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PROVA II – GENÉTICA APLICADA À PSICOLOGIA – ALTERAÇÕES CROMOSSÔMICAS

Introdução à Citogenética:
 Área que estuda o DNA humano na forma de cromossomo, com muitas técnicas empregadas
o O bandeamento G ou bandeamento de Giemsa é uma técnica usada em citogenética
para produzir um cariótipo visível pela coloração de cromossomos condensados. É
útil para a identificação de doenças genéticas através da representação fotográfica de
todo o complemento do cromossomo
 Todo material genético: composto por 23 três pares de cromossomos
o 22 pares autossômicos
o 1 par sexual (XY ou XX)
 Cromossomos: longa molécula de DNA, bem compactada
o DNA: Ácido Desoxirribonucleico
 Possui nucleotídeo (fosfato, açúcar e base nitrogenada, sendo purinas AG, e
pirimidinas, TC)
 As bases nitrogenadas se ligam entre si (A com T e G com C) se ligam por pontes
de hidrogênio, que são ligações instáveis, algo necessário, já que o DNA é “aberto”
diversas vezes ao longo da vida
 Tem polaridade negativa; ao seu redor, há proteínas histonas (de polaridade
positiva), as quais atuam na compactação da cromatina
o Compactado: cromossomo (para divisão celular, na mitose)
o Descompactado: cromatina (na interfase; célula cresce, replica seu DNA e se prepara
para a mitose)
o O cromossomo é um bastonete só, não o “X” que vemos, onde está ligado às cromátides
irmãs
o São divididos em partes:
 Telômero: sequências repetitivas de DNA que existem nas extremidades de todos
os cromossomos humanos (“pontinhas” do DNA)
 Centrômero: região do cromossomo que apresenta um estrangulamento, onde as
cromátides-irmãs entram em contato
 Braço curto (P) e braço longo (Q)
o Tipos:

 Divisão celular
o Mitose: ocorre para crescimento e reparo de células somáticas
 Célula-mãe 2n forma duas células-filhas idênticas a ela, também 2n
 Na fase da metáfase é onde melhor se vê os cromossomos, onde há maior
compactação do material genético


o Meiose: para formar gametas
 Célula-mãe 2n forma quatro células-filhas n, não idênticas a ela
 Ocorre crossing-over, que causam variação genética, na prófase da meiose I

Alterações cromossômicas:
 Chamadas de “anomalia”
 Envolvem muitos genes, diferentemente das mutações gênicas (que afetam somente alguns egnes)
 Podem ser numéricas ou estruturais, autossômicas ou sexuais

 Numéricas
o Altera número total dos cromossomos
o Se dividem em Euploidias e Aneuploidias
o Euploidias
 Há uma mudança da quantidade de cromossomos em todos os pares; ou seja, ao
invés do sujeito ser 2n, ele é 3n, por exemplo, podendo ser haploidia (n) ou
triploidia (3n), por exemplo
 Em fetos humanos (mortos), até o momento, só se encontrou triploidia ou
tetraploidia (4n)
 Euploidias não são compatíveis com a vida humana (mas são encontradas em
outros seres vivos)
 Motivos:
 Dispermia: 2 espermatozoides fecundam o mesmo óvulo
 Problemas na meiose (falha na divisão) ou mitose (endomitose,
duplicação de cromossomos sem posterior divisão do núcleo, o que gera
uma célula com o dobro dos cromossomos)


