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ASPECTOS HISTÓRICOS SOBRE A IMPLANTAÇÃO DA PSICOLOGIA

ESCOLAR NO MARANHÃO

HISTORICAL ASPECTS ON THE IMPLEMENTATION OF SCHOOL


PSYCHOLOGY IN MARANHÃO

Alexandre Taylon Raposo Moreira


Ana Beatriz Matías da Silva
Bianca Silva Araújo
Darlen Ada de Oliveira Aranha
Gislaine Mendes Privado
Ilana Ferreira Pimentel
Karolyne Fernanda Silva Lins
Leandro Rafael Marques

Resumo
Este artigo tem como objetivo discutir aspectos históricos sobre a
implementação da Psicologia Escolar no Maranhão. Para tal discussão, se faz necessário
um breve levantamento da história da Psicologia Escolar em nosso país. Fazendo isso,
partiremos para o relato histórico desse estudo, como a Psicologia Escolar chegou a este
estado, o que ela enfrentou, quais foram os avanços e conquistas, formações
disponibilizadas pelas próprias instituições maranhenses de ensino superior, as
contribuições tanto para o avanço dos estudos como para o enriquecimento e
reconhecimento profissional na educação maranhense. Como ferramenta para a
realização dessa pesquisa, faremos uso do método bibliográfico.
Palavras-chave: Psicologia Escolar no Maranhão, Atuação do Psicólogo Escolar,
Conquistas da Psicologia escolar no Maranhão.

Abstract
This article aims to discuss historical aspects about the implementation of
School Psychology in Maranhão. For this discussion, a brief survey of the history of
Psychology in our country is necessary. In doing so, we will start with the historical
report of this study, how School Psychology reached this state, what it faced, what were
the advances and achievements, training provided by the Maranhão institutions of
higher education, the contributions both to the advancement of studies as well as for
enrichment and professional recognition in Maranhão education. As a tool to carry out
this research, we will use the bibliographic method.
2

Keywords: School Psychology in Maranhão, Performance of the School


Psychologist, Achievements of School Psychology in Maranhão.

1. INTRODUÇÃO

Para chegar até à “Psicologia Escolar” não foi curto o caminho. A educação no
Brasil se dá início desde a chegada e colonização dos portugueses, a priore sendo
restrita a alguns filhos de colonos e a índios aldeados. Até meados do século XVIII, as
bases do que se ensinava na Colônia consistiam nos métodos da educação jesuítica, que
se centrava nos princípios da educação, sendo basicamente gramática e retórica. A
educação jesuíta remetia também a catequização, forma essa que sofreu transformação
após a reforma cultural e educacional nesse período, que foi comandada
pelo Marquês de Pombal. As reformas pombalinas tiveram influencias iluministas e do
ensino laico, em que a figura do professor tinha papel central no processo de
aprendizagem. Desde então começaram as mudanças na forma de ensino, das
nomenclaturas e termos dados a “essa área”.
Psicologia na Educação, Psicologia da Educação, Psicologia aplicada à
Educação e Psicologia do Escolar. Entretanto, por meio da pesquisa histórica,
foi possível encontrar ainda as seguintes expressões: Psicologia Pedagógica,
Pedagogia Terapêutica, Pedologia, Puericultura, Paidologia, Paidotécnica,
Higiene Escolar, Ortofrenia, Ortofrenopedia e Defectologia. Também em
obras diversas aparecem expressões relacionadas: Psicotécnica, Psicologia
Aplicada às coisas do Ensino, Psicologia para pais e professores, Psicologia
da criança, Psicologia do aluno e da professora, Biotipologia Educacional,
Psicopedagogia, Psicologia Especial, Higiene Mental Escolar, Orientação
Educacional e Orientação Profissional. Em alguns casos se refere à teoria e
em outros se designa o conjunto de práticas desenvolvidas nesse âmbito.
(PSICOLOGIA EDUCACIONAL OU ESCOLAR? EIS A QUESTÃO. 2012,
p. 164)

Somente em 1981, Maria Helena Souza Patto, psicóloga graduada pela


Universidade de São Paulo (1965), mestrado em Psicologia Escolar e do
Desenvolvimento Humano pela Universidade de São Paulo (1970) e doutorado em
Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano pela Universidade de São Paulo
(1981) lança uma tese, do seu doutorado, com o título “Psicologia e Ideologia, reflexões
sobre a Psicologia Escolar”. Essa tese se refere ao objeto de interesse, às proposições
das finalidades e também aos métodos e técnicas de atuação nesse contexto. A partir daí
nota-se uma mudança no pensamento antes tido tradicional. Muitos autores consideram
essa publicação um divisor de águas para a Psicologia Educacional e Escolar no país,
3

levado a pensar em outros rumos para a área e à crescente utilização da nomenclatura


Psicologia Escolar que começa a se diferenciar da Psicologia Educacional. Maria
Helena Souza Patto foi uma grande propulsora das transformações que geraram
crescimento, reconhecimento, conquistas e potencialização da Psicologia Escolar no
Brasil.

2. PSICOLOGIA ESCOLAR – História no Maranhão e Artigos acadêmicos

Ao longo da história humana, é comum nos depararmos com grandes pensadores


em diversas áreas, o que proporcionou desenvolvimento humano em várias vertentes da
vida acadêmica e profissional. Diante deste fato, com a psicologia não poderia ser
diferente, pois com o passar do tempo, tivemos mudanças nos paradigmas desta, através
de estudos por grandes pensadores como: Alfred Adler (1870 – 1937), Alois Alzheimer
(1864 – 1915), B. F. Skinner (1904 – 1990), C. G. Jung (1875 – 1961), Erik Erikson
(1902 – 1994), Jacques Lacan (1901 – 1981), Melanie Klein (1882 – 1960), Sigmund
Freud (1856 – 1939), William James (1842 – 1910). Já no estado maranhense, tivemos
pessoas importantes dentro da psicologia, principalmente na área escolar, sendo eles
(as): Tatiana Oliveira de Carvalho (Psicopedagoga), Claisy Maria Marinho-Araújo
(Psicóloga), Marcia Antônia Piedade Araújo (doutorada em psicologia social UERJ),
Polliana Galvão (Pós-Doutorada em Psicologia do Desenvolvimento e Escolar pela
UnB (2017-2019), Daniel Carvalho de Matos (Doutor em psicologia experimental),
entre outros (as) pesquisadores e psicólogos (as). Mas dos pesquisadores clássicos até
chegar nesses (as) pessoas de destaque dentro do estado maranhense, se faz importante
entender como a Psicologia foi implementada dentro do território brasileiro.
A Psicologia Escolar chega ao Brasil com seus ideais e novas abordagens, entre
os séculos XIX e XX, surgindo como um novo ramo de estudos e pesquisas da
Medicina e da Pedagogia. Em seu surgimento, esta área estava ligada à psicologia
funcional e clínica (principalmente funcional), sendo um dos principais focos
compreender as causas dos comportamentos e seus efeitos na aprendizagem observando
os comportamentos infantis, tentando decifrar como ocorriam os seus processos de
aprendizagem. Ao longo dos anos, a psicologia no geral e principalmente a escolar foi
crescendo, o que gerou uma demanda necessária para que pudesse ocorrer uma maior
profissionalização nesta área de atuação. No século XX, no ano de 1953, teve início o
primeiro curso superior de Psicologia, mesmo que ainda de maneira autônoma, na
4

Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (Esch & Jacó-Vilela, 2001;


Yamamoto, 2006). Em 1953, a congregação da Faculdade de Filosofia, Ciências e
Letras da Universidade de São Paulo (USP), aprovou a criação do curso de Psicologia
na instituição, mesmo que este só tenha vindo a ser efetivamente implementado em
1958 (Rosas et al., 1988). Após a chegada da Psicologia as terras tupiniquins e
implementada, ela foi sendo aplicada por vários estados, chegando no Maranhão como
campo do saber que ficou “atrelado à prática profissional de pediatras”, e mais
fortemente de psiquiatras devido a um contexto favorável à fundação dos hospitais de
saúde mental entre os anos 1940 e 1950 na capital do estado, sendo o acompanhamento
psicoterápico realizado por médicos e detinha caráter de assistência a enfermos mentais
que eram abrigados pelos institutos de psiquiatria.
No Maranhão, esse saber esteve por muitos anos ocasionalmente atrelado à
figura de médicos-pediatras, assim como em especial à dos psiquiatras, pois
em suas instituições estava centralizado o tratamento relativo à saúde mental.
Quanto à participação dos médicos-pediatras nessa área, dados colhidos
mostram a frequência com que esses profissionais eram procurados para
atendimentos de cunho psicológico (Araújo, 2005b, p. 146).

