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Nenita Paulo Amala

Corrupção

(Licenciatura em Psicologia Educacional)

Universidade Rovuma
Nampula
2021
Nenita Paulo Amala

Corrupção

Trabalho de carácter avaliativo, pertencente


ao Departamento de Ciências de Educação e
Psicologia, no curso de Psicologia
Educacional, 4° ano, regime laboral, na
Cadeira de Estudos Contemporâneos em
Psicologia, Cadeira pela qual Leccionada
pelo:

Docente: Prof. Doutor António dos Santos


João

Universidade Rovuma

Nampula

2021
Índice
Introdução...................................................................................................................................4

1. DEFINIÇÃO DA CORRUPÇÃO.......................................................................................5

1.1. CAUSAS..........................................................................................................................5

1.2. CORRUPÇÃO INSTITUCIONAL.................................................................................6

1.3. TIPOS DE CORRUPÇÃO...............................................................................................7

1.3.1. CORRUPÇÃO PASSIVA PARA ACTO ILÍCITO.....................................................7

1.3.2. CORRUPÇÃO PASSIVA PARA ACTO LÍCITO......................................................8

1.3.3. CORRUPÇÃO ACTIVA.............................................................................................8

1.3.3.1. ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO CRIME DE CORRUPÇÃO......................8

1.4. ESTRATÉGIAS DE COMBATE A CORRUPÇÃO EM INSTITUIÇÕES...................9

Conclusão..................................................................................................................................10

Bibliografia...............................................................................................................................11
Introdução

A corrupção é, sem sombra de dúvidas, um problema que desafia estudiosos e leigos. Não
parece razoável que pessoas abastadas financeiramente e, muitas vezes, com elevado grau de
instrução se envolvam nesse tipo de actividade ilícita. A explicação tradicional para os actos
de corrupção busca identificar alguma sorte de defeito no carácter das pessoas envolvidas e
considera as alterações legislativas a solução protagonista para debelar tais práticas. A
corrupção é um complexo fenómeno social, político e económico que afecta o
desenvolvimento de todos os países do mundo, em maior ou menor grau, seja em regimes
autoritários ou democráticos, e em todos os sistemas económicos.
1. DEFINIÇÃO DA CORRUPÇÃO

Stephen D. Morris (1991:2-4) que realizou um interessante estudo sobre a corrupção no


México, defende que: “A corrupção é o uso ilegítimo do poder público em benefício privado.
Todo o uso ilegal ou não ético das actividades governamentais em função de interesses e
benefícios pessoais ou políticos ou simplesmente o uso arbitrário do poder”.

Andrade (2007:3) afirma que: “ A corrupção é um fenómeno social, através do qual um


funcionário público é levado a actuar contra as leis, normas e práticas implementadas, a fim
de favorecer interesses particulares”.

É necessário frisar que os actos de corrupção nem sempre se situam a nível do benefício
individual, podem aspirar beneficiar familiares e amigos, ou mesmo movimentos sociais,
políticos ou culturais. E é nesta lógica que o Llaca (2005:50), considera que existem dois tipos
de corrupção: a corrupção dita “egoísta” e que serve apenas interesses individuais e a
corrupção dita “solidária” que beneficia a interesses individuais e colectivos. Esta distinção
pode revelar-se ambígua, na medida em que o egoísmo tanto pode ser grupal como individual.

1.1. CAUSAS

Com base em estudos já realizados, dentre as causas que geram ou podem gerar a corrupção
estão:

(i) o elevado poder discricionário: qualquer política com alto poder discricionário
propicia práticas corruptas, tais como as restrições ao comércio exterior e
subsídios governamentais, isto é, a imposição de licenças de
importação/exportação, o proteccionismo e a concessão de subsídios a certos
sectores da economia. Economias com menos subsídios ou mais abertas ao
comércio exterior, por não discriminarem grupos beneficiários, estão associadas a
menores níveis de corrupção;
(ii) (ii) baixo nível de salários: os reduzidos salários são um estímulo à busca de fontes
alternativas para complementação da renda e isso é passível de ocorrer tanto com
funcionários do sector público quanto do privado;
(iii) (iii) sistema político: o nível de corrupção do sistema político tende a estar
associado ao nível de competição política. É provável que o nível de corrupção
seja maior em regimes autoritários, com menor pressão política;
(iv) (iv) desigualdade social e de direitos: a aceitação da diferença de direitos entre
sectores da sociedade promove a impunidade sobre práticas corruptas
(FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2010, p.
8.).

