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RESUMO
Os homens primitivos expressavam suas ideias e sentimentos por meio das pinturas e
imagens feitas nas paredes das cavernas. Hoje, vivemos em uma “civilização da imagem”
,isto é, formas simbólicas de quem as produziu e de quem as recebe. Na sociedade
capitalista constituem em importante veículo de poder e persuasão de opiniões, no
sentido da formação de consumidores. Assim, tornou-se fundamental uma construção da
alfabetização, com uma linguagem através de gestos, símbolos, falas, imagens e escrita,
desvendando o universo visual de seu cotidiano, o aluno vai conhecer melhor a si mesmo
e sua cultura.
Palavras-chave: Imagens, Alfabetização, Sociabilidade.
ABSTRACT
The primitive men expressed their ideas and feelings through the paintings and images
made in the walls of the caves. Today we live in a "civilization of the image", that is,
symbolic forms of who produced them and of those who receive them. In capitalist society
they constitute an important vehicle of power and persuasion of opinions, towards the
formation of consumers. Thus, a construction of literacy has become fundamental, with a
language through gestures, symbols, speech, images and writing, unveiling the visual
universe of its daily life, the student will know better himself and his culture.
Keywords: Images, Literacy, Sociability.
INTRODUÇÃO
1
Professor IES-UNAR-Centro Universitário de Araras Dr. Edmundo Ulson. Coordenador dos cursos de graduação:
Filosofia, Sociologia e Teologia e das Pós Graduação.
Recebido em: 30/01/2017 Aceito para publicação em: 14/04/2017
Bazon (2017)
Como método de alfabetização, utilizou-se por muito tempo o ensino por meio de
cartilhas. Essa prática buscava apenas a escrita como única forma de comunicação
existente.
Apesar de várias mudanças ocorridas devidas as interferências recentes no
processo de alfabetização, ainda assim: Cagliari (1998, p. 31) “(...) a prática escolar mais
comum em nossas escolas ainda se apoia na cartilha tradicional (a cada ano com nova
roupa e maquiagem)”.
No livro Alfabetizando sem ba-bé-bi-bo-bu, o autor Cagliari condena esse tipo de
alfabetizar e considera que as crianças já podem ler textos já no inicio da alfabetização,
passando a produzir textos escritos a partir de textos orais, mesmo sem saber bem a
grafia das palavras.
O processo de alfabetização incluiu muitos fatores, assim sendo, o professor deve
se inteirar como se dá o processo de aquisição de conhecimentos, os termos de
desenvolvimento emocional, o processo de interação social, e também a natureza da
realidade linguística envolvida no momento em que está acontecendo à alfabetização.
Um dos objetivos principais e mais importantes da alfabetização é ensinar a
escrever. A escrita é uma atividade nova para a criança, e por isso mesmo requer um
tratamento especial na alfabetização
O que se via nas cartilhas era um método que não explicava as crianças que temos
várias formas de representação gráfica. Cagliari (2001, p. 97) “a escola ensina a escrever
sem ensinar o que é escrever”.
Em muitas escolas, algumas atividades representam um puro exercício de
escrever. O que se percebe é que na alfabetização isso pode trazer problemas sérios
para certos alunos.
Pessoas que tem acessos diferentes a leitura e a escrita veem com função
diferente o ato de escrever: Cagliari (2001, p. 10) “Antes de ensinar a escrever, é preciso
saber o que os alunos esperam da escrita, qual julgam ser sua utilidade e a partir daí,
programar as atividades adequadamente”.
Nas escolas é comum que não se permita que a criança faça o aprendizado da
escrita como foi feito o da fala. As crianças são de todos os grupos populacionais as mais
facilmente alfabetizáveis. Ferreiro (2003, p. 17) “Elas tem mais tempo disponível para
dedicar a alfabetização do que qualquer outro grupo de idade e estão em processo
continuo de aprendizagem”. E foram os adultos que dificultaram o processo de
alfabetização delas.
Emília Ferreiro, buscando os objetivos da alfabetização percebe que um dos
objetivos ausente dos programas de alfabetização de crianças e o de compreender as
funções da língua escrita na sociedade. Essas informações são transmitidas através de
atividades cotidianas.
Crianças que vivem em famílias alfabetizadas e que o ato de ler e escrever são
atividades cotidianas, recebem estas informações, pois é através da participação em atos
sociais que a língua escrita cumpre funções precisas.
