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A IMPORTÂNCIA DA ILUSTRAÇÂO NA EDUCAÇÂO INFANTIL

RESUMO

Nos últimos anos, nossa sociedade de forma geral tem passado por muitas
modificações, tanto no setor cultural, quanto econômico. Essas transformações
permitiram ao Brasil evoluir em alguns aspectos, principalmente no setor educacional,
onde ocorreram inúmeras melhorias advindos de novas leis, fazendo que conquistas
importantes foram obtidas, como a reestruturação escolar, reformas estruturais,
maior acessibilidade a internet e aos meios digitais, assim como a aprovação da base
nacional comum curricular (BNCC). No entanto, tais conquistas não se refletiram de
maneira imediata, e por vivermos em uma sociedade imediatista, onde o interesse
escolar vem se deteriorando, se faz hoje necessário um corpo pedagógico adequado
e preparado a estas mudanças e principalmente comprometido com essa necessidade
de resgate metodológico da educação. Este trabalho tem como principal finalidade
destacar a relevância da ilustração, principalmente nos anos iniciais. É durante este
período que as crianças estão aprendendo a se comunicar e concomitantemente a se
relacionar com o mundo a sua volta. Através dos estímulos adequados é possível
através da ilustração estimular o pensamento crítico, representar conceitos abstratos
de maneira visual e simultaneamente despertar a motivação para aprender, uma vez
que as imagens tendem a tornar livros e revistas mais divertidos e atraentes,
principalmente para esta faixa etária. Para tal foi realizado a discussão de textos
relacionados a temática, através da pesquisa bibliográfica, utilizando como referência
alguns autores como Amarilha (1997), Costa (2009), dentre outros, nos quais
corroboraram com as ideias aqui apresentadas.

Palavras-chave: Ilustração. Educação Infantil. Artes Visuais

Introdução

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O Dicionário Aurélio define ilustração como “imagem ou figura de qualquer
natureza com que se orna ou elucida o texto de livros, folhetos e periódicos”. (FERREIRA,
2010:1124), o que indica certa incompletude, porque textualmente falando, as ilustrações
desenvolvem a capacidade imaginativa de crianças, jovens e adultos. “O exercício de
ilustrar textos diversos evidencia, pois, como já foi dito, que se trata sempre de uma forma
de leitura”. (WALTY; FONSECA; CURY, 2001:67). De acordo com os Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCNs):
O conhecimento da arte abre perspectivas para que o aluno tenha uma
compreensão do mundo na qual a dimensão poética esteja presente: a arte
ensina que é possível transformar continuamente a existência, que é preciso
mudar referências a cada momento, ser flexível. Isso quer dizer que criar e
conhecer são indissociáveis e a flexibilidade é condição fundamental para
aprender. (BRASIL, 1997, p. 21).

Quando se fala em ilustração, podemos ter uma certa noção da sua relevância, pois
desde os primórdios, nós, a civilização humana, sentimos a necessidade de nos expressar.
Tal necessidade foi evidenciada de várias formas, pois ao que tudo sugere a linguagem não
verbal foi a precursora da comunicação humana. Muito do que temos de informação hoje,
principalmente no que se refere ao período pré-histórico, advém das pinturas rupestres
deixadas em cavernas. Tais pinturas eram utilizadas para registrar e transmitir informações
sobre a vida cotidiana destas sociedades, além obviamente de celebrar eventos
importantes, sendo para período talvez o meio de comunicação mais relevante, tendo a
linguagem escrita surgido muitos tempos depois, baseado nos fatos estudados, pelos
sumérios, ao qual chamavam de escrita cuneiforme.
Desde o surgimento da escrita, esse processo obviamente passou por inúmeras
transformações ao longo do tempo. Se utilizarmos como parâmetro a história recente,
notamos que já na idade média, após a reforma protestante, o alemão Johannes
Gutenberg (1398-1468) desenvolveu a primeira máquina de impressão feita com tipos
móveis por volta de 1439, permitindo, portanto, uma maior popularidade da linguagem
escrita, linguagem esta, até então restrita a livros religiosos e a uma quantidade seleta de
pessoas. Já na idade moderna ocorreram alguns avanços, com ideias inerentes a
universalização da educação se tornando bastante consiste no período pós-moderno.
Atualmente, principalmente após os anos 2000, com o advento da internet, criou-
se um mundo de possibilidades que até então era impensável. Para os mais céticos e

