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COMUNICAÇÃO ORAL
ELIZABETE DE CASTRO MENDONÇA - UFS
ufs.elizabetemendonca@gmail.com
Resumo
Palavras-chave:
Musealização; Patrimônio arqueológico; Endosso institucional; Gestão de acervos
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Abstract
The problems with management of archaeological collections pervade the current debates
within the Musealization of Archaeological Heritage. It is in this reflective context that the
proposal for this study emerges, based on the assumption that professionals from museums in
charge of institutions that have endorsed the requests for permission or authorization for
archaeological research conducted in the state of Sergipe, in the period from 1970 to 2010, are
unaware of the minimum legal procedures necessary for the preservation of archaeological
material. The goal of this paper is to analyze how this lack of awareness lead to lack of
institutional guidelines to assist the management of information on collections. For a better
conceptual and methodological picture, we decided to work on the management of
information on collections taking into account Museum Documentation, whereas the use of
these documents could contribute to other procedures of musealization operation chain
(research, conservation and communication in museums). The relevance thereof is justified by
the urgency to pinpoint the causes for the lack of minimum legal procedures required for the
preservation of archaeological material, by museum institutions that authorized projects and
became responsible for the custody of objects collected in the state of Sergipe, to develop a
conceptual and methodological proposal to assist institutions improve their collections as
information sources, as well as develop actions aimed at the socialization of this heritage.
Keywords:
Musealization; Archaeological heritage; Institutional endorsement; Management of
collections
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INTRODUÇÃO
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O projeto que fundamenta este artigo é intitulado com o mesmo nome deste e é financiado com recursos da
Fundação de Apoio à Pesquisa e à Inovação Tecnológica do Estado de Sergipe - FAPITEC/SE, relativos à linha
de pesquisa “Levantamentos de informações e indicadores para criação do Sistema Estadual de Informações e
Indicadores Culturais” do Edital FAPITEC/SE/FUNTEC Nº 13/2011. Ele está vinculado ao Grupo de Estudos e
Pesquisas em Museologia, Comunicação, Conhecimentos Tradicionais e Ação Social (GEMCCTAS). Conta com
uma equipe multidisciplinar formada pelos pesquisadores Elizabete Mendonça (coordenadora), Albérico
Queiroz, Márcia Barbosa e Ângela Ferreira e cinco estudantes (quatro bolsistas de iniciação científica e uma
voluntária), a saber: Marina Castro Novena (PIIC-UFS/2011-2012), Mariana Bispo da Rocha (PIBIC-
FAPITEC/2012, PICVOL/2012-2013), Rodrigo Gomes Cordério (PIBIC-FAPITEC/2012-2013), Gerlandia Dias
dos Santos (PIBIC-FAPITEC/2012-2013) e Rosely Fernandes Bezerra (voluntária).
Para a análise específica da Documentação Museológica no Museu de Arqueologia de Xingó utilizaremos dados
resultantes do projeto de pesquisa “A musealização do patrimônio arqueológico em Sergipe: estudo de caso
sobre os processos de documentação no Museu de Arqueologia de Xingó” e de seu subprojeto de extensão
“Arrolamento dos achados arqueológicos que constituem a coleção do Museu de Arqueologia de Xingó”. O
primeiro contou com a participação da Bolsista de Iniciação Científica/FAPITEC Heide Roviene Santana dos
Santos. O segundo conta com uma equipe multidisciplinar formada pelos pesquisadores Elizabete Mendonça
(coordenadora), Albérico Queiroz, Olivia Alexandre de Carvalho e cinco bolsistas de extensão: Avilane Santos
Cruz, Laelze Oliveira, Marina Castro Novena, Tuanny Meira Dias e Vitória Bispo Carvalho.
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A relação entre Arqueologia e Museu, que outrora era apenas do ponto de vista da
organização e exibição de acervos, ganha novos contornos a partir do instante que
novos paradigmas emergem e quando as áreas [Museologia e Arqueologia]
incorporam a dimensão humana e social, em detrimento do olhar civilizatório e
taxonômico. No que se refere aos Museus, podemos afirmar que é nesse momento
que a relação entre as áreas começa a ser de fato interdisciplinar, visto que a
Museologia inicia o seu processo de reflexão epistemológica. [...] os Museus deixam
de ser coadjuvantes e passam a ser atores principais dos processos de gerenciamento
do patrimônio arqueológico.
