Resumo apresentado na II Conferência Euroamericana para o Desenvolvimento dos Direitos Humanos: Agenda 2030 – Um Novo Capítulo para a evolução dos Direitos Humanos, Coimbra - Portugal
Título original
Resumo - O Princípio Anticorrupção como instrumentalização do objetivo n. 16 da Agenda 2030 da ONU
Resumo apresentado na II Conferência Euroamericana para o Desenvolvimento dos Direitos Humanos: Agenda 2030 – Um Novo Capítulo para a evolução dos Direitos Humanos, Coimbra - Portugal
Resumo apresentado na II Conferência Euroamericana para o Desenvolvimento dos Direitos Humanos: Agenda 2030 – Um Novo Capítulo para a evolução dos Direitos Humanos, Coimbra - Portugal
O escopo da presente investigação é analisar a influência negativa que a corrupção
causa sobre as democracias e os direitos humanos e propor uma solução jurídico-
hermenêutica-normativa por meio do Princípio Anticorrupção. Para tanto, usa-se como lastro o artigo XXVIII da Declaração Universal dos Direitos Humanos, o qual prevê a garantia de uma ordem social e internacional justa, cujas condições sejam favoráveis ao desenvolvimento e efetividade dos direitos e liberdades enunciados na própria Declaração. Tal premissa traz à lume a necessidade de instrumentalizar o objetivo número 16 da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, o qual apregoa, genericamente, a construção da paz, justiça e instituições eficazes, e mais especificamente (16.5), a redução da corrupção e do suborno – foco do presente estudo. Nota-se, sobremaneira, nos países cujas democracias são de baixa intensidade, altos níveis de corrupção pública e privada; baixos níveis de eficácia e transparência nas instituições; e grandes dificuldades no combate ao crime organizado, trazendo como consequências o enfraquecimento do Estado de Direito; e a interferência negativa na promoção dos direitos humanos: o conluio entre governos e empresas ou empreiteiras despenca os níveis orçamentários públicos para promoção de serviços básicos, como saúde e educação, prejudicando consideravelmente a possibilidade de os cidadãos atingirem padrões de vida adequados e dignos, conforme o disposto no também artigo XXV da DUDH. A corrupção impede ao Estado aplicar o máximo de recursos para a realização do bem comum, direitos sociais e econômicos, frustrando o desenvolvimento e gerando uma pobreza generalizada – quando não sua manutenção por prolongados períodos – reforçando as desigualdades sociais. Logo, fica incontestável o fato de que a corrupção reduz a capacidade de um governo respeitar e cumprir suas obrigações de direitos humanos. Inter alia, a mera existência de práticas corruptas deturpa a premissa do artigo XXVIII, uma vez que a corrupção torna a ordem social injusta e imprópria para a realização dos demais direitos previstos na Declaração e por isso deve ser combatida. Para tanto, vislumbra-se a aplicação das práticas de good governance, aliadas ao Princípio Anticorrupção, de forma que conduzam ao desenvolvimento sustentável tendo como foco a pessoa humana e o respeito aos direitos humanos e liberdades fundamentais, primando pela democracia assente no Estado de Direito. Ex positis, delineia-se o Princípio Anticorrupção como um princípio constitucional que atue no mesmo nível dos Princípios Estruturantes Democráticos e que funcione como protetor do próprio Estado de Direito e dos direitos humanos dele adjacentes frente às violações causadas pela corrupção. Sugere-se que a interpretação constitucional seja orientada para o combate à corrupção, a fim de se axiomatizar o Princípio Constitucional Anticorrupção com fisionomias principiológicas e como legítimo componente do sistema jurídico-constitucional na luta contra a corrupção: propõe-se o reconhecimento deste princípio como legítimo complexo estruturante do Estado de Direito, detentor de funções hermenêuticas e jurídicas, devendo ser empregado no controle de constitucionalidade preventivo ou repressivo e ainda como princípio jurídico norteador dos todos os atos dentro de um Estado, ou seja, a real instrumentalização do objetivo número 16 da Agenda 2030. 1. Agenda 2030 e Falar sobre o contexto e a agenda 2015 que antecedeu a agenda 2030 1.2 Objetivo nº 16 e desdobramentos 1.3 A Corrupção como óbice ao desenvolvimento sustentável 1.4 O direito humano à uma ordem social justa: artigo 28 da DUDH a) Princípio da Boa Governança
2. A instrumentalização do objetivo 16.5: o princípio anticorrupção
2.1 Natureza jurídica principiológica 2.2. Definições e conceitos dogmáticos (caracterização) 2.3 Formas de instrumentalização do princípio a) consagração constitucional b) controle de constitucionalidade c) interpretação jurídico-hermenêutica em decisões judiciais
3. Um novo paradigma hermenêutico à luz do princípio Anticorrupção