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tradicionais, tais alterações são considerados um problema, já para outros, existe a crença
de que, se devidamente aproveitado, tais mudanças podem contribuir de maneira positiva
e trazer inúmeros benefícios para a educação em geral e em especial para a infantil. É
inegável que a tecnologia permitiu a universalização do conhecimento. Hoje somos
expostos diariamente a uma quantidade imensurável de informação. Podemos apenas
através de um celular, por exemplo, acompanhar informações em tempo real, assim como
termos acesso a uma quantidade enorme de livros, que por serem digitais são chamados
de ebooks. Diante disto, fica evidente que não só se pode aproveitar os meios físicos como
os livros para estimular o desenvolvimento, mas também é necessário utilizarmos os meios
digitais, pois se trata de uma evolução que notadamente veio e irá permanecer na
sociedade humana por um longo período.
Quando se diz respeito as rotinas em sala de aula percebemos que a ilustração está
presente em muitos cenários, principalmente na educação infantil. Podemos destacar
como exemplo os livros didáticos utilizados pelas crianças, principalmente nos contos de
histórias infantis. É também utilizado nas metodologias de ensino de itens básicos e iniciais,
como alfabeto, vogais, números, entre outros. É neste período, neste contato inicial, que
as principais dúvidas e dificuldades surgem, sendo, portanto, a utilização de tais recursos
necessários para uma abordagem mais dinâmica, que possa propiciar aos alunos prazer na
busca do aprendizado. Nota-se também que é uma característica comum aos próprios
professores, realizarem a decoração das salas de aulas com desenhos, personagens, de
maneira bastante colorida e chamativa para que os alunos se sintam bem-vindos e tenham
maior interesse ao ambiente em que vão estudar ao decorrer do ano.
A ilustração ganha vida quando as crianças estão em sala, pois na educação infantil
é o momento em que o lúdico entra em ação. Neste período as letras viram histórias
através de desenhos coloridos em livros, onde os pequenos ficam paralisados por alguns
instantes, onde tentam compreender o texto quando viram as páginas, baseado no que
acontecem nas ilustrações. Sendo assim a ilustração neste período evidencia a sua
relevância, pois nessa faixa etária a criança geralmente ainda não sabe ler ou está no início
do processo de alfabetização, sendo uma ferramenta importante no desenvolvimento da
mesma, pois mesmo sem conhecer as letras, e as palavras conseguirá compreender o que
passa nos livros. Essa sensação de conhecimento, de predominância sobre o desconhecido