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Destaca-se que a proposta deste trabalho não é criar uma ideia de que a interação entre estas áreas tenha sido
historicamente harmônica. Elas viveram momentos de confluências e outros de distanciamento e todos
influenciaram diretamente a forma de gestão dos acervos arqueológicos. Porém, apenas este tema daria ensejo a
um artigo próprio, por isso não será extensamente tratado aqui. Informamos que esta temática tem sido estudada
por museólogos e arqueólogos, alguns deles citados nas referências. Cristina Bruno é o principal nome a tratar a
Musealização do Patrimônio Arqueológico no Brasil.
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decorrência da instituição de guarda. Segundo Costa (2011, p. 4), com base nos capítulos II e
III da Lei Federal nº 3.924 de 1961 e nos artigos 2º e 3º da Portaria nº 07 /1988 do Serviço do
Patrimônio Histórico Artístico Nacional (SPHAN, atual IPHAN), a instituição concede “[...]
de duas maneiras o direito à pesquisa a esta parcela específica dos bens da União: a permissão
para as entidades particulares e a autorização para as públicas”.
De acordo com o inciso VII do artigo 5º. da Portaria 230/2002, para solicitação de
permissão ou autorização é necessário um “Plano de trabalho científico” no qual em caso de
coleta de acervo deve constar declaração de endosso institucional fornecida pela
instituição científica que proverá a guarda. Como demonstra a pesquisa realizada por
Moraes (2011), em inúmeros casos são instituições museológicas que concedem o endosso,
isto é, a menção assinada por seu dirigente assumindo – junto ao IPHAN – a tutela do
material coletado por projetos de cunho arqueológico.
Na prática os museus que assinam a tutela dos materiais arqueológicos, “embora
tenham o ônus permanente de guarda, assumem papel indireto e passivo nas tramitações para
concessão da portaria” (COSTA, 2011, p. 5). Na maioria dos casos, a instituição responsável
pela guarda dos materiais “não tem a dimensão de como funcionam os procedimentos legais
mínimos necessários para a guarda de materiais arqueológicos ou, o que é pior, sequer
conhecem os projetos aos quais conferem endosso” (COSTA, 2011, p. 5), aparecendo
pontualmente no processo de solicitação de permissão ou autorização de pesquisa
arqueológica para conferir o endosso institucional. Percebe-se, portanto, que não é possível
pensar em gestão de acervos arqueológicos apenas pela perspectiva de sua inclusão nas
instituições museológicas, já que conforme indica Bruno (1995, p. 6) tais instituições são na
cadeia operatória da geração de acervos arqueológico o elo mais fraco e desprotegido nas
questões de guarda destes materiais. Esta fragilidade deve-se ao fato dos museus normalmente
atuarem no fim da referida cadeia, tendo apenas a obrigação permanente de guarda.
Entretanto, frente à quantidade de licenciamentos ambientais que são autorizados por ano (em
especial, depois da Política de Aceleração do Crescimento – PAC – do governo federal), a
geração de acervos arqueológicos tornou-se ainda mais intensa (BRUNO; ZANETTINI,
2007)3, ampliando a urgência de debates com o intuito de definir novos patamares de gestão
pública desse tipo de acervo caracterizados como bens da Federação.
Neste contexto reflexivo, surgiu a proposta da pesquisa que orienta este trabalho cuja
hipótese é: os profissionais de museus que respondem pelas instituições museológicas que
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Reforçando esta estimativa Costa (2008) diz “que nenhum acervo material, em território nacional, cresce de
maneira tão rápida quanto o arqueológico”.
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Este artigo não apresentará a proposta conceitual e metodológica para a potencialização de acervos como fontes
informacionais, pois esta é uma das metas do projeto em andamento.
