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Átila Tolentino Bezerra Graduado em Letras Português e Especialista em Gestão de

Polı́ticas Públicas de Cultura pela Universidade de Brası́lia - UnB. Mestre em Sociologia


pela Universidade Federal da Paraıb ́ a é da carreira de Especialista em Polıt́ icas Pú blicas e
Gestão Governamental do Ministério do Planejamento, com atuação no Instituto do
Patrimônio Histórico e Artı́stico Nacional - IPHAN. Coordena as atividades da Casa do
Patrimô nio da Paraıb ́ a, programa de Educação Patrimonial vinculado à Superintendência
do IPHAN na Paraı́ba.

Educação Patrimonial Decolonial: perspectivas e entraves nas práticas de patrimonialização


Federal.

-> Busca debater sobre as possibilidades e desafios da adoção patrimionial pautada pela
perspectiva da decolonialidade.

A invenção do patrimônio cultural brasileiro e sua gênese colonialista

-> O primeiro processo de tombamento de um terreiro de candomblé, em Salvador, Casa


Branca em 1984.

-> Práticas de tombamento (políticas) de patrimônio no Brasil capitaneadas pelo Iphan


foram marcadas por práticas eurocentradas e colonialistas, refletindo-se, inclusive, nas
ações educativas voltadas para o patrimônio cultural.

-> Maria Cecília Lopes fala que isso foi assim (eurocentrada) porque está muito atrelada à
formação dos estados-nação : capacidade de simbolizarem a herança cultural das nações.

-> Cabia a determinadas pessoas (agentes) conservar ou destruir monumentos, legitimando


processos de atribuição de valores segundo determinados critérios.

-> Prédios antigos que eram ressemantizados e retraduzidos em termos cristãos. E foi essa
ideia de nação que veio a garantir o estatuto ideológico à constituição dos patrimônios
históricos e artísticos e coube ao estado nacional assegurar a preservação.

-> No brasil a pratica preservacionista seguiu a tendência europeia, ligando-se intimamente


à ideia de formação e afirmação do estado-nação. Marcia Chuva: o desejo de pertencer à
civilização ocidental foi, provavelmente, o que configurou o processo de invenção do
patrimônio nacional no Brasil.

-> Rodrigo Melo Franco que presidiu o SPHAN de 1936 até 1967 (Serviço do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional): considerava fundamental reafirmar a herança europeia
brasileira e negar uma possivel herança indigena.

-> Queriam que a arte brasileira se enquadrasse em padrões universais;


-> Valorização do passado colonial;
-> Com a criação do Sphan a prioridade de tombamentos como proteção foi dada aos
remanescentes da arte colonial brasileira (igrejas etc).
-> Cabia ao estado naquele momento, o papel de intérprete e guardiao dos valores culturais
da nação. Estado-Novo, getulio.
-> Nesse periodo a criação dos museus no brasil ela tava adstrita aos aparelhos ideológicos
do estado e aos segmentos de classes dominantes.
-> Seguiam o modelo europeu pela necessidade de formação e afirmação de uma nação
que se via como nova e que precisava se equipar as da europa.

-> mudanças entre o final dos anos 1970 e inicio dos anos 1980, quando Aloísio Magalhães
esteve a frente do Centro Nacional de Referências Culturais - CNRC e posteriormente
Fundação Nacional Pró-Memória. O CNRC tinha foco nas manifestações culturais vivas e
inseridas nas práticas sociais contemporâneas. O bem cultural móvel, as atividades do
povo, as atividades artesanais.
-> Projeto Interação que não se atinha aos bens culturais tutelados pelo Estado (no meio da
ditadura).

->Quase paralelo a isso a equipe do museu imperial sistematiza o guia básico da educação
patrimonial, que inspirado em trabalho pedagógico ingles, essa metodologia pauta-se numa
acepção instrutivista de educação, seguindo uma veia colonizadora em relação ao
patrimonio cultural.

-> educação patrimonial dentro do iphan só começa a tomar corpo após a criação da
Gerência de Educação Patrimonial e Projetos em 2004 (hj coordenação de Educação
Patrimonial - Ceduc).

-> vários eventos sobre o tema, como o I Encontro Nacional de Educação Patrimonial

-> dai ele coloca que diante dessa trajetoria de nao lugar da educação patrimonial nas
politicas de preservação do patrimônio cultural, ele questiona em que medida é possivel a
adoção e a assunção, como projeto politico-ideologico, de praticas decoloniais no trabalho
com a preservação do patrimonio cultural?

Por uma epistemologia do sul e a ecologia dos saberes.

-> pensamento decolonial: Boaventura de Sousa Santos; discutir o impacto do colonialismo


e do capitalismo modernos e como eles contribuiram para a construção de epistemologias
dominantes, que suprimiram formas de saber proprias de povos e nações colonizados,
relegand seus saberes ao silenciamento ou a subalternidade.

