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GRUPO EDUCACIONAL FAVENI

APARECIDA GRASIELA DA SILVA PEREIRA

A PSICOPEDAGOGIA COMO DISPOSITIVO FACILITADOR NO


PROCESSO DE ACOLHIMENTO DE CRIANÇAS IMIGRANTES E
REFUGIADAS

MAUÁ/SP
2021
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APARECIDA GRASIELA DA SILVA PEREIRA

GRUPO EDUCACIONAL FAVENI

A PSICOPEDAGOGIA COMO DISPOSITIVO FACILITADOR NO


PROCESSO DE ACOLHIMENTO DE CRIANÇAS IMIGRANTES E
REFUGIADAS

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado à Faculdade Futura – Grupo
Educacional Faveni, como requisito parcial
para obtenção do título de Pós-graduação
em Alfabetização e Letramento.

Orientador: Prof. DsC. Ana Paula


Rodrigues

MAUÁ/SP
2021
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A PSICOPEDAGOGIA COMO DISPOSITIVO FACILITADOR NO PROCESSO DE
ACOLHIMENTO DE CRIANÇAS IMIGRANTES E REFUGIADAS
PEREIRA, Aparecida Grasiela da Silva1

1Pedagoga, Faculdade de Mauá / UNIESP S.P, grasielamatarazzo@gmail.com

Declaro que sou autor¹ deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também que o
mesmo foi por mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou extraído, seja
parcial ou integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte além daquelas públicas consultadas e
corretamente referenciadas ao longo do trabalho ou daqueles cujos dados resultaram de
investigações empíricas por mim realizadas para fins de produção deste trabalho.
Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais e
administrativos, e assumindo total responsabilidade caso se configure o crime de plágio ou violação
aos direitos autorais.

RESUMO - Este artigo busca compreender como a psicopedagogia pode


ser útil no processo de acolhimento e escolarização de crianças imigrantes e
refugiadas dentro e fora da sala de aula. O Brasil tem alcançado altos índices de
recepção de refugiados, por ser um país subdesenvolvido que tem fronteiras abertas
com entradas facilitadas que acaba sendo um grande receptor, apesar de pouco se
falar no processo de escolarização. Tendo em vista que os deslocamentos
aumentam a cada ano, devido às transformações sociais, políticas, econômicas e
culturais, tanto nos países de entrada como nos de saídas de migrantes e
refugiados. Essa pesquisa irá discutir sobre as dificuldades de inserção destas
crianças, considerando seus traumas e dificuldades de adaptação e comunicação
em um novo ambiente. É notável que estas crianças fiquem abaladas e sofrem
socialmente e psicologicamente, necessitando de apoio psicossocial de seus
professores e equipe escolar. Este trabalho tem como objetivo identificar como a
psicopedagogia pode ser um dispositivo facilitador neste processo de inclusão e
acolhimento. Para tanto, foi fundamentado em Wallon (1975) a respeito dos traumas
que tais crianças podem ter devido às situações de vulnerabilidade que foram
expostas, tendo como base Rocha e Moreira, em seu pensamento humanístico e
politico em direitos para os refugiados e sua educação, e pensando em
oportunidades para as crianças refugiadas o autor Silva (2014) aborda a importância
desse aspecto de desenvolver o senso critico, na educação para refugiados para
não ser tratado como Davis (2006) aborda, sobre casos de maus tratos, como serem
feitos de escravos ou servos urbanos, podendo cada vez mais compreender a
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respeito de crianças refugiadas, com a própria ACNUR que auxiliam e trás
informações completas a respeito de famílias e crianças refugiadas. Pesquisa
qualitativa tendo o foco no sujeito e em sua ação, sendo exploratória.

PALAVRAS-CHAVE: Imigrantes . Refugiados. Psicopedagogia . Crianças.