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Segundo Arantes (2001), o termo referência designa a realidade em relação à qual se identifica, baliza ou
esclarece algo. No caso do processo cultural, referências são práticas e os objetos por meio dos quais os grupos
representam, realimentam a sua territoriedade. São referências os marcos e monumentos edificados ou naturais,
assim como as artes, ofícios, festas, lugares a que a vida social atribui reiteradamente sentido diferenciado e
especial: são aqueles considerados os mais belos, os mais lembrados, etc. Sendo, portanto,sentidos atribuídos a
suportes tangíveis ou não. Podendo está em objetos ou práticas, espaços físicos ou lugares socialmente
construídos. São com referências que se constrói tanto proximidade quanto distância social, a continuidade da
tradição assim como a ruptura com uma condição passada ou a diferença em relação a outrem.
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Uma abordagem sobre tal questão restrita ao patrimônio arqueológico é tratada por Bruno (1995).
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Existe outra questão levantada no texto acima citado de Cristina Bruno que deve ser
referendada, a saber: como garantir que o patrimônio cultural sob a guarda da instituição
museológica saia do “abandono” e assim torne-se propagador de memória? Esta questão é
central neste projeto que estuda um patrimônio federal sob tutela de museus e a
Documentação Museológica como instrumento sistêmico de gestão de informação.
Segundo Ladkin (2004, p. 17) se a gestão do museu tem importância vital para o
desenvolvimento e organização de cada instituição, a “gestão do acervo é vital para o
desenvolvimento, organização e preservação do acervo que cada museu alberga”. Para o
mesmo autor o termo gestão do acervo é
aplicado aos vários métodos legais, éticos, técnicos e práticos pelos quais as
colecções do museu são formadas, organizadas, recolhidas, interpretadas e
preservadas. A gestão do acervo foca-se na preservação das colecções, preocupando-
se pelo seu bem-estar físico e segurança, a longo prazo. Preocupa-se com a
preservação e a utilização do acervo, e registo de dados, e em que medida o acervo
apoia a missão e propósito do museu (LADKIN, 2004, p. 17).
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Roberts (2004, p. 42), em artigo sobre Inventário e Documentação, afirma que um dos
recursos essenciais para gestão do acervo é a existência de uma documentação precisa e
acessível.
Como demonstram Bruno e Zanettini (2007) no artigo O futuro dos acervos, o cenário
brasileiro apresenta o seguinte quadro: um quantitativo de objetos arqueológicos
musealizados cada vez mais extenso, em contraponto a um gerenciamento das informações e
possibilidades de pesquisas limitados. Tais problemas contribuem para o acervo ser
incompreendido em sua totalidade, negando a população conhecer processos culturais de
determinados grupos sociais, consequentemente, fragilizando a preservação dos objetos que
representam uma identidade cultural. Lima e Rabello (2007) reforçam esta análise ao apontar
para um fator capital dentro do contexto de crescimento do quantitativo de acervos. Segundo
as autoras, além das formas tradicionais de ameaça ao patrimônio – agricultura intensiva e
extensiva, a expansão urbana, a industrialização maciça, os empreendimentos
desenvolvimentistas – existe uma outra forma de depredação, silenciosa e pouco visível, do
patrimônio arqueológico: as más condições de documentação e conservação preventiva das
coleções sob tutela de museus e instituições congêneres.
Restringindo nossa análise a este ponto, nossa pesquisa seguiu a premissa de que “a
informação arqueológica é valiosa e mal utilizada” (DE BLASIS, 1992, p. 65). Alguns
autores, como Renfrew, Bahn, Shanks e Tilley, sustentam que apesar da Museologia ter se
estabelecido como área de conhecimento reconhecida existem entraves em sua relação com a
Arqueologia. Renfrew e Bahn (2004) afirmam que os museus, em geral, tratam os artefatos
arqueológicos como objetos de arte, o que contribui para sua descontextualização histórica e
étnica. Shanks e Tilley (1992) alegam que os museus podem gerar interpretações deturpadas
sobre o passado, criando sua própria narrativa, a partir dos processos de seleção e
classificação.