No livro Com todas as letras, Emília Ferreiro, coloca além de todos já enunciados,
alguns outros objetivos da alfabetização e algumas propostas fundamentais sobre o
processo de alfabetização, que são:
Restituir a língua escrita seu caráter de objeto social;
Desde o inicio (inclusive na pré-escola) se aceita que todos na escola podem produzir e
interpretar escritas, cada qual em seu nível;
Permite-se e estimula-se que as crianças tinham interação com a língua escrita, nos
mais variados contextos;
Permite-se o acesso o quanto antes possível à escrita do nome próprio;
Não se supervaloriza a criança supondo que de imediato compreenderá a relação entre
a escrita e a linguagem. Tampouco se subvaloriza a criança, supondo que nada sabe até
que o professor lhe ensine;
Não se pede de imediata correção gráfica nem correção ortográfica.
Na atualidade a preocupação com a alfabetização é grande. Hoje já existe um
sólido pensamento teórico, ao qual estão contribuindo linguistas, historiadores,
antropólogos, psicólogos e educadores, em uma visão multidisciplinar.
Com esta nova visão, não se permite retornar a uma visão supersimplificadora e
profundamente equivocada sobre o processo de alfabetização.
Cabe à escola considerar a importância e a necessidade de fundamentar sua
prática em uma nova concepção, levando em consideração primeiro o aluno, procurando
métodos capazes de alfabetizar e de conscientizar, pois tão preocupante quanto à
repetência, a evasão escolar e o analfabetismo são o fato preocupante do analfabeto
funcional.
Dentro das várias experiências de linguagem oral, que são adquiridas pelas
crianças no grupo social as que pertencem é que elas absorvem uma série de
conhecimentos linguísticos. Já aos sete anos de idade, as crianças já são falantes
fluentes de sua língua.
Cagliari coloca que existe o certo, o errado e o diferente, mas muitos educadores
esquecem-se da realidade do aluno, e que a criança quando entra na escola já traz
consigo a variação linguística usada nos processos dos quais muitas até o momento. E
muitas vezes desvalorizam a fala do aluno.
A maneira como se fala, como se deixa falar, sobretudo com se pergunta e como
são aceitas as respostas muitas vezes é usada não para avaliar o desenvolvimento
intelectual de um aluno, mas como um subterfúgio para lhe dizer que é brusco, incapaz ou
excelente. (CAGLIARI, 2001, p. 25).
O estudo da língua portuguesa é pertinente e está em evidencia, já que quando há
problemas de aprendizagem, em sua maioria se refere à leitura e a escrita.
Quando um aluno escreve errado, muitas vezes se pensa que é deficiente, ou tem
problemas de discriminação, de lateralidade, etc.
Mas esse pensamento é errôneo visto que em muitos casos o problema é devido
ao modo que lhe ensinaram e de suas experiências como usuário do sistema de escrita.
Quando a crianças escreve “disi”, por exemplo, ela escreve algo possível para o
sistema de escrita do português, só que não escreve na forma ortográfica, assim cita
Cagliari (2001, p. 33) “Há tantas coisas a respeito de escrita e leitura, e de dificuldades
tão variadas, que se torna conveniente o seu ensino ao longo de todos os anos de
estudo”.
O uso correto da linguagem é a condição essencial para que o aluno possa
prosseguir durante as séries seguintes, pois se não, as dificuldades de interpretação e
compreensão de textos surgirão devido à falta de contato com estes.
Segundo Vigotsky o que é necessário para o ensino da linguagem escrita no
processo de alfabetização é que haja (1998, p. 139) “(...) um procedimento cientifico
efetivo para o ensino de linguagem escrita as crianças”. E isso se faz necessário já que:
“diferentemente do ensino da linguagem falada, no qual a criança pode se desenvolver
por si mesmo, o ensino da linguagem escrita depende de um treinamento artificial” (op,
cit.p. 139).
Se quiséssemos resumir todas essas implicações poderíamos se utilizar das
palavras de Vigotsky e dizer que: (1998, p. 157) “O que se deve fazer é ensinar as
crianças a linguagem escrita, e não apenas a escrita de letras”.
Assim sendo, a prática pedagógica adequada deve partir do conhecimento prévio
do que será ensinado e o uso e aplicação da sua capacidade de uso da linguagem.
Na atualidade o que se pode constatar é que priorizamos na alfabetização o ato
de ler e escrever. Muitos até acreditam que a única forma de se comunicar uma ideia é
através da escrita ou fala. Mas bem diferente disto que vemos é que podemos representar
a mesma mensagem por meio de diferentes códigos como, por exemplo: a palavra
escrita, a fotografia, os sinais com as mãos e com bandeiras, etc.
Um símbolo é empregado para representar uma coisa, uma ideia e muitos são
conhecidos até mundialmente.
Ao analisar o contexto histórico da escrita e da alfabetização pode-se perceber
que esta não pode se restringir a apenas ler e escrever. Por muito tempo se acreditou que
um aluno inteligente era aquele que se sobressaia com as habilidades linguística e lógico-
matemática.
Mas estudos mostram que a inteligência não se restringe a somente isto. Um
estudioso chamado Howard Gardner (1985), muito influenciado por Piaget, nos traz a
teoria das inteligências múltiplas.