1 INTRODUÇÃO

Um projeto acerca da escolarização da criança refugiada se torna importante,


pois o fato do país receber cada vez mais crianças de outros países, que por
motivos de guerras ou outros são obrigadas a abandonar suas nações, e às vezes
até familiares e viver num local estranho, com costumes, hábitos, alimentação,
linguagem e outras coisas completamente diferentes ao que estavam acostumadas.
É notável que estas crianças ficam abaladas e sofrem socialmente e
psicologicamente, necessitando de apoio dos professores que as recebem e as
integram juntamente com suas famílias para que haja a adaptação às diferenças
culturais em sua nova realidade, com adaptações da prática pedagógica para que os
estudantes possam aprender a língua portuguesa para fazer o acompanhamento
das aulas, e desenvolver ações que promova a diversidade e acolhimento
humanizado diante de uma nova possibilidade de vida. Em relatos de livros
encontram-se tristes histórias, porém com resiliência, Malala nos descreve um:
Quando minha família foi do Paquistão para Birmingham, levou
apenas a roupa do corpo. Não havia tempo para passar em casa, nem seria
seguro. O que significava que tínhamos que começar do zero em um mundo
que nos era totalmente estrangeiro. (YOUSAFZAI, 2019 p. 47).

Atualmente a educação é um dos fatores mais importantes para a construção


de uma sociedade mais justa, crítica e desenvolvida. O domínio da língua, tanto
falada quanto escrita, permite a construção da cidadania como fator crucial para a
interação e convívio em sociedade.

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Ao longo dos anos a alfabetização tem sido alvo de mudanças em suas
práticas em sala de aula, tanto em conteúdos lecionados, como em processos
pedagógicos, e por essa razão, tem-se cobrado o posicionamento de escolas e
educadores em relação a essa nova maneira de ensinar.
Deste modo, é claro que muitos são os desafios do trabalho do professor
na Educação Infantil e nos anos iniciais no mundo contemporâneo e por essa
razão, esse trabalho objetiva mostrar a importância do brincar no processo de
alfabetização da criança, para sua evolução durante o processo de construção e
reconstrução do saber.
Posto isto, é preciso um novo olhar sobre a atuação docente, uma vez
que o educador precisa conhecer ferramentas que auxiliem nesse processo,
para que a aprendizagem significativa aconteça sem traumas. Os jogos
possuem um papel muito importante na escola, pois através do seu uso é que
as crianças desenvolvem diversas habilidades, pois ao brincar ela estabelece
relações com os seres humanos e com o mundo que a cerca, o que irá garantir
seu desenvolvimento e conhecimento da realidade em que vive.
Os jogos enquanto recurso pedagógico oportunizam a criança o
desenvolvimento da identidade e da autonomia, uma vez que, ao vivenciar
situações, desenvolve a capacidade de compreensão e assim, é possível
trabalhar valores como respeito ao próximo, partilha, entre outros, o que muito
contribui para o seu desenvolvimento pessoal e do grupo de uma uma forma
geral.
Atualmente vemos que o lúdico e os jogos estão presentes nas salas de
aula, o que evidencia que eles alcançaram um novo enfoque pedagógico,
passando fazer parte dos currículos escolares. Por isso, os objetivos específicos
deste estudo é reconhecer os jogos como instrumentos pedagógicos no
processo de alfabetização da criança; identificar quais podem ser utilizados
neste contexto do ensino e ainda, apresentar o papel do jogo e do professor no
processo de alfabetização da criança, como facilitador do processo de
construção do saber para uma aprendizagem significativa.
Visando atingir tais objetivos elencados acima, o referencial teórico
contempla uma reflexão sobre o universo infantil e as concepções dos jogos,
que podem ser utilizados neste ciclo de alfabetização.

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Para a realização deste estudo, foi realizada uma pesquisa bibliográfica
de cunho qualitativo, onde foram escolhidos autores renomados que defendem o
uso do jogo enquanto recurso pedagógico no processo de alfabetização da
criança.
Contudo, o objetivo geral desta reflexão é mostrar a importância dos jogos
no processo de alfabetização da criança, sua evolução durante o processo de
construção e reconstrução do conhecimento e destacar que o jogo é um valioso
instrumento para enriquecer o processo ensino-aprendizagem dentro e fora das
escolas, melhorando todos os aspectos de quem joga, principalmente se o
jogador for uma criança, que está vivenciando um período de descobertas frente
a sua realidade e mundo em que vive.