Porém, Ferrez (1991) explica que a documentação museológica é um mecanismo
capaz de transformar o acervo de museus de fontes de informação em fontes de pesquisa
científica, permitindo levantamento e acesso às informações das quais os objetos/documentos
são suportes. Com isso ela relata um pouco da sua preocupação com o uso dado as coleções
quando chegam aos museus, se ocorrerá à documentação do acervo e se esse será realmente
musealizado – ganhando uma nova “vida social”. Neste âmbito, também, pode-se citar Carlos
Costa (2008) que, ao abordar especificamente a Documentação Museológica de materiais
arqueológicos, trata a função que uma documentação pode assumir, os cuidados com a
identificação documental e as características das coleções estudadas.
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No caso em questão podemos dizer que quando os objetos foram criados tinham uma
serventia – um uso sociocultural; porém nos processos de coleta, de pesquisa arqueológica e
de musealização são redescobertos e cobertos de um novo significado e de uma nova
trajetória – iniciando uma nova etapa na sua “vida social” (APPADURAI, 2008). Saladino
(2010, p. 2) ao tratar das questões do patrimônio cultural arqueológico, ressalta que este
“relaciona-se ao processo de transmissão, seja da materialidade dos objetos, seja da
subjetividade das representações e valores ressignificáveis em distintos contextos e
temporalidades” e completa “ainda que transformado em mais um produto no mercado
[cultural], os bens patrimoniais são bens cujo valor simbólico não é completamente esvaziado,
tem potencia em transmutar-se em elemento aglutinante, fator de coesão social – gerado pela
vontade de memória e de legitimar um passado compartilhado”. Portanto é único, precisa ser
evidenciado e cumprir com a sua nova missão de legar para as pessoas informações sobre um
determinado grupo em uma determinada época.
Baseados nessas enuncias, podemos dizer que é preciso tratar o objeto arqueológico
musealizado como fonte de informação e articular conhecimentos destas áreas afins,
evidenciando o cuidado com o bem patrimonial por meio da interdisciplinaridade, com a
finalidade de diminuir a possibilidade de interpretação equivocada, potencializando o acervo
como indicador de memória. Um acervo deve gerar informação e, consequentemente,
proporcionar uma melhor interação entre instituição, seus profissionais, pesquisadores e
visitantes.
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Centro de Pesquisa de História Natural e Arqueologia da Fundação Cultural do Maranhão, Acervo Centro de
Referência em Patrimônio e Pesquisa (Bahia), Programa de Pós-Graduação em Arqueologia da Universidade
Federal de Pernambuco, Centro de Arqueologia e Antropologia de Paulo Afonso – UNEB, Centro de Referência
em Patrimônio e Pesquisa de Porto Seguro, no Estado da Bahia, Laboratório de Arqueologia – UFPE e Núcleo
de Estudos e Pesquisas Arqueológicas da Universidade Estadual de Santa Cruz (Bahia). A concessão de endosso
por instituições de outros estados gera um outro ponto de reflexão sobre o distanciamento do patrimônio e as
comunidades diretamente ligadas a eles. Porém, não entraremos neste assunto aqui.
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de Sergipe tem sido tratado e como é concedido os endossos neste momento de valorização da
Arqueologia de Contrato para viabilizar as obras do PAC a partir de meados da primeira
década do século XXI. Em relação a concessão de endosso constata-se ainda uma ação
expoente da Universidade Federal de Sergipe. Porém, nem todas as autorizações, nem dentro
da própria UFS, está direcionadas as instituições museológicas o que nos causa a seguinte
indagação: será que todas estas instituições na qual foi concedido o endosso esta realizando a
socialização das informações? Este material ficará restrito a pesquisa e divulgação por meio
de artigos/teses, ou ele vai ser passível de ações patrimoniais já que se caracteriza como tal?
Como está documentado e conservado esse acervo? A instituição tem noção da origem e
processo de coleta desse acervo? Estas indagações tornam-se mais veementes quando
pensamos nas demais instituições levantadas a exemplo da Secretaria de Cultura da Prefeitura
Municipal de Laranjeiras que não apresentam a função social dos museus.
