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Ritos Maçônicos Adotados pelo Grande Oriente do Brasil (*)

SUMÁRIO

Rito Adonhiramita 02
Rito Brasileiro 08
Rito Escocês Antigo e Aceito 34
Rito Moderno 69
Rito Schröder 130
Rito York (Emulação) 179
Rito Escocês Retificado 210
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SIMBOLISMOS DO RITO ADONHIRAMITA

IrMarcos José Santos da Silva


Or de Niterói -RJ

INTRODUÇÃO

Na ritualística Adonhiramita encontramos vários simbolismos que, aparentemente,


têm pouco significado para alguns Obreiros do Rito, ou mesmo nenhum significado para os
Maçons praticantes de outros Ritos, devido ao escasso conhecimento destes, dos grandes
ensinamentos contidos nos mesmos, mas que são de muita importância a sua compreensão, por
se destinarem a aprimorar o nosso interior e nos levar a um real entendimento dos objetivos
dos trabalhos maçônicos. Analisaremos alguns destes simbolismos, no que se refere à
apresentação exterior, sempre preservando ou salvaguardando os mistérios contidos em nossas
Iniciações Simbólicas, as quais estamos impedidos de comentar por estarem sob juramentos.
Iniciaremos traçando alguns comentários sobre o simbolismo do traje Adonhiramita. O traje do
Rito, como o de todos os Maçons, é o terno preto liso, cinto, sapato e meia pretos e camisa,
gravata e luva brancas. Os itens que destacam os Maçons Adonhiramitas são as luvas e as
gravatas brancas, sendo estas do tipo corrida nas Sessões Ordinárias, e tipo borboleta nas
Sessões Magnas, obrigatórias para todos os Obreiros, os Aventais, o Chapéu e a Faixa com a sua
respectiva Jóia designativa da sua qualidade, usadas pelos Mestres Maçons, quando sem cargo
em Loja ou em visita a outras Lojas. Os Mestres com Cargo em Loja, devem substituir a Faixa
pelo Colar Azul-Celeste trazendo a Jóia designativa do seu cargo, conforme o estabelecido no
Ritual do Grau 1-Adonhiramita, que também relembra que o Balandrau só é permitido ser usado
ritualisticamente, pelo Irmão encarregado da recepção dos Candidatos nas Sessões Magnas de
Iniciação, não devendo ser usado nas demais reuniões.

AS LUVAS BRANCAS

A representação simbólica do uso das Luvas Brancas está contida nas palavras do
Mestre-de-Cerimônias ao fazer o convite para os Obreiros ingressarem no Templo para o início
dos trabalhos, quando diz: "Se desde a Meia-Noite, quando se encerraram nossos últimos
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trabalhos, conservastes as mãos limpas, calçai as vossas luvas". Esta sentença nos remete ao ato
praticado pelos Mestres Eleitos na lenda da construção do Templo de Salomão, quando os
mesmos calçaram luvas de pele brancas, para demonstrar que suas mãos estavam limpas e
puras, ou que eram inocentes do fato ocor- rido na lenda. Esta simbologia também é
apresentada nas Cerimônias de Iniciação, quando é feita a entrega das Luvas Brancas aos novos
Neófitos, e Ihes é dito para nun- ca manchar a sua brilhante alvura nas águas lodosas do vício,
por elas representarem a candura que deve reinar na alma do homem de bem e a pureza de
nossas ações.

AS GRAVATAS BRANCAS

A representação simbólica, do uso das gravatas brancas, também nos reporta à lenda
da construção do Templo de Salomão, quando do súbito desaparecimento do Mestre Arquiteto,
quando o Adonhiramita não apresenta o sentimento exterior de luto, mas sim a nossa alegria e
júbilo ao recebermos o novo Mestre Maçom, quando este se levanta do túmulo simbólico e
aclamamos Vivat, Vivat, Vivat, (pronuncia-se vivá) acreditando-se que este novo Mestre
Simbólico recebe verdadeiramente o Espírito Maçônico, espírito de tolerância e amor fraterno,
tornando aquela situação triste em situação festiva, estan- do, portanto, o uso da gravata
branca, simbolicamente, associado a um ato de alegria pela presença da Luz na vida maçônica
do novo Mestre Iniciado.

OS AVENTAIS

Os Aventais Adonhiramitas usados nos Graus Simbólicos são, como os de todos os


Maçons, as peças essenciais da vestimenta maçônica, porque só com eles o Maçom estará
convenientemente vestido para participar das Sessões Ritualísticas. Os nossos Aventais
modernos originaram-se dos Aventais usados nos Rituais do antigo Egito e foram se modificando
ao longo dos anos, até chegarem à forma atual. Todos os Aventais Adonhiramitas são,
simbolicamente, de pele branca, como símbolo de pureza. O Avental do Aprendiz todo branco,
simbolizando a sua inocência, é usado com a abeta levantada, de maneira que forme uma figura
de cinco pontas, ou seja, um triângulo sobre um quadrado, significando que nesta etapa a
matéria deve ser trabalhada ou lapidada. O Companheiro Adonhiramita usa um Avental Branco
debruado de azul-celeste, que indica que nesta etapa o azul do céu começa a tingir a brancura
do mesmo para que a sua inocência comece a ser substituída, até certo ponto, pelo
conhecimento. A abeta é rebaixada, simbolizando que o espírito está atuando na matéria, e
apresenta a estrela rutilante, símbolo do homem quíntuplo, também na cor azul-celeste
bordada na mesma. O Companheiro Adonhiramita usa também nos trabalhos, um Colar estreito
branco, com contorno externo debruado de azul-celeste, portando uma estrela rutilante
prateada como Jóia. O Avental do Mestre Maçom Adonhiramita também é branco orlado com
debrum azul, apresenta um olho cercado de resplendor bordado na abeta dentro de um
triângulo eqüilátero e no corpo do Avental apresenta um Compasso sobreposto a um Esquadro
com·a letra "G" no centro, e ramos de Acácia servindo de or- nato, tudo isto simbolizando a
imortalidade da alma do Mestre e que o espírito está predominando sobre a matéria.
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O CHAPÉU

O uso do Chapéu na Maçonaria é bem antigo; estes, conforme nos narra a história,
surgiram para substituir as antigas carapuças usadas na Idade Média. Os Chapéus foram
primeiro usados pelos egípcios na Antigüidade e posteriormente pelos gregos que usavam um
chapéu de palha de fundo pontudo que era denominado de "THOLIA", e só se tem conhecimento
do seu uso na Europa após o século XVII. Na Maçonaria, o Chapéu passou a ser usado a partir
do século XVIII como símbolo hierárquico e esotérico. Naquela época, em Lojas de Aprendiz e
Companheiro, só o Venerável tinha o privilégio de usar o Chapéu dentro da Oficina. Este
procedimento até hoje é observado pelo REAA, praticado pelas Grandes Lojas. Esta
prática era realizada como Símbolo de superioridade do Venerável sobre os demais Obreiros,
porém, em Sessão de Câmara do Meio, todos os Mestres permaneciam com o Chapéu na cabeça
como Sinal de Igualdade. O costume de somente o Venerável usar o Chapéu em Loja nos Graus
inferiores, deve ter tido origem no Cerimonial das Cortes daquela época, onde estando o rei
presente, somente ele tinha o direito de estar coberto, pois o Chapéu era o emblema de
soberania. Como o Venerável representa o rei Salomão, só ele tinha o direito de usar o Chapéu
nos Graus inferiores. Na Câmara do Meio, porém, o Venerável é apenas o presidente de uma
assembléia de pares, igualando-se a todos os presentes. Esotericamente, o Chapéu destina-se a
cobrir os cabelos dos Obreiros em Loja, por estes serem receptores de vibrações sutis; e,
cobrindo a cabeça, o Mestre se protege e demonstra que nada mais tem a receber, isto é, que
chegou à plenitude maçônica ou à verdadeira iniciação simbólica. Esta prática é observada nas
mais diversas filosofias religiosas ou não, quando seus líderes usam uma cobertura sobre a
cabeça ou até mesmo raspam a cabeça para não sofrerem influências externas, fato este que
observamos nas filosofias orientais, no judaísmo, no islamismo e nas igrejas católicas e
ortodoxas, nos cultos afro-brasileiros e em diversas seitas, onde são usados turbantes, solidéus,
tiaras, mitras, etc. Atualmente, os Mestres só se cobrem nas Sessões de Câmara do Meio, exceto
no Rito Schröder em que todos os Obreiros se cobrem desde Aprendiz. E no Rito Adonhiramita,
onde todos os Mestres usam o Chapéu em todas as Sessões de Graus Simbólicos, afirmando
assim que são ca pazes de segurar o primeiro Malhete da Loja e de comportarem-se, quando for
o caso, como dignos soberanos Iniciados. É importante relembrar que devemos nos descobrir
toda vez que seja feita menção ao GA D U em Loja, na abertura e fechamento do Livro
da Lei e em sinal cívi- co e de respeito nas execuções do hino nacional e da bandeira.

CERIMÔNIA DE INCENSAÇÃO

O procedimento para a realização da Cerimônia de Incensação encontra- se


minuciosamente detalhado no Ritual do Aprendiz Maçom Adonhiramita, e tem por objetivo
preparar os Obreiros para a obra que vão efetuar. O incenso usado na Cerimônia tende a
purificar aquela parte da natureza do homem chamada Corpo Astral ou Emocional, devido
irradiar vibrações intensamente purificadoras.

O uso de incenso é inteiramente científico, pois sabemos que não há matéria morta
porque todos os seres e todas as coisas da natureza possuem e irradiam suas vibrações e
combinações de vibrações. O Cerimonial visa então tornar o ambiente em Loja calmo e
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sossegado, estabilizando as nossas emoções, para nos capacitar a responder as influências


Superiores, dissipando nossas ansiedades, preocupações e desejos oriundos do mundo profano.

Há aqueles que demonstram preconceito contra o uso do incenso, por o suporem


exclusivos das cerimônias religiosas, porque unicamente nelas o tem visto ser usado. Mas
aqueles que estudam ou freqüentam outras entidades ou ordens de cunho filosófico e esotérico,
sabem que todas elas usam o incenso, numa ou noutra forma, por conhecerem os seus efeitos
benéficos. Por que nós não o haveríamos de usar, se os trabalhos em Loja visam expandir e
elevar a nossa consciência? Devemos pois nos esforçar para colocar-nos em boas condições
mentais e emocionais, e o incenso oferece uma fortalecedora corrente vibratória que nos
ajudará a manter o equilíbrio e alcançar a calma e a estabilidade que necessitamos para realizar
os nossos trabalhos. Recomendamos que todo Irmão incline respeitosamente a cabeça ao
receber a incensação, principalmente os Irmãos situados nas colunas, como prova de que dedica
toda a sua força e vigor ao Grande Arquiteto do Universo e a sua obra.

CERIMONIAL DO FOGO

Este Cerimonial na realidade tem seu início antes da abertura da Loja, quando a Chama
Sagrada que irá presidir os trabalhos é reanimada pelos quatro Irmãos, que simbolicamente
representam os quatro pontos cardeais, que adentram o Templo antecipadamente para este
fim.

A Chama Sagrada é o emblema do Sol que é o símbolo visível ou do mundo físico da


divindade que nos emite continuamente sua energia como luz e calor, sem os quais não haveria
vida no planeta.

O Cerimonial do Fogo tem, portanto, o propósito de se levar simbolicamente estas


energias, luz e calor, para as regiões do orbe terrestre que o Templo representa, indo do Oriente
para o Ocidente no seu acendimento, e realizado no sentido oposto no seu adormecimento
porque o Sol tem no Ocidente o seu ocaso.

Compreende-se muito pouco o significado do fogo nas Cerimônias Maçônicas, mas


sabemos que uma vela acesa com intento religioso equivale a uma oração, e sempre atrai do
alto um fluxo de energia positiva. Entendemos que as frases pronunciadas pelo Venerável
Mestre e pelos Vigilantes por ocasião do acendimento das chamas, têm o objetivo de atrair estes
fluxos de energias, por eles representarem simbolicamente cada qual um aspecto do Logos.
Quando o Venerável Mestre diz: "Que a luz da sua Sabedoria ilumine os nossos trabalhos" é
importante que todos os Irmãos o auxiliem nesta invocação ou esforço para atrair o Aspecto
Divino do Amor-Sabedoria para derramar-se sobre todos em Loja. Da mesma maneira quando o
Primeiro Vigilante diz: "Que a luz de sua Força nos assista em nossa obra", todos devem pensar
intensamente no Aspecto Força-Vontade Divina, desejando que esta energia flua por seu
intermédio; e, por último, quando o Segundo Vigilante diz: " Que a luz da sua Beleza se manifeste
em nossa obra", devemos pensar no Aspecto Beleza-Inteligência Divina fluindo para todos
através dele. Isto deve ser consolidado ao invocarmos "Que assim seja" após o pronunciamento
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das referidas frases. O mesmo procedimento deve ser observado por ocasião do
adormecimento do fogo quando é invocado "Que a luz da sua beleza continue flamejante em
nossos corações", pelo Segundo Vigilante, "Que a luz da sua força permaneça atuante em nossos
corações", pelo Primeiro Vigilante, e "Que a luz da sua sabedoria habite em nossos corações"
pelo Venerável Mestre, sendo o Cerimonial totalmente concluído ao ser adormecida a Chama
Sagrada, após a saída de todos os Irmãos do Templo, pelos mesmos Irmãos que realizaram o seu
avivamento no início dos trabalhos.

Sabemos que igualmente ao Sol que derrama incessantemente sua luz e calor
indistintamente sobre toda a humanidade, o Grande Arquiteto do Universo emite
continuamente suas energias, e a nós compete abrir o canal para es- tas energias e a realização
do seu serviço. Observamos que estas Cerimônias são executadas exatas e de maneira brilhante,
mas vários Irmãos não percebem a importância do pensamento nele con- centrado e a
compreensão de todo o seu alcance e significado. Devemos pois trabalhar com amor e
abnegação, rogando as bênçãos do Grande Arquiteto do Universo para que alcancemos a
verdadeira iluminação.

CARACTERÍSTICAS DOS TEMPLOS ADONHIRAMITAS

Como sabemos, todos os Templos Maçônicos são representações simbólicas do


templo mandado construir pelo Rei Salomão, conforme o relato contido nas Escrituras Sagradas
nos livros de Reis I e Crônicas 11, e que representam também, simbolicamente, o macro e o
microcosmo, com o seu plano representando a superfície da terra com o universo a sua volta
simbolizando o macrocosmo, e tendo deitado sobre esta mesma superfície a figura de um
homem simbólico a ser desenvolvi- do, simbolizando o microcosmo.

No Templo Adonhiramita a figura deste homem simbólico e apresentado


contemplando o universo, ou seja, em decúbito dorsal, com as pernas no ocidente levantadas a
90 graus, que são representadas pelas colunas do Templo, onde à direita, que deve ser o
primeiro lado do corpo a ser desenvolvido, nós chamamos de coluna "J" e a da esquerda de
coluna "B", ficando geograficamente a coluna "J" ao Norte e a coluna "B" ao Sul, sendo por este
motivo que o Adonhiramita adentra o Templo com o pé direito e da troca das posições das
colunas do Templo em relação aos outros Ritos.

A cabeça deste homem simbólico representado está posicionada no Oriente, sendo a


sua consciência simbolizada pelo Livro da Lei depositado sobre o Altar dos Juramentos, ali
situado, juntamente com o Esquadro e o Compasso, que regulam o nosso modo de agir, estando
iluminado pela Chama Sagrada de onde simbolicamente emana toda a Luz.

DISPOSIÇÃO DOS LUGARES EM LOJA

Observando-se a marcha do sol, e considerando-se o Templo Maçônico como o


macrocosmo, em relação à terra, vemos que este nasce no Oriente, o Leste terrestre, onde está
colocado o Venerável Mestre, passa pelo Sul, ao meio-dia, onde estão colocados os
Companheiros Maçons, e se põe no Ocidente mais ao Norte, no Setentrião ou pólo norte, que é
o local menos iluminado da terra e, conseqüentemente, do Templo, e é o local onde são
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colocados os Aprendizes, considerando que estes receberam uma luz muito fraca não estando
em condições de receber maior claridade. Nesta coluna está colocado o Segundo Vigilante,
responsável de transmitir as instruções aos Irmãos Aprendizes. Na coluna do Sul está colocado
o Primeiro Vigilante, responsável pelas instruções dos Irmãos Companheiros.

Os Mestres Maçons ocupam a Câmara do Meio, que é permanentemente ilumina- da,


ficando em plenitude com o universo, e expandindo as suas consciências de acordo com seus
livres-arbítrios ou vontade, uma vez que as suas personalidades é que vão arbitrar os rumos que
devem seguir, estando as suas disposições todos os recursos que a Maçonaria oferece como a
mais perfeita Escola de Filosofia e de Doutrina Moral que existe, que visa ao aprimoramento do
ser humano para que seja alcançada a Fraternidade Universal ou as corretas relações humanas.

O local dos Altares do Venerável Mestre e dos Vigilantes forma um triângulo isósceles,
com o vértice principal para cima, que simbolicamente representa os três atributos da Divindade
ou Tríade Superior que são a Sabedoria, a Força e a Beleza. Outro triângulo isósceles com o
vértice principal para baixo, também é formado pela disposição dos Altares do Orador e do
Secretário e o local do Cobridor Interno, que deve se situar na linha imaginária que divide o
Norte e o Sul ficando em frente ao Venerável Mestre no eixo Oriente/Ocidente, este triângulo
representa a Personalidade ou a Tríade Inferior, que são o corpo mental inferior, o corpo astral
ou emocional e o corpo físico, que são representados pelos ocupantes dos cargos acima citados.

Estes dois triângulos entrelaçados dentro de um círculo que no Templo é representado


pela expansão da luz da lâmpada mística que fica suspensa no centro do Templo, formam a
representação do que chamamos Selo de David, que é o Símbolo do Iniciado. Este ponto central
do Templo, onde se situa a lâmpada mística, juntamente com os pontos dos vértices dos
triângulos superior e inferior, representam os sete centros de força do Homem Simbólico ou
microcosmo e, como preconiza a Lei Hermética de que o que está em cima é semelhante ao que
está embaixo, concluímos afirmando que o Templo Maçônico Adonhiramita é a mais perfeita
representação do Homem Iniciado em união com o Grande Arquiteto do Universo.
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O RITO BRASILEIRO (*)

O Rito Brasileiro está fincado nos pressupostos da Ordem, referente à


regularidade, à legalidade e à legitimidade. Acata os landmarques e demais postulados
tradicionais da Maçonaria, com os usos e costumes antigos. Proclama a glória do Deus
Criador e a Fraternidade dos homens. Estabelece a presença, nas suas sessões, das Três
Grandes Luzes: o Livro da Lei, o Esquadro e o Compasso e emprega os símbolos da
construção universal. Pode, dessa forma, ser praticado em qualquer país.

Tem, como base ritualística, a da Maçonaria Simbólica (graus de Aprendiz,


Companheiro e Mestre) sobre a qual se eleva a hierarquia filosófica de 30 altos graus
(graus 4 a 33).

O Rito Brasileiro é evolução, é futuro, é canção do futuro. No preâmbulo da


Constituição de 24 de junho de 2000, além da característica dos elementos inspiradores,
há normas precisas, na seguinte redação:

- Nós, os Membros Efetivos do Supremo Conclave do Brasil, reunidos em função


Constituinte para instituir uma Potência Maçônica soberana, legítima e legal - destinada
a cumprir as exigências de Regularidade internacional; permitir às suas Oficinas o
exercício pleno da defesa dos direitos da pessoa humana, sem preconceitos de origem,
raça, sexo, cor, idade e quaisquer formas de discriminação; condenar a exploração do
homem, a ignorância, a superstição e a tirania; proclamar que o direito ao trabalho, à
tolerância, à livre manifestação do pensamento e de expressão constituem apanágios
da Franco-Maçonaria, cujo fim é a Liberdade, a Igualdade e a Fraternidade, tendo a
Justiça como valor inexcedível da sociedade humana fundada na harmonia social e
comprometida com a solução pacífica das controvérsias promulgamos, sob o império
da Razão e a proteção do Supremo Arquiteto do Universo, a seguinte CONSTITUIÇÃO
DO RITO BRASILEIRO DE MAÇONS ANTIGOS, LIVRES E ACEITOS.

Efetivamente, a partir do preâmbulo da Carta vigente, o Rito Brasileiro orienta


suas Oficinas e seu contingente maçônico no exercício pleno da defesa dos direitos da
pessoa humana, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer formas
de discriminação; combate à exploração do homem, à ignorância, à superstição e à
tirania; valor inexcedível da sociedade humana fundada na harmonia social e
comprometida com a solução pacífica das controvérsias. Isso implica justiça social e,
antes de tudo, solução de problemas como fome, subnutrição, doença e desabrigo;
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império da Razão que, no contexto do mercado livre, pode ser ferramenta para a divisão
harmoniosa dos recursos e das riquezas. Isso realizaria a justiça social perpétua e
dissiparia os temores de catastrófico neo-maltusianismo.

O Rito Brasileiro é produto da doutrina, da inteligência e da sabedoria de todos


os Ritos que se acomodam sob o Pálio do GOB, isto é, dos Ritos Escocês, de York,
Schröeder, Adonhiramita e Moderno.

Prova disso é que o Rito foi fundado, reconhecido, consagrado e autorizado


pelo GOB, por Decreto do Grão-Mestrado, Resoluções da Soberana Assembléia Federal
Legislativa e decisões do Conselho Geral da Ordem (atual Suprema Congregação).

Mediante Decreto, o GOB determinou que o Rito Brasileiro acompanhe a


evolução humana. Assim, Álvaro Palmeira, na condição de Grão-Mestre Geral do GOB
deixou, nas consideranda, do Decreto nº 2.080, de 19.03.1968, expressões assim:

“12. Considerando que a Maçonaria, sem perder esse caráter principal, intrínseco e
característico de Instituição Iniciática de formação moral e filosófica, deve, entretanto,
está presente ao estudo dos problemas da civilização contemporânea e neles intervir
superlativamente, para que a Humanidade possa encaminhar-se, sobre o suporte da
Fraternidade, a um mundo de Justiça, Liberdade e Paz, porque não há antagonismo
entre a Verdade e a Vida”.

E, como assinala ANTÔNIO CARLOS SIMÕES, em livro inédito:

- Já em fins dos anos 60, quando começavam os estudos para implantar a Nova Ordem
Mundial, o neoliberalismo, o Supremo Conclave estava consciente de que se esgotara o
período iniciado em 1717; era preciso dar início ao quarto período da Maçonaria. Muitas
barreiras foram ultrapassadas.

O QUE É O RITO BRASILEIRO

• É um Rito Regular, Legal e Legítimo, porque acata os Landmarques e demais Princípios


tradicionais da Maçonaria, os Usos e Costumes antigos; proclama a glória do Deus
Criador e a fraternidade dos homens; estabelece a presença nas Sessões das Três
Grandes Luzes: o Livro da Lei Sagrada, o Esquadro e o Compasso; e emprega os
símbolos da construção universal, podendo assim ser praticado em qualquer País.

• Sua base é a Maçonaria Simbólica universal de São João (graus de Aprendiz,


Companheiro e Mestre). Sobre ela se eleva a Hierarquia de 30 Altos Graus (do grau 4
ao 33).
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• O Rito Brasileiro concilia a Tradição com a Evolução, para que, assim, a Maçonaria não
se torne uma força esgotada.

Especializa-se no cultivo da Filosofia, Liturgia, Simbologia, História e Legislação


maçônicas e estuda todos os grandes problemas nacionais e universais com implicações
ou conseqüências no futuro da Pátria e da Humanidade. Realiza a indispensável cultura
doutrinário-maçônica e também a cultura político-social dos Obreiros.

• Impõe a prática do Civismo em cada Pátria, porque a Maçonaria é supranacional, mas


não pode ser desnacionalizante.

• O Rito Brasileiro conviverá fraternalmente com todos os Ritos Regulares, através da


inter-visitação e da inter-filiação. O Rito exige dos Obreiros a Vida Reta e o Espírito
Fraterno e suas legendas são: - URBI ET ORBI e HOMO HOMINI FRATER.

HISTÓRIA DO RITO BRASILEIRO

Fala-se que o Rito Brasileiro teria tido uma origem aparentemente romântica
em Pernambuco, quando o comerciante e maçom José Firmo Xavier pertencente à
Grande Loja Provincial de Pernambuco, provavelmente pertencente ao Grande Oriente
do Passeio, no século XVIII, segundo alguns autores em 1878 e segundo outros em data
muito anterior ou seja mais ou menos em 1848, o qual com um contingente além dele
e mais 837 maçons, elaboraram uma Constituição Especial do Rito Brasileiro, colocando
o mesmo sob a tutela de D. Pedro II e do Papa. Existem depositados na Biblioteca
Nacional no Rio de Janeiro, dois documentos que pertenceram à D. Pedro II que nos dão
informações sobre esta entidade e que tem o seguinte enunciado:

“ConstMaç do Esp Rit Brazde Nob e Aug


Caz Cor Liv sob os Ausp de
SMISDPSIB meu Alt e PodGrda
OrdBraz em todo o Circulo do Império Brazileiro,
offerecido à SMIDPSI do BrazAlt e
PodSenGrMest da Ordem Brazileira”.

Entretanto, a D.Pedro II que nunca foi maçom, José Firmo Xavier lhe outorgou
o grau 23º, e o considerava o Grande Chefe Protetor, quanto a si, auto-intitulou-se
Grande Chefe Propagador “ad vitam” sendo que, no caso de seu falecimento seria
11

substituído por um Grande Chefe Conservador. Senão estranho, todavia, muito curioso
e interessante.

Tratam-se tais documentos de manuscritos que foram oferecidos ao Imperador,


pensando que o mesmo aceitasse ser Grão-Mestre, ou, no mínimo, ser o Protetor deste
movimento que pretendiam fundar. Entretanto, D.Pedro II, muito embora nunca tenha
sido inimigo da Maçonaria jamais pensou em ser maçom. Guardou os documentos e
posteriormente os entregou à Imperatriz Dona Thereza Cristina Maria de Bourbon. Daí
a explicação porque estes documentos estão no Museu Nacional, felizmente até certo
ponto, porque se estivesse em algum arquivo ou biblioteca de algum particular temos a
certeza de que dificilmente teríamos notícia desta preciosidade.

Aquele Rito, naquela ocasião não vingou, porque, entre outras contradições,
não aceitava que fossem iniciadas pessoas que não fossem nascidas no Brasil,
mostrando um nacionalismo inconseqüente e além do mais, D. Pedro II não estava
muito interessado em Maçonaria, apesar de seu pai ter sido maçom. Assim como, não
teria lógica um rito maçônico se colocar sob a tutela do Imperador e do Papa.

Estamos mencionando este fato mais como uma citação, diga-se de passagem, porém
sem considerá-lo como um movimento maçônico propriamente dito, e sim como uma
sociedade secreta nos moldes da Maçonaria para se colocar a serviço do Imperador e
da religião Católica, talvez até com fins políticos, ou ainda para obter as benesses do
governo imperial.

Esta história caiu no esquecimento e este “Rito” que pretendiam fundar não
deu certo. Mas, após iniciada a Primeira Grande Guerra Mundial em 1914, o Grão-
Mestre Geral do Grande Oriente do Brasil, o Soberano Irmão Lauro Sodré (Lauro Nina
Sodré e Silva, nascido em 17.10.1858 em Belém do Pará e falecido no Rio de Janeiro em
16.06.1944 – Iniciado na Loja “Harmonia” de Belém PA em 01.08.1888), através do
Decreto n.º 500 datado de 23.12.1914, determina, e, em reunião de 21.12.1914, o
Ilustre Conselho Geral da Ordem aprovou o reconhecimento e incorporação do Rito
Brasileiro entre os que compõem o Grande Oriente do Brasil, com os mesmos ônus e
direitos, regido liturgicamente pela sua Constituição particular.

Existem autores que ligam este fato à militares nacionalistas. Não nos parece
provável. Poderia até existirem militares ligados à fundação do Rito, como sempre eles
estiveram presentes no GOB em toda a sua existência, não tanto por sua posição de
militar, mas como verdadeiros maçons e idealistas da Ordem. Este é um fato inconteste
que não se pode negar. Entretanto, o Rito não progrediu naquela época, mesmo
12

seguindo-se mais dois Decretos complementares impondo e confirmando a legalidade


do Rito, assinados pelo Grão-Mestre Geral Adjunto o Almirante Veríssimo José da Costa,
que substituiu o Irmão Sodré após a sua renúncia para exercer o cargo de Governador
do Pará, ou seja, o Decreto n.º 536, de 17.10.1916 em que ratificava o Decreto de Sodré
afirmando em seu artigo 1.º que: “Fica reconhecido, consagrado e autorizado o Rito
Brasileiro criado e incorporado ao Grande Oriente do Brasil pelo Decreto n.º 500, de
23.12.1914”, e o Decreto n.º 554, de 13.06.1917, em seu artigo único assim se referiu: “
Fica adotada e incorporada ao patrimônio da legislação do Grande Oriente do Brasil a
Constituição do Rito Brasileiro contendo sua Declaração de princípios, Estatutos,
Regulamentos, Rituais e Institutos”.

Percebe-se, assim, que este Irmão estava muito empenhado na fundação do


Rito e que talvez possa ter sido o principal incentivador da fundação do mesmo. Deu-se,
em seguida, um adormecimento temporário, já que tudo o que havia sido resolvido
apenas se restringia à sua idealização, sem, contudo, lojas fundadas, rituais, constituição
etc.. Era, assim, mais um movimento, de um grupo de Irmãos tentando fundar um novo
Rito.

Fala-se que em 1919 o então Grão-Mestre Geral, o Irmão Nilo Peçanha (Iniciado
na Loja “Ganganelli do Rio” em 11.10.1901, tomou posse em 21.07.1917,como Grão-
Mestre Geral do GOB. Havia sido Vice-Presidente da República gestão 1906/1910,
quando substituiu o Presidente da República Afonso Pena, por falecimento deste, no
período de 14.06.1909 a 25.11.1910. Depois Senador em 1912 e Governador do Estado
do Rio de Janeiro) teria assinado a 1ª Constituição do Rito Brasileiro, definida como
tendo o Rito 33 graus. Entretanto, não se confirma esta informação, pois lendo-se todos
os Boletins do Grande Oriente do Brasil daquele ano, não existem quaisquer referências
ou publicações a respeito. Imaginamos que uma decisão como esta teria que constar no
Boletim Oficial daquela Potência quer como Ato ou Decreto.

Entretanto, o que se conseguiu constatar nos Boletins do GOB e em especial o


de 11/1919 à página 12, foi que, em reunião do Conselho Geral da Ordem, de 07.11 uma
Loja do Rito Brasileiro de Recife comunicava a sua instalação em 26.10, tendo inclusive
enviado, para fins de registro, uma nominata de sua administração. Ainda no Expediente
da reunião de 24.11 foi lida uma Prancha da Loja Provincial do Rito Brasileiro de Recife.
Falaram a respeito vários Irmãos, entre eles o Irmão Octaviano Bastos , que segundo
consta, fazia parte do grupo interessado em solidificar o Rito Brasileiro. Entretanto, esta
Loja acabou sendo regularizada no Rito Adonhiramita, pois não haviam rituais, cobridor
do grau, constituição etc..

Em 1921, a Loja “Campos Salles” de São Paulo, fundada em 12.01.1921 hoje


uma Loja pertencente ao Rito de Emulação, naquela época dissidente do GOB, mandou
imprimir um Ritual que nada mais era que um plágio do Ritual de Emulação (chamado
13

impropriamente de “Rito de York Inglês”) com algumas adaptações, com o nome de Rito
Brasileiro.

Neste período esta Loja não pertencia ao GOB, porque, segundo consta, teria
havido fraude eleitoral no Poder Central, e o Grande Oriente Estadual de São Paulo
sentindo-se lesado, em vista de tal problema, tornou-se dissidente, desligando-se do
GOB e, uma vez independente, levou 62 (sessenta e duas) Lojas consigo nessa
dissidência.

Em verdade, até 1921, não existiam Rituais do Rito Brasileiro, sendo que, para
se compilar os três primeiros graus usou-se como base o Ritual de Emulação traduzido
do inglês por J.T. Sadler, em 1920 e impresso pelo Grande Oriente do Brasil. Estes Rituais
foram adotados e aprovados com algumas modificações, pelo Grande Oriente
Independente de São Paulo em 26.08.1921, como sendo do Rito Brasileiro. Não se
cogitou, nesta ocasião, dos graus superiores.

A Loja “Campos Salles” após serenados os ânimos voltou ao seio do GOB,


porém, trocando de Rito, primeiro para o REAA, logo depois para o de Emulação (“York
Inglês”). Depois de iniciada a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) voltou-se
novamente a falar em Rito Brasileiro.

Em Sessão do Grande Conselho Geral do Grande Oriente do Brasil de


22.07.1940 (página 109 do Boletim n° 7 e 8 de Julho e Agosto) na Ordem do Dia, usa da
palavra o Capitão Octaviano Bastos e “procede a leitura da Constituição do Rito
Brasileiro, a qual é aprovada por unanimidade. O Projeto de Lei obtivera parecer
favorável da Comissão de Legislação dispondo: “O Grão Mestre fica autorizado:

1. A ativar o funcionamento do Rito Brasileiro, de conformidade com sua Constituição,


e a iniciar a formação de seu ‘Conclave’, nomeando os seus primeiros fundadores. 2. A
estimular a instalação da primeira Oficina do Rito, dispensando todas as taxas a que
estiver sujeita e, bem assim os emolumentos dos três primeiros profanos que nela se
iniciarem. 3. Conceder favores idênticos às Oficinas que passarem a funcionar segundo
o Rito Brasileiro, dentro do prazo de 180 dias renunciando o regime capitular. 4.
Providenciar, junto ao ‘Conclave’, para que aos Maçons Capitulares dessas Oficinas,
sejam concedidos títulos do Rito Brasileiro, correspondentes aos altos graus possuídos,
com o fim de constituírem os respectivos corpos”.

O Grão-Mestre Geral do Grande Oriente do Brasil, Soberano Irmão Joaquim


Rodrigues Neves, através do Ato nº 1.617, de 03.08.1940, autoriza a organização do Rito.
Os mentores principais deste movimento foram o Irmão Álvaro Palmeira, que viria
posteriormente ser Grão-Mestre Geral do GOB e Octaviano Bastos, além de outros.
14

Realizaram três reuniões em 1940, quatorze em 1941, fundaram um Conclave em


17.02.1941, segundo Octaviano Bastos, constando da ata onze assinaturas como sendo
os organizadores do Conclave e Fundadores do Rito.

Foram fundadas algumas Lojas, além de outras que passaram a adotar o Rito,
estabeleceram insígnias, colares dos cargos, criaram os aventais, medalhas e usaram
aquele já citado Ritual de 1921. Era o novo Rito apesar das dificuldades, se impondo aos
poucos, tal qual uma criança que está crescendo.

• Ainda em 1941 foi publicada uma Constituição contendo 19 artigos. O Ritual era uma
cópia do Rito de York, acrescentando a Palavra de Passe para “Cruzeiro do Sul” e o
Rito era então composto de três graus: Aprendiz Companheiro e Mestre e mais quatro
títulos de Honra: 4º) Cavaleiro do Rito; 5º) Paladino do Dever; 6º) Apóstolo do Bem
Público; 7º) Servidor da Ordem, da Pátria e da Humanidade
Foi determinado que estes títulos seriam equivalentes para os visitantes a
saber; Cavaleiro do Rito - 4º - seria equivalente ao grau 18; Paladino do Dever - 5º -
seria equivalente ao grau 30; Apóstolo do Bem Público - 6º - seria equivalente ao grau
31; Servidor da Ordem da Pátria, e da Humanidade - 7º - seria equivalente ao grau 33.
Em Sessão de Emergência, havida no Rio de Janeiro, dia 18.09.1942, na Loja “Brasil”,
Rito Brasileiro, foi iniciado sendo imediatamente elevado ao grau 03, por motivos
políticos evidentemente, o Coronel Manoel Viriato Dornelles Vargas, irmão carnal do
ditador Getúlio Vargas, o qual tinha um outro Irmão também maçom o Cel. Protásio
Vargas.

Acresça-se que o pai de Getúlio Vargas, o General Manoel Nascimento Vargas,


herói da Guerra do Paraguai, e combatente da Revolução Federalista ao lado das forças
legalistas, foi iniciado em São Borja no dia 24.08.1876, na Loja “Vigilância e Fé”.

Entretanto, o Grão-Mestre Geral Joaquim Rodrigues Neves, posteriormente,


por problemas havidos com os mais importantes membros do Rito Brasileiro através dos
Decretos 1843,1844 e 1845 datados de março de 1944 suspende os direitos maçônicos
de vários “Servidores da Ordem e da Pátria” e entre eles os do Irmão Álvaro Palmeira,
seu Grão-Mestre Geral Adjunto, do Irmão Capitão Octaviano Menezes Bastos, Alexandre
Brasil de Araújo, Carlos Castrioto e do Coronel Dilermando de Assis, todos considerados
como organizadores e fundadores do Rito em 1940. Estava acontecendo mais uma briga
interna no GOB, com situações complexas que não vem ao caso comentá-las. Álvaro
Palmeira e seu grupo funda, então, a Grande Loja do Estado do Rio de Janeiro, quando,
em 1948, ele passa a fazer parte do Grande Oriente Unido, outra Potência dissidente a
qual foi finalmente incorporada ao Grande Oriente do Brasil em 22.12.1956. Tudo voltou
ao “normal”, quando, algum tempo após, o Irmão Álvaro Palmeira e seus seguidores
voltaram ao GOB, desta feita, politicamente fortes.
15

Somente em 13.03.1968, o Irmão Álvaro Palmeira, então Grão-Mestre do Geral


do GOB, que sempre batalhou pelo Rito, baixou o Ato nº 2.080, renovando alí os
objetivos do Ato n° 1617, de 1940. Com o apoio, agora firme, do Grão-Mestre Palmeira
foi mais fácil o Rito tornar-se uma realidade, começando, assim, a crescer. Foi talvez o
renascimento do Rito, quiçá considerado por alguns autores como o ano de sua
verdadeira fundação. Podemos dizer que, a partir daí, realmente o Rito começou a se
encontrar. Álvaro Palmeira fez as alterações que deveriam ser feitas, deu nova feição
aos Rituais com emendas na Constituição e outras providências, nomeou uma comissão
de 15 Irmãos com amplos poderes para revisar e reestruturar todo o Rito, para colocá-
lo dentro das exigências internacionais para se tornar um Rito regular, dando-lhe uma
abrangência universal, separando os graus simbólicos dos filosóficos.

Decorre, então, que em 10.06.1968 foi firmado um “Tratado de Amizade e


Aliança” entre o GOB e o Supremo Conclave do Brasil do Rito Brasileiro e ratificado pela
Soberana Assembléia Federal Legislativa em 27.07.1968. Em 1973, infelizmente, ocorreu
mais uma grave cisão na Maçonaria Brasileira.

Após desentendimentos entre a cúpula do GOB e alguns Grão-Mestres


Estaduais, cerca de dez Grandes Orientes se desligaram do GOB, constituindo a hoje
chamada COMAB (Confederação da Maçonaria Brasileira).

Convém frisar que o Rito Brasileiro é patriótico sem, contudo, ser nacionalista.
Tanto é verdade que ele prega que “Constitui um dos altos objetivos do Rito o incentivo
e a prática do Civismo em cada Pátria”. Desde que adaptado, poderá ser praticado como
sendo o Rito de qualquer país que o recepcione. Os graus superiores do Rito são
transparentes, modernos, objetivos, fluentes e de belíssima liturgia. Além de seu
desenrolar ser escrito em linguagem moderna e bastante compreensível.

É um Rito Teísta e a sua concepção de Deus é que ele seja o Supremo Arquiteto
do Universo, e não Grande Arquiteto do Universo, pois “grande” não define bem e com
profundidade a idéia de Deus, uma vez que “grande” é um epíteto muito usado
freqüentemente para definir coisas imensas. Porém, se respeita as concepções de
outros Ritos sem quaisquer restrições. O Rito Brasileiro é hoje uma realidade, e, apesar
de todos os seus percalços, ele está aí, ele existe e sempre existirá, e vai continuar
crescendo dentro de seu espaço, sem molestar ou interferir na prática dos outros Ritos,
os quais respeita, sem contestá-los.

Atualmente o Rito possui trinta e três graus, a saber:

GRAUS SIMBÓLICOS
16

1. Aprendiz

2. Companheiro

3. Mestre

• GRAUS FILOSÓFICOS

4. Mestre da Discrição

5. Mestre da Lealdade

6. Mestre da Franqueza

7. Mestre da Verdade

8. Mestre da Coragem

9. Mestre da Justiça

10. Mestre da Tolerância

11. Mestre da Prudência

12. Mestre da Temperança

13. Mestre da Probidade

14. Mestre da Perseverança

15. Cavaleiro da Liberdade

16. Cavaleiro da Igualdade

17. Cavaleiro da Fraternidade

18. Cavaleiro Rosa-Cruz ou da Perfeição

19. Missionário da Agricultura e da Pecuária

20. Missionário da Indústria e Comércio

21. Missionário do Trabalho


17

22. Missionário da Economia

23. Missionário da Educação

24. Missionário da Organização Social

25. Missionário da Justiça Social

26. Missionário da Paz

27. Missionário da Arte

28. Missionário da Ciência

29. Missionário da Religião

30. Missionário da Filosofia. Kadosh Filosófico

31. Guardião do Bem Público

32. Guardião do Civismo

33. Servidor da Ordem da Pátria e da Humanidade

Distribuição de Graus

Estes graus se distribuem através da várias Oficinas litúrgicas da seguinte


maneira:

• 1. Sublimes Capítulos (Graus 4 ao 18) dedicados à Cultura Moral

• 2. Grandes Conselhos Filosóficos (Câmaras dos graus 19 a 30 –Kadosh) dedicados à


cultura artística, científica, tecnológica, e filosófica.

• 1. Altos Colégios (graus 31 e 32) dedicados à cultura cívica

• 2. Supremo Conclave dedicado à síntese humanística.

O RITO BRASILEIRO E SUA RITUALÍSTICA

1 - TRAJE
18

O traje do Maçom, no Rito Brasileiro, é composto de terno, sapatos e meias


pretas; camisa branca; gravata de padrão adotado pelo Rito (bordô, lisa, sem
ornamentos), (o terno azul marinho é admitido). Os demais esclarecimentos estão no
RGF e na Legislação Maçônica vigente. Admite-se o uso do balandrau – art.
110, § 1º - RGF (veste talar, longo, de mangas compridas, na cor preta, sem insígnia
ou símbolo estampados), desde que usado com calça preta ou azul marinho,
sapato e meias pretas. Deve-se ressaltar que, originalmente, o verdadeiro
traje maçônico é o Avental, símbolo do trabalho, sem o qual o Maçom é
considerado desnudo.

Exclusivamente o V M usará em todas as sessões dos Graus Simbólicos o Avental de


sua dignidade e uma Estola (padrão do Rito).

O Venerável e os Vigilantes usarão nas sessões magnas os punhos (padrão do


Rito).

OBS.: Os Ex-Veneráveis usarão nas sessões apenas o Avental de MI, com a


respectiva jóia.

2 - CIRCULACÃO EM LOJA E SAUDACÃO

A circulação em Loja aberta é feita com passos natura e sem os


Sinais de Ordem e de Obediência (muitos maçons de nosso rito acham que
têm de andar com o Sinal de Obediência, o que não procede). Trata-se de uma prática
que impõem ordem e disciplina aos trabalhos.

Para circular em Loja há regras básicas essenciais que devem ser adotadas em
todos os graus simbólicos, ressalvados os procedimentos próprios dos mesmos.

No Ocidente, caminha-se sempre virando à direita (dextrógiro), contornando-


se a Loja. Um giro completo seria: passar ao lado do 1° Vigilante, ir até as escadas do
Oriente, passar em frente ao 2° Vigilante, passar ao lado do 1° Vigilante, sem formar
esquadrias nas conversões. No Oriente, se mantém o dextrógiro, contornando o Altar
dos juramentos, salvo expressa cominação do ritual.

Saudar o Venerável Mestre antes de subir os degraus para entrar e antes de


sair do Oriente e ao cruzar do Norte para o Sul, junto à balaustrada. de frente para o
Venerável Mestre.

Quando o Irmão entrar ou sair do Oriente faz a saudação (para entrar faz-se o
sinal em baixo antes de começar a subir os degraus e para sair no alinhamento da
19

balaustrada, de frente para o Venerável) quando não estiver com nenhum instrumento
de trabalho nas mãos; se estiver carregando algum objeto saúda o Venerável com uma
respeitosa inflexão da cabeça.

Falarão assentados: o Venerável, 1 ° e 2° Vigilantes, Orador, Secretário,


Tesoureiro e Chanceler.

Antes das sessões, todas as luzes do Templo devem ser acesas, permanecendo
apagadas somente por expressam disposição em contrário, no Ritual.

Exceções: os deslocamentos em cerimoniais próprios (recepção de autoridades,


incluindo a Bandeira Nacional; Iniciação, Elevação, Exaltação, Filiação, Regularização,
recepção de Membro Honorário, sessões públicas em geral), quando as saudações são
especialmente previstas.

O Mestre de Cerimônias, portando bastão, sempre acompanha, à direita e um


pouco à frente, os Irmãos que fora de funções específicas previstas nos rituais,
eventualmente se deslocam em Loja.

OBS.: O M de CCer portará bastão: 1) durante os Cortejos de entrada e saída do


Templo; 2) quando acompanhar Ir, no decorrer da sessão; 3) no Pálios de abertura e
de fechamento do Livro da Lei. Os DDiác portam bastão na formação dos Pálios
quando da abertura e fechamento do Livro da Lei. Não há deslocamento com
Sinal de Ordem ou Sinal de Obediência, salvo se expressamente previsto no ritual; não
há sinal com as mãos ocupadas, ou sentado, ou andando (para um sinal, salvo
disposições expressas dos rituais, exigem-se mãos livres, Obreiro em pé e parado, as três
condições reunidas).

Abertura da sessão, cerimônia de transmissão da Palavra: o 2° Vigilante, após


receber a Palavra do 2° Diácono, deve bater, imediatamente; e, tanto na
abertura como no fechamento, um diácono inicia seu deslocamento logo que o outro
recebe ou transmite a Palavra ao 1° Vigilante, não havendo necessidade de esperar a
conclusão total da circulação. O Rito se caracteriza por atos rápidos e enérgicos
sincronizados. O tempo não deve ser alongado, inutilmente. Os Oficiais devem se
deslocar com passos vivos, decididos, demonstrando que conhecem o trabalho, as Luzes
também devem demonstrar que sabem a seqüência da cerimônia, não perdendo um
longo tempo, sem dar logo a batida ou bateria na hora necessária.

Iniciados os trabalhos, nenhum Irmão pode se retirar do Templo sem que o


Venerável dê permissão. Autorizado, deixará o seu óbolo no Tronco de Beneficência, se
ainda não o tiver feito.
20

O Irmão que ingressar no Templo, após a circulação do Tronco de Beneficência,


está isento de nele concorrer.

OBS.: Todo Ir que estiver circulando carregando algum objeto ou instrumento, fará
saudação, com respeitosa inflexão de cabeça.

No Rito Brasileiro não existe a circulação do Sac de PProp


e IInfor. O mesmo deverá ficar no sala dos passos perdido da Loja em lugar visível,
os IIr deverão colocar ali suas correspondências antes de adentrarem ao Templo,
devendo o Ir.  Mestre de Cerimônias, ao entrar para o Templo, levá-lo consigo para,
no momento apropriado, conforme determina o ritual, abri-lo.

Também não existe no Rito a circulação do Livro de


Presença dentro de Loja. Todos os IIr deverão assiná-lo na sala dos Passos
Perdidos. Faltando algum Ir que, porventura, chegue após a abertura dos trabalhos,
deve, nesse caso, ser encaminhado pelo Mestre de Cerimônias ao altar do Chanceler
para assinar o livro e após tomar seu lugar em Loja.

O Venerável Mestre deverá assinar quando do término da sessão, encerrando-


a.

A Circulação do Tronco de Beneficência (a sistemática é a mesma para o


Escrutínio Secreto) que é feito pelo Irmão Hospitaleiro. Quando houver necessidade,
pode ser auxiliado pelo Ir Experto.

É feita com toda a formalidade que exige a ritualística. Começa pelo Oriente:
primeiro, o Venerável ou autoridade que presida a sessão; depois, as autoridades que
estão com o Venerável no Altar; a seguir faz o giro dextrógiro (pela direita) completo no
Oriente, sem a preocupação de hierarquia. Concluída a coleta no Oriente, o Hospitaleiro
desce ao Ocidente (ao descer saúda o Venerável, com respeitosa inflexão de cabeça).
Dirige-se ao 1º Vigilante; deste prossegue coletando toda a Coluna do Norte, lembrando
que o Ir Cobridor Int faz parte da Coluna do Norte e deve se recolher o seu óbolo,
pois no final ele só segura para que o Hospitaleiro contribua com a Beneficência, sem a
preocupação de hierarquia ou Grau, cumprido o trajeto normal. Concluída a Coluna do
Norte, vai ao 2º Vigilante, e faz a coleta da Coluna do Sul, também sem a preocupação
de hierarquia, ou grau, embora seja obrigado a fazer dois giros nesta Coluna devido à
posição do Segundo Vigilante, na parte média da Coluna, e a obrigatoriedade da
circulação dextrógiro. Para concluir, o Hospitaleiro faz seu próprio depósito com o
auxílio do Irmão Cobridor. Concluído o trabalho, encaminha-se diretamente ao
tesoureiro.
21

A Palavra é concedida a Bem Geral da Ordem e do Quadro. Simultaneamente é


feita a conferência da coleta pelo Tesoureiro e pelo Hospitaleiro. No momento
oportuno, ainda no tempo da Palavra a Bem Geral, o Tesoureiro anuncia o resultado da
coleta em moeda corrente do País.

Toda saudação, no Grau de Aprendiz, é feita pelo Sinal Gutural, exceto


quando o Ir estiver portando algum instrumento ou objeto de trabalho, nesse caso
fará uma respeitosa inflexão de cabeça ao Venerável Mestre.

Nas sessões do Rito Brasileiro, após o anúncio: "Em Loja meus Irmãos!", até a
declaração: "Está encerrada a Sessão. Retiremo-nos em paz!", toda movimentação será
feita obedecendo-se o sentido dextrógiro e todos os Irmãos, sem exceção, ao entrar ou
sair do Oriente, ou ao transpor o eixo norte-sul do Templo, junto a Balaustrada de frente
para o Venerável Mestre, fará a saudação.

A postura correta que os Irmãos deverão adotar durante as


sessões, quando estiverem assentados, é a de manter as pernas
dobradas em paralelo. Em nenhuma hipótese deverão cruzar as
pernas ou s braços ou assumirem outra posição menos formal.

3 - SINAIS MAÇÔNICOS E USO DA PALAVRA

3.1 - SINAL DE ORDEM:

É o sinal executado de acordo com o grau e da maneira prescrita no referido


ritual, quando:

• Estiver de pé e parado, pois não se anda em Loja com o sinal bem como não se faz
sinal estando sentado;

• Ao se levantar para fazer uso da palavra durante as sessões ritualísticas (fazendo a


saudação falada), passando logo após o Sinal de Obediência;

• Durante a marcha ritualística;

• Quando assim determinar o Ritual.

3.2 - SINAL DE OBEDIÊNCIA:

É usado na Abertura dos Trabalhos antes da Transmissão da Palavra Sagrada,


no encerramento dos Trabalhos após o fechamento do Livro da Lei e toda vez que o Ir
estiver de pé e parado para fazer uso da palavra (levanta-se em Sinal de Ordem, saúda
22

o Venerável e Vigilantes e passa ao Sinal de Obediência automaticamente). Faz-se


colocando a mão direita aberta por cima da esquerda sobre o Avental.

3.3 - SINAL DO RITO:

É feito quando do encerramento da sessão, conforme previsto no Ritual. Faz-


se da seguinte forma: levantar naturalmente a mão direita ao ombro esquerdo, depois
ao ombro direito e estender o braço à frente, formando esquadria, com a palma da mão
para cima.

3.4 - SINAL DE APROVAÇÃO:

Empregado nos processos de votação. É feito, estendendo-se o braço direito


para frente, em linha reta, com a mão aberta, os dedos unidos e a palma da mão voltada
para baixo.

3.5 - USO DA PALAVRA:

O Maçom, em Loja aberta, se manifesta através da palavra, solicitada no


momento adequado, conforme previsto no Ritual, diretamente aos Vigilantes, quando
tiver assento nas Colunas, e ao Venerável, quando no Oriente.

Quando concedida, ficará o Irmão em pé e com o Sinal de Ordem, saudando


(saudação falada),hierarquicamente as Dignidades, Autoridades e os Irmãos
presentes, passando em seguida ao Sinal de Obediência.

Não há necessidade de o irmão ir à coluna ou oriente para falar, pois o


venerável ao conceder a palavra, esta volta na coluna do irmão que a solicitou.

Ao fazer uso da palavra, o Maçom deve ser objetivo, falar alto e claro,
pouco e corretamente, contando e medindo suas palavras, empregando
sempre expressões comedidas, evitando discursos intermináveis, prolixos e repletos de
lirismo.

3.6 - ENTRADA APÓS O INÍCIO DOS TRABALHOS:

Independente do Grau em que a Loja estiver trabalhando o Ir que chegar


após o início dos trabalhos, deverá dar somente três batidas na porta. Se não for
possível seu ingresso no momento solicitado, o Cobridor Interno responderá pelo lado
interno da porta com uma batida, para que o Ir aguarde. Caso a Loja esteja
trabalhando nos grau de Aprendiz, Companheiro ou de Mestre, o Cobridor Interno
deverá se dirigir à sala dos assas perdidos e verificar se o Ir possui qualidade para
23

participar da sessão: através do telhamento relativo ao grau. É incorreto o hábito que


se usa hoje de que, quando um Ir bate, o Cobridor ficar fazendo aumento do número
de batidas para atingir o grau acima subseqüente.

Concedida à autorização para adentrar ao Templo, o Ir procederá com


toda formalidade, realizando a marcha do grau e saudando as Luzes (Venerável
e Vigilantes).