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permite que existam condições para o aprendizado. É muito comum se evitar aquilo que
não se compreende, ou que exista dificuldade para aprender e compreender, ou seja, este
é um impulso natural a qualquer ser humano. Quando aplicamos isso ao cotidiano escolar,
a ausência de meios que atenuem essas dificuldades pode tornar esse momento tão crucial
do processo de ensino infantil em algo que e não cause nenhum impacto positivo, que não
desperta o interesse, o que por sua fez contribui para o não desenvolvimento total da
criança, ou seja, desprovendo a mesma de usar todos os meios possíveis e a sua plena
capacidade na obtenção do aprendizado.
Vale ressaltar que se analisarmos de maneira retroativa, verifica-se que no passado
as leituras de histórias, basicamente, eram realizadas por uma única pessoa, e as demais
ouviam, desprovendo as crianças de terem esse contato visual tão necessário. Obviamente
tal comportamento refletia-se a realidade da época, ou seja, um período onde a internet
ainda era inacessível na maioria das cidades brasileiras, assim como também a quantidade
de livros disponíveis nas bibliotecas era em número bastante reduzido, sendo, portanto,
este sendo considerado um “privilégio” disponível apenas as classes com melhores
condições. Também era comum a ausência de ilustrações nos livros, ou quando existiam,
com uma quantidade bastante pequena das mesmas. Se pensarmos no mundo
contemporâneo e em todas as mudanças que ocorreram ao longo dos anos, é inviável
pensarmos em livros na literatura infantil sem a existência de ilustrações (AMARILHA,
1997). Tal comportamento advém principalmente porque devido ao grande volume de
informações que a criança já recebe, associada muitas das vezes a falta de estímulo, cria-se
uma concorrência desleal, por assim dizer, onde livros que não possuem um diferencial
dificilmente poderão causar algum impacto ou despertar o interesse da criança. Desta
maneira, a inexistência desse interesse, associada a um ambiente escolar não amigável e a
metodologias não inclusivas e propensas ao lúdico, poderá criar um ambiente
extremamente “adverso” a estas crianças.
Sendo assim, o tema escolhido e desenvolvido neste trabalho foi “A importância da
ilustração na educação infantil”, justamente por, como já detalhado acima, ser necessário
na atualidade, termos essa reflexão acerca de como podemos melhorar e contribuir de
maneira significativa e positiva no aprendizado, no pensamento crítico e principalmente na
estimulação da criatividade dos discentes. Como já descrito, a elaboração desse

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documento, teve como base metodológica a pesquisa bibliográfica, ou seja, o tema deste
trabalho e o desenvolvimento tem como referência ideias já apresentas por outros autores,
que também acreditam e debateram estes conceitos. De forma geral, esse tema visa
mostrar a relevância da ilustração, se preocupando sempre com o público principal dessa
faixa etária de crianças, crianças estas ainda totalmente dependentes de um aprendizado
lúdico, do desenho, que poderá estar adicionando novos conhecimentos através desta
técnica diferenciada, voltada para ensinar, educar, e a formar as crianças em grandes
leitores de imagens, para no futuro poder desenvolver a percepção visual, a criatividade e
a melhorar suas habilidades cognitivas. Vale salientar que a mesma é primordial na
formação desses leitores, pois além de melhorar a capacidade analítica, poderá também
auxiliar na concentração, na criatividade, e por fim maximizar o interesse no conteúdo
estudado pela criança, abrindo um novo, de vastas possibilidades.

2. Metodologia
Na realização deste artigo foi utilizado como proposta metodológica a pesquisa
bibliográfica, que possibilita buscar informações e comprovações do assunto abordado. A
pesquisa bibliográfica foi desenvolvida a partir de material já elaborado, formado
principalmente por livros, sites e artigos científicos, tendo como prioridade o período de
1993 á 2019. Utilizou-se como parâmetros bases de dados Google acadêmico livros e
documentos oficiais tornando os fundamentos desse trabalho sólido. Nas buscas da
pesquisa foram utilizadas as seguintes palavras chaves: artes, educação infantil,
aprendizagem, desenvolvimento e projetos digitais.

3. Revisão bibliográfica/ Estado da arte


No desenvolvimento deste trabalho como já mencionado, foi citado e utilizado a
metodologia de pesquisa baseada em artigos já existentes sobre o tema estudado. Dentre
os autores que foram a fonte de referência e contribuição foi utilizado: A importância das
ilustrações na literatura infantil e a necessidade de formação de leitores de imagens de
Myllena Rodrigues Nunes Priscila Silva Gomes da Universidade Federal de Campina Grande.
Também foi utilizado o artigo A importância do trabalho educativo com ilustrações de

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livros de literatura infantil. Fabiano José Colombo FFC - Faculdade de Filosofia e Ciências –
UNESP - Marília-SP.

