 orelhas malformadas e de inserção baixa (fig. 16);
 surdez parcial ou total;
 fenda labial ou lábio leporino e palato fendido ou fenda palatina (fig. 17);
 polidactilia (dedos extra nas mãos e nos pés) (fig. 18);
 olhos pequenos afastados ou ausentes e, por vezes, um olho no meio da cara e as
orelhas na zona do pescoço (fig. 19).

Figura 16 – Orelhas com inserção baixa numa criança com trissomia 13.

Figura 17 – Em cima, crianças com trissomia 13, que apresentam lábios leporinos e
em baixo a representação esquemática do lábio leporino e da fenda palatina.

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Figura 18 – Polidactilia – dedos extra em crianças com trissomia 13.

Figura 19 – Profundas alterações, onde se visualiza crianças apenas com um olho e


as orelhas na zona do pescoço.

Os portadores da síndrome de Patau, normalmente morrem antes de completar um


ano de vida e a sua incidência é de um para 20 000 nascimentos.
Esta trissomia, tal como a maioria das outras, associa-se à idade materna acima dos
35 anos. A partir desta idade, as mulheres estão mais propensas à ocorrência da não
disjunção dos cromossomas durante a meiose e 40% dos casos resultam de mães com
mais de 35 anos. Esta síndrome, em grande parte, ocorre devido à não disjunção dos
cromossomas durante a anáfase I da meiose, gerando gâmetas com 24 cromatídeos e
cerca de 20% dos casos resultam de uma translocação não-balanceada.
A incidência foi estimada em cerca de 1 caso para 6000 nascimentos.

Trissomias Heterossómicas

Síndrome de Klinefelter
A síndrome de Klinefelter, descrita pela primeira vez, em 1942, por Harry Klinefelter,
é uma trissomia heterossómica, em que os seus portadores têm um número normal de
autossomas, mas apresentam um cromossoma sexual X extra. O seu cariótipo é 47, XXY
ou 44A+ XXY (fig. 20). Assim, esta síndrome afeta homens, que apresentam
característica, masculinas e femininas (fig. 21) e as mais evidentes são:
 maior estatura que a média da população;
 braços e pernas longas;
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 corpo magro, cintura fina, ancas largas e ombros estreitos;


 pénis de tamanho médio mas testículos pouco desenvolvidos;
 hipogonadismo, ou seja, os testículos produzem pouca testosterona;
 esterilidade (pois não produzem esperma), mas não são impotentes;
 músculos subdesenvolvidos;
 QI inferior à média;
 distúrbios cognitivos, psiquiátricos e comportamentais;
 mamas um pouco desenvolvidas, isto é, ginecomastia (inchaço do tecido mamário
masculino) (fig. 22);
 carateres sexuais secundários pouco desenvolvidos, nomeadamente, voz mais aguda
que o normal, pouca pilosidade e ausência de barba;
 pode ocorrer ligeiro atraso mental.

Figura 20 – Cariótipo de um homem com síndrome de Klinefelter.

Figura 21 – Algumas características de um portador de síndrome de Klinefelter.

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Figura 22 – Rapaz com ginecomastia.

A incidência desta síndrome é de 1 em cada 1000 nascimentos e, geralmente, é


causada pela não-disjunção dos cromossomas sexuais quer maternos quer paternos.
A não disjunção acontece quando um par de cromossomos sexuais não se separa
durante a gametogénese (formação de gâmetas). Por exemplo, quando um oócito II que
apresenta um cromossomo X extra se junta a um espermatozoide normal, o zigoto
resultante da fecundação vai acabar com três cromossomas sexuais (XXY), em vez dos
dois normais (XX ou XY).

Síndrome de Supermasculinidade
A síndrome de supermasculinidade ou síndrome de Jacobs ou síndrome de duplo Y
é uma anomalia genética não hereditária e não relacionada com a idade dos progenitores.
Como a incidência é de 1 em cada 1000 nascimentos esta síndrome é considerada rara.
A síndrome de supermasculinidade foi descoberta nos Estados Unidos, em 1961,
por Sandberg. O seu paciente tinha 44 anos e seis filhos. Destes, uma das filhas tinha
síndrome de Down e outra não tinha órgãos sexuais internos. Em 1965, foi publicado um
estudo, efetuado numa prisão da Escócia por Patrícia Jacobs (daí o nome atribuído à
síndrome), na qual todos os doentes tinham um problema comportamental ou transtornos
mentais e sete deles eram portadoras desta síndrome.
A síndrome de supermasculinidade é uma trissomia heterossómica, em que os seus
portadores têm um número normal de autossomas, mas apresentam um cromossoma
sexual Y extra, daí afetar apenas homens, sendo então o seu cariótipo 47, XYY ou 44A+
XYY (fig. 23).