4 - ORDEM DOS TRABALHOS A SESSÃO ORDINÁRIA

1. PREPARAÇÃO

Apenas os Irmãos encarregados de tarefas preparatórias poderão permanecer


no Átrio, antes da chamada do M de CCer. Os demais permanecem na Sala dos PP
PP aonde, imediatamente ao chegar, devem assinar o Livro de Presença (que se
encontra na Sala dos PP PP, devidamente preparado e posicionado pelo Chanceler).
Não se permitirá a circulação de qualquer Ir, durante a sessão, para coleta de
assinaturas. Se houver matéria destinada à proposta ou informações, o depósito da
mensagem será feito (também antes da sessão) no respectivo Saco de coletas. Este,
devidamente preparado e localizado pelo Mestre de Cerimônias na sala dos PP PP
se encontrará em lugar discreto ao- alcance de todos. Antes do início da Sessão, o
Mestre de Cerimônias colocará o Saco de Coleta na Balaustrada ao seu lado e o
Chanceler levará o Livro de Presenças para sua própria mesa.

INGRESSO NO TEMPLO

À hora fixada, estando o Templo preparado, totalmente iluminado, inclusive o


Altar do Vem, os Pedestais dos Vigilantes e as mesas dos Oficiais, e todos revestidos
de suas insígnias e convenientemente trajados, o M de CCer convocará os IIr a
ingressarem no Templo (menos o Ven M, o Ex-Ven imediato, os VVig, Orad,
Secr, Tes, Chanceler e as Autoridades com direito a recepção regulamentar). Os Ilr
ingressam silenciosamente, a porta totalmente aberta, os Cobridores postados em pé
nas suas respectivas posições, espada na vertical, cotovelo colado ao corpo, braço em
esquadria com o antebraço. Ingressando, sem formalidades, cada Irmão ocupará o
respectivo lugar, permanecendo em pé. Parados, assumem o Sinal de Obediência; ao
caminhar, não há qualquer Sinal, nem mesmo o Sinal de Obediência. Esse ingresso
prévio dos Irmãos não existe ordem hierárquica, ou seja, entram Aprendizes,
Companheiros e Mestres sem cargos, nessa ordem.
24

OBS: Antes de retomar a S dos PP PP, convém ao Mestre de CCer solicitar que
os IIr do Oriente se voltem para o Altar e os do Ocidente para o
Oriente para dar entrada ao cortejo das Dignidades.

O Mestre de CCer retoma à sala dos PP PP, convidando as Dignidades e


as Autoridades presentes a ingressarem no Templo. Organiza-se o cortejo em fila dupla.
À frente, do lado direito, isolado, adiantado de todos, o M de CCer, a seguir, sempre
dois a dois: o Tes (à esquerda), o Chanceler (à direita). O Orad (à esquerda), o
Secretário à direita), o 1° Vig (à esquerda), o 2° Vig (à direita), A seguir, o ex-
Venerável imediato (à direita) e o Venerável Mestre, à esquerda um pouco atrás,
encerrando o cortejo.

As autoridades maçônicas serão recebidas conforme o Regulamento Geral da


Federação, ou, caso dispensem as formalidades, integraram o cortejo das Dignidades,
tomando posição designada pelo é um tipo Venerável Mestre. O cortejo caminha em
linha paralela, cada um tomando o respectivo lugar em Loja, sem circular. Os VVig
contudo, antecedendo ao Ven M, o acompanham até à Balaustrada. O M de
CCer acompanha o Ven até o Trono, antecedendo-o. Após a chegada do Venerável
ao Trono, VVig e M de CCer regressam, tomando os respectivos lugares.

Durante o ingresso do cortejo das Dignidades, os Irmãos cantarão o Hino de


Abertura (ou mediante gravação), iniciado sob o comando do Mestre de Harmonia que
também deverá selecionar as músicas adequadas para serem executadas durante a
sessão, (concluído o cântico, os IIr ainda permanecem em pé voltados para o Oriente
e em S de Obediência. Os IIr do Oriente voltam-se para o Trono e só o Venerável
está voltado para o Ocidente, observando toda a Loja).

Após o ingresso no Templo os Irmãos informalmente, e as Dignidades em


cortejo por filas paralelas qualquer outra movimentação será feita obedecendo-se o
sentido dextrógiro, isto é, sempre virando à direita, nunca à esquerda. A ordem é:
Ocidente-Norte-Oriente-Sul-Ocidente.

ABERTURA DOS TRABALHOS

Verificações Iniciais

O Ven Mestre manda certificar se o Templo está Coberto. Caso o Ir Cob
Extesteja em posição, o Cob Int bate regularmente na porta pelo lado de dentro
e, estando a Loja coberta, o Cob Ext responde pela mesma bateria regular. Se o
25

Cob Ext não estiver em posição, o próprio CobInt (sem bateria) vai à S dos
PP PP deixando a porta encostada, faz a inspeção e retoma ao Templo, fechando a
porta.

OBS.: Não é necessária a bateria regular quando não se usa o Cob Ext, pois a idéia
da mesma é que o Cob Ext responda ao Cob Int que está tudo bem sem a
necessidade de se abrir à porta do Templo.

Em seu trabalho, quando cumprem as suas funções relativas à


segurança do Templo, os CCob portam Espadas na mão direita,
verticalmente, com o punho à altura da cintura. Nas demais situações, a
Espada permanece na bainha.

No diálogo inicial de abertura dos trabalhos, além da fala do Ven, dos VVig,
e do Orad, ocorre a participação do Chanceler ficando os mesmos sentados quando
interrogados.

CERIMÔNIA DAS LUZES

(No Altar do JJur, que tem forma triangular, devem estar preparados três círios: um
branco, no ângulo oriental do Altar, suscitando Sabedoria; outro Vermelho, no ângulo
Norte, promovendo Força; e o terceiro Azul, no ângulo Sul do altar, projetando Beleza.
O Ven e os VVig devem estar preparados para, cada um em sua vez, acender o círio
correspondente e depois pronunciar a invocação).

Estando todos de pé e em S de Ob, os VVig, sem malhetes, dirigem-se ao


Or (saudando o Venerável antes de subirem os degraus do Oriente); à frente o 2º
Vig, indo postar-se, respectivamente, diante dos castiçais da Beleza e da Força. O
Ven, após os VVig tomarem posição, desce, trazendo do Altar a Tocha acesa, para
acender em seguida a vela de cor branca do Castiçal da Sabedoria. Faz a citação, passa
a Tocha ao 1º Vig que acende a vela de cor vermelha do Castiçal da Força; faz a citação,
após o que o 1º Vig passa a Tocha ao 2º Vig que acende a vela de cor azul do Castiçal
da Beleza, faz a citação e entrega a tocha ao Ven M que a apaga e retorna a seu
lugar dietamente, sem dar a volta em torno do Altar. Os VVig também retornam a seus
lugares após o Ven ter regressado ao Altar, o 2º Vig, à frente (fazem a saudação para
saírem do Oriente junto a balaustrada e de frente para o Venerável).
26

TRANSMISSÃO DA PALAVRA SAGRADA

Atenção: Ao comando do Venerável todos ficam à Ordem.

O 1º Diác sobe os degraus do Trono e se coloca ante o Ven,em posição


cômoda que permita a recepção da Palavra. Ao chegar, saúda o Ven com respeitosa
inflexão de cabeça. É correspondido. A seguir, procede-se a transmissão da Pal Sagr
ao ouvido direito, letra a letra; o Ven dá a primeira letra, o 1º Diác, a segunda e
seguem assim, alternativamente, sem pronunciar a palavra ou suas sílabas. O 1° Diác,
então saúda o Ven, é correspondido e se desloca ao Pedestal do 1 ° Vig, onde com
as mesmas formalidades, transmite a Palavra recebida. Prossegue seu giro, indo colocar-
se ao Altar dos JJur, junto à Luz da Força (vermelha). O 2° Diác Desloca-se com
formalidades iguais, transmitindo a Pai Sagr do 1° ao 2° Vig e posiciona-se, a
seguir, ao Altar dos JJur, junto à Luz da Beleza (azul). A marcha dos DDiác deve ser
enérgica, decidida, sem vacilações.

5 - ABERTURA DO LIVRO DA LEI

Após a transmissão da Palavra Sagrada o Orador, sem convite do Ven e sem


a escolta do M de CCer, dirige-se ao Altar dos Juramentos passando entre o Altar do
Venerável e o Altar dos Juramentos, sem fazer saudação ao Venerável. O M de CCer
e os dois DDiác cruzam seus bastões por sobre o Altar dos JJur, formando o pálio. O
M de CCer ergue seu bastão, sobre o qual os DDiac apóiam os seus. Depois de
saudar o Ven, o Orador, em pé, abre o Livro da Lei (sem retirá-Io de cima do Altar) na
parte apropriada, lê o primeiro versículo do Salmo 133, (OH! COMO E
BOM E AGRADÁVEL É QUE OS IRMÃOS VIVAM EM UNIÃO!) com voz firme, e coloca sobre
o Livro aberto o E sobre o C, na posição do Grau (E sobre o C ,este com as pontas
para o Ocidente) e saúda novamente o Ven: .. Desfaz-se o pálio. Regressam aos seus
lugares. O 2° Diác, de passagem para o seu lugar, abre o Painel do Grau.

6 - LEITURA E APROVAÇÃO DE BALAÚSTRE


27

O Ven determina que o Ir Secretário dê conta do Balaústre da última


sessão, o mesmo será lido discutido e aprovado pelos presentes. Após sua aprovação o
1º Diac apresenta o Livro já assinado pelo Secretário ao Orador e ao Ven e, estando
o Balaustre por eles assinado, entrega-o ao Secr

Se houver discussão (a ordem de falar obedecerá à tradição: primeiro os da


Col do Sul, mediante autorização do 2° Vig, depois os da Col do norte, quando
autorizados pelo 1° Vig, a seguir os do Oriente com autorização do Venerável Mestre),
e dela resultarem emendas ou explicações, estas serão submetidas a voto (o Orador
deverá verificar a legalidade do ato e autorizar a votação, caso contrário deverá orientar
sobre o procedimento a adotar).

A forma de aprovação da votação é pelo sinal (estendendo a m d p p


b). O M de CCer verifica a votação, anunciando a contagem ao Ven M

7 – EXPEDIENTE

O Secretário deve ter preparado antes da sessão a exposição do expediente.


Criteriosamente, não lerá os documentos por extenso (salvo em casos especiais), mas,
sim apresentará o conteúdo sinteticamente, economizando tempo. O Venerável Mestre
vai declarando o destino do expediente.

Leis e decretos assinados pelo Sob Grão-Mestre do GOB ou Pelo Eminente


Grão-Mestre Estadual, devem ser lidos pelo Orador, estando todos os Irmãos sentados.

8 - SACO DE PROPOSTAS E INFORMAÇÕES

O M de CCer, que recolhera a sacola antes da abertura da sessão, cumpre


o determinado e só se retira depois que for anunciado o resultado da coleta. (não há
circulação do saco de proposta e informações).

9 - ORDEM DO DIA

A pauta da Ordem do Dia é organizada pelo Secretário. Constitui-se,


fundamentalmente, e assuntos que exijam debate e votação da Loja. Tais assuntos
devem estar contidos em Propostas Escritas, apresentadas no
Saco de Proposta e Informações, levados pelo Ven M à discussão da
Loja, ou devem estar contidos em Pareceres de comissões. O Secretário expõe cada
assunto, lendo a proposta ou parecer, um assunto de cada vez; só passando a outro após
a conclusão do anterior, depois da votação e da proclamação do resultado. Se o Orador
tiver parecer quanto à legalidade do ato, deverá usar da palavra.

8. ENTRADA DOS VISITANTES


28

Qualquer Maçom, membro de Loja regular do País ou estrangeiro, goza do


direito de visitação. É um LANDMARK da Ordem, é facultado ao Ven permitir
que o Ir visitante, pessoa conhecida da Oficina, ingresse no Templo em família,
participando do cortejo da abertura. Qualquer outro visitante será submetido ao
procedimento discriminado no RGF (quando o Ir for do GOB, não deixar de solicitar a
"Palavra Semestral"; se o visitante não for conhecido, antes do início da Sessão,. deve
ser verificada sua dignidade maçônica pelo 1° Experto e gravar seu nome no Livro
próprio. Seus documentos serão examinados pelo Orador e será recebido sem levantar
a Loja.

As Autoridades Maçônicas, bem como portadores de Títulos e Recompensas


serão recebidos de acordo com o Protocolo do RGF, podendo o homenageado dispensar
esse privilégio.

10 - ESCRUTÍNIO SECRETO

Nos procedimentos para o escrutínio secreto é exigido que c Venerável, antes


de correr a urna, leia a proposta de admissão na integre (omitindo o nome do
apresentante), as três sindicâncias (omitindo o nome dos sindicantes) e o parecer da
Comissão de Admissão e Graus. Se c candidato for aprovado, então deve ser informado
o nome do apresentante e sindicantes.

Seu giro é idêntico ao do Tronco de Beneficência, o Ir 1º Expdeverá munir-


se de uma urna (estojo) coletora e o IrM de CCerde uma urna (estojo) com esferas
brancas e pretas. Os dois Ilr:, ficam entre Colunas, o 1° Exp ao Norte e o M de CCer
ao Sul, Saúdam o Ven M e partem a cumprir a ordem. Cada Ir tira do estojo do
M de CCer a esfera com que vai votar (as brancas aprovam e as negras reprovam, é
sempre bom lembrar isto aos IIr antes do giro), Após, o 1º Exp recolhe a
votação e fica entre Colunas. O M de CCer volta a seu lugar.

O 1° Exp, apresenta a urna ao Ven M, destampando-a, e o número de


esferas é conferido com o dos OObr presentes. Se todas as esferas_forem brancas, o
Ven anunciará que o candidato foi aprovado limpo e puro, se
houver votação desfavorável, procederá de conformidade com o RGF.

Após o anúncio do resultado, o 1º Exp apresentará a urna ao Orador e aos


Vigilantes, para conferência. A seguir o Ven anuncia o nome do apresentante e dos
sindicantes.

11 . TEMPO DE INSTRUÇÃO
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É o tempo destinado à apresentação de trabalhos por Ir previamente


inscrito, se não houver, o 2° Vig dará instrução aos IIr sobre filosofia, simbolismo,
liturgia, história ou legislação maçônica, ou versará sobre qualquer assunto da cultura
humana.

OBS.: o tempo de instrução poderá ser usado pelo Ven M ou por outro Ir
designado.

12 . TRONCO DE SOLIDARIEDADE

O Hospitaleiro coloca-se entre Colunas; saúda o Ven M e inicia a circulação.


A sacola de coleta deve ser conduzida lateralmente, colocada à cintura, lado esquerdo,
segura pelas duas mãos. Começa pelo Oriente: primeiro o Ven ou autoridade que
presida a sessão, depois as autoridades que estão com o Ven no Altar. A seguir, faz o
giro completo pelo Oriente sem preocupação de hierarquia. O Hosp desce ao Oc (ao
descer saúda o Ven com respeitosa inflexão de cabeça). Dirige-se ao 1° Vig , deste
coleta toda a Coluna do Norte, sem preocupação de hierarquia ou grau, concluída a
coluna do norte, vai ao 2° Vig, e conclui a coleta da Coluna do Sul, também sem
preocupação de hierarquia ou grau; embora seja obrigado a fazer dois giros nesta
Coluna, devido à posição de 2° Vig, na parte média da Coluna, e a obrigatoriedade da
circulação dextrógira. Para concluir o Hosp faz seu próprio depósito com o auxílio do
Cob: .. Concluída a coleta, encaminha-se diretamente ao Tesoureiro, entregando-lhe a
sacola e retornando ao seu lugar. O Tesoureiro, depois de conferir, comunica o resultado
ao Ven.

13. PALAVRA A BEM GERAL DA ORDEM E DO QUADRO

Mediante autorização dos Vigilantes a palavra é concedida a quem dela queira


fazer uso em suas Colunas, de acordo com a tradição, (em cada Coluna e no Oriente, o
Ir se levantará após autorização do Venerável, tomará o Sinal de Ordem, dirá as
palavras de saudação às Luzes e Autoridades, descarrega o Sinal e falará em sinal de
Obediência). OBS: A palavra pode voltar às Colunas desde que solicitada e autorizada
pelo Ven M, conforme a tradição, o Ven M pode cassar a palavra do Ir, se
entender que o assunto é inoportuno para o momento ou se está sendo colocado de
forma inadequada.

Reinando silêncio nas CCol e não havendo, também no Or, quem mais peça
a palavra, o Ven passa a palavra ao Oradpara as conclusões finais e saudação aos
visitantes. A seguir o Ven M tece suas próprias palavras finais. Após o Ven M,
falam apenas os Grão-Mestres.
30

Falarão assentados: o Venerável,1° e 2º Vigilantes, Orador, Secretário,


Tesoureiro e Chanceler.

14. RETIRADA DAS AUTORIDADES

Neste período retiram-se as autoridades que ingressaram com formalidades


(de acordo com o RGF, se as mesmas abrirem mão das formalidades poderão sair em
família, no cortejo de retirada das Dignidades ).

15. ENCERRAMENTO

Após determinação do Ven, o M de CCer Coloca-se entre CCol, faz o


Sinal do Rito, voltando depois ao seu lugar.

PROCEDIMENTOS PREPARATÓRIOS

Após as leituras previstas no Ritual, o Venerável Mestre dá a Bateria do Grau,


os Ilr do Oriente se levantam à Ordem. Bate o 1° Vig e os IIr da Coluna do Norte
se levantam à Ordem. Bate o 2° Vig e os IIr da Coluna do Sul se levantam à Ordem.
Em seguida a P S retorna ao Venerável Mestre. O 2° Diác vai ao Pedestal do 2°
Vig e recebe a P S do mesmo modo por que a transmitiu no início dos trabalhos.
Dirige-se ao 1° Vig e a transmite da mesma forma que a recebeu, indo colocar-se à
direita do Altar dos Juramentos. O 1° Diác vai ao Pedestal do 1 ° Vigilante, recebe a
P S com as formalidades já descritas e a transmite ao Ven, indo colocar-se à
esquerda do Altar dos juramentos.

FECHAMENTO DO LIVRO DA LEI

Procede-se como na Abertura; o Orad fecha o Livro da Lei, (sem retirá-lo de


cima do Altar) colocando o E e o C na posição do Grau (pontas voltadas para o
Oriente) e retoma ao seu lugar, bem como os DDiác e o M de CCer: .. O 2° Diác
retornando ao seu lugar, de passagem, fecha o Painel do Grau.

AMORTIZACAO DAS LUZES

Os VVig Dirigem-se ao A dos JJur (sem malhetes); à frente, o 2° Vig;


seguido pelo 1 ° Vig, colocando-se diante dos respectivos castiçais. A seguir, o Ven
Dirige-se ao A dos· JJur

O 2º Vig amortiza a vela de seu castiçal, utilizando um abafador e faz seu


pronunciamento.
31

O 1º Vig recebe o abafador do 2° Vig é amortiza a vela de seucastiçal e faz seu


pronunciamento.

O Ven recebe o abafador do 1° Vig e amortiza a vela de seu castiçal, faz seu
pronunciamento e retoma ao Altar, diretamente, sem dar volta em torno do Altar do
Juramentos. Após o Ven ter chegado no seu lugar, os VVig retomam a seus
Pedestais; o 2° Vig à frente.

CONCLUSÃO

PROCEDE-SE DE ACORDO COM O RITUAL.

O M de CCer, a seguir, promove o cortejo de retirada das DDig, na ordem


inversa ao do cortejo de entrada. O Ven Dirige-se ao A dos JJur, os dois VVig
Encaminham-se, paralelamente, até a balaustrada. Os IIr, sob a direção do M de
Harm, iniciam o cântico (ou mediante gravação) do Hino de Encerramento.

Durante o cântico saem; à frente o Ven M e as Autoridades, a seguir os dois


VVig, cada um de um lado de sua própria Colseguidos pelas demais DDige IIr do
Oriente. Os IIr permanecem cantando e após o cortejo, retiram-se em ordem, cada
um do lado de sua Col Os dois CCob permanecem à porta, postados como na
entrada do cortejo. Ao transpor-se a porta do Templo, o Cob Int apaga as luzes e
fecha a porta.

OBS.: No Rito Brasileiro existe uma "Adenda" para Suspensão e Reabertura dos
Trabalhos após Sessão Aberta, caso os trabalhos hajam sido interrompidos e depois
reencetados.

Quando determinar o Ven, após as leituras de praxe (conforme o Ritual)


estando todos em pé e à Ordem, o Orad, imediatamente, sem necessidade. de
comando, fecha o L da L, sem o pálio. Todos baixam ao Sinal de Obediência. O
Orad coloca sobre o L da L o C e o E, na mesma posição que guardavam entre
si. O 2° Diác fecha o Painel do Grau. Os IIr saem do Templo.

Ao reabrir todos ocupam seus lugares no Templo, em pé e com o Sinal de


Obediência. O Ven M dá um golpe de malhete, repetido pelos VVig.

Fazem as leituras de praxe (conforme o Ritual); o Orad, imediatamente sem


necessidade de comando, reabre o L da L no mesmo lugar, sem o pálio, recolocando
ó C e o E na posição do Grau. O 2° Diác reabre o Painel do Grau. Os trabalhos
recomeçam do ponto em que foram suspensos. Esta Adenda é usada normalmente em
dia de Sessão Magna de Iniciação.
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CADEIA DE UNIÃO

A Cadeia de União somente se realiza quando houver necessidade, de


transmitir a Palavra Semestral. Deve ser formada. Após o encerramento da sessão. Na
transmissão da palavra Semestral não se permitirá à presença de visitantes.

PROCEDIMENTO BÁSICO:

1. Os Irmãos formam lado a lado. O Ven (de costas para o Oriente) terá, à direita,
sucessivamente, o 1° Vigilante e o Orador, e, à esquerda, sucessivamente, o 2° Vigilante
e o Secretário, seguindo-se os demais- Irmãos, de cada lado, em uma ordem formal. O
Mestre de Cerimônias se postará em posição diametral a do Venerável.

2. Postados os Irmãos, lado a lado, antes de entrelaçar os braços, o Venerável abre o


envelope, lê a Palavra Semestral, memoriza e de mãos dadas, BBr ccr, o d S o
e, a palavra é transmitida sigilosamente, a partir do Venerável Mestre, ao Irmão à
direita e assim sucessivamente, circula até regressar ao Venerável que, recebendo-a na
volta, dirá de sua correção. Repetirá o procedimento até que a Palavra regresse certa.

3. A Cadeia é desfeita. O Venerável deve dizer palavras apropriadas.

Exemplo: "Possa esta Loja, formada com tanta união e concórdia, durar por muito
tempo".

4. O Venerável Mestre com o auxílio do Mestre de Cerimônias, na forma tradicional (o


papel na ponta de uma espada), procede à incineração da Palavra Semestral gravada.
Em seguida diz: sob a proteção do Supremo Arquiteto do Universo, retiremo-nos em
paz!
33

ESCOCÊS ANTIGO E ACEITO

IIr Ailton Pinto de Trindade Branco


José Inácio da Silva Filho
Nêodo Ambrósio de Castro

O Rito Escocês Antigo e Aceito, nasceu na Franca, como "o rito dos Stuart, da Inglaterra
e da Escócia" tendo sido a primeira manifestação maçônica em território francês (1649),
antes mesmo da fundação da Grande Loja de Londres (1717).

Desde a criação da Grande Loja de Londres em 1717, apareceram na França dois ramos
distintos da Maçonaria. Um dependente da Grande Loja de Londres e outro (escocês)
autônomo que não estava ligado a nenhum sistema obediencial.Viviam sob o antigo
preceito maçônico de que os maçons tinham o direito de constituir lojas sem prestar
34

contas de seus atos a uma autoridade ou poder supremo ("O Maçom Livre na Loja
Livre").

As Lojas Escocesas eram maioria, na França. Até 1766, somente três Lojas, entre as 487
Lojas existentes, tinham patente da Grande Loja de Londres.

Em 1758 criou-se, no escocesismo, os altos graus (25 graus do chamado rito de


Héredom) que no entanto só foi plenamente estabelecido 1801 com a fundação em
Charleston (Estados Unidos), do primeiro Supremo Conselho do Mundo do chamado
Rito Esconcês Antigo e Aceito.

A DOUTRINA INICIÁTICA DO RITO ESCOCÊS ANTIGO E ACEITO

Os principais pontos da Doutrina do Rito Escocês Antigo e Aceito estão contidos nas
instruções dos três Graus Simbólicos.

Embora existam variações de Obediência para Obediência e de país para país, as linhas
mestras de doutrina estão sempre presentes e podem servir para os ensinamentos em
qualquer parte do mundo. São elas:

A maçonaria é uma associação íntima de homens e mulheres escolhidos, cuja doutrina


tem por base o Grande Arquiteto do Universo, que é Deus; como regra: a lei Natural;por
causa: a Verdade, a Liberdade, a Fraternidade e a Caridade; por frutos: a Virtude, a
Sociabilidade e o Progresso; por finalidade: a felicidade de todos os povos, que ela
procura, incessantemente, reunir sob sua bandeira de Paz. Assim, nunca deixará, a
Maçonaria, de existir no gênero humano.

2. Os deveres de um Maçom são:

· Honrar e venerar o Grande Arquiteto do Universo, a quem agradece, todos os


dias,pelas boas ações que pratica, em relação ao próximo, e os bens que lhe
couberem em partilha.

· Tratar todos os seres humanos como seus iguais irmãos, sem distinção de sexo,
raça, nacionalidade e classe social.

· Combater a ambição, o orgulho, o erro e os preconceitos.


· Lutar, sempre, contra a ignorância, a mentira, o fanatismo e a superstição, que
são flagelos provocadores de todos os males que afligem a humanidade e
impedem o progresso.
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· Praticar a justiça recíproca, como verdadeira salvaguarda dos direitos e dos


interesses de todos, e a tolerância, que dá, a cada um, o direito de escolher suas
opiniões e seus credos religiosos.

· Deplorar os que erram, esforçando-se, todavia, para reconduzi-los ao caminho


da Verdade.

· Socorrer os infortunados e os aflitos.

Esses deveres são cumpridos, porque o Maçom deve ter fé, que lhe dá a
Coragem, a Perseverança, que vence os obstáculos, e o Devotamento , que o leva
a praticar o Bem, mesmo com o risco de sua vida e sem esperar nenhuma outra
recompensa além da tranqüilidade de consciência.

3. O Sinal do Primeiro Grau significa a honra de saber guardar o segredo


preferindo ter a Garg.'. cort.'. a revelar os Mistérios da Ordem;significa também,
que o braço direito, símbolo da Força, está concentrado e imóvel para defender
a Maçonaria, com suas Doutrinas e seu Princípios.

4. Os passos em esquadria, representam o cruzamento de duas linhas


perpendiculares, único caso em que formam quatro ângulos retos iguais,
simbolizando a Retidão do caminho seguido e a Igualdade, um dos princípios
basilares da Instituição.

5. O candidato à iniciação consegue penetrar no Templo por três pancadas, cujo


significado é: "Batei e sereis atendido; pedi e recebereis; procurai e
encontrareis".

6. O candidato deve ser recebido numa Loja justa, perfeita e regular. Para que
uma Loja seja Justa e Perfeita, é preciso que três a governem, cinco a
componham e sete a completem. Existe outro conceito: Uma Loja é justa quando
estão presentes, no mínimo, sete Obreiros, e é perfeita quando o Livro da Lei
está aberto sobre o Altar dos Juramentos. Loja regular é aquela que pertence a
uma Obediência Maçônica regular e reconhecida.

7. A venda nos olhos do candidato simboliza as trevas e os preconceitos do


mundo profano, mostrando, também, a necessidade que tem, o ser humano, de
procurar a luz entre os iniciados. O pé descalço, além de demonstração de
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respeito ao adentrar o Templo, provocará uma marcha claudicante, que


simboliza o árduo caminho do candidato, em direção a luz. O braço e o peito
desnudos significam que o candidato dará o seu braço em defesa da Ordem e o
seu coração a todos os seus Irmãos. As pontas do Compasso, sobre o peito,
mostram, ao candidato, que, se em sua vida profana, os seus sentimentos e as
suas ações não foram reguladas por esse instrumento da exatidão, isso deverá
acontecer a partir de sua Iniciação.

8. A Pedra Bruta é o emblema do Aprendiz, com representação de tudo aquilo


que se deve ser aperfeiçoado. O trabalho de desbastamento, esquadrejamento
e polimento da Pedra Bruta simboliza o próprio aperfeiçoamento moral e
espiritual do Neófito.

9. As Colunas Vestibulares do Templo possuem, simbolicamente, as dimensões


das colunas do Templo de Jerusalém: 12 de circunferência, 12 de base e 5 nos
capitéis. Essas dimensões, para colunas não destinadas à sustentação, vão contra
as regras da Arquitetura, no sentido de mostrar que a Ciência e o Poder do
Grande Arquiteto do Universo estão além das dimensões e dos julgamentos
humanos. As romãs, que as adornam, com milhares de sementes contidas no
mesmo fruto, embora em diversos compartimentos, simbolizam o próprio povo
maçônico universal, que, por mais multiplicado que seja, constitui uma só
família.

10. O Pavimento de Mosaico,formado por elementos brancos e negros, e o


emblema da irregularidade do solo e das dificuldades da caminhada iniciática;
simboliza, também, os opostos; a Virtude e o vício, a Boa e a má sorte, a
Sabedoria e a ignorância, o Bem e o mal. Com os quadrados brancos e negros,
unidos pelo mesmo cimento, ele é o símbolo, também, da união entre os Maçons
do planeta, independentemente de raças, cores e credos políticos e religiosos.

11. A Espada Flamejante é o símbolo da Justiça, que deve punir todos os que se
afastarem do caminho do Bem; mostra, também, com sua forma estilizada de
um raio, que a justiça deve ser pronta e rápida, como um raio.
12. O Esquadro,como jóia do Venerável Mestre, mostra que o dirigente de uma
Oficina deve, sempre, pautar os seus atos pela mais absoluta retidão de caráter.
O Nível, jóia do Primeiro Vigilante, simboliza a igualdade social, que é a base do
direito natural. O Prumo, jóia do Segundo Vigilante, mostra que o Maçom deve
ser reto em seus julgamentos, sem ser influenciado por interesses pessoais, ou
pelos seus próprios sentimentos. O Nível e o Prumo, separados, nada valem
numa construção; ambos, todavia, completam-se, mostrando-se, que o Maçom
deve cultuar a Igualdade, nivelando todos os seres humanos, e a Retidão, que
não o deixará pender, para qualquer dos lados, pela amizade, ou pelo interesse.
37

13. A Loja, simbolicamente, apoia-se em três colunas (ou pilares); Sabedoria,


Força e Beleza. O Venerável representa a coluna da Sabedoria porque dirige os
Obreiros; o 1º Vigilante representa a coluna da Força porque paga, aos Obreiros,
o salário, que é a força e a manutenção da vida; o 2º Vigilante representa a
coluna da Beleza, porque faz repousar os Obreiros, fiscalizando o seu trabalho.
A Sabedoria, a Força e a Beleza são complementos de todas as obras humanas;
sem elas nada é perfeito e durável, pois a Sabedoria cria, a Força sustenta e a
Beleza adorna.

14. A Maçonaria combate a ignorância, em todas as suas formas, porque a


ignorância é a mãe de todos os vícios e o seu princípio é nada saber, saber mal o
que se sabe e saber coisas outras além do que deveria saber. Não pode, o
ignorante, medir-se com o sábio, cujos princípios são a tolerância, o amor e o
respeito a si próprio. É por isso que os ignorantes são irascíveis, grosseiros e
perigosos; perturbando e desmoralizando a sociedade, evita que os seres
humanos conheçam os seus direitos e saibam, no cumprimento dos seus
deveres, que, mesmo com constituições liberais, um povo ignorante é escravo.
Inimigos do progresso, afugentam as luzes, aumentam as trevas e permanecem
em eterno combate contra a Verdade, a Perfeição e o Bem.

15. A Maçonaria combate o fanatismo, porque a exaltação religiosa perverte a


razão e leva os insensatos à prática da ações condenáveis, em nome de Deus e
sob o pretexto de honrá-lo. O fanatismo é uma doença mental,
desgraçadamente contagiosa, que, estabelecida num país, toma foros de lei,
como nos execráveis autos da fé, que fizeram perecer milhares de homens e
mulheres úteis a sociedade. A superstição é um falso culto mal compreendido,
pleno de mentiras, contrário a razão e as idéias sãs, que se devem fazer de Deus;
é a religião dos ignorantes, dos timoratos. O fanatismo e a superstição são os
maiores inimigos da religião e da felicidade das nações.

16. A Solidariedade, que deve existir entre os Maçons, é a mais pura e fraternal,
mas deve ser restrita aos que praticam o bem e sofrem os espinhos da vida; aos
que, nos trabalhos lícitos e honrados, são infelizes; aos que embora com fortuna,
sentem, na alma, o amargor das desgraças. Onde houver uma causa justa, aí
deverá se fazer sentir a solidariedade maçônica. Quando, entretanto, um Maçom
, olvidando os princípios da Ordem, desvia-se da moral, tornando-se um mau
cidadão, um mau pai, uma má mãe, um mau filho, uma má filha, um mau marido,
uma má esposa, um mau irmão, uma má irmã, um mau amigo e uma má amiga;
quando, cego pelo ódio ou pela ambição, pratica atos considerados indignos de
um Maçom, ele rompe o compromisso de solidariedade que não mais poderá
existir, pois, se ela fosse mantida, haveria a conivência com atos degradantes.
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Assim, o Maçom que procede mal, perde todo o direito ao auxílio material e,
principalmente, ao amparo moral de seus Irmãos.

17. A Maçonaria combate a escravidão, porque todo o ser humano é livre,


podendo, porém, estar sujeito a entraves sociais, que o privem,
momentaneamente, de uma parte de sua liberdade e - o que é pior - o tornem
escravo de suas próprias paixões e de seus preconceitos. É desse jugo,
exatamente que se deve libertar o candidato à Luz Maçônica, já que o ser
humano que abdica, voluntariamente, de sua liberdade, não pode contrair
nenhum compromisso sério.

18. Os instrumentos necessários à transformação da Pedra Bruta em Pedra


Cúbica são: a princípio, o Maço e o Cinzel, em seguida a Régua e o Compasso,
depois a Alavanca e, finalmente, o Esquadro. O Maço e o Cinzel, como
instrumentos destinados e desbastar a Pedra Bruta, mostram, ao Maçom, como
devem ser corrigidos os seus defeitos, tomando sábias resoluções (simbolizadas
pelo Cinzel), que uma enérgica determinação (simbolizada pelo Maço) coloca em
execução. A Régua, permitindo o traçado de linhas retas, que se podem
prolongar ao infinito, simboliza o direito inflexível, a lei moral, no que ela tem de
mais rigorosa e imutável. A esse absoluto, opõe-se o círculo da relatividade, cujo
raio é medido pelo afastamento das hastes do Compasso; como são limitados os
meios de realização humana, o plano de trabalho deve ser traçado, levando em
conta não só a idéia do abstrato, que deve ser seguida (Símbolo= Régua), como
a realidade concreta (Símbolo=Compasso), com as quais o ser humano está
acostumado. A Alavanca simboliza o poder irresistível de uma inarredável
vontade, quando sabiamente aplicada; a Régua, todavia, é aplicada junto com a
alavanca, para mostrar os limites do poder e por que a vontade só é invencível
quando colocada a serviço do direito absoluto. O Esquadro, permitindo controlar
o corte das pedras, que devem ser regulares, para que se ajustem umas as
outras, com exatidão, determina, ao Maçom, que a perfeição consiste, para o ser
humano, na justeza com que se coloca na sociedade.

19. O sábio humilha-se, sempre, quando em presença de uma verdade que ele
reconhece superior à sua compreensão, esquiva-se, assim, de ser o instrutor das
multidões, porque, conscientemente, jamais poderia satisfazer-lhes a justa
curiosidade e, na impossibilidade de fazê-las compreender o erro e de conduzi-
las ao real caminho da Verdade, abandona-as às suas grosseiras fantasias. O
verdadeiro Iniciado, todavia, tem o dever de acudir em auxílio a todos os que ele
julgar iniciáveis, daquele que, independentes, revoltam-se contra as tiranias e as
arbitrariedades, pois estes merecem ser ensinados a procurar os níveis, daquele
que, independentes, revoltam-se contra as tiranias e as arbitrariedades, pois
estes merecem ser ensinados a procurar o Real, o Verdadeiro, sem a
preocupação, nem a esperança de triunfo, que só é alcançado pelo repouso de
39

uma inteligência satisfeita. Embora, na realidade o ser humano nunca possa


chegar a saber, ele procura saber, buscando, avidamente, adivinhar o Eterno
Enigma, o enigma da vida, crente de que este é o seu mais nobre e mais elevado
destino. A Verdade, esse mistério inacessível, que atrai o ser humano com uma
força irresistível, é muito vasta, muito viva, muito livre e bastante sutil, para se
deixar prender, imobilizar, estereotipar e petrificar na rigidez de um sistema
qualquer que ele seja. Os artifícios e as roupagens com as quais a Verdade é
revelada, para ser dada ao conhecimento público, só servem para deturpá-la,
tornando-a, geralmente, irreconhecível, já que tudo o que se procura objetivar
com o auxílio de subterfúgios, será sempre um reflexo ilusório, uma imagem
apagada da grande Verdade, que o Iniciado busca, em vão, contemplar e encarar.
Para isso, ele recebe a iniciação, que ensina, principalmente co Companheiro e,
em primeiro lugar, a esquecer tudo aquilo que lhe é próprio, para, em seguida,
concentrar-se, descendo ao âmago dos próprios pensamentos, com o intuito de
se aproximar da fonte da pura Verdade, instruindo-se, assim, não pelas sábias
lições dos Mestres, mas pelo exercício constante de Meditação. Assim
procedendo, ele não conseguirá, naturalmente, aprender tudo quanto encerram
os livros e ensinam as escolas. Mas, para que sobrecarregar a memória,se,muitas
vezes o ser humano engana-se com o caráter ilusório do que lhe parece
verdadeiro? o simplesmente ignorante está mais próximo da verdade do que do
fátuo e arrogante, que se jacta de uma ciência enciclopédica, apoiada,
unicamente, em falsas noções. Em matéria de saber, a qualidade supera a
quantidade; é preferível saber pouco, mas este pouco saber bem. Deve, o
Iniciado, saber distinguir o real do aparente, não se apegando, apenas, às
palavras, às expressões, por mais belas que elas pareçam; deve se esforçar para
discernir aquilo que é inexplicável, intraduzível, a Idéia-Princípio, o âmago, o
espírito, sempre mal e imperfeitamente interpretado nas mais bem construídas
frases. Só dessa maneira é que ele afastará as trevas do mundo profano e atingirá
a clarividência dos Iniciados verdadeiros. Estes se distinguem pela penetração de
espírito e pela capacidade de compreensão que possuem. Grandes sábios e
célebres filósofos tem permanecido profanos, por não terem compreendido o
que obscuros pensadores conseguiram discernir por si mesmos, à força de
refletirem e meditarem, no silêncio e no recolhimento. Para ser um verdadeiro
Iniciado, pode-se ler pouco, mas pensar muito, meditar sempre e,
principalmente, não ter receio de sonhar.

20. Tudo, no mundo, parece, com exceção do sol, da inteligência e do amor, de


que o Grande Arquiteto do Universo se fez o santuário, onde desmoronam os
lances infernais do gênio do mal, que tende a secar as fontes da felicidade
humana. A Maçonaria nasceu e fortificou-se para enfrentar, destemidamente a
todos os males que enfraquecem o ser humano. Ao ser recebido no Grau de
Mestre, o Iniciado terá a plena certeza de que é digno de partilhar dos trabalhos
constantes dos Maçons, na guerra, em que, sob a égide do Grande Arquiteto do
Universo, empenham todos os seus esforços e todo o seu amor em prol da
humanidade. Sua responsabilidade estará aumentada; se a Ordem lhe assegura,
40

por toda parte passagem e proteção, ela espera, também, o seu esforço
contínuo, o seu trabalho ininterrupto, em favor da libertação das inteligências
oprimidas, e a sua coragem, a toda prova, quando precisar se arriscar para salvar
os seus Irmãos. O Mestre deve irradiar, por toda a parte a luz que recebeu; deve
procurar, na sociedade profana, os corações bem formados, as inteligências
livres, os espíritos elevados, que fugindo dos preconceitos e da vida fácil, buscam
uma vida nova e podem se tornar elementos úteis e poderosos para a difusão
dos princípios maçônicos; deve aprender a dominar-se e fugir de todo
sectarismo. Sendo amigo sa Sabedoria, deve guardar sempre, o equilíbrio
mental, que caracteriza o ser são de espírito. Não se constrói um edifício,
apoiando-o sobre uma única coluna; assim, o Mestre deve saber, no seu trabalho
de construção moral e intelectual, equilibrar, sempre, os ensinamentos da razão
com os sentimentos do coração. Deve recordar que a Maçonaria vai sempre, em
auxílio dos desgraçados, quaisquer que sejam suas opiniões; que, em sua ação
social, ela liberta as consciências e reaviva a coragem daqueles que nada mais
esperam. Deve saber, enfim, o Mestre, que, se como um novo Hiram Abi, ele
estiver a ponto de receber um golpe fatal, vibrado por inconscientes e
revoltados, todos os seus Irmãos saberão defendê-lo e que, se sucumbir
gloriosamente, no cumprimento do dever, todos os Mestres dedicados
procurarão, mais tarde, os vestígios de suas obras, porquanto o ramo de acácia
servirá para que reconheçam os esforços que ele fez, em benefício do
desenvolvimento da Sublime Ordem.

21. Os instrumentos necessários à complementação do trabalho simbólico dos


Maçons são: o Cordel, o Lápis e o Compasso. Nas construções, o cordel serve
para marcar todos os ângulos do edifício, fazendo-os iguais e retos, para que os
alicerces possam suportar a estrutura; com lápis, o arquiteto traça os diversos
planos para a construção e orienta os operários; o compasso serve para
determinar, com precisão, os limites e as proporções das diversas partes da
construção. Já na Maçonaria, que é simbólica e não mais de ofício (ou operativa),
esses utensílios são aplicados por analogia, aos preceitos da moral difundida pela
Ordem. Dessa maneira, o cordel indica a linha de conduta do Mestre, sem falhas
e baseada nas verdades contidas no Livro da Lei; o lápis adverte-o que seus atos,
palavras e pensamentos são observados pelo Grande Arquiteto do Universo, a
quem ele deve prestar contas de seu procedimento na vida; o compasso, por fim,
lembra a justiça de Deus, imparcial e infalível, mostrando que é necessário
distinguir o Bem do mal, a justiça da iniqüidade, para que o Mestre fique em
condições de apreciar e medir, com justo valor, todos os atos que tiver que
praticar.

22. A união do Esquadro e do Compasso forma a insígnia do Mestre. O Esquadro


regula o trabalho do Maçom, que deve agir com retidão, inspirado na eqüidade;
o compasso dirige essa atividade esclarecendo-a, para que produza a mais
judiciosa e fecunda aplicação. O compasso, todavia, é que é o utensílio dos
41

Mestres, pois só eles sabem manejá-lo com precisão, medindo todas as coisas,
levando, porém, em consideração a sua relatividade. A razão do Mestre, fixa
como a cabeça do compasso, julga os acontecimentos de acordo com as causas
ocasionais; o seu julgamento inspira-se não nas rígidas graduações da Régua,
mas num discernimento, baseado na adaptação rigorosa da lógica à realidade.

Por que 1804?

O nome Rito Escocês Antigo e Aceito foi anunciado para o mundo maçônico após a
criação do primeiro Supremo Conselho em Charleston, Estados Unidos, em 31 de maio
de 1801.

Em 4 de dezembro de 1802, uma circular levou ao conhecimento dos maçons,


principalmente europeus, a criação do Conselho-Mãe em Charleston, na Carolina do Sul,
denominado Supremo Conselho dos Soberanos Grandes Inspetores Gerais, 33º e último
Grau do Rito Escocês Antigo e Aceito.

Antes de 1801, fora fundado pelo Conde de Grasse-Tilly, um Supremo Conselho nas
Índias Ocidentais Francesas, com 33 graus. Entretanto, esse Supremo Conselho foi
ignorado e abafado pelo Supremo Conselho norte-americano, que conseguiu fazer-se
constar como o Supremo Conselho-Mãe do Mundo.

Nos três primeiros anos de vida do Supremo Conselho norte americano, o Rito Escocês
Antigo e Aceito permaneceu sem ritual próprio. Os Altos Graus funcionaram com os
Graus de Perfeição do Rito de Heredom, acrescentados dos oito novos graus que
totalizavam os 33. Os novos graus não eram Iniciáticos e ganharam conteúdo mais
administrativo que litúrgico. Os Graus Simbólicos, na época conhecidos como Maçonaria
Azul, foram os da ritualística norte americana.

O segundo Supremo Conselho criado foi o de France, em 1804, quando também foi
confeccionado o primeiro ritual dos graus simbólicos do Rito, o “Guide des Maçons
Écossais”. Foi idealizado pelos maçons franceses, apelidados de “escoceses”, que
fundaram nesse mesmo ano, 1804, uma nova Obediência Maçônica em Paris: a “Grande
Loja Geral Escocesa”, mais uma Loja-Mãe do Rito Antigo Aceito, um modelo ritualístico
recebido dos maçons integrantes da Grande Loja dos “Antigos” de Londres. A Grande
Loja Geral Escocesa de Paris uniu particularidades do Rito Antigo Aceito, de origem
operativa, praticado na Escócia, com a natureza hebraica do Rito de Perfeição e
organizou um ritual para os graus ditos simbólicos do Rito Escocês Antigo e Aceito.
42

Lojas-Mãe Escocesas na França

Assim como no presente se associa naturalmente Supremo Conselho com Rito Escocês
Antigo e Aceito, pode-se considerar a mesma associação no passado entre maçonaria
azul e as Lojas-Mãe Escocesas. Na França, a primeira Loja-Mãe Escocesa foi a de
Marselha, criada em 1751, coincidindo com a fundação da segunda Grande Loja em
Londres, que se declarou dos “Antigos Maçons”. A segunda Loja-Mãe na França foi a de
Avinhão e a terceira, a Grande Loja Geral Escocesa, já referida, criada em Paris, em 1804,
para organizar o ritual que serviu para os três graus básicos dos 33 da vertente latina do
Rito Escocês Antigo e Aceito.

O Rito Escocês Antigo e Aceito nasceu sem graus simbólicos


próprios.

O Supremo Conselho fundado em 1801, nos Estados Unidos, veio para organizar a
maçonaria praticada nos chamados Altos Graus, entre os quais estavam os do Rito de
Heredom, criado a partir de 1758 e usado como referência para a criação do Rito Escocês
Antigo e Aceito. O novo Rito se constituiu literalmente de 33 graus. Na prática, dos 33
graus, o Supremo Conselho de Charleston interessou-se em comandar do 4 ao 33, não
se envolvendo com os três primeiros para evitar conflito com a maçonaria norte
americana das Lojas Azuis. Desistiu de qualquer tipo de ingerência nos graus de
Aprendiz, Companheiro e Mestre do Rito Escocês Antigo e Aceito. E com essa mesma
concepção, o Rito chegou na França, em 1804, através do Supremo Conselho fundado
em Paris, dentro do Grande Oriente de France, que tinha o Rito Moderno, ou Francês,
como oficial. Inicialmente, o Supremo Conselho de France manteve o mesmo modelo
de seu precursor americano: deixou os graus simbólicos para a Grande Loja Geral
Escocesa, criada também em 1804, para organizar os graus simbólicos do Rito Escocês
Antigo e Aceito, que funcionou, ao exemplo do Supremo Conselho, dentro do Grande
Oriente de France. A partir de 1816, com o desaparecimento da Grande Loja Geral
Escocesa, o Grande Oriente assumiu as atribuições do simbolismo escocês antigo na
França e, ao faze-lo, diminuiu a autoridade do Supremo Conselho sobre o número de
graus, criando, sob sua jurisdição, as Lojas Capitulares, que trabalham dos graus 1º ao
18º do Rito Escocês Antigo e Aceito. Nessa ocasião, lançou um novo ritual para as Lojas
Capitulares, em 1820, implantando diversas alterações no ritual de 1804.

O ritual de 1804, em linhas gerais, reproduz os procedimentos praticados pelos maçons


da Grande Loja dos “antigos” de Londres. Algumas diferenças foram inevitáveis para
conciliarem a ritualística da maçonaria azul dos “antigos” com o simbolismo
fundamental dos Altos Graus. Por isso, o Primeiro Vigilante foi deslocado do centro do
Ocidente, em frente ao Venerável Mestre, para junto da Coluna do Norte e o Segundo
Vigilante trazido do meio da Coluna do Sul para a ponta da mesma Coluna, ambos lado
43

a lado no Ocidente. A nova distribuição das Luzes no Templo compatibilizou-as com a


encontrada nos graus acima do 3, os Graus de Perfeição recolhidos do Rito de Heredom.

As duas vertentes de influência no Rito.

A idéia de um rito maçônico originário do movimento de criação dos Supremos


Conselhos a partir dos Estados Unidos da América, que ganhou o nome de Rito Escocês
Antigo e Aceito, se apoiou na certeza de que o importante no arcabouço do Rito seriam
os Altos Graus. A maçonaria azul teria o papel apenas de base do edifício, servindo de
arregimentadora de pretendentes. O primeiro Supremo Conselho concebeu o Rito com
33 graus, mas deu aos três primeiros importância mínima, não lhes revestindo da
roupagem própria do escocesismo. Aproveitou o que já existia no país e sobre eles
montou a estrutura principal do 4º ao 33º. Presentemente, considera-se que essa foi a
vertente anglo-saxã do Rito Escocês Antigo e Aceito, que permanece sem rituais
próprios para Aprendiz, Companheiro e Mestre. Nos Estados Unidos o Rito existe do
grau 4º para cima. Não há Loja especializada em trabalhos simbólicos do Rito Escocês
Antigo e Aceito.

A existência de duas influências ritualístico-institucionais foi materializada após a


chegada do Rito na França. Até 1813, as Lojas-Mãe Escocesas lideraram a maçonaria
azul na França e mantiveram a ritualística sem alterações. A fusão das duas Grandes
Lojas inglesas, a dos “modernos” e a dos “antigos”, na atual Grande Loja Unida da
Inglaterra, enfraqueceu a posição das Obediências que preservavam a ritualística dos
“antigos”, como foi o caso das Lojas-Mãe Escocesas, que desapareceram nos anos
seguintes. Quando o Grande Oriente de France assumiu os Graus Simbólicos do Rito
Escocês Antigo e Aceito e criou as Lojas Capitulares, estabeleceu um segundo modelo
de funcionamento e jurisdição para o Rito. Os Altos Graus se constituíram do 19º ao 33º
sob a hegemonia do Supremo Conselho e os graus abaixo desses ficaram sob a
autoridade do Grande Oriente. As divergências entre o Supremo Conselho de France, de
um lado, e os Supremos Conselhos dos Estados Unidos e da Inglaterra, de outro,
dividiram o Rito Escocês Antigo e Aceito em duas vertentes; uma ortodoxa, a anglo-
saxônica, e uma heterodoxa, latina ou francesa. Foram alterados alguns procedimentos
ritualísticos, símbolos e até a concepção interna do Templo. Uma das principais
modificações foi a implantação de um desnível que passou a caracterizar o Oriente como
uma região geográfica delimitada e não mais constituída apenas pelo Venerável Mestre.
A cor igualmente foi trocada. O azul da maçonaria azul cedeu lugar para o vermelho do
Grau Rosa-Cruz, o mais elevado da Loja Capitular, e os graus de Aprendiz, Companheiro
e Mestre passaram a fazer parte de uma denominação nova; o simbolismo, que recebeu
o vermelho. O simbolismo substituiu a maçonaria azul. Assim se formou a vertente latina
do Rito Escocês Antigo e Aceito. Mais tarde, os Supremos Conselhos do mundo inteiro
reivindicaram o retorno para o sistema inicial, ou seja, com poderes sobre o conjunto
44

de graus a partir do 4º e se estendendo até o 33º, ocasionando o desmantelamento das


Lojas Capitulares. No entanto, as cores permaneceram as duas, dependendo da vertente
e a ritualística também, pois o simbolismo da vertente latina é diferente da vertente
anglo-saxã.

O TEMPLO MAÇÔNICO DO REAA

Estudo sobre o Templo Maçônico do Rito Escocês Antigo e Aceito, fundado


nos textos de vários rituais editados no Brasil desde 1898 e nas pesquisas e
obras dos IIrm Theobaldo Varoli Filho e José Castellani.

As dimensões do Templo Maçônico

O Templo tem, internamente, a forma de um quadrilongo de comprimento igual ao


triplo de sua largura, sendo dividido, no sentido longitudinal, ou do seu maior eixo, em
três partes: a primeira compreende o Oriente, a segunda engloba o Ocidente, o Norte e
o Sul, e a terceira corresponde ao Átrio.

O Oriente, com sua largura igual ao seu comprimento, tem a forma de um quadrado
perfeito; o Ocidente tem o seu comprimento uma vez e meia maior que a sua largura;
enquanto que o Átrio tem o seu comprimento igual à metade de sua largura.

Sendo possível, a largura do Templo deve ser igual à sua altura e a parede de fundo
semicircular.

Essas são as verdadeiras dimensões de um Templo Maçônico do Rito Escocês Antigo e


Aceito. Definir as suas dimensões como tendo a forma de um "retângulo no Ocidente e
de um quadrado do Oriente", como o faz o Ritual de 1928 (1o Grau, pág. 11), é
desconhecer que o Átrio é parte integrante do Templo.

O Pavimento Mosaico
45

O soalho do Ocidente é representado pelo Pavimento Mosaico, constituído de ladrilhos


quadrados brancos e pretos, dispostos, alternadamente, em diagonal, e não em formato
de tabuleiro de xadrez, como se vê em muitas Lojas.

A propósito desta disposição, veja-se a correspondência do que se afirma com o plano


do Templo figurado no Ritual de 1928 (1o Grau, pág. 15), onde o pavimento de mosaico
recobre apenas o soalho do Ocidente, com os ladrilhos pretos e brancos dispostos
alternadamente e em digonal.

O soalho do Ocidente não deve ser composto por "losangos alternadamente brancos e
pretos", como preceituava o Ritual de 1928 (1o Grau, pág. 11). Como se sabe, o losango
é um quadrilátero plano que tem os lados iguais, e dois ângulos agudos e dois obtusos,
enquanto que o quadrado é um quadrilátero cujos lados são iguais entre si e cujos
ângulos são retos.

Os ladrilhos devem ser de tamanho que proporcione a medida dos passos regulares da
Maçonaria que, no Rito Escocês Antigo e Aceito, são seguidos com os pés em esquadria,
abertos para frente.

