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e brincadeiras
Apresentação
Durante muito tempo, acreditou-se que a Educação Infantil tinha por objetivo, apenas, cuidar das
crianças para que os responsáveis por elas pudessem trabalhar. Estudos da Psicologia do
Desenvolvimento mostraram que os primeiros anos de vida da criança são de suma importância
para o seu desenvolvimento e a sua aprendizagem. Com isso, ficou bastante claro que as
instituições de Educação Infantil deveriam não só cuidar das crianças, mas, também, educar-lhes.
Diferentes documentos foram criados para oferecer subsídios para que as práticas pedagógicas
voltadas para essa etapa da Educação Básica respeitassem as especificidades desse grupo etário.
Nos documentos mais recentes, as interações e a brincadeira são colocadas como eixos
estruturantes das práticas pedagógicas.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você irá reconhecer a brincadeira como uma das mais potentes
linguagens da infância, aprofundando seus conhecimentos sobre o brincar, bem como sobre as
interações entre as crianças e delas com os adultos.
Bons estudos.
• Identificar a importância das interações das crianças entre elas e das crianças com os adultos.
Boa leitura.
A EDUCAÇÃO
INFANTIL E A
GARANTIA DOS
DIREITOS
FUNDAMENTAIS
DA INFÂNCIA
Introdução
A brincadeira e as interações são dois eixos estruturantes das práticas pe-
dagógicas na educação infantil. Brincando e interagindo, com os adultos
e com seus pares, a criança realiza importantes aprendizagens e adquire
instrumentos fundamentais para o seu desenvolvimento. Assim, é funda-
mental que a formação inicial contemple esses temas, instrumentalizando
os futuros professores para que os incorporem em seu planejamento.
Neste capítulo, você vai estudar os referenciais teóricos e a legisla-
ção que fundamentam a valorização da brincadeira e das interações na
educação infantil. Além disso, vai adquirir instrumentos para incluir esses
dois elementos no seu planejamento.
Para que esse objetivo seja atingido, as interações e a brincadeira são apon-
tadas como eixos norteadores da proposta curricular. As Diretrizes Curriculares
Nacionais para a Educação Infantil se constituíram como ponto de partida
para vários documentos oficiais norteadores da elaboração de currículos. Em
2017, foi aprovada, por exemplo, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC)
(BRASIL, 2017).
Para que esse objetivo seja atingido, a BNCC retoma os eixos estruturantes
das práticas pedagógicas propostos nas DCNEI (BRASIL, 2010): as interações
e a brincadeira. Essas experiências são concebidas como fundamentais para
que as crianças construam e apropriem-se de conhecimentos. É nas ações e
interações, com seus pares e com os adultos, que as crianças aprendem, se
desenvolvem e se socializam. A brincadeira faz parte do universo infantil e
permite a concretização de aprendizagens importantes.
Tendo em vista os dois eixos estruturantes, estão previstos, na BNCC
(BRASIL, 2017), seis direitos de aprendizagem e desenvolvimento que visam
a assegurar, na educação infantil, as condições ideais para que a construção
de novos conhecimentos ocorra em ambientes desafiadores, estimulantes e
organizados. A ideia é possibilitar aos educandos um papel ativo no processo
de aprendizagem e desenvolvimento.
São direitos de aprendizagem e desenvolvimento na educação infantil:
expressar;
conhecer-se;
conviver;
brincar;
participar;
explorar.
Para saber mais sobre as interações das crianças entre si e com adultos, leia o artigo de
Sandro Vinícius Sales Santos e Isabel de Oliveira Silva “Crianças na educação infantil: a
escola como lugar de experiência social”, disponível no link a seguir.
https://goo.gl/uLPxGR
Interação criança-criança
Já na primeira infância, as crianças começam a interagir com outras crianças,
seja em seus grupos familiares, seja nas instituições de educação infantil. Em
alguns grupos culturais, essa interação é garantida pelo convívio em grupos
familiares mais extensos; em outros, a escola é o local onde, prioritariamente,
ela acontece. Segundo Carvalho e Beraldo (1989, p. 56), “[...] na maior parte
6 Educação infantil: um lugar de interações e brincadeiras
Saiba mais
Para saber mais sobre a promoção do brincar na escola, leia “Brincar: diálogo com
escolas”, organizado por Renata Meirelles.
