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O escopo da presente investigação é analisar a influência negativa que a corrupção

causa sobre as democracias e os direitos humanos e propor uma solução jurídico-


hermenêutica-normativa por meio do Princípio Anticorrupção. Para tanto, usa-se como
lastro o artigo XXVIII da Declaração Universal dos Direitos Humanos, o qual prevê a
garantia de uma ordem social e internacional justa, cujas condições sejam favoráveis ao
desenvolvimento e efetividade dos direitos e liberdades enunciados na própria
Declaração. Tal premissa traz à lume a necessidade de instrumentalizar o objetivo
número 16 da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, o
qual apregoa, genericamente, a construção da paz, justiça e instituições eficazes, e mais
especificamente (16.5), a redução da corrupção e do suborno – foco do presente estudo.
Nota-se, sobremaneira, nos países cujas democracias são de baixa intensidade, altos
níveis de corrupção pública e privada; baixos níveis de eficácia e transparência nas
instituições; e grandes dificuldades no combate ao crime organizado, trazendo como
consequências o enfraquecimento do Estado de Direito; e a interferência negativa na
promoção dos direitos humanos: o conluio entre governos e empresas ou empreiteiras
despenca os níveis orçamentários públicos para promoção de serviços básicos, como
saúde e educação, prejudicando consideravelmente a possibilidade de os cidadãos
atingirem padrões de vida adequados e dignos, conforme o disposto no também artigo
XXV da DUDH. A corrupção impede ao Estado aplicar o máximo de recursos para a
realização do bem comum, direitos sociais e econômicos, frustrando o desenvolvimento
e gerando uma pobreza generalizada – quando não sua manutenção por prolongados
períodos – reforçando as desigualdades sociais. Logo, fica incontestável o fato de que a
corrupção reduz a capacidade de um governo respeitar e cumprir suas obrigações de
direitos humanos. Inter alia, a mera existência de práticas corruptas deturpa a premissa
do artigo XXVIII, uma vez que a corrupção torna a ordem social injusta e imprópria
para a realização dos demais direitos previstos na Declaração e por isso deve ser
combatida. Para tanto, vislumbra-se a aplicação das práticas de good governance,
aliadas ao Princípio Anticorrupção, de forma que conduzam ao desenvolvimento
sustentável tendo como foco a pessoa humana e o respeito aos direitos humanos e
liberdades fundamentais, primando pela democracia assente no Estado de Direito. Ex
positis, delineia-se o Princípio Anticorrupção como um princípio constitucional que
atue no mesmo nível dos Princípios Estruturantes Democráticos e que funcione como
protetor do próprio Estado de Direito e dos direitos humanos dele adjacentes frente às
violações causadas pela corrupção. Sugere-se que a interpretação constitucional seja
orientada para o combate à corrupção, a fim de se axiomatizar o Princípio
Constitucional Anticorrupção com fisionomias principiológicas e como legítimo
componente do sistema jurídico-constitucional na luta contra a corrupção: propõe-se o
reconhecimento deste princípio como legítimo complexo estruturante do Estado de
Direito, detentor de funções hermenêuticas e jurídicas, devendo ser empregado no
controle de constitucionalidade preventivo ou repressivo e ainda como princípio jurídico
norteador dos todos os atos dentro de um Estado, ou seja, a real instrumentalização do
objetivo número 16 da Agenda 2030.
1. Agenda 2030 e
Falar sobre o contexto e a agenda 2015 que antecedeu a agenda 2030
1.2 Objetivo nº 16 e desdobramentos
1.3 A Corrupção como óbice ao desenvolvimento sustentável
1.4 O direito humano à uma ordem social justa: artigo 28 da DUDH
a) Princípio da Boa Governança

2. A instrumentalização do objetivo 16.5: o princípio anticorrupção


2.1 Natureza jurídica principiológica
2.2. Definições e conceitos dogmáticos (caracterização)
2.3 Formas de instrumentalização do princípio
a) consagração constitucional
b) controle de constitucionalidade
c) interpretação jurídico-hermenêutica em decisões judiciais

3. Um novo paradigma hermenêutico à luz do princípio Anticorrupção

4. Considerações finais

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