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O Museu de Astronomia e Ciências Afins e seu papel

na construção do patrimônio da Ciência e Tecnologia


no Brasil
CRISTAL PROENÇA DE AZEVEDO1*
MARCIO FERREIRA RANGEL2**

O Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST) possui em seu acervo uma


importante coleção de instrumentos científicos, a única desta tipologia tombada
no âmbito nacional. Esses objetos são fontes relevantes do fazer científico no
Brasil e seu estudo tem contribuído para a compreensão da História da Ciência
e da Museologia no país. Ao analisarmos o contexto de criação do MAST nos
primeiros anos da década de 1980, observamos um período de intensa preocu-
pação com a questão da preservação da memória científica brasileira por par-
te de cientistas, profissionais do patrimônio e intelectuais. Este movimento teve
início ainda na década anterior, com a criação de diversos órgãos e programas
voltados à área da Ciência e Tecnologia. Em 1982, foi criado o Grupo Memória da
Astronomia (GMA) pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tec-
nológico (CNPq), no âmbito das atividades do Observatório Nacional. Este grupo
foi organizado com o objetivo de delinear bases para a preservação do patrimô-
nio cultural científico, por meio da criação de um museu de ciências. Em 1984, o
Grupo tornou-se Núcleo de História da Ciência (NHC) com vinculação direta ao
CNPq (CNPq, 1984) com a atribuição de solicitar o tombamento do campus do
ON, juntamente com o edifício-sede e instrumentos científicos, além de tomar
as iniciativas relacionadas à criação do Museu. Marcio Rangel nos aponta que “a
criação e a trajetória do Museu de Astronomia e Ciências Afins está relacionada
ao desejo/discurso de preservação de “um patrimônio” em risco. Neste sentido
o processo de criação do MAST é o resultado direto do medo da perda.” (Marcio
Rangel). Entendemos esta afirmação como fundamental para a estruturação do
MAST e para as atividades que esta instituição vem desempenhando ao longo
de seus quase 35 anos de existência. Um dos objetivos da pesquisa consiste na

1 * Museóloga (UNIRIO), mestre em Memória e Acervos (FCRB), atualmente bolsista no Pro-


grama de Capacitação Institucional no Museu de Astronomia e Ciências Afins.
2 ** Museólogo (UNIRIO), mestre em Memória Social, Doutor em História da Ciência, Pesqui-
sador do Museu de Astronomia e Ciência Afins e Professor do Programa de Pós-Graduação em
Museologia e Patrimônio, UNIRIO/MAST.

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análise dos grupos e instituições que participaram neste processo, visto que as
questões sobre patrimônio e museus dificilmente são isentas de subjetividade
e representam discursos ou ideologias de um determinado grupo. Além disso,
pretendemos aprofundar o conhecimento sobre o Programa de Apoio a Museus
e Coleções Científicas formulado pelo CNPq a fim de compreender as iniciativas
voltadas à preservação do patrimônio cultural de C&T no Brasil.

1. A construção do patrimônio cultural da Ciência


e Tecnologia no Brasil
Entende-se por patrimônio cultural da Ciência e Tecnologia o “[...] conheci-
mento científico e tecnológico produzido pelo homem, além de todos aqueles
objetos que são testemunhos dos processos científicos e do desenvolvimento
tecnológico” (GRANATO e CÂMARA, 2008: p. 174), incluindo as construções rela-
cionadas a esses processos. O Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST) pos-
sui em seu acervo uma importante coleção de instrumentos científicos, a única
desta tipologia tombada no âmbito nacional. Esses objetos são fontes relevantes
do fazer científico no Brasil e seu estudo tem contribuído para a compreensão
da História da Ciência e da Museologia no país. Ao longo dos anos, o MAST vem
realizando trabalhos que exploram o caráter documental dos objetos sob sua
guarda. Utilizando-se do arcabouço teórico da cultura material, no qual se suge-
re uma abordagem biográfica3 dos objetos ou conjunto de objetos (CASCARDO,
LOUREIRO, 2015), é possível traçar sua trajetória, desde a fabricação até sua mu-
sealização, quando passam a ser ressignificados num contexto museológico e as-
sim explicar e compreender aspectos sócio-culturais nos quais estavam inseridos.
Esta pesquisa, vinculada ao projeto A Construção e Formação de Coleções
Museológicas da Coordenação de Museologia do MAST, tem como um de seus
objetivos a análise dos grupos e instituições que participaram do processo de
criação da instituição, em especial o Programa de Apoio a Museus e Coleções
Científicas criado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tec-
nológico (CNPq), que aprofundará nosso conhecimento sobre a preservação do
patrimônio científico e tecnológico no início da década de 1980.
Ao analisarmos o contexto de criação do MAST nos primeiros anos da déca-
da de 1980, observamos um período de intensa preocupação com a questão da
preservação da memória científica brasileira por parte de cientistas, profissionais
do patrimônio e intelectuais que culminou na formação de diversos órgãos e
instituições voltados à área.
Este interesse, em especial, nos setores culturais fez parte de um processo
de abertura política que começava a se delinear no Brasil a partir de meados da
década de 1970/1980, caminhando para a redemocratização do país. Algumas

