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Aneuploidias Biologia
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síndromes, certos tumores e até a morte. Estima-se que 8,1% de todas as gestações
tenham alguma mutação cromossómica e que ela seja responsável por cerca de metade
dos casos de aborto espontâneo.
Contudo, as mutações também são fonte primária de informação genética,
influenciando diretamente o processo de evolução dos seres vivos e, por vezes, a chave
do seu sucesso evolutivo, ou seja, permitem criar novos genes alelos, contribuindo para
uma maior variabilidade genética, que aumenta a capacidade das populações se
adaptarem às mudanças ambientais. Podem produzir características favoráveis num dado
ambiente e desfavoráveis em outro. Por norma, quando a mutação faz surgir uma
característica vantajosa para o indivíduo, ela é mantida, logo o genótipo das espécies é
fruto de mutações vantajosas, que foram preservadas ao longo do tempo pela seleção
natural.
As mutações podem ocorrer nos gâmetas (células da linha germinativa) ou em
células somáticas. As que ocorrem nos gâmetas designam-se mutações germinais ou
germinativas. Estas ocorrem durante a replicação do DNA que precede a meiose e como
ocorrem nos gâmetas, são transmitidas em parte ou a toda a descendência. Portanto,
estas mutações afeta os gâmetas e todas as células que deles dependem após a
fecundação.
As mutações somáticas são as mutações que ocorrem nas células somáticas (nas
outras células), durante a replicação do DNA, que precede uma divisão mitótica e,
portanto, não são transmitidas à descendência e estão na origem de certos cancros.
As mutações podem ocorrer espontaneamente, por exemplo, durante a duplicação
do DNA ou serem induzidas por exposição a agentes mutagénicos físicos (raios: gama,
X, UV, cósmicos e radiação atómica), químicos (colquicina, gás mostarda, fumo do
tabaco, corantes, conservantes e nitrosaminas) e biológicos (alguns vírus e bactérias).
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Aneuploidias
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Nulissomias
As nulissomias correspondem às aneuploidias mais raras e específicas, em que se
verifica a ausência de um par de cromossomas homólogas (2n – 2), portanto, os seus
portadores possuem dois cromossomas a menos. Na espécie humana, este tipo de
aneuploidia, pode afetar o cromossoma X e, nesse caso, é letal, não sendo viáveis
embriões com cariótipos 45Y ou 46 YY, ou mesmo sem heterossomas.
Monossomias
As monossomias ocorrem quando o indivíduo apresenta apenas um dos
cromossomas de um par de homólogo, ou seja, possui um cromossoma a menos (2n – 1).
Na espécie humana, os embriões com monossomias autossómicas, ou seja, com
falta de uma cópia de qualquer autossoma não se desenvolvem, portanto, esta mutação é
letal. Isto porque os embriões têm uma "dose" muito baixa de proteínas e de outros
produtos que são codificados pelos genes do cromossoma que falta. No entanto, alguns
embriões com monossomias heterossómicas conseguem sobreviver, como é o caso de
portadores da síndrome de Turner, descrita em 1938 por Henry Turner, (fig.5) que é a
única monossomia viável em seres humanos.
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Trissomias Autossómicas
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As mulheres com trissomia 21 normalmente são férteis e podem ter filhos normais
ou portadores da síndrome, enquanto os homens, geralmente, são estéreis.
A incidência desta aneuploidia, em média, é de um em cada 700 nados-vivos, no
entanto, o risco aumenta com a idade materna (fig. 10). Mais de 20% dos portadores
desta síndrome são filhos de mães com mais de 35 anos.
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Figura 13 - Mão fechada em punho e o dedo indicador cruzado por cima dos dedos
médio e anelar de uma criança com trissomia 18.
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A trissomia 18 é muito mais rara do que a trissomia 21, mas ambas estão
associadas à idade materna, já que, grande parte dos casos é originada de mulheres com
mais de 35 anos de idade. Portanto, 85% dos casos resultam da não disjunção dos
cromossomas durante a meiose materna e apenas 15% são consequentes da meiose
paterna.
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Figura 16 – Orelhas com inserção baixa numa criança com trissomia 13.
Figura 17 – Em cima, crianças com trissomia 13, que apresentam lábios leporinos e
em baixo a representação esquemática do lábio leporino e da fenda palatina.
