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Meiose e reprodução sexuada

Reprodução sexuada, fecundação e meiose

O nascimento de um ser humano implica a ocorrência prévia da


fecundação, momento em que duas células designadas gâmetas se unem
para a formação de uma nova célula – ovo ou zigoto. Posteriormente, ocorrem
mitoses sucessivas até se formar um novo ser humano com biliões de células.

A ocorrência de fecundação caracteriza a reprodução sexuada, que é


comum à maioria das plantas e dos animais, mas que também está presente
em fungos e protistas. Todos esses organismos, têm em comum o facto de
serem eucariontes, estando a informação genética organizada em
cromossomas, presentes no núcleo de cada célula.

Voltando ao exemplo inicial, um bebé apresenta características comuns


aos seus progenitores e irmãos, mas não é uma réplica de nenhum deles. Isto
acontece porque a descendência adquire variantes dos genes (alelos) dos dois
progenitores ao herdar os cromossomas de cada um deles, e isso revela-se no
facto de os cromossomas se encontrarem aos pares no núcleo de cada uma
das células de um organismo humano – 46 cromossomas, organizados em 23
pares.

A fecundação implica a existência de células sexuais específicas, que


podem ser de indivíduos diferentes ou do mesmo indivíduo. Vocês sabem que
as plantas (algumas), na sua flor, contêm, dois sexos, portanto, pode um
indivíduo fazer reprodução sexuada. Não quer dizer que aconteça entre dois
indivíduos. Normalmente é, mas nem sempre. É preciso dois gâmetas distintos
(diferentes), um masculino e outro feminino.

Normalmente temos semelhanças com os que nos são mais próximos,


com os familiares. Temos características do pai e temos características da
mãe, mas somos, ao mesmo tempo, distintos. Somos diferentes! Essa
diferença deve-se, precisamente, ao facto de na reprodução sexuada, todos os
indivíduos serem o resultado da junção de material genético de dois indivíduos
diferentes. Isto permite recombinações genéticas, recombinações génicas,
formação de combinações entre genes, que nunca antes existiram.

No entanto, nós partilhámos todas as características, a nossa espécie,


qualquer espécie é definida por um grupo de indivíduos que têm as mesmas
características. Nós somos semelhantes, mas há pequenas variações.

Porque é que há estas pequenas variações?

Primeiro, temos sempre dois genes, para o mesmo carácter, para a


mesma característica, porque, afinal, somos o resultado da junção de
património genético de dois indivíduos, que por sua vez, tinham já genes de
dois e assim sucessivamente. A reprodução sexuada traz variabilidade
genética.

Somos uma mixórdia de genes.

Só o facto de termos dois genes para cada característica, não o justifica.


Porque é que há variações? Porque ao longo de milhões de anos fomos
acumulando mutações, ou seja, os genes vão sofrendo pequenas variações.

Curiosidade: A cor dos olhos, o azul, por exemplo, na população humana, na


espécie humana, é muito recente, tem poucos milhares de anos. Antes disso,
tínhamos todos os olhos castanhos, tudo da mesma cor. Houve uma mudança
num gene, que permitiu o surgimento de uma nova cor. Isso aconteceu com
todas as características, portanto, há variações.

Nota: Duas bactérias podem trocar genes entre si, o que pode ser considerado
uma forma primitiva de reprodução sexuada – conjugação. No cromossoma
circular existem plasmídeos, pequenos aneizinhos de genes. As bactérias
podem trocar esses plasmídeos entre si, trocando material genético, o que lhes
permite resistir ao ambiente em constante mudança, nomeadamente aos
nossos antibióticos. Tornam-se resistentes.
O nascimento de um novo ser humano é resultado de reprodução sexuada, um processo que
implica a formação e a fusão de gâmetas.

Reprodução sexuada e cromossomas

Os cromossomas de cada par são homólogos, isto é, têm o mesmo


tamanho, a mesma posição do centrómero e a mesma disposição dos genes
responsáveis pelas diferentes características. Os genes alelos são os genes
dos cromossomas homólogos, que correspondem à mesma característica, mas
que podem ter variações.

Mas a sua origem é diferente, um dos cromossomas homólogos provém


do gâmeta feminino produzido pelo organismo materno, e o outro, de origem
paterna, provém do gâmeta masculino que o fecundou.

A fecundação é, portanto, um processo que implica a fusão dos núcleos


dos dois gâmetas – cariogamia1.

1
Do grego káryon = núcleo + gámos = casamento

Apesar de os cromossomas homólogos apresentarem o mesmo conjunto


de genes, estes apresentam alelos que permitem a variabilidade genética dos
seres humanos, tal como acontece noutras espécies.
Cada um de nós tem combinações de genes que nunca antes existiram,
por isso é que não há ninguém igual a nós, a não ser que se tivéssemos um
gémeo verdadeiro, que é um clone.

Todos nós começamos numa celulazinha, que se chama ovo ou zigoto.


Essa célula não é o resultado da divisão de nenhuma célula, pelo contrário, é o
resultado da junção e da fusão de duas células sexuais, que se chamam
gâmetas.

Os gâmetas são produzidos em glândulas específicas, as gónadas onde


existem, então, as células da linha germinativa, que são aquelas que dão
origem às células sexuais. O gâmeta feminino, o oócito 2 é produzido nos
ovários e o gâmeta masculino, o espermatozoide é produzido nos testículos.

Os gâmetas são células sexuais, que resultam de uma divisão especial,


a meiose. Cada gâmeta carrega informação genética do respetivo progenitor,
do respetivo ser que o fez.

