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ALTERAÇÕES CROMOSSÔMICAS

Os cromossomos contêm os genes e qualquer


alteração na sua estrutura ou número pode alterar a
expressão gênica produzindo um indivíduo fenotipicamente
anormal ou inviável.

Consequentemente a estabilidade da morfologia e do


número cromossômico é fundamental para o
desenvolvimento de um organismo normal.

⮚ A importância da estabilidade cromossômica!!!!!

TIPOS DE ALTERAÇÕES CROMOSSÔMICAS

A- NUMÉRICAS

A-1 Euploidias – alterações que envolvem todo o genoma.

A-1-1 Haplóide (n) – indivíduos haplóides são inviáveis na


espécie humana. Gametas humanos são haplóides.

Normal em alguns organismos – machos de abelhas,


formigas e vespas. Os gametas são produzidos por mitose.

A-1-2 Diplóides (2n) – normal da espécie humana.

A-1-3 Poliplóides – são organismos com mais de dois


conjuntos cromossômicos. Comum nas plantas sendo um
importante mecanismo evolutivo. Raras nos animais.

A-1-3-1 Triplóides (3n)


A-1-3-2 Tetraplóides (4n)
A-1-3-3 Pentaplóides (5n)
A-1-3-4 Hexaplóides (6n)
Na espécie humana são observadas em abortos
espontâneos ou em raros casos de natimortos ou morte
neonatal.

A triploidia na espécie humana:


⮚ dispermia (mais freqüente) ou por erro na fase de
maturação da ovogênese ou espermatogênese.

No âmbito dos poliploides precisamos distinguir entre


autopoliploides (tem múltiplos de conjuntos de
cromossomos originários de uma espécie) e alopoliploides
(tem conjuntos de 2 ou mais espécies diferentes). Entre
espécies correlatas, porem o conjunto de espécies
diferentes são homeólogos.

Os autotetraploides surgem pela duplicação do


complemento 2n para 4n. Essa duplicação pode ser
espontânea, mas também pode ser induzida artificialmente
aplicando agentes químicos que perturbam a polimerização
dos microtúbulos. Um agente antitubulina de uso comum é
a colchicina, um alcaloide extraído do açafrão-do-prado
(Colchicum autummale). Nas células tratadas com
colchicina ocorre a fase S do ciclo celular, mas não há
segregação cromossômica ou divisão celular.
O tratamento de um ciclo celular adicional produz
octoploídes (8n) e assim por diante.
Célula diploide 2n – A/a; B/b

Célula tetraploíde 4n – A/A/a/a; B/B/b/b


Várias possibilidades de segregação

Alopoliploídes – o protótipo de um alopoliploíde foi um


alotetraploíde sintetizado por Georgi Karpechenko em 1928.
Ele queria fazer um híbrido fértil que tivesse as folhas do
repolho (Brassica) e as raízes do rabanete (Rhapanus).
Ambas as espécies tem 18 cromossomos e, portanto 2n=18
e n=9. As espécies tem uma relação próxima o bastante
para permitir o cruzamento entre si. A fusão do gameta n1
com o gameta n2 produz uma progênie hibrida viável, mas
estéril, por não produzir gametas funcionais.
A figura abaixo traz um anfidiploíde, os quais derivam de
duplicação cromossômica acidental.

Quando o alopoliploíde de Karpechenko foi cruzado com


uma das espécies parentais, o repolho ou o rabanete, a
prole resultante era estéril.
A prole do cruzamento com o repolho era 2n + n2,
constituída por um gameta n1 + n2 do alopoliploíde e um
gameta n1 do repolho. Os cromossomos n2 não tinham
parceiros de pareamento. Karpechenko efetivamente criou
uma nova espécie, sem possibilidade de troca gênica com o
repolho ou o rabanete. Ele denominou a planta como
Raphanobrassica.