No Rito Moderno é que o Pavimento Mosaico pode configurar um tabuleiro de xadrez,


pois nesse rito os passos regulares e a esquadria pedestal acompanham os lados do
quadrado.

O Pavimento Mosaico extensivo ao soalho do Ocidente foi a norma nas Grandes Lojas
do Brasil até 1942, quando, a partir de então, por iniciativa do Irmão General Joaquim
Moreira Sampaio, sucessor do Irmão Mário Behring, ficou restrito ao centro do Templo,
com o formato de um tabuleiro de xadrez circundado por uma orla dentada, sobre o
qual era proibido pisar, salvo nas passagens ritualísticas previstas.

Alguns ritualistas defendem a tese de que o Pavimento Mosaico deve revestir todo o
soalho do Templo, inclusive o Átrio. Esses mesmos ritualistas, no entanto, incluem em
suas obras planos de Templos Maçônicos com o Pavimento Mosaico revestindo apenas
o Ocidente.

Daí porque o Projeto de Ritual do 1o Grau que integra esta proposta de revisão ritual
acolhe a recomendação de que o Pavimento Mosaico deva revestir apenas o Ocidente.

A Orla Denteada
46

Contornando todo o Pavimento Mosaico coloca-se, de modo contínuo, a Orla Dentada,


formada por ladrilhos triangulares brancos e pretos, estes últimos, com suas bases
voltadas para as paredes do Templo.

Quando não for possível tal disposição, a Orla Dentada deve figurar no alto das paredes,
à altura da Corda de 81 Nós.

A decoração do Templo

As paredes e o teto do Templo são decoradas em azul-celeste, restringindo-se o carmim


aos cortinados, à tapeçaria em geral, às almofadas, aos estofamentos e a certos
ornamentos.

Conquanto o vermelho seja a cor do Rito Escocês Antigo e Aceito, como já reconhecia o
Ritual de 1928 (1o Grau, pág. 8), o mais comumente encontrado é a recomendação para
que as paredes e o teto do Templo sejam pintados em azul-celeste.

A Corda de 81 Nós

No alto das paredes do Templo, entre as Colunas Zodiacais e a Abóbada Celeste, coloca-
se a Corda de 81 Nós.

O nó central desta corda emblemática encontra-se sobre o Trono, acima do dossel,


tendo de cada lado, quarenta nós eqüidistantes entre si, que se estendem pelo Norte e
pelo Sul e cujas extremidades terminam, de cada lado da porta de entrada, pendentes,
em forma de borlas que simbolizam Justiça e Prudência.

Esta proposta corrige o equívoco do Ritual de 1928 (1o Grau, págs. 11 e 13) ao
determinar que se colocasse uma corda de 81 nós no soalho do Ocidente, cercando o
pavimento mosaico, juntamente com a orla dentada, e, logo mais adiante (pág. 13), que
fosse colocada uma outra corda de 81 nós em volta das paredes do Templo, "cujas
pontas penderão aos lados da entrada principal". Com isso, teríamos, na decoração da
Loja duas cordas de 81 nós, o que é inadmissível.

O Portal
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A comunicação com o exterior é feita por uma única porta, de duas folhas, situada no
Ocidente, a meio da parede que faz frente com o Oriente, e de amplitude proporcional
à largura do Templo. É necessário que a porta do Templo seja de duas folhas que se
abrem para o Átrio.

Nos Templos Maçônicos, a função da porta de entrada é permitir a cobertura dos


trabalhos, sem maiores significados.

Alguns ritualistas preconizam que a porta do Templo deva ter um postigo que permitiria
ao Guarda do Templo (Cobridor Interno) verificar quem bate pedindo ingresso.

Na realidade a porta do Templo deveria ser construída em estilo Salomônico, ou seja,


com quatro folhas. Mais correto, ainda, seria a porta de entrada ocupar toda a extensão
da parede ocidental, como era no Templo de Jerusalém.

O Templo não deve ter janelas ou outras aberturas a não ser que por elas nada se posa
ver do exterior. Esta regra deve ser observada para que não tenhamos, mais e mais,
Lojas que enfileiram janelas nas paredes Norte e Sul dos seus Templos. Nesses casos a
cobertura dos trabalhos é mera filigrana. Em lugar de abrir janelas, as Lojas deveriam
dotar seus Templos de bons sistemas de circulação de ar.

O Oriente e a Grade do Oriente

Ao fundo, fronteiro à porta de entrada, situa-se o Oriente, em nível superior ao do


Ocidente e ao qual se sobe por um ou quatro degraus baixos. O Oriente é separado do
Ocidente por uma balaustrada – a Grade do Oriente, emblema da Razão – composta por
pequenas colunas, com altura de 1 metro a 1 metro e 30 centímetros, encimadas por
uma barra horizontal, tendo ao centro um passadouro de amplitude proporcional à
largura do Templo.

Não há obrigatoriedade que o acesso ao Oriente seja feito por quatro degraus, como é
construída a maioria dos nossos Templos. Exige-se, apenas, que o Oriente esteja em um
plano mais elevado que o Ocidente. Isso pode ser feito por apenas um degrau.

A propósito, veja-se o que determina o Ritual de 1898 (1o Grau, pág. 3), no que se refere
aos degraus de acesso ao Oriente: "A parte do fundo, para a qual se sobre por um
degrau (ou por três pequenos degraus, si a altura da sala o permitir), chama-se
Oriente; é separado, à direita e à esquerda, por uma balaustrada".

A adoção de quatro degraus na escada de acesso ao Oriente se deu com a edição do


Ritual do Grau de Aprendiz editado em 1928 para uso das primeiras Grandes Lojas do
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Brasil, em nota de rodapé lançada à página 12, onde é ensinado ser necessário subir sete
degraus para se chegar ao Trono, por quatro, de acesso ao Oriente, e mais três, de
acesso ao Trono, ao tempo em que se lhes dá os nomes de Força, Trabalho, Ciência e
Virtude.

Nesta mesma nota de rodapé, o Ritual supracitado ao afirmar que para "chegar ao solio,
onde fica o Throno do Ven.: M.: é necessário subir Sete (7) degráos, por Quatro (4) e
Tres (3)", comete os seguintes equívocos: a) o Trono do Venerável Mestre não fica no
sólio, pois o trono é o próprio sólio, uma vez que sinônimos; são a mesma coisa,
portanto; b) confunde o Altar com o Trono do Venerável Mestre, ao mandar que sobre
este repousem "uma espada desembainhada, um malhete, objectos de ecripta e um
candelabro de tres luzes"; e c) os degraus pelos quais se chega ao Trono, se
corretamente interpretados, são: 1 (um) do estrado do Altar do 1o Vigilante, mais 2
(dois) do estrado do Altar do 2o Vigilante, mais 1 (um) de acesso ao Oriente e mais 3
(três) do estrado do Trono, perfazendo, assim, um total de 7 (sete) degraus (1+2+1+3=7).

A subida e descida desses quatro degraus, quando existentes, não devem ser feitos um
a um, formando esquadria a cada passo. Esta prática é inexistente no verdadeiro Rito
Escocês Antigo e Aceito e, de resto, nos demais ritos maçônicos. Esses degraus devem
ser ascendidos e descendidos, um a um, por passos normais, alternando-se os pés em
cada degrau.

Entende-se, no entanto, que um degrau é suficiente para atender à tradição do Rito


Escocês Antigo e Aceito e conferir maior beleza aos seus Templos.

As Colunas do Pórtico

Junto à parede ocidental e ladeando o portal elevam-se as duas Colunas do Pórtico, de


ordem egípcia, ocas, bronzeadas e de altura proporcional ao teto do Templo. As bases
dessas colunas, arredondadas e sobre as quais se esculpem ou são pintadas folhas de
papiro e lótus, devem ser largas até certo ponto do fuste o qual, por sua vez, vai se
estreitando um pouco até o capitel, que termina em forma de açucena, dentro e em
torno da qual se colocam o rendilhado de bronze e as romãs, estas em número de três.

A coluna colocada ao Norte, à esquerda de quem entra no Templo, tem insculpida no


fuste a letra B, enquanto que a coluna colocada ao Sul, à direita de quem entra no
Templo, tem insculpida no seu fuste a letra J, ambas em posição de leitura para o
Venerável Mestre.
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Essas colunas podem, ainda, ser encimadas, cada uma, por uma esfera representando o
Globo Terrestre (Coluna B) e o Globo Celeste (Coluna J).

Conquanto a maioria das Lojas tenham as Colunas do Pórtico interiorizadas, o correto


seria colocá-las no Átrio, a exemplo do Templo de Salomão.

Admite-se, no entanto, que estejam no interior do Templo, desde que junto à parede
do Ocidente, ladeando a porta de entrada; o portal. Neste caso, o Guarda do Templo
(Cobridor Interno) sentaria à esquerda da Coluna J e o Cobridor Externo à direita da
Coluna B.

No caso em que as Colunas do Pórtico sejam interiorizadas, entre elas e a parede


ocidental do Templo não deve haver espaço para circulação, uma vez que circular por
trás das mesmas, como se vê em grande parte das Lojas, eqüivale a estar no Átrio.

As Colunas Zodiacais

No Ocidente, ao longo das paredes Norte e Sul, pintadas ou em relevo, erguem-se as


doze Colunas Zodiacais – eqüidistantes entre si e dispostas seis ao Norte e seis ao Sul –,
figuradas por meias-colunas caneladas de ordem jônica, secionadas no sentido vertical,
ou seja, só a metade anterior delas emerge das paredes, num alto relevo, tendo, no seu
capitel, os pentaclos. Começando por Áries, a noroeste, e terminando com Peixes, a
sudoeste, a seqüência completa das Colunas Zodiacais é a seguinte: Äries, Touro,
Gêmeos, Câncer, Leão e Virgem, ao Norte, no sentido Ocidente-Grade do Oriente; e,
Libra, Escorpião, Sagitário, Capricórnio, Aquário e Peixes, ao Sul, no sentido Grade do
Oriente-Ocidente.

Observe-se, por fim, que as Colunas Zodiacais devem estar dispostas tão somente nas
paredes Norte e Sul do Ocidente. No Oriente, nem, também, na parede do Ocidente,
não deve ser colocada nenhuma Coluna Zodiacal.

O Trono e os Altares das Luzes da Loja

No eixo longitudinal do Templo, próximo ao fundo do Oriente, sobre um estrado de três


degraus semicirculares, que significam Pureza, Luz e Verdade, e sob um Dossel,
confeccionado em damasco carmim com franjas douradas e sustentado por duas
colunas compósitas ligadas por um arco que parte da parede de fundo, eleva-se o Trono
50

do Venerável Mestre, ladeado por, apenas, duas outras cátedras de espaldar um pouco
mais baixo.

Entre o Trono e a parede de fundo não deve haver espaço livre para circulação, pois não
é permitido passar por trás do Trono e à frente do Delta Sagrado. Defendem os melhores
ritualistas que que a passagem por trás do Trono implica passar na frente do Delta
Sagrado, por cima do estrado, o que, além de ser um erro é uma prática proibida, pois
o Delta Sagrado tem que ser, sempre, visível a todos aqueles que estão no Templo, não
podendo, a sua visão, ser obstruída por pessoas, ou por objetos (bastão), porque nos
ritos teístas, como o Rito Escocês Antigo e Aceito, ele representa a presença de Deus,
devendo, sempre estar à vista de todos.

O Dossel deve ser confeccionado em tecido carmim (cor vermelha muito viva), pois o
vermelho é a cor do Rito Escocês Antigo e Aceito, como já reconhecia o Ritual de 1928
(1o Grau, pág. 8).

Alguns rituais editados no Brasil mandam que se coloque, pendente do centro da face
anterior do Dossel, um triângulo eqüilátero tendo ao centro, suspensa por elemento
invisível, a letra hebraica IÔD. Outros, mandam que na parte frontal do Dossel devem
figurar o Compasso e o Esquadro cruzados em torno da letra G. Outros, ainda, que o
Compasso e o Esquadro cruzados sejam substituídos pela Estrela Flamejante, quando
não for possível a sua colocação no alto e no meio do Templo, entre o Sol do Oriente e
a Lua do Ocidente. E, por fim, outros rituais nada mandam colocar na face anterior do
Dossel.

Entendemos que mandar colocar "um triângulo eqüilátero tendo ao centro a letra IÔD"
é repetir um símbolo já inserido no Painel do Oriente, ou seja, o Delta Sagrado.

Por outro lado, a Estrela Flamejante deve figurar no teto do Templo, por sobre o Altar
do 2o Vigilante, e nada há que justifique a sua ausência nessa posição. Por outro lado, o
Esquadro e o Compasso já figuram, juntamente com o Livro da Lei sobre o Altar dos
Juramentos, como Paramentos da Loja.

Entendemos, ainda, que, se algo tivesse que ser colocado à frente do Dossel seria a
Estrela Hexagonal, também conhecido como Estrela de Davi ou Signo de Salomão, ou,
ainda, Selo de Salomão. Veja-se, ainda, por necessário, que o Compasso e o Esquadro
cruzados compõem uma estrela de cinco pontas.

Restaram-nos, pois, três opções:

1. Nada ostentar no alto do Dossel;


2. Ostentar o Compasso e o Esquadro cruzados em torno da letra G;
51

3. Ostentar o Selo de Salomão.

O Projeto de Ritual do 1o Grau que integra esta proposta de revisão ritual contempla a
Estrela Hexagonal como símbolo ostentado na face anterior do Dossel, em
correspondência ao Trono de Salomão, conquanto se saiba que este, na verdade,
somente existe na cerimônia de Instalação do Venerável Mestre.

À frente do Trono, sobressaindo-se sobre os demais em dimensão, fica o Altar do


Venerável Mestre, com a face frontal voltada para o Oriente e sobre o qual estarão um
malhete, um candelabro de três braços, uma coluneta jônica, a Espada Flamejante em
seu escrínio, a Constituição e o Regulamento Geral da Federação, o Estatuto da Loja, um
exemplar do Ritual do Grau e objetos de escrita.

Diante da face frontal do terço lateral esquerdo do Altar do Venerável, em correlação


com o Secretário, fixado num pequeno cavalete posto no último degrau do estrado,
coloca-se o quadro que contém a Carta Constitutiva da Loja e, em frente ao seu terço
direito, em correlação com o Orador, igualmente disposta em um pequeno cavalete,
coloca-se a Prancheta da Loja, gravada, no ângulo superior esquerdo, com a Cruz
Quádrupla – formada por duas paralelas horizontais, cruzadas com outras duas verticais
e símbolo da capacidade do homem, do que é limitado – e, no ângulo inferior direito, a
Cruz de Santo André – uma cruz em forma de "xis", com quatro ângulos opostos pelo
vértice e símbolo do infinito –, que são a chave do alfabeto maçônico, através do qual
os Grão-Mestres deveriam comunicar a Palavra Semestral e ordens sigilosas. Sua
colocação no Templo é, inexplicável e lamentavelmente, ignorada pelo Ritual de 1928
(1o Grau).

Convém não confundir a Prancheta da Loja com a Prancheta utilizada por engenheiros,
arquitetos e desenhistas, vista em algumas Lojas e sobre a qual comumente são
dispostos os utensílios maçônicos exigidos pelos Rituais de Iniciação, Elevação e
Regularização, tais como o maço, cinzel, alavanca, esquadro, compasso, régua, cordel,
lápis, etc.

Registre-se, para que não se repita o erro, o fato de que a maioria dos rituais estudados
confunde, absurdamente, Trono com Altar, chegando o Ritual de 1928 (1o Grau, pág. 12)
ao cúmulo de recomendar que o Trono deve ser de forma triangular e sobre o qual
devem estar "uma espada desembainhada, um malhete, objetos de escripta e um
candelabro de três luzes".

Entende-se quão imaginoso seria uma cadeira de formato triangular; uma cadeira de
três pernas. Mais difícil, ainda, é imaginar o Venerável Mestre sentado sobre uma
espada e um candelabro, pois, como se sabe, trono é assento e não mesa, e colocar
52

espada e candelabro sobre este é querer trespassar o Venerável Mestre com arma
branca ou queimá-lo vivo.

Imagine-se, também, como seria dificultoso montar um Dossel (e não Docel, como
grafado em muitos rituais) de formato triangular sobre uma armação em forma de arco,
como recomenda o Ritual de 1928 (1o Grau, pág. 12).

À esquerda e um pouco à frente da Coluna B, elevados sobre um estrado de dois


degraus, que significam Justiça e Fortaleza, ficam a Cátedra e o Altar do 1o Vigilante,
aquela de espaldar inferior ao do Trono e este com a face frontal voltada para o Oriente
e sobre o qual repousam um malhete, um candelabro de três braços, uma coluneta
dórica e um exemplar do Ritual do Grau. À direita do Altar do 1o Vigilante, sobre o
estrado, estará uma pedra de superfície lisa e polida, perfeitamente esquadriada e de
faces iguais, denominada Pedra Cúbica.

O correto é Pedra Cúbica e não Pedra Polida como dito no Ritual de 1928 (1o Grau, pág.
14), pois, como se sabe o trabalho do Aprendiz consiste em desbastar a Pedra Bruta,
transformando-a num cubo que é um sólido geométrico perfeito, que se encaixa
perfeitamente nas edificações, sem deixar espaços vazios. Assim a pedra pode ser
polida, sem ter o formato cúbico exigido para o uso nas construções, uma vez que pode
ter outros formatos geométricos.

O Ritual de 1928 (1o Grau, pág. 14) é, também, impreciso no que se refere ao lugar do
1o Vigilante, ao determinar seu assento à esquerda da Coluna do Norte, quando este, na
realidade, tem assento no Ocidente.

A meia distância entre a Coluna J e a Grade do Oriente, elevados sobre um estrado de


um degrau, que significa Prudência, ficam a Cátedra e o Altar do 2o Vigilante, aquela de
espaldar inferior ao do Trono e este com a face frontal voltada para o eixo longitudinal
do Templo e sobre o qual descansam um malhete, um candelabro de três braços, uma
coluneta coríntia e um exemplar do Ritual do Grau. À direita do Altar do 2o Vigilante,
sobre o estrado, estará uma pedra áspera, de forma e contornos irregulares,
denominada Pedra Bruta.

Os degraus de acesso aos Altares dos Vigilantes devem ser, igualmente, semicirculares,
e os estrados que os suportam convenientemente dispostos, de modo a permitir livre
circulação.

Os Altares das Luzes da Loja, todos de formato retangular, terão as faces frontal e
laterais fechadas por painéis de madeira e serão revestidos de cortinado carmim orlado
com franjas douradas, devendo o Altar do Venerável Mestre se sobressair em majestade
53

sobre os demais e ter o seu terço médio construído em plano mais elevado que os seus
terços laterais.

No centro das faces frontais de cada Altar deverá figurar a jóia representativa do
respectivo cargo.

Em correspondência com que é adotado por boa parte das Grandes Lojas do Brasil, esta
proposta de revisão ritual acolhe o formato retangular para os altares das Luzes, uma
vez que no verdadeiro Rito Escocês Antigo e Aceito não existem altares ou mesas
triangulares, pois, na verdade, o único triângulo que existe em Loja é o Delta Sagrado.
E, ademais, há que se convir que os altares e mesas em forma de triângulo são até
desconfortáveis, pois são incômodos, para se colocar objetos sobre elas. No Rito
Moderno é que as mesas das Luzes e Oficiais são chamadas de triângulos, por terem,
obviamente, este formato.

À esquerda desses Altares, conquanto não seja de uso obrigatório, costuma-se colocar,
sobre pequenos pedestais, as estátuas de Júpiter ou Minerva (Venerável Mestre), Marte
ou Hércules (1o Vigilante) e Afrodite ou Vênus (2o Vigilante). Sobre os Altares das Luzes
da Loja pode haver uma base percussora sobre a qual serão dados os golpes de malhete.

As Jóias Fixas da Loja

As jóias fixas de uma Loja são: a Prancheta da Loja, a Pedra Cúbica e a Pedra Bruta que
correspondem, respectivamente, ao Mestre, ao Companheiro e ao Aprendiz.

O Ritual de 1928 (1o Grau, pág. 14) manda que sobre o Altar do 1o Vigilante seja colocada
uma Pedra Bruta, e sobre o Altar do 2o Vigilante uma Pedra Polida, para, em seguida,
contradizer-se, ao indicar que essas pedras devem ser colocadas junto às Colunas B
(Pedra Bruta) e J (Pedra Polida), conforme se prova do Plano do Templo (pág. 15),
posição esta que pode ser considerada correta pela correspondência simbólica das
colunas. Com isto, comete os seguintes equívocos:

1. Estabelece duas normas distintas para um mesmo procedimento;


2. Confunde Pedra Polida com Pedra Cúbica;
3. Manda que as pedras sejam colocadas sobre os Altares dos Vigilantes;
4. Faz a Pedra Bruta corresponder ao 1o Vigilante e a Pedra Polida ao 2o Vigilante.
54

Como se sabe, o trabalho do Aprendiz consiste em desbastar a Pedra Bruta,


transformando-a num cubo que é um sólido geométrico perfeito, pois se encaixa nas
construções perfeitamente, sem deixar espaços vazios. Assim a pedra pode ser polida,
sem ter o formato cúbico exigido para o uso nas construções. Portanto, a terminologia
correta é Pedra Cúbica e não Pedra Polida.

Sabendo-se que, tradicionalmente, compete ao 2o Vigilante, e não ao 1o Vigilante,


instruir os Aprendizes e ao 1o Vigilante instruir os Companheiros, ao contrário do que
tem sido apregoado ao longo de todos esses anos, entende-se que a Pedra Bruta deve
ser colocada junto ao Altar do 2o Vigilante e a Pedra Cúbica junto ao Altar do 1o Vigilante.

Embora tenham, os Aprendizes, assento na Coluna do Norte, dirigida pelo 1 o Vigilante,


compete ao 2o Vigilante – que fica de frente para os Aprendizes – a sua instrução e
orientação. E, como o trabalho deles é na Pedra Bruta, devem, para isso, ser orientados
e ensinados pelo 2o Vigilante, o que torna óbvio que esta Jóia Fixa deverá estar junto a
ele.

O fato dos Aprendizes estarem na Coluna do Norte, portanto, não impede que seja
obedecida a norma tradicional segundo a qual o 2o Vigilante é o instrutor e mentor deles.
Considera-se, pois, inaceitável o argumento de que a Pedra Cúbica deve ser colocada
junto ao Altar do 2o Vigilante porque este dá as ordens na Coluna do Sul, onde têm
assento os Companheiros, e que a Pedra Bruta deve ser colocada junto ao Altar do 1o
Vigilante porque este dá as ordens na Coluna do Norte, onde têm assento os Aprendizes.
Na verdade, o 1o Vigilante não tem assento na Coluna do Norte, mas sim no Ocidente,
e, na qualidade de segunda Luz da Loja cabe-lhe instruir os Companheiros Se aceito fosse
esse argumento, os Mestres deveriam, então, ter assento no Oriente, já que instruídos
pelo Venerável Mestre que tem a Prancheta da Loja exposta junto ao seu Altar. Em
decorrência desse argumento vesgo e por mais incrível que possa parecer, há Irmãos
que chegam, inclusive, a cometer o absurdo de afirmar, com "alardeada sabedoria e
experiência", que os Aprendizes têm assento na Coluna do Norte, os Companheiros na
Coluna do Sul e os Mestres na Câmara do Meio. Estes, com certeza, ignoram que Câmara
do Meio é o nome que se dá à Loja do terceiro grau do simbolismo maçônico.

Além disso, como já se viu, a cada uma das três Jóias Fixas, inerentes, cada uma delas, a
um dos três Graus Simbólicos, corresponde uma das Luzes: Pedra Bruta, ao 2o Vigilante,
Pedra Cúbica, ao 1o Vigilante, e Prancheta, ou Tábua de Delinear, ao Venerável Mestre.
Como esta última fica no Oriente, à frente do Altar da Sabedoria, as outras duas,
logicamente, deverão estar junto à Dignidade a que correspondem.

Não é lógico nem racional entender-se que o 1o Vigilante comande os Aprendizes,


enquanto o 2o Vigilante comanda os Companheiros, que, na escala evolutiva maçônica,
estão acima daqueles. Seria uma incoerência a Dignidade mais graduada (1 o Vigilante)
55

instruir Obreiros menos evoluídos (Aprendizes), enquanto à Dignidade menos graduada


(2o Vigilante) competiria instruir os Obreiros mais aperfeiçoados (Companheiros). Seria
o mesmo que um tenente comandar soldados enquanto um sargento comandaria os
cabos.

Levemos, ainda, em conta o seguinte:

1. O dirigente de toda Loja é o Venerável Mestre, que dirige as Colunas através dos
Vigilantes;
2. O 1o Vigilante é o dirigente de ambas as Colunas, do Ocidente, mas a Coluna do Sul
ele dirige através do 2o Vigilante;
3. O 2o Vigilante dirige a Coluna do Sul, prestando contas ao 1o Vigilante, que as presta
ao Venerável Mestre, instruindo os Aprendizes, por delegação de ambos.

Observe-se, ainda, que, no Painel Alegórico da Loja de Aprendiz (Painel de Harris), a


Pedra Cúbica está ao lado da coluna dórica, correspondente ao 1o Vigilante.

Note-se, por fim, que tanto no Painel Simbólico da Loja de Aprendiz quanto no Painel
Simbólico da Loja de Companheiro a Pedra Bruta está em correspondência com o Prumo
(Jóia do 2o Vigilante) e a Pedra Cúbica em correspondência com o Nível (Jóia do 1o
Vigilante).

Portanto, entende-se que a Pedra Cúbica deva ser colocada ao lado do Altar do 1o
Vigilante e a Pedra Bruta junto ao Altar do 2o Vigilante. Este equívoco quer vem de muito
longe decorre da confusão que se faz, até hoje, das diversas aplicações da expressão
"colunas" em maçonaria. Assim, dentre estas, teríamos:

1. A coluna do Aprendiz, que é a Coluna B, colocada à esquerda da entrada do Templo;


2. A coluna do Companheiro, que é a Coluna J, colocada à direita da entrada do
Templo;
3. A Coluna do Sul, onde têm assento os Mestres e, na última fileira de assentos, junto
à parede, os Companheiros;
4. A Coluna do Norte, onde têm assento os Mestres e, na última fileira de assentos,
junto à parede, os Aprendizes.

As Mesas das Dignidades e Oficiais

No Oriente, de cada lado da entrada e próximos às paredes laterais e à Grade do Oriente,


ficam, frente a frente, uma mesa e um assento destinados, à direita do Trono, ao Orador,
e, à esquerda do Trono, ao Secretário. Sobre a mesa do Orador estarão a Constituição e
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o Regulamento Geral da Federação, o Estatuto da Loja, um exemplar do Ritual do Grau


e material de escrita, enquanto que sobre a mesa do Secretário, além do material de
escrita, estarão, também, os Livros de Balaústres.

No Ocidente, próximos às paredes laterais e à Grande do Oriente, ficam, frente a frente,


uma mesa e um assento destinados, à direita do Orador, ao Tesoureiro, e, à esquerda
do Secretário, ao Chanceler. Sobre a mesa do Chanceler estarão as Tábuas da Loja
destinadas ao registro de presença dos Obreiros do quadro e visitantes.

As mesas e assentos do Orador, Secretário, Tesoureiro e Chanceler ficam postos


diretamente sobre o piso, aquelas com as faces frontais voltadas para o eixo longitudinal
do Templo e estes de espaldar inferior às Cátedras dos Vigilantes. As mesas das
Dignidades e Oficiais têm o formato retangular, com as faces laterais e frontal fechadas
por painéis de madeira e revestidos de cortinado carmim orlado com franjas douradas.
No centro das faces frontais de cada mesa deverá figurar a jóia representativa do
respectivo cargo.

Nota-se, por necessário, que a determinação para que as mesas das Dignidades e Oficiais
tenham a forma retangular não se trata de nenhuma invenção ou inovação pretendida
por esta proposta de revisão ritual, é correção, uma vez que tal determinação já estava
contida no Ritual de 1928 (1o Grau, págs. 12 e 13).

Observa-se, também, que esta proposta de revisão ritual não se refere às mesas do
Orador, Secretário, Tesoureiro e Chanceler como Altares, pois, a rigor, dentre as mesas
das Luzes, Dignidades e Oficiais, a do Venerável Mestre é a única que deveria ser, assim,
denominada, reconhecendo-se, portanto, condescendência em se manter esta
denominação para as mesas dos Vigilantes.

Em relação à iluminação das mesas das Dignidades e Oficiais, não há obrigatoriedade de


sobre elas serem colocados castiçais, de um ou dois focos. O que pode haver sobre essas
mesas é um pequeno abajur de luz baixa com a finalidade de facilitar a leitura e a escrita.
Mandar colocar, pois, duas luzes sobre as mesas do Tesoureiro e do Secretário, como
faz o Ritual de 1928 (1o Grau, pág. 13), é determinação descabida uma vez que, à
exceção dos Altares das Luzes, as mesas das Dignidades e Oficiais não ostentam
nenhuma iluminação litúrgica.

Em relação ao Ritual de 1928 (1o Grau), observa-se, ainda, que:

1. A bolsa coletora do Tronco de Solidariedade deve ficar à mão do Hospitaleiro, p. ex.,


suspenso ao seu assento, e não sobre o Altar do Tesoureiro (pág. 13);
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2. A bolsa coletora de Propostas e Informações deve ficar à mão do Mestre de


Cerimônias, p. ex., suspenso ao seu assento, e não sobre o Altar do Secretário;
3. Ao invés de registro de presença, seria mais correto dizer "Tábuas da Loja destinadas
ao registro de presença de Obreiros do quadro e de Visitantes";
4. A caixa dos escrutínios deve ficar à mão do Mestre de Cerimônias e não sobre a mesa
do Chanceler.

Os Lugares dos Oficiais e Obreiros

A colocação dos demais Oficiais da Loja obedecerá ao traçado do Plano do Templo,


assentando-se os correspondentes Adjuntos à direita ou à esquerda dos
correspondentes titulares, conforme as conveniências de espaço.

À direita dos assentos do Mestre de Cerimônias e dos Diáconos deve haver um suporte
para os respectivos bastões.

As bolsas destinadas à coleta de Propostas e Informações e do Tronco de Solidariedade


devem ficar à mão do Mestre de Cerimônias e do Hospitaleiro, respectivamente.

No Ocidente, distribuídos de um e outro lado do eixo longitudinal do Templo, estendem-


se fileiras de assentos, denominadas de Coluna do Norte e Coluna do Sul. A primeira
fileira de assentos, junto às paredes laterais, destina-se, no Norte, aos Aprendizes e, no
Sul, aos Companheiros. À frente dessas fileiras, em ambas as Colunas, colocam-se os
assentos destinados aos Mestres.

No Oriente, junto às paredes laterais e de fundo e diretamente sobre o piso, são


colocados os assentos reservados, à esquerda do Trono, para os Mestres Instalados e, à
direita do Trono, para as autoridades do Simbolismo Maçônico.

O Retábulo ou Painel do Oriente

Ressalta-se, em princípio, o fato de que o Ritual de 1928 (1o Grau) é omisso quanto ao
Painel do Oriente, o que é inadmissível.

Como se sabe, o Retábulo, ou Painel do Oriente, de base azul-celeste, emoldurado de


vermelho e dourado e ladeado por duas meias-colunas de ordem jônica, fica colocado
atrás do Trono, junto à parede de fundo do Templo, iluminado, ao centro, pelo Delta
Sagrado, com raios partidos de seus lados e ostentando no seu interior o Olho
Onividente, ou o nome hebraico de Deus – formado pelas letras hebraicas IÔD-HÉ-VAV-
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HÉ –, ou, ainda, pelo menos, a primeira letra deste nome – IÔD –, tendo à sua direita o
Sol, em todo o seu esplendor radiante, e, à sua esquerda a Lua, em quarto crescente.

É conveniente observar que o Delta Sagrado deve ficar a uma altura tal que jamais seja
encoberto pelo Venerável Mestre quando de pé e que, entre o Retábulo e a parede de
fundo do Oriente, não deve existir espaço para circulação, como se vê em alguns
Templos, inclusive de Grandes Lojas.

É importante observar, ainda, que o Sol deve estar, sempre, no lado em que se
encontra o Orador, pois este, na correspondência cósmica e mitológica simboliza o Sol,
ou o deus grego Apolo, enquanto que a Lua estará no lado em que se encontra o
Secretário, que, na correspondência cósmica e mitológica, representa a Lua, ou a deusa
grega Ártemis (Diana, dos romanos), deusa da Lua, da caça e das flores.

Essa posição do Sol e da Lua nada tem a ver com o fato de que no hemisfério Norte,
berço da Maçonaria, o Sul é mais iluminado do que o Norte, o que faz com que algumas
Lojas invertam as posições do Sol e da Lua, colocando o primeiro em correspondência
com o Secretário e esta última em correspondência com o Orador, o que é errado. Por
uma questão de padronização ritual mundial, deve-se admitir, também, aqui no
hemisfério Sul, o Norte como a região menos iluminada. A posição do Sol e da Lua no
Retábulo, portanto, não tem a ver com o lugar onde têm assento os Aprendizes e
Companheiros, como apregoado por alguns.

Convém, também, lembrar que, ao contrário do que querem alguns, não existe o Norte
do Oriente nem o Sul do Oriente; Oriente é Oriente e ponto final.

O Altar dos Juramentos

No Ocidente, no centro geométrico do Templo, coloca-se o Altar dos Juramentos, em


forma de prisma quadrangular, com ângulos retos e lados iguais, e medindo cerca de 1
metro de altura, sobre o qual repousam o Livro da Lei, um Esquadro, com os ramos
iguais, e um Compasso, aberto num ângulo de 45º, que juntos, representam as TRÊS
GRANDES LUZES EMBLEMÁTICAS DA MAÇONARIA.

Em defesa da forma do Altar dos Juramentos, invoca-se a passagem bíblica que relata a
feitura do altar do holocausto, determinada por Deus a Moisés: "Fez também o altar
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do holocausto de madeira de acácia; de cinco côvados era o seu comprimento e de


cinco côvados a sua largura, quadrado, e de três côvados a sua altura" (Êxodo, 38:1).

Em Loja aberta o Compasso terá, sempre, as hastes voltadas para o Ocidente, enquanto
que o Esquadro terá seus ramos voltados para o Oriente.

É importante observar que, ao contrário do que manda o Ritual de 1928 (1 o Grau, pág.
13), nos Graus Simbólicos do Rito Escocês Antigo e Aceito o Compasso deve ter uma
abertura de 45º e não de 60º. No Rito Escocês Antigo e Aceito, o Compasso tem uma
abertura de 60º na jóia do 5º Grau e uma abertura de 90º nas jóias dos Graus 14º e 18º.

O Altar dos Juramentos terá gravado, em sua face oriental, um círculo com um ponto no
centro, limitado, ao Norte e ao Sul, por duas linhas paralelas. Próximos a este Altar
poderão ser colocados três castiçais, medindo 1 metro e 12 centímetros de altura e
encimados por uma vela de cera amarela, dispostos no centro das faces oriental, norte
e sul, formando um triângulo entre si.

Segundo o entendimento dos melhores ritualistas, constitui erro crasso ornar o Altar
dos Juramentos com chifres ou chamas, sendo este apenas uma peça do mobiliário do
Templo e, na verdade, um complemento do Altar do Venerável Mestre. Entendem,
também, esses ritualistas que o Altar dos Juramentos deve ser colocado no Oriente e
não no Ocidente.

O Painel Simbólico do Grau e o Painel Alegórico da Loja

No eixo longitudinal do Templo, entre a Grande do Oriente e o Altar dos Juramentos,


estende-se, sobre um cavalete, voltado para o Ocidente, o Painel Simbólico do Grau, de
modo a permitir a livre circulação entre o Norte e o Sul. Entre o Painel Simbólico do Grau
e o Altar dos Juramentos deve haver espaço suficiente para a passagem de uma pessoa.

A questão dos painéis da Loja de Aprendiz-Maçom é uma das mais controvertidas da


ritualística maçônica.

Comumente, os nossos Rituais apresentam, em suas ilustrações, um quadro a que dão


o nome de LOJA DE APRENDIZ e outro a que denominam PAINEL DA LOJA DE APRENDIZ.

O primeiro – Loja de Aprendiz – é, na realidade, o PAINEL SIMBÓLICO DO GRAU DE


APRENDIZ-MAÇOM, faltando-lhe acrescentar, apenas, a Orla Dentada, com os símbolos
dos quatro pontos cardeais. Esse Painel é que deve ser exposto em Loja aberta.
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O segundo – Painel da Loja de Aprendiz – corresponde ao PAINEL ALEGÓRICO DA LOJA


DE APRENDIZ-MAÇOM. Esse é o Painel que, correntemente, se vê exposto em Loja
aberta, mas que deveria ficar exposto no Oriente, à esquerda e à frente do Trono, entre
o Altar do Venerável e a mesa do Secretário.

O mesmo princípio é aplicado ao Ritual do Grau de Companheiro-Maçom, enquanto que


em Loja de Mestre-Maçom não existe o Painel Alegórico.

O Altar dos Perfumes

O Altar dos Perfumes – denominado, também, em determinadas cerimônias maçônicas,


de Altar da Consagração –, é um pequeno móvel em forma de prisma quadrangular, com
ângulos e lados iguais. Sobre este Altar estarão um incensório e um vasilhame contendo
os perfumes (incensos) a serem queimados.

O Altar dos Perfumes deve ser colocado próximo ao centro da Grande do Oriente, de
modo a permitir espaço suficiente para que em caso de acesso ao Oriente ou saída deste
se possa parar e fazer a saudação ao Delta Sagrado.

A propósito, é difícil compreender como colocar uma trípode (peça de três pés) sobre o
Altar dos Perfumes, como manda o Ritual de 1928 (1 o Grau, pág. 13). Na verdade, como
já se disse, o Altar dos Perfumes tem por base uma coluna torsa (torcida) apoiada sobre
uma trípode e não uma trípode colocada sobre ele.

Conquanto alguns ritualistas afirmem que esse Altar não existe no original Rito Escocês
Antigo e Aceito, outros admitem sua existência. A respeito, assim se pronuncia o Irmão
Boanerges Barbosa de Castro: "O Altar dos Juramentos, que antes era fora do pórtico,
absorveu o Altar dos Perfumers ou afastou este último para o Oriente ocupando o seu
lugar no centro da Loja, sobre o Pavimento de Mosaicos".

Em defesa da existência e forma do Altar dos Perfumes, invoca-se a passagem bíblica


que relata a feitura do altar do incenso, determinada por Deus a Moisés: "De madeira
de acácia fez o altar do incenso; de um côvado era o seu comprimento, e de um côvado
a sua largura, quadrado, e de dois côvados a sua altura; as suas pontas formavam
uma só peça com ele" (Êxodo, 37:25).

O Mar de Bronze
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A expressão Altar das Oblações, como consta do Ritual de 1928 (1o Grau, pág. 12)), é
imprópria, uma vez que oblação – do latim oblatione – significa "ação pela qual se
oferece qualquer coisa a Deus ou aos santos; oferenda feita a Deus ou aos santos;
oblata; oferecimento a Deus do pão e do vinho, feito pelo sacerdote; qualquer oferta
ou oferecimento". O termo oblação, como se pode ver, em nada espelha a utilidade de
tal utensílio na liturgia maçônica.

A expressão correta é Altar das Abluções, pois, como se sabe ablução – do latim
ablutione – significa lavagem ou Ritual de Purificação por meio da água, praticado em
várias religiões. Aí, sim, com significado correspondente à terceira prova e segunda
viagem do Ritual de Iniciação.

Segundo o Ritual de 1928 (1o Grau, pág. 12), o Altar das Abluções, sobre o qual descansa
o Mar de Bronze, deve estar colocado entre a porta de entrada e o Sul, ou seja, junto à
parede ocidental, a meio caminho entre a Coluna J e a Coluna de Harmonia. Outros
Rituais mandam que o Mar de Bronze seja colocado na região sudoeste do Templo.
Outros, ainda, são incisivos: o Mar de Bronze deve ser colocado no ângulo sudoeste do
Templo.

Na verdade, os textos rituais e os ritualistas são contraditórios ao determinarem a


correta localização do Mar de Bronze. Uns, inclusive, determinam um mesmo lugar para
o Mar de Bronze e a Coluna da Harmonia, o que contraria a lei da física segundo a qual
dois corpos não podem ocupar, ao mesmo tempo, o mesmo lugar no espaço.

No que diz respeito à colocação do mar de bronze, deve-se, por necessário, dedicar
especial atenção aos textos bíblicos concernentes à construção do Templo de Salomão.
Em Reis I, 7:39, vamos encontrar a seguinte disposição: "E, das dez bases, pôs cinco na
parte direita do templo, e cinco na esquerda; e pôs o mar na parte direita do templo,
entre o oriente e o meio-dia". Já em Crônicas II, 4:10, temos: "E colocou o mar ao lado
direito contra o oriente, ao meio-dia". Portanto, segundo o 1o Livro dos Reis I (Reis III,
na bíblia católica) o mar de bronze seria colocado a SUDESTE, enquanto que segundo o
2o Livro das Crônicas (Paralipômenos II, na bíblia católica) sua colocação pode ser
interpretada como sendo a SUDOESTE, uma vez que a expressão "contra o oriente"
pode ser entendida como "em direção oposta ao oriente", ou seja "na direção do
ocidente". Com efeito, sabendo-se que a expressão meio-dia corresponde ao ponto
cardeal sul e que o ocidente corresponde ao ponto cardeal oeste, a porção do hemisfério
terrestre compreendido entre o sul e o leste é o sudoeste.

Levando-se em conta, ainda, a correspondência com o Templo de Salomão e sabendo-


se que a orientação deste era do Oriente para o Ocidente, onde estavam o Santo dos
Santos e o Santo, cuja localização no Templo Maçônico corresponde ao Oriente, o Mar
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de Bronze deve ser colocado a SUDOESTE – no canto formado pelas paredes sul e
ocidental. O que não se pode admitir, sob hipótese alguma, é que se mande colocar o
Mar de Bronze "entre a entrada principal e o Norte" ou a "Noroeste", pois isso é
aberração litúrgica.

Esta proposta de revisão ritual coloca, pois, o ALTAR DAS ABLUÇÕES no ângulo sudoeste
do Templo, o qual pode ter a superfície triangular, embasada sobre uma coluna torsa
apoiada sobre uma trípode.

A Inexistente Pira do Fogo Sagrado

Alguns Rituais mandam que entre a entrada principal e o Norte seja colocado o Altar
das Abluções, sobre o qual descansa o Mar de Bronze, e ao Sul a PIRA DO FOGO
SAGRADO.

Esses mesmos Rituais não dão qualquer pista sobre o que seria essa tal PIRA DO FOGO
SAGRADO. E, assim fazem, porque a tal pira é ornamento estranho ao Rito Escocês
Antigo e Aceito.

Se a explicação fosse que a tal pira representaria a presença de Deus, a exemplo do que
acontece nos templos católicos, lembra-se que tal simbolismo, no Rito Escocês Antigo e
Aceito, é próprio e particular do Delta Sagrado.

Face a este argumento é, também, ornamento estranho ao Rito Escocês Antigo e Aceito
a lâmpada acesa no interior de um recipiente de cristal de cor rubi que se vê pendente
do teto sobre o centro do Oriente em alguns Templos. Tal ornamento é próprio dos
templos católicos, onde arde perpetuamente como simbolizo do reflexo da Divindade.

Convém ilustrar que no Rito Adoniramita existe, junto ao Altar, a Chama Eterna, usada
para acender as chamas dos Altares do Venerável Mestre e dos Vigilantes, concretizando
o simbolismo da iluminação do Templo, não tendo, no entanto, nada a ver com a tal
"Pira do Fogo Sagrado".

Já no Rito de Schroeder existe algo parecido com o preconizado na proposição: uma vela
fixa, chamada "A Luz do Mestre", colocada sobre o Altar do Venerável Mestre, a partir
da qual são acesas as velas dos Altares ou mesas dos Vigilantes e as velas das colunas
dos ângulos nordeste, noroeste e sudoeste do Tapete.

O que se encontra em alguns Rituais do Rito Escocês Antigo e Aceito é o ALTAR DO FOGO
DA PURIFICAÇÃO, o qual, colocado a noroeste do Templo, em posição oposta ao Altar
das Abluções, é, por ocasião das iniciações, levado ao eixo longitudinal no momento
oportuno. Este altares pode ter o mesmo formato que o Altar das Abluções.
63

O Pavilhão Nacional

Entende-se que o Pavilhão Nacional deverá ser exposto em suporte próprio para tal fim
e colocado no Oriente, sobre o estrado, à direita do assento que ladeia o Trono.

O uso do Pavilhão Nacional nos Templos Maçônicos deve ater-se ao disposto na


legislação civil pertinente quando ao seu uso em salas e salões, o qual é regulamentado
pela Lei No 5.700, de 1o de setembro de 1971, com as alterações do Decreto-Lei No 5.812,
de 13 de outubro de 1972, da Lei No 6.013, de 27 de maio de 1981 e da Lei No 8.421, de
11 de maio de 1992.

Assim, nos Templos Maçônicos do Rito Escocês Antigo e Aceito a Bandeira Nacional
deverá ficar hasteada em suporte próprio posto sobre o estrado, à direita do Trono,
imediatamente após os assentos que o ladeiam, como já se disse.

Conquanto seja essa regulamentação já bastante antiga, muitas Potências Maçônicas


inserem em seus regulamentos e rituais práticas contrárias à legislação federal
pertinente. Hastear o Pavilhão Nacional no extremo interno Norte da Grade do Oriente,
como determinam alguns rituais, é desrespeitar a lei nacional, além de impedir a visão
do Venerável Mestre de todos os Irmãos.

Considera-se, no entanto, que o hasteamento da Bandeira Nacional é matéria


regulamentar e não ritual. Quanto ao Culto ao Pavilhão Nacional, entende-se deva ser
tratado em Ritual Especial, abrangendo sua entrada, hasteamento, saudação e retirada.

O Estandarte da Loja

O Estandarte da Loja, em Loja Aberta, deverá ser exposto em suporte próprio colocado
nas proximidades do extremo Sul da passagem da Grade do Oriente, à frente e à
esquerda do assento do Porta-Estandarte.

Estando a Loja fechada, o Estandarte deve ser recolhido e guardado em lugar


apropriado.

É absolutamente inadmissível dispor nas paredes do Oriente suportes para arvorar os


estandartes das Lojas visitantes.
64

O Átrio

O Átrio, compartimento vestibular do Templo, é uma antecâmara que precede o Pórtico


e faz comunicação com a Sala dos Passos Perdidos e a Câmara de Reflexão, tidos, então,
como anexos do Templo. No Átrio é que devem ficar o assento do Cobridor Externo e as
estrelas para a recepção dos visitantes.

O Teto do Templo

A decoração estelar dos tetos dos Templos Maçônicos, conquanto não seja obrigatória,
é habitual no Rito Escocês Antigo e Aceito, dentre aqueles reconhecidos pelas Grandes
Lojas do Brasil.

O teto do Templo representa, pois, a Abóbada Celeste com as nuanças de cor (do
vermelho ao alaranjado, ao amarelo, ao azul e ao negro), mostrando a transição do dia,
ou da Luz (Oriente), para a noite, ou para as trevas (Ocidente).

No Oriente, um pouco à frente do dossel, o Sol, com raios dourados; sobre o Altar do 1o
Vigilante, a Lua, e, sobre o Altar do 2o Vigilante, uma estrela, prateada, de cinco pontas,
cercada por flamas ígneas – a Estrela Flamejante – ostentando ao centro a letra G.

À direita e um pouco à frente do Sol, Mercúrio, sob a forma de um disco vermelho-


escuro, e, à esquerda e um pouco mais à frente do Sol, Júpiter, que tem a forma de um
disco alaranjado com estrias amarelas. Estes emblemas, pintados ou em relevo, poderão
ficar pendentes do teto.

No Ocidente, ao centro, três estrelas da constelação de Órion, alinhadas de Norte a Sul;


entre estas e o nordeste, Aldebaran, as sete Plêiades e as cinco Híades, dispostas em
esquadria; a meio caminho entre Órion e o noroeste, Régulus, da constelação do Leão;
ao Norte, sete estrelas da constelação da Ursa Maior; a nordeste, Arturus, da
constelação do Cocheiro; a leste, Spica, da constelação da Virgem; a oeste, Antares, da
constelação do Escorpião; ao Sul, Fomalhaut, da constelação do peixe Austral; e entre a
Lua e Antares, Vênus, em forma de pequena lua prateada, e, entre Órion e Antares,
65

Saturno, sob a forma de um disco amarelo-limão com seus anéis concêntricos e seus dez
satélites.

As estrelas são amarelas, exceto Arturus, que é vermelha. As estrelas principais são as
de Órion, as Híades, as da Ursa Maior e as Plêiades. Aldebaran, Arturus, Régulus, Antares
e Fomalhaut são maiores que as demais por serem consideradas estrelas reais.

A Sala dos Passos Perdidos

Contígua ao Átrio deve existir uma ante-sala tão confortável quanto possível, para a
recepção dos visitantes e permanência dos Obreiros antes do início dos trabalhos, a qual
recebe a denominação de Sala dos Passos Perdidos, cujo mobiliário será adequado às
posses da Loja, devendo apresentar quadros alegóricos, estátuas, quadro de avisos,
retratos de personalidades maçônicas ou históricas, poltronas e uma pequena mesa
com cadeira, sobre a qual descansam os Livros de Presenças onde todo Obreiro, do
Quadro ou visitante, deve lançar o seu ne varietur.

Conquanto alguns ritualistas digam que o Templo Maçônico guarda relação direta com
o Templo de Salomão e que o Parlamento Inglês copiou a disposição dos altares e
lugares que os Irmãos ocupam em Loja, considera-se que tal afirmação carece de
fundamento histórico.

Como se sabe, o Parlamento Inglês foi criado no século XIII, no ano de 1297, durante o
reinado de Eduardo I, filho de Henrique III, Por outro lado, somente no dia 1o de maio
de 1775 é que a Grande Loja de Londres fez lançamento da pedra fundamental daquele
que seria o primeiro Templo Maçônico, inaugurado e consagrado a 23 de maio de 1776.

Portanto, sendo o Parlamento Inglês muito mais antigo do que a Maçonaria


Especulativa, foi o Templo Maçônico que copiou aquele no que concerne à disposição
dos altares e Irmãos, inclusive a própria Sala dos Passos Perdidos.

Assim, a Sala dos Passos Perdidos não é uma invenção da Maçonaria, mas uma cópia do
Parlamento Inglês.
66

A Câmara de Reflexão

A Câmara de Reflexão é um pequeno recinto onde se recolhe o Iniciando antes de ser


introduzido no Templo para, aí, firmar o seu Testamento Moral e Filosófico.

Suas paredes devem ser de pedra ou, pelo menos, imitação de pedra, não podendo
receber qualquer luz do exterior.

Sua localização é variável, dependendo das dimensões do Templo e da disposição deste


em relação às demais dependências do edifício da Loja, e o seu mobiliário, tosco, é
composto por um banco e uma pequena mesa, sobre a qual, além do material de escrita,
impressos do testamento e uma campainha, estarão, também, um foco de luz fosca e
tênue – fornecido por uma lâmpada a querosene ou por uma vela num castiçal –, uma
ampulheta, um crânio humano com duas tíbias cruzadas, um pedaço de pão de trigo,
uma jarra com água e três recipientes com sal, enxofre e mercúrio, com as respectivas
identificações.

Em suas paredes, de cor negra, figuram emblemas fúnebres e inscrições admonitórias


gravadas em tinta branca, conforme indicado no Projeto de Ritual do 3o Grau que integra
esta proposta ritual.

Sabe-se hoje, que ser de todo preferível a expressão Câmara de Reflexão em lugar de
Câmara das Reflexões, termo mais apropriado, considerando-se reflexão no sentido de
meditação, recolhimento.

Câmara de Reflexões, termo usado no Ritual de 1928 (1o Grau, pág. 17) e, também, nos
seus sucedâneos, é mais compatível com uma "câmara onde sejam estudados
fenômenos físicos de reflexão (do som, da luz, etc.)". Além disso, é desnecessário, no
caso, o plural para as palavras meditação e recolhimento.

É inaceitável que a Câmara de Reflexão tenha comunicação direta com o Templo, como
determina o Ritual de 1928 (1o Grau, pág. 17). Nada há no desenvolvimento do Ritual de
Iniciação que autorize tal disposição. A comunicação da Câmara de Reflexão deve ser,
única e exclusivamente, com o Átrio.

Que o GADUnos proteja, ilumine e guie para todo o sempre.

Bibliografia:
67

ABRINES, Frau e ARDERIU, Arus. Diccionário Enciclopédico dela Masonería. Kier S/A,
Buenos Aires, Argentina, 1962.

GOULD, Robert Freke. The History of Freemasonry. Thomas C. Jack, London, 1887.

GRANDE ORIENTE DE FRANCE. Prólogo do Ritual Rite Écossais Ancien & Accepté. Paris,
2000.

HORNE, Alex. O Templo do Rei Salomão na Tradição Maçônica. Pensamento, São Paulo,
1999.

LANTOINE, Albert. Histoire de la Franc-Maçonnerie Française. Slatkine Reprints, Genéve-


Paris, 1981.

NAUDON, P. Histoire, Rituels et Tuiler des Hauts Grades Maçonniques. Dervy Livres,
Paris, 1984.

PALOU, Jean. A Franco-Maçonaria Simbólica e Iniciática. Pensamento, São Paulo, 1998.

PROBER, Kurt. História do Supremo Conselho do Grau 33º do Brasil. Livraria Kosmos
Editora, Rio de Janeiro, 1981.

STEVENSON, David. As Origens da Maçonaria – O Século da Escócia (1590-1710). Madras


Editora, São Paulo, 2005.

O RITO MODERNO
68

O Rito Moderno ou Francês, segundo rito a ser praticado no Brasil (a partir de 1821),foi
criado em 1761, segundo consta, com a finalidade de se libertar das influências da
Maçonaria Inglêsa que predominava na França, naquela época. Foi reconhecido e
adotado pelo Grande Oriente da França em 24 de dezembro de 1761, mas sua
implantação definitiva só se deu em 09 de março de 1773, pelo então Grão-Mestre
Duque de Cartres, Felipe de Orleans.

Com a aprovação da proposição do Rev.Desmons que estabelecia a retirada da Biblia do


Altar dos Juramentos e substituida pelo livro da Lei Maçônica, suprimindo a expressão
"Grande Arquiteto do Universo" dos cabeçalhos de todos os documentos e Atas do
Grande Oriente, a Grande Loja Unida da Inglaterra excomungou o Rito Moderno
contando relações com o Grande Oriente da França.O principal argumento era de que o
Rito Moderno era um rito ateu. Embora a inteção fosse deixar que os problemas de
ordem metafísica continuasse sendo de foro íntimo de cada um.

