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UNIVERSIDADE SÃO TOMÁS DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE DIREITO

Armélio Jeque
Dárcio Checo
Elisa Bucuane
Leonnie Tembe
Teddy Tchucana

Corrupção nas Organizções e seus Impactos Ético-sociais

Maputo, 2022
UNIVERSIDADE SÃO TOMÁS DE MOÇAMBIQUE
FACULDADE DE DIREITO

Armélio Jeque
Dárcio Checo
Elisa Bucuane
Leonnie Tembe
Teddy Tchucana

Trabalho de carácter avaliativo para a cadeira


de Etica Fundamental I lecionada por: msc.
Suzana

Maputo, 2022
Índice
Introdução....................................................................................................................................2
1. Aspectos Gerais........................................................................................................................3
1.2 Classificação da corrupção.....................................................................................................4
1.3 Causas de Corrupção nas Organizações.................................................................................5
Tipos ou Formas de Corrupção e seus Elementos.......................................................................6
1.4.1 De entre os vários tipos de corrupção, destacam-se os seguintes:......................................6
1.4.2 Elementos ou Agentes da Corrupção..................................................................................7
Conclusão.....................................................................................................................................9
Referências Bibliográficas.........................................................................................................10

2
Introdução
Segundo AVRITZER et al, (2008:1), desde a antiguidade, o pensamento de alguns
autores era que como a vida pública estava alinhada aos ciclos da natureza, a corrupção era
inerente em todos os processos. Embora, a ideia sobre inerência tenha mudado, esse assunto
continua altamente recorrente na sociedade moderna e é discutido no mundo inteiro, sendo a
corrupção, no nosso País, um assunto muito abordado e estudado no âmbito corporativo.

Com o presente trabalho, relativo à cadeira de Ética Fundamental I, pretende-se discutir a


corrupção e as suas consequências éticas e sociais dentro e fora das organizações. Para o efeito, o
trabalho encontra-se estruturado em três partes, nomeadamente: Introdução, Desenvolvimento e
Conclusão.

Na parte introdutória, expõe-se o propósito do trabalho de forma concisa e breve, visando a


contextualização do leitor acerca do mesmo. No desenvolvimento, apresentam-se os conteúdos
relativos às abordagens dos autores consultados e as suas principais ideias relativamente à
corrupção nas organizações. Por fim, tem-se a conclusão que resulta do entendimento obtido.

Importa realçar que, para a elaboração do presente trabalho, quanto à metodologia, recorreu-
se à consulta de artigos que versam sobre o tema em apreço, tendo como objectivos:

Geral:

 Compreender as diferentes razões que dão lugar à corrupção nas organizações;


Específico:

 Identificar as diferentes perspectivas dos autores relativamente à corrupção nas


organizações;
 Descrever as consequências ético-sociais da corrupção.

3
1. Aspectos Gerais
Etimologicamente a palavra corrupção vem do latim, corruptio ou corruptus, e referia-se
ao cerne deteriorado de um fruto e, por analogia, retrata a podridão moral em uma determinada
sociedade. O termo também pode ser originário da palavra rumpere, equivalente a romper ou
dividir, de onde deriva corrumpere, também com o sentido de deterioração ou depravação e
alteração. Essencialmente a mesma é definida como a utilização do poder ou autoridade para
conseguir obter vantagens e fazer uso do dinheiro público para o seu próprio interesse, de um
membro da família ou amigo.

Todavia, “a corrupção é um termo interpretativo, uma vez que depende das percepções de
cada indivíduo quanto a outros indivíduos bem como as instituições que o influenciam e/ou que
ele participa”1. Aquilo que o ser humano entende por corrupção, além de depender desses dois
factores já citados, é muito influenciado por diversos outros como idade, género e nível de
instrução.

As parcerias para propagar a imagem de um grupo ou empresa devem ser muito bem
reflectidas. Análogo a esse pensamento, ao se tratar de corporações internacionais, é importante
analisar a cultura do país hospedeiro e qual o possível reflexo dela na cultura organizacional.

Há, muitas vezes, uma generalização do perfil quanto a maneira de lidar com a resolução
de problemas. O perfil pessoal é reflectido no perfil organizacional. Muitos empresários dizem
que a corrupção é uma maneira de sobrevivência, promulgando a ideia de que o perfil
empresarial pode ser levado por uma necessidade de sobrevivência.

A cultura organizacional pode induzir práticas ilícitas nas corporações. Entretanto, a


conduta antiética é, sobretudo, influenciada pela percepção do indivíduo quanto a moral e regras
organizacionais. Na pesquisa realizada por Abramo, pouco mais de 30% dos entrevistados,
acredita que a corrupção é aceita de maneira tácita em seu sector, porém mais de 70% afirma ter
um código de ética no qual a corrupção é claramente proibida. Desta maneira, tal código, embora
altamente interpretativo, auxilia no combate à corrupção, através de códigos de conduta,
comunicação entre membros do meio corporativo de maneira frequente, recrutamento centrado
em seu código de ética e controle interno.