Em vista disso, segundo Araújo (ARAUJO, 2005, Pg 145), podemos destacar


que “Consta na história da Psiquiatria que o Hospital Nina Rodrigues, fundado em
1941, foi a primeira Instituição psiquiátrica no Maranhão a abrigar os enfermos
mentais”. Apesar de sua implementação ainda durante o século XIX, a psicologia só
passou a ser conhecida no estado em 1970, quando as pessoas começaram a ter contato
com essas práticas incomuns para os mesmos, pois só nos anos 70 começou a surgir
alguns empregos (poucos) para este ramo no estado. Sendo importante ressaltar que essa
“popularização” se deu devido ao fato de além dos empregos gerados, pessoas de outros
estados vieram em busca destas vagas (Brasília, Pernambuco e Paraíba). Para além
disso, falando mais restritamente da Capital São Luís – MA, existiu uma escassez de
trabalhos nesta área devido a existência de poucas profissionais e poucas vagas,
contribuindo ainda para isso o desconhecimento da grande massa (poucos conheciam a
profissão).
Além da área hospitalar, a psicologia foi introduzida em nosso estado por meio
da educação, seguindo diretrizes do que era empregado no panorama nacional, sendo
inserida nas escolas regulares no século XIX, para habilitação na carreira do magistério
(Carvalho & Marinho-Araujo, 2009). Com o objetivo de capacitar os profissionais da
Educação, a Psicologia passou a ser disciplina ofertada nesses cursos devido ao período
5

de ampliação do sistema de ensino do país (Neves, 2007; Marinho-Araujo,


2010; Massimi, 1990). Podemos citar para corroborar tal ideia, Araujo.

Durante muito tempo, no Maranhão, as escolas da rede pública e particular


do ensino de 2º grau (atual Ensino Médio), em especial as Escolas Normais,
contemplavam em seus currículos a disciplina Psicologia, assim como
aquelas que habilitavam para o magistério de 1º grau (1ª a 4ª séries do atual
Ensino Fundamental). (ARAUJO, 2005, Pg 147),

Ressalta-se ainda no contexto da psicologia escolar, a escola Liceu Maranhense


teve uma grande importância no uso deste mecanismo para habilitação de seus
professores, pois a Psicologia foi tomada como um dos fundamentos da formação
pedagógica desenvolvida pela escola secundária do estado.
Dos anos 70 até 2020, grandes fatos ocorreram para a evolução deste tema
dentro do estado, como a criação do Conselho Federal de Psicologia (CFP) e os
conselhos regionais (CRP). Os conselhos contam com assessorias jurídicas e técnicas
em Psicologia. Possui regulamentação pelo Decreto 79.822 de 17 de junho de 1977. Em
20 de dezembro de 1973, foram eleitos os primeiros conselheiros e finalmente instalado
o Conselho Federal de Psicologia (CFP)1. Em 27 de agosto de 1974, foram instalados os
primeiros sete conselhos regionais. Em 27 de agosto de 1962, a Lei 4.119, que
regulamenta a profissão, foi homologada2. Ocorreu ainda a implementação do
primeiro Curso de Graduação em Psicologia da UFMA, criado em 05 de novembro de
1990, por meio da Resolução Nº 13/90-CONSUN (Conselho Universitário da UFMA).
O seu plano de curso foi aprovado pela Resolução Nº 08/92-CONSUN, de 15 de
setembro de 1992. (SIGAA UFMA – SITE).
O Maranhão teve atraso para acompanhar a implementação e crescimento da
psicologia no país, pois a estruturação do campo “PSI” (Psique) dentro do estado foi
tardio. Podemos ter como base as informações de Araújo, como podemos ver:
Antes da década de 70, inexistiam em São Luís serviços profissionais de
Psicologia, embora houvesse instituições de ensino, empresas e hospitais
psiquiátricos que possivelmente necessitassem de especialistas na área.
Somente depois dessa década, excetuando-se o Pe. João Mohana, é que se
ouviu falar de trabalhos realizados na área da Psicologia na cidade de São
Luís. No que diz respeito à formação na área da Psicologia ficou evidente a
necessidade de esses profissionais se deslocarem a outros Estados em busca
dessa formação, já que não havia o curso de Psicologia em São Luís. A
maioria deles graduou-se em Pernambuco, na Paraíba e em Brasília. A

1
O Conselho Federal de Psicologia do Brasil (CFP) é uma entidade profissional com sede no Distrito
Federal e sedes regionais (Conselhos Regionais) nas capitais de dezessete estados brasileiros. Já os CRP
são os conselhos regionais. (Informação retirada da Wikipédia)
2
6

escolha pelo Estado e pela instituição foi devida, em alguns casos, ao fato de
parentes e amigos ali residirem. (ARAUJO, 2005, Pg 151 e 152),

Devido a este atraso para acompanhar o crescimento da psicologia, muitos


profissionais que atuavam dentro do estado e de sua capital, tiveram que ter sua
formação acadêmica em outros lugares. Quando estes profissionais chegaram para
trabalhar, a psicologia escolar foi uma das opções disponíveis na época, mas não era a
de preferência da maioria, pois nos consultórios onde a maioria destes profissionais
desempenhavam sua profissão, a área escolar era vista por alguns como negativo por
oferecer pouca estabilidade financeira. Segundo Araújo:
Devido às circunstâncias do mercado de trabalho, optaram por iniciar sua
carreira na área organizacional, ao chegarem a São Luís. Ainda assim, outras
áreas foram exploradas no início da carreira, dentre elas a clínica, a escolar e
a hospitalar. Todavia, muitos trabalham em áreas distintas à da escolha
inicial, diferente de outros que continuaram atuando na mesma área da
primeira escolha. Por essa razão, muitos profissionais quando chegaram a
São Luís, além das atividades de consultório, encontraram no Departamento
Estadual de Trânsito (DETRAN) a instituição que, mesmo sem vínculo
empregatício, lhes ofereceu, de início, campo de atuação, já que, devido à
inexistência de psicólogos no Estado, os exames psicotécnicos eram
realizados por médicos. (ARAUJO, 2005, Pg 152),