2. A IMPORTANCIA DOS JOGOS E DO LÚDICO COMO RECURSO


PEDAGÓGICO NO AMBIENTE ESCOLAR

Preliminarmente, faz-se necessário refletir que o brincar é algo muito


presente em nossas vidas e assim sendo, ele possibilita a criança formas
diferentes de aprendizagem, uma vez que por meio da construção, reflexão,
autonomia e criatividade, ela consegue estabelecer relações entre jogo e o
conhecimento.
Segundo Ferreira (1999), publicado no dicionário Aurélio, brincar é
"divertir-se, recrear-se, entreter-se, distrair-se, folgar", também pode ser
"entreter-se com jogos infantis". Deste modo, a partir do uso de jogos e
brincadeiras na escola, as crianças aprendem conceitos e valores, desenvolvem
habilidades motoras, cognitivas e sociais que são fundamentais para o seu
desenvolvimento de um modo geral.
Kiskimoto (2000, p.32), aponta que “Piaget ao manifestar a conduta
lúdica, a criança demonstra o nível de seus estágios cognitivos e constrói
conhecimentos”. Assim, ao fazermos uso de brincadeiras, jogos, e atividades na
educação infantil, contribuímos muito para o seu desenvolvimento, pois o lúdico
proporciona a ela o desenvolvimento da sua capacidade de imaginação,
abstração pois consegue aliar o imaginário ao real.

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Deste modo, as crianças precisam fazer uso de jogos e brincadeiras para
estimular o conhecimento e a aprendizagem. A importância do lúdico para o
desenvolvimento integral do ser humano é fundamental tanto nos aspectos
físico, social, cultural, como no afetivo, emocional e cognitivo. Através do uso de
jogos pedagógicos, temos uma aprendizagem prazerosa e significativa para o
aluno.
Carneiro e Dodge (2007, p.201), destacam que:

Ao estimular as crianças durante a brincadeira, os pais tornam-se


mediadores do processo de construção do conhecimento, fazendo com
que elas passem de um estágio de desenvolvimento para outro.
Também, ao brincar com os pais, as crianças podem se beneficiar de
uma sensação de maior segurança e liberdade para exploração, além
de se sentirem mais próximas e mais bem compreendidas, o que pode
contribuir para o melhor desenvolvimento de sua autoestima e
independência.

Pautado nestes princípios, o brincar na escola proporciona a criança


estabelecer regras constituídas por si e em grupo, contribuindo na integração do
indivíduo na sociedade, uma vez que ele é a primeira linguagem, pois, a partir
das atividades lúdicas é que ela irá se desenvolver facilitando seu processo de
socialização, comunicação e construção de pensamentos.
Ainda segundo Carneiro e Dodge (2007, p.91), no que se refere a escola
enquanto instituição é preciso enxergar o lúdico de forma diferente.

Para que a prática da brincadeira se torne uma realidade na escola, é


preciso mudar a visão dos estabelecimentos a respeito dessa ação e a
maneira como entendem o currículo. Isso demanda uma transformação
que necessita de um corpo docente capacitado e adequadamente
instruído para refletir e alterar suas práticas. Envolve, para tanto, uma
mudança de postura e disposição para muito trabalho.

De acordo com o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil


(BRASIL, 1998, p. 27, v.01) faz-se necessário saber que:

O principal indicador da brincadeira, entre as crianças, é o papel que


assumem enquanto brincam. Ao adotar outros papéis na brincadeira,
as crianças agem frente à realidade de maneira não-literal, transferindo
e substituindo suas ações cotidianas pelas ações e características do
papel assumido, utilizando-se de objetos substitutos.

Ainda segundo o Referencial acima supracitado, é preciso saber que:

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Educar significa, portanto, propiciar situações de cuidados, brincadeiras
e aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir
para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação
interpessoal, de ser e estar com os outros em uma atitude básica de
aceitação, respeito e confiança, e o acesso, pelas crianças, aos
conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural. Neste
processo, a educação poderá auxiliar o desenvolvimento das
capacidades de apropriação e conhecimento das potencialidades
corporais, afetivas, emocionais, estéticas e éticas, na perspectiva de
contribuir para a formação de crianças felizes e saudáveis (BRASIL,
1998, p. 23).