3 Essa metodologia é baseada nos estudos desenvolvidos por Samuel Alberti (2005) e Igor
Kopytoff (2008).

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novas instituições foram criadas, com destaque para a Fundação Nacional de Ar-
tes (FUNARTE) e a Fundação Nacional Pró-Memória (FNPM), no âmbito nacional,
respectivamente nos anos de 1975 e 1979. Esses órgãos federais tinham como
referência a atuação nos setores culturais mais ligados às artes e ao patrimônio
histórico edificado e sob a guarda dos museus4. Também no ano de 1975 foi
organizado o Centro Nacional de Referência Cultural (CNRC), que propunha um
alargamento do conceito de patrimônio cultural, abrangendo também a produ-
ção popular e artesanal e seu impacto no desenvolvimento das regiões. A criação
desses órgãos foi importante para que, em 1988, constassem na Constituição
Federal como patrimônio cultural brasileiro os bens imateriais além de “criações
científicas, artísticas e tecnológicas” (BRASIL, 1988).
Havia, portanto, um movimento do Estado para organizar e impulsionar se-
tores voltados à cultura por meio da criação de políticas culturais5. Quanto à área
da Ciência e Tecnologia, houve um gradual processo de formação da noção de
que existiria um patrimônio cultural científico que merecia ser preservado e di-
vulgado. Para compreender esse período, é necessário conhecer o processo de
consolidação da C&T no país.
Maria Esther Valente (2009: p. 68) destaca dois momentos em que a área
científica foi impulsionada pelo governo, no Brasil. A primeira, com a formação
do Conselho Nacional de Pesquisas (CNPq), em 1951, atual Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico. De acordo com Valente (2009), verifi-
cou-se uma maior aproximação entre Ciência e Estado no período pós Segunda
Guerra Mundial. Isso se deu porque, após o conflito, evidenciou-se também “a
utilidade e as aplicações práticas da ciência enquanto elemento de defesa e de
produção de tecnologia para o país” (LISBOA, 2012: p. 41), o que promoveu o de-
senvolvimento científico e tecnológico nacional. O segundo momento foi entre
os anos de 1968 e 1973, no qual a política de desenvolvimento econômico im-
pulsionou os setores de ciência e tecnologia, especialmente o da energia nuclear,
com a construção de usinas, o setor agrícola e de transportes.
Em contraste com a institucionalização da preservação do patrimônio cultu-
ral no Brasil6, uma abordagem mais social e cultural da Ciência e Tecnologia só
começou a se tornar tema de interesse em meados da década de 1970. Em 1974,
havia sido formado na Universidade de São Paulo (USP) o Núcleo de História

4 Nessa época o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) vivia uma crise
institucional, visto que o modelo de gestão do patrimônio representado por ele vinha enfraque-
cendo, focando suas atividades no tombamento do patrimônio arquitetônico nacional.
5 De acordo com Lia Calabre, o conceito de “política cultural como uma ação global e organiza-
da” surge no período pós-guerra, de modo que “(...) até então, o que se verificava eram relações,
de tensão ou não, entre o campo do político e o da cultura e da arte em geral, gerando atos iso-
lados. A institucionalização da política cultural é uma característica dos tempos atuais”. (CALABRE,
2007: p.1).
6 A institucionalização do patrimônio cultural no Brasil ocorreu a partir da segunda década do
século XX, consolidando-se em 1937 com a criação do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional (SPHAN) durante o Estado Novo (1937 - 1945) no governo de Getúlio Vargas.

