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"Todo povo colonizado — isto é, todo povo em cujo seio se originou um complexo
de inferioridade em decorrência do
sepultamento da originalidade cultural
local — se vê confrontado com a
linguagem da nação civilizadora, quer
dizer, da cultura metropolitana”. (Frantz
Fanon, 1952)
Pensar, debater e praticar uma museologia com viés social, sob a perspectiva
latinoamericana, é o desafio que apresenta–se a nós, pesquisadores e estudiosos de
uma museologia transplantada para os nossos territórios, cujos processos históricos
do colonialismo e, depois, da colonialidade, ainda hoje determinam um
comportamento subserviente em relação à produção do conhecimento
desenvolvido na América Latina. É este principal desafio que nos leva a propor a
criação de um grupo de estudos, vinculado à Cátedra Unesco “Educação, Cidadania
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e Diversidade Cultural” da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias.
Com a formação do grupo MINA, estamos a dar os primeiros passos para tecermos
uma–teia–de–relações–com–múltiplas–linhas–de–vida–e–memórias, a espraiar-se
desde o México até o Sul da Argentina e do Chile. Nesse território, almejamos
estimular diálogos interculturais entre agentes e processos que pensam e atuam
sobre um solo fértil de memórias deliberadamente esquecidas e/ou
(in)conscientemente subalternizadas, racializadas e oprimidas.
Ao criticar a deglutição pura e simples de valores, técnicas e padrões no
campo dos museus e da museologia dos colonizadores, a brasileira Waldisa Rússio
questiona:
"…quando uma sociedade não apenas se esquece de preservar o seu patrimônio oral, usos
e costumes, mas também relaxa o registro de suas técnicas, não estará, de alguma maneira,
se preparando para a assimilação aleatória e indiscriminada de quaisquer outros valores
nessas áreas, esquecendo matrizes informativas de um desenvolvimento autônomo e
endógeno e sujeitando-se à adoção de padrões que não lhe serão necessariamente os mais
benéficos em termos sociais, ainda que possam estar mais próximos de uma pretensa ou
verdadeira modernidade?
(Waldisa Rússio, 1990)
Este grupo, portanto, faz uma opção decolonial epistêmica, teórica, afetiva e
política da museologia em sua dimensão social — desde o Tawantinsuyu, Anáhuac,
Abya-Yala, Pindorama, La gran comarca, América Latina. É o que nos estimula a
convocar a toda a gente do campo museológico interessada em voltar o seu olhar e
o seu pensamento, a partir de diversificadas ideias e práticas sociomuseológicas, em
torno de um patrimônio comunal, vítima de genocídios e epistemicídios. Nesse
Grupo de Estudos, desejamos antes de tudo conhecermo-nos e discutir entre nós os
nossos problemas, nossas ausências e existências, nossas rebeldias e submissões.
Ambicionamos ainda, que os nossos estudos, análises, diálogos e proposições visem
a transformação de ideias e práticas, a partir de uma outra forma de ser museu e
museólogo; e que contribuam para a formulação de políticas públicas de base
comunitária, voltadas às memórias coletivas.
É imprescindível conhecermos e discutirmos com profundidade as ideias e as
práticas museológicas das pessoas que produziram as declarações de Santiago e de
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Caracas; as declarações do Rio de Janeiro, de Córdoba, de Havana, a Missiva de
Nazaré (MINOM). Urge adentrarmos na região de origem de Grete Mostny Glaser,
Jorge H. Hardoy, Mario Vázquez Ruvalcaba, Coral Ordoñez, Marta Arjona, Paulo
Freire, Waldisa Rússio e todas as pessoas que criaram as bases para experiências,
como La Casa del Museo, La Casa de Todos y Todas dos zapatistas, o Museo
Nacional de las Culturas Populares, os museus comunitários de Oaxaca e a Casa
Museo de la Memoria Indómita, en México. No Chile, o Museo de la Memoria y los
Derechos Humanos e o Museo del Estallido Social, criado a partir das recentes
manifestações do povo chileno que promoveram importantes transformações sociais
e políticas no país. Também citamos o Museo Travesti del Perú; o Museo de las
Memorias: Dictadura y Derechos Humanos, no Paraguai; a Red de Sitios de Memoria
Latinoamericano y Caribeños (RESLAC); a Red de Museos Comunitarios de América;
o movimento Micromuseo no Perú; o Museo Casa Ricardo Rojas e o movimento
Justicia Museal na Argentina; os Pontos de Memória no Brasil, com seus museus de
favelas, museus indígenas e sua rede de museologia social, museus comunitários, de
quilombos e de terreiros; além de muitos outros processos sociomuseológicos
espalhados por esse imenso território, objeto da nossa mirada. Todos a descobrir
caminhos próprios, pois “é tudo nosso!”
OBJETIVOS DO GRUPO:
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2 — criar políticas de intercâmbio com a comunidade museológica
latino-americana, bem como, grupos e instituições que desenvolvam políticas
culturais comunitárias, notadamente com experiências de memórias comunitárias e
étnicas;
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PLANO DE TRABALHO 2022/2023
METAS
2022
2023
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AÇÕES PARA 2022:
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Orientação Científica
Profa. Doutora Vânia Brayner (ULHT)
Coordenação
Julio Cézar Chaves
Yazid Jorge Guimarães Costa
Henrique Godoy
Docentes ULHT
Profa. Doutora Judite Primo
Prof. Doutor Mário Moutinho
Prof. Doutor Adel Igor Pausini
Discentes ULHT
Ana Paula Fiuza
Beatriz Haspo
Claudia Pola
Daniela Vicedom
Dominique Schoeni
Gabriela Coronado Telléz
Helionidia Carvalho de Oliveira Pavel
Heloisa Vivanco
Josiane Vieira
Kamylla Passos
Karol Pacheco
Letícia Fernandes
Maria Monsalves
Moana Soto
Patrícia Alcântara
Rosana Miziara Lopes
Vânia Gondim
Investigadores/Colaboradores externos
BRASIL
Prof. Doutor Alexandre Oliveira Gomes (Núcleo de Estudos e Pesquisas em
Etnicidade – NEPE/UFPE)
Antônia da Silva Santos/Antônia Kanindé (Bacharelanda em Museologia
UFRB/Articuladora da Rede Indígena de Memória e Museologia Social)
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Prof. Ms. Átila Bezerra Tolentino (UFPB)
Profa. Doutora Fernanda Rechenberg (UFRGS)
Profa. Doutora Luciana Pasqualucci (PUC-SP)
Profa. Doutora Manuelina Duarte (Université du Liége, Bélgica/Programa de
Pós-Graduação em Antropologia Social – PPGAS-FCS-UFG, Brasil)
CUBA
Prof. Doutora Ana Daelé Valdés Millán (Museo Provincial Guantánamo)
Profa. Doutora Dory Castillo Garriga (Universidad Hermanos Saiz de Pinar del
Río e Centro Provincial de Patrimonio Cultural en Pinar del Río
MEXICO
Profa. Doutora Cíntia Velázquez Marroni (ENCRYM/INAH, México)