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Percebeu-se que, na verdade, não se praticava por parte de muitas empresas, uma
política de compliance real, mas uma mera maquiagem visando a consecução de
abertura de capital no mercado mobiliário, e que não eram levadas a sério com
efetividade de maneira a impedir desvios de conduta e práticas escusas pelo próprio
board of directors ou a diretoria da empresa, os primeiros que tinham de zelar pelo fiel
cumprimento dos padrões legais e éticos.
1
MAXWELL LADIR VIEIRA - Sócio da Ladir & Franco Advogados (LEXNET Uberlândia), pós-
graduado em Direito Tributário pelo Instituto de Brasileiro de Estudos Tributários (IBET) e em Direito
Processual Civil pela Universidade Federal de Uberlândia-MG.
2
http://noticias.band.uol.com.br/brasil/noticia/100000775463/procurador-petrobras-teve-r-20-bi-de-
prejuizo-com-corrupcao.html
Há empresas ainda que, por desconhecer o tema, acabam tratando a governança
corporativa e a compliance como dois temas semelhantes, e aplicam a primeira como se
a segunda fosse.
Uma política de compliance bem introduzida será fundamental para diminuir os riscos
do negócio e melhorar a imagem da empresa no mercado, agregando valor ao seu
produto ou serviço e diferenciando-a de outros players que não tenham esta política bem
definida, pois é regra geral o desinteresse em se envolver com parceiros negociais mal
vistos no mercado, ou ainda, “diga-me com quem andas que eu te direi quem és”, como
bem define o ditado popular.
O benefício financeiro é latente, posto que ainda que algumas empresas associem a
compliance a modismos ou a um custo a mais para ela neste momento financeiro difícil
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Governança Tributária para Pequenas e Médias Empresas, in Governança Corporativa para Pequenas e
Médias Empresas / coordenação Bernardo Lopes Portugal; organização Lúcia Vidigal Zimmermman. –
São Paulo : LTr, 2015. – (coleção Lexnet), p.175
que é atravessado pelo país, a verdade é que a Conformidade Tributária permite uma
atuação preventiva que impede o descumprimento de normas tributárias pelos diversos
setores e ajuda, com isto, a aumentar a lucratividade da empresa, ainda mais quando
aliada á governança tributárias e ao seu princípio da commerciality.
Vejamos o caso da Petrobrás, que além de envolvida na Operação Lava jato, também é
investigada na Operação Zelotes. Esta última operação investiga a atuação de
conselheiros do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), órgão ligado ao
Ministério da Fazenda, que revertiam ou anulavam multas aplicadas a empresas.
Além da má imagem perante o Fisco Federal que passaram a ter estas empresas,
tornando-se naturais alvos de fiscalização, também transmitiram uma má imagem ao
mercado, de que os resultados por ela obtidos e informados em seus balanços podem
não ser reais, que lucros obtidos poderão, por outro lado, tornarem-se prejuízos, o que
faz com que suas ações se desvalorizem e elas percam valor de mercado.
Além disso, entre fazer negócio com uma empresa com boa reputação e que tenha uma
política eficaz de conformidade que permita um bom controle do cumprimento das
normas e regras aplicáveis à ela, e outra que tenha má imagem e péssimo ou nenhum
controle sobre suas práticas e seus colaboradores, certamente o mercado optará pela
primeira empresa em detrimento da segunda, que perderá marketshare, como no caso
das principais empreiteiras envolvidas na Operação Lava jato, que passaram 2.105 sem
fechar nenhum contrato4.
4
http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,em-declinio--empreiteiras-passam-o-ano-sem-fechar-
nenhum-novo-contrato,1800364, acesso em 03.01.2016
forma escusa, o que só é vencido com o tempo e mostrando a consolidação de
posicionamento da empresa no mercado em relação a estes concorrentes.
Outrossim, a Compliance não é apenas uma moda, um conceito bonito que foi criado
para acalmar o mercado neste difícil cenário político, econômico e ético que o Brasil
tem vivido. É mais do que isso, e para a área tributária é uma verdadeira ferramenta de
controle que fará o “trem andar nos trilhos”, trazendo boa reputação e resultados
financeiros à empresa, impedindo a aplicação das pesadas multas tributárias e demais
sanções e aumentando o valor de mercado da empresa e a sua competividade no
mercado global.