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da Ciência e Tecnologia no Brasil (NHCT), indicando a construção de uma nova
vertente dentro da Ciência e Tecnologia: a da história social. Ao analisar esse
período, Araci Gomes Lisboa considera-o como a institucionalização da história
das ciências no Brasil, visto que a área, por meio do Programa de Estudos sobre
o Impacto da Ciência e Tecnologia no Desenvolvimento Nacional da FINEP/CNPq,
órgãos federais, estava recebendo verbas do governo (LISBOA, 2012: p. 93).
Ainda no âmbito da FINEP, é criado em 1969 o Fundo Nacional de Desen-
volvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) que financiaria a pesquisa no Brasil
como também os cursos de pós-graduação nas universidades, como parte do
Plano Nacional de Desenvolvimento (PND). Já no ano de 1972, cria-se o Siste-
ma Nacional de Desenvolvimento Científico (SNDC) que orientaria as atividades
voltadas ao setor. Ethel Handfas (2013) faz uma revisão das atividades promovi-
das pelo governo brasileiro que nos mostram uma série de ações do Estado na
articulação de uma política pública para a Ciência e Tecnologia. Cita o III Plano
Básico para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico (PBDCT), com atividades
previstas para o período de 1980-1985, no qual contempla de maneira mais inci-
siva a proteção do patrimônio e a memória científica, citando o papel dos museus

(...) o Plano estabelece como prioritárias as seguintes ações: organizar programas


específicos para mostras e difusão de conhecimento científico e tecnológico para o
incentivo ao estudo das ciências; promover estudos e experiências voltados para o
enriquecimento cultural da população; fomentar os esforços de resgate e de preser-
vação da memória cultural do país; oferecer condições adequadas, tanto em termos
de recursos financeiros quanto de flexibilidade administrativa, aos museus e institui-
ções dedicadas à pesquisa e à preservação do acervo científico, artístico e cultural do
país. (HANDFAS, 2013: p. 46-47).

De acordo com Handfas (2013), no entanto, devido à crise econômica pela


qual o país passou em fins da década de 1970 e que atravessou os anos seguin-
tes, o FNDCT teve que operar com recursos muito baixos, o que inviabilizou a
execução das ações previstas no III PBDCT.
É relevante mencionar, também, o Programa de Estudos sobre o Impacto da
Ciência e Tecnologia no Desenvolvimento Nacional, executado entre a FINEP e o
CNPq. Por meio desse programa, deu-se início, em 1976, ao projeto “História da
Ciência Contemporânea no Brasil”, coordenado pelo sociólogo Simon Schwartz-
man em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), que entrevistou durante
um ano cientistas brasileiros com legados acadêmicos importantes ou vinculados
a instituições. A partir do material produzido, foi proposta a criação de um centro
de documentação em história da ciência no Brasil. (LISBOA, 2012: p. 87 - 90).
Vê-se uma articulação entre os membros da comunidade científica que con-
vergia para um movimento de reflexão sobre a memória da ciência e tecnologia,
desdobrando-se para a proteção dos documentos pessoais de cientistas, bem
como de seus depoimentos orais em instituições, reconhecendo-os como regis-
tros valiosos para a história da ciência no país. A partir daí, surgiu também a preo-

