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LIVRO DE GENÉTICA

UNIDADE 3

DOCENTE RESPONSÁVEL: DRA. ELIANE PATRÍCIA

CERVELATTI MENDONÇA

UniSALESIANO – ARAÇATUBA / LINS


Apresentação da Unidade Curricular 3

Olá pessoal!!! Bem-vindos à Unidade 3 da disciplina Genética!

Já estamos na metade da disciplina!!!! Já conhecemos muita coisa sobre

o DNA e nosso foco nessa unidade é o cariótipo humano. Vamos discutir como

analisá-lo e as possíveis alterações (mutações) que podem ser observadas no

conjunto de cromossomos da espécie humana. Em seguida, nosso objetivo será

abordar as consequências observadas em indivíduos que apresentam em seu

cariótipo uma alteração cromossômica numérica ou estrutural.

Então vamos lá, há muito ainda a ser discutido... como eu sempre digo:

vamos avançar em nossa jornada no maravilhoso mundo da Genética!


SUMÁRIO

1. Mutações cromossômicas.

2. Consequências das mutações cromossômicas em humanos.


1. MUTAÇÕES CROMOSSÔMICAS

1.1 - OBJETIVOS

I) Compreender as alterações cromossômicas numéricas.

II) Comparar as principais características dos diferentes tipos de alterações

cromossômicas numéricas.

III) Compreender as alterações cromossômicas estruturais.

1.2 - INTRODUÇÃO

O DNA humano está organizado em 46 cromossomos que formam o nosso

cariótipo (conjunto de cromossomos). Um aspecto importante a ser mencionado

é que esse cariótipo deve ser igual em todos os indivíduos da espécie humana,

ou seja, todos devemos apresentar 46 cromossomos, e cada cromossomo deve

manter sua característica (como tamanho, por exemplo). Finalmente, vale

ressaltar que em humanos apenas o último par de cromossomos varia de acordo

com o sexo: XX em mulheres e XY em homens (figura 1.1).


Figura 1.1: Cariótipo humano A) Masculino e B) Feminino. Fonte: ROBERTIS, DE. De Robertis.
Biologia Celular e Molecular. Disponível em: Minha Biblioteca, (16ª edição). Grupo GEN, 2014.

Para análise de um cariótipo, os cromossomos são organizados pelo

tamanho, começando pelo maior e finalizando com o menor. Além disso,

considera-se também a posição do centrômero (local de união entre as duas

cromátides). Com relação a esse aspecto, os cromossomos podem ser

classificados como: I) metacêntrico – quando o centrômero está exatamente no

meio do cromossomo; II) submetacêntrico – aqueles que apresentam

centrômero um pouco acima do meio do cromossomo e III) acrocêntricos –

quando o centrômero está mais próximo dos telômeros (extremidades). Para

finalizar a questão da posição do centrômero, vale chamar atenção para o fato

que ele divide o cromossomo em duas partes, dois ‘braços cromossômicos’.

Quando o centrômero não está no meio do cromossomo teremos um braço maior

(chamado ‘q’) e outro menor (chamado ‘p’) (figura 1.2).


Figura 1.2: Classificação dos cromossomos de acordo com a posição dos centrômeros. Fonte:
Jorde, Lynn B. Genética Médica. Disponível em: Minha Biblioteca, (5ª edição). Grupo GEN, 2017.

Muitas vezes a análise de um cariótipo requer informações adicionais

(além do tamanho e posição do centrômero). Nesses casos, os cromossomos

são corados por diferentes técnicas de bandeamento que ao final evidenciam a

existência de um padrão de bandas (regiões claras e escuras), que são

características para cada cromossomo (figuras 1.2 acima e 1.3)

Figura 1.3: Cariótipo com cromossomos bandeados de um homem normal. Fonte: Jorde, Lynn
B. Genétca Médica. Disponível em: Minha Biblioteca, (5ª edição). Grupo GEN, 2017.
Embora seja fundamental que as características dos cromossomos sejam

iguais em todos os indivíduos de uma espécie, existem casos em que o cariótipo

apresenta anormalidades cromossômicas. Há inclusive uma área específica da

Genética, a Citogenética que tem como objetivo analisar as alterações

cromossômicas e suas consequências.