1.2. CORRUPÇÃO INSTITUCIONAL

A corrupção, em suas diversas formas, compromete o desenvolvimento do mercado e reduz


possibilidades de lucratividade consistente no longo prazo.

A adequação das organizações aos comportamentos éticos dos profissionais e candidatos e a


identificação, a mitigação, a análise das consequências e a prevenção das atitudes inadequadas
é uma tarefa difícil para as organizações, mas, ainda assim, necessária. busca pela aderência
entre a ética individual e a colectiva é denominada compliance, termo anglo-saxão originário
do verbo to comply, que significa agir de acordo com uma regra, um pedido ou um comando.

Compliance é o dever de cumprir, de estar em conformidade e fazer cumprir regulamentos


internos e externos impostos às actividades da instituição (MORAIS, 2005). Discutir
compliance exige compreender a natureza e a dinâmica da corrupção nas organizações.

A conduta de acordo com a regra (compliance) ou a corrupta possuem várias causas e são
influenciadas pelas circunstâncias. Na raiz da conduta corrupta ou da compliance está a
percepção moral, a compreensão do indivíduo sobre o significado de sua atitude ante a moral
e as regras organizacionais.

Como pressuposto, a corrupção nas organizações é sistémica. O subsistema de corrupção é


complexo e de difícil desarticulação. Para uma ideia geral da abrangência, Nielsen (2003)
identificou 12 pontos dignos de nota:

 Existe um subsistema de reciprocidade, destrutivo e parasita, de ganho mútuo nas


redes exclusivas de corrupção;
 Extorsão por funcionários públicos é um problema muito maior que suborno, uma vez
que indica uma possível fragilidade na estrutura estatal;
 Comportamentos de corrupção parasita podem envolver comportamentos produtivos,
o que serve para apoiar ainda mais o subsistema de corrupção;
 Armadilhas pequenas do quotidiano e violações éticas podem cooptar reformadores
em potencial, além de ser usadas como armas contra eles;
 Muitos dos agentes da rede de corrupção, pessoal e individualmente, podem ser muito
agradáveis, generosos, divertidos, inteligentes e, até mesmo, corajosos, enquanto, ao
mesmo tempo, podem também ser parasitas e destrutivos;
 Leis socialmente populares, mas não realistas, são aprovadas para gerar popularidade
política e oportunidades de extorsão ou suborno;
 Há conexões de corrupção entre os partidos políticos e a polícia e as ramificações do
governo responsáveis por autuar, julgar e legislar;
 há conexões de corrupção entre os partidos políticos e os relatos de potenciais cães de
guarda (vigilantes) e instituições de pesquisa, como as auditorias, a mídia jornalística,
as universidades e associações profissionais;
 Exigências de grandes financiamentos de campanha envolvem candidatos da reforma
e/ou seus familiares e correligionários em relações problemáticas de financiamento;
 Participação na corrupção de ganho mútuo é oferecida a reformadores potencialmente
eficazes;
 Conflitos com incentivos dos principais agentes do sector público resultam em
equívocos nos regulamentos/regras e relaxamento na supervisão, e isso não é o mesmo
que desregulamentação ou retirada do controle governamental;
 Programas de resgate nacionais e/ou internacionais servem para manter o sistema
corrupto, enquanto, ao mesmo tempo, forçam medidas de austeridade para a classe
média e a baixa.

1.3. TIPOS DE CORRUPÇÃO

De acordo com o Guia de prevenção da corrupção em Moçambique (s.d) os tipos de


corrupção são:

1.3.1. CORRUPÇÃO PASSIVA PARA ACTO ILÍCITO

Representa a situação em que um funcionário ou agente do Estado solicita ou aceita, por si ou


por interposta pessoa, vantagem patrimonial ou a promessa de concessão de vantagem
patrimonial ou não patrimonial, para si ou para terceiro, para realizar qualquer acto ou omitir
a sua prática, desde que tal actuação seja contrária aos deveres do seu cargo.