As gônadas têm dupla função. Produzem gâmetas, através da divisão


meiótica das células sexuais e hormonas sexuais, que são mensageiros
químicos, levam a informação às chamadas células alvo, que são as únicas
que correspondem às hormonas.

As células humanas, assim como as de todos os seres vivos com


cromossomas homólogos, por apresentarem n2 pares de cromossomas com
informação genética para as mesmas características, são designados
diploides e diz-se que têm 2n cromossomas. No caso do ser humano 2n = 46.

2
Número de cromossomas de linhagem materna ou paterna.

É fácil de entender que, para se formarem gâmetas tem de existir um


processo que forme células com apenas um cromossoma de cada par, ou seja,
células haploides, com n cromossomas. No caso do ser humano n = 23. Os
gâmetas apenas têm metade do património genético.

Só assim, posteriormente, através da fecundação, o número de


cromossomas típico da espécie se pode manter. Caso contrário, de geração
para geração, o número de cromossomas duplicaria.
Esse processo de divisão celular que, a partir de células diploides, forma
células haploides chama-se meiose.

Nos animais, as únicas células que podem sofrer meiose são as células
germinativas, que se encontram nas gónadas: nos testículos dos machos e nos
ovários das fêmeas. Todas as outras células são células somáticas.

Na reprodução sexuada de qualquer organismo há, tal como na espécie


humana, dois momentos fundamentais que se complementam: a meiose, em
que há redução cromossómica (de 2n para n) e a fecundação, em que se
verifica duplicação cromossómica (de n para 2n). Estes dois processos
permitem que, de geração em geração, se mantenha constante o número de
cromossomas característico de cada espécie.

A fecundação é quando um espermatozoide consegue penetrar no


oócito 2. Portanto, há junção de duas células haploides. E o que é que
acontece a seguir? Há fusão dos núcleos. Afinal, o núcleo haploide vai-se
fundir com outro núcleo haploide. Ora n mais n dá 2n. Formamos uma célula
diploide. Este processo é que se chama fecundação e a fusão dos núcleos
chama-se cariogamia. A cariogamia é que leva à formação do ovo ou zigoto,
que é a primeira célula diploide, que dá origem ao indivíduo completo.

Como é que conseguimos obter células haploides, se todas as nossas


células são diploides? Até as células-mãe dos espermatozoides,
espermatogónias e as células-mãe dos oócitos 2, as oogónias são células
diploides, células com 2n.

Tem de haver o quê? Um tipo de divisão, que acabe por reduzir o


número de cromossomas. Portanto, uma meiose são duas divisões seguidas.
Nós temos de dividir as células duas vezes seguidas, sem replicação
sucessiva, só há uma replicação para obtermos células n. Nós de uma célula
2n fazemos quatro células n.

A reprodução sexuada caracteriza-se por:


Cariótipo

A apresentação organizada do conjunto completo de cromossomas


emparelhados, visíveis na metáfase das células somáticas de cada ser vivo, é
o seu cariótipo.

Por convenção, os cromossomas são numerados e ordenados segundo


o seu tamanho, do maior para o menor.

O par de cromossomas sexuais ou heterossomas, que determina o


sexo dos indivíduos, é uma exceção, sendo este sempre o último par,
independentemente do seu tamanho. Os cromossomas XX definem o sexo
feminino e os cromossomas XY definem o sexo masculino. No entanto, tem um
gene importantíssimo que define a formação dos órgãos sexuais masculinos.

Nota: O cromossoma Y pode ter sido uma variação no cromossoma X, pode


ter perdido muitos dos genes. Ele é 5 vezes mais pequeno que o cromossoma
X e tem 10 vezes menos genes que o cromossoma X. É muito pobrezinho em
genes. A maior parte dos cromossomas têm mais de mil genes. Este tem
sessenta e tal, entre 50 a 70 genes.

Curiosidade: Os homens têm muito mais doenças que as mulheres, doenças


genéticas, porque muitas delas estão associadas ao cromossoma X. Aliás 10%
das doenças conhecidas como genéticas estão no cromossoma X, quer dizer
que os homens têm 10% mais doenças que as mulheres em termos gerais,
porque as mulheres, como têm dois cromossomas X, um compensa o outro. Se
um gene tiver um defeito, o outro gene pode ser normal. Os homens só têm um
cromossoma X. O cromossoma Y não tem genes equivalentes ao X.

Os restantes cromossomas, não sexuais, denominam-se autossomas.

As espécies são identificadas pelo cariótipo.

Ao observar-se o cariótipo de um bebé em desenvolvimento, portanto do


embrião antes de nascer é possível identificar mutações cromossómicas, que
podem levar a anomalias graves. Portanto, o cariótipo acaba por ser
importante, pois permite identificar várias malformações cromossómicas.

Cariótipo humano: 2n = 46 cromossomas (22 pares autossómicos e um par


de cromossomas sexuais).

Nota: Apesar de o 21, na representação, anteceder o 22, é mais pequeno.

Qual a finalidade do cariótipo?

Há muitas anomalias cromossómicas, que são detetadas no cariótipo. Isto


permite fazer diagnósticos, até pré-natais, ou seja, antes do nascimento. Por
exemplo, mães de risco fazem amniocentese, isto é, retira-se líquido amniótico,
que tem células do bebé e pode-se determinar o cariótipo do bebé e saber se
há anomalias visíveis nos cromossomas. As anomalias genéticas não são
detetadas através do cariótipo. Cada cromossoma tem mil genes, não é
possível ver os genes. Mas se houver anomalias cromossómicas são fácies de
identificar, nomeadamente as monossomias e as trissomias. Portanto, há
finalidades em fazer o cariótipo.

Curiosidade: Só em meados do século passado

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