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Trissomias Heterossómicas
Síndrome de Klinefelter
A síndrome de Klinefelter, descrita pela primeira vez, em 1942, por Harry Klinefelter,
é uma trissomia heterossómica, em que os seus portadores têm um número normal de
autossomas, mas apresentam um cromossoma sexual X extra. O seu cariótipo é 47, XXY
ou 44A+ XXY (fig. 20). Assim, esta síndrome afeta homens, que apresentam
característica, masculinas e femininas (fig. 21) e as mais evidentes são:
maior estatura que a média da população;
braços e pernas longas;
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Síndrome de Supermasculinidade
A síndrome de supermasculinidade ou síndrome de Jacobs ou síndrome de duplo Y
é uma anomalia genética não hereditária e não relacionada com a idade dos progenitores.
Como a incidência é de 1 em cada 1000 nascimentos esta síndrome é considerada rara.
A síndrome de supermasculinidade foi descoberta nos Estados Unidos, em 1961,
por Sandberg. O seu paciente tinha 44 anos e seis filhos. Destes, uma das filhas tinha
síndrome de Down e outra não tinha órgãos sexuais internos. Em 1965, foi publicado um
estudo, efetuado numa prisão da Escócia por Patrícia Jacobs (daí o nome atribuído à
síndrome), na qual todos os doentes tinham um problema comportamental ou transtornos
mentais e sete deles eram portadoras desta síndrome.
A síndrome de supermasculinidade é uma trissomia heterossómica, em que os seus
portadores têm um número normal de autossomas, mas apresentam um cromossoma
sexual Y extra, daí afetar apenas homens, sendo então o seu cariótipo 47, XYY ou 44A+
XYY (fig. 23).
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Figura 24 – Irmãos gémeos, o menor tem um cariótipo normal (46, XY) e o maior
apresenta síndrome de supermasculinidade (47, XYY).
Síndrome do Triplo X
A síndrome do tripo X ou trissomia X é uma trissomia heterossómica, em que as
suas portadoras têm um número normal de autossomas, mas apresentam um
cromossoma sexual X extra. Portanto, é uma mutação cromossómica numérica que afeta
apenas mulheres, sendo então o seu cariótipo 47, XXX ou 44A+ XXX (fig. 25). A sua
incidência é de 1 em cerca de 800 a 1000 nadas-vivas.
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Durante a formação dos gâmetas ocorre a meiose, na qual podem ocorrer erros, que
estão na origem da maior parte das aneuploidias, devido, principalmente, à não disjunção
(separação) de cromossomas homólogos, durante a divisão I, mais concretamente na
anáfase I e à não disjunção de cromatídios irmãos, durante a divisão II, na anáfase II.
As aneuploidias, em menor percentagem, também podem ter origem, na troca
anormal de segmentos entre cromatídios de cromossomas homólogos durante o crossing-
over (prófase I) e, ainda, durante a mitose do zigoto.
As aneuploidias humanas, monossomias (síndrome de Turner) e trissomias
heterossómicas (síndrome de Klinefelter, síndrome de supermasculinidade e síndrome de
triplo X), devem-se à não disjunção dos cromossomas homólogos (anáfase I) ou dos
cromatídeos-irmãos (anáfase II) durante a meiose (tabela IV). A maior parte das
trissomias autossómicas também têm a mesma origem, cuja incidência aumenta com o
aumento da idade materna. Estima-se que as monossomias e as trissomias na espécie
humana são responsáveis por 10% a 25% de abortos espontâneos.
Se um par de cromossomas não se consegue separar durante a primeira ou
segunda divisão meiótica, os dois cromossomas vão para um só polo e para o outro não
vai nenhum, resultando, respetivamente, num gâmeta com um cromossoma a mais e
outro com um cromossoma a menos (fig. 27).
Se o gâmeta com um cromossoma extra (n+1) é fecundado por um gâmeta normal
resulta um ser trissómico (figuras 28 e 29). Se o gâmeta com um cromossoma a menos
(n-1) é fecundado por um gâmeta normal resulta um ser monossómico, cuja sobrevivência
é rara, porque a falta de um cromossoma implica um desequilíbrio da informação
genética.