Uma informação importante com relação a essas alterações

cromossômicas é que elas ocorrem em 1 a cada 150 nascidos vivos, são a

principal causa conhecida de deficiência intelectual e estão presentes em 50%

dos abortos espontâneos de primeiro trimestre e em 20% dos de segundo

trimestre.

Mas como são essas alterações cromossômicas? Bem, de uma maneira

geral, elas são alterações que resultam em números anormais de cromossomos

individuais (aneuploidias), em números anormais de conjuntos cromossômicos

(euploidias aberrantes) ou alteram a estrutura dos cromossomos. Vamos

conhecer cada uma delas com mais detalhes a partir de agora.

1.3 – EUPLOIDIAS ABERRANTES

Um cariótipo humano normal é diplóide (2n = 46), possui dois conjuntos

cromossômicos: um de origem materna (n = 23) e um de origem paterna (n =

23).

Na euploidia aberrante, vamos observar uma alteração que envolve o

conjunto cromossômico inteiro, conforme os exemplos abaixo demonstrados.


TETRAPLOIDIA: Cariótipo humano anormal com 4 conjuntos

cromossômicos (tetraplóide), 4n = 92 cromossomos.

TRIPLOIDIA: Cariótipo humano anormal com 3 conjuntos cromossômicos

(triplóide), 3n = 69 cromossomos (figura 1.4).

Figura 1.4: Cariótipo com contagem triploide (69, XYY), provavelmente devido à dispermia.
Fonte: Schaefer, G., B. e James Thompson. Genética Médica. Disponível em: Minha
Biblioteca, Grupo A, 2015.

Vamos considerar alguns aspectos importantes com relação a cariótipos

triploides em humanos: I) sua incidência é de 1 a cada 10.000 nascidos vivo;

II) a maioria das concepções triploides é abortada espontaneamente e III)

fetos triploides que sobrevivem a termo, caracteristicamente vão a óbito logo

após o nascimento.

A triploidia pode ser causada por uma falha na separação dos

cromossomos na meiose, ou, mais comumente, pela fertilização de um

ovócito por dois espermatozóides (dispermia) (figura 1.5).


Figura 1.5: Ilustração esquemática da dispermia, resultado num zigoto triplóide (3n).

1.4 – ANEUPLOIDIAS

Apenas para reforçar: um cariótipo humano é diplóide (2n = 46

cromossomos). A aneuploidia é uma alteração cromossômica numérica em que

um ou alguns cromossomos individuais estão envolvidos (mas não o conjunto

cromossômico inteiro). Vamos analisar os exemplos abaixo.

TRISSOMIA: presença de um cromossomo extra. Nesse caso, o cariótipo será

2n + 1 = 47 cromossomos.

TETRASSOMIA: presença de dois cromossomos extra. Nesse caso, o cariótipo

será 2n + 2 = 48 cromossomos.

MONOSSOMIA: ausência de um cromossomo. Nesse caso, o cariótipo será 2n

- 1 = 45 cromossomos.

Considerando os exemplos acima, notamos que pode haver ganho ou

perda de cromossomos (a perda terá consequências mais graves que o ganho).

A questão agora é: o que causou essa alteração na quantidade de


cromossomos? Temos duas possibilidades: falha na separação dos

cromossomos na meiose ou na mitose, vamos falar um pouco mais sobre isso.

Quando ocorre um erro na separação dos cromossomos durante a

meiose, teremos a formação de um gameta cromossomicamente anormal. Se

esse gameta participar da fecundação teremos a formação de um zigoto

(primeira célula do corpo humano) anormal, conforme observado na figura 1.6.

Figura 1.6: Na não disjunção meiótica dois cromossomos homólogos migram para a mesma
célula filha em vez de se afastar e migrar normalmente para células filhas diferentes. Isto resulta
em prole monossômica e trissômica. Fonte: Jorde, Lynn B. Genética Médica. Disponível em:
Minha Biblioteca, (5ª edição). Grupo GEN, 2017.

SAIBA MAIS: O aumento da idade da mulher eleva os riscos de uma não


disjunção meiótica (portanto da formação de gametas cromossomicamente
anormais). Isso ocorre porque a gametogênese feminina começa ainda na vida
fetal, é interrompida e só continua a partir da puberdade. Desse momento em
diante, a cada mês um gameta concluirá a meiose. Diante disso, quanto maior
a duração da meiose (o que acontece com o avançar da idade da mulher), maior
o risco da existência de falhas nesse processo.
Considerando agora falha na separação dos cromossomos durante a

mitose, resultará na formação de um mosaico. Ou seja, o indivíduo apresentará

em seu organismo células normais e células anormais (figura 1.7).