3-1 – Arte digital


No mundo contemporâneo, logo nos primeiros meses se observa que geralmente
os pais como uma forma de entretenimento apresenta ferramentas tecnológicas, como
tvs, tabletes e celulares aos seus filhos. Desta forma, desde o início da vida já existe esta
conexão entre humanos e maquinas. Com o passar do tempo, à medida que essas crianças
vão crescendo, essa interação se não gerenciada de maneira adequada pode vir a se tornar
uma certa dependência, na qual em certas circunstâncias pode até mesmo ser prejudicial
pedagogicamente falando. Temos como exemplo, os conteúdos que o yotube
proporciona, que mesmo bastante vasto, e com o poder de atrair a atenção, pode, no
entanto, nem sempre entregar algum benefício pedagógico ou de qualidade, justamente
por não possuir uma moderação adequada. Esta exposição excessiva pode se tornar um
problema na medida em que este meio seja o único na construção dos costumes sociais e
pedagógicos da criança. Ouve-se muito dizer que hoje as crianças dessa geração têm
inteligência superior as do passado, justamente porque tem se tornado costume classificar
como “inteligência” a facilidade que elas possuem em manusear objetos tecnológicos. A
BBC News Brasil publicou uma matéria explicando um novo fenômeno, em que a geração
atual está demonstrando um QI (Quociente de inteligência) mais baixo do que em gerações
anteriores, ou seja, tem se registrados filhos com QI inferior aos pais, sendo um fenômeno
registrado em diversos países ao redor do mundo. Segundo a reportagem isso tem relação
direta com a quantidade de tempo exposto a telas.
Portando, é inegável, que mesmo diante de meios modernos e em
abundância, meios estes que podem propiciar o conhecimento, isto não está sendo
realizado, ou caso esteja, não da maneira adequada. Tem se notado, por exemplo, queda
expressiva nos resultados obtidos em áreas de ciências exatas na educação brasileira,
como tem demonstrado alguns métodos avaliativos como ENEM e prova Brasil. Desta
forma, é preciso termos como essencial na educação infantil o incentivo à leitura, sendo
esta uma habilidade que irá promover inúmeras outras. Diante do exposto acima, como
poderíamos, por exemplo, permitir a introdução de crianças desta geração totalmente

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integrada ao mundo digital, mas nem sempre aos meios físicos? A resposta parece um
pouco óbvia, ou seja, a melhor maneira seria justamente utilizar as ferramentas já
existentes que elas já estão habituadas, ou seja, utilizar estes meios para propiciar este
processo de “iniciação”. Dentre as inúmeras ferramentas existentes, uma que se destaca
é o projeto “Leia com uma criança” do banco brasileiro, Itaú. Tal projeto visa contribuir
com a melhoria da educação brasileira promovendo a leitura, seja ela no ambiente escolar,
seja nas casas junto as famílias. A página inicial do projeto pode ser acessada em
https://www.euleioparaumacrianca.com.br/leia-para-uma-crianca. Ao acessar está
endereço será exibido uma página como na imagem abaixo:

Figura 1 - Página inicial do projeto

Fonte: https://www.euleioparaumacrianca.com.br/leia-para-uma-crianca

Clicando em “Estante digital”, o usuário será redirecionado para um catálogo contendo


inúmeras histórias infantis. Vale ressaltar que essas histórias são ricamente ilustradas,
possuem animações e sons, uma combinação que propicia uma experiência impar e que
sem dúvida poderá ser um dos meios utilizados para buscar a atenção do público infantil
nesse tipo de material. Vale ressaltar que o catálogo é variado, possuindo desde histórias
complemente desconhecidas pela maioria das crianças a histórias tradicionais e bastante
arraigada na cultura popular, como “Chapeuzinho vermelho” do escritor francês Charles
Perrault.

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Figura 2- Lista de seleção de livros do projeto

Fonte: https://www.euleioparaumacrianca.com.br/leia-para-uma-
crianca/estantedigital/

Figura 3 - Livro digital "As bonecas da vó maria"

Fonte : https://www.euleioparaumacrianca.com.br/historias/as-bonecas-da-vo-maria/

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Figura 4- Livro digital Chapeuzinho vermelho

Fonte : https://www.euleioparaumacrianca.com.br/historias/chapeuzinho-vermelho

Desta forma, é possível permitirmos não só as crianças, mas também aos professores
brasileiros a oportunidade de valer-se de um material rico em todos os sentidos: Gráfico,
verbal e sonoro, propiciando assim um ponto de partida para que também seja inserido
no contexto dos alunos matérias diversos inerentes a ilustrações.