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Figura 23 – Cariótipo de um portador de síndrome de supermasculinidade.

Os portadores desta síndrome podem apresentar certas características específicas,


como:
 estatura muito elevada (acima da média da população) (fig. 24);
 mãos e pés mais compridos;
 tics motores e mãos trémulas;
 crescimento ligeiramente acelerado na infância;
 QI (Coeficiente de Inteligência) ligeiramente inferior em relação ao de outros familiares;
 défice de atenção e problemas de comportamento;
 atraso no desenvolvimento da fala e linguagem;
 volume cerebral reduzido;
 muita acne facial durante a adolescência;
 taxa de testosterona acima do normal, o que pode contribuir para a inclinação anti-
social e aumento de agressividade;
 imaturidade no desenvolvimento emocional e menor inteligência verbal, factos que
podem dificultar seu relacionamento interpessoal;
 dentes grandes e glabela (espaço entre as sobrancelhas) saliente;
 macrocefalia (cabeça maior do que o habitual);
 testículos com tamanho aumentado;
 asma;
 transtornos de espectro autista (em percentagem muito baixa);
 regra geral fertilidade normal (a maioria dos seus portadores são férteis, não havendo
grande risco de ter filhos com esta anomalia).

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Figura 24 – Irmãos gémeos, o menor tem um cariótipo normal (46, XY) e o maior
apresenta síndrome de supermasculinidade (47, XYY).

Em bastantes casos, esta síndrome não provoca alterações físicas ou problemas de


saúde graves, daí muitos dos seus portadores não saberem que são afetados.
É uma trissomia que resulta de uma espermatogénese anormal (não tem origem
hereditária), em que não ocorre a disjunção dos cromossomas sexuais paternos durante a
divisão equacional da meiose (anáfase II) e, assim, são produzidos espermatozoides 23,
YY.

Síndrome do Triplo X
A síndrome do tripo X ou trissomia X é uma trissomia heterossómica, em que as
suas portadoras têm um número normal de autossomas, mas apresentam um
cromossoma sexual X extra. Portanto, é uma mutação cromossómica numérica que afeta
apenas mulheres, sendo então o seu cariótipo 47, XXX ou 44A+ XXX (fig. 25). A sua
incidência é de 1 em cerca de 800 a 1000 nadas-vivas.

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Figura 25 - Cariótipo de uma portadora de síndrome do triplo X.

As portadoras do triplo X podem apresentar parte das seguintes características:


 alta estatura;
 baixa massa muscular;
 baixo peso à nascença;
 clinodactilia (curvatura do dedo mendinho) (fig. 26);
 convulsões;
 anomalias renais;
 anomalias no sistema reprodutor, como falência ovárica prematura, daí poderem entrar
na menopausa precocemente;
 atraso no desenvolvimento do sistema motor e da linguagem;
 défice cognitivo e dificuldades de aprendizagem na idade escolar;
 problemas psicológicos, como défice de atenção, ansiedade e depressão;
 podem apresentar atraso mental variável.

Figura 26 – Clinodactilia, característica presente em algumas portadoras do triplo X.

Muitas vezes, as portadoras dessa síndrome são chamadas de super fêmeas,


devido ao facto de terem um cromossoma X a mais. Podem gerar crianças perfeitamente
normais e maioria não apresenta sintomas ou é afetada de forma leve. Desta forma,
pensa-se que apenas 10% dos casos chegam a ser diagnosticados.

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A causa mais comum da síndrome do triplo X é a não-disjunção dos cromossomas


durante a meiose, aquando da formação dos oócitos II (oogénese), em que 30% dos
casos está associada à idade materna avançada, pois com o aumento da idade, os riscos
de alterações cromossómicas podem aumentar e 20 % dos casos são devido à não-
disjunção do zigoto.