Entretanto, mesmo o código de ética estando presente nas organizações, é possível que

1
ABRAMO, (2004:2), “Corrupção Empresarial: Uma análise no âmbito privado”.

4
alguns membros não o sigam e, somado a outros factores, a corrupção continua recorrente.

1.2 Classificação da corrupção


Há diferentes maneiras de classificar a corrupção. Essencialmente, ela é transcrita como
“suborno, roubo, sonegação, tráfico de informações, pirataria, concorrência desleal, propina e
fraude”2. As próprias empresas podem perceber a corrupção através de licitações públicas,
pagamentos de impostos e taxas, licenças, eleições e até mesmo no comportamento.

O termo corrupção é abordado em diversas linhas de pesquisa tanto no meio corporativo


quanto no meio público, tendo até mesmo relação entre os meios em alguns casos. Isso acontece,
pois, a corrupção no meio privado é complexa e difícil de se categorizar visto que, muitas vezes,
o que algumas pessoas têm por corrupção para outras não o é e, outras vezes, o que é visto por
corrupção está atrelado ao público.

A corrupção é decifrada de diferentes maneiras dependendo das percepções de cada


indivíduo quanto a outros indivíduos, bem como as instituições que o influenciam e/ou que ele
participa. Esse é um termo antigo, sendo estudado desde a antiguidade, na qual os autores
consideravam que a corrupção era inerente em todos os processos. Em antagonismo a essa ideia,
alguns autores colocam que a corrupção enraizada na sociedade não pode ser considerada algo
intrínseco dela mas um resultado da disfunção do sistema capitalista. Se uma característica não
pode ser definida como intrínseca ao indivíduo, a uma empresa também não será.

No entanto, da mesma maneira que as parcerias para propagar a imagem de um grupo e


uma empresa devem ser muito bem reflectidas antes de serem efetuadas, o perfil que a empresa
tem, o que essa reflecte e como ela quer ser conhecida tanto em cenário nacional como mundial,
importa muito e, por isso deve ser muito bem pensado.

Com isso, muitas empresas adoptam medidas superficiais de combate, apenas a fim de
manter sua boa imagem. Todavia, para que a imagem reflectida seja a desejada, é preciso que
exista um código de conduta, com contratações e recrutamento centrados neste código, um
comité de ética e de controlo interno e também a insistência em uma comunicação permanente
dentro da empresa.

2
Para Borini e Grisi (2009), citados por ABRAMO, (2004:3).

5
1.3 Causas de Corrupção nas Organizações
Muitas vezes, as micro e pequenas empresas, começam centrada no que o seu dono ou
seus sócios consideram como correto. Alguns empresários acreditam que a corrupção é uma
maneira de sobrevivência do negócio, sendo a prática então legitimada na corporação. Quando
profissionais das empresas são perguntados quanto ao pagamento de propina e nepotismo, mais
da metade se sente vulnerável a tais acções. “Alguns factores tornam-se pilares para que se
perpetue a corrupção dentro do meio corporativo, como o facto de as leis não serem realistas e
por existir conexão de indivíduos corruptos com instituições responsáveis pela autuação”3.

Dessa maneira, o meio corporativo acaba cedendo a uma cultura corrupta seja pelo facto
de os próprios fundadores da organização acreditarem que a corrupção está atrelada a
sobrevivência, ou ainda pela vulnerabilidade dos indivíduos que fazem parte da empresa.
Entretanto, é possível tecer críticas à necessidade de actos lícitos dentro das empresas.

Alguns autores, colocam a invalidade da justificativa das corrupções pautada na situação


financeira da organização e embora essa seja uma crença de alguns empresários, não é possível
dizer que a corrupção é uma estratégia de sobrevivência. Complementar a essa análise, outros
estudos evidenciam a corrupção como um dos principais problemas organizacionais.

Além da fraca fiscalização das empresas, a cultura organizacional vem influenciando


directamente na conduta antiética dentro das organizações. Cabe a discussão então do que seria
essa cultura e como ela influencia os indivíduos.

Define-se como cultura organizacional "o conjunto de hábitos e crenças estabelecidos


através de normas, valores, atitudes expectativas compartilhados por todos os membros da
organização"4, a qual espelha a mentalidade maioritária expressa pelos indivíduos que compõe a
corporação. Factores externos, como interacções sociais, podem influenciar a perspectiva
individual do observador sobre práticas ilícitas e também promover um ambiente propenso à
corrupção. Assim, o que não era visto como corrupção por um indivíduo, ao haver troca de
experiências, pode tornar-se, assim como o oposto também pode acontecer.

Comportamentos corruptos frequentes dentro de organizações podem influenciar


funcionários a também efectuarem práticas ilícitas. “O gradativo aumento de actos corruptos

3
SANTOS et al, citado por ABRAMO (2004:5).
4
CHIAVENATO, Idalberto (1999), “Teoria Geral de Administração).

6
dentro do ambiente empresarial promove a incorporação da corrupção na estrutura
organizacional e, consequentemente, a sua naturalização, levando os funcionários a deixarem de
se ver como corruptos”5. Tal naturalização, é reforçada a partir de três processos sendo eles:

 A institucionalização: na qual práticas corruptas tornam-se recorrentes,


penetrando na estrutura organizacional;
 A racionalização: na qual se desenvolvem fundamentos para justificar a
corrupção;
 A socialização: que induz a outros uma visão apreciativa da corrupção.