Figura 1.7: Mitose normal e esquema de uma não disjunção mitótica.

Para finalizarmos nossa análise sobre as aneuploidias, abaixo temos um

cariótipo apresentando um trissomia (2n + 1 = 47) e outro apresentando uma

monossomia (2n – 1 = 45) (figuras 1.8 e 1.9 respectivamente).


Figura 1.8: Cariótipo apresentando uma trissomia. Fonte: McInnes, Roderick R. Thompson &
Thompson Genética Médica. Disponível em: Minha Biblioteca, (8ª edição). Grupo GEN, 2016.

Figura 1.9: Cariótipo apresentando uma monossomia. Fonte: Griffiths, Anthony J., F. et al.
Introdução à Genética. Disponível em: Minha Biblioteca, (12ª edição). Grupo GEN, 2022.
1.5 – ALTERAÇÕES CROMOSSÔMICAS ESTRUTURAIS

As alterações cromossômicas estruturais são divididas em dois tipos: as

balanceadas e as não balanceadas. Vamos abordar as principais características

e exemplos de cada uma delas, ok?

I) Alterações cromossômicas estruturais não balanceadas: são aquelas em que

há ganho ou perda de material genético. Como exemplos temos as deleções

(perda de parte de um cromossomo), duplicações (ganho de parte de um

cromossomo) e os isocromossomos (cromossomo no qual um braço foi

duplicado e o outro está ausente) (figura 1.10).

Figura 1.10: Ilustração apresentando os diferentes tipos de alterações cromossômicas estruturais


não balanceadas.

II) Alterações cromossômicas estruturais balanceadas: são aquelas em que não

há ganho nem perda de material genético. No entanto, o DNA estará ‘embalado


/ organizado’ de uma nova maneira. Como exemplos, temos as inversões e as

translocações.

IIa) Inversões: nesse caso, um cromossomo sofre 2 quebras e é reconstituído

com o segmento entre as quebras invertido (figura 1.11).

Figura 1.11: Ilustração de uma inversão.

IIb) Translocações: troca de material genético entre cromossomos não

homólogos. Existem 3 tipos: recíprocas, não recíprocas e Robertsonianas.

Translocações recíprocas: Ocorre a quebra de cromossomos não homólogos,

seguida da troca recíproca dos segmentos quebrados (figura 1.12).

Figura 1.12: Ilustração de uma translocação recíproca.


Translocações não recíprocas: Ocorre a quebra de cromossomos não

homólogos, seguida da troca não recíproca dos segmentos quebrados (figura

1.13).

Figura 1.13: Ilustração de uma translocação não recíproca.

Translocações Robertsonianas: só ocorre entre cromossomos acrocêntricos

(aqueles com centrômero próximo aos telômeros). No cariótipo humano, os

cromossomos 13, 14, 15, 21 e 22 são acrocêntricos. Nesse tipo de translocação,

ocorre a fusão perto da região do centrômero e a perda dos braços curtos (figura

1.14).

Figura 1.14: Translocação Robertsoniana. Fonte: Jorde, Lynn B. Genética Médica. Disponível
em: Minha Biblioteca, (5ª edição). Grupo GEN, 2017.
SAIBA MAIS:

Portadores das translocações robertsonianas não perdem material

genético essencial, são fenotipicamente normais, mas apresentam apenas

45 cromossomos em cada célula. Caso essa translocação envolva o

cromossomo 21, os riscos de um descendente portador da síndrome de

Down serão maiores.

BIBLIOGRAFIA

Griffiths, Anthony J., F. et aL. Introdução à Genética. Disponível em: Minha

Biblioteca, (12ª edição). Grupo GEN, 2022.

https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788527738682/epubcfi/

6/58%5B%3Bvnd.vst.idref%3Dhtml29%5D!/4/38/4%4052:43

Jorde, Lynn B. Genética Médica. Disponível em: Minha Biblioteca, (5ª edição).