o Aneuploidias
 Mudança de número em somente um dos pares de cromossomos
 Causa está nas divisões celulares, a maioria na meiose (ao gerar o gameta), mas
também na mitose (replicações iniciais do zigoto, gerando pessoa com duas
linhagens de célula no seu organismo, sendo uma com a alteração)
 Algumas são compatíveis com a vida:
 Trissomias do 21, 13, 18, X e Y (tirando o X, ocorre porque são
cromossomos menores, então, quando há um cromossomo a mais, não há
um aumento tão grande de genes)
 Tetra e pentassomias: X e Y
 Monossomia: X
 Trissomia do 21 (47XX+21 / 47XY+21)
 Síndrome de Down
o De 1 a cada 800-10000 nascidos vivos
o Uma das anomalias cromossômicas mais comuns e importantes
o Afeta muitas coisas: cardiopatia, língua diferente...
o Aumenta a probabilidade com a idade da mãe (óvulos “mais
velhos”)
 Trissomia do 13 (47XX+13 / 47XY+13)
 Síndrome de Patau
o 1 a cada 20000 nascidos vivos
o 90% morre antes do primeiro ano de vida
o Comprometimento psicomotor, fenta palatina
 Trissomia do 18 (47XX+18 / 47XY+18)
 Síndrome de Edwards
o Geralmente não passa de um ano
o 1 a cada 7000 nascidos vivos
 X extra (47 XXY)
 Fenótipo: homem
 Síndrome de Klinefelter
o Mamas, testículos pouco desenvolvidos
o Alterações psicológicas, como agressividade (não há consenso
científico)
 Monossomia do X (45X0 ou 45X)
 Fenótipo: mulher
 Síndrome de Turner
o O X faz parte do fenômeno de “balanço de doses”
 Homem é XY e mulher é XX, ou seja, mulheres tem o dobro de X
 Teoricamente, haveria uma diferença muito grande na produção de
proteínas entre homens e mulheres, referentes a esse X duplo
 Por conta disso, mulheres sofrem o silenciamento de um dos X
o Isso acontece cedo no período embrionário; é algo aleatório,
podendo ser o X vindo da mãe ou do pai; cada célula do embrião
sofre a inativação em um X, e vão gerar células-filhas idênticas
 Portanto, mulheres são “mosaicos”, pois em algumas células
há um X silenciado, e em outras há outro
o X inativado dá origem ao Corpúsculo de Barr (cromatina sexual),
podendo ser visto em microscópio
 Entretanto, mesmo quando um dos X é silenciado, ele possui partes
preservadas (regiões pseudoautossômicas, presentes tanto no X quanto no
Y), que não são silenciadas
 Anomalias de X são menos graves:
 Klinefelter: um dos X a mais é silenciado, como seria em uma mulher XX;
por conta disso, o que causa das anomalias são as partes preservadas que
“vêm a mais” nesse X extra
 Turner: normalmente, uma mulher já tem um X silenciado, mesmo que seja
XX; por conta disso, nessa síndrome, o que causa a anomalia é a falta das
partes preservadas que haveriam no segundo X
o Duplicação do Y: fenótipo também mais brando que as autossômicas e não envolve o X
 Relacionado ao tamanho do Y, que é muito pequeno
 As únicas trissomias compatíveis com a vida são os menores

o Alteração autossômica mais comum é Down, no 21 (pois é pequeno)

 Estruturais
o Qualquer modificação que altera a estrutura de cromossomos individuais, resultando em
perda, ganho ou troca de segmentos
o Acontecem por quebras cromossômicas, e os rearranjos que se formam acabam
acontecendo em uma combinação diferente da normal
o Componente de aleatoriedade, pois a qualquer hora um cromossomo pode quebrar e se juntar
de novo, gerando várias alterações (replicação do DNA, influencia de agentes ambientais...)