As funções da brincadeira
A brincadeira fornece a base para o desenvolvimento das habilidades sociais
e intelectuais necessárias para que o indivíduo adulto atue em uma sociedade
cada vez mais complexa. De acordo com Brock et al. (2011, p. 25), “[...] a
brincadeira é uma experiência flexível e autodirecionada, que serve tanto
para as necessidades de uma criança individualmente como para a sociedade
futura na qual ela viverá na vida adulta”.
No vídeo disponível no link a seguir, conheça a experiência de seis escolas brasileiras que
reconfiguraram suas práticas, assumindo um novo olhar para o brincar de suas crianças.
https://goo.gl/DjnjBo
BRASIL. Ministério da educação. Base nacional comum curricular. Brasília: MEC, 2017.
Disponível em: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/wp-content/uploads/2018/12/
BNCC_19dez2018_site.pdf>. Acesso em: 2 jan. 2019.
BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes curriculares nacionais para a educação in-
fantil. Brasília: MEC, 2010. Disponível em: <http://ndi.ufsc.br/files/2012/02/Diretrizes-
-Curriculares-para-a-E-I.pdf>. Acesso em: 2 jan. 2019.
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Referencial curricular nacional para a
educação infantil. Brasília: MEC/SEF, 1998. v. 1. Disponível em: <http://portal.mec.gov.
br/seb/arquivos/pdf/rcnei_vol1.pdf>. Acesso em: 2 jan. 2019.
BRASIL. Ministério da Educação. Resolução n. 5, de 17 de dezembro de 2009. Fixa as Di-
retrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. 2009. Disponível em: <http://
www.seduc.ro.gov.br/portal/legislacao/RESCNE005_2009.pdf>. Acesso em: 2 jan. 2019.
BROCK, A. et al. Brincar: aprendizagem para a vida. Porto Alegre: Penso, 2011.
CARVALHO, A. M. A.; BERALDO, K. E. A. Interação criança-criança: ressurgimento de
uma área de pesquisa e suas perspectivas. Cadernos de Pesquisa, n. 71, p. 55-61, 1989.
Disponível em: <http://publicacoes.fcc.org.br/ojs/index.php/cp/article/view/1169>.
Acesso em: 2 jan. 2019.
KISHIMOTO, T. M. O jogo e a educação infantil. São Paulo: Pioneira, 2003.
12 Educação infantil: um lugar de interações e brincadeiras
Leituras recomendadas
BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes curriculares nacionais gerais da educação
básica. Brasília: MEC, 2013.
HORN, M. G. S. Brincar e interagir nos espaços da escola infantil. Porto Alegre: Penso, 2017.
LUZ, I. R. Relações entre crianças e adultos na educação infantil. In: SEMINÁRIO NA-
CIONAL: CURRÍCULO EM MOVIMENTO – Perspectivas Atuais, 1., 2010. Anais... Belo
Horizonte, 2010. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/docman/dezembro-2010-
-pdf/7156-2-4-artigo-mec-relacoes-criancas-adultos-educacao-infantil-iza-luz/file>.
Acesso em: 2 jan. 2019.
MEIRELLES, R. (Org.). Território do brincar: diálogo com escolas. São Paulo: Instituto Alana,
2015. Disponível em: <http://territoriodobrincar.com.br/wp-content/uploads/2014/02/
Territ%C3%B3rio_do_Brincar_-_Di%C3%A1logo_com_Escolas-Livro.pdf>. Acesso em:
2 jan. 2019.
PASQUALINI, J. C. O papel do professor e do ensino na educação infantil: a perspec-
tiva de Vigotski, Leontieve e Elkonin. In: MARTINS, L. M.; DUARTE, N. (Org.). Formação
de professores: limites contemporâneos e alternativas necessárias. São Paulo: Editora
UNESP; São Paulo: Cultura Acadêmica, 2010.