Neste período difícil para essa profissão dentro da cidade de São Luís, ocorreram
poucos trabalhos em decorrência de alguns fatores: mercado de trabalho restrito para
essa profissão, falta de profissionais, falta de conhecimento da atuação do psicólogo
pela população, o que dificultava suas atividades até mesmo nas instituições em que
iniciaram seus trabalhos. Mesmo com toda as dificuldades percebida, dentro da área
escolar e da psicologia no geral, algumas oportunidades de trabalho foram surgindo,
como na década de 70, em Instituições como a Universidade Federal do Maranhão
(UFMA), a Associação de Pais e Amigos de Excepcionais (APAE) e a Fundação
Estadual do Bem-Estar do Menor (FEBEM). Posteriormente, nos anos 80, segundo
Araújo, outras oportunidades apareceram. Vide:
Outras oportunidades oferecidas foram no Consórcio de Alumínio do
Maranhão (ALUMAR), a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), a Norte
Serviços Gerais (NORSERGEL), a Empresa Brasileira de Correios e
Telégrafos (CORREIOS) e a Companhia de Águas e Esgotos do Maranhão
(CAEMA). Na trajetória esboçada, observa-se que a Psicologia no Maranhão
percorreu caminhos semelhantes aos que são apontados em seu percurso
histórico nacional, como já mencionado. A necessidade da presença desses
profissionais no Estado foi-se constituindo, durante essas décadas, a partir
das demandas percebidas e das oportunidades por eles criadas de verificar
que esse espaço estava aberto, mesmo com restrições da população.
(ARAUJO, 2005, Pg 153),
7

Ainda nessa transição entre os anos 80 e 90, a ampliação do trabalho do


psicólogo maranhense foi lentamente se estabelecendo, principalmente com a difusão da
prática clínica em Psicologia no país. Nesta época, foram registrados a fundação das
primeiras escolas de psicanálise e formação de núcleos de estudos compostos por
psicólogos e psiquiatras em São Luís para a ampliação da prática clínica na região
(Araújo, 2005a). Destaca-se ainda a criação da Delegação Geral Maranhão-EBP, da
Escola Brasileira de Psicanálise instituída nesse período. Como destaque, nessa época,
ocorreu a estruturação no Maranhão da Psicanálise, sendo promovida por uma união de
profissionais em diversas áreas, dessa união solidificou-se a Associação Maranhense de
Medicina Psicossomática, que foi considerado um local de relevância na discussão
sobre o paciente com um olhar voltado para o biopsicossocial. 3 Além disso, por um
período de tempo, essa associação participava de forma assídua nas políticas de atenção
e atendimento à saúde mental nos hospitais em São Luís. Podemos citar ARAUJO.
Vide:
Nesse grupo havia alguns psiquiatras, além de vários profissionais, que foram
buscar sua formação em outros centros urbanos, surgindo então o interesse de
pensar a Psicanálise em São Luís, dando enfoque à obra de Lacan. É assim
que aparece o primeiro grupo local de Psicanálise, composto por psicólogos e
psiquiatras com a proposta de formação de uma Sociedade, o que não chegou
a acontecer.  as pessoas do primeiro grupo permaneceram algum tempo
juntas em uma escola e, mais tarde, com as dissidências, foram fundando
outras instituições. Desse modo, o número de membros em cada uma ficou
reduzido no início, mas, aos poucos, ampliou-se, aparentemente por sempre
haver novas pessoas interessadas em fazer parte dessas instituições. (Piedade.
Estudos e Pesquisas em Psicologia. versão On-line ISSN 1808-4281)

Com a implementação e posteriormente institucionalização da Psicanálise dentro


da capital maranhense (São Luís), ocorreram a fundação de 5 (cinco) escolas para
formação na mesma: Escola Brasileira de Psicanálise, Escola de Psicanálise do
Maranhão, Escola Lacaniana de Psicanálise do Maranhão e o Centro de Estudos
Psicanalíticos do Maranhão. Dentro do contexto nacional, urgiu uma necessidade de
contextualizar a Psicologia e suas vertentes em latu sensu, demonstrando seu âmbito
social e cultural no Brasil. Já em stricto sensu, pesquisadores regionais (maranhenses),
buscaram demonstrar diferentes formas de contar sua história no estado, demonstrando
que o processo histórico é contínuo, mas não linear, pois ela é dinâmica e variável, e a
3
Biopsicossocial é uma abordagem multidisciplinar que compreende as dimensões biológica, psicológica
e social de um indivíduo: Biológico: investigação dos sintomas físicas para entender como a causa da
doença pode estar no organismo do paciente; Psicológico: investigação das causas psicológicas para um
determinado problema de saúde do paciente; Social: investigação de como fatores sociais (aspectos
socioeconômicos, culturais e inter-relacionais) podem afetar a saúde do paciente.
8

forma como se conta a história pode influenciar o porquê de ela ser contada, e ainda o
que ser contado nela. Como área de conhecimento, o “Psi’ passou a ser considerado
uma produção consagrada e concretizada com base em um axioma, que busca atrelar-se
com diferentes fatores (política, social, cultural e científica)4, mas devemos ressaltar que
essa concepção se baseia em uma visão recente, já que a mesma vem passando
constantemente e consideravelmente por uma ponderação no que se refere à análise de
sua constituição e ao seu processo de modificação enquanto ciência e profissão.
Podemos citar:
Entende-se que, para compreender a Psicologia, é preciso considerar-lhe a
história – não a que busca somente uma linearidade evolutiva, mas a que está
em processo e é conhecida através de amplos estudos e pesquisas realizadas
sobre essa ciência e profissão. A compreensão de sua trajetória é
indispensável para pensar-se a Psicologia em suas transformações e
problemáticas atuais. A necessidade de contextualizar a Psicologia em seu
âmbito social e cultural no Brasil tem motivado um aumento progressivo de
sua historiografia. Algumas contribuições nessa área são devidas a iniciativas
e esforços de pesquisadores preocupados em entender um campo que
apresenta muitas divergências e enfoques contraditórios. Enquanto área de
conhecimento, a Psicologia é considerada uma produção histórica
concretizada numa realidade, relacionada com diferentes fatores de natureza
política, social, cultural e científica. Contudo, esta é uma visão recente, pois
ela tem passado por uma considerável avaliação no que se refere à análise de
sua constituição e ao seu processo de mutação enquanto ciência e profissão.
As reflexões e explicações nesse sentido devem-se ao fato de que, enquanto
ser humano, se está em permanente movimento e transformação.
(Piedade Araújo - CONHECENDO A PSICOLOGIA NO MARANHÃO.
Pg. 144 e 145)

Não obstante, é de grande importância dar ênfase no contexto regional, já que


este irá influenciar no contexto social e educacional de sua população, pois a
regionalidade modifica a percepção do que é de notabilidade primária para cada povo.
No caso do Maranhão, ela tem uma particularidade, mais precisamente em sua capital,
pois foi a única a ser fundada por franceses em 8 de setembro de 1612, posteriormente
conquistada e incorporada no domínio português em 1615 e ainda uma tentativa de
invasão holandesa no século XVII, que ocasionaria na expulsão dos mesmos em 1645
(três anos depois da invasão).
Dito isto, podemos notar que desde a fundação da sua metrópole, o estado em
questão, teve diversas influencias de povos distintos e demasiadamente diferentes, o que
proporcionou uma cultura rica em diversas áreas, sendo uma delas a denominação de