3.2 – Benefícios da Arte

A exposição precoce aos livros poderá trazer inúmeros benefícios as crianças ,


dentre os quais temos:
 Melhora do raciocínio logico e crítico;
 Criatividade;
 Desenvolvimento da imaginação;
 Compreensão de conceitos abstratos;
 Desenvolvimento de habilidades artísticas;
 Desenvolvimento cognitivo;
 Melhora no desempenho escolar.

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Mas como isso acontece? De que maneira? Basicamente, quando permitimos e
incentivamos esse contato, tais benefícios podem se apresentar de inúmeras formas. Por
exemplo, dentro do contexto de uma história temos início, meio, fim, um enredo,
personagens que podem ser protagonistas, antagonistas, que podem fazer coisas boas e
também ruins. Desta forma, a ilustração existente pode estimular a imaginação da criança,
ou seja, baseado no que ela vê, ela pode deduzir o contexto da história, mesmo que não
esteja em concordância com o livro, afinal isso propicia que ela pense por si só, que imagine
como almejar o que aquele “desenho” representa, portanto, ela pode criar um significado
individual. Isso permite que a criança pense além daquilo que foi exposto, ou daquilo que
está sendo falado, rompendo o "é", pelo "o que poderá ser?". Outro benefício é a
possibilidade do desenvolvimento de habilidades com predominância na vida diária, como
a capacidade de observação, ou seja, ela pode identificar detalhes, pequenas diferenças,
assim como alguns elementos centrais, como os personagens principais, objetos e outros
elementos e eventos que se fizerem presentes na ilustração. A assimilação e o
desenvolvimento desta habilidade irão permitir a mesma a capacidade de no futuro
perceber diferenças sutis, de organizar ideias baseadas em fundamentos.
Outro ponto importante é a capacidade que as imagens têm de transmitir de
maneira mais adequada e compreensível, conceitos abstratos, conceitos estes que bem
sabemos, tem certa singularidade, que propicia determinado grau de dificuldade de
absorção, principalmente nos anos inicias. Costa (2006) enfatiza que as particularidades
do mundo artístico, principalmente as ilustrações, devem ser exploradas de maneira
incisiva e precoce, pois os benefícios advindos são inúmeros, principalmente nos aspectos
cognitivos.
Vivemos em um mundo de imagens, informações, estímulos visuais e midiáticos.
Nos diversos contextos, essas imagens comunicam e informam algo. Na instituição
escola, a Arte Visual perpassa um desenho, uma pintura, uma modelagem, uma
fotografia, entre outras diversas formas de expressão e comunicação e recursos para
essa exploração, como suporte, materiais, etc. As Artes Visuais estão presentes
diariamente na vida das crianças, como expressão e comunicação. Quando as crianças
desenham, modelam, recortam e colam, com vários materiais, são formas de se
expressar, comunicar e dar sentido a sensações, sentimentos, pensamentos e realidade
(MARANHÃO, 2016, p. 46).

Nesse aspecto as ilustrações podem ser uma grande aliada no ensino e na


assimilação de conteúdo. Pode ser utilizada, por exemplo, no ensino de outro idioma, onde
a criança tende a associar a imagem ilustrada a nova palavra que irá aprender, auxiliando

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assim no processo de memorização, de forma tal que o processo em si se torna mais
prazeroso e menos oneroso.

Figura 5- Exemplo de dicionário ilustrado

Fonte: Maya Hanisch

Para estimular o interesse pode-se também utilizar mídias que as crianças já


estão habituadas no seu dia a dia, ou seja, já foi mencionado a possibilidade de uso das
mídias digitais. Um segundo passo nessa transição para meios físicos, seria a utilização
de livros associados a personagens, canais ou qualquer vídeo de desenhos animados
existem em portais de grande alcance. O contato com estes materiais que já fazem
parte do cotidiano e amplamente popularizados permitem a migração da geração
digital para o conceito físico. Mas, por que é relevante essa transição? Justamente
devido à facilidade em estar com o livro, e da não possibilidade de distração ou perca
de foco, que os meios digitais promovem com tanta facilidade. A figura 2, 3 e 4 ilustram
alguns desses livros:

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Figura 2 - O sitio do seu Lobato

Fonte: Ciranda Cultura

Figura 3 - Turma da Mônica

Fonte: Buobooks

Desta forma pode-se notar que mesmo sendo uma tarefa árdua, introduzir a
ilustração na educação infantil, trará benefícios inúmeros e o mais interessante é que
quando permitimos a uma criança a possibilidade de conhecer este vasto mundo,
estamos dando a ela a ferramenta necessária para superar inúmeros empecilhos, seja
nos anos escolares iniciais, seja na vida adulta. Abordando de forma mais detalhada irei
exemplificar alguns dos conceitos descritos acima.

3.2 – Dificuldades na atualidade


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Na sociedade contemporânea existe a cultura do “agora”, ou seja, tudo deve
estar pronto, tudo deve ser de maneira imediata, não se tem tempo para nada. Esta
facilidade, no entanto, tem um custo, pois ao consumirmos conteúdo em uma
quantidade exagerada e imediatista, geralmente se o faz para satisfação pessoal, com
a necessidade de passar o tempo, por exemplo. Não se aprende muito, não se raciocina
muito e geralmente não se tem contato com a palavra escrita. Isso fica evidente quando
percebemos a quantidade de crianças e jovens com dificuldade em se expressar através
da escrita. Assim sendo, a ilustração atua como incentivadora nesse contato entre
criança e livro. Ela tem inúmeras finalidades e uma delas que talvez seja a mais
importante, é a tarefa de chamar a atenção. Santos aponta a importância da literatura
infantil ao dizer que “o livro é o reflexo do momento histórico, social, político e
econômico da sociedade na qual está inserido. Ele reflete os questionamentos
humanos de sua época e por isso é um meio de transmissão de valores entre povos(...)
a literatura infantil carrega até hoje seu caráter pedagógico, seja na introdução das
letras, seja na transmissão cultural. (SANTOS, 2017, p. 12).
Desta forma podemos notar o quão é imprescindível este contato com a
literatura e simultaneamente as ilustrações, pois como já mencionado as mesmas são
o ponto de entrada, a precursora para os demais benefícios que virão advindos dos
livros. O pensador canadense Perry Nodelman deixa bem claro essa perspectiva ao
dizer:
Quaisquer que sejam as razões para sua invenção e independentemente das
racionalizações que possamos imaginar para eles, os livros ilustrados não precisam de
outra justificativa: são modos de contar histórias interessantes e bem-sucedidos – eles
podem e dão prazer a quem os vê e quem os lê, sejam adultos ou crianças.
(NODELMAN, 2019)

Portanto, se faz urgente que exista incentivo a esta abordagem metodológica e


principalmente conscientização por parte dos educadores e novos formandos. Somente
com um esforço coletivo, as dificuldades existentes serão superadas. Para as crianças
terem acesso a este material inicialmente é preciso que alguém lhes apresente este mundo.
Muito raramente isto irá ocorrer no ambiente familiar, justamente por, como já destacado,
vivermos em uma sociedade muito dinâmica, onde geralmente se faz aquilo que é mais
fácil, mais conveniente e que não será custoso tanto no sentido de tempo quanto do
esforço físico e intelectual necessário. Desta forma, para estes indivíduos só resta o
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ambiente educacional, ou seja, somente nas escolas isso poderá ocorrer. Caso não ocorra,
os prejuízos serão imensos, pois desta forma não estaremos permitindo que estas pessoas
explorem seu potencial e desenvolvam habilidades, muitas das vezes, únicas. Quando
adultas isso certamente lhe acarretara perdas.

