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Apresentação e Introdução 5
por Associação Raízes da Tradição
Imersão 15
O que é ser indígena? 15
por Dilmar Puri
Como a Moda pode se relacionar com as culturas indígenas? 25
por Julia Vidal
O que é e o que representam os Grafismos Indígenas? 27
Sobre os autores 50
Bibliografia que nos inspirou 52
Saiba mais 53
Copyright 2020
Todos os direitos reservados aos autores, e protegidos pela Lei 9.610, de 19.2.1998.
É proibida a reprodução total ou parcial sem a expressa anuência dos autores.
Este livreto foi revisado segundo o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.
Revisão
Rosilene Miliotti
Fotos
Rosilene Miliotti
Alebê Produções
Transcrição de falas
Letícia Tosta; Mônica Lima Manau; Letycia Mattos; Renato Martins
ISBN:
1. Cultura Indígena 2. Moda 3. Conflito Cultural 4. Moda sustentável
Apresentação
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REGISTROS
IMERSÃO
(Mergulho)
1 Dilmar Puri é bacharel em filosofia pela UERJ, mestrando em Relações Étnico-Raciais pelo CEFET-RJ e
integrante da Universidade Pluriétnica Indígena Aldeia Maracanã. O povo Puri é originário do que hoje se
conhece como Estado do Rio de Janeiro, sul do Espírito Santos, Norte de São Paulo e uma parte considerável
de Minas Gerais.
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2 Segundo o último censo demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizado
em 2010, 274 línguas indígenas eram faladas por indivíduos pertencentes a 305 etnias diferentes e estudos do
linguista brasileiro Ayron Rodrigues, estima que em 1500, haviam pelo menos 1.175 línguas indígenas. Portanto,
nesses 500 anos quase mil idiomas foram extintos no Brasil, uma consequência do extermínio da população
indígena e da perseguição a essas línguas, presente por séculos na história brasileira. https://escolaeducacao.
com.br/quantas-linguas-indigenas-existem-no-brasil/
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Foi o filósofo grego Aristóteles que criou primeiramente o
conceito de “homem”. Ele disse o seguinte: “O homem é o animal
racional”. O que ele queria dizer, na verdade, era que o homem
era superior aos outros animais por poder pensar de acordo com
certos métodos. Mas não se animem, pois na sua concepção, nós
não éramos homens. A nomenclatura homem era destinada ao ci-
dadão ateniense, isto é, aos oligarcas do Estado grego da época.
Estavam excluídos os gregos pobres, todas as mulheres e os es-
trangeiros (chamados de bárbaros). Podem imaginar então como
esse conceito serviu muito bem para os interesses do Estado grego
de então, um Estado escravagista, como já dito anteriormente. A
Grécia antiga é louvada aos quatro ventos como a primeira demo-
cracia do mundo, mas o que eles chamavam de democracia era só
a forma de governo do Estado e só funcionava para uma ínfima
parte da população da época.
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O que fazer então com o termo indígena,
que quer dizer nativo, jogamos fora?
Pensamos que não, porque mesmo que sejamos centenas de po-
vos diferentes, compartilhamos de muitos costumes e temos um
inimigo em comum: o colonialismo. Deste modo, indígena se re-
fere àquilo que nos une culturalmente e politicamente, enquanto
o nosso povo é aquilo que nos diferencia enquanto indígenas. Por
exemplo: eu sou indígena e Puri (ou indígena do povo Puri, como
também é dito) não posso ainda me intitular somente como Puri,
porque muita gente desconhece que se trata de um povo nativo
brasileiro e porque não posso deixar de me engajar na luta dos
demais parentes, que estão tendo que resistir a duros ataques. Do
mesmo modo, não posso deixar de assinalar a particularidade do
meu povo, a diferenciação que ele opera dentro do cenário geral
do movimento indígena.
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mentalidades e por isso ainda temos muito trabalho de esclare-
cimento para fazer até que a maioria da sociedade compreenda
que nós, com nossas culturas, não somos inferiores por sermos
indígenas. Somente assim os povos indígenas do Brasil alcançarão
suas independências e autonomias verdadeiras, sendo este um tra-
balho que vai durar muitas gerações ainda.