Trabalha, atualmente em sete graus:

Aprendiz;

Companheiro;

Mestre;

1ª Ordem - os Eleitos;

2ª Ordem - Escocês;

3ª Ordem - Cavaleiros do Oriente;

4ª Ordem - Rosa-Cruz.

ORIGENS DO RITO MODERNO

Ir Renato Rodrigues da Silva

Para se falar das origens do Rito Moderno, deve-se começar pelas origens da Maçonaria
na França.

Em 1517, foi fundado em Paris o “Colégio Francês”. Os membros originais deste colégio
vinham da Península Itálica onde faziam parte de instituições conhecidas como
“academias”, que tinhan pessoas do porte de Leonardo da Vinci, entre outros, como
seus membros. As características destes membros era serem contra os dogmas do
69

papado e contra a interferência da Igreja no Estado. Este colégio floresceu na França


com o reinado de Francisco I, e pode ser considerado o primeiro agrupamento maçônico
especulativo no mundo. Porém, com a morte de Francisco I, houve um acirramento
religioso na França, principalmente em reação à Reforma de Martinho Lutero. A
nascente maçonaria especulativa passou a ser perseguida justamente por ser movida
pela razão, e não por dogmas, e teve de se refugiar na Inglaterra, onde havia mais
tolerância religiosa. A história da Maçonaria, na França, entra então num hiato, pois o
centro dos acontecimentos maçônicos se transfere para a Inglaterra.

Em 1649 houve uma guerra civil na Inglaterra, que culminou com a decapitação do Rei
Carlos I, da dinastia Stuart, e a adoção temporária de um modelo republicano por parte
da Inglaterra. Exilados políticos que eram partidários dos Stuarts se refugiaram na
França e abriram lojas maçônicas. Estas lojas passaram a ser chamadas de lojas
“escocesas”, porque os partidários dos Stuarts eram escoceses.

A república inglesa, se podemos chamar assim, dura até 1660, quando a monarquia é
restaurada e os partidários desta efêmera república são obrigados a se exilar na
Holanda. Levavam consigo a experiência inédita de poderem ter julgado e sentenciado
um rei que julgaram desleal ao país e aos seus súditos, e de terem abolido o poder da
Igreja, confiscando seus bens – ou seja, conseguiram contestar o absoluto poder vigente,
dando um exemplo de liberdade. Na Holanda, gravitando em torno das lojas maçônicas
de lá, lançam as sementes do que depois foi conhecido como Iluminismo. Este
movimento passa, por volta de 1715, também para a França, através das idéias de John
Toland.

Em 1717 houve a criação da Grande Loja de Londres – ou seja a criação da Maçonaria


conhecida hoje como “Maçonaria Moderna”. E em 1726 começam a chegar à França
lojas maçônicas também vindas da Inglaterra, já filiadas a esta Grande Loja. Passou a
haver então, na França, dois tipos de lojas: as “escocesas”, fundadas pelos partidários
dos Stuarts, e as “inglesas” (ou “modernas”), filiadas à Grande Loja de Londres, além da
influência ideológica daquilo que viria a se chamar futuramente de Iluminismo. Temos
aqui as 3 grandes influências na Maçonaria Francesa do século XVIII: A maçonaria dita
“stuartista”, mais tradicional e teísta; a maçonaria dita “moderna”, deísta e com
tendências racionalistas, bem como as influências iluministas.

Em 1738, é fundada a Grande Loja da França, fazendo com que a Maçonaria francesa
passasse para a mão dos próprios franceses, já que até então eram os escoceses e
ingleses que a dominavam. Os grãos-mestres passam a ser franceses e esta Grande Loja
da França sofre grande resistência da Grande Loja de Londres, que queria manter a
maçonaria francesa sob sua tutela.
70

Em 1772, a Grande Loja da França foi extinta, e no seu lugar foi criado o Grande Oriente
da França, o primeiro Grande Oriente do mundo. Foi este Grande Oriente que criou o
que é chamado de “democracia maçônica”, onde há um poder central assessorado e
vigiado por um corpo legislativo formado por deputados de todas as lojas (deputados
estaduais, para os Grandes Orientes estaduais, e federais para os Grandes Orientes
nacionais).

Antes disso, em 1761, o Rito Moderno, ou Francês, já havia sido criado. O motivo da sua
criação foi colocar ordem na anarquia então reinante, onde havia diversos ritos com
inúmeros graus, criados muitas vezes com o objetivo de vender paramentos, jóias e
títulos. O Rito foi criado originalmente com apenas os 3 graus simbólicos – aprendiz,
companheiro e mestre – o que causou reclamação, pois havia maçons que queriam
enveredar pelo filosofismo. Então, em 1782, o Grande Oriente da França criou uma
Comissão, chamada de Câmara dos Ritos, para dotar o Rito com a essência dos graus
filosóficos o que culminou, após acalorados debates, em 1786, com a adoção de mais 4
graus filosóficos – Eleito, Eleito Escocês, Cavaleiro do Oriente ou da Espada e Cavaleiro
Rosa Cruz. Uma das características deste novo rito foi se manter fiel às Constituições de
Anderson, de 1723, e de ter retirado de seus ensinamentos coisas que não eram
originais da Maçonaria. Os escocesistas, descendentes da maçonaria trazida pelos
Stuarts, reagiram à esta redução dos altos graus, pois queriam ir justamente em sentido
contrário, aumentando o número de graus, e criaram o que hoje conhecemos como
R.E.A.A que, portanto, não é escocês quanto à origem, mas também francês e com
posteriores influências norte-americanas.

Há uma certa controvérsia quanto à origem do termo “Moderno”. Alguns autores


afirmam que este termo vem da criação, em 1751, de uma loja na Inglaterra chamada
de Grande Loja dos “Antigos”. Se auto-intitulavam assim porque se julgavam em
oposição aos maçons de 1717, que foram os fundadores do que é chamado de
Maçonaria Moderna. Ou seja, o Rito Francês-Moderno teria sido criado com o objetivo
de se manter fiel à maçonaria moderna criada pelo movimento de 1717, que estava
sendo desfigurada pela criação desordenada de graus, e não por ter sido um rito que
tenha criado alguma “modernidade” por si só. De fato, no que diz respeito aos graus
simbólicos, o Rito Moderno é o mesmo rito que a Grande Loja da Inglaterra praticava
em 1717. Já outros autores afirmam que não o termo não tem relação com os
“modernos” de 1717.

De resto, as características principais do Rito Moderno são a defesa intransigente da


liberdade de consciência, a condenação de qualquer tipo de tirania e absolutismo , o
laicismo, o agnosticismo, a tendência filosófica humanista e padrões de pensamento
racionais e científicos.
71

O Rito Moderno continuou conforme foi criado até 1877, quando o Grande Oriente da
França lhe fez uma reforma, que aboliu a exigência da crença em Deus e na imortalidade
da alma. Isto gerou forte reação por parte da Grande Loja da Inglaterra, que decretou o
Grande Oriente da França como irregular, acusando-o de ateísmo e materialismo. Essa
acusação acabou caindo, por extensão, ao Rito Moderno, que é muitas vezes julgado
como um rito ateu e materialista por quem não o conhece com a mínima profundidade.
Basta, paraisso, verificarmos que o 18º grau do R.E.A.A, que é considerado o grau mais
espiritualista do escocesismo, nada mais é do que o 7º grau do Rito Moderno. Desta
forma, como chamar o Rito Moderno de materialista ?

No caso do Grande Oriente do Brasil, que é reconhecido como regular e legítimo pela
Grande Loja da Inglaterra de acordo com os termos de um tratado de 1935, a exigência
da crença em Deus continua, apesar de, fiel ao laicismo, não existir invocação ao Grande
Arquiteto do Universo nas sessões do Rito Moderno feitas nas lojas do GOB. Apesar de
ser, atualmente, minoritário no Brasil, o Rito Moderno é o 2ª Rito mais praticado no
mundo; e é também, ou deveria ser, o Rito oficial de todos os Grandes Orientes do
mundo, inclusive o do Brasil – ou seja, as cerimônias e sessões oficiais dos Grandes
Orientes devem ser todas realizadas no Rito Moderno.

Quanto ao Brasil, não se sabe exatamente quando este Rito chegou aqui, e ainda há
controvérsias se realmente teria sido o primeiro rito a chegar, pois há quem afirme ter
sido o Rito Adonhiramita. De qualquer maneira, os dois ritos existiam em Portugal e na
França, e como era para um destes dois países que os jovens das classes mais abastadas
iam estudar, lá acabavam sendo iniciados na Maçonaria e, ao retornarem ao Brasil,
abriam ou se filiavam a lojas de um dos dois ritos.

Quando da Independência do Brasil, todas as lojas do então Grande Oriente Brasílico


eram do Rito Moderno. D. Pedro I, apesar de ser maçom, tinha medo que a Maçonaria
lhe afrontasse o poder, de forma que fechou o Grande Oriente Brasílico em 22 de
Outrubro de 1822, ou seja, logo após a Independência. Quando o Grande Oriente foi
refundado, já com o nome de Grande Oriente do Brasil, após ter ficado fechado por
quase 10 anos, todas as lojas que constituíram sua re-fundação também eram do Rito
Moderno. E este Rito ficou sendo o Rito majoritário do Brasil por muito tempo, sendo
um Rito importante na formação de diversas lideranças brasileiras do Século XIX, tendo
tido destacada atuação na Independência do Brasil, nas leis que culminaram na
libertação dos escravos (Lei Euzébio de Queiroz; Lei do Ventre Livre e a própria Abolição
da Escravatura) e na campanha republicana.

Segundo o Ir.’. Alexandre Magno Carvalho, autor do livro “O Aprendiz no Rito Moderno”,
ultimamente tem havido um ressurgimento do Rito Moderno no Brasil, com a abertura
de novas lojas ou com a vinda de Irs.’. de outros ritos, já que por ser um rito laico, não
gera constrangimentos de ordem religiosa.
72

Bibliografia:

- Manual do Rito Moderno – José Castellani e Frederico Guilherme Costa - Editora A


Gazeta Maçônica

- A Maçonaria Moderna – José Castellani - Editora A Gazeta Maçônica

- O Aprendiz no Rito Moderno – Melkisedek (Alexandre Magno Camargo) - Editora A


Gazeta Maçônica

- Fundamentos do Rito Moderno – José Francisco Simas –

COMENTÁRIOS AO RITO MODERNO

(Análise dos Rituais)

Ir Joaquim da Silva Pires

CAPÍTULO I
73

O Rito Moderno é possuidor de ardorosos panegiristas e de cáusticos detratores, sendo


que estes últimos avultam nas Grandes Lojas Estaduais, onde o citado Rito não é
praticado. Entretanto, louvara-o e a ele pertencera o idealizador daquelas Grandes
Lojas, o Ir Mário Marinho de Carvalho Behring, que, em 1903/1904, chegara a ser
Venerável Mestre da Loja "Ganganelli", do Rio de Janeiro, então trabalhando naquele
Rito, de cujo Grande Capítulo o referido líder maçônico fez parte, ao ter seu nome
aprovado por 16 votos a 2, em eleição realizada em 7 de outubro de 1903. Porém, mais
tarde, ao romper com o Grande Oriente do Brasil (17 de junho de 1927), ele viria a mudar
de idéia, ao qualificar o Rito Moderno de "arremedo bufo de Maçonaria". Mudar de
idéia nem sempre é um ato censurável. Se houver coerência na mudança, ela estará
acima de um direito, para ser uma obrigação.

A primacial controvérsia que atinge o citado Rito é devida à inexistência, nas sucessivas
edições de seus Rituais, do Juramento e de quaisquer outras menções ao Grande
Arquiteto do Universo, depois da reforma feita pelo referido Grande Capítulo, na
histórica Sessão de 23 de junho de 1892, noticiada pelo Grande Oriente do Brasil,
conforme o surpreendente Decreto nº 109, de 30 de julho daquele ano, assinado pelo
então Grão-Mestre Geral Ir Antônio Joaquim de Macedo Soares, imitando a reforma
ocorrida no Grand Orient de France, em 10 de setembro de 1877. Desde aquele tempo,
o Rito Moderno passou a ser elogiado por uns, que o qualificam, orgulhosamente, de
adogmático e de agnóstico, mas tisnado por outros, que o acoimam de ateísmo! Essas
duas antagônicas posições (nunca vistas nas análises feitas em outros Ritos) estão muito
mal construídas sobre os frágeis alicerces de equívocos, e estes precisam ser desfeitos.

Definir é quase sempre muito difícil, mesmo que esteja em foco uma simples régua
escolar de uso infantil. A dificuldade aumenta, quando buscamos definições pertinentes
aos esfíngicos domínios das chamadas ciências especulativas, suscitadoras de
infindáveis controvérsias. Todavia, este articulista, não podendo ficar silente, ousa
enfrentar o desafio, afirmando que Dogma é uma proposição doutrinária, que seus
seguidores consideram fundamental, imutável e indiscutível. Agnosticismo é uma
corrente filosófica, dentro da qual só é aceito o que tiver evidência, de tal modo que,
automaticamente, fica rejeitada toda a metafísica. O vocábulo foi criado, com
indisfarçável ironia, pelo evolucionista inglês Thomaz Henry Huxley (1825/1895),
contrapondo-se, assim, aos antigos gnósticos, místicos persas, que se consideravam
conhecedores de uma sabedoria espiritual, só a eles revelada por uma Força Superior.

Ora, dizer que o Rito Moderno é adogmático configura um enorme truísmo, pois todos
os Ritos do Grande Oriente do Brasil são adogmáticos, e não só o Rito Moderno,
conforme preceitua, de modo límpido, a Constituição do referido Grande Oriente,
elucidando, nos termos da cabeça de seu artigo 10, que a Maçonaria (e não
74

exclusivamente o Rito Moderno, insista-se!) é progressista e evolucionista. Não se trata,


portanto, de uma unilateral e inócua exegese elaborada por este articulista, pois os dois
elogiáveis conceitos dimanam de um mandamento escrito naquela Carta Magna.

Quanto ao Agnosticismo, a referida Lei Maior do Grande Oriente do Brasil, no inciso I de


seu artigo 2º, proclama a existência de um Princípio Criador, o Grande Arquiteto do
Universo. Logo, em todos os Ritos da citada Potência Maçônica, entre os quais o Rito
Moderno, não pode ser excluído o Grande Arquiteto do Universo, sob pena de inegável
afronta ao referido e inequívoco preceito constitucional.

Não merecem aplausos os Irmãos do Rito Moderno (portanto, Obreiros do Grande


Oriente do Brasil, pois já vimos que as Grandes Lojas Estaduais não adotam o citado
Rito), quando, mediante vezo paradoxal, elevam comentários laudatórios ao Grand
Orient de France. Ora, este último, apesar de muito antigo (aquela sua denominação
passou a ser usada entre fins de 1772 e princípios de 1773) é irregular diante da
tradicional Potência Maçônica brasileira, tanto quanto são irregulares a Loge Nationale
Française, fundada em 1968 (que não possui o adjetivo Grande e que não pode ser con-
fundida com a Grande Loge Nationale Française, fundada em 1913, a única Potência
Maçônica francesa, que possui regularidade); a Grande Loge Traditionnelle et
Symbolique-Opéra, fundada em 1958; a Grande Loge Mixte Universelle, fundada em
1973; a Grande Loge Féminine de Memphis-Misraim, fundada em 1965; a Grande Loge
Mixte de France, fundada em 1982; a Grande Loge Féminine de France, fundada em
1945; a Grande Loge de France (outra que não pode ser confundida com a Grande Loge
Nationale Française), fundada em 1894 e a Federation Française du Droit Humain,
fundada em 1893.

Todavia, o próprio Grand Orient de France havia estatuído, em 5 de junho de 1865, que
a Maçonaria, e não só a referida Potência Maçônica francesa, tem por princípio básico
a crença em Deus. Mas, sobreveio a já focalizada reforma de 10 de setembro de 1877,
que derrogou aquele entendimento, projetando consectários no Rito Moderno do
Grande Oriente do Brasil, a partir da já mencionada histórica Sessão do respectivo
Grande Capítulo, realizada em 23 de junho de 1892.

O primeiro Ritual usado pelo Grande Oriente do Brasil, logo no ano de sua fundação
(1822), quando ainda era Grande Oriente Brasiliano (primeira Ata), Grande Oriente
Brasileiro (segunda Ata, mas não façamos confusão com o homônimo, que seria mais
conhecido por "Grande Oriente do Passeio" e Grande Oriente Brasílico (quinta Ata), e
que só viria a ter sua denominação atual ao ser reinstalado (1831), era do Rito Moderno.
Cedera-o a Loja "Commércio & Artes", do Rio de Janeiro, que o recebera do Grande
Oriente Lusitano. Foi impresso em Lisboa, em tipografia e data ignoradas, especialmente
para aquela Potência Maçônica portuguesa. Lá está escrito que o Candidato jurava
perante o Grande Arquiteto do Universo (página 18).
75

Igualmente, o primeiro Ritual próprio (isto é, não cedido, ou seja, o primeiro Ritual feito
especialmente para a referida Potência Maçônica brasileira) era do Rito Moderno. Foi
impresso na "Typographia Austral", do Beco dos Quartéis, nº 21, Rio de Janeiro, onde
está escrito, em considerações introdutórias, que o Grande Arquiteto do Universo é
Deus (página 7). Outrossim, constava Seu nome em outros quatro momentos, a saber:
quando o Candidato prestava a imprescindível Obrigação (página 24); quando o
Candidato era recebido Aprendiz Maçom (página 25); quando o Filiando ratificava o
Compromisso (página 40), e, finalmente, quando era prestada a "Sétima Saúde", na
parte denominada "Mesa de Banquete" (página 38). Ao comentar o Ritual ora em foco,
no livro "Rituais Maçônicos Brasileiros", da Editora Maçônica "A TROLHA" Ltda.,
Londrina, Paraná, ano de 1996, página 31, este articulista acentuou: "O mencionado
Ritual é o mais completo de todos os que, até hoje, foram impressos no Brasil. Não existe
um, que se lhe possa comparar". Diante de tal relevância, é evidente que ele será
analisado ao longo desta série, mediante o indispensável método comparativo.

O Ritual imediatamente posterior, do Rito Moderno, foi impresso em 1869, na


"Typographia Universal de Laemmert", da Rua dos Inválidos, nº 63 B, Rio de Janeiro. O
Candidato jurava ao Grande Arquiteto do Universo (página 31). Não se alegue que tenha
havido um Ritual intermediário, impresso em 1857, na "Typ. do Commércio de Brito &
Braga", da Travessa do Ouvidor, nº 14, Rio de Janeiro. Não! Esse, de 1857, não era Ritual.
Era "Instrucção do Gráo de Aprendiz do Rito Moderno”. Em 1892, em face do já
apontado Decreto nº 109, de 30 de julho daquele ano, o Grande Oriente do Brasil
mandou imprimir o seu primeiro Ritual, sem o Grande Arquiteto do Universo (e sem
outros pontos que até então constavam dos Rituais do Rito Moderno). Está escrito que
ele, o citado Ritual de 1892, foi composto na "Imprensa Nacional", no Rio de Janeiro.

Mesmo sem ser movido pelo mesmo talento dos eruditos, este articulista assinala,
respeitosamente, que tentará clarificar os mais contraditórios aspectos do assunto a ser
tratado pela série que agora tem início.

CAPÍTULO II

No anterior Capítulo, vimos que, no Grande Oriente do Brasil, por força do límpido
preceito contido na cabeça do artigo 1°, de sua Constituição, todos os Ritos são
adogmáticos, e não só o Rito Moderno. Vimos, também, que, em consonância com o
inciso I do artigo 2°, daquela referida Carta Magna, o Grande Arquiteto do Universo é o
primeiro dos postulados universais da Instituição Maçônica, onde, indubitavelmente,
está incluído o mencionado Rito. Infere-se, pois, que, para a citada Potência Maçônica,
em consonância com o seu expresso mandamento constitucional, uma instituição que
76

não tenha aquele primeiro postulado não será maçônica, tanto quanto não serão
maçônicos os Ritos que ela abrigar. Sob a luz dessa lógica irrefragável, quem brandir
evasivas em sentido contrário cairá pelo resvaladouro dos mais flagrantes sofismas.

É bem verdade que, atingidos pelo amargor das decepções, Obreiros do Rito Moderno,
Rito que, sem a mínima dúvida, congrega expressivos intelectuais, não se conformam,
quando visitam algumas (ou serão muitas?) Lojas do Rito Escocês Antigo e Aceito e
presenciam cerimônias e pronunciamentos aberratórios, que mais se assemelham à
apologia da superstição. Todavia, aquelas cerimônias e aqueles pronunciamentos, que
baixam às obscuras crenças jacentes em remotíssimos tempos, não constam dos Rituais
do segundo mencionado Rito. São extravagâncias debitadas à conta dos que,
deploravelmente, ousam praticá-Las dentro de Templos Maçônicos!

No livro "Rituais Maçônicos Brasileiros", uma publicação da Editora Maçônica "A


TROLHA" Ltda., Londrina, Paraná, edição de 1996, página 166, discorrendo sobre os
propagadores das citadas extravagâncias, este articulista condenou:

Delirando, julgam-se ungidos por forças sobrenaturais, à semelhança dos mendazes


sacerdotes de antanho, que, em seus propositados arquejamentos, afirmavam aos
espavoridos e fiéis seguidores uma ligação íntima com a própria divindade.

Ainda estão lendo almanaques garatujados por leigos, onde a lógica não encontra
guarida.

Podemos testificar a existência desses anacronismos no Rito Escocês Antigo e Aceito, do


Grande Oriente do Brasil, sim, mas o seu maior número está no Rito Escocês Antigo e
Aceito praticado alhures, porém dentro do nosso País, infelizmente, onde chega a existir
(pelo menos em uma Loja) tentativa de imitação do primitivismo de práticas ritualísticas
celtas. Entretanto, os Templos Maçônicos não podem ser confundidos com a Floresta
dos Carnutos.

Quando, no citado livro, foram dirigidas acusações aos ocultistas, um Respeitável Irmão
Leitor, que é um verdadeiro estudioso da Arte Real, manifestou, pela via epistolar, de
maneira discreta e elevada, sua divergência, não quanto ao conteúdo da crítica, e sim
quanto à forma agressiva de apresentá-la, argumentando que este articulista sempre
mantivera uma linha de equilíbrio, então quebrada pela veemência dos vocábulos
usados. A manifestação mereceu uma resposta, remetida também pela via epistolar, e,
igualmente, de maneira discreta e elevada, tão elevada, que os justificativos pontos
culminantes foram as oportunas transcrições de três irretocáveis ensinamentos
ministrados por Ruy Barbosa, que, na condição de Paraninfo, apresentou notável
pronunciamento (lido pelo Professor Reynaldo Porchat, porque o renomado Autor não
77

pôde comparecer, por estar com problemas de saúde) aos Acadêmicos de Direito do
Largo de São Francisco, Turma de 1920, pronunciamento esse que, depois, viria a
receber o significativo título de "Oração aos Moços":

1º) "Vede Jesus despejando os vendilhões do templo, ou Jesus provando a esponja


amarga no Gólgota. Não são o mesmo Cristo, esse ensangüentado Jesus do Calvário e
aqueloutro, o Jesus iroso, armado, o Jesus do látego inexorável? Não serão um só Jesus
o que morre pelos bons, e o que açoita os maus?"

2°) "Nem toda a ira, pois, é maldade, se, as mais das vezes, rebenta agressiva e daninha,
muitas outras, oportuna e necessária, constitui o específico da cura."

3°) "Quando um braveja contra o bem que não entende, ou que o contraria, é ódio iroso,
ou ira odienta. Quando verbera o escândalo, a brutalidade ou o orgulho, não é agrestia
rude, mas exaltação virtuosa, não é soberba que explode, mas indignação que ilumina:
não é raiva desaçaimada, mas correção fraterna. Então não somente não peca o que se
irar, mas pecara não se irando."

Em síntese, à vista do exposto, segundo a lição de Ruy Barbosa, este articulista não peca,
ao se irar ante as extravagâncias dos ocultistas, mas pe- caria não se irando.

Ainda com referência ao Rito Escocês Antigo e Aceito, é indispensável que sejam
apresentadas mais algumas observações. Por um lado (negativo) clama por condenação
o uso das crendices que não estão escritas no Ritual, e, por outro lado (positivo)
merecem louvores os sábios textos nele contidos. Especificamente dentro do Grande
Oriente do Brasil, no mencionado Rito, em seu Ritual de Aprendiz, está escrito que o
Segundo Vigilante fala ao Candidato sobre a libertação referente à ignorância, à
superstição e ao erro, antes de o Primeiro Vigilante mencionar a repulsa a todo o
despotismo e o mais fervoroso amor às instituições livres, cabendo ao Venerável Mestre
finalizar as explicações, afirmando que não somos contra os governos ou autoridades,
se justos, deixando implícito que somos contra os governos e contra as autoridades,
quando injustos. Será que algum Obreiro, de quaisquer outros Ritos, conseguiria negar
essas três enormes provas de adogmatismo, apresentadas pelo Rito Escocês Antigo e
Aceito, do Grande Oriente do Brasil?

A digressão, agora concluída, é apenas aparente. Ela possui pertinência, pois comprovou
que não é correto atribuir só ao Rito Moderno, unicamente ao Rito Moderno, a adoção
de louváveis normas da grandiosidade do pensamento.

O anterior Capítulo e o presente, conjugados, tiveram obrigatórios desvios do roteiro


basilar, com o entendível desiderato de mostrar que o Rito Moderno não é praticado
nas Grandes Lojas Estaduais, que no Grande Oriente do Brasil a Constituição proclama
(atingindo todos os Ritos, entre os quais o Moderno) ser o Grande Arquiteto do Universo
78

o primeiro dos postulados da Instituição Maçônica, e que todos os Ritos praticados pela
citada Potência são adogmáticos (e não só o Moderno.

A partir do próximo Capítulo, os comentários ficarão, exclusivamente, jungidos às


comparações entre Rituais do Rito Moderno, só do Rito Moderno.

CAPÍTULO III

No Capítulo I da presente série, houve referência ao primeiro Ritual usado pelo Grande
Oriente do Brasil (que só passou a usar essa atual denominação a partir de 23 de
novembro de 1831). Ficou esclarecido, também, que o mencionado Ritual era do Rito
Moderno, e que pertencia ao Grande Oriente Lusitano.

Trata-se, hoje, de uma peça raríssima, uma verdadeira preciosidade, em consonância


com asserções exaradas por este articulista em seu livro "Rituais Maçônicos Brasileiros",
da Editora Maçônica "A TROLHA" Ltda., Londrina, Paraná, edição de 1996, páginas
25/27.

Aquele citado Ritual preceituava que as paredes tinham a cor azul. A mesa do Venerável
Mestre estava em cima de três degraus. Era triangular. Sobre ela, havia um Esquadro,
um Compasso, um Malhete, uma Bíblia (Bíblia mesmo, sem as expressões Livro Sagrado
ou Livro da Lei) e uma luz. Não há qualquer esclarecimento sobre essa luz. É possível
que fosse um candeeiro (lembremo-nos de que a luz elétrica só foi concretizada,
comercialmente, em 1879, graças à lâmpada com filamento incandescente, inventada
por Thomaz Alva Edson, e a iluminação elétrica nas artérias públicas é posterior, pois
adveio dos testes com a corrente alternada, feitos em 1888 pelo cientista austríaco
Nicolau Testa). Por cima do Trono (a Cadeira) do Venerável Mestre, sob o Dossel,
estavam as duas luminárias, com o Sol à esquerda, e a Lua à direita, considerando-se a
posição de quem entra no Templo e olha para o Oriente. Entre ambas as referidas
luminárias, estava o Delta Místico (triângulo com o olho de Hórus).

Também no Oriente, o Orador e o Tesoureiro ficavam do lado em que estava o Sol Uá


vimos onde). O Secretário e o Chanceler ficavam do lado em que estava a Lua (também
já vimos onde).
79

Tanto quanto ocorre hoje, os Vigilantes, os Expertos, o Mestre-de-Cerimônias e o


Guarda Interno (que, agora, recebe, simplesmente, o nome de Cobridor) ficavam no
Ocidente.

O Primeiro Vigilante ficava junto à Coluna "B", à direita de quem entra no Templo. O
Segundo Vigilante ficava junto à Coluna “J". Essas posições estavam invertidas
(contrariando os textos bíblicos atinentes ao Templo de Salomão, ou seja, o Templo de
Jerusalém em sua primeira fase) e invertidas permanecem (estamos focalizando o Rito
Moderno).

Aos Respeitáveis Irmãos Leitores que não tenham maiores informações sobre as
referidas Colunas, sob o ângulo histórico, não maçônico, este articulista recomenda,
com a devida vênia, dois magistrais livros pertinentes ao assunto:

"Old Testament Commentary", de William Foxwell Albright (estudiosos consideram-no


o maior biblista de todos os tempos) e "A History of Israel", de Theodore Robinson. Há
elucidativas reconstituições feitas por Howland-Garber, Chipiez, De Vogue,
Stevens-Wright e o surpreendente Watzinger (o único pesquisador a afirmar que as
Colunas Gêmeas estavam dentro do Templo de Salomão!).

O Primeiro e o Segundo Expertos ficavam um pouco à frente das mesas triangulares do


Primeiro e do Segundo Vigilantes, respectivamente. Aquelas po- sições dos Expertos não
foram alteradas. As mesas dos Vigilantes continuam a ser triangulares. Porém, existe,
atualmente, um Terceiro Experto, localizado perto do Primeiro Vigilante, à sua
esquerda.

O Mestre-de-Cerimônias ficava sobre a imaginária linha do equador (sim, apenas


imaginária, mas aqui citada para fins de localização), isto é, na mesma linha em que
ficava o Venerável Mestre, porém do lado oposto (é claro). Essa posição foi bastante
modificada, conforme veremos, oportunamente, quando comentarmos o vigente Ritual.

Dois eram os Cobridores, que, todavia, não tinham essa denominação, e sim as
denominações de Guarda Interno e de Guarda Externo. O primeiro ficava junto à porta.
O segundo ficava na en- tão denominada "Câmara dos Passos Perdidos", à semelhança
de sentinela, rigorosamente sem assistir aos Trabalhos.

Os Aprendizes, os Companheiros e os Mestres (presume-se que a referência seja aos


Mestres desprovidos de cargos) tinham a cabeça descoberta. Está escrito, no Ritual ora
em exame, que "todos os demais usavam chapéu" (presume-se que a referência seja
aos Mestres provi- dos de cargos).

A Cerimônia de Abertura dos Trabalhos era relativamente simples. O Primeiro Experto


verificava a existência de ambas as coberturas, a externa e a interna. Depois disso, o
Primeiro Vigilante verificava se todos os Irmãos estavam em ordem e à ordem. Em
80

seguida, respondendo a uma pergunta do Venerável Mestre, o citado Vigilante afirmava


que a reunião tinha o propósito de elevar Templos à Virtude e cavar masmorras ao vício.
Respondia-lhe, também, qual era a sua idade e qual era o horário em que começavam
os Trabalhos (idade e horário que todos os Maçons conhecem). Imediatamente após, o
Venerável Mestre convidava todos os Irmãos à ajuda na mencionada Abertura, e,
fazendo o sinal de Aprendiz, aplaudindo pela bate- ria do Grau e dando uma batida no
Altar, com o Malhete, declarava que estavam abertos os Trabalhos. Simultaneamente,
os demais Irmãos faziam o mesmo referido sinal e os mesmos referidos aplausos. Depois
que ambos os Vigilantes, repetindo as palavras do Venerável Mestre, faziam a mesma
declaração que este último fizera, os demais Irmãos sentavam-se.

O ato imediatamente posterior consistia na leitura da Ata, sobre cuja redação era
concedida a palavra, para as eventuais correções. Quem as quisesse fazer, pedia
permissão e, ao obtê-la, do Venerável Mestre, falaria de pé e à ordem. Havendo ou não
havendo correção a ser feita, e desde que não existissem dúvidas ou desde que as
eventuais dúvidas existentes fossem resolvidas, não se verificava, nunca, um
procedimento informal. Ao contrário disso, os Irmãos ficavam de pé e à ordem, unidos
ao Venerável Mestre, mediante aplausos, comprobatórios de aprovação.

CAPÍTULO IV

No final do anterior Capítulo, vimos que, no primitivo Ritual usado pelo Grande Oriente
do Brasil, ou seja, o Ritual português, do Rito Moderno, do Grande Oriente Lusitano
(hoje uma peça verdadeiramente raríssima!), havia formalidade na aprovação da Ata.
Só após a referida aprovação, entravam, com ortodoxia, os Visitantes (o focalizado Ritual
usa o vocábulo Visitadores, que é tão correto quanto Visitantes).

Os andamentos relativos às Sessões Ordinárias (Expediente, Ordem do Dia, Tronco de


Solidariedade e Palavra a Bem da Ordem) não existiam. Aplicavam-se os Usos e os
Costumes. Aquele Ritual era destinado, unicamente, às Sessões Magnas de Iniciação (há,
ainda, Rituais europeus que seguem essa mesma norma de exclusividade, omitindo,
pois, o trans- correr das Sessões outras).

Depois de encerradas as formalidades pertinentes aos Visitantes, o Venerável Mestre


acentuava que o Candidato (declarando, qual o seu nome) havia sido aprovado, por
unanimidade (infere-se, portanto, que não eram feitas Iniciações, onde a aprovação
fosse por maioria, diversamente do que ocorre hoje, em todos os Ritos do Grande
Oriente do Brasil, consoante preceitua o artigo 22, do RGF, permitindo até duas esferas
negras, se ocorrer a possibilidade prevista no "caput" do mencionado artigo).
81

Apesar de já existir aprovação, por unanimidade (repita-se), o Venerável Mestre


concedia a palavra, para que houvesse eventual pronunciamento sobre algum motivo
impeditivo da efetiva admissão do Candidato. Está escrito que, se houvesse alguma
oposição, ela seria objeto de discussões. Havendo ou não havendo qualquer
pronunciamento, era indispensável que existisse votação, e se ela fosse positiva, o
Candidato receberia um papel, para que escrevesse o seu nome, a sua idade, o seu
estado civil, a sua profissão, a sua religião e os deveres do homem perante Deus
(lembremo-nos de que estamos focalizando um Ritual do Rito Moderno) e os deveres
do homem perante a Pátria e perante si mesmo.

Dadas as respostas, o Candidato entregava os metais, que eram recebidos pelo Mestre-
de-Cerimônias e entregues ao Venerável Mestre. Depois, ele era vendado. O braço
esquerdo, o peito esquerdo e o joelho direito ficavam descobertos. No pé esquerdo
levava chinelo. Após as batidas irregulares, a identificação e as tradicionais perguntas e
respostas, eram abertas as portas, e o Primeiro Vigilante fazia ao Venerável Mestre a
apresentação daquele que pedia para ser recebido Maçom.

Após lhe fazer perguntas e apresentar objeções às suas respostas (se fosse o caso, é
óbvio), o Venerável Mestre explicava ao Candidato que este passaria por "experiências
indispensáveis", que necessitavam de coragem, e se lhe viesse a faltar aquele atributo,
ele poderia retirar-se. Na hipótese de haver o prosseguimento da Cerimônia, se o então
ouvinte estivesse mesmo atento às palavras a ele dirigidas, não deixaria que ficasse em
branco a expressão "estas provas são todas mysteriosas e emblemáticas ("mysteriosas",
com "y", conforme a grafia original).

Na Primeira Viagem, o Primeiro Experto (andando para trás) pegava nas duas mãos do
Candidato, fazendo-o caminhar (a partir do Ocidente, pela Coluna do Norte) ao Oriente,
retomando, pela Coluna do Sul, ao ponto inicial. Durante o percurso, o Ar era agitado
com um leque ou objeto outro, para que produzisse vento. Ao ouvir do Segundo
Vigilante (só do Segundo Vigilante) que estava terminada aquela Viagem, o Venerável
Mestre pedia ao Candidato que apresentasse considerações sobre o que havia notado.
Quaisquer que fossem as considerações, o Venerável Mestre dizia que aquela Viagem
(muita atenção, meus Respeitáveis Irmãos Leitores, porque vereis que, sem o
conhecimento do ora focalizado Ritual, do Rito Moderno, não conseguiríamos saber
qual a verdadeira origem de várias passagens, que vemos no Rito Escocês Antigo e
Aceito, seja o do Grande Oriente do Brasil, seja o das Grandes Lojas Estaduais(!), no Rito
Adonhiramita e no Rito Brasileiro) era o "emblema da vida humana: o tumulto das
paixões, o choque dos diversos interesses, a dificuldade das empresas, os obstáculos
que multiplicam sobre vossos passos concorrentes empenhados em vosso desgostar,
tudo isto é figurado pelo ruído e fragor que ferirão vossos ouvidos, pela desigualdade
82

da estrada que passaste". ("difficuldade", com "fI", "emprezas", com "z", e "multiplicão",
em lugar de "multiplicam", tudo segundo a grafia original)

A Segunda Viagem era percorrida menos lentamente. Ouviam-se tinidos de espadas.


Quando retomava ao Ocidente, ao ter feito o mesmo trajeto anterior, tinha o Candidato
o braço nu mergulhado em um vaso cheio de Água, depois de os Vigilantes

(agora, ambos os Vigilantes) anunciarem que aquela Viagem havia sido feita. O
Venerável Mestre repetia a pergunta da Primeira Viagem, e, novamente, qualquer que
fosse a resposta dada, afirmava (muita atenção, mais uma vez, meus Respeitáveis
Irmãos Leitores, pelo mesmo apontado motivo):

"Estes tinnidos d’armas que vós ouvistes no curso desta viagem, figurão os combates
que o homem virtuoso deve estar de contínuo obrigado a sustentar para triunfar dos
ataques do vício". (novamente, conforme a grafia original)

Este articulista abrirá o próximo Capítulo descrevendo a Terceira e última Viagem. Sim,
a última Viagem, porém do ora descrito Ritual, pois a série prosseguirá, mediante
comentários sobre outros Rituais, sempre do Rito Moderno (o de 1837, o de 1892 e o
vigente) com algumas surpresas, exigindo a constante atenção dos Respeitáveis Irmãos
Leitores.

CAPÍTULO V

Abrindo este comentário, ainda continuaremos a focalizar o velho Ritual do Grande


Oriente Lusitano (do Rito Moderno, não nos esqueçamos), impresso no Século XIX (em
ano e tipografia ignorados), cuja descrição iniciamos no Capítulo III desta mesma série
(exemplar nº 207 de "A TROLHA", janeiro de 2004). Sua relevância histórica está no fato
de ter sido o primeiro Ritual usado pelo Grande Oriente do Brasil. Quanto à sua
relevância ritualística, o julgamento fica jungido à apreciação de cada um dos
Respeitáveis Irmãos Leitores, que irão vendo a fonte de onde dimanaram alguns (ou não
serão só alguns?) dos preceitos e das práticas ainda hoje vistos nas Iniciações, em quatro
dos seis Ritos usados no Grande Oriente do Brasil, não obstante as modificações
ocorridas no final do Século XIX e em todo o Século XX, principalmente no próprio Rito
Moderno. No que tange às inegáveis projeções sobre as Grandes Lojas Estaduais,
voltaremos ao assunto, oportunamente.
83

Tanto quanto nas anteriores Viagens, era o Primeiro Experto quem, por ordem do
Venerável Mestre, conduzia o Candidato durante a Terceira (e última). Mas, nesta, os
passos eram mais livres, à semelhança da marcha de um passeio. Agitavam-se chamas
provenientes de uma tacha. Quando o Candidato retomava ao Oriente, os Vigilantes
anunciavam o término da citada Viagem. Em seguida, o Venerável Mestre elucidava que
as re- feridas chamas representavam o complemento da purificação. Sim, a purificação
pelo Fogo.

Acertadamente, concluída cada uma das Viagens, antes de apresentar suas elucidativas
palavras, o Venerável Mestre pedia o pronunciamento do Candidato.

Em seguida, com indisfarçável desiderato de natureza psicológica, era mencionada uma


prova de sangue, que não se concretizava. Bastava a aquiescência daquele que
possuísse, realmente, o firme escopo de ser Maçam. Mantendo tal firmeza, ele era
submetido ao Cálice da Amargura, que lhe apresentava o Mestre-de-Cerimônias. Torna-
se necessário, agora, que sejam feitas duas observações aos Respeitáveis Irmãos de
outros Ritos, mas de outros Ritos que adotem a Cerimônia concernente ao referido
Cálice (Cerimônia essa que não é mais adotada pelo Rito Moderno, desde a re- forma
determinada pelo Decreto nº 109, de 30 de julho de 1892, do Grande Oriente do Brasil,
conforme já vimos no Capítulo I desta mesma série, exemplar nº 205 de "A TROLHA",
novembro de 2003).

Primeira observação: aquela Cerimônia ocorria posteriormente às Viagens.

Segunda observação: só havia a bebida amarga, considerada o emblema dos desgostos


inseparáveis da vida humana, unicamente adoçados pela resignação aos decretos da
Providência, segundo a exegese apresentada pelo Venerável Mestre.

Encerrada a apresentação da referida exegese, o Primeiro Experto conduzia o Candidato


ao Altar do Venerável Mestre. Todos os Obreiros ficavam de pé e à ordem, empunhando
suas Espadas. O Candidato ajoelhava-se joelho direito) em um coxim, segurando, com a
mão esquerda, um Compasso aberto sobre o peito nu (lado esquerdo) e colocando a
mão direita sobre a Espada que estava sobre aquele Altar (e cuja presença o Ritual
omitiu, ao fazer a descrição do Templo!). Naquele momento, o Venerável Mestre
colocava a mão esquerda, aberta, em cima da mão direita do Candidato, que, então,
prestava Juramento perante o Grande Arquiteto do Universo.

Mais tarde, o vocábulo Juramento foi substituído por Obrigação e por Compromisso.
Todavia, quaisquer que fossem os vocábulos adotados, nunca deixou de ser uma solene
promessa, que, durante vários anos, continuou a ser prestada no Altar (mais tarde,
passou a ser denominado Mesa, unicamente Mesa) do Venerável Mestre.
84

Ao longo de quarenta e quatro anos (especialmente nos últimos trinta e oito), este
articulista vem examinando muitos Rituais, sempre com o critério que os estudos
exigem. Aqui, só para o caso concreto, foram reexaminados os de 1833 ("Typographia
de Seignot-Plancher & Cia", Rua do Ouvidor, nº 95, Rio de Janeiro); 1834 (mesma
referida tipografia); 1837 ("Typographia Austral", Beco dos Quartéis, nº 21, Rio de
Janeiro); 1869 (Typographia Universal de Laemert", Rua dos Inválidos, nº 63-B, Rio de
Janeiro); 1892 ("Imprensa Nacional"; não consta o endereço); 1924 ("Typ. Paulista", Rua
da Assembléia, cuja grafia era, então, Assemblea, nºs 56 e 58, São Paulo - SP); 1927
("Egibsa", Rua Sacadura Cabral, nº 63, Rio de Janei- ro); 1937 ("Typ. da Casa Vallelle",
Rua do Carmo, nº 65, Rio de Janeiro); 1949 ("Tipografia e Papelaria Cerbino", Rua
Visconde do Uruguai, nº 394, Niterói, Rio de Janeiro); 1952 ("Papelaria e Tipografia
Vallelle", Rua do Carmo, nº 63, Rio de Janeiro); 1962 (não há referência à tipografia, pelo
menos na edição que este articulista possui); 1967 ("Editora Sousa Marques Ltda." , Rua
Nerval de Gouveia, nº 401-409, Rio de Janeiro) e 1970 ("Companhia Editora Americana"
, Rua Visconde de Maranguape, nº 15, Rio de Janeiro), e em todos eles (os citados) a
focalizada promessa continuou a ser prestada no Altar (depois denominado Mesa,
unicamente Mesa conforme já foi visto) do Venerável Mestre.

Entretanto, o Ritual de 1983 ("Editora Gráfica Grande Oriente do Brasil" , sem declaração
de endereço) deter- minava que a promessa, denominada Obrigação, fosse prestada no
Altar dos Compromissos, portanto não mais na Mesa do Venerável Mestre. Altar? No
Rito Moderno? Quase cem anos após a reforma de 1892? Sim, Altar! Na parte referente
à descrição do Templo, estava escrito que sobre aquele Altar (um móvel que não existia
nos outros aqui citados Rituais) estavam as Três Grandes Luzes da Maçonaria: o Livro da
Lei, o Compasso e o Esquadro (na posição do Grau). Em nota de rodapé, proveniente de
um asterisco, constava que o Livro da Lei era a Bíblia (afirmação muito estranha,
realmente muito estranha, em um Ritual do Rito Moderno, editado em 1983!) e que o
mencionado Livro deveria estar sobre o Altar dos Compromissos. Entre parênteses, o
texto mostrava que a diretriz era uma exigência feita pelo Capítulo II, inciso III, letra "h",
da Constituição do Grande Oriente do Brasil. Todavia, aquela nota de rodapé distorcia a
verdade! Estava em vigor, no Grande Oriente do Brasil, a Carta Magna de 1981, que, na
parte denominada "Dos Princípios Normativos do Grande Oriente do Brasil", Capítulo II,
inciso III, letra "h", não estabelecia que o Livro da Lei fos- se a Bíblia, nem usava da
expressão Altar dos Compromissos. É certo que fazia menção ao Livro da Lei, mas sem
conceituá-lo. Quanto ao móvel no qual o Candidato apresentava sua promessa, o
aludido texto constitucional usava da expressão Altar dos Juramentos, sobre o qual
deveriam estar as já referidas Três Grandes Luzes da Maçonaria.
85

No Ritual de 1999 é usada a expressão Triângulo dos Compromissos. Com referência ao


Livro da Lei, o citado Ritual entende (no momento em que o Candidato vai apresentar
sua solene promessa) que aquele Livro seja a "regra da moral maçônica". Assim mesmo,
aquele entendimento não constitui um conceito objetivo, ou seja, não define qual o
Livro que deverá ficar, juntamente com o Esquadro e com o Compasso, sobre o Triângulo
dos Compromissos. Quanto à Constituição do Grande Oriente do Brasil, de 1991, na
parte denominada "Dos Princípios Gerais da Maçonaria e dos postulados universais da
Instituição" , Capítulo I, artigo 2°, inciso VIII, ela exige a manutenção das já referidas Três
Grandes Luzes da Maçonaria, sem mencionar que elas sejam colocadas em um móvel,
bastando que estejam "sempre à vista" , e sem mencionar qualquer definição sobre o
Livro da Lei.

CAPÍTULO VI

Continuaremos, durante o presente Capítulo, a descrever o velho e historicamente


importante Ritual do Rito Moderno, do Grande Oriente Lusitano.

Prestado o Juramento (descrito com pormenores, no anterior Capítulo), o próprio


Candidato pedia que lhe fosse concedida a Luz (mais tarde, a partir da reforma do
focalizado Rito, determinada pelo Decreto nº 109, de 30 de julho de 1892, do Grande
Oriente do Brasil, o pedido passou a ser feito pelo Primeiro Vigilante, até hoje). Dois
Irmãos (o Ritual não exigia que eles tivessem cargos), portando "cachimbos compostos
com resina", produziam chamas no momento em que ao Candidato era retirada a tarja
de pano sobre os olhos. A existência daquelas peças era devida ao fato de não existir,
ainda, luz elétrica, que só foi concretizada comercialmente em 1879, graças à invenção
da lâmpada de filamento elétrico (conforme já ressaltamos no Capítulo III).

Recebida a Luz, o Candidato ouvia a interpretação apresentada pelo Venerável Mestre,


sobre as Espadas apontadas contra o primeiro, que, em seguida, ia, pela segunda vez,
ao Altar do Venerável Mestre, onde era recebido e constituído Aprendiz Maçom, com a
fórmula de invocação ao Grande Arquiteto do Universo (os Respeitáveis Irmãos, que não
leram anteriores Capítulos, poderão estar em dúvida sobre a referida invocação dentro
do Rito Moderno, mas, lendo-os, mesmo que de modo extemporâneo, terão' afastadas
as eventuais dúvidas).

Concluído o ato, o novo Maçom, depois de recolocar seu traje completo, recebia do
Mestre-de-Cerimônias a lição referente aos passos de Aprendiz, com os quais era
conduzido, outra vez, ao Oriente, para receber, do Venerável Mestre, o Avental, símbolo
do trabalho, e um par de luvas. Tanto quanto continua a ser afirmado hoje, as luvas
eram destinadas à mulher que o Neófito mais estimasse. Sempre com o devido respeito
às possíveis opiniões divergentes, este articulista entende que o texto não tem a
necessária clareza. Se todos os Neófitos sempre fossem solteiros; sempre tivessem mãe
86

viva; nunca tivessem irmãs, a entrega das luvas seria óbvia. Mas, nos casos em que o
Neófito for casado; viver em perfeita harmonia com a dedicada esposa; receber o
ilimitado amor de sua mãe; tiver o afeto de suas irmãs e de suas filhas, ficaria prejudica-
do o uso do vocábulo mais, e seriam necessários vários pares de luvas! Esse texto é
bastante antigo. Não há certeza do ano em que ele foi redigido. Sabe- mos, porém, que
já existia em 1817, pelo menos. Portanto, no mínimo, ele já completou cento e oitenta
e sete anos (estamos em 2004). Não teria chegado o momento de modificá-lo?

Após transmitir o Sinal, o Toque, a Palavra de passe e a Palavra anual (sim, era anual) ao
novo Maçom, o Venerável Mestre determinava ao Mestre-de- Cerimônias que
conduzisse o primeiro ao Ocidente, para ensiná-lo a trabalhar na pedra bruta. Os
ocultistas, com o anacronismo de suas superstições, pretendem tisnar a magnífica
Simbologia de nossa Ordem, usando, invariavelmente, o ferrete dos ignaros, em
detrimento do hialino cristal das lentes dos autênticos exegetas. Por isso, com os olhos
fixos em suas miragens, eles, os ocultistas, nunca dissertam sobre a grandiosidade
caracterizadora do trabalho a ser feito naquela pedra. É assunto que lhes não interessa.
Jamais o mencionam. Trata-se, porém, de um simbolismo, que, pela sua relevância,
exige ininterrupta ênfase. Se o Iniciado for pessoa que não esteja, previamente,
agrilhoada pelas crendices do ocultismo, receberá o fulgor da Luz Maçônica e, com esse
recebimento, poderá ver, sem qualquer turvação, que a Maçonaria tem uma Simbologia
própria. Assim, ele terá condições de entender quão importante é a alegoria contida
naquele trabalho, permitindo-lhe desbastar, conscientemente, as saliências da
mencionada pedra, para que esta, mais tarde, possua a simetria de um cubo e o brilho
de uma jóia lapidada.

Depois que o Mestre-de-Cerimônias terminava o referido ensinamento, era


determinado, pelo Venerável Mestre, aos Vigilantes, que convidassem todos os Irmãos
ao reconhecimento do Aprendiz, aplaudindo sua Iniciação. Imediata- mente, o Mestre-
de-Cerimônias pedia a palavra e devolvia os aplausos, junta- mente com o Neófito,
instruindo-o para isso. Em seguida, os aplausos eram cobertos. Conduzido ao seu lugar
(o mesmo de hoje, isto é, na Coluna do Norte), pelo Mestre-de-Cerimônias, o Neófito
ouvia um pronunciamento do Orador. Concluído o pronunciamento, o Segundo
Vigilante acompanhava (no texto específico, não é usado o verbo conduzir, mas sim
acompanhar) o novo Maçom ao Painel (que ficava no chão), e, com a ponta da Espada,
ia explican- do os respectivos Símbolos.

Na última parte do Ritual, havia uma instrução, em três páginas, com perguntas e com
as respectivas repostas já pron- tas. Não está explicado quem fazia as perguntas nem
quem dava as respostas. Só existiam as letras P. (referente à pergunta) e R. (referente à
87

resposta). Era dessa maneira, sem explicações outras, que o Ritual descrevia o
encerramento da referida Sessão.

Iniciaremos, no próximo Capítulo, comentários sobre outro Ritual. Pelo título da


presente série, não é necessário salientar qual o Rito. Entretanto, convém esclarecer
que os mencionados comentários serão sobre o primeiro Ritual, próprio, do Grande
Oriente do Brasil. Imprimiu-o, em 1837, a "Typographia Austral", do Beco de Bragança,
nº 15, Rio de Janeiro.

CAPÍTULO VII

No anterior Capítulo, encerra- mos os comentários pertinentes ao primeiro dos Rituais


usados pelo Grande Oriente do Brasil. Vimos, reiteradamente (a reiteração é um
eficiente método didático), que não era um Ritual próprio, mas sim um Ritual
pertencente ao Grande Oriente Lusitano. Que era do Rito Moderno, nem seria mais
necessário repetir. Trata-se de um simples excesso de zelo. Havia sido impresso em
Lisboa, em data e em tipografia ignoradas, mas antes de 1814, sem a mais remota
dúvida, porque, naquele ano, era já usado pela Loja "Commércio & Artes", do Rio de
Janeiro, que viria a cedê-la, em 1822, ao Grande Oriente do Brasil, quando este foi
fundado.

No presente Capítulo, iniciaremos a análise do primeiro Ritual, próprio, do Grande


Oriente do Brasil. Era do Rito Moderno. Imprimiu-o a "Typographia Austral", situada no
Beco de Bragança, nº 15, Rio de Janeiro.

Entretanto, estando aberto o assunto, este articulista pede a devida vênia aos
Respeitáveis Irmãos Leitores para fazer "uma digressão, pois crê ser oportuno assinalar
que, antes de o Grande Oriente do Brasil possuir aquele mencionado Ritual, já existiam
cinco (5) Rituais impressos em nossa Pátria, todos eles pela "Typographia Seignot-
Plancher & Cia.", situada na Rua do Ouvidor, nº 95, Rio de Janeiro.

O primeiro daqueles outros Rituais é de 1833 e do Rito Moderno, um trabalho


organizado pelo Ir(então Padre e, depois, Cônego) Januário da Cunha Barbosa e pelo
Ir Hypólito José da Costa Furtado de Mendonça.

O segundo é de 1834, igualmente, do Rito Moderno, uma iniciativa particular da


mencionada tipografia.

O terceiro é de 1834, do Rito Escocês Antigo e Aceito, outra iniciativa particular da


mencionada tipografia.
88

O quarto também é de 1834 e também do Rito Escocês Antigo e Aceito, talvez por
encomenda feita pelo chamado "Supremo Conselho de Montezuma" (que teve muitas
denominações oficiais, desde sua fundação oficial até hoje).