o Balanceadas/equilibradas
o Quebras onde não há mudança no número de genes (conjunto gênico preservado),
geralmente não havendo alterações no fenótipo dos sujeitos que sofrem
o O problema surge quando o indivíduo for gerar gametas, ou seja, com ao problema
acontece com a prole
 Na hora de fazer meiose (para gerar gametas), precisa parear homólogos; mas a
pessoa tem pedaços trocados, o que deixa mais difícil de organizar, e isso pode
gerar uma alteração no gameta e na prole
o Tipos de alterações estruturais balanceadas:
 Inversão: um pedaço do cromossomo quebra, a partir dessa quebra ele rota
180º e retorna ao mesmo lugar
 Pode ser paracêntrica (não envolve o centrômero e não altera o tamanho
dos braços), ocorrendo no braço Q ou no P
 Pode ser pericêntrica, com a parcela que ocorre a inversão envolvendo o
centrômero (e, portanto, os dois braços, podendo alterar seus tamanhos)
 Homozigotos para inversão têm meiose normal, a princípio
 Heterozigotos para inversão: pareamento de cromossomos homólogos
leva a formação de uma alça por dobramento (alça por inversão), que
compromete o crossing-over, sendo que, maior sua extensão, pior o
comprometimento
o Se há crossing-over dentro da alça de inversão, gera-se gametas
equilibrados e não equilibrados, que poderá ter descendência
com problemas
 Translocação: trocas entre cromossomos não-homólogos (se fosse entre
homólogos, seria o crossing-over)
 Recíproca: partes semelhantes em tamanho e estrutura de dois
cromossomos se quebram e trocam de lugar uma com a outra,
mutuamente

o
 Não recíproca: transferência unilateral de um pedaço de cromossomo
para outro pedaço de cromossomo (quantidade de genes se mantém a
mesma, mas o cromossomo fica menor)
o
 Robertsonianas: ocorrem entre cromossomos acrocêntricos (com
braço longo bem longo e o curto bem curtinho, chamados satélites)
o Causas: erros espontâneos durante a replicação; mutação em
genes de reparos de quebras; crossing-over desigual na meiose,
agentes externos (radiação ionizantes, por exemplo, que
quebram ligações açúcar-fosfato do DNA; vírus, bactérias, raios
ultravioletas...)
o Ocorrem quebras nas regiões próximas aos centrômeros, e os
braços longos se fundem, enquanto os satélites se perdem
 Os satélites tem genes repetidos em vários outros
cromossomos, por isso não fazem diferença (por isso são
balanceadas)

o
o Para quem herdar somente o cromossomo fusionado do pai ou
mãe, fica tudo bem, mesmo que seja um cromossomo a menos,
mas nem toda a prole vai herdar o cromossomo fusionado
(ocorrem muito nos cromossomos 14 e 21)
 Pode haver Síndrome de Down (causada por alteração no
cromossomo 21) na prole, ou abortos
 Pessoa com a alteração tem um 14 e um 21 “normais”, e
um 14/21 fusionados; a passagem pelos gametas possui
diversas possibilidades, e uma delas (passagem do 14/21
juntamente com o 21) causaria o mesmo fenótipo de uma
trissomia do 21 (Síndrome de Down) na prole
 Síndrome de Down
o Pode ser pela trissomia completa (numérica, clássica, do 21)
 Vem de problemas de disjunção na meiose que formou os gametas que
formaram o indivíduo
 Essa alteração na formação do gameta dos pais foi ao acaso, por isso a chance
de ter outro filho com Síndrome de Down também é ao acaso
o No caso da Síndrome de Down por mosaicismo, parte das células apresenta trissomia
do 21 e outra parte tem a quantidade normal de cromossomos. Essa diferença, no
entanto, não reflete em diferenças significativas em relação a portadores da síndrome
de Down comum, mas geralmente o fenótipo é mais brando (pois algumas células não
têm o erro cromossômico)
 Aqui também é aleatória, ao acaso; a chance de acontecer novamente é ao acaso
o No caso do cromossomo translocado, significa que um dos pais possui uma alteração
balanceada, e a chance de recorrência para Síndrome de Down é aumentada
 Síndrome de Down resultado de uma alteração estrutural, com um dos pais
sendo portador de uma alteração balanceada de translocação Ronertsoniana
14/21; há a possibilidade 1/3 de ter um filho normal, 1/3 de ser portador
balanceado (fenótipo normal) e 1/3 de ter um filho não-balanceado, com
Síndrome de Down