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cupação com os testemunhos materiais/tangíveis da produção científica brasileira
ao longo dos anos, ou seja, os instrumentos utilizados nos processos científicos.
É interessante notar que esse movimento ocorreu no Brasil ao mesmo tempo
em que acontecia em outras partes do mundo. O historiador da ciência Paolo
Brenni indica que o estudo dos “instrumentos científicos de interesse histórico” é
temática recente dentro da história da ciência e aponta que a condição desses re-
manescentes dos processos científicos era muito parecida com a encontrada no
Brasil no mesmo período – “esta parte do patrimônio instrumental, apesar de ser
extremamente valiosa, estava praticamente toda ela abandonada nos depósitos
dos museus, nos porões ou nos sótãos de escolas, universidades e observatórios
astronômicos.” (BRENNI, 2007: p. 163). O interesse dos historiadores da ciência
no estudo e preservação desses instrumentos se deu justamente durante os anos
1980, abrindo novo caminho para esse conjunto de objetos.
Ainda segundo Brenni, muitos instrumentos científicos produzidos nos sé-
culos XVIII/XIX foram preservados nos museus técnico-científicos, muitas vezes
por seu apelo estético ou por estarem relacionados a cientistas famosos ou des-
cobertas importantes. No entanto, a grande maioria desses instrumentos, que
estava localizada em universidades, institutos de pesquisa e observatórios astro-
nômicos se perdeu devido à obsolescência dos aparelhos, especialmente a partir
da segunda metade do século XX, quando os materiais e o funcionamento desses
instrumentos sofriam mudanças cada vez mais velozes, e ao pouco interesse dos
cientistas em preservá-los (BRENNI, 2007).

2. Movimentos de preservação do patrimônio científico:


a comunidade científica se une para a criação de um
museu de ciências
Em consonância com as discussões acerca da preservação da memória cien-
tífica nacional, em 1982, o CNPq criou o Grupo Memória da Astronomia (GMA),
no âmbito das atividades do Observatório Nacional, composto pelos historiado-
res da ciência José Carlos de Oliveira, João Carlos Victor Garcia e o astrônomo
Ronaldo Rogério de Freitas Mourão, funcionários do ON. O grupo foi criado com
o objetivo de discutir a preservação dos instrumentos científicos históricos e do-
cumentos que estavam correndo perigo de serem descartados. Portanto, como
uma de suas atribuições, o Grupo deveria inventariar todo o acervo instrumental
existente no Observatório Nacional, incluindo seu acervo arquivístico, e, “numa
segunda etapa, tentar a coleta, em todo o Brasil, de tudo o que fosse possível em
termos de material instrumental potencialmente útil ao museu.” (CAZELLI, 1992:
p.65). Com o apoio do CNPq, o Grupo tornou-se Projeto Memória da Astronomia
e Ciências Afins no Brasil (PMAC), passando a ser diretamente vinculado àquele
órgão como coordenação (HANDFAS, 2013: p. 81, 89).
Em agosto de 1982, o diretor do PMAC, Ronaldo Mourão e o então diretor
do Observatório Nacional, Lício da Silva (que havia renunciado ao cargo) orga-

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nizaram a mesa-redonda “Preservação da cultura científica nacional”7, realizada
no ON. Este evento foi marcante por uma série de motivos. O objetivo era reunir
nomes da comunidade científica brasileira para discutir a criação de um museu
de ciências. Entre os participantes figuravam os cientistas Carlos Chagas Filho
(Instituto de Biofísica da UFRJ), Crodowaldo Pavan (Presidente da Sociedade Bra-
sileira para o Progresso da Ciência e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Esta-
do de São Paulo), José Leite Lopes (Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF)
/ Centre Recherches Nucléaires, França), Mário Schenberg (Instituto de Física da
USP), Maurício Matos Peixoto (Presidente da Academia Brasileira de Ciências),
Shozo Motoyama (Núcleo de História da Ciência e da Tecnologia da USP), Si-
mão Mathias (Instituto de Química da USP), além de Ronaldo Rogério de Freitas
Mourão (PMAC), Lício da Silva (Departamento de Astrofísica do ON), do Diretor
do ON, Luiz Muniz Barreto, da museóloga Fernanda de Camargo-Moro (Supe-
rintendente da Fundação Anita Mantuano de Artes do Estado do Rio de Janeiro
(FUNARJ) e também representante do Conselho Internacional de Museologia no
Brasil (ICOM)). Por último, como representante do Programa de Museus e Cole-
ções Científicas do CNPq, George Zarur.
Nesse encontro, cada um dos participantes pôde expressar suas opiniões
sobre o assunto. Além disso, deveriam fazer comentários a respeito de um texto
distribuído previamente a cada um dos presentes, elaborado pelos componentes
do Grupo Memória da Astronomia, com o tema “Por uma Política de Preservação
da Cultura Científica Nacional”. O astrônomo Ronaldo Mourão, em sua fala, su-
geriu que fosse pensado não apenas o passado da ciência, mas também formas
de se preservar o presente, para próximas gerações.
A fala de Carlos Chagas Filho8 faz referência às tentativas anteriores de se esta-
belecer um museu de ciências no Brasil9. O cientista relata que desde a década de
1950, a partir de uma temporada no Palais de La Découverte, em Paris, vem “lutando
pela idéia de um museu de ciência no Rio de Janeiro”. Sugere “a formação imediata
de um grande museu de ciências” ou a criação de diversos museus seccionais nas
instituições cariocas que, progressivamente, se fundiriam em um. Conclui dizendo
que o povo brasileiro “está com sede de cultura. E nesta sede de cultura incluo
também a curiosidade científica” (MESA-REDONDA, 1982: p. 4 - 6). De fato, havia
entre os interesses desse grupo que discutia a preservação da memória científica,
também uma aproximação da população com os processos científicos, até então
pouco abordados fora das universidades e instituições de pesquisa.