4. Considerações finais
Sabe-se e disso não se tem dúvida que através da ilustração, uma criança é capaz
de “ler” intuitivamente bem antes de ser alfabetizada. A escola alfabetiza para a leitura
das palavras, raramente para a leitura das imagens. Ela como já mencionado, deveria
também promover uma “alfabetização estética”, ensinando a criança a conviver com
as artes desde cedo e a entender seus subentendidos. Na literatura infantil, as palavras
dialogam com as imagens, completando-se mutuamente. Conhecer nossos ilustradores
e também um pouco da sua linguagem e das técnicas que usam é fundamental para
que os professores e promotores de leitura possam transmitir esse conhecimento aos
jovens leitores. É esse o objetivo de ler imagens.
Ensinar é algo muito importante quando usamos ilustrações no momento
adequado. Desta forma conseguimos cativar a atenção do público infantil para o que
desejamos e fixar o conteúdo estudado com mais facilidade. Por exemplo a ilustração
é utilizada também na psicologia com crianças e também adultos assim também como
na arte terapia onde é trabalhado a arte de ilustrar ou pintar ou desenhar e vice e versa
junto a terapia ocupacional. Esse tipo de trabalho terapêutico nos faz pensar sobre o
quanto é importante a ilustração no ensino e em várias partes da vida humana.
Existe uma relação entre os dois mundos: o interno e o externo, tanto na criança,
como nos adultos, sendo que podemos perceber o quanto o mundo inconsciente e o
consciente afetam um ao outro, e esta relação poderá ser expressa por meio dos
desenhos. Isso porque a linha que separa o consciente do inconsciente é muito tênue.
(RABELLO, 2014, p.30).
As etapas concluo explanando que para a realização deste trabalho foi
certamente um processo árduo. Existe uma diferença exponencial entre ler algo,
concordar com ideias de determinados autores e então a partir disto você mesmo criar
algo, ou seja, contribuir de maneira escrita com aquilo que se pensa sobre determinado

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assunto. No entanto ao longo desse projeto, com o intuito de se responder as
perguntas ao qual foram propostas, pude sem dúvidas adicionar uma quantidade muito
relevante de novos conhecimentos que me acompanharão pelo resto da vida.
Desta forma ao concluir este artigo posso afirmar sem dúvida alguma, que
existem sim, mesmo em um mundo digital, a possibilidade de se ensinar e buscar o
interesse dos alunos, bastando para isso força de vontade, ou seja, ter a consciência de
que mudanças são necessárias na forma como o ensino é transmitido, assim como
muita dedicação em colocar tal conhecimento em prática.

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Referências
AMARILHA, Marly. Imagens sim, palavras não. In: ______. Estão mortas as fadas?
Literatura infantil e prática pedagógica. Petrópolis-RJ: Vozes, 1997. p. 39-44.

COSTA, Maria Cristina Castilho. A leitura das imagens. In: ZIBERMAN, Regina; RÖSING,
Tania M. K. (Org.).

LIMA, Graça. Escola e leitura: velha crise, novas alternativas. São Paulo: Global, 2009. p.
81-98. (Coleção leitura e formação)

Lendo Imagens. In: INSTITUTO C&A; FUNDAÇÃO NACIONAL DO LIVRO INFANTIL E


JUVENIL. Nos caminhos da literatura. São Paulo: Petrópolis, 2008. p. 36-43.

LEI DE DIRETRIZES E BASES PARA A EDUCAÇÃO BRASILEIRA. Disponível em: www.planetaeducacao.


com.br/novo/legislacao/ Acesso em: 26 abr. 2017.

MARANHÃO, Dominique Cristina Souza de Sena. Os saberes das artes visuais na


educação infantil: o olhar de uma professora numa Escola Pública Municipal de
Revista Ibero- Americana de Humanidades, Ciências e Educação- REASE
Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação. São Paulo, v.8.n.02.fev.
2022.

VELASCO, Irene Hernández. 'Geração digital': por que, pela 1ª vez, filhos têm QI inferior
ao dos pais. BBC News Brasil, 30 out. 2020. Disponível em:
https://www.bbc.com/portuguese/geral-54736513. Acesso em: 15 fev. 2023.

MORAES, Odilon. Perry Nodelman e Odilon Moraes:


uma conversa sobre o livro ilustrado. Lugar de ler. Disponível em:
https://www.lugardeler.com/perry-nodelman.

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