4
Psi, a letra Ψ do alfabeto grego é o símbolo da Psicologia. A palavra psicologia significa literalmente,
"estudo da alma" (ψυχή, psyché, "alma" - λογία, logia, "tratado", "estudo").
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“Atenas brasileira”5, e uma raiz na educação linguística do nordestino como “o


português mais correto do Brasil 6. Com uma influência dessa e dado este
reconhecimento, não poderia ocorrer um grande déficit na educação como ocorre,
segundo coleta de dados do IBGE7, reportagens do G1 (portal eletrônico do globo)
apontam que possuímos o menor percentual de instrução dentre os estados.
Em 2019, o Maranhão foi o estado brasileiro que apresentou o maior percentual de
pessoas sem instrução, sendo 16,6% da população do estado com 25 anos ou mais de
idade. Ao todo, contabilizou-se 661 mil maranhenses sem instrução. Segundo a
pesquisa do IBGE, em 2019, a proporção de pessoas de 25 anos ou mais de
idade que terminaram a educação básica obrigatória foi de 36,8%. Entre
aqueles que não completaram a educação básica, além dos 16,6% sem
instrução, 34,3% tinham o ensino fundamental incompleto, 7,4% tinham o
ensino fundamental completo e 4,9%, o ensino médio incompleto.
(G1.com.br/maranhão)

Então, visto está situação, sabendo que possuímos uma educação precária, é um
grande avanço tal região conseguir formar vários profissionais da Psicologia, bem como
conseguir proporcionar grandes eventos de estudos dentro da área escolar. Podemos
citar como um desses feitos, a realização dos Psicólogos do IFMA debatendo uma
articulação dentro da área da educação no 2º Encontro Maranhense de Psicologia na
Educação e do I Colóquio de Psicologia Escolar do Maranhão. Segundo eles, os
mesmos estavam buscando ampliar e disseminar o debate sobre o tema, além de como
poderiam intervir e pesquisar. Pois segundo os mesmos, por estarmos com um número
relativamente grande de psicólogos atuando em todo o estado do Maranhão, o IFMA irá
e continuará apoiando a realização de eventos para profissionais e estudantes de
Psicologia. Nesse encontro, o Instituto Federal Maranhense teve em seu gripo de
representantes, pessoas na comissão científica e na organização, que realizaram o
evento nos dias 3 e 4 de junho do ano de 2016, no Centro Universitário do Maranhão
(UNICEUMA – Renascença). Este encontro teve sua realização pelo Conselho Federal
de Psicologia (CFP) e Conselho Regional de Psicologia do Maranhão – 22ª Seção
(CRP-22), os eventos tiveram o objetivo de ampliar o debate sobre a psicologia na
educação, bem como disseminar no Estado os trabalhos de intervenção, pesquisa e
ensino nessa área. Neste evento, sua programação foi bastante rica, como podemos ver:

5
O maranhão recebeu esse nome após a época dourada do cultivo de algodão, seguida por uma explosão
cultural.
6
Com fama intelectual, estudiosos apontaram que no Maranhão se fala o melhor português, embora
alguns pesquisadores desmitifiquem esse posicionamento.
7
IBGE é o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística é um instituto público da administração federal
brasileira criado em 1934 e instalado em 1936 com o nome de Instituto Nacional de Estatística
10

Na abertura do Encontro, dia 3 (sexta-feira), após exposição de Mariza


Borges, presidente do CFP, uma mesa redonda formada por especialistas na
área debateu propostas e desafios para a construção da Psicologia na
Educação, no contexto do CFP. Participaram do debate as psicólogas
convidadas Raquel Souza Lobo Guzzo, professora titular nos cursos de
graduação e pós-graduação da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de
Campinas, e consultora do CFP; Meire Nunes Viana, diretora técnica do
Instituto Crisálide (Núcleo de Desenvolvimento e Atividades Gestálticas) e
Claisy Marinho-Araújo, professora adjunta da Universidade de Brasília
(UnB). À tarde, outros profissionais discutiram em mesa redonda coordenada
por Januária Aires, professora titular da Universidade Federal do Maranhão
(UFMA), sobre as pesquisas em Psicologia e Educação e os desafios à
formação continuada. (Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do
Maranhão. Informação contida no site
https://portal.ifma.edu.br/2016/06/07/psicologos-do-ifma-debatem-
articulacao-com-area-da-educacao)

Em 25 de Março de 2018, tivemos o II Colóquio Maranhense sobre Autismo:


Psicologia Escolar, Educação Inclusiva e Intervenções Multidisciplinares que teve a
coordenação-geral do Dr. Daniel Matos e Dra. Pollianna Galvão, que ofertaram
minicursos, sendo alguns deles Psicologia Escolar e Avaliação Psicológica: Reflexões
Teóricas, Procedimentos e Instrumentos junto a Estudantes com Autismo – Profa. Dra.
Pollianna Galvão (CRP 22/01676) e Psic. Ma. Soares Pires (CRP-22/01541 - Instituto
Geist); Estratégias de Manejo de Comportamentos Inadequados de Crianças com
Autismo – Psic. Esp. Jéssica Farias (CRP-22/01554 - Núcleo Evoluir) e Psic. Esp.
Renata Cavalcante (CRP-22/01526 - Núcleo Evoluir); Princípios e Conceitos Básicos
da Análise do Comportamento para o Manejo do Comportamento Infantil – Profa. Ma.
Cristiane Fonseca (CRP-22/0748– Uniceuma); Sexualidade, Afetividade e Autismo:
Desmistificando as Relações Humana - Profa. Ma. Melina Serra (CRP-22/00816-
Uniceuma); Autismo e Problemas Conjugais: A Vida do Casal após o Diagnóstico –
Psic. Esp. Tainá Wang (CRP-22/ 01932- Núcleo Evoluir); Apresentação Institucional
do Projeto LAPITEA da Universidade Ceuma – Concepção Educacional da Formação
ao Estudante de Psicologia e Desdobramentos Científicos e Sociais – Profa. Me. Melina
Serra (Coordenadora do Curso de Psicologia - CRP-22/00816) e Prof. Dr. Daniel Matos
(Coordenador do LAPITEA - CRP-22/00377); A Experiência do Centro para o Autismo
e Inclusão Social (CAIS-USP) na Formação do Estudante de Psicologia – Profa. Dra.
Maria Martha Costa Hübner (USP – CRP 06/6895).
Além desses seminários citados, São Luís teve a oportunidade de sediar o V
Encontro Maranhense de Psicologia da Educação, III Seminário Nordeste de
Psicologia na Educação e II Colóquio de Psicologia Escolar do Maranhão, realizado
nos dias 25 a 27 de setembro de 2019, sendo este encontro uma oportunidade
11

magnânima de refletir sobre o tema abordado neste artigo. A sua programação foi vasta
e proporcionou mesa redonda de debates, alguns minicursos e abordagens sob uma ótica
diferente. Segue a descrição do evento:
Tal evento se configura como um reflexo do amplo engajamento de
profissionais, tanto locais quanto de outras unidades federativas, em
contribuir com o cenário da Educação. Visa dar visibilidade às práticas,
atuações e pesquisas no campo da Psicologia Escolar no Maranhão em
articulação a outras regiões do país. (V Encontro Maranhense de Psicologia
da Educação, III Seminário Nordeste de Psicologia na Educação e II
Colóquio de Psicologia Escolar do Maranhão . Sob organização da
Universidade Federal do Maranhão, Universidade Ceuma e CRP - 22.
https://doity.com.br/psicologiaescolarma).

De 2020 até 2022, devido a covid, tivemos um congelamento nos congressos


presenciais, tendo os mesmos sendo realizados on-line, como o Seminário Psicologia da
Educação 2021 - Escola para Todos e com Todos, produzido por Rui Trindade,
Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto. Com a
covid regredindo um pouco, o governo maranhense pode flexibilizar os encontros
presenciais, graças a isso poderá ocorrer o IX Seminário de Psicologia “Psicologia na
contemporaneidade: articulando saberes e práticas”, com sua data de realização entre os
dias 16 a 18 de maio, que será um evento aberto ao público e não sendo preciso fazer inscrição
para participar.