7 O MAST tem registrado em seu arquivo a transcrição e gravação da mesa-redonda de 1982.


8 ver Domingues (2012).
9 Na década de 1970, articulou-se na cidade do Rio de Janeiro, a criação de um museu de
ciências. A autora do projeto foi a museóloga Fernanda de Camargo-Moro, uma das participan-
tes da mesa-redonda de 1982. Este museu deveria ocupar a área da Barra da Tijuca e comporia
o plano arquitetônico formulado por Lucio Costa com uma proposta interativa para o público. O
projeto não foi consolidado (CAZELLI, 1992: p. 66 - 67).

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Alguns fatores internos do Observatório Nacional também contribuíram para
este movimento de criação de uma instituição voltada à preservação do patri-
mônio da Ciência e Tecnologia. A implantação de um novo observatório na cida-
de de Brazópolis, em Minas Gerais, foi um dos elementos que intensificaram as
discussões para a criação do Museu. Essa mudança precedia a transferência das
atividades astronômicas desempenhadas pelo ON para o novo local. Em conse-
quência disso, os instrumentos científicos da instituição que não eram mais uti-
lizados, corriam sérios riscos de deterioração e desmonte, incluindo a dispersão
de documentos importantes. Esta possibilidade desencadeou uma preocupação
com a preservação destes entre os funcionários do ON como também entre pes-
quisadores externos, como cientistas do Núcleo de História da Ciência e da Tec-
nologia da Universidade de São Paulo (USP).
O cientista Crodowaldo Pavan, da Sociedade Brasileira para o Progresso da
Ciência (SBPC) e da FAPESP, relatou o viés paulista e a tentativa para a formação de
um museu de ciências em Campinas. Experiências de exposição de instrumentos
históricos haviam sido feitas com boa aceitação do público. No entanto, o proble-
ma sempre esbarrava na falta de recursos. Na visão de Pavan, um museu deveria
estar mais voltado a “instigar a juventude há verificar o que há de bonito em ci-
ência, do que propriamente a memória”. Novamente nota-se a intenção de não
somente preservar a memória do passado, como também “popularizar” a ciência.
Durante as discussões da mesa-redonda, muitas vezes seus participantes fo-
ram motivados a expor suas concepções de um museu e onde este novo local de
salvaguarda poderia situar-se no vasto território brasileiro. Não é nossa intenção
reproduzir aqui todas as falas e idéias debatidas durante a mesa, embora, futu-
ramente, este poderá ser assunto de outro trabalho, devido à possibilidade de
reflexões dentro do pensamento museológico. No entanto, ressaltamos a fala de
Fernanda de Camargo-Moro, museóloga presente no evento, que nos apresenta
a importância ímpar de um acervo na concepção de uma instituição que queira
se chamar “museu”:

O acervo é imprescindível. Existe mesmo no Brasil várias idéias de se fazer museu


sem acervo. São os casos onde há um espaço e um projeto de se fazer, neste espaço,
um museu. Depois é que vão arranjar objetos para colocar dentro desse museu. Isto
é inconcebível.
Museu tem que nascer de acervos existentes. É do acervo que se pode partir de
uma proposta, pois é esse acervo que vai falar (...) (MESA-REDONDA, 1982: p. 21).