Incorporar a racionalização na cultura organizacional da empresa fortalece ainda mais a


normatização de actos corruptos e mesmo os funcionários não corruptos se sentam coagidos pela
cultura empresarial e se submetam a actividades ilícitas. Com isso, viabiliza-se a criação de um
"casulo social", uma microcultura na qual se projectam regimentos internos e exclusivos do
grupo, o qual não necessariamente segue as regras da sociedade, propiciando um cenário
favorável a corrupção.

A interferência no meio cultural de relações e trabalhos nas organizações requer um


cuidadoso planeamento, dada a resistência das pessoas a mudança. Apesar de tal dificuldade, é
necessário a implementação de uma cultura organizacional fundamentada em impedir a
corrupção e promover atitudes éticas.

1.4 Tipos ou Formas de Corrupção e seus Elementos

1.4.1 De entre os vários tipos de corrupção, destacam-se os seguintes:


 Corrupção Activa: refere-se ao ato de oferecer vantagens a alguém visando o
próprio benefício;
 Corrupção Passiva: é o acto solicitar ou receber, para si ou para outrem, directa ou
indirectamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão
dela, vantagem indevida ou aceitar promessa de tal vantagem;
 Corrupção Necessária: quando um indivíduo recorre a atitudes corruptas com o
intuito de agilizar processos e burlar burocracias para obter um serviço autorizado
pela lei. É chamada de corrupção necessária porque o fim é legal, ainda que os
meios sejam ilícitos.
5
ANAND et al, (2004), citado por Abramo.

7
 Corrupção Preditiva: É o caso de políticos que ainda não foram eleitos e fazem
promessas antes de assumir o cargo, ou mesmo, no caso de servidores que não
foram nomeados.
 Corrupção Lateral pública: quando políticos votam em projectos considerando
apenas os seus interesses pessoais, e não os da população.

1.4.2 Elementos ou Agentes da Corrupção


Os agentes da corrupção são: Corrupto e Corruptor, onde o corrupto é tido como quem ou o
que age de forma desonesta para tirar vantagens para si e corruptor é quem ou o que corrompe.

1.4.3 Impactos ético-sociais da Corrupção

A ética de uma organização pode ser definida de diversas formas. Apesar de conceituada
por inúmeros estudiosos e pesquisadores não se trata de um assunto que detenha uma única
explicação, precisa ou fechada, podendo englobar diversas concepções, que são assimiladas com
o seu contexto por meio da influência de factores como tempo, lugar e cultura.

Usualmente, a ética é traduzida como a ciência da conduta e está associada a forma como
o indivíduo ou grupo reflecte sobre a sociedade que está inserido, através da análise sobre as
regras, normas e leis. A forma que a pessoa passa a agir perante outrem é determinante para o
estabelecimento de uma ética.

Sendo assim, a ética empresarial busca produzir a compreensão entre o ambiente de


mudança e as demandas morais da sociedade para a gestão das organizações. As empresas
procuram responder a sociedade na qual estão inseridas, na medida que agregam os valores
éticos dentro dos negócios. As organizações que são consideradas éticas estão ligadas às
condutas que são valorizadas e que se têm agregado com a moral vigente, levando todas as
tomadas de decisões a uma análise acerca da ética, agindo de forma prévia e sucessivamente
tomando quaisquer decisões que sejam elas responsáveis.

Desta feita, surgem os Códigos de conduta que estão cada vez mais presentes nas
organizações pois a sociedade, de forma geral, tem cobrado um respeito das organizações, para
quando indivíduos seguirem uma conduta que seja não ética, a empresa tome todas as medidas
de sanção previstas. Há momentos que esse tipo de acção não chega a ser necessário pois os

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funcionários quando se deparam com situações que não vão de encontro com a missão das
organizações nas quais actuam, acabam se desmotivando e desligando da empresa.

Todavia, quando tais Códigos de conduta não são observados, podem emergir, dentre
outras, as seguintes consequências:

 Deterioração do tecido empresarial, em virtude das práticas ilícitas que passarão a


nortear a lógica do seu negócio;
 Emergência de uma classe empresarial sem princípios;
 Subordinação dos valores morais aos valores monetários;
 Marginalização da classe trabalhadora.

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Conclusão
Chegado a este ponto, da abordagem feita a respeito da corrupção e suas implicações
ético-sociais, pode se concluir o seguinte: ela vem desde os primórdios das primeiras formas de
organização social e, ao longo dos tempos, a sua prática se tem sofisticado consoante a cultura de
cada sociedade. No entanto, independentemente do local e das formas como ela é exercida,
constitui um mal a ser combatido e, dentro das organizações, tal papel cabe aos comités de ética
através da divulgação dos códigos de conduta.

10
Referências Bibliográficas
ABRAMO, “Corrupção Empresarial: Uma análise no âmbito privado”, 2004.

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