Causas ou Origem das Aneuploidias

Durante a formação dos gâmetas ocorre a meiose, na qual podem ocorrer erros, que
estão na origem da maior parte das aneuploidias, devido, principalmente, à não disjunção
(separação) de cromossomas homólogos, durante a divisão I, mais concretamente na
anáfase I e à não disjunção de cromatídios irmãos, durante a divisão II, na anáfase II.
As aneuploidias, em menor percentagem, também podem ter origem, na troca
anormal de segmentos entre cromatídios de cromossomas homólogos durante o crossing-
over (prófase I) e, ainda, durante a mitose do zigoto.
As aneuploidias humanas, monossomias (síndrome de Turner) e trissomias
heterossómicas (síndrome de Klinefelter, síndrome de supermasculinidade e síndrome de
triplo X), devem-se à não disjunção dos cromossomas homólogos (anáfase I) ou dos
cromatídeos-irmãos (anáfase II) durante a meiose (tabela IV). A maior parte das
trissomias autossómicas também têm a mesma origem, cuja incidência aumenta com o
aumento da idade materna. Estima-se que as monossomias e as trissomias na espécie
humana são responsáveis por 10% a 25% de abortos espontâneos.
Se um par de cromossomas não se consegue separar durante a primeira ou
segunda divisão meiótica, os dois cromossomas vão para um só polo e para o outro não
vai nenhum, resultando, respetivamente, num gâmeta com um cromossoma a mais e
outro com um cromossoma a menos (fig. 27).
Se o gâmeta com um cromossoma extra (n+1) é fecundado por um gâmeta normal
resulta um ser trissómico (figuras 28 e 29). Se o gâmeta com um cromossoma a menos
(n-1) é fecundado por um gâmeta normal resulta um ser monossómico, cuja sobrevivência
é rara, porque a falta de um cromossoma implica um desequilíbrio da informação
genética.

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Tabela IV – Situação normal e origem de aneuploidias heterossómicas.


Consequência na descendência
Situação Óvulo Espermatozoide
Cariótipo Fenótipo

X Y 46, XY Rapaz normal


Normal
X X 46, XX Rapariga normal

XX Y 47, XXY S. de Klinefelter


Não disjunção dos
XX X 47, XXX S. de Triplo X
cromossomas
- Y 45, Y0 Embrião inviável
sexuais maternos
- X 45, X0 S. de Turner
Meiose I

X - 45, X0 S. de Turner
X XY 47, XXY S. de Klinefelter
Não disjunção dos
cromossomas
sexuais paternos
Meiose II

X XX 47, XXX Triplo X


X YY 47, XYY S. de Supermasculinidade
X - 45, X0 S. de Turner

Figura 27 – Origem das aneuploidias devido à não disjunção: dos cromossomas


homólogos e dos cromatídeos irmãos.

Figura 28 – Origem de um indivíduo com trissomia.

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Figura 29 – Origem de um zigoto aneuploide trissómico.

Em seres humanos, alterações cromossómicas decorrentes da não disjunção


durante a mitose em células somáticas não passam à descendência, visto que estas
células não produzem espermatozoides nem oócitos II. Mas a não disjunção mitótica pode
levar ao aparecimento de células cancerosas que, geralmente, têm um número anormal
de cromossomas.

Testes/Exames Utilizados no Diagnóstico das


Aneuploidias

As aneuploidias são diagnosticadas através de testes genéticos, como a análise ou


exame do cariótipo, que pode ser feito com: sangue, medula óssea, líquido amniótico,
tecidos, etc. O teste é realizado a partir de uma cultura de células que possibilita a
obtenção de células em divisão e, posteriormente, coloração dos cromossomos com
formação de bandas cromossómicas, através das quais é possível reconhecer as

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Aneuploidias Biologia

mutações cromossómicas numéricas e/ou estruturais, equilibradas ou desequilibradas,


totais ou parciais.
O exame do cariótipo pré-natal amniocentese é efetuado com líquido amniótico e
a sua recolha ocorre por meio de uma punção no ventre da grávida. Posteriormente, é
analisado para diagnosticar as possíveis alterações cromossómicas. Este exame é
indicado para gestantes com mais de 35 anos e é um exame invasivo, pois interfere no
ambiente uterino, podendo representar um certo risco, tanto para a mãe como para a
criança.
Como alternativa à amniocentese, existe o teste pré-natal não invasivo NACE,
também conhecido por NIPT da Igenomix. É um teste fiável que deteta as alterações
cromossómicas, através de análise realizada ao sangue materno. A colheita de sangue,
que é feita da mesma forma que um hemograma comum, pode ser feita a partir da 10ª
semana de gravidez sem riscos nem para a mãe nem para o bebé.
A análise do cariótipo também pode ser feita após o nascimento em qualquer idade
(diagnóstico pós-natal), se existirem exames bioquímicos ou ultrassonográficos alterados.