Ainda neste sentido, Camargo-Moro reafirma que, em sua opinião, acervos


não devem ser deslocados de seus lugares de origem. Cita como exemplo o Mu-
seu Nacional de Antropologia do México, no qual o acervo arqueológico de cul-
turas pré-colombianas foi retirado de suas comunidades de origem, centralizan-
do-os no Museu na Cidade do México, de forma a privilegiar o acesso de turistas.
Na concepção da museóloga, esta ação teria alijado a população local do acesso
aos testemunhos materiais de sua cultura, fazendo com que o museu não fosse

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aceito por alguns setores da população. Dessa forma, conclui que aquele mo-
mento de discussão era propício para a criação do museu de ciência na cidade
do Rio: havia um edifício e também um acervo.
Dentro desta perspectiva, havia também o esforço realizado pelo Grupo, com
destaque para a atuação do astrônomo Ronaldo Mourão, no que se refere ao não
deslocamento de acervos históricos de seus locais de origem. Com a vinculação
do Observatório Nacional ao CNPq em 1975 – desde 1930 o órgão era subordina-
do ao Ministério da Educação e Saúde (MEC) – houve também a possibilidade da
transferência dos arquivos produzidos desde sua criação, no Rio de Janeiro, para
Brasília. Por meio de um ofício encaminhado ao CNPq, o então Grupo Memória
da Astronomia argumentou que a documentação histórica do órgão deveria per-
manecer no local em que fora produzida, pois “representa todo um período, toda
uma unidade que reflete um ambiente histórico e cultural cuja totalidade não
deve ser quebrada” (OFÍCIO CI-GMA 055/82, 1982). Temia-se naquele momento,
também, o “esvaziamento cultural da cidade do Rio de Janeiro”, devido ao movi-
mento de transferência de instituições para a nova capital (LISBOA, 2012).
Após a mesa-redonda, foi redigida uma carta que deveria ser enviada ao
Presidente do CNPq, Lynaldo Cavalcanti, com as solicitações consideradas pelo
grupo como fundamentais para dar início ao trabalho de preservação da memó-
ria científica nacional:

Foram (...) feitas três sugestões. Que o CNPq adotasse uma política abrangente de
recuperação e preservação do acervo histórico da cultura científica nacional; que o
GMA fosse dotado de condições adequadas para ampliar seus trabalhos, possibili-
tando a criação de um museu de ciência no prédio principal do ON; e que o CNPq,
por intermédio de um grupo de trabalho constituído para esse fim, promovesse
gestões competentes para o tombamento do campus do ON, da biblioteca e dos
instrumentos científicos. (CAZELLI, 1992: p 73)

Ainda de acordo com Sibele Cazelli (1992), nesse período, houve uma apro-
ximação com outros museus e a elaboração de uma exposição no campus do ON
comemorativa do centenário da passagem de Vênus (1882 - 1982), primeiro evento
científico internacional com a participação do Brasil. A mostra teve sucesso de pú-
blico e movimentou as colunas dos principais jornais do país, que faziam a divulga-
ção da exposição. Nessa época o campus do ON havia sido aberto para a visitação,
com o recebimento do público nos pavilhões para observação do céu, fato que se
mostrou eficaz na aproximação da população (em sua maioria de estudantes) com
a astronomia. Tudo isso só confirmou a necessidade de um museu de ciências.
A partir dessa série de eventos, Marcio Rangel (2011) nos aponta, portanto,
que “a criação e a trajetória do Museu de Astronomia e Ciências Afins está rela-
cionada ao desejo/discurso de preservação de “um patrimônio” em risco. Neste
sentido o processo de criação do MAST é o resultado direto do medo da perda.”
(RANGEL, 2011: p. 152). Entendemos esta afirmação como fundamental para a
estruturação do MAST e para as atividades que esta instituição vem desempe-