Com base nos argumentos apresentados acima, é evidente que


aprender oportuniza prazer a criança e desta forma, com o passar do tempo, as
brincadeiras e os jogos começaram a ser reconhecidos como recursos e
instrumentos facilitadores no processo de ensino e dia a dia estão sendo
incorporados aos curriculos escolares como recursos facilitadores que muito
contribuem para um ensino significativo e de valor ao educando.

2.1 Os jogos e brincadeiras na perspectiva de Vygotsky

Primeiramente, é importante ressaltar que o jogo proporciona inúmeros


benefícios no desenvolvimento e crescimento da criança. Por meio do jogo, ela
explora o meio, as pessoas e os objetos que a cercam; desenvolve habilidades
motoras, aprende a raciocinar, planejar, traçar metas e assim vai confrontando
realidade com fantasia.
Vygotsky (1991) destaca que, “o jogo cria uma zona de desenvolvimento
próximo na criança, de maneira que, durante o período que joga, está sempre
além da sua idade real.” Desta forma, o jogo oportuniza situações que permitem
o individuo evoluir.
Ainda segundo Vygotsky (1991, p. 113), tanto o jogo quanto a brincadeira
em si são peças-chave para que a criança possa desenvolver-se: desde a atuação,
como no caso de brincadeiras de papéis (“mamãe e filhinha”), até brincadeiras
lúdicas que explorem a criatividade e o raciocínio da criança; tudo para que a
imaginação desenvolva-se de maneira conjunta às regras de conduta e demais
fatores de desenvolvimento; assim ela projeta-se no mundo adulto, desenvolvendo
hábitos para os quais ainda não está acostumada e que não sabe lidar.

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Jogos relacionados às atividades reprodutoras (todas aquelas que possuem
certa relação com a memória) são, segundo o filósofo, ideais para crianças que
estão começando sua vida acadêmica, pois grande parte do que é ensinado,
dependerá futuramente da memória do aluno e, portanto, “deve ser treinada e
expandida aos seus maiores limites”; além disso, o jogo pode ser o transporte para o
desenvolvimento social, emocional e intelectual: o Professor dos Ciclos Iniciais pode
e deve permitir a brincadeira e o jogo, desde que sejam anteriormente definidos os
objetivos a serem alcançados.
Posto isto, o jogo promove uma alteração nas estruturas da criança, além de
explorar o faz de conta. Os símbolos devem ser exercitados quando há um
significado em primeiro plano e há aqui o jogo de regras; no entanto, para Vygotsky,
esse jogo de regras é aprendido com a interação de outros indivíduos e não sozinho.
Portanto, Vygotsky fala da interação da criança com a linguagem e com o
meio onde se encontra; o desenvolvimento ocorre no decorrer da vida, além de não
estabelecer fases para o desenvolvimento, visto que há a dependência do meio em
que se vive, pois a criança aprende e cria situações a partir de tudo o que conhece,
tendo influência do meio e de suas próprias necessidades.

3. DEFINIÇÕES SOBRE JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS

Sabemos que o brincar faz parte da infância de qualquer criança, por


isso, é preciso explorar de forma correta essa fase, para que ela seja rica em
aprendizado e isso só vai acontecer se o uso de jogos for realizado de forma
contextualizada e adequada a faixa etária do aprendiz.
É muito importante conceituar e conhecer as diferenças entre jogos
brincadeiras. De acordo com Huizinga (2000, p.24);

O jogo é uma atividade ou ocupação voluntária, exercida dentro de certos e


determinados limites de tempo e de espaço, segundo regras livremente
consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si
mesmo, acompanhado de um sentido de tensão e de alegria e de uma
consciência de ser diferente da “vida quotidiana”. (HUIZINGA 2000, p.24)

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Isto posto, a brincadeira é o resultado obtido pela criança ao concluir as
regras do jogo, uma vez que, "brinquedo e brincadeira relacionam-se diretamente
com a criança e não se confundem com o jogo" (KISHIMOTO, 2010, p. 21).
Segundo Moyles (2002, p.36);