Grupo GEN, 2017.

https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788595151659/epubcfi/

6/36%5B%3Bvnd.vst.idref%3Dcap-

6.xhtml%5D!/4/290/3:318%5Brma%2Cl.%5D

Menck, Carlos FM Genética Molecular Básica. Disponível em: Minha Biblioteca,

Grupo GEN, 2017.


https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788527732208/epubcfi/

6/32%5B%3Bvnd.vst.idref%3Dchapter04%5D!/4/62/1:1101%5Btai%2Cs.%5D

McInnes, Roderick R. Thompson & Thompson Genética Médica. Disponível em:

Minha Biblioteca, (8ª edição). Grupo GEN, 2016.

https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788595151819/epubcfi/

6/30%5B%3Bvnd.vst.idref%3DaB9788535284003000040%5D!/4/2/6/16/2/16/8/

30/5:46%5Brda%2C%20de%5D

Schaefer, G., B. e James Thompson. Genética Médica. Disponível em: Minha

Biblioteca, Grupo A, 2015.

https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788580554762/pageid/

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2. CONSEQUÊNCIAS DAS MUTAÇÕES CROMOSSÔMICAS EM

HUMANOS

2.1 - OBJETIVOS

I) Compreender os principais distúrbios autossômicos.

II) Compreender as principais características dos distúrbios envolvendo

cromossomos sexuais.

III) Compreender alguns exemplos de distúrbios causados por alterações

cromossômicas estruturais.

2.2 - INTRODUÇÃO

Discutimos no capítulo anterior as alterações que podem ser observadas

em um cariótipo: mudanças no número e na estrutura dos cromossomos. A

questão agora é: o indivíduo que apresentar uma alteração cromossômica terá

alguma consequência associada a esse fato? Veremos a partir de agora que

sim, mas que tudo depende do tipo de alteração e do cromossomo que está

envolvido nessa mutação.

2.3. DISTÚRBIOS ENVOLVENDO CROMOSSOMOS AUTOSSÔMICOS.

São os distúrbios que envolvem qualquer cromossomo autossômico (do 1

ao 22). Embora as alterações possam ocorrer em qualquer cromossomo,

existem 3 distúrbios autossômicos humanos bem caracterizados, que se tratam

de trissomias envolvendo os cromossomos 13, 18 e 21. É importante ressaltar


que as anomalias observadas em cada são determinadas pela dosagem extra

de determinados genes no cromossomo adicional.

I) Trissomia do cromossomo 21: síndrome de Down.

Esse é o distúrbio cromossômico mais comum e mais conhecido, cuja

incidência é de 1 a cada 850 crianças. Os fatores de risco para o nascimento de

uma criança portadora dessa síndrome são a idade materna e a presença de

uma translocação envolvendo o cromossomo 21 no cariótipo dos genitores.

As principais características dos portadores dessa síndrome são

apresentadas nas figuras 2.1 a 2.3 envolvem:

✓ Características faciais dismórficas

✓ Baixa estatura

✓ Pescoço curto (pele frouxa na nuca)

✓ Língua grande e cheia de sulcos

✓ Pregas das fendas palpebrais elevadas

✓ Mãos curtas e largas (uma única prega palmar)

✓ Deficiência intelectual (moderada a branda)

✓ Defeitos cardíacos são frequentes

✓ Expectativa de vida: 55 anos


Figura 2.1: Criança portadora da síndrome de Down. Fonte: McInnes, Roderick R. Thompson &
Thompson Genética Médica. Disponível em: Minha Biblioteca, (8ª edição). Grupo GEN, 2016.

Figura 2.2: A) Um bebê com síndrome de Down, apresentando as características típicas dessa
síndrome: fissuras palpebrais voltadas para cima, excesso de pele n região palpebral interna
(prega epicântica), língua protusa e ponte nasal baixa. B) Mesma menina observada em A, sete
anos mais tarde. Observe que as características típicas estão presentes, mas são menos óbvias.
Fonte: Jorde, Lynn B. Genética Médica. Disponível em: Minha Biblioteca, (5ª edição). Grupo
GEN, 2017.
Figura 2.3: Sulco palmar único (única prega palmar). Fonte: Schaefer, G., B. e James
Thompson. Genética Médica. Disponível em: Minha Biblioteca, Grupo A, 2015.