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Conclusão
- O DNA é o suporte da informação genética, responsável pela transmissão das
características hereditárias;
- O DNA, nos eucariontes, localiza-se principalmente no núcleo e está associado a
histonas (proteínas);
- Os cromossomas correspondem às unidades morfológicas e fisiológicas da cromatina
(DNA e proteínas);
- O cariótipo, característico de cada espécie, corresponde ao conjunto de todos os
cromossomas, que contêm a informação genética;
- O cariótipo normal da espécie humana possui 46 cromossomas, 44 autossomas e 2
cromossomas sexuais.
- As mutações correspondem a alterações permanentes do genoma e os seus portadores
denominam-se mutantes.
- Os efeitos das mutações podem ser inconsequentes, quando não prejudica nem
beneficia os seus portadores, prejudiciais, quando provoca doenças e até a morte; ou
benéficos, quando se produzem características vantajosas que, contribuem para o
sucesso evolutivo dos seres vivos;
- As mutações podem ser germinativas, se ocorrerem nos gâmetas, ou somáticas se
ocorrem nas células somáticas e podem ocorrer espontaneamente ou serem induzidas
por ação de agentes mutagénicos;
- As mutações germinativas podem ser génicas, se alterarem a sequência nucleotídica do DNA,
ou cromossómicas, se afetarem a estrutura ou o número de cromossomas;
- As aneuploidias são mutações cromossómicas numéricas, que se caracterizam pela
perda ou ganho de um ou mais cromossomas;
- Existem aneuploidias autossómicas, se afetam os autossomas, ou heterossómicas, se
afetam os cromossomas sexuais;
- As aneuploidias, no Homem, são responsáveis por causar distúrbios, doenças e até a
morte.
- As aneuploidias classificam-se em nulissomias, se ocorre a perda de dois cromossomas
homólogos (2n-2), monossomias, se ocorre a perda de um dos cromossomas homólogos
(2n-1) e polissomias e estas em trissomias, se ocorre o ganho de um dos cromossomas

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Aneuploidias Biologia

homólogos (2n+1) e tetrassomias, se ocorre o ganho de dois cromossomas homólogos


(2n+2);
- A síndrome de Turner é a única monossomia viável em seres humanos e afeta apenas
mulheres, cujo cariótipo é 45, X0 ou 44 A + X0;
- As mulheres portadoras de síndrome de Turner são baixas, podem ter um pequeno
atraso mental, têm pescoço alado; mamas pouco desenvolvidas, sistema reprodutor
infantil, daí a sua infertilidade, pouca pilosidade, …;
- As trissomias autossómicas são mais severas que as heterossómicas;
- Na espécie humana, as trissomias autossómicas compatíveis com a vida são: a
trissomia 21 ou síndrome de Down, a trissomia 18 ou síndrome de Edwuards, e a
trissomia 13 ou síndrome de Patau;
- No ser humano, as trissomias heterossómicas mais comuns são: a síndrome de
Klinefelter, a síndrome de supermasculinidade e a síndrome do triplo x;
- A incidência (nº de casos) da maioria das trissomias aumenta com o aumento da idade
materna;
- O cariótipo de um homem e de uma mulher com trissomia 21 é, respetivamente, 47, XY
+ 21 (45A + XY + 21) e 47, XX + 21 (45A + XX + 21);
- Os portadores de trissomia 21 possuem um cromossoma extra no par 21, o que provoca
o aparecimento de certas características, como: baixa estatura; face redonda e achatada;
olhos com fendas palpebrais oblíquas; prega transversal contínua na palma da mão, boca
pequena e entreaberta; mãos, pés e dedos pequenos; língua grande e fissurada;
problemas cardíacos e respiratórios; atraso mental mais ou menos profundo, entre outras;
- A trissomia 18 é uma trissomia autossómica em que se observa um cromossoma extra
no par 18, por isso o cariótipo de um menino e de uma menina com esta mutação é,
respetivamente, 47, XY + 18 (45A + XY +18) e 47, XX + 18 (45A + XX + 18);
- Os portadores da trissomia 18 apresentam graves anomalias físicas e mentais, como:
crânio muito alongado na região occipital; boca pequena; mãos fechadas em punhos;
ossos da pélvis estreitos e esterno curto; pés tortos; anomalias graves no coração,
pulmões, estômago, intestinos e rins; má formação nos ouvidos; problemas respiratórios;
atraso mental profundo, etc.;
- Os portadores de trissomia 13 possuem um cromossoma a mais no par 13, então o
cariótipo de um menino e de uma menina com esta mutação é, respetivamente, 47, XY +
13 (45A + XY +13) e 47, XX + 13 (45A + XX + 13).