[...] “praticar, escolher, perseverar, imitar, imaginar, dominar, adquirir


competência e confiança, adquirir novos conhecimentos, habilidades,
pensamentos e entendimentos coerentes e lógicos, de criar, observar,
experimentar, movimentar-se, cooperar, sentir, pensar, memorizar e
lembrar, comunicar, questionar, interagir com os outros e ser parte de uma
experiência social mais ampla em que a flexibilidade, a tolerância e a
autodisciplina são vitais, conhecer e valorizar a si mesmo e as próprias
forças, e entender as limitações pessoais, ser ativo dentro de um ambiente
seguro que encoraje e consolide o desenvolvimento de normas e valores
sociais.” (MOYLES, 2002, p. 36).

Por isso, fica complicado destacar características e diferenças, uma vez


que encontramos muita similaridade nas definições de muitos autores referente a
jogos, brinquedos e brincadeiras, pois através do uso dos jogos as crianças
passam a ter contato com regras, aprendendo como devem proceder diante das
orientações.
Vale ressaltar que o jogo promove a participação e integração dos
indivíduos, proporcionando momentos de aprendizagem e descontração,
permitindo a criança através do lúdico saber lidar com erros e acertos.
Contudo, a brincadeira faz parte do desenvolvimento humano e é através
dela que são construídos valores para a vida toda, feito que ela é capaz de atuar
no desenvolvimento emocional da criança através das vivencias realizadas.

3.1. A importância do lúdico no processo de aprendizagem do educando

Inicialmente é de fundamental importância saber que o lúdico na


concepção pedagógica agrega e engloba os 4 Pilares da Educação para o
Século XXI, que são: Aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver
junto e aprender a ser, sendo utilizados como princípio para construção desses
saberes.
Por essa razão, as atividades precisam estar alicerçadas aos objetivos
pedagógicos propostos em sala de aula, para que não ser apenas momento de

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lazer. É preciso usar os jogos com propósitos pedagógicos para que tenhamos
resultados positivos de aprendizagem, afinal a contribuição do lúdico vai além
de entreter e divertir, através desses meios, a criança tem seu primeiro contato
com regras, limites e valores.
Brougére (1998, p.17) destaca que “os jogos e brinquedos são meios que
ajudam a criança a penetrar em sua própria vida tanto quanto na natureza e no
universo”. Todo jogo vai muito além do que está explícito, tem sua parte
pedagógica e acaba por auxiliar a criança no processo de desenvolvimento e
crescimento, perder ou ganhar se torna subjetivo. Sobre isso, Vasconcellos
(2008, p.52) diz:

Todo jogo de bonecas traz a luz experiências familiares. Toda


amarelinha reflete sobre a trajetória da terra ao céu, ou seja, como a
maioria dos jogos de percurso indaga sobre a vida e a morte, os
caminhos do homem e da alma. Todo jogo de xadrez comporta o
confronto com o rei [...].(Vasconcellos, 2008, p.52)

O conteúdo imaginário do jogo e da brincadeira baseia-se em regras,


mesmo que sejam comportamentais; o que passa despercebido cotidianamente
pela criança passa a ser foco quando ela brinca. Além disso, é comum observar,
durante as brincadeiras, questões e assuntos familiares, onde está presente a
estrutura da família.
Destarte, de uma forma sutil, jogos e brincadeiras trazem ao universo da
criança um confronto de valores de forma prazerosa, que, neste primeiro
momento, se passa despercebido. Segundo Brougére (1995, p. 99-100) “A
brincadeira é uma mutação no sentido da realidade: as coisas tornam-se outras.
É um espaço à margem da vida comum que obedece às regras criadas pela
circunstância”.
Vale lembrar que a criança, por natureza, brinca o tempo todo, para ela
tudo é entretenimento e diversão; enaltecer apenas a vitória nos jogos e nas
brincadeiras faz com que ela apenas valorize o resultado, e não o aprendizado
que aquela atividade traz consigo. Jesus (2010, p.8) a esse respeito diz:

Durante o jogo a criança se empenha em obter um bom resultado.