Na natureza, a aloploídia parece ter sido uma força


importante na evolução de novas espécies de plantas.
Exemplo: Gênero Brassica, em que 3 espécies parentais
diferentes foram hibridizadas em todas as combinações de
pares possíveis para formar uma nova espécie anfidiploíde.
Estima-se que 50% de todas as plantas angiospermas
sejam poliploídes, resultando de auto ou alopoliploídia.
Como resultado de múltiplas poliploidizações, a variação
alélica em uma espécie poliploíde é muito maior do que se
pensava, talvez contribuindo para seu potencial de
adaptação.
Um alopoliploíde natural é o trigo do pão, Triticum aestivum
(6n=42).

A-2 Aneuplódias – alterações que envolvem parte do


genoma.

⮚ Origem das aneuploidias

1. Não disjunção-meiótica (pré-zigótica) e não-disjunção


mitótica (pós-zigótica) - moisaicismo.
⮚ Causas da não-disjunção

a. Predisposição genética a não-disjunção

b. Idade materna avançada – observada nas trissomias do


21, 13 e 18 bem como em triplo X e Klinefelter. Abortos
espontâneos ocorrem com maior freqüência. Mecanismo
ainda desconhecido. Estudos recentes demonstram que a
idade paterna (acima dos 55 anos) também influencia nas
aneuploidias.

A não-disjunção autossômica origina:

⮚ Síndrome de Down – 47, XX ou XY, +21


Trissomia livre – 95% casos
Mosaicismo – 1% casos

⮚ Síndrome de Patau – 47, XX ou XY, +13


Trissomia livre – 80% casos
Mosaicismo – 20% casos

⮚ Síndrome de Edwards – 47, XX ou XY, +18


Trissomia livre – 80% casos
Mosaicismo – 10% casos


Síndrome do olho de gato – 47, XX ou XY, +22q-

Trissomia do braço curto do cromossomo (p) 22

⮚ Trissomia do 22 - 47, XX ou XY, +22

⮚ Trissomia do 9 - 47, XX ou XY, +9

⮚ Trissomia do 8 - 47, XX ou XY, +8


Mosaicismo – 65% casos

A não-disjunção dos cromossomos sexuais origina:


⮚ Síndrome de Turner – 45, X

Não-disjunção meiose paterna – 77%


Não-disjunção meiose materna – 23%
Mosaicos - 40% (46, XX/45X)
Variantes estruturais – X em anel – 46, X, r(X)
Isocromossomo – 46, X, i (Xq)
Deleção – 46, XXp-

⮚ Síndrome de Klinefelter – 47, XXY


Não-disjunção meiose paterna – 40%
Não-disjunção meiose materna – 60%
Mosaicos - 15% (46, XY/47XXY)

⮚ Síndrome do Triplo X– 47, XXX


Não-disjunção meiose paterna ou materna ou
não-disjunção pós-zigótica.

⮚ Síndrome de Jacobs (duplo Y) – 47, XYY


Não-disjunção na meiose II paterna

2. perda cromossômica - "atraso" na separação de um dos


cromossomos durante a anáfase.

TIPOS DE ANEUPLOIDIAS

A-2-1 Nulissomia (2n-2) – perda dos dois membros de um


par cromossômico – letal.

A-2-2 Monossomia (2n-1) – perda de um dos cromossomos


do par – geralmente inviáveis – exceção: monossomia do X
e monossomia do 21 (rara).

A-2-3 Trissomia (2n+1) – há a presença de um


cromossomo a mais no par. Importante sob o ponto de
vista clínico – síndromes.

A-2-4 Tetrassomia (2n+2) – há a presença de dois


cromossomos a mais no par (rara). Síndrome do Tetra X –
44 + XXXX ou 48, XXXX.