Exemplo: Um agente da Polícia de Trânsito que recebe certo valor monetário de um


automobilista para não sancioná-lo com uma multa por transgressão de uma regra do Código
de Estrada.
1.3.2. CORRUPÇÃO PASSIVA PARA ACTO LÍCITO

É a situação em que um funcionário ou agente do Estado solicita ou aceita, por si ou por


interposta pessoa, vantagem patrimonial ou a promessa de vantagem patrimonial ou não
patrimonial, para si ou para terceiro, para a prática de qualquer acto ou omissão não contrários
aos deveres do cargo.

Exemplo: Um funcionário da Conservatório do Registo Criminal que recebe uma oferta para
proceder a passagem urgente de uma certidão autêntica, desrespeitando a ordem de entrada
dos pedidos em benefício de quem lhe ofereceu o presente.

1.3.3. CORRUPÇÃO ACTIVA

É a situação em que qualquer pessoa, que por si ou por interposta pessoa, dá ou promete a
funcionário, ou a terceiro, com o conhecimento daquele, vantagem patrimonial ou não
patrimonial que a este não é devida, quer seja para a prática de um acto lícito ou ilícito.

Exemplo: Proprietário de um estabelecimento comercial que promete determinada quanta a


um funcionário do serviço de Finanças para este não lhe aplique multa resultante do atraso na
entrega de uma declaração fiscal.

1.3.3.1. ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO CRIME DE CORRUPÇÃO

Como se pode retirar da ilustração acima, e fazendo recurso aos elementos constitutivos do
crime de corrupção, para que este ocorra é necessário que se desenvolva uma acção ou
omissão com vista a prática de um acto lícito ou ilícito que caiba nas funções do agente e que
este tenha como motivação o recebimento de uma contrapartida para o próprio ou para
terceiro.

A palavra corrupção no seu sentido social e legal é uma acção humana que viola as normas
legais e os princípios ético.

1.4. ESTRATÉGIAS DE COMBATE A CORRUPÇÃO EM INSTITUIÇÕES

Entende-se que o sistema repressivo, por mais sofisticado que seja, é insuficiente para
diminuir seriamente o fenómeno da corrupção. Neste contexto, é considerado fundamental,
entre outras coisas:

 Reforçar o papel das escolas, transmitindo-se às nossas crianças e jovens valores que
gerem repúdio perante práticas de corrupção;
 Aumentar a formação dada a todos os dirigentes e funcionários públicos, de modo a
que estes dirigentes e funcionários estejam mais conscientes para os perigos e
consequências negativas da corrupção;
 Desenvolver um regime geral de prevenção da corrupção, que preveja a
implementação, dentro da administração pública e das médias e grandes empresas, de
programas vocacionados para a prevenção e detecção de práticas ilícitas (os chamados
programas de compliance) e para a protecção de dirigentes ou trabalhadores que
denunciem estas práticas (tal como nos é pedido pela União Europeia);
 Criar um Mecanismo Anticorrupção, com poderes de iniciativa, controlo e
sancionamento no âmbito do regime geral de prevenção da corrupção e com
atribuições ao nível da recolha e tratamento de informação e da organização de
programas de actividades entre entidades públicas e entidades privadas relacionados
com a corrupção;
 Disponibilizar mais informação aos cidadãos e digitalizar mais procedimentos, para
que as interacções com os serviços públicos sejam mais transparentes, compreensíveis
e previsíveis;
 Melhorar o conhecimento do crime de corrupção e dos crimes relacionados, afinando a
produção de informação, sobretudo com base nos casos já julgados pela justiça
nacional.
Conclusão

Considerar, porém, que é muito difícil modificar o estado actual de coisas se a lógica da
repressão continuar como única protagonista do combate à corrupção. As mudanças operadas
somente segundo essa lógica são tímidas e acabam por não atacar as formas de vidas que
alimentam a corrupção. É nesse sentido que defendemos a força da comunicação e do
ensinamento como estratégia de prevenção da corrupção. O aprimoramento dos institutos
jurídicos e a prática comunicativa devem caminhar juntas, uma complementando a outra.
Bibliografia

FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DE SÃO PAULO. Departamento de


Competitividade e Tecnologia. Relatório Corrupção: custos económicos e propostas de
combate. São Paulo, 2010, p. 8.

GUIA DE PREVENÇÃO DA CORRUPÇÃO EM MOÇAMBIQUE.

Llaca, J.; HuSSEY, R. Pesquisa em administração. 2.ed. Porto Alegre: Bookman, 2005.

MORRIS, Stephen, Corruption and Politics in Contemporary México, University of


Alabama Press, Tuscalosa. 1991.

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