Devemos tornar esse resultado o mais claro possível para que ela
tenha oportunidade de avaliar seu desempenho, percebendo onde
errou, contribuindo para construção de sua autonomia. (Jesus, 2010,
p.8)

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Tal princípio é fundamental, visto que na elaboração do conhecimento a
criança precisa ter estratégias definidas e desenvolvidas que resultem em um
melhor aprendizado, possibilitando a formação de seu caráter crítico,
questionador, participativo.
Weiss (1993, p.39), menciona que a sala de aula é fundamental para
incentivar os alunos a desenvolverem uma postura de autonomia e
independência, oferecendo oportunidades de escolha. Para tanto o professor
precisa organizar a rotina e o ambiente, com procedimentos variados e
ferramentas alternativas, sendo o lúdico uma delas.
Portanto, analisando a Educação na rotina atual, foi possível identificar o
desafio de se colocar em prática o que serve de suporte para o futuro do aluno,
valorizando suas necessidades, suas perspectivas, seus interesses. É relevante
que o professor esteja atento a tais propósitos, assim como às perspectivas de
seus alunos, possibilitando uma maior qualidade do ensino. Além disso, as
atividades pedagógicas devem ser variadas, significativas aos alunos para que
estejam motivados a participar de forma plena do processo de aprendizagem.

4 CONCLUSÃO

Com base na pesquisa e estudos realizados, foi possível identificar que o


processo ensino-aprendizagem deve ter compromisso com todos os agentes
nele envolvidos. A escola não pode ficar presa a conteúdos sistemáticos e
teóricos, o lúdico a partir do uso de jogos tornou-se uma ferramenta significativa
na rotina de sala de aula, na medida que ele cria um ambiente prazeroso e
íntimo do universo infantil dos alunos.
Tal reflexão mostrou a importância do jogo, do brinquedo e das
brincadeiras no processo de ensino-aprendizagem no ambiente escolar durante
as séries iniciais principalmente nos anos em que acontecem a alfabetização.
Diversos autores defendem que o brincar é fundamental para o desenvolvimento
da criança, pois brincando ela demonstra sentimentos, emoções, adquiri
conhecimentos, aprende a fazer uso de regras e respeito ao próximo.

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Deste modo, este estudo evidencia as contribuições do lúdico e o uso de
jogos enquanto instrumentos pedagógicos, a fim de oferecer qualidade na
aprendizagem, pois os jogos e as brincadeiras, quando bem elaborados, e de
acordo com o currículo escolar, proporcionam o desenvolvimento cognitivo,
intelectual, social e afetivo da criança e a escola deve valorizar a informação, a
formação e o conhecimento, e sua rotina precisa motivar seus alunos a serem
participativos durante o processo de construção e reconstrução do saber.
Ensinar brincando é um desafio para o professor e deve ser encarado
com seriedade. Os jogos e brincadeiras na escola, devem ser trabalhados na
sua essência, tendo o professor como mediador, apresentando objetivos
previamente definidos. Ao professor, confia-se a tarefa de possibilitar ao aluno o
aprendizado. É preciso ter metas previamente definidas, pois, quando bem
utilizadas, essas ferramentas estimulam o convívio em grupo dos alunos e
ajudam a desenvolver o raciocínio lógico, tão importante no mundo
contemporâneo.
Com base nos argumentos apresentados ao longo deste estudo, através
dos jogos e brincadeiras, o educador pode contribuir com o desenvolvimento da
criança de forma satisfatória, proporcionando a ela formas de respeitarem
limites e resolverem conflitos. É preciso oportunizar momentos de descontração,
prazer e aprendizagem e para que isso aconteça temos como uma grande aliada
as ferramentas: jogos e brincadeiras, ou melhor o lúdico no ambiente escolar.

5 AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, que me meu energia e guiou para enfrentar as


dificuldades.
A minha família pela paciência e apoio aos meus estudos.
E aos meus amigos que me compreenderam nesse trajeto de esforço e
dedicação.

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REFERÊNCIAS

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____________. Tizuko Morchida (Org.) Jogo, brinquedo, brincadeira e a


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____________.Tizuko Morchida (Org.). Jogo, brinquedo, brincadeira e a


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https://docplayer.com.br/7129806-Ano-xviii-boletim-07-maio-de-2008-jogos-e-
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Setembro de 2021 as 19h14 minutos)

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