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fundadas devagar, conforme os frutos amadureçam e cheguem ao
ponto da colheita.
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4 Uso do termo “moda indígena” entre aspas, porque de fato ele é inexistente. Aqui será designado para
abordar as formas de representação espirituais que cobrem os corpos dos povos indígenas brasileiros e que se
relacionam com a perspectiva cultural da palavra moda.
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se fazer política. A criadora da primeira marca de moda brasileira
dirigida por uma indígena, nos contou sua relação com a moda ao
longo do Seminário:
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Quando a moda brasileira se apresenta, ela homenageia
aos povos indígenas ou faz uma apropriação cultural?
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8 “...fusão de subculturas ou contato entre culturas rurais e urbanas.” (William, Rodney, p.33, 2019).
9 Culturas que se fundem e dão origem a uma nova cultura. Fusão cultural completa de grupos totalmente
diferentes, gerando algo novo. Uma estratégia de reexistência.
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Construção
(Encontro)
O mundo indígena:
Cosmovisões, perspectivas e oportunidades
» Os grafismos são propriedades coletivas de povos indígenas
e não uma propriedade individual de um membro de um
determinado povo;
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O mundo da moda:
contribuições designadas à cadeia de produção
e empresas de moda
» Promover educação corporativa para a realização de traba-
lho em moda com etnias indígenas;
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O encontro:
construções e direcionamentos entre a cadeia de
produção da Moda e as Culturas Indígenas
» Difundir, dar visibilidade e protagonismo às culturas, causas
e cosmovisões indígenas, através de produtos e comunicação
das coleções de moda;
» Respeitar o sagrado;
» Moda consciente;
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CAMINHOS
(Diretrizes)
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Prosseguindo, esclarece sobre as limitações impostas pela
FUNAI:
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te e empreendedores a trabalhar as questões étnico-raciais,
indígenas e afro descendentes, identidades e diversidades
culturais.
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Sobre os autores
DILMAR PURI é formado em filosofia pela Universidade do Esta-
do do Rio de Janeiro (UERJ) com ênfase em estética e história
da arte, é mestrando em relações étnico-raciais pelo CEFET-
-RJ, membro da Universidade Pluriétnica Indígena Aldeia Ma-
racanã (UIPAM) e integrante do povo Puri. O povo Puri habita
tradicionalmente as regiões do sul do Espírito Santo, Norte de
São Paulo e diversas regiões do Rio de Janeiro e Minas Gerais.
Dilmar trabalha atualmente como pesquisador/bolsista da
CAPES, investigando as experiências internacionais de uni-
versidades indígenas, e as iniciativas nacionais nesse sentido.
Atua ministrando palestras em escolas, universidades e outras
instituições sobre o tema quando convidado, e também sobre
as culturas indígenas de modo geral. Tem experiência como
curador de exposição de arte indígena e na produção de semi-
nários acadêmicos, assim como na edição de obras literárias do
universo indígena.
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PLATÃO. A República. Tradução de Maria Helena da Rocha Pereira. Lisboa: Fundação
Kalouste Gulbenkian, 1987.
SCHWART, B. Conservatism, nationalims and imperialism. In Donald, J. e Hall, S.
(orgs) Politics and Ideology, Milton Keynes: Open University Press, 1986.
VIDAL, Lux (organizadora). Grafismo Indígena. Estudos de antropologia estética. São
Paulo: Studio Nobel, FAPESP, Editora da Universidade de São Paulo, 2000.
WILLIAM, Rodney. Apropriação Cultural. São Paulo; Feminismos plurais, 2019.
Saiba mais
Lei de direitos autorais indígenas - FUNAI - Portaria nº 177/PRES:
http://www.funai.gov.br/arquivos/conteudo/ouvidoria/pdf/acesso-a-infor-
macao/002-PORTARIA-177-2006-DireitoAutoral.pdf
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Realização Apoio Institucional Apoio institucional e financeiro
Colaboração