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X - 45, X0 S. de Turner
X XY 47, XXY S. de Klinefelter
Não disjunção dos
cromossomas
sexuais paternos
Meiose II
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Conclusão
- O DNA é o suporte da informação genética, responsável pela transmissão das
características hereditárias;
- O DNA, nos eucariontes, localiza-se principalmente no núcleo e está associado a
histonas (proteínas);
- Os cromossomas correspondem às unidades morfológicas e fisiológicas da cromatina
(DNA e proteínas);
- O cariótipo, característico de cada espécie, corresponde ao conjunto de todos os
cromossomas, que contêm a informação genética;
- O cariótipo normal da espécie humana possui 46 cromossomas, 44 autossomas e 2
cromossomas sexuais.
- As mutações correspondem a alterações permanentes do genoma e os seus portadores
denominam-se mutantes.
- Os efeitos das mutações podem ser inconsequentes, quando não prejudica nem
beneficia os seus portadores, prejudiciais, quando provoca doenças e até a morte; ou
benéficos, quando se produzem características vantajosas que, contribuem para o
sucesso evolutivo dos seres vivos;
- As mutações podem ser germinativas, se ocorrerem nos gâmetas, ou somáticas se
ocorrem nas células somáticas e podem ocorrer espontaneamente ou serem induzidas
por ação de agentes mutagénicos;
- As mutações germinativas podem ser génicas, se alterarem a sequência nucleotídica do DNA,
ou cromossómicas, se afetarem a estrutura ou o número de cromossomas;
- As aneuploidias são mutações cromossómicas numéricas, que se caracterizam pela
perda ou ganho de um ou mais cromossomas;
- Existem aneuploidias autossómicas, se afetam os autossomas, ou heterossómicas, se
afetam os cromossomas sexuais;
- As aneuploidias, no Homem, são responsáveis por causar distúrbios, doenças e até a
morte.
- As aneuploidias classificam-se em nulissomias, se ocorre a perda de dois cromossomas
homólogos (2n-2), monossomias, se ocorre a perda de um dos cromossomas homólogos
(2n-1) e polissomias e estas em trissomias, se ocorre o ganho de um dos cromossomas
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- As crianças com trissomia 13 nascem com graves anomalias físicas e mentais, como:
malformações graves do sistema nervoso central; atraso mental profundo; anomalias
cardíacas congénitas; problemas urinários e genitais; rins policísticos; aplasia cútis;
surdez parcial ou total; lábio leporino e fenda palatina; polidactilia; olhos pequenos
afastados ou ausentes e, por vezes, um olho no meio da cara e as orelhas na zona do
pescoço, etc.
- Os portadores das trissomias 13 e 18, normalmente, morrem antes de completar um ano
de vida;
- A síndrome de Klinefelter é uma trissomia heterossómica, em que os seus portadores
têm um cromossoma sexual X extra, logo o seu cariótipo é 47, XXY ou 44A+ XXY;
- A síndrome de Klinefelter afeta homens, que são muito altos e estéreis, têm braços e
pernas longas, cintura fina, ancas largas, ombros estreitos, mamas desenvolvidas, pouca
pilosidade; possuem testículos pouco desenvolvidos que produzem pouca testosterona;
podem apresentar um ligeiro atraso mental, QI inferior à média e distúrbios cognitivos,
psiquiátricos e comportamentais;
- A síndrome de supermasculinidade é uma trissomia heterossómica, em que os seus
portadores têm um cromossoma sexual Y extra, então o seu cariótipo 47, XYY ou 44A+
XYY;
- Os portadores de supermasculinidade afeta homens que podem apresentar certas
características, como: estatura muito elevada; mãos e pés compridos; tics motores e
mãos trémulas; QI ligeiramente inferior em relação ao de outros familiares; défice de
atenção e problemas de comportamento; atraso no desenvolvimento da fala e linguagem;
muita acne facial durante a adolescência; taxa de testosterona acima do normal, o que
pode contribuir para a inclinação anti-social e aumento de agressividade; macrocefalia;
testículos maiores que o normal;
- A síndrome do tripo X é uma trissomia heterossómica, em que as suas portadoras têm
um cromossoma sexual X extra, logo é uma mutação que afeta apenas mulheres, sendo
então o seu cariótipo 47, XXX ou 44A+ XXX;
- As portadoras do triplo X podem apresentar algumas das seguintes características: alta
estatura; baixa massa muscular; clinodactilia; convulsões; anomalias renais; anomalias no
sistema reprodutor; atraso no desenvolvimento do sistema motor e da linguagem; défice
cognitivo e dificuldades de aprendizagem na idade escolar; problemas psicológicos, como
défice de atenção, ansiedade e depressão; podem apresentar atraso mental variável;
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