O quinto também é do Rito Escocês Antigo e Aceito, por encomenda do Grande Oriente
Brasileiro, que era mais conhecido por "Grande Oriente de Santo Antônio",
primeiramente, e por "Grande Oriente do Passeio" (não o confundamos com o Grande
Oriente do Brasil). Santo Antônio e Passeio eram nomes de artérias públicas onde aquela
Potência Maçônica esteve localizada.

Encerrada a digressão, passemos à específica análise do citado primeiro Ritual, próprio,


do Grande Oriente do Brasil. Já vimos que ele era do Rito Moderno e já vimos quando e
em que tipografia ele foi impresso.

No livro "Rituais Maçônicos Brasileiros", impresso pela Editora Maçônica A TROLHJ


Ltda., de Londrina, Paraná, edição de 1996, exatamente na página 31, ao descrever o
mencionado Ritual, teceu-lhe este articulista merecidos e irrestritos elogios. Nele, há
um muito interessante Calendário, com as correspondentes explicações. Há um
misterioso Alfabeto (sempre um assunto apaixonante, passível de inúmeras
inesgotáveis controvérsias). Há ensinamentos sobre: o modo de entrar em Loja, a
recepção aos Visitantes, as Estrelas, o modo de bater os Malhetes, os aplausos, os
agradecimentos, a Cadeia de União e a magnífica Loja de Banquete, com sete Saúdes.

Existe menção ao Átrio e à Sala dos Passos Perdidos (alguns Respeitáveis Irmãos mais
novos imaginam que ambos os locais sejam um mesmo e único).

A Câmara de Reflexão (o singular, desusado, deve ser preferido) é pormenorizadamente


descrita. Do que está escrito, com referência à citada Câmara, naquele ora analisado
Ritual, só existe hoje, no vigente, o pão, a água, um esqueleto, cadeira, caneta e papel.
As inscrições eram seis, o mesmo número atual, porém completamente diferentes das
que agora existem.

As paredes do Templo tinham cortinas azuis. Sobre o Altar do Venerável Mestre havia
um Compasso, sem referência ao Esquadro, uma Espada, os Estatutos da Ordem (?) e
um Maço. Sim, está escrito Altar, e não Mesa, porque a reforma do Rito Moderno só
viria a ocorrer em 23 de junho de 1892 e confirmada pelo Decreto nº 109-GOB, de 30
daquele mês. O Altar e o Trono (sabemos que o Trono é só a Cadeira do Venerável
Mestre) estavam situados em um estrado, ao qual se subia por três degraus. Existia o
Dossel, que era azul, com franjas prateadas. Ao fundo, na parede do Oriente, estava o
Sol (à direita de quem olhava, portanto à esquerda do Venerável Mestre) e estava a Lua,
em sentido oposto. Essas posições ficavam exatamente ao contrário das existentes no
anterior Ritual do Grande Oriente Lusitano. Entre o Sol e a Lua ficava o Delta Radiante.

As Colunas Gêmeas, da ordem arquitetônica Coríntia (a mais bela de todas, com suas
ornamentadoras folhas de acanto, a simbolizar a Beleza) não seguiam as posições vistas
89

no texto bí- blico, pois estavam invertidas, tanto quanto nos Rituais posteriores, até o
vigente. Era já assim, erroneamente, no Ritual do Grande Oriente Lusitano. No fuste da
Coluna da direita de quem, da Entrada, olhava para o Oriente, estava a letra "B". Ao seu
lado havia um cubo de pedra lavrada. No fuste da Coluna da esquerda estava a letra 'T'.
Ao seu lado havia uma pedra tosca.

Quanto à designação das Jóias e dos assentos, no Oriente ficava o Venerável Mestre
(um Compasso aberto, em noventa graus, entrelaçado com um Esquadro). Também no
Oriente, à direita, seguindo-se o já exposto critério visto no parágrafo anterior, ou seja,
à esquerda do Venerável Mestre, ficava o Orador (um Círculo). Ainda no Oriente, do
lado esquerdo, ou seja, à direita do Venerável Mestre, ficava o Secretário (duas penas
em aspas).

No Ocidente, ficavam todos os outros membros da Administração, a seguir


enumerados. Comecemos pela Entrada, rumo à direção oriental:

Junto à Coluna "B" ficava o Primeiro Vigilante (um Nível). Ao lado, à sua direita, ficava o
Arquiteto (uma colher de pedreiro) e à sua esquerda ficavam o Primeiro Experto (uma
Espada) e, um pouco depois, mas, ainda, à esquerda do Primeiro Vigilante, o Mestre-
de-Banquetes (um semicírculo).

Junto à Coluna “J” ficava o Segundo Vigilante (um Prumo). Do seu lado direito ficava o
Segundo Experto (também uma Espada, o mesmo símbolo do Primeiro Experto) e de
seu lado esquerdo ficava o Terceiro Experto (também uma Espada, o mesmo Símbolo
dos outros dois Expertos).

CAPÍTULO VIII

Uma exaustiva pesquisa efetuada na preciosíssima Biblioteca do Ir Kurt Prober (o


Mestre que não perdeu a surpreendente lucidez, apesar de já haver completado 95, sim
95 anos de idade), aliada às elucubrações exigidas por documentos próprios,
colecionados ao longo de muito tempo, alguns doados por aquele Professor de
Maçonaria, e as reflexões projetadas pelos corolários de tais estudos, cujo desiderato é
o da eventual elaboração de um livro, que, se concretizado, será publicado pela Editora
Maçônica "A TROLHA" ltda., fizeram com que este articulista ficasse afastado, durante
alguns exemplares, das páginas desta expressiva Revista, retardando a organização do
presente Capítulo, no qual passa a ser feita a descrição pertinente às Jóias e aos
assentos dos Oficiais, de acordo com o Ritual do Rito Moderno de 1837. Já vimos, no
anterior capítulo, que esse foi o primeiro Ritual, próprio, do Grande Oriente do Brasil.
Imprimiu-o a "Typographia Austral", situada no Beco de Bragança, nº 15, Rio e Janeiro.

Falta mencionar as Jóias e os assentos do Tesoureiro, Hospitaleiro, Chanceler, Mestre-


de-Cerimônias, e Cobridor.

Levando em conta a direção Ocidente/Oriente, o Tesoureiro (duas chaves) ficava no


final da Coluna do Sul. Possuía mesa. Diante dele ficava o Mestre-de-Cerimônias (um
90

triângulo) e à sua esquerda (isto é, à esquerda do Tesoureiro) ficava o Chanceler (o selo


da Loja).

O Hospitaleiro (uma bolsa) ficava no final da Coluna do Norte, levando em conta a


mesma direção já citada. O Cobridor (uma Espada, isto é, a mesma Jóia dos três
Expertos, que vimos no anterior Capítulo) ficava junto à Porta! dentro ou fora? O Ritual
não elucida!). Assinale-se que só havia um Cobridor.

Após o texto concernente à Abertura dos Trabalhos, constava o modo pelo qual era
apresentado um Candidato, de cuja proposta deveriam estar seu nome completo, sua
residência, seu local de nascimento, sua idade e sua profissão. O Venerável Mestre fazia
a leitura da proposta, sem indicar o nome do Candidato. Depois, escolhia três
comissários (três sindicantes, diríamos hoje) que não fossem Aprendizes nem
Companheiros, para a coleta de informações. Cumprida a missão dos comissários, que
não tinham seus nomes revelados.

As informações eram colocadas na correspondente bolsa. Feita a leitura pelo Venerável


Mestre, se as informações fossem favoráveis, a proposta era submetida à apreciação da
Loja. Após as conclusões do Orador, corria o escrutínio secreto. Na hipótese de que
houvesse uma só esfera negra, o Candidato estava aprovado (já vimos, em Capítulo
outro, que no Ritual do Grande Oriente Lusitano era exigida unanimidade).

Oportunamente, o Candidato era conduzido à Câmara de Reflexão, onde respondia, por


escrito, a três perguntas sobre os deveres do homem probo (do homem probo, note-
se) diante de si mesmo, diante de seus semelhantes e diante da Pátria. Lembremo-nos
de que estamos a descrever um Ritual de 1837, portanto apenas quinze anos após a
Proclamação da Independência do Brasil.

No momento de sair da citada Câmara, o Candidato ficava com os olhos cobertos com
uma tarja. Ficavam descobertos a cabeça, o peito do lado esquerdo, o braço esquerdo,
e o joelho direito. O pé esquerdo ficava sem sapato, substituído por chinelo.
Despojavam- no de todas as peças que fossem de metal. Era dessa maneira que
ocorriam sua condução à porta do Templo, seu ingresso e o desenvolvimento cênico da
Iniciação, até que a Luz lhe fosse concedida. No ínterim, o Venerável Mestre lhe fazia
algumas perguntas, ao final das quais o advertia de que seria submetido a provas
indispensáveis e o tornava sabedor de que, se lhe faltasse coragem suficiente para
suportá-las, lhe seria lícito retirar-se. Em seguida, o Venerável Mestre elucidava que as
provas eram misteriosas e emblemáticas, exortando o Candidato a prestar-lhes toda a
atenção que lhe fosse possível. Indubitavelmente, aquela exortação será sempre atual,
sempre imprescindível e sempre merecedora da nossa infindável análise, por maior que
seja o nosso discernimento e por mais alto que seja o estágio maçônico ao qual já
tenhamos chegado.
91

CAPÍTULO IX

Tendo já focalizado as duas primeiras Viagens constantes do Ritual do Rito Moderno de


1837, do Grande Oriente do Brasil, focalizaremos agora, no presente Capítulo, a terceira
e última.

A última Viagem, na qual não havia o tinir de Espadas, era feita com passos largos, mas
sem precipitação. Uma tocha era agitada diante do Candidato. Vendado como estava,
ele não podia vê-la (obviamente!) mas lhe sentia a presença, em face do notório calor
que as labaredas produziam. Concluído o percurso, era o Segundo Vigilante quem, com
um golpe de Malhete, fazia o respectivo anúncio. O Venerável Mestre elucidava que o
fogo, complemento da purificação, deveria acender o amor diante dos semelhantes e
que o Candidato nunca se deveria esquecer da moral contida no preceito de que não se
deve fazer a outrem o que não desejamos que nos seja feito. Considerando que só
estavam terminadas as Viagens e que ainda havia muito para terminar a Cerimônia, o
pronunciamento que dimanava do Trono da Sabedoria era por este mesmo
interrompido, com uma clássica pergunta:

"Persistis, Senhor?" Presume-se que a resposta fosse positiva.

No ato subseqüente, o Venerável Mestre asseverava ao Candidato que uma das virtudes
que os Maçons mais prezavam era a beneficência.

Sem dúvida, a caridade, a terceira das denominadas virtudes teologais, é uma evidente
prova de sensibilidade. Mas, deixemos o ano de 1837, ainda que seja por um momento,
e voltemos ao presente, para que examinemos a atual (estamos em outubro de 2004)
Constituição do Grande Oriente do Brasil, cujo artigo 1º, "caput", preceitua que a
Maçonaria possui quatro escopos, e um deles é filantrópico. Porém, nas ações
caritativas, é imperiosa a existência de cautela, para que solertes aproveitadores não
ludibriem aqueles que são movidos pelo nobre sentimento de ajudar o próximo.
Existiam e continuam a existir os que colaboram com instituições e os que preferem
atos individuais. Há Maçons e Profanos que, isoladamente, prestam inestimáveis
auxílios àqueles que são materialmente desfavorecidos. Há Lojas e associações
filantrópicas que se dedicam com notável ardor a esse mister. Porém, reconheçamos
que ao tempo em que o mencionado Ritual foi impresso, em 1837 (repita-se), era mais
fácil (ou menos difícil) realizar caridade. Nos dias atuais, a denominada explosão
demográfica gerou múltiplos óbices, fazendo com que o empirismo, outrora aceitável
no âmbito da filantropia, hoje esteja a exigir, quando os atos caritativos forem
prestados de maneira não individual, técnica administrativa muito bem coordenada,
sob pena de protetores e protegidos trilharem as labirínticas veredas do malogro. O
assunto é inesgotável e suscetível de infindáveis controvérsias. No entanto,
regressemos àquele pretérito Ritual. Quando o Candidato era indagado sobre sua
disposição de praticar a caridade, o objetivo da indagação era o de perquirir se ele
possuía o alto sentimento da solidariedade humana.
92

O ora focalizado Ritual do Rito Moderno, de 1837, do Grande Oriente do Brasil, copiou,
quase inteiramente, o de 1834, do Grande Oriente Brasileiro (que viria a ser mais
conhecido por "Grande Oriente do Passeio", e os Respeitáveis Irmãos Leitores já
tomaram conhecimento, nesta mesma série, do porquê dessa denominação), também
do Rito Moderno, e este, o segundo citado Ritual, ou seja, o do Grande Oriente
Brasileiro, de 1834, era uma cópia do Ritual do Grande Oriente Lusitano, igualmente do
Rito Moderno, já objeto de explanação nesta mesma série, em consonância com os
Capítulos III (janeiro de 2004, páginas 20/21, IV (fevereiro de 2004, páginas 20/21), V
(março de 2004, páginas 18/19) e VI (abril de 2004, páginas 17/18). Todavia,
propositadamente, este articulista não mencionou, deixando para agora, uma
importante observação:

Quem estuda os Rituais, sob o ângulo comparativo-cronológico, pode verificar a


existência de supressões e de acréscimos. O fato seria plenamente entendível, se
movido fosse por impostergáveis clamores ditados pela evolução nos férteis campos
das idéias e dos progressos científicos. Entretanto, nem sempre (ou quase nunca!) são
esses clamores que geram a iniciativa de suprimir e de acrescentar.

No caso concreto, o(s) nosso(s) Respeitável(is) Irmão(s) que copiou(aram) o texto


escrito no mencionado Ritual do Grande Oriente Lusitano suprimiu(ram) uma lição
notável pelo seu realismo. De fato, o citado Ritual português orientava o Candidato,
asseverando-lhe que a caridade cessaria de ser uma virtude, quando feita em prejuízo
dos mais sagrados deveres para com a própria família, e que, antes de cumprir aqueles
primeiros deveres, não mereceria elogios quem se mostrasse caritativo. Essa rude
franqueza, digna de admiração, por ser a antítese da hipocrisia no uso de expressões
apenas teóricas, é aplicável não só aos ingênuos, mas, também, aos que praticam a
caridade por mera ostentação.

Retornemos ao Ritual do Grande Oriente do Brasil, do Rito Moderno, de 1837. Depois


das considerações referentes à beneficência, o Venerável Mestre interrogava o
Candidato sobre a "prova de sangue". Após dar a resposta, ele ouvia a correspondente
interpretação sobre tal prova. Concluída a exegese, o Venerável Mestre determinava ao
Mestre-de-Cerimônias que apresentasse ao Candidato o "Cálice da Amargura".
Acompanhando a norma ditada pelo Ritual do Grande Oriente Lusitano, a cena ocorria
após as Viagens, e não havia o contraste entre o amargor e a doçura. Só havia a bebida
amarga. Sobre essa bebida, ainda que cause surpresa, a explicação, vocábulo por
vocábulo, era a mesma que viria a ser copiada pelos Rituais do Rito Escocês Antigo e
Aceito, neles permanecendo, até hoje, juntamente com muitas e muitas outras
explicações, seja no Grande Oriente do Brasil, seja nas Grandes Lojas Estaduais, apesar
de que estas últimas não adotam o Rito Moderno. Fazendo uma pausa, este articulista
elucida que o primeiro Ritual do Rito Escocês Antigo e Aceito do Grande Oriente do
Brasil foi impresso em 1857 na "Typographia Delta", da Rua do Cano, nº 165, Rio de
Janeiro, e que os três primeiros das Grandes Lojas Estaduais (Bahia, Rio de Janeiro e São
Paulo) foram impressos no mesmo dia, em 1928 (note-se: 1928 e não 1927) na
"Typographia Delta", da Rua Dias da Cruz, nº 129, Rio de Janeiro.
93

Todos os Obreiros ficavam de p. e à o., empunhando suas Espadas, no momento em


que o Candidato, conduzido pelo Mestre-de-Cerimônias, ia ao Altar do Venerável
Mestre, ajoelhava-se (joelho direito) sobre um coxim, colocava a mão direita sobre a
Espada que ficava no citado Altar, e, usando a mão esquerda, encostava um Compasso,
com uma ponta romba, sobre o peito. O texto não descreve aquela Espada, de modo
que não se sabe se era comum, igual às que os Obreiros portavam, ou se era uma peça
com diferentes características, a lembrar o seu próprio escopo ritualístico, bem
diferente do representado por aquelas outras Espadas.

O Venerável Mestre, colocando a mão esquerda sobre a mão direita do Candidato,


pedia-lhe que este fosse repetindo um Juramento, na presença do Grande Arquiteto do
Universo. Sim, é verdade que está em foco um Ritual do Rito Moderno. Porém, não nos
esqueçamos de que a reforma do mencionado Rito, no Brasil, só viria a ocorrer
cinqüenta e cinco anos depois, por determinação do Decreto-GOB nº 109, de 30 de julho
de 1892. É claro que, oportunamente, serão feitas considerações sobre o referido
Decreto. Mas, antes é indispensável que sejam concluídas as atinentes ao citado Ritual
de 1837.

CAPÍTULO X

Concluído o Juramento, o próprio Candidato, ensinado, em voz baixa, pelo Segundo


Vigilante (sim, pelo Segundo Vigilante), respondendo a uma básica pergunta formulada
pelo Venerável Mestre, pedia que lhe fosse concedida a Luz (a partir da reforma de
1892, a Luz passou a ser pedida pelo Primeiro Vigilante, até hoje). Imediatamente,
retiravam-lhe a tarja de pano, até então a lhe cobrir os olhos, para que visse as chamas
provocados por tochas agitadas diante dele. Lembremo-nos de que em 1837 não havia
luz elétrica (aliás, sobre essa inexistência, este articulista já ressaltou no Capítulo III e
repetiu no Capítulo VI, ambos desta mesma série, que a luz elétrica só foi concretizada
em 1879, graças ao filamento da lâmpada incandescente, inventada por Thomaz Alva
Edson e que a iluminação elétrica nas artérias públicas é posterior, pois adveio dos
testes com a corrente alternada, feitos em 1888 pelo cientista austríaco Nicolau Testa).
Após o recebimento da Luz, o Candidato ouvia as explicações pertinentes ao sentido
das Espadas contra ele então apontadas. Terminadas as explicações (mais ou menos
iguais às de hoje, no sentido, mas não nas palavras) ministradas pelo Venerável Mestre,
este determinava ao Mestre-de-Cerimônias que conduzisse, novamente, o Candidato
ao Altar, no qual repetia o Juramento e era recebido e constituído Aprendiz-Maçom (à
glória do Grande Arquiteto do Universo e em nome do Grande Oriente do Brasil), no
momento em que sobre sua cabeça o Venerável Mestre colocava a correspondente
Espada, após dar três pancadas sobre o Compasso e exortar o Recipiendário a aprender,
com a justeza daquele citado instrumento, a dirigir o coração ao Bem. Dando seqüência
ao Ato, o Venerável Mestre dava o ósculo fraternal (substituído, em 1892, pelo tríplice
abraço, que passou a ser dado pelo Mestre-de-Cerimônias, até hoje) ao Iniciado, que,
pela primeira vez, na Maçonaria, era chamado de "Meu Irmão".
94

Que nos chamemos de Irmãos, é significativo, mas não basta, se assim não nos
sentirmos. É deplorável que alguns Maçons (só alguns, a minoria, felizmente!) não
consigam entender a grandiosidade caracterizadora do amor fraternal.
Indubitavelmente, conquanto devamos repelir subserviências, conservando intacta
nossa personalidade (e nossas idéias, salvo se formos convencidos da existência de
equívocos nossos, é claro), aquele amor deve ser cultivado e cultuado por todos. Este
articulista pode apresentar o seu próprio depoimento, pois já foi agraciado com
alentadoras provas de verdadeira fraternidade. Mas, em sentido contrário, ainda que
pareça inconcebível, já teve o constrangimento de enfrentar inconformismo e rancor,
só pelo fato de ser proprietário de um valiosíssimo documento maçônico (o
inconformismo e o rancor seriam decuplicados, se o rancoroso e inconformado
conhecesse a extensão do acervo documental maçônico, particular, deste articulista!)
Ainda sobre o assunto, exsurge uma pergunta: não será a ausência de amor fraternal a
geradora de potências dissidentes?

Porém, deixemos o hibridismo da Psicologia, com seu fascínio e com suas decepções.
Voltemos ao nosso tema.

O Neófito (já Neófito, e não mais Candidato), depois de recolocar o seu traje completo
era apresentado, pelo Mestre-de-Cerimônias, por ordem do Venerável Mestre, ao
Primeiro Vigilante (agora a referência é mesmo ao Primeiro Vigilante) para que lhe
ensinasse os passos de Aprendiz. Em seguida, ia ao Oriente para receber, do Venerável
Mestre (na reforma de 1892, a entrega coube ao Mestre-de-Cerimônias, porém, mais
tarde e até hoje, passou a ser feita pelo Primeiro Experto) o Avental e dois pares de
luvas, sendo um par masculino e um par feminino (a reforma de 1892 suprimiu o par
masculino, e sua entrega passou a ser feita pelo Mestre-de-Cerimônias, até hoje),
juntamente com as explicações provenientes do Trono da Sabedoria, explicações essas
que são as vistas no anterior Ritual do Rito Moderno, do Grande Oriente Lusitano
(conforme Capítulo VI desta mesma série) e permanecem as mesmas. Posteriormente
àquelas explicações, o Venerável Mestre ensinava o Sinal de Ordem, o Toque, a Palavra
Sagrada, a Palavra de Passe (também aqui, não houve alteração no conteúdo, mas o
ensinamento passou a ser feito pelo Primeiro Experto, a partir da reforma de 1892, até
hoje), prometendo a transmissão da palavra semestral, que lhe seria dada
oportunamente (o Neófito ainda não conhecia a Cadeia de União). A Constituição do
Grande Oriente do Brasil, então em vigor, era a de 1885, impressa na "Typographia de
Pereira Braga & Cia", Rua do Ouvidor, nº 29 e 29-A, Rio de Janeiro. Não consta, do
focalizado Ritual de 1873, que ela fosse entregue ao novo Maçom.

Por ordem do Venerável Mestre, o Mestre-de-Cerimônias conduzia o Neófito ao


Ocidente, apresentando-o aos Vigilantes (aqui, na descrição apresentada em todo este
parágrafo, a reforma de 1892 conservou alguns trechos, porém introduziu várias
modificações, que, sem falta, serão vistas oportunamente, pois sua extensão não cabe
no presente Capítulo) a fim de que lhes desse o Sinal, o Toque, a Palavra Sagrada e a
Palavra de Passe. Cabia ao Segundo Vigilante ministrar a lição pertinente ao trabalho na
Pedra Bruta. Cumprida a significativa tarefa, o Neófito ficava de pé e à ordem, entre os
Vigilantes, que, ouvindo o Trono da Sabedoria, convidavam todos os Obreiros ao
95

reconhecimento do novo Maçom e aos aplausos à sua Iniciação. O Mestre-de-


Cerimônias pedia a palavra em nome do Neófito e, depois de ensiná-lo a agradecer,
retribuía, com ele, os aplausos, que eram cobertos por todos os Obreiros

Conduzido ao seu lugar pelo Mestre-de-Cerimônias, o novo Maçom ouvia o


pronunciamento especialmente a ele dirigido pelo Orador, sobre assunto de natureza
moral e sobre a interpretação dos Símbolos. Os Visitantes recebiam agradecimentos. Se
tempo houvesse, o Venerável Mestre ministrava uma Instrução ao recente Aprendiz.

Encerrados os trabalhos, o Venerável Mestre formava a Cadeia de União.

Em 1º de setembro de 1868, quando estavam esgotados os exemplares do aludido


Ritual (não nos esqueçamos de que a referência é ao Ritual do Rito Moderno, de 1837,
do Grande Oriente do Brasil), o Grande Capítulo dos Ritos Azuis (que englobava os Ritos
Moderno e Adonhiramita) requereu ao Ir Alexandre José de Mello Moraes, Grande
Secretário do Grande Oriente do Brasil, as necessárias providências, a fim de que fosse
impressa uma nova edição, feita no ano seguinte, ou seja, em 1869, pela "Typographia
Universal de Laemmert", Rua dos Inválidos, nº 63-B, Rio de Janeiro. Foram mantidos o
Juramento e as demais menções ao Grande Arquiteto do Universo.

É absolutamente indispensável acrescentar que, igualmente do Rito Moderno, em


1833, havia sido impresso, pela "Typographia de Seignot-Plancher" (Seignot e Plancher
eram Maçons), Rua do Ouvidor, nº 95, Rio de Janeiro, um "Cathecismo e Regulamento
Geral do Gráo de Aprendiz". Mas, não se tratava de um Ritual, propriamente dito. Não
havia apresentação de seqüência ritualística. Tratava-se de um manual de instruções.
Pertencia à Loja "Commércio e Artes", que deixara o Grande Oriente do Brasil em 6 de
maio daquele mesmo ano de 1833, filiando-se ao Grande Oriente Brasileiro, "do
Passeio" (retomando, no entanto, à tradicional Potência Maçônica em 18 de janeiro de
1883, apesar de ser discutível tratar-se verdadeiramente da mesma primitiva Loja).
Também não era Ritual, de acordo com o seu próprio título, a "Instrucção do Gráo de
Aprendiz do Rito Moderno", impressa em 1857, por iniciativa particular, na
"Typographia do Commércio de Brito & Braga", Rua do Ouvidor, nº 14, Rio de Janeiro.

Em 5 de junho de 1865, o "Grand Orient de France" havia estabelecido ser a crença em


Deus o princípio básico da Maçonaria. Entretanto, em 10 de setembro de 1877, a
aludida Potência Maçônica derrogou aquele entendimento e expungiu o Grande
Arquiteto do Universo, recebendo, por isso, da "United Grand Lodge of England", o
qualificativo de irregular (qualificativo que é seguido por todas as Potências que
possuem o reconhecimento maçônico inglês, entre as quais está o Grande Oriente do
Brasil). A este articulista, particularmente, parece que, em nossa Pátria, alguns (ou serão
muitos?) Obreiros do Rito Moderno ignoram a existência de tal irregularidade.

Em 23 de junho de 1892, sob a iniciativa do influente Ir Henrique Valadares, Grande


Secretário do Grande Oriente do Brasil (General, que, em 1893, chegaria a ser Prefeito
do Rio de Janeiro, graças à amizade com o Marechal Floriano Vieira Peixoto, Vice-
Presidente da República, mas no exercício da Presidência, em face da renúncia do
96

Marechal Manoel Deodoro da Fonseca), o Grande Capítulo do Rito Moderno (o já


referido Grande Capítulo dos Ritos Azuis deixara de existir, pois o Rito Adonhiramita
passara a ter o seu próprio Capítulo dos Cavaleiros Noaquitas, fundado em 24 de abril
de 1873) aprovou um novo Ritual, adotando a reforma feita pelo Grand Orient de
France. Desde então, cessaram, no Rito Moderno, o Juramento e as menções ao Grande
Arquiteto do Universo, até hoje.

Vimos, pressurosamente, de modo apenas parentético, só algumas das muitíssimas


alterações introduzidas por aquele então novo Ritual, aprovado pelo Decreto nº 109,
de 30 de julho de 1892, do Grande Oriente do Brasil. Maiores e imprescindíveis
comparações, diante do vigente (este artigo é escrito em novembro de 2003), aprovado
pelo Decreto nº 252, de 12 de maio de 1999, da mencionada Potência Maçônica,
começarão a ser feitas no próximo Capítulo.

CAPÍTULO XI

Antes do prosseguimento do tema objeto da presente série, é indispensável que sejam


feitos uma correção e três esclarecimentos.

A correção é pertinente ao fato de, no anterior Capítulo, constar, erroneamente, por


um desacerto de linhas gráficas, que o primeiro Ritual do Rito Escocês Antigo e Aceito,
do Grande Oriente do Brasil, foi impresso na "Typographia Delta", da Rua do Cano, nº
165, Rio de Janeiro. Porém, a empresa gráfica impressora do Citado Ritual, em 1857, foi
a "Typographia Austral", localizada, esta sim, naquele referido endereço. A
"Typographia Delta", localizada na Rua Dias da Cruz, nº 129, Rio de Janeiro, imprimiu,
em 1928, ou seja, no ano seguinte ao da histórica cisão maçônica brasileira, os três
primeiros Rituais das modernas Grandes Lojas, a da Bahia, a do Rio de Janeiro (não
confundir com a do Estado do Rio de Janeiro, que ainda não existia) e a de São Paulo.
Fica, pois, corrigi- do o equívoco.

Os três esclarecimentos referem-se a um trabalho não muito claro, de um Resp Irm,


publicado recentemente. Quando há falta de clareza, ela pode ser atribuída a eventuais
óbices que embaracem um autor, ao exprimir suas idéias. Entretanto, é possível,
também, que exista, em alguns casos, o deliberado propósito de confundir, em proveito
próprio ou até em proveito de terceiro. Essas duas últimas hipóteses não ocorreram no
caso concreto, felizmente!

Para o primeiro esclarecimento, é imperioso asseverar que, naquela publicação, apesar


da boa-fé de seu subscritor, ele redigiu com eiva anfibológica, de modo que,
enganosamente, pareceram pertencer-lhe pesquisas que, em verdade, foram feitas por
97

este articulista, cujo nome consta, sim, daquele trabalho dúbio, mas de modo sibilino,
com uma certa distância do texto específico. Isto posto, com o objetivo de evitar que
se cristalizem dúvidas, consigne-se que é deste articulista, unicamente deste articulista,
a autoria da elucidação do fato de o IrBarão Théodore Henry de Tschoudy, escritor,
em 1766, na França, de "L'Estoile Flamboyante" ("A Estrela Flamejante", diríamos no
idioma português) e o Irm:. Louis Guillemain de Saint-Victor, escritor, entre 1781 e 1782,
também na França, de "Recuei Precieux de La Maçonnerie Adonhiramite" ("Coleção
Preciosa da Maçonaria Adoniramita" ou "Adonhiramita", com "h" intermediário, se
aceitarmos o galicismo usado pela Maçonaria em nosso País), serem duas pessoas, de
modo que não estará certo quem expuser que se trate de uma só, e que a denominação
Barão de Tschoudy, pertencente ao primeiro citado, seria apenas o título nobiliárquico
pertencente ao outro.

Para o segundo esclarecimento, é imperioso asseverar que é deste articulista,


unicamente deste articulista, a elucidação de que o Cerimonial do Acendimento de
Velas é originário do Rito de Schröder, e não do Rito Adonhiramita, que só adotou
aquele Cerimonial mais tarde.

Para o terceiro esclarecimento, é imperioso asseverar, ainda, que é deste articulista,


unicamente deste articulista, a denúncia do erro de ser chamado de Rito de York, no
Brasil, um dos sistemas usados pela Maçonaria britânica, e, mais, a elucidação do
porquê de tal erro e, finalmente, a elucidação de que "Emulation" é nome de um dos
Rituais usados pela citada Maçonaria, e não o nome de um Rito.

Feitas a correção do equívoco e dissipação das obscuridades, podemos iniciar o


desenvolvimento do presente Capítulo.

Mesmo que não queiramos o cometimento de rodeios perifrásticos, não podemos


deixar de admitir que, na elaboração de um trabalho seriado, a referência a Capítulos
anteriores, quando se está iniciando outro, é eficaz método didático, pois conserva
intacto o fluxo da exposição dissertativa. De acordo com o próprio título, esta série é
dedicada ao Rito Moderno. Já descrevemos o Ritual do Grande Oriente Lusitano,
impresso em Lisboa, em tipografia e data ignoradas, e elucidamos que só pode ter sido
antes de 1815. Depois, fizemos brevíssima referência ao Ritual de 1834, impresso na
"Typographia Seignot e Plancher", da Rua do Ouvidor, nº 95, Rio de Janeiro, por
iniciativa particular da referida tipografia. Em seguida, comentamos o Ritual de 1837,
do Grande Oriente do Brasil, impresso na "Typographia Austral", do Beco de Bragança,
nº 15, Rio de Janeiro, e fizemos rápida alusão ao Ritual de 1869, impresso na
"Typographia Universal de Laemert", da Rua dos Inválidos, nº 63-B, do Rio de Janeiro.
Também, já salientamos que, mais tarde, por força do Decreto nº 109, de 30 de julho
de 1892, o Grande Oriente do Brasil excluiu do Rito Moderno o Grande Arquiteto do
Universo e o Altar dos Juramentos, ao aprovar um novo Ritual daquele Rito, editado
naquele mesmo ano, ou seja, em 1892, na "Imprensa Oficial", no Rio de Janeiro (não
consta o nome da artéria pública), sob a influência da reforma ritualística empreendida
98

pelo "Grand Orient de France" em 10 de setembro de 1877. Porém, não foram essas as
únicas modificações.

No presente Capítulo, começaremos a estabelecer algumas comparações entre aqueles


Rituais antigos (estamos incluindo o Ritual do Grande Oriente Lusitano, por ter sido o
primeiro a ser usado em nosso País, pelo menos de que se tenha notícia) e o Ritual
vigente (este Capítulo é escrito no começo de outubro de 2004) do Grande Oriente do
Brasil, aprovado pelo Decreto nº 252, de 12 de maio de 1999 (assinado pelo Soberano
Grão-Mestre Ir Francisco Murilo Pinto, que, no denominado mundo profano, era
Desembargador, já sob aposentadoria, do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de São
Paulo).

Os RResp IIrm que estão dando os primeiros passos nos arcanos da Maçonaria, e
até mesmo os mais antigos, que não tiveram acesso às respectivas fontes históricas,
poderão imaginar que o Rito Moderno possui gênese diversa da constante de outros
Ritos, por não acolher o Grande Arquiteto do Universo e demais assuntos a Ele
relacionados, direta ou indiretamente. Mas, todos os interessados em Ritualística e que
estão acompanhando esta série já viram que o Rito Moderno, proveniente da França,
nasceu jungido à espiritualidade (muito cuidado com este discutível vocábulo, que
derivou do hebraico (este adjetivo não leva acento) "ruach", originalmente significando
"sopro", que deu origem ao grego "pneuma", que deu origem ao latino "spiritus").
Quem está acompanhando esta série já viu que a invocação ao Grande Arquiteto do
Universo, depois de haver sido confirmada pelo "Grand Orient de France", em 5 de
junho de 1865, recebeu a rejeição determinada por aquela mesma Potência Maçônica,
mediante a reforma de 10 de setembro de 1877, e que, em nosso País, tal reforma
ocorreu (mas, só ocorreu no Rito Moderno) por força do Decreto nº 109, de 30 de julho
de 1892, do Grande Oriente do Brasil (assinado pelo Grão-Mestre e Soberano Grande
Comendador, então interino, Ir Antônio Joaquim de Macedo Soares, que viria a ser
eleito em 30 de agosto e empossado em 12 de setembro de 1892, e que, no
denominado mundo profano, era Ministro do Supremo Tribunal Federal), aprovando o
Ritual impresso naquele ano, em trabalho gráfico da "Imprensa Nacional" (sim,
"Imprensa Nacional", apesar de ser muito estranho!).

Façamos as prometidas comparações.

No Ritual do Grande Oriente Lusitano, tanto quanto no de 1834 (iniciativa particular da


"Typographia Seignot e Plancher") e nos do Grande Oriente do Brasil de 1837, de 1869
e de 1892, as Colunas Gêmeas estavam em posições invertidas (e permanecem até hoje,
no Rito em foco e, igualmente, assim estão nos Ritos Adonhiramita e Brasileiro) e seus
capitéis eram ornamentados pelo estilo coríntio, dois equívocos já ressaltados muitas
vezes em trabalhos da lavra deste articulista, entre os quais, com pormenores, no
Capítulo III da série denominada "Introdução ao Rito Adonhiramita", exemplar de julho
de 2002 de "A TROLHA", até com esclarecimentos sobre a primitiva tradução da Bíblia
para o idioma grego, para o idioma latino e para as duas primeiras traduções no idioma
99

português. Indubitavelmente, a Maçonaria faz uso de tais Colunas inspirando-se nas


que estavam no Templo de Salomão. Essa assertiva é incontrovertível, em decorrência
dos próprios nomes que figuram no denominado Velho Testamento (J... e B...). Mas a
prova de que os capitéis das Colunas Gêmeas do Templo de Salomão não possuíam o
estilo coríntio é testificada pelo fato de que o referido estilo foi usado pela primeira vez
no Monumento de Lisícrates, em Atenas, uns seiscentos anos, aproximadamente após
o Templo de Salomão. Aproveitemos esta oportunidade e façamos a afirmação de que,
no denominado mundo profano, os mais antigos exemplos de Colunas Gêmeas estão
em ruínas egípcias de Tebas e de Heliópolis, de onde esse uso passou para a Assíria,
primeiro, e para a Fenícia, depois. De acordo com afirmação feita, por este articulista,
escrevendo, há pouco tempo, alhures, sobre tais Colunas, não nos esqueçamos de que
foi um bronzista fenício, tírio especificamente, cujo nome é muito familiar aos Mestres
Maçons, quem fez as célebres Colunas (e mais peças de bronze) do Templo de Salomão.
Ainda há outros notáveis exemplos de ruínas de Colunas Gêmeas na Antigüidade
Oriental e até mesmo em terras centro-americanas. Neste segundo exemplo, é
surpreendente o que se vê no Templo dos Guerreiros Maias em Chichen-Itzá,
descoberto pelo arqueólogo norte-americano Edward Herbert Thompson, na atual
Guatemala. No primeiro exemplo, merece destaque o Túmulo de Amintas IV, rei da
Macedônia, ao tempo da civilização grega na Turquia.

Quanto à invertida posição das Colunas Gêmeas, já vimos que o erro permanece até
hoje, no Rito Moderno (e já vimos que, igualmente, esse erro é adotado pelos Ritos
Adonhiramita e Brasileiro). Só houve mudança nos capitéis (do Rito Moderno) que
passaram ao estilo egípcio-babilônico. Que estilo egípcio-babilônico? Nas
reconstituições do Templo de Salomão, feitas, no denominado mundo profano, por
abalizados pesquisadores, tais capitéis possuem o estilo proto-jônico ou fenício-
cipriota.

Para que estes Comentários não sejam feitos de maneira pressurosa, é necessário
apontar que, no vigente Ritual (ou seja, no Ritual de 1999 do Rito Moderno), antes da
parte concernente à descrição do Templo, há algumas considerações sobre as quais não
é possível ficar em silêncio, sob pena de censurável omissão. No entanto, este espaço
gráfico chegou ao fim, forçando o adiamento da opinião deste articulista, sobre aquelas
considerações, para a abertura do próximo Capítulo.

CAPÍTULO XII

No presente Capítulo, faremos algumas considerações sobre a introdução constante do


Ritual de 1999 do Rito Moderno, do Grande Oriente do Brasil.

Ao analisar aquela introdução, verifica-se que é hialino o seu escopo de colocar o Rito
Moderno acima dos outros Ri tos, cujos Maçons não teriam o atributo de pensar
livremente, e a Maçonaria seria considerada, por aqueles outros Ritos, uma Ordem
Mística (segundo o desacertado conceito visto em tal introdução). Depois, está escrito
100

que a Maçonaria Francesa tem padrões racionais e científicos. Diante do exposto, o


focalizado texto deixa implícito que as outras Maçonarias não possuiriam os aludidos
padrões. Porém, a qual das várias Maçonarias Francesas o texto esta ria fazendo
referência? Grand Orient de France? Loge Nationale Française? Gran de Loge Nationale
Française? Grande Loge Traditionnelle et Symbolique-Opera? Gran de Loge Mixte
Universele? Grande Loge Féminine de Memphis-Misraim? Grande Loie Mixte de France?
Grande Loie de France? Federation Française du Droit Humain? ou Grande Loge
Nationa/e Française? Saliente-se que esta última é, de todas as Potências Maçônicas
france sas, a única que possui os reconhecimentos maçônicos internacionais da ortodo-
xia estabelecidapela "United Grand Lodge of England".

De modo surpreendente, na mesma introdução em foco, foi transcrita a tradução de


resoluções tomadas, no Século XIX, pelo Grand Orient de France (agora a referência
deixou de ser à Maçonaria Francesa, genericamente, mas apenas ao Grand Orient de
France, de maneira específica), nos termos seguintes:

"O Rito Moderno mantém-se tolerante mente imparcial, ou melhor, respeitosamen-


te neutro, quanto à exigência para os seus

adeptos, da crença específica em um Deus revelado, ou Ente Supremo, bem como da


categórica aceitação existencial de uma vida futura; nunca por contestante ateísmo
materialístico, mas pelo respeito incondicional ao modo de pensar de cada Irmão, ou
postulante." É inacreditável! Essas argüições não configuram paralogismos. Configuram
indisfarçáveis sofismas. Demais disso, o transcrito conceito francês tem valor para o
Grand Orient de France e para as Potências Maçônicas que lhe seguem as diretrizes, mas
não é válido no âmbito do Grande Oriente do Brasil. Logo, não se justifica que em um
de seus Rituais (o do Rito Moderno, de 1999) tenha sido feita aquela transcrição.

Em verdade, todos os Ritos do Grande Oriente do Brasil (entre os quais está incluído
o Rito Moderno) devem respeito à sua Constituição, em cujo artigo 2º, inciso I, está
escrito que é postulado universal da Instituição Maçônica (uma evidente referência à
Maçonaria Universal, e não só à citada Potência Maçônica brasileira) "a existência de
um princípio criador: o Grande Arquiteto do Universo". (E na cabeça do artigo 1º, entre
considerações outras, está escrito que a Maçonaria "Proclama a prevalência do espírito
sobre a matéria".)

Ao eventual argumento de quem pretenda fazer a defesa do citado texto, ou seja, do


texto transcrito na mencionada introdução, alegando que os Maçons do Rito Moderno
(tanto quanto os demais, de todos os Ritos) podem ter e expor suas concepções
filosóficas pessoais, livremente, até mesmo defendendo conceitos emitidos pelo Grand
Orient de France, ainda que contrariem o referido postulado concernente à "existência
de um princípio criador", responda-se que isso é possível, sim, desde que os divergentes
defensores não pertençam à mencionada Potência Maçônica brasileira, porque haveria
um notório paradoxo, se eles, pertencendo ao Grande Oriente do Brasil, pudessem
colocá-lo em um plano secundário, com o visível desrespeito a um dos postulados
escritos em sua Carta Magna.
101

Este articulista (que foi Iniciado em 11 de dezembro de 1959, no Grande Oriente do


Brasil, de onde jamais saiu e que lhe concedeu os títulos de Benemérito e de Grande
Benemérito e as condecorações Estrela da Distinção Maçônica e Cruz da Perfeição
Maçônica) vem asseverando, e agora repete, que não é religioso, sendo pois insuspeito
e, assim, está à vontade para tecer estas indispensáveis considerações. Não pretende
forjar a apologia da crença no deus de um povo ou no deus de uma religião ou no deus
feito à imagem e semelhança do homem ou no deus ao qual a arte das estátuas possa
dar uma configuração material. Pretende que seja observado por todos os Rituais de
todos os Ritos do Grande Oriente do Brasil (entre os quais está incluído o Rito Moderno)
o inescusável respeito ao que estabelece a Constituição da citada Potência Maçônica,
através de um de seus mandamentos. Esse mandamento preceitua (já vimos) que a
crença na "existência de um princípio criador: o Grande Arquiteto do Universo" é um
dos postulados universais da Instituição Maçônica.

Um Rito que faça a apologia do agnosticismo (quando não do ateísmo velado) não
cabe no Grande Oriente do Brasil, e só poderia caber se a referida Potência reformasse
a sua Constituição, expungisse as suas louváveis tradições e abrisse as suas rutilantes
portas, permitindo que seus Templos fossem tisnados pela nódoa da irregularidade
maçônica.

Sem que desbordemos do assunto, há um episódio ilustrativo a ser aqui apresentado.


Quando, em 26 de setembro de 1951, o Ir Kurt Prober, hoje próximo dos noventa e
seis anos de idade e que, com sua extraordinária lucidez, continua sendo o eficiente
Professor deste articulista, no dificílimo campo da História da Maçonaria, recebeu a Luz
na Loja "União Escosseza" (segundo grafia original), do Rio de Janeiro - RJ, nº 105 do
Grande Oriente do Brasil, Loja essa então do Rito Moderno, que ela havia adotado em 7
de janeiro de 1927 (mas, retornaria ao Rito Escocês Antigo e Aceito em 20 de julho de
1972), ajoelhou-se, colocou a mão direita sobre a Bíblia e fez juramento ao Grande
Arquiteto do Universo. Não foi uma exceção. Tratava-se de uma regra seguida pela
referida Loja (apesar de esta ser do Rito Moderno, consoante já ficou esclarecido, e,
registre-se, apesar de não estar aquela regra escrita no Ritual então em vigor, que era o
de 1949, impresso na "Tipografia e Papelaria Cerbino", da Rua Visconde do Uruguai, nº
394, Niterói - RJ). Em 1965, o referido historiador foi à Vereinigte Grossloge von
Deutschland (Grande Loja Unida da Alemanha), com o objetivo de conseguir que ela
reconhecesse o Grande Oriente do Brasil. O pedido alcançou êxito, pelo fato de o citado
peticionário relatar, sem explicações outras, que, em sua Iniciação, prestou o mesmo
juramento exigido pela aludida Potência Maçônica germânica, da qual ele passou a ser
"Garante de Amizade", a partir de 20 de janeiro de 1966, permanecendo até 31 de
dezembro de 1976.

Todavia, voltemos à analisada introdução, constante do Ritual de 1999 do Rito


Moderno, do Grande Oriente do Brasil. Além do que já foi acentuado, seriam cabíveis
algumas outras considerações, por exemplo, em torno da referência que ela faz sobre
"Modernos" e "Antigos" (assunto discutível, que exige sólida cultura histórico-maçônica)
e sobre "As inversões das colunas" (contrariando a posição na qual elas estavam no
primeiro Templo de Jerusalém, que, nesse e em alguns outros pontos, serviu de
102

inspiração aos Templos da Maçonaria). Não obstante, observemos a última parte


daquele texto, segundo o qual "O Rito Moderno não admite a limitação do alcance da
razão, pelo que desaprova o dogmatismo e imposições ideológicas e, por ser
racionalista, e portanto adogmático, propugna pela busca da Verdade, ainda que
provisória e em constante mutação". Fica-se com a impressão (ou com a certeza?) de
que o citado texto foi lavrado sob o total desconhecimento de que aqueles atributos
não configuram um apanágio do Rito Moderno, mas sim de toda a Maçonaria, nos
termos da cabeça e dos incisos I até X do artigo 1º da Constituição do Grande Oriente
do Brasil, que são perfeitamente claros. Quanto ao vocábulo racionalista, o texto da
citada introdução deve ter pretendido fazer referência a um dos modos de pensar, e não
a um conjunto de sistemas filosóficos, onde estão incluídos o cartesianismo, o
eleatismo, o platonismo e outros. Ou será que, na focalizada introdução, o vocábulo
racionalista restringiu-se ao Iluminismo nascido na Inglaterra no Século XVII e
desenvolvido na França durante o Século XVIII? Lembremo-nos de que Clemente de
Alexandria e Orígenes, filósofos cristãos do Século III são considerados racionalistas, e,
na escolástica, durante a segunda fase da Idade Média, houve a tentativa de harmonizar
a razão e a fé.

Encerremos este Capítulo, transcrevendo o amplo e oportuno início da cabeça do


artigo 1º da Constituição do Grande Oriente do Brasil, válido para todos os Ritos da
referida Potência Maçônica: "A Maçonaria é uma instituição essencialmente iniciática,
filosófica, progressista e evolucionista".

CAPÍTULO XIII

Preliminarmente, este articulista pede, com a devida vênia, que os Respeitáveis


Irmãos Leitores vejam, ou revejam, o Capítulo XI (publicado na edição de dezembro de
2004). Assim, melhor será a compreensão deste, no qual não faremos referências aos
endereços e aos nomes das tipografias nos quais foram impressos os Rituais que já
começamos a examinar e que continuaremos examinando. Deixaremos de fazer
referências a esses pormenores (que não possuem relevância ritualística, mas possuem
inescusável valor histórico), pelo fato de tê-los apresentado, até exaustivamente, em
Capítulos anteriores. Só não nos podemos esquecer de que estão em foco apenas Rituais
do Rito Moderno (apesar das raras e breves menções comparativas diante de outros
Ritos, quando isso for imprescindível), de modo que, para as correspondentes
identificações, bastará que mencionemos só os anos em que eles foram impressos,
fazendo exceção ao Ritual português do Grande Oriente Lusitano, pois lhe ignoramos a
data certa, apesar de sabermos que ele é anterior a 1815, porque naquele ano era já
usado pela Loja "Commércio e Artes", do Rio de Janeiro (que viria a ser a nº 1 do Grande
Oriente do Brasil). Não se pode ficar sem mencioná-lo, por ter sido, ao que se saiba, o
primeiro Ritual usado em nossa Pátria, e, sem dúvida, ele projetou inegáveis influências
diretas e indiretas sobre Rituais posteriores, mesmo de outros Ritos.

Na difícil técnica de redigir, principalmente quando são analisados assuntos


inesgotáveis, em trabalhos bem resumidos, cada situação pode exigir a seqüência de
uma trilha. Até agora, nossas considerações apresentaram uma visão conjunta. Não
103

obstante, de agora em diante, não por uma questão de estilística, mas para que seja
alargada a compreensão de cada tópico, com escopo didático, melhor será que a análise
dos quatro Rituais escolhidos por este articulista (o do Grande Oriente Lusitano e os do
Grande Oriente do Brasil, estes de 1837, 1892 e 1999, todos do Rito Moderno) seja feita
isoladamente, isto é, de um por um, mesmo que lhes intercalemos algumas remissões,
quando indispensáveis. Primeiramente, só faremos o descrição do Templo. Após, com o
mesmo critério, reiniciaremos a análise, examinando os três Viagens pertinentes à
Iniciação. Poderíamos dizer que os doze anteriores Capítulos foram uma preparação
imprescindível e que a partir do presente e mais os quatro posteriores, isto é, os quatro
últimos Capítulos, faremos uma análise direta.

A descrição do Templo, de acordo com o Ritual do Grande Oriente Lusitano:

Não existiam maiores considerações em torno das características das Colunas


Gêmeas, salvo quanto às suas letras iniciais, "B" e "J”, e às suas errôneas posições, ao
norte e ao sul, respectivamente, contrariando o Templo de Salomão. Infelizmente, essas
posições invertidas continuam no Rito Moderno. Cabe salientar, apesar de estar em foco
só o sublinhado Rito, que essa é, igualmente, a posição seguida por outros dois Ritos
praticados no Grande Oriente do Brasil, o Adonhiramita e o Brasileiro (não adotados
pelas Grandes Lojas Estaduais, tanto quanto não é adotado por elas o Rito Moderno).
Com relação às citadas Colunas, este articulista reporta-se ao que foi visto na parte final
do Capítulo XI, em face do que lá, com destaque, foi apresentado.

Os Vigilantes ficavam lado a lado. O Primeiro ao sul. O Segundo ao norte. Essas


posições, tanto quanto já vimos com relação às Colunas, continuam até hoje (também,
no Rito Adonhiramita). Sobre a mesa (era esse o vocábulo usado) de cada um dos
Vigilantes havia "uma luz" (talvez fosse uma vela, pois luz elétrica só viria a ser
concretizada, comercialmente, a partir de 1879, conforme este articulista já realçou em
vários de seus Trabalhos) e um Malhete. Essas mesas eram triangulares (e assim
continuam).

Os Expertos (não há esclarecimento sobre quantos eles eram) ficavam "ao pé dos
VVig". O Orador, o Tesoureiro, o Secretário e o Chanceler ficavam no Oriente. Os dois
primeiros ficavam ao norte. Os dois últimos ao sul. Não há outros esclarecimentos sobre
eles. Presume-se, todavia, que cada um possuísse mesa.

O Guarda Interior ficava junto à porta do Templo. O Guarda Exterior ficava na


"Câmara dos Passos Perdidos". Na opinião deste articulista, por uma questão de lógica,
qualquer que seja a denominação que tenha o Guarda Exterior (Cobridor Externo, por
exemplo), ele deve ficar, sempre, do lado de fora, não propriamente na Sala dos Passos
Perdidos, mas no Átrio (dois locais que são confundidos, com alguma freqüência). Se ele
não ficasse do lado de fora, estaria descaracterizada sua própria função.

O Mestre-de-Cerimônias situava-se no Ocidente. Porém, o Ritual é lacônico, ao


assinalar: "em frente do Ven". Realmente, faltou clareza, porque não ficou
estabelecida qual era a distância. Mesmo sendo no Ocidente, seria mais perto do
104

Oriente ou mais perto dos Vigilantes ou no centro do pavimento? Aliás, esta última
denominação, isto é, pavimento, nem consta do Ritual ora em pauta, na descrição do
Templo (páginas 1 e 2). Mas, na parte atinente à Iniciação, está escrito que, após o
recebimento da Luz, o Segundo Vigilante acompanhava o Neófito "ao pé do Painel que
estava no chão, e com a ponta da Espada lhe indica as figuras cujo emblema o Ven lhe
vai explicar." (página 23). Portanto, ficamos sabendo que, sobre o pavimento, havia o
Painel de Aprendiz, porém ignoramos sua configuração, contudo há bastante lógica em
nossa conjectura de que poderia ser o Painel estampado posteriormente, em 1834, na
página I, volume li, da obra portuguesa "Bibliotheca Maçônica ou Instrucção Completa
do Franc-Maçon" (impressa na França, no idioma português, por "J. P. Aillaud", empresa
gráfica situada em Quai Voltaire, nº 11, Paris), em quatro volumes, de autoria do Ir
Miguel Antônio Dias, e em várias outras publicações, algumas atuais,
exemplificativamente em 1986, na página 4 da obra francesa (desconhecida no Brasil)
"La Symbolique ou Grade d'Aprenti", volume único, do Ir Raoul Berteaux, impressa em
"Éditions Édimaf", em Paris (não consta o endereço).