3. PRODUÇÕES ACADÊMICAS NA ÁREA DA PSICOLOGIA ESCOLAR NO


MARANHÃO E A IMPLEMENTAÇÃO DE PÓS GRADUAÇÃO NO ESTADO

A escola Liceu Maranhense foi um dos berços de Psicólogos dentro do


Maranhão, pois lá possuía pessoas que estavam sendo formadas nessa área para ter
provida sua habilitação e assim conseguir lecionar no magistério. Já em questão de
expansão, a Universidade Federal do Maranhão e o Centro Universitário do Maranhão
(CEUMA) foram pioneiros neste quesito. Estas duas instituições encabeçaram a
implementação da graduação em Psicologia no estado, já que em 1990, surgiram os
primeiros cursos, sendo eles ofertados na capital São Luís, quando implementou-se
Psicologia na Universidade Federal do Maranhão (UFMA) a primeira disponibilização
em graduação e posteriormente no final dos anos 90, o curso foi adotado no Centro
Universitário do Maranhão (UNICEUMA).
Com o passar dos anos, tivemos disponibilidades para adentrar em outras
localidades escolares que ofertavam essa graduação e pós-graduação (Estácio, Laboro,
12

Facam, UNDB, etc). Mas em questão da área foco deste trabalho, devemos citar como
primeiros institutos a oferecer especialização nesta área o instituto IPOG e Inspirar. O
instituto IPOG (Instituto de Pós-graduação e Graduação), que no ano de 2001, em
Goiânia, o bacharel em Direito Paulo José Santana abriu a instituição de ensino
superior carioca, ofertando cursos de Pós-graduação em Direito e Design.
Posteriormente em 2003, o também bacharel em Direito Leonardo José de Oliveira
firmou uma parceria com o Paulo e assim conseguiram abrir mais duas filiais do IPOG,
sendo uma em Cuiabá (MT) e outra em Palmas (TO). Com o sucesso da franquia de
Pós-graduação, em 2007, a instituição passou a atuar em todo o Brasil e
consequentemente chegou até o Maranhão em 03/08/2016 disponibilizando Pós-
Graduação em Psicologia e suas vertentes.
Podemos citar também o Instituto Inspirar, ele foi fundado pelo Dr. Esperidião
Elias Aquim, ficando este local funfado conhecido como o Instituto do Pulmão de
Curitiba. Sua ideia inicial foi de além uma clínica de Fisioterapia, também pudesse
evoluir e dia se tornar um centro de estudos. Sua intenção era que além de atender o
paciente, o Dr. Elias queria educá-lo para lidar com sua enfermidade. Em dezembro de
2010, o Inspirar Centro de Estudos, Pesquisa e Extensão em Saúde torna-se
oficialmente Faculdade Inspirar, uma rede de franquias atualmente composta por 19
unidades situadas em 15 estados brasileiros, sendo uma dessas franquias localizadas em
São Luís – Ma e tornando-se uma das primeiras a promover pós-graduação em
Psicologia escolar dentro do estado.
Essa disponibilidade em especialização para a população foi algo muito
importante, tendo em vista que conforme levantamentos recentes do Conselho Regional
de Psicologia, o Maranhão tem cerca de 4.495 psicólogos registrados e 4.399 registros
regularmente ativo, sendo 3.779 mulheres, 674 homens e 42 não informados. Levando
em consideração estes dados, vemos que temos poucos profissionais comparado a
população do estado maranhense, pois segundo o IBGE, o Estado tem cerca de
7.153.262 habitantes; os dados apontados levantam um grande sinal de alerta para
profissionais Maranhenses, pois demonstra que a área tem diversas possibilidades para
serem exploradas e poucos profissionais para as mesmas.
O que alegra o coração e leva esperanças para essa ciência dentro do estado, é
que surgem cada vez mais pesquisadores que trabalham produzindo artigos acadêmicos
e livros sobre Psicologia na área escolar de atuação. Estes trabalhos buscam demonstrar
onde a atuação do psicólogo poderá auxiliar os professores e todo corpo docente a
13

basearem-se nos ensinamentos e ideias da mesma para lidar na melhor maneira possível
com seus alunos, buscando focar na importância que eles têm para constituir a
civilidade e personalidade dos mesmos. Sob essa ótica, faz-se mais do que necessário,
portanto, a valorização dos pesquisadores que tem pouco incentivo para trabalhos nesta
área da educação. Como já citado no início deste artigo, podemos ver uma pequena
demonstração de obras de alguns pesquisadores maranhenses na tabela abaixo.

TABELA 01 - Dissertações
Tipo de Título Autoria Ano Síntese
produção

Dissertação Conhecendo a Márcia Antônia 2005 Apresenta a Psicologia como


Psicologia no Piedade Araújo área de conhecimento,
Maranhão demonstrando a mesma como
uma produção histórica
concretizada numa determinada
realidade, estabelecendo
relações com diferentes fatores
de natureza política, social,
cultural e científica
Dissertação Psicologia escolar no Tatiana Oliveira 2009 Analisa e discute o cenário da
Brasil e no de Carvalho Psicologia Escolar no Maranhão
Maranhão: percursos e como as transformações
históricos e ocorridas nas últimas décadas
tendências atuais em âmbito nacional impactou a
mesma dentro do estado
maranhense
Dissertação Psicologia Escolar no Poliana Galvão 2017 Esse artigo debate aspectos
Maranhão: História Sócio históricos do que levou e
da Formação e como ocorreu a formação em
Tendências Atuais Psicologia Escolar no Maranhão,
para Atuação utilizando-se de fontes
documentais e literatura da área
produzida no estado.
Dissertação Psicologia Escolar em Poliana Galvão 2019 Coletou informações de 15
ONGs: Estudo Sobre e Gleisy Maria educadoras sociais, observando
o Perfil de Marinho-Araújo como a mediação do psicólogo
Educadoras Sociais escolar colabora com o
desenvolvimento dessa
profissão. Coletou também
dados histórico-cultural e a
abordagem que constituíram o
fundamento teórico-
metodológico central do estudo.

Piedade Araújo é doutorada em Psicologia Social pela Universidade do Estado


do Rio de Janeiro - UERJ (2012), tendo também pela mesma Universidade o mestrado
em Psicologia Social (2002). Ela é professora associada da Universidade Federal do
Maranhão e possuí experiência na área de Psicologia, com ênfase em Psicologia Social,
14