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Aneuploidias Biologia

- As crianças com trissomia 13 nascem com graves anomalias físicas e mentais, como:
malformações graves do sistema nervoso central; atraso mental profundo; anomalias
cardíacas congénitas; problemas urinários e genitais; rins policísticos; aplasia cútis;
surdez parcial ou total; lábio leporino e fenda palatina; polidactilia; olhos pequenos
afastados ou ausentes e, por vezes, um olho no meio da cara e as orelhas na zona do
pescoço, etc.
- Os portadores das trissomias 13 e 18, normalmente, morrem antes de completar um ano
de vida;
- A síndrome de Klinefelter é uma trissomia heterossómica, em que os seus portadores
têm um cromossoma sexual X extra, logo o seu cariótipo é 47, XXY ou 44A+ XXY;
- A síndrome de Klinefelter afeta homens, que são muito altos e estéreis, têm braços e
pernas longas, cintura fina, ancas largas, ombros estreitos, mamas desenvolvidas, pouca
pilosidade; possuem testículos pouco desenvolvidos que produzem pouca testosterona;
podem apresentar um ligeiro atraso mental, QI inferior à média e distúrbios cognitivos,
psiquiátricos e comportamentais;
- A síndrome de supermasculinidade é uma trissomia heterossómica, em que os seus
portadores têm um cromossoma sexual Y extra, então o seu cariótipo 47, XYY ou 44A+
XYY;
- Os portadores de supermasculinidade afeta homens que podem apresentar certas
características, como: estatura muito elevada; mãos e pés compridos; tics motores e
mãos trémulas; QI ligeiramente inferior em relação ao de outros familiares; défice de
atenção e problemas de comportamento; atraso no desenvolvimento da fala e linguagem;
muita acne facial durante a adolescência; taxa de testosterona acima do normal, o que
pode contribuir para a inclinação anti-social e aumento de agressividade; macrocefalia;
testículos maiores que o normal;
- A síndrome do tripo X é uma trissomia heterossómica, em que as suas portadoras têm
um cromossoma sexual X extra, logo é uma mutação que afeta apenas mulheres, sendo
então o seu cariótipo 47, XXX ou 44A+ XXX;
- As portadoras do triplo X podem apresentar algumas das seguintes características: alta
estatura; baixa massa muscular; clinodactilia; convulsões; anomalias renais; anomalias no
sistema reprodutor; atraso no desenvolvimento do sistema motor e da linguagem; défice
cognitivo e dificuldades de aprendizagem na idade escolar; problemas psicológicos, como
défice de atenção, ansiedade e depressão; podem apresentar atraso mental variável;

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Aneuploidias Biologia

- Normalmente, as aneuploidias ocorrem, devido: à não disjunção de cromossomas


homólogos, durante a anáfase I, à não disjunção de cromatídios irmãos, durante a
anáfase II. Também podem ocorrer devido à troca anormal de segmentos entre
cromatídios de cromossomas homólogos, durante o crossing-over, aquando da formação
dos gâmetas e, ainda, devido à não disjunção durante a anáfase da mitose após a
formação do zigoto;
- As aneuploidias são diagnosticadas através de testes genéticos, dos quais se destaca o
exame do cariótipo pré-natal amniocentese e o teste pré-natal não invasivo NACE;
- O exame do cariótipo pré-natal amniocentese é feito com líquido amniótico, é invasivo e
é indicado para gestantes com mais de 35 anos;
- O teste pré-natal não invasivo NACE, é um teste fiável que deteta as alterações
cromossómicas, através de análise realizada ao sangue materno.

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Aneuploidias Biologia

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