Gardner identificou as inteligências linguística, lógico-matemática, espacial,
musical, sinestésica, interpessoal e intrapessoal. Segundo ele, os seres humanos
dispõem de graus variados de cada uma das inteligências e maneiras diferentes com que
elas se combinam e organizam e se utilizam dessas capacidades intelectuais para
resolver problemas e criar produtos. Gardner ressalta que, embora estas inteligências
sejam, até certo ponto, independentes uma das outras, elas raramente funcionam
isoladamente.
Para ele, como já foi dito, há múltiplas inteligências. Maria Clara S. Salgado Gama
em seu texto: “A Teoria das Inteligências Múltiplas e suas implicações para Educação”
identifica quais são essas múltiplas inteligências que Gardner apresenta. São elas:
Inteligência lingüística - Os componentes centrais da inteligência linguística são
uma sensibilidade para os sons, ritmos e significados das palavras, além de uma especial
percepção das diferentes funções da linguagem. É a habilidade para usar a linguagem
para convencer, agradar, estimular ou transmitir ideias.
Inteligência musical - Esta inteligência se manifesta através de uma habilidade para
apreciar, compor ou reproduzir uma peça musical. Inclui discriminação de sons,
habilidade para perceber temas musicais, sensibilidade para ritmos, texturas e timbre, e
habilidade para produzir e/ou reproduzir música.
Inteligência lógico-matemática - Os componentes centrais desta inteligência são
descritos por Gardner como uma sensibilidade para padrões, ordem e sistematização. É a
habilidade para explorar relações, categorias e padrões, através da manipulação de
O ser humano vem tentando desenvolver cada vez mais estas inteligências e uma
delas vem se mostrando, muito necessária é a inteligência espacial; já que hoje em dia há
muitos meios que favorecem e auxiliam na função de se comunicar como: por gestos,
palavras, olhares, sinais sons pinturas, teatro, livros e muitas descobertas tecnológicas. O
visual é utilizado de forma jamais vista com o uso de tantas tecnologias O importante é
que as novas tecnologias não fizeram desaparecer aquele primeiro gesto de desenhar do
homem das cavernas. Para se adaptar a nova realidade é necessário que se desenvolva
a inteligência espacial através de uma alfabetização voltada para o uso das imagens, ou
seja, uma “alfabetização visual” já que alfabetizar não se restringe mais as habilidades
somente de ler e escrever.
E ainda entende que: Cagliari (1990, p. 104) “qualquer desenho ou fotografia pode
ser decifrado, comentado linguisticamente um sistema de escrita, sem que ocorra uma
leitura propriamente dita”.
Nos Parâmetros Curriculares Nacionais, volume 6, que se dedica às artes, se tem a
preocupação com a utilização da visualidade como método de desenvolvimento da
sensibilidade, conhecimento e produção artística pessoal e grupal.
Segundo Dias para fazermos a leitura das imagens, passamos por três níveis de
atenção: instintivo, descritivo e simbólico.
NÍVEL INSTINTIVO: Ocorre logo que a imagem aparece. Os elementos que
intervêm neste nível são aqueles ligados aos mecanismos da percepção, são elementos
emotivos tais como cores( quentes e frias), as formas ( altitude, latitude, altivez, etc), as
expressões, as evocações imediatas. Os olhos correm pela imagem e se prendem aos
pontos focais. É a primeira impressão que nossos olhos conseguem captar e nosso
cérebro a decifra.
NÍVEL DESCRITIVO: Depois de uma olhada que visualmente vislumbra toda a
imagem, nosso olhar começa a se prender nos elementos que compõem a imagem.
Nesse nível, começamos a observar as linhas que dão a noção de perspectiva, os planos
que surgem (geral, médio, close), pelos campos, pelo volume dos objetos, luzes e
sombras que compõem o todo. Então nosso cérebro recebe um conjunto maior de
informações: a descrição dos objetos, do ambiente e a identificação do “sujeito” da
imagem. Já podemos dizer que existe certa interpretação da imagem.
NÍVEL SIMBÓLICO: Da leitura feita nos níveis anteriores, nossa percepção sobre a
imagem termina por assumir uma dimensão simbólica, ou seja, nessa fase a leitura se
pauta pelos conhecimentos que temos sobre o assunto, sobre os objetos, o ambiente, etc.
Nessa fase estamos lidando num nível de racionalidade o qual permite a uma imagem ser
sempre polissêmica. Sua interpretação dependerá do arsenal de conhecimentos e
sensibilidade do observador.
sensibilizar-se com seus valores. Um dos responsáveis por esta educação da percepção
é a escola que, dentre outras funções, atua como transmissora das concepções sociais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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9.394/196, de 20 de dezembro de 1996.
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