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nhando ao longo de seus quase 35 anos de existência. Ainda de acordo com
Rangel (2011), o Museu de Astronomia e Ciências Afins nasceu com um “caráter
híbrido”, ou seja, almejava uma linguagem expositiva nos moldes de um centro
de ciência, possuindo, ao mesmo tempo, um acervo de objetos organizado em
uma reserva técnica visitável. Este modelo de museu buscava inspiração em ins-
tituições já consolidadas mundo afora como o Palais de la Découvert, em Paris,
o Science Museum, de Londres, e o Smithsonian Institution, nos Estados Unidos.
Em 1984, o Projeto Memória da Astronomia e Ciências Afins tornou-se Nú-
cleo de História da Ciência (NHC) (CNPq, 1984) vinculado diretamente à presi-
dência do órgão. No âmbito das atividades do recém-formado Núcleo estava a
solicitação do tombamento do campus do ON, juntamente com o edifício-sede
e instrumentos científicos, além de tomar as iniciativas relacionadas à criação
do Museu, entre outras atribuições. O Museu de Astronomia e Ciências Afins foi
oficialmente criado em 1985 como unidade do NHC. No ano seguinte, o MAST
é vinculado como unidade de pesquisa do CNPq ao mesmo tempo em que o
processo de tombamento do campus do Observatório e de seu acervo de instru-
mentos científicos e documentos era concluído pelo IPHAN.
Para ampliar o conhecimento sobre esse período, é necessária uma análise
mais pormenorizada do Programa de Apoio a Museus e Coleções Científicas do
CNPq, de 1981 a 1985, que incentivou ações no âmbito dos museus e do patri-
mônio da Ciência e Tecnologia. Alguns resultados referentes a esse programa já
foram obtidos em pesquisas prévias. Faz-se necessário aprofundar as informa-
ções que temos a respeito de seu regimento para que possamos compreender
melhor as intenções do CNPq relativas à preservação dos acervos científicos bra-
sileiros, especialmente o acervo museológico do MAST.

3. O programa de apoio a museus e coleções científicas do CNPq


O antropólogo George Zarur era o Coordenador do Programa de Apoio a
Museus e Coleções Científicas e um dos participantes da mesa-redonda de 1982.
Durante esse encontro, Fernanda de Camargo-Moro cita o exemplo da India,
que formou um Conselho Nacional de Museus de Ciências em Calcutá e sugere
que o mesmo poderia ser feito no Brasil para direcionar e incentivar a formação
de museus científicos com uma abordagem pedagógica no país. Nesse momen-
to, George Zarur faz uma ressalva dizendo que o programa já existia, conforme
transcrito a seguir:

(...) há um grupo de assessoramento ao programa formado por representantes in-


dicados pelas sociedades científicas. O Professor Pavan e o Professor Maurício par-
ticiparam das reuniões preliminares que culminaram na criação do programa. Além
dos representantes das sociedades científicas, há no grupo de representantes dos
diversos órgãos do governo, entre os quais a [Fundação Nacional] Pró-Memória.
(MESA-REDONDA, 1982: p. 26)

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O antropólogo explica que o programa não foi feito para criar um museu
de ciências, mas “para apoiar os museus e as coleções científicas brasileiros”. De
acordo com documento relacionado a este Programa, depositado no Arquivo
Jacques Danon do Arquivo de História da Ciência do MAST, o referido programa

no ano de 1982 deverá dar ênfase a atividades de treinamento e organização, ca-


talogação e conservação de coleções científicas (...) nos campos do conhecimento
tradicionalmente vinculados a museus científicos, Zoologia, Botânica, Antropologia,
Arqueologia, Geologia e Paleontologia. Haverá, também um interesse especial em
programas voltados para a memória científicas (sic.) do país.