atuando principalmente em Psicologia e História da Psicologia. (Informações –


Escavador). 8Diante deste currículo, podemos dizer que Piedade tem qualificações para
uma pesquisadora de peso em âmbito nacional, devido suas diversas pesquisas como:
ARAÚJO, M. A. P. Conhecendo a psicologia no Maranhão. Estudos e Pesquisas em
Psicologia (Online), 2005; ARAÚJO, M. A. P. Psicologia no Maranhão: um pouco de
sua história. Boletim do CDPHA , v. 17, 2004; ARAÚJO, M. A. P. Psicologia no
Maranhão: percursos históricos. 2. ed. Rio de Janeiro: Biblioteca Virtual de Ciências
Humanas, 2014. Sendo assim, sua obra que foi utilizada neste artigo acadêmico que está
sendo escrito, ganha bastante peso como fonte bibliográfica. Piedade buscou
aprofundar-se no tema proposto (referência: Tabela 01), demonstrando como os
percalços da psicologia maranhense proporcionou atrasos na implementação da
Psicologia escolar no estado, desde a falta de formação até a falta de emprego e
posteriormente insegurança monetária para atuar na área.
Tatiana Oliveira de Carvalho é formada pela Universidade Federal do Maranhão
– UFMA; Mestre em Psicologia - área Desenvolvimento Humano no Contexto Sócio-
Cultural - Universidade de Brasília (UnB); Especialista em Psicopedagogia - Conselho
Federal de Psicologia; Formação em Logoterapia (UEPB) e Dinâmica de Grupo (CDG-
PE); Educação Especial (UFMA); Psicologa no TJMA e no Instituto Geist.
(Informações – Escavador). Perante sua vasta especialização e experiência, Carvalho
escreveu algumas dissertações e artigos, sendo um destes utilizados como base para este
estudo que está sendo feito; podemos dizer que Carvalho buscou demonstrar em seu
trabalho como a Psicologia se difunde no Brasil, como o campo de estudos e pesquisas
da Medicina e da Pedagogia atua, bem como a Psicologia Escolar no Maranhão teve
seus parâmetros para suas transformações.
Já Poliana Galvão e Gleisy Araújo trabalharam juntas no artigo Psicologia
Escolar em ONGs: Estudo Sobre o Perfil de Educadoras Sociais, pesquisa essa que é
usada de referência até hoje devido sua grande contribuição em mostrar os parâmetros e
diferenças de atuação do psicólogo dentro das ONGs. Poliana é Bacharel em Ciências
Biológicas pela Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), mestranda do
Programa de Pós-Graduação em Entomologia e Conservação da Biodiversidade pela
Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). No que se refere a Gleisy, ela é
Psicóloga com mestrado e doutorado em Psicologia pela Universidade de Brasília, pós-

8
Escavador é uma ferramenta on-line em que você consegue encontrar informações sobre determinada
pessoa. Geralmente se utiliza para coletar informações acadêmicas.
15

doutorado e estágio sênior pela Universidade do Minho, Portugal. Professora e


pesquisadora do Instituto de Psicologia e do programa de pós-graduação em processos
de desenvolvimento humano e saúde da Universidade de Brasília.
Ou seja, dentro do estado maranhense existem pessoas com grande gabarito
técnico para atuar dentro da psicologia escolar. Além dessas citadas, tem muitos outros
pós-graduados e doutorados que ficaram de fora deste artigo.

4. LEGISLAÇÃO E A ATUAÇÃO DO PSICOLOGO ESCOLAR

Mesmo com a grande evolução da psicologia, no dia a dia escolar, é muito


comum observar que diversas instituições de ensino não possuem profissionais da
psicologia em seu corpo de profissionais, tendo na maioria das vezes apenas pessoas da
pedagogia. Pois, apesar de ser algo essencial, diversas instituições viam e veem apenas
como um gasto a mais na folha salarial das instituições.
Em 2011, por meio do projeto de Lei nº 1270/2011 do Deputado José
Guimarães, tentou estabelecer a obrigatoriedade do psicólogo escolar em instituições
públicas e privadas, vide “Art. 1° - É obrigatória a presença do psicólogo escolar em
escolas públicas e privadas de ensino infantil e fundamental”, ainda no mesmo projeto
de lei, especifica suas funções, vide “Art. 2º - O psicólogo escolar terá a função de atuar
junto às famílias, corpo docente, discente, direção e equipe técnica, com vistas à
melhoria do desenvolvimento humano dos alunos, das relações professor-aluno e
aumento da qualidade e eficiência do processo educacional, através de intervenções
preventivas, podendo recomendar atendimento clínico, quando julgar necessário”.
Dito isto, percebe-se que a atuação do psicólogo escolar tem seu
desenvolvimento prioritariamente com os professores e não com os alunos, buscando
contribuir para que eles estejam preparados para uma atuação de qualidade junto ao
alunado. Sendo assim, podemos dizer ainda que o psicólogo é fundamental para
orientar os estudantes e professores sobre temas de extrema relevância no cenário atual,
como bullying, drogas e relacionamento familiar, vide “Art. 2º, Parágrafo 1º – Em sua
atuação, além do disposto no art. 2º desta lei, o psicólogo escolar dará atenção especial à
identificação de comportamento antissocial relacionado problemas de violência
doméstica; assédio escolar, conhecido como bullying; abuso sexual e uso de drogas”.
Além disso, eles desempenham papel importante na percepção de necessidades
especiais no aprendizado, contribuindo para a melhora no rendimento escolar.
16

Importante ressaltar, que este projeto do Sr. Guimarães tinha por ideia tentar
alavancar o desenvolvimento saudável dessas relações, mas já existia um projeto de lei
dos anos 2000 correndo no congresso que finalmente foi aprovada após 19 anos de
tramitação do projeto de Lei nº 3688/2000, mas que infelizmente tinha sido vetado pelo
presidente Jair Bolsonaro sob a justificativa de que era inconstitucional e contrário ao
interesse público; agora com a derrubada do veto, a Lei nº 13.935/19 tornou obrigatória
a oferta dos serviços de psicologia educacional e serviço social em escolas da rede
pública. Deixando expresso que:
Art. 1º. As redes públicas de educação básica contarão com serviços de
psicologia e de serviço social para atender às necessidades e prioridades
definidas pelas políticas de educação, por meio de equipes multiprofissionais.
§ 1º. As equipes multiprofissionais deverão desenvolver ações para a
melhoria da qualidade do processo de ensino-aprendizagem, com a
participação da comunidade escolar, atuando na mediação das relações
sociais e institucionais.
§ 2º. O trabalho da equipe multiprofissional deverá considerar o projeto
político-pedagógico das redes públicas de educação básica e dos seus
estabelecimentos de ensino. (Seção 1, número 240, de 12/12/2019. Pg. 07)

Com a implementação desta lei, no início de 2021, todas as escolas deveriam


passar a ter psicólogo em seu corpo docente/funcionários, mas não cumpriram, pois com
a entrada em caráter de urgência e aprovação da PL 3418/20219, proposta pela deputada
Professora Dorinha (DEM/TO), esta atualização mexeu com a Lei 14.113/2020,
ocorrendo a regulamentação no Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação
Básica e de (Fundeb). Essa atualização afetara o repasse de recursos, o que deixará este
ser definido por meio de regulamento, que deverá analisar e levar em consideração os
impactos da pandemia de Covid-19. Para que os profissionais da Psicologia e do
Serviço Social possam desempenhar suas funções dentro do mecanismo escolar em
todos os estados do nosso país, a Lei nº 13.935/2019, como qualquer outra lei que cria
novos cargos ou funções dentro de um mecanismo já existente, precisa de uma fonte de
recurso permanente, para que possa sustentar os novos postos de trabalho criado. No
caso em questão, este recurso foi destinado e garantido por meio da Lei nº 14.113/2020
(regulamenta o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de
Valorização dos Profissionais da Educação - FUNDEB), deste modo podendo
proporcionar todos os requisitos para a implementação da obrigatoriedade da Psicologia
Escolar dentro das instituições de ensinos.
9
PL significa Projeto de Lei, estes projetos podem ou não se tornar lei, primeiro devem ser aprovados na
câmara de deputados e posteriormente no senado, exceto os que começam no senado, primeiro estes são
vistos lá. Projeto de lei pode passar a tramitar em regime de urgência se o Plenário aprovar requerimento
com esse fim. Geralmente, a aprovação de urgência depende de acordo de líderes.
17