Acrescente-se que aquela mesma observação deve ser feita quanto à pedra bruta,
que é omitida na descrição do Templo (páginas 1 e 2, conforme já foi esclarecido), mas
consta da parte atinente à Iniciação (um pouco antes da mencionada passagem
referente ao Painel), no momento em que o Venerável Mestre diz: "Ir Mestr de
Cer conduzi o Ir ao Oc para que elle aprenda a trabalhar na pedra bruta ... " (página
22) e quanto ao coxim, que é, igualmente, omitido na descrição do Templo (páginas já
referidas), mas consta da parte atinente à Iniciação, no momento em que o Candidato
prestava o Juramento: "O Ir Mestr de Cer conduz o Candidato ao altar, faz-lhe pôr
o joelho direito sobre um coxim ... " (página 18).

No Oriente, estava o Trono (isto é, a cadeira do Venerável Mestre) e diante dele uma
"pequena mesa triangular" (portanto, as mesas do Venerável Mestre e dos Vigilantes
eram iguais, diversamente do que vemos hoje, pois a mesa do Venerável Mestre é
retangular, pelo menos desde 1892, porque o Ritual de 1837, que começaremos o
analisar, em seguida, é omisso, nesse ponto). Sobre a citada mesa estavam "uma luz,
um Compasso, um Es- quadro, uma bíblia e um Malhete". Observe-se que, na descrição
do Templo, lia-se o vocábulo mesa (do Venerável Mestre), diversamente do que se lia
na parte cor- respondente à Iniciação, onde já vimos o vocábulo altar (aí se encontra
uma das infindáveis provas de que o pesquisador precisa ser muito cuidadoso). Acima
do Trono (a cadeira do Venerável Mestre, reitera-se) estavam a representação do Sol,
do lado norte, e a representação da Lua, do lado oposto (não havia explicação se a Lua
estava em fase crescente, minguante ou cheia). Entre ambos estava "o Olho Vigilante".
Há uma breve referência ao Dossel, que ficava "por cima da Cadeira do Ven" e que
deveria ser azul, supõe-se (por extensão interpretativa), pois o Templo tinha essa cor.

Eram omitidos a Câmara de Reflexão e o Átrio. Já vimos o nome dado então à Sala
dos Passos Perdidos. Outras omissões, relativamente a Rituais posteriores, os próprios
Respeitáveis Irmãos Leitores irão notando à medida que (ou na medida em que, pois
ambas as construções são vernáculas) forem acompanhando o desenrolar dos
comentários.
105

A descrição do Templo, de acordo com o Ritual de 1837 do Grande Oriente do Brasil:

Sobre a inversão das Colunas, com "B", à direita de quem entra, isto é, no lado sul, e
"J" do lado oposto, fica reiterado o que já foi visto no outro Ritual, o do Grande Oriente
Lusitano. No entanto, no ora em análise, ou seja, no Ritual de 1837, do Grande Oriente
do Brasil, está escrito que aquelas Colunas possuíam capitéis da ordem coríntia, sobre
os quais estavam três romãs entreabertas. Esses mesmos erros (ordem coríntia e três
romãs entreabertas), vêm sendo argüidos em alguns dos Trabalhos deste articulista,
elucidando que a ordem coríntia foi usa- da pela primeira vez no Templo de Lisícrates,
em Atenas, uns seiscentos anos depois de ser edificado o Templo de Salomão, e que as
romãs eram duzentas e não estavam sobre os capitéis, mas sim em cornijas enfileiradas,
com enfeites retorcidos em correntes e folhas de lis (ou de anêmona), tudo a simbolizar
a força (correntes) e a beleza da união fraternal (romãs com sementes entreabertas).
Talvez, segundo ponderam abalizados pesquisadores, o estilo dos capitéis fosse
grego-cipriota / proto-jônico.

As posições dos Vigilantes continuaram as mesmas do Ritual do Grande Oriente


Lusitano, que já vimos neste Capítulo. Suas mesas continuaram a ter esse nome (a do
Venerável Mestre mudou, no ora focalizado Ritual de 1837, conforme veremos no
próximo Capítulo, porém, mais tarde, voltou a ser mesa), sem ficar esclarecido quais
eram seus formatos. Em cada uma das citadas mesas havia um maço. Nas proximidades
do Primeiro Vigilante, isto é, junto à Coluna "J" ficava "huma pedra tosca" e nas
proximidades do Segundo Vigilante, isto é, junto à Coluna "B", ficava "hum cubo ou
pirâmide de pedra lavrada".

No próximo Capítulo, ainda sobre o Ritual de 1837 do Rito Moderno do Grande


Oriente do Brasil, concluiremos a descrição da parte interna do Templo, apresentaremos
as jóias das Luzes e dos Oficiais e focalizaremos o Átrio, a Sala dos Passos Perdidos e a
Câmara de Reflexão. Desde já, antes de ser concluída a análise do Ritual em exame, os
Respeitáveis Irmãos Leitores puderam verificar a evolução dos esclarecimentos que ele
apresenta, comparativamente ao Ritual do Grande Oriente Lusitano.

CAPÍTULO XIV

A descrição do Templo, de acordo com o Ritual de 1837 do Grande Oriente do Brasil


(continuação):

No Oriente, sob um Dossel azul, com franjas prateadas, ficavam o Trono e o Altar do
Venerável Mestre. Note-se, todavia, que, diversamente do Ritual do Grande Oriente
Lusitano (comentado no Capítulo anterior), o Altar do Venerável Mestre passou a ter
essa denominação no ora focalizado Ritual de 1837, deixando, pois, de ser mesa
(entretanto, no Ritual de 1892, voltaria a ser mesa, assim permanecendo até hoje),
vocábulo que, todavia, continuou a ser aplicado às respectivas peças dos Vigilantes, isto
é, mesas (nunca percamos de vista que esta série é pertinente ao Rito Moderno). Em
cima do mencionado Altar estavam um Compasso (sem menção ao Esquadro), uma
Espada, "os Estatutos da Ordem" e um Maço. Que Estatutos seriam aqueles? Desde
106

1832, estava em vigor, no Grande Oriente do Brasil, sua primeira Constituição, hoje
desaparecida. Frustraram-se os esforços deste articulista para localizá-la (ao contrário
do êxito obtido na obtenção de todas as demais Cartas Magnas da referida Potência
Maçônica, a partir da segunda, promulgada em 1º de setembro de 1839, impressa na
"Typographia Nicteroy de S. M. Rego" da "Praça Municipal, sem número, Nicteroy, Rio
de Janeiro").

Subia-se ao mencionado Altar por meio de três degraus, em um dos quais, do lado
norte, estava um coxim, contendo "bordada ou traçada uma esquadria". Tanto quanto
no Ritual do Grande Oriente Lusitano, era em um coxim que se ajoelhava o Candidato,
após as Viagens, ao prestar Juramento "à glória do Gr Arch do Universo" (não nos
esqueçamos de que, em nosso País, a reforma do Rito Moderno só viria a ocorrer em
1892). Sob o Dossel e um pouco acima do conjunto Altar/Trono do Venerável Mestre,
estavam o Sol e a Lua, sem constar se a fase era crescente ou minguante ou cheia
(portanto, com o mesmo laconismo do Ritual português, consoante já vimos no anterior
Capítulo). O Sol ficava do lado norte e a Lua, do lado sul (ao contrário do que estava no
citado Ritual d'além mar, de acordo com o que também já vimos no anterior Capítulo, e
ao contrário do que está no Ritual de 1999). Entre ambos, havia uma figura triangular,
que este articulista associa ao denominado Delta Místico ou Delta Rutilante ou Delta
Luminoso ou Triângulo Radiante (esta última expressão é a adotada pelo Ritual de 1999)
"tudo em campo azul, semeado de estrellas dispostas em triângulos".

Quase no centro do pavimento, havia o "quadro representando o esboço da Loja" (ou


seja, o Painel da Loja de Aprendiz, que não era descrito e não constava de qualquer
estampa, mas talvez se lhe possa aplicar a mesma presunção que fizemos no anterior
Capítulo, com referência aos comentários sobre o Painel do Ritual português).

As Jóias eram as seguintes:

Venerável Mestre: um Esquadro, aberto em noventa graus, e um Compasso,


entrelaçados;

Primeiro Vigilante: um Nível;


Segundo Vigilante: um Prumo;
Orador: um círculo;
Secretório: duas penas em aspas;
Tesoureiro: duas chaves em aspas;
Hospitaleiro: uma bolsa;
Mestre-de-Cerimônias: um triângulo;
Primeiro, Segundo e Terceiro Expertos: uma Espada;
Chanceler-Guarda dos Selos: o selo da Loja;
Arquiteto: uma colher de pedreiro;
Mestre-de-Banquetes: um semicírculo;
Cobridor: uma Espada (a mesma Jóia dos três Expertos).
107

O Templo era forrado de azul. Existiam três grandes luzes, uma no Oriente e duas no
Ocidente, uma destas duas ficava do lado norte e outra, do lado sul (em alguns casos,
quando o texto permite, este articulista, por uma questão de estilo literário, gosta de
suprimir o verbo, substituindo-o por vírgula, graças ao oportuno recurso ao zeugma).
Aquelas luzes talvez fossem tocheiros, pois luz elétrica, no ano de 1837, em artérias
públicas, ainda não existia (de acordo com elucidação alinhada no anterior Capítulo).

De modo muito simples, a definição de Átrio resumia-se à "sala ou repartimento que


precede ao Templo. Terá a mobília que o espaço permitir" (Façamos duas oportunas
digressões: 1º- Em Roma, nos tempos da Antigüidade Clássica, átrio era o segundo
vestíbulo das residências. 2º - O verbo preceder, usado no texto em foco, gera
dificuldades aos principiantes e aos menos interessados em assuntos gramaticais,
porque ele pode ser transitivo direto e transitivo indireto, conforme o caso).

Tão simples quanto a do Átrio, era a definição da Sala dos Passos Perdidos, "que
precede ao Átrio do Templo; nella se detém os IIr Visitantes em quanto lhes não he
dado o ingresso no Templo.Convém que seja mobiliada" (aqui, outra vez, encontramos
o verbo preceder).

A Câmara de Reflexões, cujas paredes eram negras, possuía uma "alâmpada" (o


vocábulo, que, no caso, está grafado com surpreendente meta plasmo protético, veio-
nos pelo idioma latino, diretamente, mas de origem grega, lampás, lampádos, a
significar archote). É curioso que, naquela passagem, o Ritual use o citado vocábulo, e
não luz, que usa em outras (já vimos, neste mesmo Capítulo). A aludida Câmara possuía
cadeira, mesa, pão, água, vaso com sal, vaso com enxofre, papel, penas e tinta. Sobre a
mesa, estavam representados um galo e uma ampulheta. Debaixo destes, encontravam-
se as palavras "Vigilância e Perseverança". A cadeira, a mesa, o papel, as penas e a tinta,
pela evidência das correspondentes finalidades, não necessitam de explicações. Quase
o mesmo pode ser dito sobre o pão e a água, símbolos da sobrevivência. A presença do
sal e do enxofre é devida à alquimia (que, em tempos outros, chegou a ser bastante
prestigiada). A ampulheta representa o tempo (não o percamos; aproveitemo-lo,
preenchendo-o positivamente). Interpenetram-se o galo e os dois mencionados
vocábulos que o ilustram. Primitivamente, o galo era a ave sagrada no culto dos persas
masdeístas e, mais tarde, sua imagem passou a pontificar nas grimpas das igrejas
católicas. Das mencionadas palavras, a Vigilância exorta-nos a que não caiamos em sono
modorrento, exatamente quando as obrigações nossas, maçônicas e profanas, exigirem
nossa prontidão. A Perseverança é o inarredável atributo daqueles que são constantes.
É constrangedor ver alguém que, depois de iniciar promissora caminhada, ao longo de
amplo e iluminado caminho, vai diminuindo os passos e, simultaneamente, vai
perdendo a altivez até abandonar o percurso. Em uma das paredes, estavam frases
imperativas (todas iniciadas com a conjunção subordinativa condicional adverbial "se"),
que viriam a sofrer modificações, seja no próprio Rito Moderno, seja em outros Ritos
que adotam a referida Câmara, apesar da manutenção de pontos-de-contato. Mesmo
levando em conta ser esta Revista restrita a Maçons, é aconselhável que não se faça a
reprodução de tais frases (apesar de ser entendimento deste articulista que só não se
108

admite a transcrição dos ss, dos tt e das pp, tanto quanto não se admitem
quaisquer transcrições ritualísticas acima do Grau de Aprendiz).

O Ritual subseqüente (do Rito Moderno, do Grande Oriente do Brasil) foi impresso
em 1869. No Capítulo I, vimos que o trabalho gráfico foi elaborado pela "Typographia
Universal de Laemmert", Rua dos Inválidos, nº 63-B, Rio de Janeiro. Deixaremos de
analisá-lo, pois ele é uma cópia do Ritual de 1837, razão pela qual passaremos ao Ritual
de 1891 também do Rito Moderno e do Grande Oriente do Brasil. Descumprindo o
compromisso de que não mais mencionaria empresas gráficas e respectivos endereços,
este articulista informa, repetindo esclarecimento que fez no Capítulo XI, que o Ritual
de 1892 foi editado pela "Imprensa Nacional", no Rio de Janeiro (não consta o nome da
correspondente artéria pública). No Capítulo anterior, ficou esclarecido que, nesta série,
só analisaremos quatro Rituais: o do Grande Oriente Lusitano e três do Grande Oriente
do Brasil, estes de 1837, 1892 e 1999, todos do Rito Moderno, fazendo-o sob dois
ângulos: o primeiro sobre a descrição do Templo e o segundo sobre as três Viagens
pertinentes à Iniciação. Sob o primeiro ângulo (só sob o primeiro ângulo) já analisamos
os dois primeiros Rituais em dois Capítulos: no anterior (XIII) foi analisado o Ritual
português e foi iniciada a análise do Ritual de 1837, que concluímos no presente Capítulo
(XIV). No próximo (XV) analisaremos (ainda só sob o primeiro ângulo) o Ritual de 1892,
que, entre modificações outras, foi o primeiro, no Brasil, a suprimir o Grande Arquiteto
do Universo.

CAPÍTULO XV

No final do anterior Capítulo e em textos diversos, este articulista já afirmou e o Ritual


de 1892 do Grande Oriente do Brasil (Rito Moderno) foi o primeiro, em nosso País, que,
entre modificações outras, suprimiu referências ao Grande Arquiteto do Universo.

Feita a indispensável reiteração, passemos a descrever o Templo, de acordo com o


citado Ritual. Logo no início da parte que é pertinente à nossa análise, estava escrito: "O
local de reunião da Loja chama-se Templo. Tem interiormente a forma de um rectângulo
alongado e o fundo, sendo possível, deve ser semi-circular." (as já apresentadas
descrições que estão nos outros dois Rituais, o do Grande Oriente Lusitano e o de 1834,
eram omissas nesse ponto). Sobre as Colunas Gêmeas, ficam ratificados todos os termos
que sobre elas apresentamos no Capítulo XIII, nas considerações atinentes ao Ritual de
1837. O temor ao cometimento de perissologia impede-nos de repetir as considerações
lá expostas. De certo modo, a mesma asserção é aplicável aos Vigilantes, cujas mesas
continuaram triangulares, com "uma luz e um Malhete", sim, mas passaram a ter "suas
faces revestidas por Painéis simples de madeira". A expressão "Painéis simples" significa
que eram Painéis lisos, sem a existência de Símbolos sobre eles. Nas proximidades da
Coluna "J" ficava a Estrela Flamejante, de cinco raios, com um "G" central. Não havia
menção ao Dossel.
109

Observações supletórias: 1ª - Quando transcreve um texto, este articulista faz uso de


caracteres itálicos e aspas, mantendo o original. Isso explica o porquê de constantes
grafias pretéritas. Um expressivo exemplo ocorreu na transcrição da grafia concernente
ao adjetivo "semi- circular", que não é correta. Se contarmos uma por uma, são 23 as
complicadas regras gramaticais sobre o hífen. Dessas regras há uma a determinar que
os prefixos latinos auto, contra, extra, infra, intra, neo, proto, pseudo, ultra e semi ligam-
se por hífen, desde que o segundo elemento principie por h, r, s ou qualquer vogal,
conforme item XlV, nº 46, caso 5º, letra a, das "Instruções para a Organização do
Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa", aprovadas por unanimidade pela
Academia Brasileira de Letras, na histórica sessão de 12 de agosto de 1943. Portanto,
semicircular não possui hífen. Entretanto, o adjetivo extraordinário deveria ser extra-
ordinário, com hífen, de acordo com a regra oficial, mas o ininterrupto uso do equívoco
fez com que a grafia sem hífen seja uma escorreita exceção (nesta observação
supletória, cabe obtemperar que no idioma espanhol o hífen não é usado nem mesmo
para que sejam separados o pronome enclítico e o correspondente verbo). 2ª - Vimos,
no Capítulo XIII, que o Ritual do Grande Oriente Lusitano previa a existência de "uma
luz" sobre as mesas do Venerável Mestre e dos Vigilantes. Essa expressão continuou nos
Rituais posteriores, até hoje, nas mesas dos Vigilantes (neste mesmo Capítulo, veremos
que na mesa do Venerável Mestre, desde o focalizado Ritual de 1892, passou a existir
"um candelabro de três luzes). Sempre com o mais profundo respeito e com a devida
vênia, este articulista entende que não se trata de uma justificável sinédoque, de tal
maneira que "uma luz", expressão inadequada (relativamente ao caso concreto,
ressalte-se e ressalve-se), poderia ser substituída por "uma luminária" ou "um castiçal".

Ainda no Ocidente, perto da balaustrada, à direita de quem olha para o Oriente,


ficavam a mesa triangular e a cadeira do Tesoureiro. Do lado oposto ficavam a mesa
triangular e a cadeira do chanceler. Sobre aquelas mesas, que não possuíam
revestimentos, havia "uma luz".

No Oriente (é óbvio) estavam a cadeira (não aparece o vocábulo trono) e a mesa


retangular do Venerável Mestre, fechada na frente e dos lados por Painéis de madeira,
em que podiam (era, pois, uma possibilidade, mas não era uma obrigação) existir
emblemas do Grau. Sobre a citada mesa estavam um Malhete, uma Espada, um
Compasso (sem alusão ao Esquadro), um candelabro de três luzes (já vimos), um
exemplar da Constituição do Grande Oriente do Brasil e um exemplar do Regulamento
Geral. A Constituição era a de 30 de novembro de 1891 e o Regulamento Geral era o de
1º de março de 1892. Atrás da mencionada cadeira estava "um triângulo luminoso com
um olho no meio". Não existiam as figuras do Sol e da Lua dos lados do referido
triângulo. Ainda no Oriente, em seu lado extremo esquerdo, em relação ao Venerável
Mestre, havia cadeira e mesa para o Orador. No extremo oposto estavam cadeira e mesa
para o Secretário. Sobre essas mesas ficavam "uma luz" e os mesmos já reeridos
exemplares legislativos. À direita do Secretário, na balaustrada, era colocado o
estandarte da Loja. Diversamente do critério usado nas outras cinco referidas mesas,
nestas duas últimas (do Orador e do Secretário) não ficou esclarecido se elas eram
revestidas ou não.
110

As paredes eram decoradas de azul.

Na frisa havia um cordão com nós de distância em distância. Não havia referência ao
número de nós. Esse cordão terminava (ou começava?) nas Colunas, com uma borla em
cada extremidade. O teto era azulado. Eram várias as estrelas. O Sol estava no Oriente;
a Lua, no Ocidente (já vimos que essas duas figuras não constavam dos lados do
"triângulo luminoso", mas estamos vendo, agora, que elas constavam do teto). Não
havia referência ao pavimento, ao Painel do Grau, às pedras, ao Átrio e à Sala dos Passos
Perdidos. Os ocupantes de cargos que não foram aqui mencionados não estavam
previstos na descrição do Templo.

Quanto à Câmara de Reflexões, em comparação com o Ritual de 1837, saliente-se


que deixaram de existir a figura do galo e as duas inscrições que o acompanhavam.
Continuaram a existir as frases imperativas, que, porém, foram modificadas. Sobre as
citadas frases, reportemo-nos ao que comentamos sobre o outro aludido Ritual, no
anterior Capítulo (conquanto o autor de uma série, qual quer que ela seja, procure ser
o mais claro possível, poderá ser difícil entender seu trabalho, se este não for examinado
por inteiro, com o reexame de Capítulos anteriores, sob uma visão geral).

A DESCRIÇÃO DO TEMPLO, DE ACORDO COM A EDIÇÃO DE 1999 DO RITUAL DO


GRANDE ORIENTE DO BRASIL:

Preliminarmente, antecipando-se a eventuais críticos, é indispensável destacar que


este articulista não menciona 1998, pois o Decreto nº 252, que aprovou o Ritual em
foco, foi lavrado em 12 de maio de 1999, e, demais disso, os comentários serão feitos
com base na edição de 1999, de acordo com sua própria capa. Fica, pois, lavrada esta
prolepse.

O local em que a Loja funciona continua a chamar-se Templo. As Colunas passaram a


ter a "ordem egípcio-babilônica". Essa afirmação, que é muito ampla, não merece
aplausos. Que ordem egípcio-babilônica? De onde foi tirada essa alegação? Sobre esse
mesmo assunto, este articulista, respeitosamente, reitera todos os esclarecimentos
apresenta- dos no final do Capítulo XI.

As mesas dos Vigilantes continuam a ser triangulares e revestidas de Painéis de


madeira. No Painel da mesa do Primeiro Vigilante, à esquerda, há um Nível, instrumento
que ajusta linhas horizontais. No Painel da mesa do Segundo Vigilante, à direita, há um
Prumo, instrumento que ajusta linhas perpendiculares. Sobre cada uma das citadas
mesas existe "uma luz, um Malhete e o Ritual". Nas imediações do Primeiro Vigilante,
um pouco à frente e à sua esquerda, fica o Primeiro Experto e atrás deste fica o Terceiro
Experto. Nas imediações do Segundo Vigilante, um pouco à frente e à sua direita, fica o
Segundo Experto. Nas imediações do Segundo Experto, à sua esquerda, ficam, no chão,
uma Pedra Bruta, um Cinzel e um Maço, que são pertinentes ao Segundo Vigilante. Nota-
se que, objetivamente, a localização apresentada por este articulista, quanto àqueles
três objetos simbólicos, é fiel à estampa da planta do Templo e à respectiva legenda,
que apresentam uma diferença, ainda que minúscula, relativamente ao próprio texto da
111

descrição constante do Ritual. De fato, se nos debruçarmos sobre aquela estampa e


fizermos uma comparação com a respectiva legenda, verificaremos que a Pedra Bruta,
o Maço e o Cinzel (letra A) estão bem próximos do Segundo Experto, à sua esquerda (nº
10), apesar de o texto da descrição assinalar que as três referidas peças estão "Junto ao
2º Vigilante", mesmo que não estejam assim tão junto, conforme nº 3 das referidas
estampa e legenda.

Ainda no Ocidente, junto à balaustrada, lado sul, estão a cadeira e a mesa do


Tesoureiro; diante dessa mesa está a cadeira do Hospitaleiro, em cujo lado esquerdo
está a cadeira do Mestre-de-Banquetes. Também junto à balaustrada, mas do lado
norte, estão a cadeira e a mesa do Chanceler; diante dessa mesa está a cadeira do
Mestre-de-Cerimônias, em cujo lado direito está a cadeira do Arquiteto. Entre as
Colunas Gêmeas fica o Cobridor (há um só Cobridor).

Passemos ao Oriente. Atrás e acima da cadeira do Venerável Mestre, na parede, está


o "Triângulo Radiante", que é um triângulo eqüilátero, luminoso, em cujo centro está
um olho esquerdo (eqüilátero, com trema, ou equilátero, sem trema, são vocábulos
sincréticos). À sua esquerda, ou seja, do lado sul, fica o Sol. Do lado oposto fica a Lua,
"refletindo a luz do sol" (a significar, portanto, que a Lua é representada em quarto
crescente). Diante da citada cadeira, que fica sobre um estrado alcançado por meio de
três degraus, está a correspondente mesa, de formato retangular; fecham-na três
painéis de madeira, "estando fixado sobre a vista central um Esquadro, tendo ao lado o
Painel do Grau." (de que lado?). Sobre a mesa do Venerável Mestre ficam um candelabro
de três luzes, um Malhete, a Constituição do Grande Oriente do Brasil, o Regulamento
Geral (RGF), o Regimento Interno da Loja, o Ritual e a Espada atinente ao Venerável
Mestre. Talvez esse candelabro não esteja dentro do que definem alguns dicionaristas
(e este articulista consultou treze). No entanto, ajusta-se, com simetria, na definição do
inesquecível Professor Francisco da Silveira Bueno, conforme "Grande Dicionário
Etimológico-Prosódico da Língua Portuguesa", edição "Saraiva", ano de 1964, 2° volume,
página 605. Quanto às três luzes, já comentamos a palavra luz, neste mesmo Capítulo.
Diante da citada mesa há o Triângulo dos Compromissos, que é uma pequena mesa, em
cima da qual ficam as denominadas Três Grandes Luzes da Maçonaria: o Livro da Lei, o
Compasso e o Esquadro, o primeiro superposto ao segundo, e este, semi-aberto, com as
pontas voltadas para o Ocidente, ao contrário daquele.

Mais uma observação supletória:

Conforme determina o artigo 2°, inciso VIII, da Constituição do Grande Oriente do


Brasil, é obrigatório que estejam presentes, sempre à vista, o Livro da Lei, o Esquadro e
o Compasso, em todas as Sessões das Lojas e Corpos. Que Livro da Lei será esse? Nos
estreitos limites desta série, não cabe uma dissertação em torno da citada e importante
pergunta, mas deve ser ressaltado que, anteriormente, em um dos Rituais do próprio
Rito Moderno, da citada Potência Maçônica, edição de 1983 (não consta o nome da
tipografia), exemplar nº 646, página 7, em nota de rodapé, mediante asterisco, está
112

escrito: "Em todas as sessões, o Livro da Lei - a Bíblia - deverá estar sobre o Altar dos
Compromissos" (Capítulo II, inciso III, letra "h", da Constituição do Grande Oriente do
Brasil)". Realmente, o texto está no mencionado Ritual do Rito Moderno, editado em
1983. A referência que ele faz à Constituição do Grande Oriente do Brasil é sobre a Carta
Magna de 8 de agosto de 1981, que usava a expressão “Altar dos Juramentos", mas não
“Altar dos Compromissos". Ainda mais e sem dúvida, os Respeitáveis Irmãos Leitores já
observaram que aquele Ritual, o de 1983, mesmo sem usar o vocábulo Juramentos,
escrito na Constituição de 1981, usava a expressão Altar.

No próximo Capítulo concluiremos as considerações sobre a descrição do Templo,


segundo o Ritual do Rito Moderno, do Grande Oriente do Brasil, e iniciaremos os
comentários sobre as Viagens, segundo o Ritual do Grande Oriente Lusitano, igualmente
do mencionado Rito.

CAPÍTULO XVI

No anterior Capítulo, descrevemos o Ocidente e iniciamos a descrição do Oriente,


que concluiremos neste. Não nos esqueçamos de que só está em foco o Rito Moderno,
apesar de eventuais, mas raríssimas, e fragmentárias comparações com outros Ritos,
apresentadas em alguns Capítulos, mediante objetivo ilustrativo.

Levando em consideração o lugar do Venerável Mestre, à esquerda estão a cadeira e


a mesa do Orador, sobre a qual ficam a Constituição do Grande Oriente do Brasil, o
Regulamento Geral da Federação (RGF), o Estatuto, o Regimento Interno da Loja e o
Ritual. Do lado oposto, estão a cadeira e a mesa do Secretário, sem que existam maiores
esclarecimentos. Atrás do Orador, senta-se o Porta-Bandeira, em cujo lado direito, na
balaustrada, é arvorado o Pavilhão Nacional. Atrás do Secretário, senta-se o Porta-
Estandarte, em cujo lado esquerdo, na balaustrada, fica o Estandarte da Loja. Do mesmo
lado, mas na parede, é arvorada a Bandeira do Grande Oriente do Brasil.

De acordo com o Ritual ora em exame, não há uma decoração especial para o Teto.
Mas, se houver, ele deverá simbolizar uma abóbada azulada, com a tonalidade mais
clara no Oriente, onde, um pouco à frente do Triângulo (isto é, a mesa triangular) do
Venerável Mestre, está o Sol. A tonalidade irá ficando cada vez mais escura quanto mais
se aproximar do Ocidente. Sobre os triângulos (isto é, as mesas triangulares) do Primeiro
e do Segundo Vigilantes ficam, respectivamente, a Estrela de Cinco Pontas e a Lua.

Observação supletória: Este articulista sublinhou o vocábulo abóbada, pelo seguinte


motivo: No Ritual de 1999, página 17, em lugar de abóbada, que é a grafia consagrada,
está escrito abóboda. Note-se, apenas para a apresentação de um exemplo, que em um
outro Ritual, o de 1983 (também do Rito Moderno, mas não englobado por esta série)
vemos a forma de maior aceitação: abóbada. Quase todos os dicionaristas só consignam
essa forma, ou seja, abóbada. Todavia, o "Dicionário HOUAISS da língua portuguesa",
113

organizado pelo inesquecível filólogo Professor Antônio Houaiss (1915/ 1999), depois
de apresentar oitenta e duas linhas sobre abóbada, incluindo etimologia, também
apresenta abóboda, mas com a ressalva de que é forma não preferencial ("s.m. f. menos
pref."), edição de 2004, página 21. Portanto, ao usar abóboda, o Ritual de 1999 na citada
página 17 usa a forma não preferencial.

Em seguida ao texto denominado "B) Preparação do Candidato admitido às provas"


(portanto fora e depois da parte em que o Templo é descrito), está a Câmara de
Reflexões, com mesa, cadeira (sobre a qual haverá pão, água, um formulário, uma
caneta e uma campainha), esqueleto humano (ou um crânio) e uma ampulheta. Há seis
inscrições. Com exceção da primeira, elas são iniciadas pela conjunção subordinativa
condicional "Se" (a existência dessa conjunção já vimos no Capítulo XlV, quando foram
concluídas a descrição e a análise do Templo, mas segundo o Ritual de 1837). Tal Câmara
não deve receber luz exterior. Bastará a de uma interna lâmpada fosca. Existe a louvável
recomendação de que a citada Câmara tenha uma decoração "simples e austera, sem
afetar aspecto aterrador", exatamente a mesma recomendação, palavra por palavra, do
Ritual de 1892. A única diferença, neste ponto específico, está no fato de que o verbo
"afetar" era então escrito com “ff“ e com um "c" intermediário: "affectar". Porém,
diametralmente oposta era a recomendação no Ritual de 1837, no qual as paredes eram
"denegridas e carregadas de emblemas fúnebres, a fim de inspirarem meditação,
tristeza e pavor". Outrossim, o galo, a inscrição "Vigilância e Perseverança", o sal, e o
enxofre (que foram referidos e analisados no já referido Capítulo XIV) deixaram de
existir, desde o Ritual de 1892 (este articulista já elucidou, de modo repetitivo e até
exaustivo, contando, sempre, com a tolerância maçônica dos Respeitáveis Irmãos
Leitores, que o Ritual de 1892 é aquele que, entre modificações outras, expungiu, do
Rito Moderno, todas as referências ao Grande Arquiteto do Universo!).

No Ritual de 1999, o Primeiro Experto retira a tarja negra dos olhos do Candidato,
que preencherá o seu "testamento filosófico e moral", constante de quatro perguntas
sobre quatro deveres. São exatamente as mesmas quatro perguntas do Ritual de 1892.
Mas, no Ritual de 1837 (o de 1837, note-se), as perguntas eram apenas três. A então
primeira era igual à última de 1999. A então segunda era semelhante (quase igual) à
primeira de 1999. A então terceira era igual à segunda de 1999.

Juntamente com as mencionadas perguntas sobre os quatro deveres, haverá outras


(não nos esqueçamos de que o verbo haver, quando significa existir, é impessoal, não
possui sujeito a exigir flexão no plural) referentes ao nome, idade, profissão, residência
e (atenção!) as razões que levaram o Candidato a pedir ingresso na Maçonaria. É
obrigação do Primeiro Experto explicar (o Ritual usa o verbo advertir) que, respondido
e assinado o questionário, seu subscritor deverá tocar a campainha (já vimos que na
Câmara de Reflexões existe uma campainha). Em seguida, aquele Experto vendará o
Candidato, novamente, e levará o questionário à Loja. Mais tarde, o primeiro levará o
segundo à porta do Templo, quando assim for determinado pelo Venerável Mestre.
114

Esse procedimento era já mais ou menos assim, desde o Ritual de 1892. Uma das
diferenças estava no fato de o Experto (podia ser qualquer um dos Expertos, e não
necessariamente o Primeiro) portar Espada, quando ia retirar o Candidato, e estar
revestido de suas insígnias. No Ritual de 1999, o Primeiro Experto, com capuz e sem
insígnias, leva o Candidato à Câmara de Reflexões, e não consta que ele, ao retomar
àquela Câmara, para retirar o Candidato, esteja com insígnias, com Espada e sem capuz.
Há outra diferença. Está escrito, no Ritual de 1892, que era entregue ao Candidato um
impresso no qual estavam os Títulos I e II da então vigente Constituição do Grande
Oriente do Brasil (este articulista esclarece que aquela Constituição era a de 28 de
janeiro de 1892, impressa na "Typographia da Papelaria Ribeiro", situada na Rua da
Quitanda, nº 79-B, Rio de Janeiro, e aqueles Títulos tratavam "Da Maçonaria e seus
Princípios". Uma grande diferença estava no Ritual de 1837, porque, antes de levar o
Candidato à porta do Templo, o "Irmão Preparador" (é assim que está escrito no citado
Ritual) fazia com que o braço esquerdo, o peito, do lado esquerdo, e o joelho direito do
Candidato ficassem descobertos, que seu sapato esquerdo estivesse achinelado e que
ele fosse despojado de todos os metais (no sentido literal, ou seja, no sentido profano
do vocábulo).

No final do anterior Capítulo, havíamos prometido que, neste, iniciaríamos a


descrição das Viagens, a partir do Ritual do Grande Oriente Lusitano, um dos quatro
Rituais englobados por esta série. Porém, sob o aspecto didático, melhor será que,
antes, os Respeitáveis Irmãos Leitores analisem o presente Capítulo, em conjunto com
os XIV e XV, refletindo sobre a focalizada Câmara, que, fazendo jus ao nome, é mesmo
apropriada às reflexões, porém não só dos Candidatos, mas de todos nós,
renovadamente, qualquer que seja nossa cultura maçônica e, também, qualquer que
seja nossa cultura profana. Assim, presume-se que melhores serão nossas condições,
quando estivermos diante do porvindouro Capítulo XVII.

Este articulista não pode ficar indiferente, sem externar os justificáveis


agradecimentos pelas constantes manifestações positivas, formuladas pelos
Respeitáveis Irmãos Leitores, manifestações essas que configuram incentivadores
elogios. De um modo especial, fica aqui lavrado o fraternal reconhecimento,
proveniente da estimulante expressão "muito bem!", usada em algumas cartas e
telefonemas, para apoiar a crítica feita à introdução existente no Ritual de 1999,
conforme Capítulo XII (janeiro de 2005).

CAPÍTULO XVII

Atendendo à determinação do Venerável Mestre, o Primeiro Experto, segurando as


mãos do Candidato, fazia com que este praticasse a primeira Viagem, a partir do
Ocidente, rumo ao Oriente, passando pela Coluna do Norte, voltando, pela Coluna do
Sul, ao ponto de partida. O Primeiro Experto, durante a citada Viagem, andando para
115

trás, conduzia o Candidato às vezes em zigue-zague e fazendo com que ele se abaixasse,
para imaginar que estava percorrendo um terreno cheio de obstáculos. Ao retomar ao
Oriente, o Candidato sentia uma corrente de ar, provocada por um leque ou por alguma
outra peça que produzisse o mesmo efeito. Em seguida, o Segundo Vigilante anunciava
o término de tal Viagem ao Primeiro Vigilante, e este fazia a transmissão ao Venerável
Mestre, que, depois de perguntar ao Candidato e de lhe ouvir a resposta (fosse qual
fosse) sobre o que havia notado no percurso, afirmava que a referida Viagem era o
emblema da vida humana, o tumulto das paixões, o choque dos diversos interesses, as
dificuldades das empresas, os obstáculos que dificultam os passos, tudo figurado pelo
ruído que o Candidato ouvira no final daquela Viagem e pela desigualdade do caminho
que ele percorrera. No Ritual de 1999, essa interpretação é a mesma que está na última
parte da focalizada Viagem. Porém, não tenhamos pressa, porque ainda iremos
descrever o citado Ritual, de 1999, tanto quanto os de 1837 e de 1891.

A segunda Viagem era feita com passos menos lentos. Havia o tinir de Espadas
(possivelmente, os Respeitáveis Irmãos Leitores, de outros Ritos, que não o Moderno,
estarão, desde já, por conta própria, antecipando as mencionadas comparações).
Quando o Candidato retomava ao ponto de partida, no Ocidente, seu braço esquerdo
(isto é, aquele que estava descoberto) era mergulhado, pelo Mestre-de-Cerimônias, em
um vaso cheio de água. O Venerável Mestre não mais perguntava o que o Candidato
havia notado, mas perguntava que reflexões lhe suscitara aquela outra Viagem. Depois
de ouvir a resposta (fosse qual fosse, conforme já acontecera na anterior indagação), o
Venerável Mestre esclarecia que o caminho da virtude torna-se mais suave, quanto mais
nele nós avançamos e que o tinido das Espadas representa os combates que o homem
virtuoso é obrigado a sustentar, sempre, para triunfar sobre os ataques do vício. O
pronunciamento terminava com a afirmação de que o Candidato estava purificado pela
água.A terceira Viagem fazia-se com grandes passos. Durante o percurso, era sacudida
uma tocha. Quando o Candidato voltava ao ponto de partida, após sentir a presença do
fogo produzido pela mencionada tocha, dizia-lhe o Venerável Mestre, sem formular
qualquer pergunta, haver ele, o Candidato, passado pelo complemento da purificação,
representada pelas chamas, que lhe deveriam acender, no coração, para sempre, o
amor aos seus semelhantes. Na Maçonaria (e em instituições outras), de nada valerá
conhecer e memorizar as exortações positivas, se não houver a sincera intenção de
atendê-las.

Na mitologia da Grécia, Prometeu, depois de formar o homem com o limo da terra,


deu-lhe vida, graças ao fogo que ele furtara do Céu. Foi punido por ordem de Júpiter,
mas salvo por Hércu1es (a punição e o salvamento, apesar de magnífica lição analógica,
não serão aqui comentados, pois refogem ao nosso tema). Para o filósofo Heráclito de
Éfeso, no Século VI antes da chamada Era Cristã, o fogo seria um fluxo eviterno. Note-
se que aquele conceito apresentava um pensamento racional, contrapondo-se à crença
mitológica. Com o mesmo racionalismo (cuidado com este vocábulo!), os também
filósofos gregos Tales e Anaxímenes, no referido Século, ensinavam, respectivamente,
que as substâncias primeiras seriam a água e o ar. Anaximandro (discípulo de Tales)
116

propunha um conceito diferente, mais elevado, segundo o qual existiria o Infinito, uma
substância não gerada e sim geradora e imperecível. Todos aqueles filósofos eram da
escola jônia ou jônica. Acrescente-se que os jônios eram considera- dos os mais sábios
de todos os gregos. Por isso, em nossa Ordem, a coluna jônica simboliza a sabedoria, e
é atinente ao Venerável Mestre. Mais ou menos entre os anos 440 e 441 antes da citada
Era, outro filósofo grego, Empédodes de Agrigento, defendeu quatro princípios básicos:
terra, água, ar e fogo.

Terminada a digressão, voltemos ao velho Ritual do Grande Oriente Lusitano.


Concluídas as Viagens, o Venerável Mestre apresentava considerações sobre a caridade,
a ser praticada sem ostentação e sem prejuízo dos deveres prioritários referentes à
família a sustentar e aos filhos a educar, condenando quem pretendesse aparecer
caritativo, antes de satisfazer aquelas obrigações primeiras.

Após uma simbólica prova de sangue, ocorria a Cerimônia do Cálice da Amargura,


seguida pelas explicações do Venerável Mestre. Não havia contraste com a doçura da
bebida e a citada Cerimônia ocorria após as Viagens.

O Primeiro Experto, inicialmente, e o Mestre-de-Cerimônias, logo depois, conduziam


o Candidato ao Altar do Venerável Mestre, por determinação deste, lue perguntava ao
Candidato sobre sua disposição em prestar um Juramento. Se ocorresse hipótese
negativa, a Iniciação não poderia ter seguimento, obviamente. Com a resposta positiva
do Candidato, ele, ajoelhado (joelho direito) sobre um coxim, segurando (com a mão
direita) um Compasso aberto e colocando uma das pontas sobre o coração (as pontas
eram rombas, por evidente motivo) e pondo a mão direita sobre a Espada que ficava
sobre o mencionado Altar, tendo sobre ela a mão esquerda, aberta, do Venerável
Mestre, jurava ao Grande Arquiteto do Universo (nunca nos esqueçamos de que está
em foco um Ritual do Rito Moderno) guardar todos os segredos que lhe fossem
confiados, amar os seus Irmãos, conformar-se com os estatutos e regulamentos da
respectiva Loja. No caso de que viesse a perjurar, ele apresentava os mesmos
consentimentos (língua, pescoço e corpo) que continuamos vendo nas Iniciações
realizadas no Rito Escocês Antigo e Aceito (do Grande Oriente do Brasil e das Grandes
Lojas Estaduais) e no Rito Adonhiramita (este último, qualificado pelo Ir Mário
Marinho de Carvalho Behring, em 1927, de "estranho Rito", não era praticado por
nenhuma das Grandes Lojas Estaduais, até há pouco tempo), mas não os vemos no Rito
Moderno, de onde foram suprimidos por força da reforma determinada pelo Decreto nº
109-GOB, de 30 de julho de 1892.

Prestado o Juramento, o Venerável Mestre perguntava ao Candidato (depois de


conduzido entre Colunas) se aquele ato lhe havia causado alguma inquietação, se ele
estava disposto a confirmá-lo após o recebimento da Luz e o que ele queria (a terceira
pergunta só seria feita se as duas primeiras fossem positivas). Era o próprio Candidato
quem respondia: “A Luz". Oportunamente, ao examinarmos as Viagens pertinentes ao
Ritual de 1837, impresso na "Typographia Austral", do Beco de Bragança, nº 15, Rio de
Janeiro, veremos que a pergunta e as respostas passaram a ser atribuições do Segundo
Vigilante. No mesmo sentido, ao examinarmos o Ritual de 1892, impresso na "Imprensa
117

Oficial" (não consta o nome da artéria pública, só constando Rio de Janeiro), ambos do
Rito Moderno e do Grande Oriente do Brasil, veremos que a pergunta e a resposta
passaram a ser atribuições do Primeiro Vigilante, assim continuando no Ritual de 1999.

No início do próximo Capítulo, ainda apresentaremos algumas considerações sobre o


velho Ritual português do Grande Oriente Lusitano e, isso feito, passaremos à análise
das Viagens descri- tas pelo Ritual de 1837, do Grande Oriente do Brasil.

CAPÍTULO XVIII

Cncluindo, neste Capítulo, a descrição iniciada no an- terior, cabe elucidar que, após
receber a Luz produzida por "cachimbos compostos com resina" (sabemos, de sobejo,
que ainda não havia iluminação elétrica), o Candidato ratificava o Juramento. Em
seguida, era recebido e constituído Maçam. Naquele momento, o Venerável Mestre
dava três pancadas sobre a lâmina da Espada que colocava sobre a cabeça do primeiro,
que recebia o beijo fraternal do segundo, "pelo número misterioso de três". Logo depois,
aprendia a dar os passos de Aprendiz, recebia o Avental, símbolo do trabalho, e recebia
pares de Luvas, um para si mesmo e outro a ser entregue à mulher que desfrutasse de
sua maior estima (esse procedimento não passava, e continua não passando, de um
meio sutil de obter as simpatias femininas, porque as mulheres não faziam parte da
Maçonaria regular, e continuam não fazendo). Em nossa Ordem, as Luvas simbolizam
pureza (mas, no denominado mundo profano, elas podem ser representativas de
fidalguia).

Os Respeitáveis Irmãos Leitores, pelo menos aqueles que estão acompanhando esta
série, já sabem que o citado Ritual do Rito Moderno, do Grande Oriente Lusitano, foi o
primeiro de todos os usados pelo Grande Oriente do Brasil e sa- bem, igualmente, que
ele era já usado (ignora-se desde que ano, mas foi antes de 1822) pela sua Loja nº 1, a
"Commércio & Artes", cuja fundação ocorreu em 24 de junho de 1815.

Apesar de esta série ser restrita ao Rito Moderno, e não possuir o escopo de fazer
comparações com outros Ritos, salvo em casos excepcionais (como está acontecendo
agora), não pode ser omitido o fato de que a passagem ritualística da entrega das Luvas
e muitas outras passagens daquele Ritual (do Grande Oriente Lusitano e do citado Rito,
não nos esqueçamos) foram copiadas por velhos Rituais do Rito Escocês Antigo e Aceito
impressos no Brasil, exemplificativamente o primeiro de todos, denominado "Guia dos
Maçons Escoceses ou Reguladores dos Três Gráos Symbólicos do Rito Antigo e Aceito",
impresso em 1834 pela "Typ. Imp. e Const. de Seignot-Plancher & Cia.", da Rua do
118

Ouvidor, nº 95, Rio de Janeiro, por iniciativa particular da própria empresa gráfica (que,
no mesmo ano, tirou uma cópia para o Grande Oriente Brasileiro, que viria a ser mais
conhecido por "Grande Oriente do Passeio", que não pode ser confundido com o Grande
Oriente do Brasil) e outra para o Supremo Conselho, ou seja, "Supr Cons para o
Império do Brasil". Nove anos depois, isto é, em 1845, o citado "Grande Oriente do
Passeio" providenciou outra impressão, sem modificações, com o mesmo título usado
em 1834 (que já vimos), incumbindo o trabalho gráfico à "Typographia Bintot", da Rua
do Sabão, nº 70, Rio de Janeiro. Só em 1857 o Grande Oriente do Brasil teve o seu
primeiro Ritual do Rito Escocês Antigo e Aceito, impresso na "Typographia Menezes",
da Rua do Cano (antigo nome da Rua Sete de Setembro), nº 165, Rio de Janeiro, também
mantendo o mesmo nome dos já mencionados Rituais alheios. Um era cópia do outro,
e, posteriormente, ao longo dos anos, muitas passagens usadas nos vigentes Rituais do
Rito Escocês Antigo e Aceito, seja o do Grande Oriente do Brasil, sejam os usados pelas
Grandes Lojas Estaduais (que não praticam o Rito Moderno) foram mantidas, não
obstante sejam provenientes de um Ritual do Rito Moderno, ou seja, o Ritual do Grande
Oriente Lusitano.

Igualmente, não pode ser omitido o fato de que a seqüência ritualística do genuíno
"Scottish Rite" norte-americano ("Scottish Rite of the Ancient and Accepted Scottish Rite
of Freemasonry, prepared for the Supreme Council for the Southern Jurisdiction of the
United States"), edição de 1919, impressa por "L. H. Jenkkins, lnc. ", de Richmond (todos
os estudiosos sabem que os dois mais antigos Supremos Conselhos do Rito Escocês
Antigo e Aceito são dos Estados Unidos da América, o único país que pode ter dois
Supremos Conselhos internacionalmente reconhecidos), páginas 1 até 21, dedicadas ao
Grau de Aprendiz, é muitíssimo diferente do Rito Escocês Antigo e Aceito praticado em
nossa Pátria.

Diante do exposto, fica evidente que de pouco valerá (e, às vezes, de nada mesmo
valerá) o eventual discernimento dos exegetas (ou pseudo-exegetas), se não possuírem
fontes primárias, porque intuição e pretensões adivinhatórias não têm qualquer valor,
quando se ingressa na esfera do passado histórico-ritualístico, sem documentos, à
procura dos necessários liames elucidativos.

Terminada a indispensável digressão, voltemos ao tema, propriamente dito. Depois


que ao já Neófito eram transmitidos os ss os tt e as pp, havia a passagem dos
aplausos. Em seguida, o Orador usava da palavra e, finalmente, era lida a Instrução
escrita no Ritual (páginas 23, 24 e 25, no tamanho 14,7 x 21 centímetros).

A DESCRIÇÃO DAS VIAGENS, SEGUNDO O RITUAL DE 1837, DO GRANDE ORIENTE DO


BRASIL.

O citado Ritual de 1837 possuía conteúdo bem maior do que o apresentado pelo
anterior Ritual do Grande Oriente Lusitano. Aquele, o de 1837, era enriquecido com um
Calendário muito interessante, ensinava um misterioso Alfabeto, elucidava o modo de
119

entrar no Templo, descrevia a Recepção aos Visitantes, mos- trava de que modo eram
usadas as Estrelas, de que modo eram batidos os Malhetes, de que modo eram feitos os
Aplausos e os Agradecimentos, fazia a explicação dos Termos e Significados, de que
modo era formada a Cadeia de União, de que modo era instalada a Loja de Banquetes e
de que modo eram feitas suas Sete Saúdes.

Na capa do focalizado Ritual (de 1837, reitera-se) estava escrito: "Regulador


Maçônico do Rito Moderno, contendo os Rituais, segundo o Regimento do G O de
França, bem como as formalidades e disposições diversas concernentes à Ordem para
uso dos Officiais deste Rito ao G O do Brasil." (no passado, umas vezes encontramos
Brasil com "s" e outras vezes, com "z").

Mas, na descrição das Viagens o Ritual de 1837 do Grande Oriente do Brasil seguia,
quase vocábulo por vocábulo, o Ritual do Grande Oriente Lusitano. Três diferenças,
pequenas, estavam na parte final, isto é, após o recebimento da Luz. É evidente que o
Venerável Mestre, ao receber o Candidato e constituí-lo Maçom, não o fazia em nome
do Grande Oriente Lusitano, e sim em nome do Grande Oriente do Brasil. A expressão
"cachimbos compostos com resina" foi substituída por "tochas". O beijo fraternal "pelo
número misterioso de três" deixou de existir. É indispensável a observação de que a p
s e a p de p eram as mesmas usadas hoje pelo Rito em foco e, também, pelo Rito
Adonhiramita.

Abriremos o próximo Capítulo mostrando as grandes modificações das Viagens,


segundo o Ritual de 1892 e sua manutenção nos posteriores Rituais do Rito Moderno,
até hoje.

CAPÍTULO XIX

Os Respeitáveis Irmãos Leitores que acompanham esta série já sabem que o Ritual
do Rito Moderno, de 1892, do Grande Oriente do Brasil (aprovado pelo Decreto nº 109-
GOB, de 30 de julho do citado ano), cujo trabalho gráfico foi elaborado na Imprensa
Nacional (não consta seu endereço), deixou de incluir menções ao Grande Arquiteto do
Universo, sob a indisfarçável influência da reforma efetuada no Grand Orient de France,
em 10 de setembro de 1877. Essa abolição foi mantida e prevalece até hoje (este
Capítulo começou a ser escrito em maio de 2005), conforme Ritual aprovado pelo
Decreto nº 252-GOB, de 12 de maio de 1999. Em nossa Pátria, o mentor intelectual da
introdução da citada reforma foi o Ir Henrique Valadares (ele nasceu em 15 de março
de 1852 e faleceu em 9 de novembro de 1903; foi, no Grande Oriente do Brasil, Grande
Secretário Geral, quando houve tal reforma, apesar de, estando ele viajando, o cargo
ser então ocupado, interinamente, pelo Ir Olympio de Souza Pitanga; por haver sido o
mentor intelectual daquela reforma, reitera-se, o Ir Henrique Valadares recebeu um
voto de louvor do Grande Capítulo do Rito Moderno, em Sessão realizada em 23 de
120

junho de 1892; mais tarde, a partir de 21 de junho de 1901 até seu falecimento, ele se
tornou Grão-Mestre Adjunto do Grande Oriente do Brasil e, automaticamente, Lugar-
Tenente Grande Comendador do Supremo Conselho do Rito Escocês Antigo e Aceito;
oficial do Exército, atingiu o Generalato e obteve reforma no posto de Marechal; era
muito influente, dentro e fora de nossa Ordem; manteve amizade pessoal com o
Marechal Floriano Vieira Peixoto).

Sobre a manutenção da ausência do Grande Arquiteto do Universo no Rito Moderno,


reportemo-nos à Constituição do Grande Oriente do Brasil, de 24 de junho de 1990
(aprovada pelo Decreto nº 162, daquela mesma data), da tradicional Potência, no artigo
2°, inciso I, que deixa bem claro ser postulado universal da Instituição Maçônica "a
existência de um princípio criador: o Grande Arquiteto do Universo". Demais disso, sem
excluir as Lojas do Rito Moderno, o artigo 26, inciso I, da mencionada Carta Magna
preceitua que "São deveres da Loja: I - observar os princípios tradicionais da Instituição,
cumprir e fazer cumprir a Constituição, as leis, os regulamentos e as decisões dos Altos
Corpos (o grifo é deste articulista). Essa matéria foi o cerne do Capítulo XII desta série;
portanto, não é mais necessário que, agora, nele nos detenhamos, apesar de sua
inegável relevância. Assim mesmo, é oportuno asseverar que, à data daquela reforma
(30 de julho de 1892, já vimos), estava em vigor, no Grande Oriente do Brasil, a Carta
Magna de 30 de novembro de 1891, impressa na "Typ. da Papelaria Ribeiro", da Rua da
Quitanda, nº 79-B, Rio de Janeiro - RJ (publicada por força do Decreto nº 99-GOB, de 28
de janeiro de 1892), cujo artigo 108 (sem estabelecer a exclusão do Rito Moderno) exigia
que, na regularização de uma Loja houvesse Proclamação (sim, Proclamação, após o
Juramento)à Glória do Grande Arquiteto do Universo.

Em decorrência de tal reforma, as três Viagens, que já vimos em anteriores Capítulos


(isto é, as três Viagens que já vimos em dois antigos Rituais, primeiramente no Ritual do
Grande Oriente Lusitano, impresso em Lisboa, em data ignorada, mas antes de 1815, e,
posteriormente, no primeiro Ritual do Grande Oriente do Brasil, este impresso 1837 e
que copiou aquele outro), foram inteiramente modificadas. Deixaram de existir as
referências em torno do ar, da água e do fogo. Antes de cada Viagem, passou a existir
um interrogatório (mas, seus termos não eram exatamente os mesmos dos atuais).

Após o término do primeiro interrogatório, o Venerável Mestre dizia ao Candidato


que este iria fazer três Viagens, simbolizando três fases da vida, e lhe perguntava se
consentia em fazê-las. Em Rituais posteriores, incluindo-se o de 1999, a citada pergunta
deixou de existir, permanecendo, no entanto, a afirmação referente à realização de três
Viagens e permanecendo a explicação atinente à sua correspondência com as três fases
da vida.