Na maioria dos casos, o cariótipo dos portadores dessa síndrome

apresenta um cromossomo 21 inteiro em dose extra (figura 2.4). Em

aproximadamente 5% dos casos, nota-se a presença de uma translocação

robertsoniana envolvendo o cromossomo 21.

Figura 2.4: Cariótipo 47, XY, +21. Fonte: McInnes, Roderick R. Thompson & Thompson Genética
Médica. Disponível em: Minha Biblioteca, (8ª edição). Grupo GEN, 2016.
Por fim, aproximadamente 2% dos casos são mosaicos, ou seja, o

portador apresenta células normais com 46 cromossomos e células com 47

cromossomos (com o 21 extra). Nesses casos, o fenótipo nesses casos é

variável, pois dependem da proporção de células normais e anormais presentes

no organismo. A figura 2.5 abaixo apresenta uma criança mosaico para essa

síndrome.

Figura 2.5: Menina com mosaicismo para trissomia do cromossomo 21 que apresenta atrasos
leves de desenvolvimento. A única característica física da síndrome é um amplo espaço entre o
primeiro e segundo dedo do pé. Fonte: Schaefer, G., B. e James Thompson. Genética Médica.
Disponível em: Minha Biblioteca, Grupo A, 2015.
SAIBA MAIS

O Ministério da Saúde elaborou uma cartilha com as ‘diretrizes para

pessoas portadoras da síndrome de Down’, onde descreve vários aspectos

fundamentais com relação a essa síndrome e pode ser acessado em

https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/diretrizes_atencao_pessoa_

sindrome_down.pdf

II) Trissomia do cromossomo 18: síndrome de Edwards.

Essa síndrome tem uma incidência de 1 a cada 6000 a 8000 crianças. Na

realidade a incidência é maior, mas infelizmente 95% dos casos são abortados

espontaneamente. Os fatores de risco para o nascimento de uma criança

portadora são a idade materna e a presença de translocações envolvendo o

cromossomo 18.

As alterações observadas nessa síndrome estão listadas abaixo e

apresentada na figura 2.6.

✓ Deficiência de crescimento pré-natal

✓ Punho fechado típico

✓ Mandíbula recuada

✓ Orelhas com implantação baixa

✓ Deficiência intelectual severa

✓ Malformações cardíacas graves


✓ Dificuldades de alimentação

✓ Expectativa de vida: tipicamente menos que alguns meses.

Figura 2.6: Paciente com trissomia do cromossomo 18. Fonte: Schaefer, G., B. e James
Thompson. Genética Médica. Disponível em: Minha Biblioteca, Grupo A, 2015.

Embora na maioria dos casos a expectativa de vida dos portadores dessa

síndrome seja restrita a alguns meses, em alguns casos pontuais eles podem

viver por mais tempo (figura 2.7).

Figura 2.7: Uma menina com trissomia 18 completa (A) aos três anos de idade e (B) aos 13 anos
de idade. Fonte: Jorde, Lynn B. Genética Médica. Disponível em: Minha Biblioteca, (5ª edição).
Grupo GEN, 2017.
O cariótipo típico dessa síndrome é apresentado na figura 2.8 abaixo.

Figura 2.8: Cariótipo 47, XY + 18. Fonte: Schaefer, G., B. e James Thompson. Genética Médica.
Disponível em: Minha Biblioteca, Grupo A, 2015.

III) Trissomia do cromossomo 13: síndrome de Patau.

Essa síndrome tem uma incidência de 1 a cada 12000 a 20000 crianças.

Assim na síndrome de Edwards, a incidência é maior, visto que a maioria dos

casos em que se observa essa trissomia resulta em um aborto espontâneo. Os

fatores de risco para o nascimento de uma criança portadora dessa síndrome

envolvem a idade materna e a presença de translocações envolvendo o

cromossomo 13.

As alterações observadas nos portadores da síndrome de Patau estão

listadas abaixo e apresentada na figura 2.9.