-> Epistemologias do Sul: Trata-se de uma alternativa que congrega um conjunto de


intervenções epistemológicas que denunciam a supressão dos saberes empreendida pelos
processos de colonização, a partir de uma norma epistemológica dominante, que se impõe
como superior e se apresenta universal e naturalizada ao longo dos últimos séculos.

-> Pensamento abissal: a realidade é dividida em dois universos distintos, o universo desta
linha e o universo do outro lado da linha. O que está do outro lado da linha é excluido e
radicalmente concebido como inexistente. o pensamento abissla consiste na
impossibilidade da copresença dos dois lados. ]
-> ciencia moderna tem o monopolio da distinção abissal em detrimentos de conhecimentos
alternativos, como filosofia e teologia. outros conhecimentos como os populares, leigos,
plebeus, camponeses ou indigenas estão invisiveis ai no meio.

-> o que esta do outro lado da linha esta para alem do verdadeiro ou do falso, do ilegal ou
do legal.

-> ecologia dos saberes para confrontar a monocultura da ciencia moderna.

-> ecologia dos saberes baseia-se no reconhecimento da pluralidade e da diversidade de


conhecimentos heterogeneos, que podem estar sempre em interseção e interações
dinâmicas, em um dialogo horizontal e democratico. ciencia como uma parte da ecologia
dos saberes.

-> ecologia de saberes cruzam-se conhecimentos e simultaneamente ignorancias, pois as


formas de ignorancias sao tao heterogeneas como as formas de conhecimentos.

-> ela nos permite lidar com o que conhecemos e com o que nao conhecemos, e
reconhecer qu aquilo que ignoramos é ignorancia nossa e nao geral.

-> Nelson Maldonado torres: esquecimento da colonialidade -> diversidade radical, rompe
com a legitimação da busca de raizes europeias e norte am. nas ciências sociais e a
respectiva formulação de um ponto de vista pretensamente universal, expondo e
defendendo o potencial epistemico das epistemologias nao europeias.

-> enrique dussel e a como a europa o centro da historia apenas por causa da rev.
industrial;

-> hegel desconsidera a invenção da polvora na china e diz que o homem descobriu a
america, mesmo havendo humanos la

-> catherine walsh explica que a interculturalidade esparrama horizontes e abre caminhos
ao enfrentamento ao colonialismo bastante presente, criando posturas e estruturas novas
distintas.

-> raça como um padrao de poder por meio das praticas e estruturas da colonialidade, que
se relaciona com o capitalismo mundial.

-> imposição de um padrao de dominiação, colocando a superioridade branca europeia em


contraponto aos negros e indigenas, e os mestiços como identidades na liminaridade

-> é possivel pensar numa educação patrimonial decolonial como um projeto politico social?

A Educação Patrimonial decolonial como projeto ético-político

-> as praticas patrimoniais foram criadas em um determinado momento baseado na


narrativa colonial de identidade nacional;
-> no pos guerra houveram mudanças onde as ideias revolucionarias foram amplamente
intensificadas nos anos 1960, e o campo do patrimonio foi invadido por novas reflexoes.

-> novas lutas no campo da museologia; defendia-se uma pratica cuja principal
preocupação são os sujeitos e os problemas sociais por que passam as comunidades.

-> no campo do patrimonio nesse contexto se busca romper com a logica de


homogeneização da identidade nacional e institucionalmente c a criação do cnrc

-> atuação no campo do patrimonio imaterial pelo iphan tem sido importante para a
valorização de referencias historicamente subalternizadas ou silenciadas (saberes, fazeres,
epistemologias, a exemplo as referencias culturais africanas e indigenas)

-> os procssos de patrimonialização não romperam totalmente com os mecanismos de


saber-poder da colonialidadel; as atuações diversas coexistem

-> no campo da Ed. Patrimonial, embasados na perspectiva critica e emancipadora de


freire, os debates pela ceduc nos foruns tem se aproximado de anseios e ideais dos
defensores da perspectiva decolonial

-> patrimonio como produto das relações sociais e dos significados que os individuos lhe
atribuem

-> A Educaçã o Patrimonial decolonial, enfim, admite que o


colonialismo se perpetuou, como bem demonstra Boaventura Sousa Santos, sobre a
colonialidade do saber-poder, o que torna necessá rio contestar e romper com os
processos de dominação sobre as memó rias historicamente subalternizadas de grupos e
segmentos sociais não hegemônicos ou estigmatizados.

-> Os inventarios participativos do programa + educação em parceria do iphan com o mec,


partem da premissa de que os próprios grupos e comunidades possam assumir, em
primeira pessoa, a identificação, o registro e a seleção das referencias culturais
significativas para a formação de suas identidades e memorias coletivas.

-> ao mesmo tempo que isso é empreendido tem outras ações conservadoras e retrogradas
sendo empreendidas, mostrando as contradiçõeos do IPHAN.

-> defesa da educação patrimonial que parta da diferença e da interculturalidade; não pode
mais ser admitido praticas de patrimonialização que reproduzam a colonialidade do poder e
que as praticas educativas reencarnem e sejam reprodutoras da colonialidade do saber
ser.

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