Comentário gramatical: Para evitar possíveis dúvidas, é necessário salientar que o


pronome lhe foi usado corretamente por este articulista. Mas, às vezes, em alguns
programas de televisão, produzidos em nossa Pátria, há diálogos (que causam espécie
em Portugal, quando lá esses programas são exibidos) nos quais ouvimos o inadequado
uso do sublinhado pronome a substituir, erroneamente, outros pronomes, que são os
oblíquos diretos o e a. Exemplos: "Não lhe vi" (errado). "Não o (a) vi" (certo). "Não lhe
121

conheço"(errado). "Não o (a) conheço" (certo). Por outro lado, lembremo-nos de que
são corretas as expressões: "Não lhe vi as virtudes" e "Não lhe conheço os métodos".

A primeira Viagem passou a ser, a partir do citado Ritual do Rito Moderno do Grande
Oriente do Brasil, de 1892 (e continua sendo) concernente à Infância e à Família. O 1º
Experto e outro Irmão seguravam o Candidato, que era impelido (“para a frente",
conforme estava escrito naquele Ritual, e assim continuou e continua, até hoje) por
aqueles dois Irmãos, que o haviam segurado por um dos braços e posto a outra mão
sobre o ombro. Dizia o referido Experto: "Meu filho, vinde comigo". Essa parte não foi
modificada. Todavia, o Ritual de 1999 explica que, se forem vários os Candidatos,
intervirão o 2° e o 3° Expertos e tantos outros Irmãos. Falando ao Candidato, quando
concluída a Viagem, o Venerável Mestre ensinava, em síntese, que ela simbolizava a
Infância, porque a criança, ao vir ao mundo, está nua, é fraca e sem condições de prover
às suas necessidades, cabendo ao homem e à mulher, que lhe proporcionaram a vida, o
"dever de dar satisfação ao seu direito". Continuando, o Venerável Mestre ensinava ao
Candidato que este, sem luz, incapaz de, sozinho, dar os primeiros passos, era
sustentado pelos dois Maçons que representavam os pais e que os três, juntos,
representavam a Família. Durante o percurso não havia qualquer obstáculo.

De um modo geral, aqueles inovadores ensinamentos de 1892, sobre a primeira


Viagem, no Rito Moderno, foram mantidos até hoje (levando em conta o mês de maio
de 2005), apesar da substituição de alguns vocábulos por sinônimos, mas sem alteração
do conteúdo simbólico. Sim, aqueles ensinamentos foram mantidos. Entretanto,
sucessivos Rituais, incluindo-se o de 1999, ainda que mantendo aqueles ensinamentos,
aproveitaram uma parte do que constava do Ritual do Grande Oriente Lusitano (e que,
reitere-se, o Ritual do Grande Oriente do Brasil, de 1837, já havia copiado) e alteraram
o percurso do Candidato, que, naquela primeira Viagem, passou a ter obstáculos, pelo
menos de modo implícito, e acrescentaram (ao texto final dos ensinamentos mantidos)
a simbologia da citada Viagem, que passou a ser, também, o emblema da vida humana,
o tumulto das paixões, o choque dos diversos interesses, a dificuldade das empresas e
os obstáculos que se multiplicam sobre os passos do Aprendiz na desigualdade da
estrada pela qual ele caminhou. Talvez alguns Respeitáveis Irmãos Leitores imaginem
que, agora, confuso, este articulista já esteja começando a apresentar a simbologia de
uma parte da primeira Vi- agem de outro(s) Rito(s). Não! A referência é mesmo ao Rito
Moderno.

O próximo Capítulo talvez seja o penúltimo desta série. Dependerá do espaço gráfico
dedicado às outras Viagens (faltam duas) dos Rituais de 1892 e de 1999, porque
abordagens inevitáveis suscitarão novas digressões, que poderão torná-lo o
antepenúltimo. Por exemplo, este articulista não omitirá, no próximo Capítulo, a
influência do Ritual do Rito Moderno de 1892 sobre uma parte da simbologia da
primeira e da segunda Viagens pratica- das no Rito Escocês Antigo e Aceito das Grandes
Lojas Estaduais (assunto inédito!).
122

CAPÍTULO XX (PENÚLTIMO)

Já foi descrita e analisada a primeira Viagem, representativa do binômio Infância-


Família e, também, já foram vistas as pequenas diferenças que aquela Viagem apresenta
nos dois ora focalizados Rituais, isto é, de 1892 e de 1999. Entretanto, no presente
Capítulo, antes de apresentar a descrição e a análise pertinentes às duas outras Viagens,
há um esclarecimento, que, aliás, já deveria ter sido apresentado. Quando menciona o
Ritual de 1892 (aprovado pelo Decreto nO 109-GOB, de 30 de julho daquele ano), este
articulista faz referência ao fato de que o trabalho gráfico foi elaborado na Imprensa
Nacional (Rio de Janeiro - RJ), pois assim está escrito em sua capa. Entretanto, alguns
Rituais posteriores, reportando-se ao citado Ritual de 1892, informam que ele foi
composto e impresso na "Tipographia da Casa Vallelle",(mais tarde a denominação
passou a ser "Tipografia e Papelaria Vallelle"), da Rua do Carmo, nº 63 (Rio de Janeiro -
RJ), constando suas adoção e aprovação pelo Grande Capítulo do Rito Moderno em 23
de junho de 1892 (portanto, alguns dias antes do Decreto lavrado pelo Grande Oriente
do Brasil). Porém, da coleção deste articulista, não consta o Ritual de 1892, da aludida
tipografia. Obviamente, isso não significa que aquele Ritual não exista. Com referência
ao Ritual do Rito Moderno do ano de 1892, o autor desta série quer consignar que só
possui e só conhece o trabalho gráfico da Imprensa Nacional.

No citado Ritual de 1892 (diante do que já ficou bem esclarecido, é claro que estamos
tratando daquele elaborado pela Imprensa Nacional), terminado o segundo
interrogatório, começava a segunda Viagem, mais lenta do que a primeira. O Candidato
era conduzido por um dos Expertos (presume-se que fosse o Primeiro, apesar de não
estar escrito na segunda Viagem, mas estava escrito na primeira e na terceira), que lhe
dizia: "Meu discípulo, segui-me". Terminado o percurso, o Venerável Mestre perguntava
ao Candidato quais as suas impressões sobre o ato. Se fosse preciso (é assim que estava
escrito no Ritual), o Venerável Mestre, ajudando, estabelecia um paralelo entre aquela
Viagem e o binômio A Juventude - O Mestre, fazendo alusão ao "Mestre ou Professor",
em auxílio do pai e da mãe, que nem sempre estariam em condições de conseguir dar
ao adolescente e, "mais tarde ao mancebo", o conjunto de ensinamentos concernentes
à instrução geral. A intervenção constituiria uma segunda manifestação da solidariedade
humana. Concluindo, o Venerável Mestre dizia que o Maçom condutor do Candidato
estava representando o Mestre. Se este não interviesse, aquele teria seus passos
perdidos sem direção e sem fito.

Esse entendimento é quase igual ao que dimana do Ritual de 1999. Realmente, em


relação à parte que foi agora descrita, as diferenças são pequenas, e não alteram o
sentido. Exemplificativamente, no Ritual de 1999, não existe a expressão "mais tarde ao
mancebo". Também, não existe a conjunção "ou", em "Mestre ou Professor". Só existe
"Mestre". Porém, quanto aos ensinamentos, propriamente ditos, vimos, no anterior
Capítulo, na análise atinente à primeira Viagem, que, de um modo geral, as inovações
constantes dos ensinamentos postos no Ritual de 1892 foram mantidas em sucessivos
Rituais posteriores, mas, apesar de tais inovações serem mantidas, houve um acréscimo
na parte final do simbolismo daquela Viagem (cuja repetição agora é desnecessária),
com base no respectivo texto do Ritual do Grande Oriente Lusitano. Pois bem, o mesmo
123

deve ser dito sobre a segunda Viagem, porque, de um modo geral, foram igualmente
mantidas, em Rituais posteriores, as inovações trazidas pelo Ritual de 1892. No entanto,
apesar dessa manutenção, houve um acréscimo em sua parte final, igualmente com
base no respectivo texto do Ritual do Grande Oriente Lusitano, de modo que naquela
Viagem, feita com "menos dificuldades e embaraços do que na primeira", passaram a
existir, em sucessivos Rituais (todos posteriores a 1892), tinidos de armas (provocados
pelo "contínuo tinir de espadas"), simbolizando os combates para vencer a luta contra
o vício. Na falível opinião deste articulista, que não é psicólogo, só luta contra o vício
quem se vê ameaçado por ele.

Verdadeiramente, é estranho, muito estranho, que o Ir Mário Marinho de Carvalho


Behring, depois de ter qualificado o Rito Moderno de "arremedo bufo de Maçonaria"
(contrariando os anteriores elogios que ele fizera e apesar de ter sido, em 1903/1904,
Venerável Mestre da Loja "Ganganelli", do Rio de Janeiro - RJ, então trabalhando no
citado Rito, de cujo Grande Capítulo ele participara, ao ter seu nome aprovado por 16
votos contra 2, mediante eleição realizada em 7 de outubro de 1903), tenha copiado
uma parte das inovações do referido Ritual do Rito Moderno do Grande Oriente do
Brasil, de 1892, quanto à primeira Viagem, referente à Família e à criança, e quanto à
segunda, referente ao Discípulo e ao Mestre (mas, nada copiou da terceira Viagem, que
ainda não vimos e que veremos no próximo Capítulo, o último desta série) e as tenha
colocado naquelas duas Viagens, conforme consta dos três primeiros Rituais das três
primeiras Grandes Lojas: da Bahia (fundada em 22 de maio de 1927), do Rio de Janeiro
(fundada em 22 de junho de 1927; não confundi-la com a do Estado do Rio de Janeiro,
fundada posteriormente, em 21 de setembro de 1927 e Carta Constitutiva em 10 de
novembro do citado ano) e de São Paulo (fundada, oficialmente, em 2 de julho de 1927,
mas, em verdade, existente desde 18 do mês anterior, com a denominação de "Grande
Loja Escosseza de São Paulo”).

Os primeiros Rituais daquelas três primeiras Grandes Lojas, então denominadas


"Grandes Lojas Symbólicas", foram impressos no mesmo dia, com o mesmo texto, no
ano de 1928, e não 1927, ou seja, no ano seguinte ao daquelas fundações, na
"Typographia Delta", Rua Dias da Cruz, nº 129, Rio de Janeiro. Tais Grandes Lojas (e
todas as que foram posteriormente fundadas) podem ser consideradas no- vas, pois
existiram outras, antes, até mesmo no Século XIX, algumas subordinadas ao Grande
Oriente do Brasil.

Por cautela, para que não chegue a ser estabelecida a mínima dúvida, é oportuno
elucidar que as citadas cópias, provenientes do Ritual de 1892, do Rito Moderno do
Grande Oriente do Brasil, usadas em 1928 pelo Ir Mário Marinho de Carvalho Behring,
constituíam (e continuam a constituir) apenas uma parte do simbolismo da primeira
Viagem e uma parte do simbolismo da segunda Viagem, praticadas pelas Grandes Lojas
Estaduais. Porém, na maioria das considerações descritivas e simbólicas (essa maioria
124

abrange as três Viagens), o citado líder maçônico não copiou do Ritual do Rito Moderno
de 1892, mas, sim, do Ritual do Rito Escocês Antigo e Aceito, do Grande Oriente do
Brasil, impresso em 1922 na "Oficina da Escola Profissional Maçônica José Bonifácio",
Rua Paraguai, nº 72, Rio de Janeiro. O mencionado Ritual de 1922 era baseado no de
1857, igualmente do Rito Escocês Antigo e Aceito e do Grande Oriente do Brasil,
impresso em 1857 na "Tipographia Menezes", Rua do Cano (depois denominada Rua
Sete de Setembro), nº 165, Rio de Janeiro (obviamente, os Respeitáveis Irmãos Leitores
sabem que, em várias oportunidades, este articulista prefere manter a grafia original,
por exemplo: "Typographia", "Symbólica", "Escosseza" e "Ofjicina").

Em princípio, alguém poderá ser contrário às exposições digressivas, de natureza


histórica, quando invadem âmbito ritualístico, e poderá, também, ser contrário às
comparações com Rituais de Ritos, que não façam parte do foco de um trabalho, se
existirem desnecessários truncamentos da leitura, que dificultem o entendimento do
próprio texto. Mas, por outro lado, positivamente, quando as digressões apresentam
ineditismo e clarificam pontos penumbrosos, verifica-se que elas, de modo justificável,
são sempre muito bem acolhidas.

No próximo Capítulo (o último desta série, conforme já foi afirmado), será descrita a
terceira Viagem, de acordo com os Rituais do Rito Moderno de 1892 e de 1999, com
algumas considerações sobre o recebimento da Luz.

CAPÍTULO XXI (ÚLTIMO)

Na terceira e última Viagem, conforme o Ritual de 1892, o Primeiro Experto


convidava o Candidato a 1evantar-se, dava-lhe o braço e dizia: "Meu amigo, apoiai-vos
em mim". Durante o percurso, o Candidato caminhava "com passo firme e normal". Era
o referido Experto quem, ao terminar a citada Viagem, fazia o respectivo anúncio ao
Venerável Mestre. Tenhamos os olhos fixos nos textos, e comprovaremos o risco
existente na elaboração de cópias de um para outro Ritual, sem o imprescindível
cuidado.

No Ritual de 1892, com a necessária clareza, está escrito: "Faz então dar três passos
para a frente, para o Oriente, depois, voltando à esquerda, seguem pelo Norte,
Occidente e Meio-dia, indo até o Oriente, d'onde o candidato volta a seu lugar, dando
para isso três passos e senta-se".

Porém, mais tarde, o texto foi modificado, e essa modificação continua no Ritual de
1999: "O (cada) Expfaráo candidato dar três passos para a frente, para o Or; depois,
voltando à esq, seguem pelo N; regressam ao Ocid e retoma seu lugar". Sim, todos
125

"seguem pelo N:." e todos "regressam ao Ocid ", mas quem "retoma seu lugar" é só o
"Candidato". Entre as expressões "regressam ao Ocid" e "retoma seu lugar", faltou a
expressão "O Candidato", que não aparece na regência do verbo "retomar". Não se diga
que estamos diante de "elipse do sujeito".

Diga-se, isto sim, que estamos diante de redação defeituosa.

Terminada a focalizada Viagem, conforme anúncio que, no Ritual de 1892, era feito
pelo Primeiro Experto (e que assim continua no Ritual de 1999), o Venerável Mestre
determinava (nas Viagens anteriores ele perguntava, sem determinar) ao Candidato que
explicasse o simbolismo respectivo. No Ritual de 1999, não há essa determinação. O
Candidato permanece em silêncio, pois o Venerável Mestre, diretamente, lhe dá as
explicações. Entretanto, no Ritual de 1892, "sendo preciso", o Venerável Mestre
apresentava seu auxílio, explicando, em síntese, que aquela Viagem simbolizava a idade
madura, na qual, mesmo assim, continuava a ser necessário o socorro dos mais
enérgicos, mais sábios e mais instruídos, porque o homem, isolado, não poderia ter êxito
em nenhuma empresa importante; se oprimido pela injustiça ou vítima de um acidente
ou na indigência ou enfermo, necessitaria de socorro, sendo-lhe indispensáveis
conselhos e animações. No final das considerações, ficava esclarecido que elas
significavam a direção e o apoio proporcionados pelo homem (no caso, o Primeiro
Experto) que havia conduzido o Candidato naquela Viagem. Tais conceitos, com algumas
indisfarçáveis obviedades e, também, com algumas assertivas discutíveis, continuam
quase as mesmas no Ritual de 1999. Uma diferença está no fato (já vimos) de que o
Candidato não mais apresenta qualquer interpretação (e isso até já antes de 1999).
Outra diferença veremos a seguir:

Comentário gramatical supletório:

Mesmo não sendo esta série destinada à tentativa de solução de questões


vernáculas, precisa ser destacado que, no Ritual de 1892, o Venerável Mestre usava da
expressão: "É isso o que significam a direcção e o apoio que, nessa viagem,". O verbo
"significar" estava no plural ("significam”), concordando com os substantivos "direcção
e apoio" ("direcção" estava em consonância com a grafia da época, ou seja, a grafia
anterior à reforma ortográfica determinada pela Academia Brasileira de Letras, na
histórica sessão de 12 de agosto de 1943); porém, existia o desnecessário pronome
indefinido "o", depois de "É isso" e antes de "que": ("É isso o que .... "). Mais tarde, o
mencionado pronome indefinido foi tirado, o verbo permaneceu no plural e houve a
adoção da grafia moderna: "É isso que significam a direção e o apoio que, nessa viagem".
Em nova modificação, o verbo passou para o singular e assim continua no Ritual de 1999:
"É isso que significa a direção e o apoio que, nessa viagem...". De fato, o sublinhado
verbo está no singular. A nova modificação, com o verbo no singular ("significa", em
lugar de "significam”) pode ser atribuída a uma desatenção do copista, ou, talvez, de
modo consciente, ele tenha entendido ser possível equiparar, gramaticalmente, aquele
texto à última linha da segunda estrofe do Canto I de "Os Lusíadas", onde o imortal
Camões escreveu: "Se a tanto me ajudar o engenho e arte", Realmente, o poeta usou
"ajudar", e não "ajudarem", porque "engenho e arte" (sujeito composto) possuem
126

significados semelhantes, estão ambos no singular e são pospostos ao verbo, que, por
essas razões, permanece no singular (quem sente atração pelos estudos literários,
especificamente no campo da arte poética, sabe que, se o incomparável bardo lusitano
usasse o verbo "ajudar" no plural, quebraria a métrica e estariam desfigurados os versos
decassílabos de sua referida e imorredoura obra).

Depois de lhe afirmar, no Ritual de 1892, que as provas estavam terminadas, o


Venerável Mestre perguntava ao Candidato, lembrando-o da promessa inicialmente
feita, se ele estava disposto a confirmá-la. Sendo a resposta afirmativa, o então
interrogando ficava sabendo que iria receber a Luz, posteriormente à verificação de sua
"solidariedade", perante os necessitados (essa passagem exigiria deste articulista uma
dissertação, mas em Loja e fora dos Graus de Aprendiz e de Companheiro). Cabia ao
Hospitaleiro conhecer da intenção do Candidato, em segredo, e transmiti-Ia, igualmente
em segredo, ao Venerável Mestre, que faz o devido agradecimento. Toda essa parte
continua sem modificação no Ritual de 1999.

Feito o citado agradecimento, de acordo com aquele pretérito Ritual, o Venerável


Mestre perguntava ao Candidato se estava disposto a ficar ligado aos Maçons por meio
de uma "promessa", quando houvesse recebido a Luz. Sempre aguar- dando uma
resposta positiva, sob pena de ser encerrada a Sessão (é evidente), o Venerável Mestre
perguntava ao Primeiro Vigilante o que ele pedia para ser con- cedido ao Candidato.
Recebendo a óbvia resposta, o Venerável Mestre determinava a concessão da Luz,
depois do que o Candidato era conduzido, pelo Mestre-de-Cerimônias, ao Oriente,
onde, colocando a mão direita sobre o Esquadro e sobre "o livro da lei maçônica",
prestava sua "Obrigação", por meio de três "promessas": pela primeira, ele concordava
em espalhar a verdade; pela segunda, ele concordava em auxiliar os fracos, fazer justiça
a todos e ser fiel à Família e à Pá- tria e a ser fiel consigo mesmo; pela terceira, ele
concordava em amar os Irmãos, observar fielmente a Lei Maçônica e nada revelar do
que "em segredo" lhe fosse confiado. Este articulista vem afirmando que o segredo
maçônico está restrito aos SS, aos TT e às PP. Aliás, se assim não fosse, este artigo
não poderia ser escrito, nem mesmo em uma Revista Maçônica.

Diversamente do que estabeleciam o Ritual do Grande Oriente Lusitano, aquele


impresso em data ignorada, mas antes de 1815, e o Ritual do Grande Oriente do Brasil,
impresso em 1837 (ambos estudados em anteriores Capítulos desta série), o de 1892
não apresentava Altar dos Juramentos ou qualquer outro móvel equivalente. Ora,
considerando que o Candidato prestava sua "Obrigação" após colocar a mão direita
sobre o Esquadro e sobre "o livro da lei maçônica" e que sobre a Mesa do Venerável
Mestre estavam os citados Esquadro e livro (juntamente com um candelabro de três
luzes, um Malhete e uma Espada, conforme Capítulo XV), isso nos leva a inferir que o
Candidato prestava a sublinhada Obrigação sobre aquela Mesa.

Qual seria o citado "livro da lei maçônica"? Na parte referente às “Disposições e


decoração do Templo", o Ritual de 1892 estabelecia que o aludido livro era "um
exemplar da Constituição". Presume-se que fosse a Constituição do Grande Oriente do
Brasil, de 30 de novembro de 1891, impressa na "Typ. da Papelaria Ribeiro", da Rua da
127

Quitanda, nº 79-B, Rio de Janeiro - RJ (e não a Constituição da República, de 24 de


fevereiro de 1891). Segundo a "opinião particular" deste articulista, em todas as
Potências Maçônicas, em todos os Ritos, independentemente da perquirição sobre a
crença religiosa do Candidato, o ato Juramento, Compromisso, Obrigação, Pacto ou
denominação outra) de- veria ser prestado, sempre, sobre a respectiva Carta Magna
Maçônica, e nunca sobre um livro de conteúdo religioso, qualquer que seja esse livro,
pois a nossa Ordem não é uma religião!

Sendo oportuno este momento gráfico, merece um breve destaque o Ritual de 1983,
apesar de que ele não está englobado na presente série. Tal destaque é devido ao fato
de que, mesmo pertencendo ao Rito Moderno, aquele Ritual, na página 7, em nota de
rodapé, com um antecedente asterisco, estabelecia: “Em todas as sessões, o Livro da Lei
- a Bíblia - deverá estar sobre o Altar dos Compromissos (Capítulo lI, inciso III, letra 'h',
da Constituição do Grande Oriente do Brasil)". Não é surpreendente? No entanto, a
Constituição em referência, de 8 de agosto de 1981, não previa “Altar dos
Compromissos", mas sim “Altar dos Juramentos". Antes de mencionar o "Capítulo II", o
rodapé deveria ter esclarecido tratar-se do "Título I". Note-se, outrossim, que a
denominação de "Altar" era dada ao dos Compromissos (já vimos) e à Mesa do
Venerável Mestre.

De acordo com o Ritual de 1999, a "promessa solene", com os mesmos termos da


"Obrigação", que já vimos no Ritual de 1892, é prestada "ante o Triângulo dos
Compromissos" ("uma pequena mesa triangular"), que fica no Oriente, à frente da Mesa
do Venerável Mestre e diante do Esquadro, do Compasso e do "Livro da Lei", que recebe
a denominação de "regra da Moral Maçônica".

Muitas vezes ao conversar com amigos mais próximos e os mesmo descobrirem que sou maçom,
querendo dar uma de entendidos, logo perguntam: "E você já é grau 33? Porque eu conheço
fulano que é grau 33 da maçonaria" . Porém quando falamos de maçonaria não podemos
generalizar o grau 33 para todos os Ritos praticados reconhecidos pelo GOB (Grande Oriente
do Brasil - Potência Maçônica Regular mais antiga e reconhecida do Brasil) este é o caso do Rito
Moderno, que é composto de 9 graus. Na realidade a forma mais correta é: 3 graus simbólicos e
5 ordens filosóficas.

Para ilustrar a minha explicação utilizarei figuras dos paramentos retirada do site do Atelier
Maçonico Triângulo da cidade de Balneário Camboriu - SC que você pode visitar clicando aqui.

Quando entramos na maçonaria somos chamados de APRENDIZ, este é o 1o Grau:


128

Após muito estudo e dedicação podemos ser elevados ao grau de COMPANHEIRO (O


segundo Grau)

Por fim após muito mais trabalho e estudo temos a honra de ser exaltados a MESTRE MAÇOM
(Este o Terceiro Grau)
129

Com isto atingimos os três graus simbólicos da Maçonaria - Estes três graus são os mesmo para
todos os Ritos, e são os três graus geridos e orientados por rituais expedidos pelos Grandes
Orientes.

A partir do 4o Grau os maçons do Rito Moderno operam geridos e orientados pelo Supremo
Conselho do Rito Moderno, representado atualmente pelo Soberno Grande Inspetor Geral do
Rito Moderno Ir:. José Maria Bonachi Batalla.

No Rito Moderno a expressão correta para os demais graus como mencionei são Ordens. Os
maçons então Trabalham nos Sublimes Capítulos (da primeira a quarta ordem), no Grandes
Conselhos (na quinta ordem - que tem jurisdição estadual) e no Supremo Conselho (tambem na
quinta ordem - que tem jurisdição Nacional e Internacional no caso do Brasil que é considerado
o Supremo Máter e divide com a França a presidência alternadamente de 3 em 3 anos).

A Primeira Ordem de Sabedoria (4o Grau), são os ELEITOS ou ELEITOS SECRETOS.


130

A Segunda Ordem de Sabedoria (5o Grau), são os ELEITOS ESCOCESES.

A Terceira Ordem de Sabedoria (6o Grau) são os CAVALEIROS DO ORIENTE E DA


ESPADA.
131

A Quarta Ordem de Sabedoria (7o Grau) São os CAVALEIROS ROSA-CRUZ.

A Quinta Ordem de Sabedoria comporta 2 graus - O 8o Grau - CAVALEIRO DA ÁGUIA


BRANCA E PRETA, CAVALEIRO KADOSH FILOSÓFICO, INSPETOR DO RITO.
132

E o 9o Grau - CAVALEIRO DA SAPIÊNCIA - GRANDE INSPETOR DO RITO.

Estes 9 graus praticados no Rito Moderno, representam os mesmo estudos praticados em 33


graus de outros Ritos, sendo reconhecidos por outros Ritos através de tratados entre Supremos
Conselhos. O Rito Moderno, que é fruto da Maçonaria Francesa, entende que o maçom
deve ter a faculdade de pensar livremente, de trabalhar para o bem-estar social e
econômico do cidadão, de defender os direitos do homem.
133

RITO SCHRÖDER

IIrWerner Rinkus
Ubyrajara de Souza Filho

Os Rituais de Schröder (pronuncia-se "chreder") foram aprovados em 1801 pela


Assembléia dos Veneráveis Mestres da Grande Loja de Hamburgo, Alemanha, sendo
praticados por alemães e seus descendentes em diversos países. No Brasil, com a
colonização germânica no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, o Rito estabeleceu-se
inicialmente no idioma Alemão. Mais tarde foi traduzido para o Português e hoje é
reconhecido pelas Grandes Lojas Estaduais- CMSB, pelo G. O. B. e pelos Grandes
Orientes Estaduais Independentes - COMAB.

Os Rituais foram elaborados por uma Comissão presidida pelo Irmão FRIEDRICH
LUDWIG SCHRÖDER, nascido em 3 de novembro de 1744 e falecido em 3 de setembro
de 1816. Iniciado em 1774 no Rito da Estrita Observância, em 1785 foi eleito V.M. de
sua Loja Mãe, a "Emanuel Zur Maienblume", ficando no cargo até 1799. Entre 1794 e
1814 foi Deputado do Grão-Mestre (Grão-Mestre Adjunto) e, de 1814 a 1816, Grão-
Mestre da Grande Loja de Hamburgo e da Baixa Saxônia (naquela época a Alemanha
ainda não fora unificada).

O Ir∴ Schröder gozava de grande prestígio como Maçom e como profano (foi
considerado na época, "o maior ator que a Alemanha já teve") e era reconhecido como
um profundo conhecedor da História e dos Antigos Rituais da Maçonaria. Estudou
principalmente os livros "As Três Batidas Diferentes na Porta da Mais Antiga Franco-
Maçonaria – The Three Distinct Knocks at the Door of the Most Ancient Free-Masonry",
de autor desconhecido, sem dúvida o mais antigo ritual maçônico impresso; e
134

"Maçonaria Dissecada - Massonry Dissected", de Samuel Prichard, que continha as


práticas maçônicas utilizadas em Londres em 1730.

Examinou também, os rituais dos diversos sistemas de graus complementares que


proliferavam na Europa daqueles tempos. Suas pesquisas o levaram a abolir os
chamados "altos graus", bem como todo o ocultismo que dominava a Maçonaria Alemã,
restaurando o Antigo Ritual Inglês, adaptando-o para a cultura e para o idioma
germânicos seus contemporâneos. É devido a essa origem comum nos antigos rituais
ingleses que o Rito Schröder é semelhante ao Rito de York (Emulation Rite) sem,
contudo, ser uma cópia do mesmo.

O Ir∴ Schröder entendia a Maçonaria como uma união de virtudes e não, uma
sociedade esotérica. Por isso, enfatizou no seu Ritual o ensinamento dos valores morais
e a difusão do puro espírito humanístico, dentro do verdadeiro amor fraternal.
Preservando a importância dos símbolos e resgatando o princípio que afirma ser "a
verdadeira Maçonaria a dos Três Graus de São João".

O famoso historiador e maçom Findel, na sua História Geral da Franco-Maçonaria,


dedica grandes elogios ao Ir∴ Schröder, como podemos perceber nessa passagem:
"Além de maior pureza de objetivos (comparando-se com os do Ir∴ Fessler que atuava
em Berlim) em que se inspiraram seus trabalhos e investigações, sua natureza, sua
forma e as circunstâncias exteriores o secundaram ainda mais eficazmente. Estava-lhe
reservada a glória de fazer penetrar vitoriosamente a luz entre as trevas do erro, de
dissipar as espessas nuvens que obscureciam os resplendores da verdade maçônica e de
assentar bases sólidas para atividade de seus Irmãos."

Pelo seu trabalho e exemplo, o Ir∴ Schröder é venerado e respeitado hoje, como no
passado, sendo homenageado pelas antigas Lojas alemãs e por Lojas e Irmãos de todo
o mundo.

Algumas Características do Rito Schröder:

• O Rito Trabalha exclusivamente nos Três Graus Simbólicos ou Azuis;

• Somente os cargos de Ven. Mestre, Vigilantes e Tesoureiro são eletivos;


135

• O Orador é nomeado pelo V. M. somente para as sessões em que for considerado


necessário e não atua como "Guarda da Lei", que é o próprio V.M.;

• Os demais cargos em Loja: Secretário; 1° e 2° Diáconos; Mestre de Harmonia; 2°


Diáconos Adjuntos (Guardas do Templo interno e externo) e Preparador, são nomeados
pelo V. M.;

• O 1° Diácono é também o Mestre de Cerimônias;

• São T. as batidas para todos os Graus, variando apenas na cadência;

• Durante as Sessões ritualísticas a Palavra é concedida pelo V. M. através do 2° Vig.;

• Todos os Irmãos usam chapéu ou cartola ("cilindro alto") e luvas brancas nas Sessões;

• Os aventais: o de Aprendiz é branco e mantém a abeta levantada; o de Companheiro


é branco e tem a abeta baixada, circundada por uma borda azul; o de Mestre é branco
com uma borda azul que também circula a abeta baixada, sem rosetas ou Taus.

• O avental de Mestre é o mesmo para o V.M. e os Ex-Veneráveis;

• O Rito original não adota a Cerimônia de Instalação de Veneráveis Mestres. É o Reg.


Geral da Potência que determina este procedimento adotado pelas Lojas Brasileiras;

• O V.M., em visita a outras Lojas, usa na lapela esquerda, presa a uma fita azul, uma
comenda com um pequeno Esquadro;
136

• Os Ex-Veneráveis, chamados Past Masters, usam na lapela esquerda, presa a uma fita
azul, uma comenda com a representação gráfica do 47° Problema de Euclides pendurada
a um pequeno Esquadro;

• Utiliza-se Sessões "a campo" (fora do Templo) para assuntos administrativos e


também para apresentação de Trabalhos ou Instrução;

• Todos os Irmãos tem direito a Voz e voto (inclusive Aprendizes e Companheiros). É o


Reg. Geral da Potência que determina, por exemplo, que para a Administração votem
apenas os Mestres Maçons;

• Todas as Sessões são encerradas com a formação da Cadeia de União em um


cerimonial próprio;

• Se necessário passar a "Palavra Semestral", o V.M. formará uma segunda Cadeia de


União após encerrada a Sessão;

• Adota-se a "Noite dos Convidados", que é uma Sessão Branca Especial "a campo" (fora
do Templo e sem ritualística) para apresentar candidatos à Loja.

Algumas Características do Templo do Rito Schröder:

• As Colunas J e B - Tais Colunas, no Rito Schröder, fazem parte, apenas, da instrução


ministrada pelo Venerável Mestre por ocasião das iniciações e promoções, mas não se
constituem em símbolos instalados na Sala da Loja. Integram, portanto, a alegoria para
identificar as PPal∴ SSagr∴ dos respectivos graus.

• Piso em um único nível (sem degraus) para Oriente e Ocidente (algumas Lojas –
inclusive a ABSALOM - adotam dois degraus para o Oriente e um terceiro degrau para o
Altar do V.M.);
137

• A decoração do Templo pode ser simples, com teto e paredes na cor azul variando
apenas na tonalidade (pode-se também utilizar formas artísticas e arquitetônicas para
embelezar o Templo);

• O Tapete da Loja, com os símbolos tradicionais da Ordem, é aberto ritualisticamente


no centro do piso no Ocidente, substituindo os Painéis dos Três Graus;

• Três Colunas (que podem ser das ordens Jônica, Dórica e Coríntia) encimadas por "Três
Grandes Velas" circundam o Tapete (algumas Lojas adotam três grandes castiçais);

• A iluminação do Templo na Abertura e no Encerramento da sessão segue um


cerimonial próprio (do Oriente para o Ocidente);

• Um Triângulo ou um Compasso e um Esquadro com a letra G no centro na parede


oriental, sobre a cabeça do V.M.;

• Altar (mesa retangular e cadeira sobre uma plataforma) para o V.M.;

• Mesas simples e retangulares para os Oficiais (1° e 2° Vigilantes, Secretário e


Tesoureiro);

• O Livro da Lei sobre o Altar (que é a própria a mesa do V.M.) permanece fechado;

• Na abertura da Loja, Compasso e Esquadro são armados pelo V.M. de acordo com o
Grau dos Trabalhos e colocados sobre o Livro da Lei;

• Ao lado e abaixo do Altar fica uma cadeira, a direita do V.M., para o G.M. ou seu
Deputado;
138

• Ao lado e abaixo do Altar fica uma cadeira, a esquerda do V.M. , para o V.M. Adjunto
(Ex-V.M. mais moderno);

• Os Past Masters (Ex-Veneráveis Mestres, pois o Rito não usa a expressão M.I.) sentam-
se no fundo do Oriente, de frente para o Ocidente.

• Os Aprendizes sentam-se na primeira fila da Coluna do Norte;

• Os Companheiros sentam-se na primeira fila da Coluna do Sul;

• Os Mestres sentam-se em qualquer das duas Colunas;

• Uma Sala de Preparação e uma Câmara Escura substituem a "Câmara de Reflexão".

Algumas diferenças com o Rito Escocês Antigo e Aceito, pois o Rito Schröder NÃO utiliza:

• Cargos de: Chanceler; Mestre de Cerimônias (é o 1° Diác.); Hospitaleiro; 1° e 2°


Expertos; Porta-Estandarte; Porta-Espada; Mestre de Banquetes e Arquiteto;

• Punhos para o V.M. e Vigilantes;

• Pavimento Mosaico (com o mesmo simbolismo, tijoletas coloridas aparecem na borda


do Tapete da Loja);

• Colunas Zodiacais;

• Abóbada Celeste (o céu está representado no centro do Tapete);


139

• Gradil entre Oriente e Ocidente;

• Altar de Juramentos (é a própria mesa do V.M.);

• Olho que Tudo Vê (substituído por um Triângulo com a letra G no centro, ou pelo
Compasso e Esquadro também com a letra G em seu centro);

• Estrela Flamígera;

• Corda de 81 Nós;

• Espadas;

• Espada Flamejante;

• Prova dos Elementos (substituída pelas 3 Viagens);

• Painéis dos Graus (representados pelo Tapete);

• Mar de Bronze;

• Bolsa de Propostas e Informações (são entregues diretamente ao V.M., antes do início


da sessão);

• Giro hierárquico para o Tronco de Solidariedade;


140

• Turíbulo ou incensório, pois não há queima de incenso nas sessões.

Algumas diferenças com o Rito de York (Emulation Rite), pois o Rito Schröder NÃO
utiliza:

• Cargos de: Diretor de Cerimônias; Capelão; Organista; Esmoler; Mordomo;


Administrador da Caridade;

• Pavimento Mosaico (substituído pelo Tapete da Loja);

• A letra "G" suspensa no centro da Loja;

• Os Pedestais do V.M. e dos Vigilantes;

• A Pedra Bruta (representada no Tapete);

• A Pedra Esquadrada (Idem);

• Altar de Juramentos (é a própria mesa do V.M.);

• Espada para o Guarda Externo;

• Painéis dos Graus (representados pelo Tapete);

• O andar "esquadrando" o Templo.


141

Conclusão: O Rito Schröder apresentou expressivo crescimento a partir de 1995,


quando havia cerca de 14 Lojas no Brasil. Atribuímos este crescimento a divulgação, nos
Seminários de 95 e 98 (RS) e 99 (CE) e, a Fundação do Colégio de Estudos do Rito
Schröder de Florianópolis (SC) em 1997. Este, mantém contato com todas as Lojas
Schröder do Brasil, buscando sintonia com os ideais de Schröder e com os Rituais da Loja
ABSALOM N.º 1. Visa uniformidade ritualística e de pensamento, em um trabalho de
cooperação entre Lojas das diversas Obediências. Estas iniciativas estimulam muitos
Irmãos, alguns mesmo sem deixar suas "Lojas Escocesas" outros, transferindo-se para
Lojas Schröder para fundar novas Oficinas. Por utilizar um Templo simples, com poucos
paramentos e cargos, torna-se muito mais fácil "trabalhar" em uma Oficina Schröder.
Tudo isso contribui para aumentar o número de Oficinas que adotam o Rito. Atento a
este movimento, o G. O. B. criou em 1999 o cargo de Grande Secretário Geral de
Orientação Ritualística- Adjunto para o Rito Schröder, não por acaso, ocupado por um
dos integrantes do Colégio de Estudos.

Alguns aspectos principais chamam a atenção de todos os Irmãos que entram em


contato com o Rito: a simplicidade da Liturgia, que em nada diminui sua beleza e
profundidade; as palavras amáveis do V.M. ao iniciando e aos Irmãos; a valorização das
qualidades morais do homem; o estímulo ao auto-conhecimento.

Pela objetividade, os trabalhos litúrgicos permitem excelente dinâmica. Uma sessão


econômica raramente ultrapassa 1h30, tratando-se os assuntos administrativos (ata e
expediente) e com apresentação de trabalhos ou instruções. Já uma Sessão Magna de
Iniciação de três profanos, cumprindo-se individualmente toda a ritualística, demora
cerca de 2h30.

Por estes motivos, já atingimos o expressivo número de 38 Lojas no Brasil, o que


supera as 36 Oficinas da Alemanha e, temos certeza, continuaremos crescendo À Gloria
do Grande Arquiteto do Universo.

Os Rituais foram traduzidos dos originais revisados pela Loja ABSALOM DAS TRÊS
URTIGAS N.º 1 em 1960. Esta Oficina fundada em 1737, uma das mais antigas do mundo,
é jurisdicionada a Grande Loja dos Maçons Antigos, Livres e Aceitos da Alemanha.
142

A ORIGEM E FONTES DO RITUAL SCHRÖDER

Na Grande Loja dos Maçons Antigos Livres e Aceitos (que é uma das mais importantes
componentes da Potência Maçônica denominada Grandes Lojas Unidas da Alemanha)
estão em uso dois rituais oficiais e o uso de mais dois é permitido. A maioria das Lojas
trabalham no Rito Schröder na versão realizada em 1960.

A Grande Loja também publicou um ritual da Arte Real baseado na tradição Francesa,
com ambos os vigilantes colocados no Oeste e com a Acácia figurando no grau de
Mestre. As Lojas que pertenciam a hoje extinta Grande Loja Royal York, foram
autorizadas a trabalhar com seus antigos rituais baseados no texto reformado por
Fessler. Algumas Lojas da igualmente extinta Grande Loja "Zur Sonne" (traduzido: "Ao
Sol") continuam trabalhando pelos seus velhos rituais.

Como na Inglaterra, não há nenhuma diferença fundamental entre estes trabalhos,


porquanto todos eles derivam de Prichard's Masonry Dissected (Maçonaria Dissecada
de Prichard) ou do Three Distinct Knocks (Três Batidas distintas) tendo sido introduzidos
certos elementos de algumas exposições e ainda adicionados embelezamentos de
origem Francesa.

A cerimonia "Passing the Chair" (Passando pela Cadeira) nunca foi introduzida e nem
o "Real Arco" tem-lhe dado apoio. A Grande Loja Nacional dos Maçons da Alemanha
(outra componente da Grandes Lojas Unidas da Alemanha) ainda trabalha pelo sistema
Sueco, que consiste de 10 (dez) graus com um fundo pronunciadamente Cristão.

O Rito York Americano, trabalhado principalmente pelas Lojas Militares (Na Grandes
Lojas Unidas da Alemanha existem ainda uma Grande Loja Américo-Canadense e uma
Grande Loja dos Maçons Ingleses, cujos componentes em quase sua totalidade são
membros das tropas militares estacionadas na Alemanha) introduziu na Alemanha os
graus Crypticos e Templários. O Supremo Conselho do 33º para a Alemanha, trabalha
pelo Rito Antigo e Aceito, usualmente conhecido como Rito Escocês, parecido com o
Rito Escocês Retificado na França, que está se tornando popular de novo.
143

O que inspirou o Irmão Friedrich Ludwig Schröder em dar um novo Ritual a


Maçonaria Germânica e como ele atacou esta tarefa que impôs a si mesmo? Estas são
as questões que serão agora investigadas. Primeiramente algumas palavras sobre o
homem, Schröder. Ele foi como seus pais, um ator produtor, que naquele tempo
significava que ele era proprietário de teatro em Hamburgo. Ele conhecia na Europa as
partes onde dominava a língua alemã muito bem, nunca esteve na Inglaterra, França ou
Itália. Suas habilidades lingüisticas eram limitadas embora ele fosse capaz de adaptar
peças de teatro dos originais Franceses e Ingleses. Sem conhecer Latim e Grego, ele
adquiriu entretanto um grande cabedal de conhecimento pelo auto-estudo. Acima de
tudo se destacava nele o seu caráter forte e sincero. O estado da Franco-Maçonaria na
Alemanha no tempo em que ele foi iniciado com a idade de 29 anos, era caótico. Seu
proponente foi Johann J. Christoph Bode, seu amigo, e sem escrutínio foi aceito na Loja
"Emanuel". O Rito Estrita Observância era dominante naquela época e o caráter da
Franco-Maçonaria Inglesa, como originalmente introduzida em Hamburgo, se tinha
perdido. As Lojas foram dominadas pelo misticismo, alquimia, Rosa-Cruzes e Iluminados,
sendo que os últimos introduziram formas de cavalheirismo e "Altos Graus" importados
da França.

Mesmo os sóbrios e democráticos Irmãos de Hamburgo não se abstiveram de desfilar


como "Muito excelente Cavaleiro Templário".

Não é de estranhar que um homem sério e despretensioso como Schröder, Estivesse


radicalmente contrário a estas excentricidades; ele esperava da Maçonaria, educação e
verdadeira moralidade. Com o declínio do Rito Estrita Observância, depois da
Convenção de Wilhelmsbad em 1782, a hora de Schröder tinha chegado. Segundo seus
desejos os Irmãos de Hamburgo decidiram:

l.º) Restaurar a verdadeira e antiga Maçonaria, como nos foi trazida pelos nossos
antepassados e espalhada daqui por quase toda Alemanha, e que existiu em Hamburgo
até a reforma de 1765. Esforçar-se zelosamente para elevar seus propósitos a um nível
mais alto e fazer com que cada um dos seus ramos sejam mais úteis; isto deverá ser
alcançado, com amor pela pesquisa da Verdade, seguindo com a máxima sinceridade os
ensinamentos da sagrada religião Cristã e pondo fielmente em prática seus deveres.
144

2º) Melhorar a harmonia entre os Irmãos, procurando concentrar as quatro Lojas unidas
em duas, sendo uma Loja Alemã e outra Francesa, e permitir a seus membros elegerem
seus Mestres no Festival de São João.

3º) Trabalhar nos três graus da Arte Real de acordo com o Antigo Ritual Escocês dos
nossos antepassados, até que os Rituais organizados na Convenção Geral nos sejam
comunicados.

Para se ter uma idéia dos problemas que envolviam uma tal decisão, aqui estão
alguns exemplos das dificuldades com o Ritual que existiu em Hamburgo e em outras
partes. Estes eram tirados na sua maior parte da primeira edição do livro "Materialien
zur Geschichte der Freimaurerei" (Matéria para a Historia da Franco-Maçonaria), um
tratado composto do 1.400 páginas. Este trabalho é ainda uma mina de informações
para o historiador principalmente por causa dos documentos mencionados e cujos
originais agora não são mais acessíveis.

Schröder relata, por exemplo, sobre uma Loja da cidade de Dresden que se
compunha de membros da alta aristocracia, mas, entre os oficiais da Loja havia um
"cozinheiro-chefe" e um "Porta Caneco" e em 1743 bebidas eram servidas enquanto a
Loja estava aberta. Em 1744 dois Diáconos foram nomeados pela primeira vez na Loja
"Absalom" em Hamburgo, presumivelmente por causa das exposições que haviam
aparecido na Inglaterra e na França.

Era naquela época ainda costume de pagar ao Secretário um salário especial pelos
seus discursos, que apareciam depois impressos. O oficio de Orador veio para a
Alemanha da França. Naquele tempo, o primeiro e o segundo grau não eram mais
conferidos juntos em Hamburgo, por causa dos regulamentos que requeriam um
período entre eles de nove meses.

O compromisso de Aprendiz incluía a seguinte exigência: "Que ele devia amar seus
Irmãos e ainda promover seus melhores interesses por todos os modos". Esta frase
podia muito bem ter sido idealizada pela própria Loja; e se acha no Ritual até hoje.

A publicação da exposição "L' Ordre des Franc Maçons Trahi" (1745), fez a Loja "Aos
três Globos", trabalhando num Ritual Francês, introduzir uma mudança que não foi
145

entretanto mantida por muito tempo; a palavra "Tecton" e o sinal de "Harpocrates"


(dedo indicador sobre os lábios) eram para ser usado como uma palavra e sinal adicional.

Havia uma completa incerteza acerca da colocação da venda nos olhos. O candidato
geralmente era trazido para o interior da Loja com os seus olhos não vendados; o
procedimento correto aprenderam de Londres somente em 1763. Além do mais,
ninguém estava certo se as espadas eram para ser usadas dentro da Loja. (na França elas
eram consideradas como um símbolo de igualdade) ou se "fogo" deveria ser dado nos
banquetes. O processo de escrutínio também não era compreendido. Foi somente em
l763 que a Grande Loja Provincial de Hamburgo decidiu que cada Irmão que colocasse
uma bola preta na caixa do escrutínio, devia informar o Mestre dos motivos de assim ter
procedido, no prazo de 3 (três) dias. Isto é habitual na Alemanha, até hoje se até 3 (três)
bolas pretas aparecerem. Painéis da Loja desenhados em oleados somente apareceram
no fim do século 18; em 1765 o Cobridor ou um Irmão servente ainda tinha de fazer o
desenho com giz no chão. Um Diretor de Cerimônias foi pela primeira vez nomeado em
1774, embora na Alemanha e na França o seu titulo era de "Mestre de Cerimônias. Mais
ou menos nesta época os Diáconos foram renomeados de "Stewards".

É bem conhecido pelos balaústres de uma pequena Loja no Castelo Kniphausen


na Frisia Oriental, que um soldado da guarda do Conde foi empregado como Cobridor e
pago pelos membros da Loja. O trabalho desta Loja era baseado no de Prichard embora
o Tapete (Painel) tenha sido copiado de um desenho do livro "L' Ordre des Franc-Maçons
Trahi1". É também conhecido pelas muitas averiguações emanando de todas as partes
da Alemanha, que as Lojas de Hamburgo e a Loja Provincial Inglesa, eram consideradas
autoridades em todos os assuntos ritualísticos. Isto foi provavelmente a razão porque
Schröder tinha seu Ritual impresso claramente sem abreviação ou código. Ele sabia que
isto não estava de acordo com a pratica Inglesa. Ele também selecionou o tamanho ou
formato "quarto" por ser mais prático para o Ritual e este está em uso ainda hoje. Ele
achou que era preferível ter um Ritual organizado pelos principais Maçons do seu Tempo
e aprovado pela Grande Loja Provincial de Hamburgo e que deveriam estar disponíveis
para as Lojas, em vez de suas cerimônias serem baseadas em uma dúzia de exposições.

Schröder fez uma observação ao pé da página: isto se refere ao Ritual usado antes de
1765, isto é, antes da introdução da Estrita Observância. Entretanto como não havia
então Ritual escrito, tornava-se impossível relembra-lo depois de 17 anos. De qualquer
maneira aquele Ritual não seria apropriado para o fim atual. Os balaustres da Loja
"Absalom" mostram que o Ritual inglês não era acuradamente conhecido mesmo antes
146

de 1763. Em 14 de março de 1764, uma iniciação e elevação na mesma noite, - como


era então praticado na Inglaterra - teve que ser adiada por causa da ausência do Irmão
Bode, que era o único capaz de dar uma explanação do Painel da Loja. Esta era a
situação, quando Schröder começou sua tarefa. É importante mencionar que o trabalho
em certas Lojas, era ainda em língua Francesa.

Mas havia mais um obstáculo no caminho de um começo decidido e enérgico - O


Grão-Mestre, von Exter. Embora ele ainda mantivesse uma nomeação Inglesa como
Grão-Mestre Provincial para a Baixa Saxônia e Hamburgo, ele estava profundamente
envolvido com a Ordem Rosa-Cruz e os graus cavalheirescos e também influenciado com
idéias místicas. Desde a introdução do Rito da Estrita Observância em 1765.

A Grande Loja Provincial de Hamburgo há muito havia negligenciado suas


obrigações para com a Grande Loja Mãe em Londres. Finalmente, o então Grande
Secretario, Irmão Heseltine, em uma carta de 30 de maio de 1773 (UGL MS.26/B/B/1)
pediu a devolução da Carta Constitutiva do Grão-Mestre Provincial. Não tendo recebido
resposta dentro de poucos meses, o Irmão Heseltine enviou uma copia de sua primeira
carta acrescentando que a Carta Constitutiva deveria se entregue ao Irmão Sudthausen
que por acaso se achava em Hamburgo. A Grande Loja Provincial de Hamburgo reagiu
com diversas cartas iradas, mas, mesmo assim não enviou relatórios, nem saldou as
devidas contribuições.

Uma vez que Schröder tomou as rédeas em suas mãos esta situação mudou
imediatamente. De agosto de 1786 em diante, a Grande Loja Provincial de Hamburgo
enviou regularmente os balaústres de suas reuniões para Londres. A intervenção do
Irmão, von Gräfe certamente tinha sido de grande ajuda nesta mudança. (UGL
Ms.26/B/B/7-27). Ele tinha ditado o Ritual Inglês para o Grande Secretário Provincial,
Irmão Beckmann. Em seu comentário, Schröder, faz a seguinte anotação:

....e assim temos agora um antigo Ritual comunicado para nós – exceto por algumas
alterações introduzidas pelo tempo e o desejo de melhorar. De acordo com este texto,
o 2ª Vigilante tem seu lugar no Sul; não havia nenhuma Estrela Flamígera e nem mais
espadas dentro da Loja. O Diretor Regional, von Exter, pois ele ainda detinha este cargo
na Estrita Observância, não trabalharia se as duas Colunas (Vigilantes) no Ocidente, sem
a Estrela Flamígera, sem o monte de terra e o galho de Acácia, sem as alusões e
promessas de uma Luz Superior e sem os vinte e mais itens muito preciosos para ele.
147

Assim veio a Luz um Ritual até mesmo mais místico e mais pomposo do que esse da
Estrita Observância.

Estas observações contém uma importante indicação. O texto Gräfe não era bem
o mesmo, como o bem conhecido texto do Prichard que havia sido publicado em uma
edição Alemã em 1736 e que foi largamente utilizado pelas Lojas Alemãs e na França
pela versão Francesa. O Irmão N. B. Spencer já apontou isto no volume Ars Quatuor
Coronatorum nº 74: "O aparecimento regular de traduções de uma ou de outras
exposições bem conhecidas em Alemão ou Francês, encadernadas, com quase todas as
cópias dos livros Alemães da Constituição do Século 18, sugere de uma maneira taxativa,
que os Alemães estavam usando-os como guia para as suas cerimônias, assim como nos
usamos um moderno Ritual ou Monitor".

Schröder escreveu para seu amigo Meyer:

"Eu estou surpreso que você não achou nenhuma Loja em Londres na qual o 2º Vigilante
senta-se no Sul ou a tal conhecida Loja dos Antigos. Durante este ano já tivemos quatro
Irmãos de tais Lojas como visitantes."

Na verdade os Vigilantes estavam colocados no Noroeste e Sudoeste


respetivamente nos trabalhos da maior parte dos Rituais Continentais derivados de
Prichard ou das versões Francesas baseado no "Masonry Dissected". Quando Schröder
tornou-se membro da comissão para elaborar uma nova Constituição, ele devotou-se a
esta tarefa de maneira metódica e diligentemente e com uma considerável despesa
pessoal. Assim ele imprimiu as suas próprias custas numa tipografia secreta em
Rudolstadt, todos os Rituais disponíveis para ele, bem como uma historia da Maçonaria
em quatro volumes e uma exata análise da Constituição Inglesa. Este empreendimento
é algo fora do comum na historia da Franco-Maçonaria e, lançar-se um pouco de luz
sobre isto somente poderá ser de proveito.