✓ Retardo no crescimento

✓ Deficiência intelectual severa


✓ Microcefalia, testa inclinada

✓ Punhos fechados típicos

✓ Defeitos cardíacos congênitos

✓ Fissuras labial e palatina (frequentemente)

✓ Anormalidades oculares

✓ Polidactilia

✓ Expectativa de vida: 50% morrem dentro de primeiro mês, > 90% dentro

do primeiro ano

Figura 2.9: Recém-nascido portador da síndrome de Patau. Schaefer, G., B. e James Thompson.
Genética Médica. Disponível em: Minha Biblioteca, Grupo A, 2015.
Assim como observado na síndrome de Edwards, embora na maioria dos

casos a expectativa de vida dos portadores dessa síndrome seja restrita a alguns

meses, em alguns casos pontuais eles podem viver por mais tempo (figura 2.10).

Figura 2.10: Uma menina de oito anos de idade com trissomia completa do 13 mostrando
pequenos olhos e nariz largo e proeminente. Fonte: Jorde, Lynn B. Genética Médica. Disponível
em: Minha Biblioteca, (5ª edição). Grupo GEN, 2017.

O cariótipo típico dessa síndrome é apresentado na figura 2.11 abaixo.

Figura 2.11: Cariótipo 47, XY + 13. Fonte: Schaefer, G., B. e James Thompson. Genética Médica.
Disponível em: Minha Biblioteca, Grupo A, 2015.
2.4 DISTÚRBIOS ENVOLVENDO CROMOSSOMOS SEXUAIS.

I) Aneuploidias envolvendo o cromossomo X

São uma das anomalias citogenéticas mais comuns. Além disso, nota-se

uma tolerância relativa a essas anomalias devido a inativação do cromossomo

X.

Apenas reforçando, vale lembrar que a inativação do cromossomo X é um

evento normal que ocorre em cariótipos femininos normais (46, XX), onde todo

cromossomo X além de um será inativado (figura 2.12). Dessa maneira, em

homens normais (46, XY), nenhum cromossomo é inativado.

Figura 2.12: Ilustração representando a inativação do cromossomo X.

No entanto, cariótipos masculinos e femininos anormais que apresentam

cromossomos X extras, também apresentarão a inativação desse cromossomo,

conforme apresentado na tabela 1 abaixo.


Tabela 1: Inativação do cromossomo X.

Fenótipo sexual Cariótipo Corpúsculo de Barr (nome dado


ao cromossomo X inativado)

Homem 46, XY; 47, XYY 0


47, XXY 1
48, XXXY 2
49, XXXXY 3

Mulher 45, X 0
46, XX 1
47, XXX 2
48, XXXX 3
49, XXXXX 4

Tendo essas informações fundamentais em mente, vamos começar a

discutir as diferentes síndromes que envolvem o cromossomo X.

SÍNDROME DE KLINEFELTER (47, XXY)

A incidência estimada para essa síndrome é de 1 em até 600 nascimentos

do sexo masculino. No entanto, como as alterações apresentadas pelos

portadores são brandas, supõe-se que muitos casos não sejam detectados.

Nesses indivíduos 47, XXY um dos cromossomos X é inativado.

As principais características apresentadas nessa síndrome estão

apresentadas na figura 2.13 e listadas abaixo.

✓ Pacientes altos

✓ Braços e pernas desproporcionalmente longos


✓ Fisicamente normais até a puberdade

✓ Características sexuais secundárias permanecem subdesenvolvidas

✓ Ginecomastia (pode estar presente)

✓ Testículos pequenos

✓ Maioria é estéril.

Figura 2.13: Fenótipo de homens com síndrome de Klinefelter 47,XXY. Fonte:McInnes, Roderick
R. Thompson & Thompson Genética Médica. Disponível em: Minha Biblioteca, (8ª edição). Grupo
GEN, 2016.

Um cariótipo típico dessa síndrome é apresentado na figura 2.14 abaixo.

Figura 2.14: Cariótipo 47,XXY. Fonte: Schaefer, G., B. e James Thompson. Genética Médica.
Disponível em: Minha Biblioteca, Grupo A, 2015.
MULHERES 47, XXX (SÍNDROME XXX)

Essa síndrome tem uma incidência estimada de 1 em 1000 nascimentos

do sexo feminino. Novamente, as alterações apresentadas são muito brandas.

Isso é explicado pelo fato do cromossomo X extra ser inativado. Nesse caso,

como a mulher é 47, XXX ela terá dois cromossomos X inativados.

O cariótipo característico dessa síndrome é apresentado na figura 2.15

abaixo.