 Não-equilibradas/não-balanceadas
o Tipo de alteração que envolve falta ou excesso no conjunto gênico
o Nesse caso, o portador possui fenótipos anormais
o Deleção: parte de um cromossomo é perdida, tendo uma monossomia parcial do
segmento deletado
 Causas: geralmente na meiose, no crossing-over, justamente quando o
cromossomo perde uma parte para trocar com o outro
 Pode ser uma separação anormal de rearranjos cromossômicos
equilibrados (ocorrência de uma alteração equilibrada levando a uma
alteração não-equilibrada na prole)
 Pode ser letal no feto, como na deleção de um cromossomo X dos homens, que
só tem um X
 Algumas são compatíveis com a vida e outros não
 Deleções terminais: podem acontecer nas pontas, sendo uma única quebra no
braço Q ou P; segmento cromossômico que quebrou, por não ter centrômero, não
se liga a outro cromossomo na divisão
 Exemplo:
 Síndrome de Cri-du-Chat (46 XX, 5p-)
o Deleção no cromossomo 5
o Síndrome do choro do gato, por conta do som do choro do bebê
o Bem grave, crianças nascem com problemas nos ossos,
músculos, na audição...
o 1 para 20.000 nascidos vivos
 Deleção intersticial:
 Acontece na forma de duas quebras, e o segmento cromossômico formado entre
as duas quebras é que se perde na próxima divisão;
 Precisa haver a união dos pedaços da “ponta” com o de perto do
centrômero, para se perder o pedaço “do meio”


 Microdeleções:
 Não se consegue ver no cariótipo , só com Fisch (técnica com
fluorescência)
 Exemplo:
o Síndrome de Williams
 Deleção no cromossomo 7; não há parte do cromossomo
7 em uma das cópias, sendo geralmente uma alteração
pequena
 Função das proteínas cujos genes foram deletados está
relacionado aos sintomas da síndrome
 Aqui, tem a ver com a elastina, que ajuda a tornar vasos
sanguíneos mais fortes e elásticos; bebês que nascem
com essa síndrome, possuem problemas cardíacos e nos
vasos sanguíneos
 Frequência: 1 para 10000 nascidos vivos

 Anomalia do Cromossomo em Anel


o Também é uma deleção
o Duas deleções terminais (braços P e Q, nas suas pontas), e há a
perda dos fragmentos, acênteros, e as pontas do fragmento que
restou se junta e vira um “anel”
o A perda dos telômeros, que são protetores, causa bastante instabilidade
 Sem essa proteção, o material genético dessa seção fica bem
suscetível à degeneração, má-formação, formação de tumor...
o Quando ocorre no cromossomo X, há fenótipo semelhante à Síndrome
de Turner (um X a menos)
o

o Duplicação
 Parte do cromossomo é duplicada e inserida, repetindo genes
 Não é tão nociva quanto deleção
 Causa: crossing-over desigual, quebra nos dois cromossomos homólogos, segregação
anormal de rearranjos


o Issocromossomos
 Perda de um braço de um cromossomo com a duplicação do outro braço
 Na duplicação, temos uma trissomia parcial do segmento multiplicado; aqui, o
portador tem uma monossomia de um dos braços e uma trissomia do outro braço

Mixoploidia
 Duas formas na espécie humana: mosaicismo e quimerismo
 Mosaicismo:
o Há, em um indivíduo ou tecido, duas ou mais linhagens celulares diferentes
geneticamente
o Essas linhagens diferentes são geradas de um único zigoto
o Nesse caso, a fecundação é normal, tal como o óvulo e o espermatozoide; no início
das replicações por mitose, para formas o ser humano, podem ocorrer problemas de
não disjunções, e esse defeito vai ser replicado para células-filhas da célula que
sofreu a mutação
 Persiste mais de uma linhagem celular, se misturando com as outras células
 Quimerismo:
o Pessoa também tem duas ou mais linhagens diferentes, mas com origem celular
diferente
 Pode ser por dupla fertilização: dois zigotos se fundem e geram um só feto
(quimera dispérmica)
 Troca de células via placenta entre dois gêmeos não-idênticos (quimera
sanguínea)

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