SANTOS, S. V. S.; SILVA, I. O. Crianças na educação infantil: a escola como lugar de ex-
periência social. Educação e Pesquisa, v. 42, n. 1, p. 131-150, jan./mar. 2016. Disponível
em: <http://www.scielo.br/pdf/ep/v42n1/1517-9702-ep-42-1-0131.pdf>. Acesso em: 2
jan. 2019.
TERRITORIO DE BRINCAR. Diálogos com escolas. Youtube, mar. 2016. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=HvxvZQfDbPI&list=PL1IlaKMcWzeyUAkYGxHJ
CJWx5hMxO7VVD&index=3>. Acesso em: 2 jan. 2019.
UNIVESP. Organização do espaço e do tempo: legislação, pesquisas e práticas. You-
tube, mar. 2011. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Gdg2j_Y-BsQ>.
Acesso em: 2 jan. 2019.
Conteúdo:
Dica do professor
As ideias contidas nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (Brasil, 2010)
sobre a visão da criança, a importância dos espaços e tempos escolares, bem como da importância
da brincadeira e das interações na aprendizagem e no desenvolvimento infantil, encontram sua
fundamentação nas ideias da abordagem Reggio Emilia.
Nesta Dica do Professor, você poderá conhecer essa abordagem, bem como seu criador.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
Exercícios
1) Um dos objetivos que as propostas pedagógicas das instituições de Educação Infantil devem
ter, de acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (Brasil,
2010), é a construção de novos conhecimentos. Para que esse objetivo seja, efetivamente,
alcançado, o professor deve:
A) identificar os saberes prévios das crianças e utilizá-los como pontos de partida para a
construção de novas aprendizagens.
B) transmitir informações referentes ao que se pretende que as crianças saibam e garantir que
essas informações sejam memorizadas.
D) desconsiderar os conhecimentos trazidos pelas crianças, tendo em vista que eles foram
construídos em ambientes não formais de aprendizagem.
E) pensar em estratégias que priorizem o processo de alfabetização, para que as crianças sejam
bem-sucedidas nas etapas posteriores da educação escolar.
A) A brincadeira deve ser sempre dirigida pelo professor. A brincadeira espontânea das crianças
não promove nenhum tipo de aprendizagem.
B) A brincadeira deve ser sempre espontânea, sem nenhum tipo de mediação por parte dos
adultos.
D) A brincadeira só deve ocorrer com materiais estruturados para esse fim. Os não estruturados
são como elementos que atrapalham as brincadeiras infantis.
E) A brincadeira deve ocorrer, apenas, em espaços determinados da escola, para que as crianças
tenham clareza de como e quando podem brincar.
3) Vygostky, em sua teoria, dá destaque à brincadeira de faz de conta como promotora de
novas aprendizagens. Segundo esse autor, ao brincar de faz de conta, a criança exerce
papéis que não são os seus e, com isso, antecipa-se no seu processo de desenvolvimento.
Sobre esse tipo de brincadeira nas instituições de Educação Infantil, é CORRETO afirmar:
A) Quando uma criança não quiser participar da brincadeira, ela deve ser pressionada para que
faça, tendo em vista as aprendizagens possíveis.
B) O professor deve determinar, de antemão, qual papel deverá ser desempenhado por cada
criança.
D) Para evitar conflitos, o professor deve separar, no momento da brincadeira, crianças que não
tenham muita afinidade.
E) As crianças devem ter autonomia para escolher seus papéis, bem como os materiais que irão
utilizar e os espaços que irão ocupar.
4) As interações são concebidas como um dos eixos estruturantes das práticas pedagógicas na
Educação Infantil. Sobre as interações entre as crianças, é CORRETO afirmar:
B) Elas devem ser sempre mediadas por um adulto, com o objetivo de evitar conflitos e
discussões.
C) Elas devem ser evitadas, tendo em vista a manutenção da disciplina na sala de aula.
D) Elas devem ser sempre direcionadas pelo professor, evitando a espontaneidade nas relações
interpessoais.
E) Elas devem ocorrer para possibilitar o desenvolvimento de vínculos afetivos entre as crianças,
mas não têm potencial para promover novas aprendizagens.
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