Figura 2.15: Cariótipo 47, XXX. Fonte: Schaefer, G., B. e James Thompson. Genética Médica.
Disponível em: Minha Biblioteca, Grupo A, 2015.

As principais características dessa síndrome estão listadas abaixo.

✓ Estatura um pouco acima da média

✓ Características normais

✓ Desenvolve as mudanças da puberdade na idade apropriada

✓ Em geral são férteis


✓ Podem apresentar: deficiência no aprendizado, deficiência de

desenvolvimento, problemas de comportamento, descoordenação e

esterilidade.

As variações dessa síndrome são mulheres 48, XXXX (que apresentam 3

cromossomos X inativos) e mulheres 49, XXXXX (que apresentam 4

cromossomos X inativos). Nos dois casos, cada X adicional vem acompanhado

de maior gravidade da deficiência intelectual e de anormalidades físicas. Isso

pode ser explicado pela presença em doses adicionais da região que ‘escapa’

da inativação do X que foi inativado.

SÍNDROME DE TURNER (45, X)

Essa é a única síndrome em que se observa a perda de um cromossomo.

Sua incidência é de 1 em 2.500-4.000 nascimentos do sexo feminino. No

entanto, ela ocorre com uma frequência muito maior, mas infelizmente a

maioria (acima de 99%) das concepções 45, X é perdida no período pré-natal.

Entre as concepções que evoluem a termo, muitas são mosaicos (30 a 40%).

Acredita-se que as alterações dessa síndrome são devidas a ausência

dos genes que ‘escapam da inativação’. As principais características dessa

síndrome estão listadas abaixo e a presentada na figura 2.16.

✓ Baixa estatura

✓ Pescoço largo e alado

✓ Linfedema

✓ Risco de anomalias cardíacas

✓ Cognição / inteligência tipicamente normais


✓ Fenótipo comportamental normal (mas ajuste social comprometido)

✓ Infertilidade

Figura 2.16: Menina com síndrome de Turner. Fonte: Jorde, Lynn B. Genética Médica. Disponível
em: Minha Biblioteca, (5ª edição). Grupo GEN, 2017.
O cariótipo de uma portadora dessa síndrome é apresentado na figura

2.17.

Figura 2.17: Cariótipo 45, X. Fonte: Schaefer, G., B. e James Thompson. Genética Médica.
Disponível em: Minha Biblioteca, Grupo A, 2015.

✓ ANEUPLOIDIAS ENVOLVENDO O CROMOSSOMO Y: HOMENS 47,

XYY

Essa síndrome apresenta uma incidência de 1 em cada 700 a 1000

nascimentos do sexo masculino e não está associada a nenhum fenótipo

anormal. Não é possível fazer uma clara distinção entre homens 46, XY e 47,

XYY. A fertilidade normal, mas pode haver dificuldade de linguagem e leitura

(50%). Esses homens não apresentarão NENHUM cromossomo inativado. A

explicação para ausência de alterações é que o cromossomo Y é pequeno e

possui poucos genes (a maioria envolvida em características masculinas).


2.5 DISTÚRBIOS CAUSADOS POR ALTERAÇÕES CROMOSSÔMICAS

ESTRUTURAIS.

EXEMPLO: SÍNDROME DO CRI DU CHAT (SÍNDROME DO MIADO DE GATO)

Essa síndrome é causada pela perda de uma parte do braço curto do

cromossomo 5 (5p), conforme pode ser observado no cariótipo apresentado na

figura 2.18.
Figura 2.18: Cariótipo 46, XX del 5p. Fonte: Schaefer, G., B. e James Thompson. Genética
Médica. Disponível em: Minha Biblioteca, Grupo A, 2015.

Entre as alterações típicas para essa síndrome (apresentadas na figura

2.19), podemos citar:

✓ Choro semelhante ao miado de um gato

✓ Baixo peso ao nascer

✓ Deficiência cognitiva grave

✓ Microcefalia

✓ Defeitos cardíacos
Figura 2.19: Três crianças diferentes com síndrome de cri du chat, que resulta de deleção de
parte do cromossomo 5p. Fonte:McInnes, Roderick R. Thompson & Thompson Genética Médica
. Disponível em: Minha Biblioteca, (8ª edição). Grupo GEN, 2016.

BIBLIOGRAFIA

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Biblioteca, (12ª edição). Grupo GEN, 2022.

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