O documento continua informando que o CNPq oferecerá estágios (referin-


do-se ao Museu de Zoologia da USP) e bolsas de estudos. Neste documento, a
única menção que podemos inferir ser relacionada aos acervos de C&T é quando
cita “programas voltados para a memória científica”. Até o momento não tive-
mos acesso a outros documentos oficiais do CNPq a respeito do programa. Foi
realizado contato via e-mail com George Zarur, que gentilmente colocou à nossa
disposição os documentos relacionados ao assunto em sua posse, bem como a
possibilidade de um depoimento oral.
Uma fonte interessante sobre o programa encontra-se na edição de 1983 da
revista Ciência e Cultura, que publicou um artigo intitulado “Preservação da Memó-
ria Científica Nacional”. O texto transcreve trechos de reportagem do jornal Última
Hora de maio de 1982 que também ilumina certos aspectos de sua abrangência:

O programa tem como objetivo promover o apoio ao desenvolvimento, preservação


e uso dos museus e coleções científicas brasileiras; desenvolver programas de trei-
namento na área de museus; apoiar a pesquisa e implantação de novas técnicas de
comunicação com o público em museus; identificar e procurar suprir as necessida-
des mais prementes dos museus brasileiros no que se refere a espaços, instalações e
instrumental; integrar o esforço de diversos órgãos envolvidos com a problemática
de museus, com o objetivo de direcionar seus esforços em um sentido comum, in-
clusive no que se refere a recursos financeiros; propor medidas na área de legisla-
ção, com o fim de proteger e formular uma política integrada de preservação do
patrimônio científico e apoiar pesquisa científica, realizada em museus (CIÊNCIA E
CULTURA, 1982).

De fato, havia consciência por parte do CNPq, de que era necessária uma
intervenção do órgão na preservação do acervo de suas unidades de pesquisa.
O artigo continua dizendo que “o programa de apoio a essas instituições teve ori-
gem quando o CNPq constatou que a problemática de preservação – a pesquisa
e a avaliação do patrimônio natural e cultural dos brasileiros – era muito gran-
de” (CIÊNCIA E CULTURA, 1982) e reconhecia a situação precária em que se en-
contravam os museus brasileiros. Foi direcionado ao programa um montante de
Cr$ 45 milhões10, com recursos próprios do CNPq, no ano de 1983.

10 O valor convertido em reais atualmente equivale a R$16.363,65.

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5. Considerações finais
Consideramos o período estudado (primeiros anos da década de 1980) como
fundamental para a trajetória da preservação dos acervos oriundos da Ciência e
Tecnologia no Brasil. O contexto político e social do momento (redemocratização
e articulação da comunidade científica) foi propício para a criação de instituições
voltadas à preservação desses objetos, bem como à sua divulgação ao público,
além da busca pelo despertar de aptidões para a área científica e tecnológica, por
meio da aproximação dos métodos científicos aos estudantes.
Percebemos que a as ações para a preservação do patrimônio cultural cien-
tífico no Brasil se desenvolveram de forma dissociada do patrimônio artístico e
histórico nacional. Enquanto o primeiro foi contemplado pelo Estado somente
nos anos finais da década de 1970/1980, no segundo caso, embora ainda não
existisse o conceito de política pública, houve uma ação direta do Estado na pre-
servação e gestão do patrimônio nacional, consolidado com a criação do SPHAN
em 1937. No entanto, uma das características observadas, tanto na área da cultu-
ra, quanto na da ciência e tecnologia é o fato de que, a partir dos anos 1970/1980,
muitas das iniciativas a respeito da preservação do patrimônio nacional foram
feitas pela articulação de pequenos grupos.
O MAST, atualmente, é instituição-referência na preservação de acervos cien-
tíficos e na capacitação de profissionais voltados à área. Seus pesquisadores de-
bruçaram-se, ao longo dos anos, no tratamento dado a acervos culturais com as
especificidades dos de C&T, no que se refere à documentação e conservação tan-
to de objetos musealizados, quanto dos que estão sob a guarda de instituições
de ensino e pesquisa, sensibilizando a sociedade para a preservação destes teste-
munhos da pesquisa realizada em laboratórios e utilizada no ensino nas áreas das
ciências exatas. Além disso, o MAST tem contribuído para a História da Ciência
ao aprofundar o conhecimento sobre os instrumentos de pesquisa que foram
utilizados em expedições científicas ao longo dos séculos XIX/XX, instrumentos
esses que tiveram grande contribuição na construção e no desenvolvimento das
ciências no Brasil, tais como a Física, Engenharia, Astronomia, entre outras.

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