Observando este disparate, entidades nacionais da Psicologia e do Serviço Social


como Conselho Federal de Psicologia (CFP), Conselho Federal de Serviço Social
(CFESS), Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional (ABRAPEE),
Associação Brasileira de Ensino de Psicologia (ABEP), Associação Brasileira de Ensino
e Pesquisa em Serviço Social (ABEPSS) e Federação Nacional dos Psicólogos
(FENAPSI) tomaram a frente em uma mobilização para buscar alternativas de combate
para essa situação, por isso começaram a promover debates presenciais e ao vivo por
meio dos sites de streaming (YouTube) e redes sociais, com intuito de auxiliar e prestar
orientações de como devem agir para que seja implementada a regulamentação da Lei nº
13.935/2019 e como eles poderão conseguir reverter essa situação vexatória.
Podemos destacar que essa mobilização é justa, já que o trabalho dentro do
âmbito escolar é necessária e busca o reconhecimento da valorização das
(os) professoras (es), a agregação da atuação da Psicologia e Serviço Social irão gerar
impactos positivos, uma vez que sua base busca trabalhar o desenvolvimento total do
estudante, direcionando seu trabalho à prevenção de fenômenos danosos aos estudantes
e seres humanos como um todo, gerando ações agregadas com diretores, professores,
orientadores, pais e os próprios alunos. Além do mais, com a adição dessas (es)
profissionais devem ser vistos como algo positivo e não ser compreendida como gastos
desnecessários. A Constituição Federal prioriza e coloca em enfoque a educação como
“direito de todos e dever do Estado”, deixando claro e objetivo em letra de lei que a
mesma deve ser promovida e incentivada com a colaboração da sociedade. Avide:
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será
promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho. (CAPÍTULO III DA EDUCAÇÃO, DA
CULTURA E DO DESPORTO Seção I DA EDUCAÇÃO. Pg. 88)

É notável de forma indesejada qualquer medida em que busca barrar o


crescimento e fortificação do campo educacional, devendo sempre ser combatida e
objeto de mobilização popular no tocante de impedir os retrocessos que ocorrerão.
Nesse contexto, considerando que o psicólogo escolar trabalha na evolução do aluno e
pessoas envolvidas, ele vai desenvolver a melhoria do desempenho acadêmico do aluno
e na vida, visando a promoção da saúde na comunidade escolar. Como já foi dito, ele é
uma peça fundamental para proporcionar de forma adequada no desenvolvimento dos
estudantes, professores e todas as outras pessoas envolvidas na engrenagem escolar.
Resumidamente, suas competências são basicamente compostas nos preceitos da
18

prevenção, adaptação dos indivíduos, promoção do bem-estar e da excelência


acadêmica. As atribuições desse profissional: Intervenção em relação às necessidades
educacionais dos alunos; Orientação, aconselhamento profissional e vocacional; funções
preventivas; Intervenção na melhoria das ações educacionais; Formação
e aconselhamento familiar; Intervenção socioeducativa para a construção de um
ambiente educacional positivo e integrador.
Esses preceitos advém da ideia de que o “trabalho do psicólogo escolar, numa
carga horária que assegure sua permanência na escola durante todo período de aula ao
longo da semana, lhe possibilitará observar a rotina dos alunos sob sua
responsabilidade, de forma a perceber mudanças de comportamento ou comportamento
antissocial em suas primeiras manifestações, quando ainda são passíveis de correção
através de intervenções simples, e que obtém excelentes resultados práticos em função
da idade dos alunos, crianças e pré-adolescentes. A partir de uma visão sistêmica, que
considera todos os aspectos que envolvem a educação, sua abordagem tem como
premissa um caráter preventivo e que busca ajustes ou mudanças. Desta forma,
contribui para o desenvolvimento cognitivo, humano e social de toda a comunidade
escolar.
Em resumo, esse golpe aplicado no sistema de educação com a modificação dos
fundos destinados para a implementação desses profissionais, impacta de forma
significativa a qualidade na educação deste país e por consequência na região
maranhense também. Sendo assim, fica nítido que a população deve mover-se de
encontro com os atos de protestos promovidos pelos conselhos regionais e assim anular
ou reverter em parte esses impactos.

5. DISCUSSÃO E RESULTADO

O psicólogo escolar faz parte da equipe institucional escolar, devendo atuar de


forma interdisciplinar e ter visão sistêmica para a construção de ações que visem todos
os elementos da escola, bem como os país, comunidade e as instituições que possam
estar estabelecendo parceria para atender as crianças com dificuldades de aprendizagem
e comportamento. É necessária uma maior sensibilidade em meios aos profissionais
envolvidos na educação e também entre os familiares de crianças com DDA (Déficit de
atenção), para compreender e aceitar o jeito de ser de cada criança, sem exigir um
desempenho comparativo entre elas. O psicólogo, para realizar um trabalho de maneira
19

adequada, precisa estudar cautelosamente as relações que se dão no ambiente escolar ou


seja, o psicólogo não pode olhar para apenas uma queixa do professor, mas ter uma
visão mais ampla possível do todo é assim compreender as partes do todo e como elas
se relacionam. É ainda necessário ressaltar o papel da família na construção de todo
indivíduo, pois a família é a primeira fonte de ensinamento e as crianças em grande
parte, agem refletindo as ações de seus país.
Intervenção em relação às necessidades educacionais dos alunos; Orientação,
aconselhamento profissional e vocacional; Funções preventivas; Intervenção na
melhoria das ações educacionais; Formação e aconselhamento familiar; Intervenção
socioeducativa para construção de um ambiente educacional positivo e integrador.
Cabe ao psicólogo escolar relacionar os conhecimentos específicos da psicologia
com os conhecimentos educacionais, isso é a base. O psicólogo deve conhecer a
instituição que será trabalhada, todos os seus agentes, suas características, sua ideologia
até conhecer a sua problemática, só assim esse profissional poderá articular melhor as
condutas que terá nesse ambiente.
Quando focamos no professor é interessante entender que o psicólogo escolar
poderá ajudar tal profissional em suas demandas. Isso vai desde ajudar o professor a
refletir sobre sua infância, a sua adolescência a contribuir para que esse professor possa
rever a sua identidade enquanto profissional ajudar esse educador a refletir sobre a sua
família, isso é uma forma dele melhorar a compreensão do aluno e o seu fazer
pedagógico para ajudar a compreender as dinâmicas familiares dos alunos e os novos
perfis familiares que surgem. Dessa maneira a possibilidade de o professor compreender
com clareza o percurso de escolarização é aumentada.
Servir de apoio aos agentes e autores da escola pois existe um reflexo direto com
o bem-estar profissional do professor dentro dessa instituição. Desenvolver trabalhos de
orientação vocacional e profissional com os alunos, ações preventivas e esclarecedoras
junto a escola para que os alunos tenham mais informação no que diz respeito a drogas,
sexualidade, ética, agressividade incluindo o bullying, episódio de violência física e
psicológica que não são raros diante disso o fazer psicológico age de modo incisivo para
combater e acabar com essa prática através de conversas e palestras.
Desenvolver ações esclarecedoras junto do corpo docente para que as famílias
tenham maior informação sobre desenvolvimento humano, sobre o cuidado com a saúde
mental. Como o psicólogo escolar trabalha com a prevenção isso trará um cuidado
relacionado a problemas emocionais, mentais e psicológicos de maior gravidade.
20