Priorizando uma breve reflexão sobre o MAX, não podemos dizer que os dirigentes
institucionais não conheciam o Projeto de Salvamento Arqueológico de Xingó entre as
décadas de 1980 e 1990, pois: 1) a proposta de criação do museu é derivada desse projeto e
elaborada posteriormente ao endosso do projeto dado pela UFS; 2) o projeto foi idealizado
por profissionais da instituição e uma parte da equipe que realizou os trabalhos desenvolvendo
atividades no museu. Porém, não basta conhecer o projeto. É preciso conhecer as
responsabilidades legais assumidas ao conceder endosso a projetos arqueológicos, já que o
desconhecimento ocasiona uma ausência de diretrizes institucionais que auxiliem na gestão
das informações relativas aos acervos e consequentemente à preservação dos bens.
Inaugurado em 2000, desde 2010 o museu passa por um processo de reformulação.
Este dado está diretamente relacionado à temática do nosso projeto porque, apesar de ser um
museu de referência no cenário nacional como indicaremos abaixo, a ausência de ações
diretas de salvaguarda (documentação e conservação) do acervo resultou em um Inquérito
Civil Público (ICP) movido pelo Ministério Público de Sergipe (MP-SE) contra a UFS e a
Eletrobras Chesf. A Universidade por ter concedido o endosso e hoje responder pela tutela do
patrimônio e a Chesf pelo fato do material ser resultante de impactos ambientais causados
pela empresa. O MP cobra ações diretas em reserva técnica que possibilitem a documentação
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Tanto que o Ministério Público de Sergipe tem cobrado da Universidade e da Companhia Hidro-Elétrica do São
Francisco (CHESF) ações de salvaguarda do acervo sob a guarda do MAX. A CHESF é arrolada porque também
tem responsabilidade ad eternum com o acervo, já que o mesmo foi coletado para a construção de uma de suas
represas.
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assim poder alimentar outras ações que caracterizam a cadeia operatória dos procedimentos
de musealização e alcançar a socialização do patrimônio arqueológico.
Consideração
O intuito do artigo foi apresentar dados para estimular uma reflexão sobre o papel
político e social do museu no ato de concessão de endosso institucional para projetos
arqueológicos. O museu, ao fazer tal concessão, assume legalmente o papel de tutor do
material coletado e, consequentemente, de sua preservação. Porém, como explicitado no caso
do MAX, um museu recente com apenas 12 anos, não adianta nem mesmo ser uma instituição
criada com a finalidade específica de musealização do patrimônio arqueológico. O exemplo
deste museu em Sergipe serve para refletirmos sobre a urgência de uma proposta de diretrizes
conceituais e metodológicos para auxiliar as instituições a determinarem um protocolo
mínimo ao concederem endosso de forma a garantir a potencialização de seus acervos como
fontes informacionais, bem como no desenvolvimento de ações que visem a socialização
destes bens culturais.
Este protocolo deve tratar as informações básicas que devem ser entregues junto com
o acervo no momento da destinação do mesmo para a instituição museal, assim como indicar
um recurso mínimo para atividade de salvaguarda a ser custeado pelo projeto endossado – já
que hoje a maioria dos projetos de arqueologia recebe recursos para os trabalhos de
prospecção e de pesquisa. Desta forma, o museu não ficará apenas com o ônus do endosso,
como hoje ocorre em muitos casos, mas também poderão ser beneficiado no âmbito das
políticas governamentais que indiretamente propiciam a coleta de acervo arqueológico – a
exemplo do PAC.
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REFERÊNCIAS
APPADURAI, Arjun. A vida social das coisas, as mercadorias sob uma perspectiva
cultural. Niterói : EDUFF, 2008.
BRUNO, Maria Cristina Oliveira; ZANETTINI, Paulo. O futuro dos acervos. Anais do I
Congresso Internacional de Arqueologia da SAB e XIV Congresso Nacional da SAB -
Florianópolis. Erechim: Habilis, 2007. (CD-Room).
LADKIN, Nicola. Gestão do Acervo. In: Como Gerir um Museu: Manual Prático. França :
ICOM, 2004. p. 17-32.
RENFREW, C.; BAHN, P. Archaeology: Theories, Methods and Practice. 4. ed. Londres :
Thames & Hudson, 2004.