A-2-5 Trissomia dupla (2n+1+1) – trissomia de dois


cromossomos pertencentes a pares diferentes (rara).
Trissomia do 21 e do par sexual – 44+XXY+21 ou 48, XXY,
+21
B- ESTRUTURAIS

⮚ Rearranjos cromossômicos

- Balanceados

- Não-balanceados

B-1 Alterações no número de genes:

B-1-1 Deleções
B-1-2 Duplicações
B-1-3 Cromossomos em anel
B-1-4 Isocromossomos

B-2 Alteração na localização dos genes:

B-2-1 Inversões
B-2-2 Translocações recíprocas e não-recíprocas
B-2-3 Translocações robertsonianas (= fusões cêntricas)

B-1-1 Deleções

Deleção terminal – perda de segmento cromossômico por


quebra simples sem reunião das extremidades quebradas.

Deleção intersticial – perda de um segmento interno por


quebra dupla seguida da soldadura dos segmentos
quebrados.
Os cromossomos acêntricos são perdidos na próxima
divisão celular!

⮚ Síndrome de "cri-du-chat" (=miado de gato) – 46, XX


ou XY, 5p-

⮚ Síndrome 46, XX ou XY, 4p-

⮚ Síndrome 46, XX ou XY, 18p-

⮚ Síndrome 46, XX ou XY, 18q-

⮚ Síndrome de Rubinstein-Taybi (microdeleção) - 46, XX


ou XY, 16p13.3

B-1-2 Duplicações

Repetição de um segmento cromossômico causando


um aumento no número de genes. Resulta geralmente de
um crossing-over desigual entre cromátides homólogas,
durante a meiose, produzindo segmentos adjacentes
duplicados e/ou deletados.
⮚ Menos prejudiciais que as deleções.

⮚ Tem importância evolutiva – genes duplicados dão


origem a novos genes com novas funções por meio da
mutação.

⮚ Técnica FISH – detecta microduplicações (geralmente


inofensivas) e microdeleções (SRT e a infertilidade
masculina podem ser devidas a microdeleções no
cromossomo Y).

B-1-3 Cromossomos em anel

Ocorre quando um cromossomo apresenta duas


deleções terminais e as suas extremidades (sem os
telômeros) tendem a reunir-se.
B-1-4 Isocromossomos

Forma-se quando a divisão do centrômero, durante a


divisão celular, dá-se transversalmente.
B-2-1 Inversão

A sequência dos genes é reorganizada, devido a duas


quebras de um cromossomo, seguida da soldadura nos
pontos de quebra, mas em posição invertida.

Pericêntrica – com centrômero

Paracêntrica – sem centrômero


Geralmente não causam problemas aos portadores
(rearranjos balanceados), porém podem causar significante
desequilíbrio cromossômico para a descendência.
B-2-2 Translocação

Há transferência de segmentos de um cromossomo


para outro, geralmente não-homólogo.

Recíprocas – há trocas entre cromossomos que sofreram


quebras.

Não-recíprocas – o segmento liga-se a outro, sem que, no


entanto, haja troca entre eles. Para tanto é necessário
haver três quebras.
Exemplo: Uma translocação não-recíproca entre o
cromossomo 9 e 22 (um segmento do 22q é transferido
para o cromossomo 9, ficando o cromossomo 22 com uma
deleção no seu braço longo (q)) forma o cromossomo
Filadéfia, encontrado nos leucócitos de indivíduos com
leucemia mielóide crônica.

B-2-3 Translocação robertsoniana (=fusões cêntricas)

Cariótipo: 45, XX, -14, -21, +t(14q21q)

Ocorre quando dois cromossomos acrôcentricos


sofrem quebras nas regiões centroméricas, havendo trocas
de braços cromossômicos inteiros.

⮚ Translocação D/G – translocação 14 e 21 – individuo


portador da translocação balanceada é
fenotipicamente normal – 45, XX ou XY, -14, -21,
+t(14q21q) – Prole viva: 1/3 portador balanceado, 1/3
normal, 1/3 síndrome de Down.
⮚ Translocação G/G – translocação 21 e 21 – individuo
portador desta translocação geralmente é
fenotipicamente normal – 45, XX ou XY, -21, -21,
+t(21q21q) – Prole: 100% afetada – 50% síndrome
de Down e 50% monossomia do 21.
NOMEMCLATURA CROMOSSÔMICA

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