O desenvolvimento de ações esclarecedoras junto a escola para a família em


relação ao desenvolvimento acadêmico do aluno. Ações esclarecedoras junto a família
dos alunos sobre a metodologia e os objetivos da escola e as contribuições para esse
processo de aprendizagem os psicólogos têm a capacidade de identificar pontos que
podem ser melhorados nesse processo de aprendizado para que os alunos tenham mais
resultados satisfatórios e além disso auxilia os professores a desenvolver novas
habilidade em sala de aula.
Projetos políticos pedagógicos também fazem parte da atividade do psicólogo
escolar o método de ensino ganha um aliado importante quando se têm este tipo de
profissional, levando em pauta aqueles alunos com necessidades especiais e
necessidades educacionais especiais que devem ser participantes ativos da sociedade e
nesse processo ela vá alcançando independência e autonomia. E isso se consegue
apontando as necessidades individuais de uma criança e não a sua deficiência em si, o
que deve ser avaliado é o que essa criança precisa. E não o que a deficiência dessa
criança precisa. O ensino especializado está caminhando para uma educação inclusiva.
Na Declaração de Salamanca (1996), podemos ler:
“O princípio que orienta essa estrutura (de ação em educação especial) é o de
que escolas deveriam acomodar todas as crianças, independentemente de suas
condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, linguísticas ou outras.
Aquelas deveriam incluir crianças deficientes ou superdotadas, crianças de
rua e trabalhadoras, crianças de origem remota ou de população nômade,
crianças pertencentes a minorias linguísticas, étnicas ou culturais e crianças
de outros grupos inferiorizados ou marginalizados. Tais condições geram
uma variedade de diferentes desafios aos sistemas escolares. No contexto
dessa estrutura, o termo 'necessidades educacionais especiais' refere-se a
todas aquelas crianças ou jovens cujas necessidades educacionais especiais se
originam de deficiências ou de dificuldades de aprendizagem”. (p.3)

O desafio que confronta a escola inclusiva diz respeito ao desenvolvimento de


uma pedagogia centrada na criança e capaz de educar com sucesso todas as crianças,
incluindo aquelas que possuam desvantagens severas.

6. CONCLUSÃO

Para concluir, considera-se que o campo da Psicologia Escolar se encontra em


consolidação. É necessário utilizar os conhecimentos psicológicos já adquiridos e
buscar novos conhecimentos dentro da própria Psicologia e em outros domínios, como a
Educação, às Sociologia, a Filosofia, etc., com vista a uma atuação que trabalhe com a
21

complexidade apresentada pelos processos de ensino-aprendizagem em suas dimensões


históricas e políticas.
O psicólogo não deve ser aquele que traz um saber ou uma resposta pronta; ele
vai interagir com os demais atores para construir uma solução viável dentro do contexto
da Educação, tanto na escola quanto na universidade ou em uma organização não
governamental. Nesse processo, é importante que o psicólogo construa uma postura
crítica e criativa e esteja aberto aos múltiplos desafios e possibilidades presentes nos
contextos educacionais. Para isso, é necessário que haja investimento na formação
desses profissionais, desde a graduação, de forma a capacitá-los a exercer uma
psicologia que promova as qualidades apontadas.
A Psicologia Escolar, enquanto campo de produção científica e de atuação
profissional do psicólogo, caracteriza-se pela inserção da Psicologia no contexto escolar
com o objetivo de contribuir para a promoção do desenvolvimento, da aprendizagem e
da relação entre esses dois processos.
Inserido neste contexto de formação coube ao psicólogo escolar, por muito
tempo, classificar os alunos com dificuldades escolares e propor métodos especiais de
educação, tentando ajustá-los aos padrões de normalidade aceitos socialmente.
Entretanto, a partir do afastamento em relação à postura adaptativa e corretiva, a
Psicologia Escolar tem buscado solidificar uma atuação de caráter preventivo e
relacional que se sustenta muito mais em parâmetros de sucesso do que de fracasso.
O fracasso escolar carrega, em sua base, a responsabilização (e culpabilização)
ao próprio aluno e à sua família, das dificuldades que vivencia em relação ao
aprendizado escolar, enfatizando as limitações e deficiências que, supostamente, o aluno
teria. A cultura do sucesso escolar, por outro lado, privilegia as potencialidades e
possibilidades em vez dos problemas e dificuldades, focaliza as diferentes alternativas
individuais e coletivas de superação das adversidades, valoriza as diferenças, a
heterogeneidade e a diversidade de formas de aprender, pensar e estar no mundo. Nesse
sentido, a Psicologia Escolar tem buscado consolidar uma atuação que se baseia em
crescimento e sucessos dos atores escolares em contraponto à ênfase em problemas e
dificuldades.
Nessa nova perspectiva de atuação, tenta-se criar espaços de interlocução com
todos os atores escolares, incluindo e acolhendo os diferentes segmentos que participam
e constroem o cotidiano escolar. Esses espaços têm como foco tanto os aspectos
22

objetivos dos processos de desenvolvimento e de aprendizagem, como a


conscientização dos aspectos subjetivos que os permeiam.
Imersa em um contexto social cheio de transformações, a Psicologia Escolar tem
construído atuações que buscam não somente abandonar um modelo que focaliza o
problema no aluno. Ela tem se esforçado para integrar outras modalidades de trabalho
que ampliem as possibilidades de sucesso dos atores envolvidos, superando as práticas
psicológicas que tratam a dificuldade de aprendizagem ou o fracasso escolar como um
problema individual ou do meio familiar.
Uma das novidades na prática da Psicologia Escolar é a participação do
professor no processo de acompanhamento dos alunos quando dificuldades escolares
são identificadas. A inserção desse profissional na parceria com o psicólogo escolar traz
um importante diferencial às ações desenvolvidas nas escolas: a possibilidade dos
professores perceberem participantes ativos e co-construtores dos processos de sucesso
escolar, à medida que se apropriam de sua função e responsabilidade profissional.
Dessa forma, a Psicologia Escolar tem, entre os seus desafios, ampliar seu foco
de atuação, pesquisa e produção de conhecimento para além da escola, pois diferentes
contextos como creches e ONGs, por exemplo, e outros níveis do sistema educacional
podem enriquecer-se do trabalho desenvolvido por profissionais e pesquisadores
voltados à interface Psicologia-Educação.
Diante deste novo cenário que vem caracterizando a Psicologia Escolar
contemporânea, espera-se construir ações diferenciadas e transformadoras que, além de
promoverem o desenvolvimento e a aprendizagem de todos os envolvidos no cotidiano
escolar, venham também a enriquecer esse campo do conhecimento.

7. REFERÊNCIAS

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Escolar e Educacional. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/pee/a/yVztKxWgjx7cFsTT5ZchKqg/?lang=pt. Acesso dia
24/03/2022

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de Pesquisas em Psicologia, UERJ, RJ, ANO 5, N.1, 1º Semestre de 2005

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DF; Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. Pg 88.
23

BRASIL. Lei nº 13.935 de 11 de dezembro de 2019. Dispõe sobre a prestação de


serviços de psicologia e de serviço social nas redes públicas de educação básica.
Diário Oficial da União. Brasília, DF. Edição 240, Seção 1, Pág. 7.

BRASIL. Lei nº 14.113 de 25 de dezembro de 2020. Dispõe sobre o fundo de


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246 - C, Seção 1 – EXTRA C, Pág. 1.

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Acessado no dia 24 de março de 2022.

CARVALHO. Tatiana Oliveira de; ARAUJO. Claisy Maria Marinho. Psicologia Escolar
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CURY, Augusto. Escola de Inteligência Socioemocional. Entenda o papel e a


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https://escoladainteligencia.com.br/blog/psicologo-escolar. Acesso dia 24/03/2022

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Uma leitura crítica. PEPSIC – Periódicos Eletrônicos. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/pcp/a/YwJZkxmbzNVQdfsDKyJMDHs/?lang=pt. Acesso:
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Disponível em Pr://www.saoluis.ma.gov.br. Dados do ano de 2008. Acesso dia
24/03/2022.

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