Schröder via a necessidade de abraçar a pesquisa maçônica dentro da obrigação de um


segredo contido nos Rituais. Investigando entre os seus "Irmãos de confiança" verificou
que a Loja Amália, em Weimar, (Goethe e Herder eram ambos membros dela) podia
ajudar. Um dos seus membros era o Irmão Wesselhöft que morava em Jena e que tinha
148

o seu negócio de Impressão e Publicações em Rudolstadt, cidades estas próximas a


Weimar. O Irmão Wesselhöft fez o juramento, como também todos os membros de suas
empresa, para manter o sigilo; sendo que alguns deles foram simplesmente convidados
a se unirem a Loja de Rudolstadt. O Irmão Conta, que era alto oficial da Policia Alemã,
foi nomeado para exercer a função de supervisor e censor. As detalhadas instruções
anotadas pelo Mestre da Loja, provas que Schröder forneceu o necessário material e
capital de trabalho, ainda existem. Este estabelecimento começou a trabalhar na ultima
década do século 18 e parece ter encerrado suas atividades depois da morte de
Schröder. Uma de suas publicações foi a coleção de Rituais em 21 volumes, dos quais, a
única cópia conhecida nos dias atuais, encontra-se na Biblioteca da Grande Loja Nacional
da Dinamarca. Este trabalho, cerca de trinta Rituais dos então conhecidos e dos "Altos
Graus", incluindo um texto do 'Three Distinct Knocks" e que é sem duvida considerado
como o "mais velho e genuíno Ritual Inglês", sem entretanto mencionar sua origem. O
texto de Prichard é identificado, e a razão para o anonimato sobre "Three Distinct
Knocks" pode se achar na correspondência de Schröder com Meyer onde escreve:

Pelo amor de Deus, "Three Distinct Knocks (Jachim e Boaz é só uma reimpressão da
anterior) não deve se tornar conhecida porque o nosso ritual está baseado nele.
Portanto eu removi estes dois livros do catálogo de nossa biblioteca. È muito raro na
Alemanha e provavelmente na Inglaterra também.

Mas seu amigo sabia melhor; "Jachim e Boaz" é sempre reimpresso sem alteração, ele
tinha uma edição de 1800. No prefacio da edição de 1815 do seu livro "Materialien zur
Geschichte der Freimaurerei" (Materiais para a Historia da Franco-Maçonaria), Schröder
aponta que "Three Distinct Knocks" é o ritual que é trabalhado até hoje em dia por todas
as velhas Lojas Inglesas na Grã Bretanha, Ásia, África e América. Acerca de Prichard ele
diz que este foi o primeiro desvio do mais velho, isto é do "Three Distinct Knocks" mas
que tinha sido usado pela maioria das Lojas Alemãs. Os Rituais Franceses a maior parte
deles baseados em Prichard, foram as fontes dos Rituais de Zinnendorf e Sueco, cujos
sistemas haviam aceitado os "Altos Graus" da França, também eram conhecidos por
Schröder. Os "Altos Graus" reproduzidos nesta coleção, não são de nenhum interesse
aqui, mas deve-se dizer que o trabalho total é até hoje uma rara fonte de pesquisa
ritualística. Como este trabalho foi destinado somente aos membros do "Circulo
Interno", a edição não podia consistir de mais de cem cópias e por isto é que se trata de
uma Obra rara e que não foi totalmente registrada por Taute e Wolfstieg que
produziram uma Bibliografia Maçônica. Assim há muita razão em ser grato a Grande Loja
Nacional da Dinamarca por ter liberado sua cópia para fazer-se uma reprodução
fotográfica em 1976, que foi limitada a uma edição de trezentas cópias e não está
149

disponível comercialmente. Com isto chegamos a uma certa conclusão: quando o


trabalho começou em Hamburgo em 1790 para um novo Ritual, a Grande Loja Provincial
subordinada a Primeira Grande Loja da Inglaterra, não possuía em Ritual escrito em
Inglês com um texto autêntico. Schröder estava absolutamente convencido de que
"Three Distinct Knocks" não era apenas genuíno, mas era efetivamente o mais velho
Ritual existente. Como podemos ver, ele baseou todo o seu trabalho sobre este texto,
tanto quanto diz respeito a estrutura ritualística. Nas instruções do Grau de Aprendiz
datado de 1801 Schröder diz:

Não pretendemos absolutamente proteger todas as partes do velho catecismo. Embora


estejamos inclinados a preferi-lo - no todo – a qualquer coisa nova, entretanto
reconhecemos que foi dito uma Fraternidade Inglesa, que consistia principalmente de
artesões, não pode ser inteiramente adequado para maçons educados de outro país.
Portanto corrigimos ou omitimos o que está fora do espírito ou circunstâncias do nosso
tempo.

Ele sentia profundamente que princípios éticos e morais eram a essência da Maçonaria
e ele os formulava com grande cuidado e em colaboração com os mais educados Maçons
do seu tempo. Isto dá ao seu Ritual um caráter particular próprio, expressando as
tendências espirituais da Alemanha por volta do século 18. A tendência para a
Maçonaria Cavalheiresca ou Templária, com um forte conteúdo Cristão e até mesmo
Católico Romano, tinha desaparecido. Fortaleceu-se a tendência de que, moral elevada
e princípios éticos, deveriam ser as essenciais caraterísticas da Arte Real.

Schröder, bem conhecido e respeitado como era, tanto profissionalmente como Diretor
de um teatro de alta reputação e, também como Maçom, estava em contato com Irmãos
proeminentes e os familiarizava com os seus planos. Sua correspondência com seus
"Muitos confiantes Irmãos" por todo o norte da Alemanha. era parcialmente escrita em
um código que foi tirado da Estrita Observância e usado com sua própria frase chave, a
qual foi descoberta recentemente. Os princípios básicos seguidos pelos dois
reformadores da Arte Real na Alemanha, por uma iniciativa paralela, foram lançados por
Fessler em Berlim e sua linha de ação será mencionada mais tarde - pode melhor ser
compreendida estudando-se a introdução do "COMPACT" da Grande Associação
Maçônica de 1801 entre a Grande Loja Provincial de Hamburgo e a Grande Loja Royal
York de Berlim a qual Fessler pertencia. Embora este texto tenha sido traçado por Fessler
e não por Schröder, o conteúdo reflete fielmente as idéias do último:
150

1º) Franco-Maçonaria e fraternidade maçônica, são dois conceitos bem diferentes,


como as palavras "ciência e escola", "religião e igreja". Isto nos leva para:

2º) Franco-Maçonaria, independente de tempo e condições locais, (ouvimos a voz de


Lessing) sempre una e a mesma, é sempre aquilo que envolve e coloca firmemente o
homem interno entre o esquadro e o compasso, seu modo de pensar e agir e que fixa a
posição moral do homem na Sociedade, embora a Franco-Maçonaria possa
ocasionalmente ter-se desenvolvido em direções diferentes.

3º) As Grandes Lojas Provinciais Unidas não reconhecem na Fraternidade Maçônica o tal
chamado propósito ou desígnio secreto que se diz possuir e além dos três graus de São
João. Para elas o objetivo da Fraternidade Maçônica é o mesmo: prática, manutenção e
crescimento comum da Arte; tudo isto visto pela luz de sua pura tendência moral. Isto
os mais esclarecido Irmãos tem em todos os tempos reconhecido.

4º) Como não mais se pode deixar aos caprichos de Maçons isolados ou Lojas em
particular, a decisão e definição da natureza e tendência da Maçonaria, as Grandes Lojas
Provinciais Unidas estão convencidas de que o mais velho Ritual Inglês dos três graus é
o único em que podemos confiar como fonte histórica e para compreensão da natureza
e evolução da Franco-Maçonaria.

A razão da curta vivência da Grande Associação Maçônica pode se achar na conturbada


situação política existente naqueles dias na Alemanha, entretanto estes princípios ainda
são válidos hoje em dia para a Maçonaria Antiga Livre e Aceita na Alemanha.

Pode nesta conjuntura ser de interesse mencionar uma opinião não favorável a
Schröder; é a de um Pastor Protestante ortodoxo e ex-membro da Loja de Leipzig. De
acordo com Taute este ex-Irmão, Professor Lindner deixou a Loja por causa de sua
ambição não satisfeita e publicou um trabalho no qual apresentava Maçonaria e Religião
num falso relacionamento ainda que um pouco melhor do que fez o Reverendo Walton
Hannah em nosso dias. Assim o Professor e ex-Irmão Lindner escreve:
151

Eu tenho ... impressão que o melhor do "Iluminati" foi aceito em sua (de Schröder) forma
de Maçonaria, mas é ainda necessário mostrar-se que a forma de Schröder não se
enquadra na dominante cultura do tempo atual, embora seja mais profunda que outras.
Ele nos mostra uma espécie de ecletismo enfeitado com alguma filosofia de Kant, mas
não há realmente nada de original ou genuíno. Sua secretividade sobre assuntos
publicamente conhecidos é bem desorientadora. Tudo isto se pode chamar uma
filosofia de rigorismo moral, tendo nela disseminado algumas demonstrações de
caridade.

Mais tarde, Lindner arrependido retratou-se. A insinuação sobre "Iluminati" se refere ao


"Circulo Interno" de Schröder que era para ser, não uma outra "Ordem", mas somente
uma Loja de Instrução Histórica.

Antes de iniciar a elaboração de novos Rituais a Franco-Maçonaria em Hamburgo tinha


que se organizar e isto não poderia se realizar sem surgirem animosidades pessoais. Só
em 1790 tornou-se possível nomear uma pequena comissão sobre a presidência de
Schröder e composta de representantes de todas as Lojas. Antes de tudo ele viajou para
consultar seus amigos nas Lojas sobre a jurisdição de Hamburgo, que haviam se
espalhado além de Hamburgo e até na Alta Saxônia. Seu interesse particular era para
consultar com o Irmão Bode, que tinha se mudado de Hamburgo para Weimar de forma
a estabelecer contato mais freqüente com o Irmão Herder, um alto Clérigo no Ducado
de Weimar. Isto tornou-se somente possível porque Schröder tinha abandonado a
direção do seu teatro em Hamburgo e agora estava vivendo como fazendeiro em sua
propriedade em Rellingen perto de Hamburgo. Os próximos anos de sua vida foram
dedicados integralmente ao trabalho da reforma que deixou uma forte marca na Arte
Maçônica da Alemanha até hoje.

Uma importante contribuição para o trabalho de Schröder, veio de seu amigo de longos
anos, Professor Friedrich Ludwig Wilhelm Meyer (1759-1840). Ele era um gentil-homem
de vida independente tendo muito viajado por toda Europa e Inglaterra. Na
Universidade de Göttingen ele foi tutor dos Duques de Sussex, Cumberland e
Cambridge. Existem evidências de que seus talentos e habilidades lingüísticas foram
usados muitas vezes pelo Rei da Prússia e seus ministros, que o empregaram como
agente político secreto. Meyer era Franco-Maçom e foi membro da Loja "Pilgrim" em
Londres de 1789 a 1791. Felizmente pode ser consultada sua enorme correspondência,
particularmente essa com Schröder. Quando ele não estava viajando vivia numa
pequena cidade na então parte dinamarquesa de Holsatia e só recentemente cerca de
152

700 cartas foram descobertas nos arquivos do Estado de Hamburgo. Destas, agora
sabemos que Meyer traduziu a maior parte dos textos Ingleses e Franceses que seu
amigo Schröder usou. Schröder aceitava os argumentos e sugestões de Meyer de bom
grado.

Levaria muito tempo para examinar mais de perto o relacionamento entre Schröder e o
Irmão Ignaz Aurelius Fessler (1756-1839). Fessler nascera na Hungria. Educado pelos
Dominicanos ele tornou-se professor de Historia e Línguas antigas, o que lhe deu grande
reputação. Em seguida a uma crise pessoal e espiritual na meia idade, tornou-se Franco-
Maçom, converteu-se ao protestantismo e morreu velho como Chefe da Igreja
Protestante Russa. Durante sua estada em Berlim, empreendeu a Reforma dos Rituais
da Grande Loja Royal York de forma a restabelecer a pura Arte Maçônica ou pelo menos
separa-la dos "Altos Graus". Neste contexto deve ser lembrado que os sistemas então
existentes eram baseados nos sistemas hierárquicos; as Lojas eram totalmente
subservientes a um corpo mais alto e não tinham autonomia, nem ao menos para a
eleição de seus oficiais. Fessler estava muito bem informado sobre os diferentes
sistemas, porquanto ele tinha, ao contrario de Schröder, sido admitido a maior parte
dos "Altos Graus". Numa carta a um amigo ele declara que possuía uma tradução do
"Three Distinct Knocks" que ele pensava que era o Ritual de velha Loja Inglesa em York;
esta confusão entre os Antigos e a efêmera Grande Loja de York é freqüentemente
encontrada na Literatura Maçônica Alemã do período de Fessler. Entretanto, ele não
usou este texto para os seus Rituais reformados, mas baseou seu trabalho parcialmente
sobre o tal chamado "Ritual de Praga", verificando que sua origem vinha dos textos
Franceses baseados em Prichard. Como este Ritual desempenhou um importante papel
na reforma da Arte Maçônica Alemã, vale a pena considera-lo rapidamente. Seus
integrantes eram membros de uma Loja de Praga chamada "Zur Wahrheit und Einigkeit
zu den drei gekrönten Säulen" (A Verdade e União das três Colunas coroadas) fundada
ao redor de 1784 da fusão de duas Lojas mais antigas como o nome indica. Em 1794, a
Loja publicou um Livro contendo a Constituição e os Rituais da Arte um volume de mais
de 400 páginas que não faz referencia a Constituição Inglesa, mas a concepção dela, da
própria Loja. De início é afirmado que a Loja é uma "Republica Democrática". A conexão
com eventos na França é óbvio (1794), mas é surpreendente que este livro foi impresso
na Áustria Imperial e não na França. O Ritual introduzido em 1788 está baseado no
sistema Zinnendorf (Sueco), mas com mudanças nas explanações morais dos símbolos
numa linguagem mais concisa. Não era para haver nenhuma influência, ou seja lá o que
for, dos tais chamados "Altos Graus" nas Lojas da Arte e o "Iluminati" é apontado como
sendo totalmente uma organização Antí-Maçônica. "De tempo imemorial" é dito que os
"não Cristãos" não poderiam ser admitidos, mas uma interessante exceção foi feita no
caso de membros da "Seita Sociniana" que foram exilados da Polônia. Esta seita era
153

definitivamente Cristã, mas seguia a doutrina Unitária. Um interessante fato no Ritual é


que a velha obrigação não era mais mencionada. Outro texto que Fessler usou foi o
chamado "Ritual Essinger". Não foi possível achar uma cópia do mesmo, mas da
correspondência Schröder/Meyer e das publicações de Fessler sabemos que um medico
chamado Gasser, havia trazido o texto da Inglaterra mais ou menos no ano de 1788. Na
verdade este Ritual era uma copia do "Three Distinct Knocks" que passou nas mãos de
Fessler, havia sido publicado na Saxônia em 1804. Foi usado na Loja que o Barão Dalberg
fundou em sua residência de verão em Essinger perto de Mannheim onde ele era Diretor
de um, então, famoso Teatro. Seu irmão mais velho foi o ultimo Eleitor e Arcebispo de
Mongúncia e Grande Chanceler do Santo Império Romano, enquanto seu irmão mais
novo era um conhecido músico e compositor. Todos os três eram franco-maçons e
personalidades de destaque de sua época. Fessler pretendeu que este Ritual era pelo
menos o mais velho, porquanto já havia sido usado antes de 1717 na Loja de York. Isto
aumentou a ira de Schröder e numa carta a Meyer ele escreve:

Não deveria ele (Fessler) e seu tão meticuloso amigo Mossdorf, saber que o lugar
Essinger não existe? Somente uma coisa em todo o livro me chamou atenção – The Old
Charges da Constituição de York. Seu estilo e conteúdo são obviamente mais novos que
o texto de Anderson, que por si é mais novo que aquele publicado por Preston na sua
"Ilustrations".

Isto é de grande interesse porque demonstra a extrema confusão causada pela


publicação do Irmão Dr. Krause (como hoje sabemos) do texto complemente apócrifo
da Constituição de York de 926.

Havia ainda um outro eminente Franco-Maçom com quem Schröder mantinha contato
e cujos conselhos freqüentemente seguia. Este era Johann Gottfried Herder (l744-1803)
cujas correspondências com Schröder dos anos de 1799 a 1802 estão parcialmente
acessíveis em uma publicação do Irmão Wiebe de Hamburgo e em um certo numero de
cartas não publicadas existentes nos arquivos do Estado da Prússia em Berlim. Quando
o exercito Francês ocupou Hamburgo no ano de 1808, Schröder infelizmente destruiu a
maior parte de seus papeis. Sabe-se, por intermedio de outras fontes, que a primeira
versão do Ritual de Schröder introduzido em 1801, continha um certo número de
canções escritas ou pelo menos trabalhadas por Herder. A maior parte delas não foram
incluídas na versão de 1816, pois que a prática de cantar em Loja havia se tornado menos
popular. Os textos disponíveis de hoje são em prosa somente, mas eles tem o espirito
do gênio de Herder.
154

Schröder e Fessler trocaram cópias de seus Rituais, porém o último comentou, que os
Irmãos de Berlim acostumados ao Ritual Francês não apreciariam a simplicidade do
texto de Schröder. Ambas as versões foram enviadas por Schröder aos seus outros
amigos e conselheiros e os mesmos preferiram o seu (de Schröder). Depois de certas
pequenas modificações, Schröder submeteu seu texto aos Mestres de Hamburgo em 29
de junho de 1801 que o adotaram por unanimidade. Depois de mais uma revisão de
certas passagens, que não tinham concordância com a cerimonia, foi impressa uma
edição limitada para as Lojas de Hamburgo e uma edição, maior foi editada em 1816
para todas as Lojas Alemãs. Desta edição existe somente uma cópia pertencente a uma
Loja na cidade de Celle, cujo exemplar felizmente tem sido possível estudar. Este texto
não contém nada de místico ou oculto, mas retém a simplicidade do original Inglês.
Incluído o pensamento alemão da época expressa um texto de alto fervor moral aliado
a um generoso espírito de princípios Humanitários.

Voltando as atividades de Schröder, estas podemos descrever utilizando suas próprias


palavras. Em 1792 ele escreve:

Com permissão dos Veneráveis Mestres, Schuch e Schütte e consultando o Irmão


Beckmann, eu purguei as escórias do Ritual e nós gradualmente introduzimos estes
melhoramentos. Somente o Venerável Mestre Poppe, da Loja "Absalom", permaneceu
com a velha versão, a mística alusão e promessas da grande Luz. Era irritante que este
cérebro acanhado continuasse falando de preservar a Constituição Inglesa, que ele não
conhecia e a cuja introdução ele tanto resistiu. ... Embora o nosso Ritual revisado, ainda
não bem representando plenamente o texto mais velho, pois nossas mãos ainda
estavam amarradas, se comparou favoravelmente com todos os outros textos conforme
nos afiançaram Irmãos visitantes freqüentemente.

Do que esta acima escrito, podemos concluir de que o texto revisado do Rito da Estrita
Observância - que era ainda o oficial - estava agora em concordância com a usança
Inglesa.

A linha de ação de Schröder estava encerrada consigo mesmo. Mas, ele tinha de
conseguir a aprovação, primeiro da Comissão de Elaboração e depois das Lojas da
Jurisdição de Hamburgo. Isto não foi obtido sem dificuldade. O Irmão Sieveking, um
155

cidadão respeitável e Venerável da Loja "São Jorge" declarou em seu discurso inaugural
em 1789, que as usanças, símbolos e obrigações eram uma farsa e que nenhuma pessoa
sensata deveria dar qualquer valor a elas. Ele somente seria Venerável da Loja, se tudo
isso fosse mudado e o Ritual como conhecemos fosse abandonado. Schröder ficou muito
chocado com essa atitude e quatro semanas após, num discurso enérgico aos Irmãos de
Hamburgo disse:

Acabar com os símbolos significa acabar com a Maçonaria. ... É legal tirar conclusões
adversas dos abusos, contra o todo? Aquele que olha para os hieróglifos como uma
farsa, tem primeiro que nos convencer, em termos não incertos. Meus Irmãos,
considerem antes de tudo, as primeiras lições tiradas das vidas virtuosas de homens
sábios, de estabilidade, de prudência e de sigilo e que nos foram ensinados no primeiro
grau. Pensem nestes grandes preceitos e nos subsequentes modelos! Tudo isto é
baseado na farsa? Mesmos se os velhos costumes não tem mais valor que as práticas
das Guildas dos Maçons trabalhadores da Pedra, mesmo se a interpretação delas é
inteiramente inútil .... é o bastante, elas são a base material da qual a grande corrente
da Fraternidade foi formada e enquanto não permitirmos mudanças maiores, enquanto
permanecermos com o sistema Inglês, por todo este tempo, nossas reuniões estarão
absolutamente livres da intromissão do misticismo, Iluminati e de outros sonhadores.

Não antes de 1791 foi possível se livrar dos Corpos governantes dos "Altos Graus",
introduzidos pelo Rito da Estrita Observância, e do qual os Irmãos estavam ficando cada
vez mais cansados. Seu dirigente era o Irmão, von Exter, que ao mesmo tempo era Grão-
Mestre Provincial sob a Constituição Inglesa. Havia também problemas financeiros para
serem resolvidos porquanto estes Corpos eram responsáveis pela administração das
Lojas da Arte. Ao final, aos "Old Scots", aos "velhos Escoceses", como eles se intitulavam,
foi pago uma certa soma em dinheiro tirado do Fundo Geral.

Desde o começo, Schröder, não se tinha restringido a organizar um novo Ritual, somente
para Hamburgo; ele sempre teve em mente que o mesmo servisse todas as Lojas de
língua Alemã. Algo como um vácuo havia surgido com o colapso do Rito da Estrita
Observância e nesta oportunidade o sistema Sueco do Irmão Zinnendorf, tentou se
introduzir. Nesse tempo houve somente uma outra Grande Loja Provincial sob a
Constituição Ing1esa, era em Frankfurt, trabalhando do mesmo modo que Schröder; Os
Graus simbólicos tinham que concordar com a usança inglesa, mas cada Loja estava livre
para trabalhar qualquer dos "Altos Graus" e isto levou naturalmente, exatamente para
aquelas dificuldades que Schröder conseguiu evitar em Hamburgo. Tem que se salientar
156

que ele de modo nenhum desejou criar um novo sistema próprio. Assim ele se
manifestou em uma carta a Meyer:

Assim como a Franco-Maçonaria se espalhou da Grande Loja de Londres e como


nenhuma Grande Loja pode existir na Alemanha, com a presente situação política, a
coisa certa é de se permanecer sob os auspícios da Grande Loja de Londres, se é para
sermos legalmente reconhecidos em toda parte. Até mesmo as Grandes Lojas França,
Holanda e Suécia, concordaram em não constituírem Lojas fora de suas fronteiras
políticas, de forma a serem reconhecidas por Londres.

A resposta de Meyer foi a seguinte:

É verdade que eu firmemente acredito que uma Loja de acordo com a antiga usança
maçônica não precise de uma Constituição para sua legal existência. Como as coisas
estão, entretanto, eu concordo com você de que é aconselhável ter uma Carta
Constitutiva de uma fonte de Franco-Maçonaria mais nova, e eu estou convencido que
– se tal coisa for negligenciada – estaríamos abertos para toda a sorte de tapeações e
farsas.

Agora deixemos Schröder com suas viagens, durante as quais ele apresentou seu novo
Ritual com sucesso em muitas Lojas sob a Constituição de Hamburgo, ou na sua casa de
campo estudando o material que ele tinha colecionado. Em seguida examinaremos as
fontes de onde ele tirou o material.

A primeira Grande Loja da Inglaterra nunca tinha publicado um Ritual autorizado, pois
era um dos princípios básicos que os trabalhos das cerimonias devem ser apresentados
de cor. O rápido crescimento da Maçonaria, no Continente Europeu de 1730 em diante,
propiciou inevitavelmente a publicação das tais chamadas "exposições" que alegavam
ser textos "autênticos" das cerimonias. Como muitos trabalhos foram publicados sobre
este assunto, é desnecessário tratarmos desta matéria. Qual foi o problema que
Schröder teve que superar, não tendo a possibilidade de trabalhar com um genuíno e
autentico texto?
157

Uma pergunta imediatamente surge: Porque ele mesmo não foi a Londres? Como
homem de trinta ou mais anos de experiência teatral, não deveria haver nenhum
problema para ele memorizar todos os textos de que necessitasse. Ele se apresentaria
aos "Modernos" de onde Hamburgo tinha uma Carta Constitutiva. Mas é bem possível
que ele poderia ter caído nas mãos de Preston ou Dermott. Sabemos que ele havia
planejado uma viagem a Londres levando consigo o amigo Meyer, porque ele falava
apenas pouco inglês, mas tudo acabou em nada. Uma outra pergunta é: porque ele não
pediu a para outro Irmão, que iria a Londres a negócios, para obter as informações que
ele necessitava? Porque ele também não pediu a um dos Irmãos Ingleses que eram
visitantes? Não há resposta, mas é conhecido que ele possuía todas as exposições
existentes, tanto Inglesas como Francesas, que ele estava intrigado pelas publicações de
Preston e que ele estava ciente da existência de duas Grandes Lojas rivais. Entretanto,
ele não sabia, como a maior parte do povo do seu tempo, a real origem dos "Antigos" e
ele parece ter acreditado que eles usavam um sistema de trabalho mais antigo que
aquele dos "Modernos".

Deve ter sido desconcertante para Schröder, achando seu caminho através dos textos a
sua disposição, notar a posição dos Vigilantes, a inversão das Colunas "J" e "B" e, entre
muitas outras diferenças entre "Prichard" e "Three Distinct Knocks". É interessante
notar que depois da União na Inglaterra, nenhuma mudança foi feita no Ritual de
Schröder. Quando seu sucessor como Grão-Mestre Provincial comunicou a Londres a
notícia da morte de Schröder, numa carta datada de 08 de outubro 1816, ele fez um
certo destaque dizendo:

Ele considerou o livro Inglês da Constituição e o velho Ritual Inglês, como as únicas
fontes do fim e da essência da Maçonaria. Ele informou as Lojas sob a nossa jurisdição
e muitas outras sobre isto e em 1801, ele as induziu a adotarem o velho Ritual. Este
texto entretanto foi modificado de forma a reduzir tanto quanto possível as
discrepâncias com aqueles de outras Lojas. Nós, portanto, mantivemos as palavras da
Maçonaria mais moderna, por serem de usança comum no Continente e mais alguns
detalhes. Hoje, trinta Lojas na Alemanha, e seis na Rússia, trabalham com este Ritual,
preferindo o velho Ritual a todos os outros. Schröder muito se lastimou, que as palavras
que haviam sido mudadas no seu Ritual de forma a concordar com a usança Continental,
foram agora restauradas para a velha forma na Inglaterra, conduzindo à situação
desafortunada, que outras palavras, a maior parte desconhecidas no Continente, estão
agora sendo usadas na Inglaterra.
158

Incidentalmente, o comentário de Schröder sobre uma publicação do Irmão Bode, que


era um membro de destaque da Estrita Observância, bem ilustra a confusão reinante
nas mentes dos franco-maçons Alemães. O Ir. Bode estava convencido que os Rituais
Ingleses foram inventados pelo Clero Católico Romano bem como da oposição das
Colunas "J" e "B". Schröder escreve:

Bem, se em todas as velhas Lojas Inglesas, mesmo naquelas trabalhando como na versão
de Prichard, o Aprendiz recebe o seu salário na coluna "J" e o Companheiro na "B",
porque Bode não interpreta "J" e "B" como "Ignatius Benedictus" que estaria mais de
acordo com sua teoria?

Neste contexto, um breve comentário sobre este problema particular pode ser útil. No
tempo de Schröder, depois da dissolução da Sociedade de Jesus em 1773, uma reação
muito forte contra este Corpo Religioso tinha se espalhado por todo o Continente
Europeu e não somente pelos Países Protestantes. Seus membros foram acusados de
tentarem se infiltrar na Franco-Maçonaria, principalmente com o graus Cavalheirescos
e Templários. Schröder e muitos de seus amigos foram influenciados por esta reação e
muitos panfletos foram editados atacando ex-membros da Sociedade com grande
violência. Muitos eminentes contemporâneos como Lessing, Barão Knigge, Biester e
Nicolai na Alemanha, De Bonneville, Ragon e Rebold na França e Capitão Smith na
Inglaterra, tomaram parte nesta campanha anti-Jesuítica. Um dos principais argumentos
foi, que a Franco-Maçonaria havia sido organizada na Inglaterra pelos Jesuítas, como um
movimento anti-Protestante da Igreja Católica Romana. De Bonnevilie, por exemplo,
acreditou que a exposição de Prichard era de origem Jesuítica, assim como também o
Irmão Bode, conforme explicou num longo memorando ao Duque de Brunswick,
Soberano do Rito da Estrita Observância. Ele, tentou provar que cada simples elemento
ritualístico continha uma alusão a Roma, a Becket ou aos Jacobitas. Suas referencias
eram dos Rituais baseados em Prichard. Quando Schröder chamou sua atenção ao
"Three Distinct Knocks", Bode respondeu:

Eu mesmo tenho "Three Distinct Knocks" mas não o acho muita coisa. Acredite na minha
palavra, na realidade os rufiões são nem mais nem menos que os Reformadores do
século 16 e que H. A. não é mais que a hierarquia Romana.

Schröder, como um homem equilibrado, não seguia seus amigos até este ponto; ele
lembrou a Bode que nas antigas Lojas não havia Altar, mas apenas uma simples mesa
159

para colocar o Livro da S.L. De qualquer maneira Schröder decidiu usar o "Three Distinct
Knocks" como material básico do seu trabalho. Ele tinha um grande numero de Rituais
e Catecismos impressos de origem Inglesa, Francesa e Alemã a sua disposição, pois todas
as Lojas Continentais trabalhavam com o texto impresso e ainda hoje assim o fazem.
Teria sido interessante se tivesse sido possível apresentar o texto do "Three Distinct
Knocks" junto com o texto final de Schröder de 1816 na forma de um resumo. De
qualquer modo, como este texto representa, com algumas adaptações de linguagem, o
Ritual usado hoje pela maioria das Lojas de língua Alemã, incluindo a Loja "Pilgrim" de
Londres, seria impróprio assim fazer. O Irmão Milborne em seu importante trabalho
apresentado no Livro "Ars Quatuor Coronatorum" nº 78, publicou um resumo, mas,
ambos seus documentos básicos eram exposições, enquanto neste caso, uma exposição
havia sido transformado em um autentico Ritual. Contudo esta bem claro nos
comentários feitos por Schröder, que ele tinha idéias próprias e uma concepção clara do
que ele deveria inserir na estrutura do "Three Distinct Knocks", e portanto, estes
comentários serão dentro do possível dados em extenso. Aqueles que gostariam de
fazer um estudo mais minucioso devem ter como referencia uma cópia do Ritual de
Schröder do ano de 1816. As idéias de Schröder se tornam obvias pela leitura atenta do
seu próprio texto. As citações são da edição de 1815 do seu "Materialien zur Geschichte
der Freimaurerei (Matéria para a Historia da Franco-Maçonaria), e que daremos a baixo:

Eu espero que o Ritual completo explanará melhor minha própria opinião, do que os
fragmentos dos primeiros parágrafos. Não deve ser esquecido que eu de modo algum,
considero que este ritual ("Three Distinct Knocks") seja o original. Talvez se tenha
desenvolvido gradualmente a uma certa perfeição, pois deve ter sofrido mudanças, pelo
menos quando a Igreja Protestante tornou-se dominante. As Lojas Unidas (isto é,
aquelas de Hamburgo e Berlim) já conhecem este Ritual de uma coleção de textos, mas
as observações neles servem somente para mostrar a diferença entre a velha e a nova
Franco-Maçonaria e eu não podia levantar todo o véu. Portanto, eu agora apresento
para os meus leitores uma tradução consciente, para que se faça um exame
conveniente. O pequeno livro abriu os meus olhos e faz as minhas afirmações altamente
prováveis é chamado: "Three Distinct Knocks at the Door of the most Ancient
Freemasonry" (As Três Batidas Diferentes na Porta da mais Antiga Franco-Maçonaria".

Damos abaixo o prefacio do "Three Distinct Knocks" que é importante porque conclui
assim no fim:
160

Depois eu fui convidado para ir a uma Loja Irlandesa que se denominavam os mais
antigos Maçons e que mantém sua Grande Loja na Taverna dos Cinco Sinos no Strand e
que é todo o assunto deste livro, e não o outro, porque já há um livro publicado chamado
"Masonry Dissected (Maçonaria Dissecada) que foi publicado no ano de 1700 (sic) e eu
acredito que era toda Maçonaria que se fazia usar naquele tempo; mas não é nem a
metade do que é usado agora, embora seja o melhor que já foi escrito sobre o assunto
antes disso.

O comentário de Schröder foi: do precedente, segue sem nenhuma sombra de dúvida


que esta Loja, constituída pela Grande Loja de Londres, trabalhava com ura Ritual que
simplesmente correspondia com a "Maçonaria Dissecada" de Prichard. Ele também
corrige a data da publicação que não foi 1700 e sim 1730. Schröder agora faz algumas
observações preliminares sobre o texto de "Three Distinct Knocks" que está
parcialmente em linha com o original, mas também contém algumas adições, que são
reconhecíveis como a que segue: ele dá a Coluna "B" para o 1º Vigilante e a "J" para o
2º Vigilante. Numa nota claramente reconhecida, como sua própria, ele assegura que
nenhum alvião (maço) originalmente tinha sido usado, mas que o Venerável e seus
Vigilantes usavam um Bastão de sete pés (2,10 m) para abrir e fechar a Loja. Ele
acrescenta que aparentemente nada era desenhado no retângulo no centro da Loja.
Segue uma tradução de palavra por palavra por Schröder, comparando-o com "J e B" e
com Prichard. Isto e também válido para o Catecismo dos Aprendizes que se segue
depois. Pode-se notar que em alguns trechos a tradução que ele usou continha
incorreções ou que o conhecimento da língua Inglesa de Schröder não era muito grande.
Por exemplo, ele parece acreditar que durante a Iniciação, os Irmãos sentavam em volta
de uma mesa com uma Poncheira e copos no centro. É difícil imaginar como com tal
arranjo, o Mestre ia do Oriente para o Ocidente onde se supunha que era onde o
Candidato se ajoelhava. A posição das mãos durante a obrigação do primeiro Grau,
como observado na Constituição Escocesa e outras, nunca foi costume no Continente
Europeu e Schröder presta especial atenção a esta parte da cerimônia. Lamentando que
mais nenhuma explicação é dada, ele sente que esta posição força o candidato, quando
lhe e restaurada a Luz, antes de tudo, ver as Três Grandes Luzes ante seus olhos. Quanto
a velha obrigação, ele concorda com a sugestão de Herder, que esta não deve ser lida
para o candidato, mas deve ser incluída no Catecismo ou comunicada numa Loja de
Instrução. Como o Diretor de Cerimonias não é mencionado nas exposições, ele não
inclui este Oficial no seu Ritual; suas funções foram distribuídas aos Diáconos. Na
verdade, a maioria das Lojas Alemãs hoje em dia tem um Diretor de Cerimonias, embora
seja ele conhecido como Mestre de Cerimonias. Os comentários de Schröder sobre o
método de dar o Sinal, Toque e Palavra são interessantes:
161

Antes dele dizer alguma coisa, ele tinha de ser instruído. Parece que ele tinha estado
ajoelhado até então. Diversas razões me levam a duvidar, que nesse original arranjo,
nenhuma palavra foi dita sobre o Templo Salomônico. Como é que neste Ritual e no
Catecismo de Prichard, "B" vem antes de "J"? "B" era sênior e "J" júnior e na Bíblia
também a ordem é "J" e "B". Dr. Kause corretamente diz que deve ser "J" porque "ele
será elevado". Pose-se suspeitar que a mudança na Ordem começou, senão no começo,
então depois de 1725, quando o primeiro e o segundo grau eram dados juntos; a
verdade pode-se encontrar nos documentos na Primeira Grande Loja da Inglaterra antes
de 1725.

Alguns anos antes, quando todos esses problemas já se achavam em sua mente,
Schröder havia escrito uma longa carta ao Grande Secretário, Irmão White, em Londres,
solicitando detalhes ritualísticos. Esta carta, prova, que embora ele estava ciente sobre
a existência das duas Grandes Lojas, ele não sabia as causas do surgimento dos
"Antigos". O rascunho foi enviado a Meyer para traduzir; Meyer devolveu com este
comentário: "White certamente fará o melhor possível para ser explicito na sua
resposta, mas se ele é forçado a ficar calado, isto é, confessar sua ignorância, então
sabemos pelo menos que não podemos esperar muito de lá".

Era somente natural, que nenhuma resposta se recebeu de Londres. A Grande Loja,
naturalmente, declinaria de discutir assuntos concernentes ao Corpo rival e de qualquer
modo, não estaria de acordo com o hábito inglês de discutir questões do Ritual por
escrito e muito menos com um Irmão desconhecido.

Comentando sobre o discurso dirigido ao novo Aprendiz e a "Corda", a opinião de


Schröder é bem definida:

Toda esta aparelhagem não é bem adequada para um homem educado. Poderia ter sido
inventada somente para as classes baixas e a resposta do Aprendiz confirma isto sem
dúvida. Por outro lado, nenhum Construtor ou Mestre de Obras poderiam ter inventado
isto, teriam eles tratado ou punido seus vigorosos trabalhadores desse modo.
162

Aqui vemos a influência de Herder bem clara. Num memorando para o rascunho de
Schröder, ele escreveu:

Não pode ser negado, que o todo das cerimônias dos Maçons Operativos, são para nós
estranhas e fora de moda e não contém nada de inspirador. Já no fim do século (17) isto
foi sentido mesmo na Inglaterra onde as tradições das várias Artes eram tidas em alta
estima. Portanto os símbolos mais finos de, por ex. Arquitetura, foram adicionados aos
símbolos da pura Arte Operativa. Tomando isto em consideração, devemos evitar
qualquer coisa grosseira; mesmo as perambulações não devem ser chamadas de provas
perigosas e escabrosas .... Somente com muita cautela podemos preservar essas velhas
usanças que ficaram para trás.

O nó corrediço e o cabo de reboque nos mostram falta de compreensão nas praticas


ritualísticas Continentais. Que o candidato entrava na Loja, com uma corda no seu
pescoço, foi dado um significado espiritual e simbólico pelos Franceses, indicando que
ele ainda estava preso ao mundo profano fora da Loja. Esta interpretação, embora se
ajustasse bem quando as suas idéias, não foi adotada por Schröder. O cabo de reboque
na forma tradicional da obrigação, tem pouco significado para os Irmãos do Continente
que não viajam. A corda com nós místicos em intervalos, que aparece com certa
proeminência nos painéis das Lojas do Continente ou que e vista circundando as paredes
do Templo, tem sido assunto para muita especulação. Ritualistas, como Boucher e
Plantagenet deram longos comentários sobre ela e no dicionário de Ligou, é afirmado
que este elemento decorativo poderia ter sido derivado do Brasão dos Eclesíastas e que
um significado simbólico foi adicionado depois, ou seja, que esta corda representa a
Fraternidade.

No "Three Distinct Knocks" ao joelho nu e uma explicação que até mesmo o autor
anônimo acha uma "tolice". Schröder comenta que a resposta não é uma sensível
espiritualização particular".

Durante o tempo em que analisava os textos que tinha em sua frente, Schröder nunca
deixou de pedir conselho a Meyer. Por exemplo, quando ele procurou explanações do
Compasso sobre o volume da Sagrada Lei. Meyer sentiu que a tradução das palavras
"para nos conservar", em alemão só podia significar "para todos os homens e
especialmente a um Irmão". Em outras palavras as Três Grandes Luzes são símbolos de
nosso dever para com Deus, para nós mesmos e para com nosso próximo. O símbolo de
163

união com os nossos Irmãos, e a forma da própria Loja, um retângulo. De acordo com o
velho Ritual, o Compasso não e para desenhar, nem para unir, mas, para medir e
determinar limites. Para nos conservar sujeitos, nada mais significa que preservarmo-
nos dentro de limites. O Esquadro determina a precisão dos nossos passos para com nós
mesmos. Assim o Volume da Sagrada Lei, deve simbolizar uma crença num Ser Superior,
numa ordem do mundo mais elevada porque seria supérfluo deixá-lo simbolizar moral,
porquanto o Esquadro e Compasso estão lá para esse fim.

BIBLIOGRAFIA:

Revista Theorema, Ano 4, N.º 19, da Loja Pitágoras II, Or de Brasília, DF

Rituais do Rito de Sschröeder editados pela Grande Loja do Estado do Espírito Santo

O Rito Schröder
Ir Ari de Sousa Lima (*)

É um Rito originário da Alemanha e segue a corrente dos Modernos. É Moderno porque


tem o seu desenvolvimento maçônico nos princípios da Grande Loja de Londres,
conhecida como a Grande Loja dos Modernos, a quem esteve filiada desde 1740 até 1811,
quando se transformou na Grande Loja de Hamburgo.

“É um rito simplificado próprio para os dias modernos. Ele exige


apenas atitudes simples, para que possamos viver em fraternidade.
E é a isto que a Maçonaria se propõe. Ela não é um estado social
como muitos pensam ser. Ela é um estado de espírito, uma união
de pessoas que se consideram irmanadas na busca de um
pensamento humanitário para o mundo. Isto está espelhado nos
rituais dos graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre. É muito
importante a leitura constante destes rituais, pois só assim
poderemos entender a mensagem do Irmão Friedrich Ludwig
Schröder” - Ir∴ Antônio Gouveia Medeiros – Secretário Geral de
Orientação Ritualística do GOB.

O Rito Schröder nasceu no século XVIII o “Século das Luzes”, auge do Iluminismo,
quando pensadores como Schröder, Goethe, Herder, Schiller, Voltaire e o Imperador
Frederico II, semearam os conceitos de Igualdade e Fraternidade entre todos os homens,
independente de nacionalidade, raça, credo ou posição social.
164

Esta é a Filosofia do Rito: a educação do maçom para a construção de uma verdadeira


Fraternidade.

A definição a seguir, traduz com muita propriedade, o ideal de Humanitarismo que


buscamos nas Lojas do Rito Schröder: “O verdadeiro humanitarismo se inspira, em
última análise, num sentimento de solidariedade humana que é única motivação para
todas as filosofias e todos os credos” - Com o CAM do Ir∴ Rui Jung Neto

Algumas particularidades do Ir. Schröder – o criador do Rito:

O Irmão Schröder (Friedrich Ulrich Ludwig Schröder). Um dos reformadores da


Maçonaria deste País. Teatrólogo (autor de peças teatrais). A elaboração de textos
dramáticos era o seu feitio e profisasão. Ator e Produtor como seus pais e proprietário de
teatro em Hamburgo. Embora com habilidades lingüísticas limitadas, era capaz de adaptar
peças de teatro dos originais Franceses e Ingleses. Mesmo sem conhecer Latim e Grego,
adquiriu grande cabedal de conhecimento pelo auto-estudo. Acima de tudo se destacava
pelo seu caráter forte e sincero.

O primeiro a traduzir para o Alemão, dirigir e interpretar as principais obras de


Shakespeare. Aos 35 anos, era considerado o maior ator da Alemanha. Respeitado por
sua conduta ilibada. Preocupado em proteger os direitos autorais e pela forma como
tratava os atores e atrizes de sua companhia.

Privava desde a mais tenra idade com a nobreza germânica e, depois, com os mais
proeminentes homens do seu tempo: Herder, Lessing, Goethe, Fessler, Schiller, e era por
todos admirado e respeitado.

Iniciado aos 29 anos na Loja “Emanuel” do Rito Estrita Observância, dominante na época,
num período em que o caráter da Franco-Maçonaria Inglesa como originalmente
introduzida em Hamburgo tinha se perdido. Lojas dominadas pelo misticismo, alquimia,
Rosa-Cruzes e Iluminados e este, introduziu formas de cavalheirismo e "Altos Graus"
importados da França. Este, de forma sintética, o quadro caótico da Maçonaria Alemã na
época.

Schröder entendia serem seguintes, os objetivos da Franco-Maçonaria:

“Caridade no sentido mais amplo é a característica e o espírito da Franco-Maçonaria.


Disto resulta que bondade no coração seja a principal condição exigida por nossa
sociedade como nos velhos tempos. Sentimento este que sempre esteve presente em nosso
espírito e ações desde tempos imemoriais; até mesmo em seus banquetes fraternais, onde
irmãos hesitavam comer em abundancia caso não tivessem contribuído para secar
algumas lagrimas produzidas pela pobreza. É verdade que a Franco-Maçonaria colocou
na cabeça os objetivos mais excêntricos, dividiu-se em varias seitas, porém nunca cessou
de difundir – e sobretudo de praticar – a virtude da caridade. Trata-se de um mandamento
fundamental da Fraternidade, cuja implementação cumpre que seja feita com toda a
determinação e sabedoria.

O Ir. Schröder acreditava que a Caridade era a manifestação concreta do ideal maçônico.
Era humanitário por excelência e para tal, criou um consórcio para o bem geral (modelo
165

de cooperativa), pesquisas maçônicas e administração das Lojas que, entre outras obras,
financiou a construção do Hospital Maçônico de Hamburgo e da Fundação Pró-criança
(ainda existentes) e de uma caixa de pensão para atores, esta constituída com uma parcela
de sua fortuna pessoal.

Cronologia histórica do Rito e de seu criador:

• 1744 (03.11) – Nasce Friederich Ludwig Schröder


• 1774 (08.09) Loja Emanuel = Emanuel zur Maienblume (Emanuel a Flor de
Maio) Hamburgo – Alemanha;
• 1775 Schröder foi elevado ao Grau de Mestre;
• 1782, no Congresso de Wilhelmsbad, surgiu na Alemanha a idéia de se elaborar
um novo ritual, procurando eliminar os erros e dúvidas decorrentes do que era
então utilizado;
• 1783, constituída uma Comissão para reerguer a Maçonaria de acordo com sua
origem Inglesa;
• 1787 (28.06), eleito VM da sua Loja-mãe;
• 1788 o Irmão Friedrich Ludwig Schröder como convidado passou a integrar de
fato esta comissão. De imediato começou por reunir as antigas exposições e
fazendo anotações gerais. Fez também, contato com o Irmão Fessler, em Berlim,
que estava empenhado em tarefa semelhante. Como na Inglaterra não existissem
rituais escritos para tomar como base, solicitou ao Irmão von Gräfe para que, de
memória, escrevesse os procedimentos adotados pelas Lojas de Londres;
• 1790 (Agosto) uma comissão de doze irmãos, entre os quais figurava Schröder,
reuniu os Usos e Costumes em vigor (fazendo novo Ritual). Estudou
principalmente os livros “As Três Batidas Diferentes na Porta da Mais
AntigaFranco-Maçonaria – The Three Distinct Knocks at the Door of the Most
Ancient Free-Masonry” (1760), e “Maçonaria Dissecada - Masonry Dissected”
(1730), de Samuel Prichard, que continham as práticas maçônicas utilizadas pelas
Lojas de Londres entre 1730 e 1760. (o MD é o mais antigo, mas Schröder
acreditava que fosse mais novo que o TDK); bem como “Jachin e Boaz” (Jachin
and Boaz) uma variação destes dois;
• 1791, o novo ritual foi apresentado ao Grão-Mestre Provincial, Irmão von Exter.
Porém, como o texto não correspondeu a sua opinião, o GM não o aceitou;
• 1794, eleito Grão-Mestre Provincial Adjunto da Grande Loja de Hamburgo;
• 1799 (a 12.04), com o falecimento do Irmão von Exter, o caminho finalmente
ficou livre para a introdução de um novo ritual, o que aconteceu;
• 1801 (29.06), na Assembléia Geral dos Veneráveis Mestres (Mestres de Lojas das
cinco Lojas de Hamburgo) da Grande Loja Provincial da Baixa Saxônia e
Hamburgo quando, já sob o malhete do G. M. Friedrich Ludwig Schröder, o texto
foi oficialmente aprovado, conquistando numerosas Lojas em toda a Alemanha e
em outros países, entre os quais o Brasil, Rito este, passando a ser praticado,
principalmente, por maçons de origem alemã e que recebeu o nome de seu
fundador;
• 1811 a Grande Loja de Hamburgo, também pelo trabalho de Schröder tornou-se
independente da Grande Loja de Londres;
• 1814 – eleito Grão-Mestre da Grande Loja de Hamburgo e da Baixa Saxônia;
• 1816 (03.09) seu falecimento: aos 72 anos, gozava de grande prestígio no mundo
profano, como sempre foi;
166

• 1816 (08.10), através de carta à Grande Loja de Londres, o Grão-Mestre seu


sucessor comunicou o falecimento do seu antecessor e disse: “Schröder
considerava a Constituição Inglesa e o velho Ritual Inglês, como as únicas fontes
da finalidade e da essência da Maçonaria”. No outono deste ano, após a nova
revisão feita por Schröder, foi impresso o manuscrito final.

O TEMPLO

Templo da Loja Absalom nº 1 (Hamburgo – Alemanha)

Decoração (Loja de Aprendiz)

Templo do Rito Schröder – Palácio Maçônico da GLMERGS

O Altar do Templo é revestido na cor azul-claro.

AVENTAIS E COLAR DO OFICIAL Os Aprendizes usam avental de couro branco com


fita preta para fixação. A abeta do avental do Aprendiz é levantada. A abeta do avental
do Companheiro fica abaixada e possui um debrum azul-claro com cerca de três
centímetros de largura. O avental do Mestre, além disto, é totalmente debruado de azul-
claro.

Todos os Irmãos se apresentam em Loja em traje social, com luvas brancas e cartola.

Em Loja nenhum Irmão tira a cartola como um sinal de respeito. A espada e o punhal não
são usados em Loja. Se alguém comparecer com arma, esta é recolhida e entregue após o
trabalho.

Todo o membro da Loja porta o seu distintivo de membro preso a uma fita na cor azul-
claro no lado esquerdo do peito.

Os Grandes Oficiais visitantes e Mestres Instalados têm lugares de honra no Oriente, ao


lado do Altar.

Os Oficiais da Loja ocupam os seguintes lugares: o Venerável Mestre senta-se no Oriente,


atrás do Altar. O Venerável Mestre Adjunto a sua esquerda. O 1o Vigilante tem seu lugar,
junto à coluna Noroeste, de frente para o Oriente; o 2o Vigilante, junto à coluna do Sul,
de frente para o Norte.

O Tesoureiro senta-se no Nordeste; o 1o Diácono à sua esquerda. O Secretário senta-se


no Sudeste, ao seu lado o Orador. O 2o Diácono fica perto do 1o Vigilante.

O Guarda do Templo fica junto à porta interna da Loja;


167

Nas laterais sentam-se os Irmãos; os Aprendizes sempre ao Norte.

Sobre o Altar, encontra-se a Bíblia fechada, sobre ela o Esquadro com o vértice voltado
para o Ocidente, e o Compasso, aberto em ângulo reto, cujas pontas apontam para o
Ocidente e ficam encobertas pelo Esquadro; o Ritual, o Malhete e uma vela pequena, com
a qual, posteriormente, são acesas as velas sobre as mesas dos Vigilantes. Na Iniciação, é
colocado diante do Altar um banquinho para o Compromisso.

TAPETE DE TRABALHO: O Tapete está estendido no centro do Templo, ficando em


torno dele, as três colunas, com as velas grandes, sendo uma no Nordeste, uma Coluna no
Noroeste e uma Coluna na metade da orla Sul do Tapete.

Cada um dos Vigilantes senta-se junto à sua coluna à orla do Tapete, numa mesa,
guarnecida com Malhete, ritual e uma vela, onde é acesa a vela grande. O 1o Vigilante,
junto à Coluna Noroeste e o

2o Vigilante, junto à Coluna do Sul. Por ocasião de uma Iniciação, é colocado um


compasso sobre a mesa do 1o Vigilante.

Sobre a mesa do Tesoureiro ao Nordeste, estão: uma vela e a esmoleira. Nas votações
secretas aí fica a caixa do escrutínio que é de responsabilidade do Primeiro Diácono. Na
iniciação, aí também fica o avental, o distintivo da Loja para o novo Irmão e as luvas
brancas femininas.

Cada Diácono porta um bastão branco de dois metros na condução dos Irmãos.

Sobre a mesa do Secretário, ao Sudeste, estão: uma vela, a Constituição do Grande


Oriente do Brasil, o Regulamento Geral, o Regimento da Loja, o Livro de Atas e o Livro
de Presenças.

PLANTA DO TEMPLO

Legenda

1 - Venerável Mestre

2 - 1o Vigilante

3 - 2o Vigilante

4 - 1o Diácono

5 - 2o Diácono

6 - Secretário

7 - Tesoureiro
168

8 - Orador

9 - Guarda do Templo

10 - Preparador

11 - Grão-Mestre Geral ou Grão-Mestre

Geral adjunto ou Delegado do Grão-Mestre Geral

12 - Grão-Mestre Estadual ou Grão-Mestre Estadual adjunto ou Mestre Instalado anterior


mais recente da Loja

A - Altar

B - Banquinho

C - Coluna do Nordeste

D - Coluna do Sul

E - Coluna do Noroeste

F - Mesa do Tesoureiro

G - Mesa do Secretário

H - Mesa do 1o Vigilante

I - Mesa do 2o Vigilante

J - Grupos de Irmãos

K - Grandes Oficiais e Mestres Instalados

L - Tapete

M - Pavilhão Nacional

N - Bandeira do Grande Oriente do Brasil

Observações:
1. – O Templo é, em princípio, num só plano.

2. – O Púlpito para oratória pode ser colocado no local mais conveniente.

3. – O local do Preparador só é ocupado nas Iniciações.


169

4. – O Local do Orador será ocupado por designação do Venerável Mestre.

5. – O Mestre de Harmonia fica em local onde possa exercer melhor sua função.

6. – A porta do Templo é no Ocidente.

7. – O Venerável Mestre fica atrás do Altar. O Grão-Mestre ou Grão-Mestre Adjunto fica


ao seu lado direito.

8. – Aos lados do Altar, com a frente para o Ocidente, ficam os Grandes Oficiais,
Veneráveis Mestres e Mestres Instalados visitantes.

9. – Não havendo lugar no Oriente, a primeira fileira do lado Sul é reservada como lugares
de Honra.

10. – Os Oficiais da Loja ficam fora do Oriente e na frente dos grupos de Irmãos.

11. – Na Loja de Aprendiz, a primeira fileira do Norte, próxima ao Tapete é reservada


aos Aprendizes. Na de Companheiro, aos Companheiros. Na de Mestre, aos Mestres
novos.

12. – É obrigatória a presença das Bandeiras do Brasil e do Grande Oriente do Brasil


em Loja.

A ABERTURA DA LOJA

Entrada dos Oficiais na Loja

O Venerável Mestre deve estar no Templo, em regra, uma hora antes do início do
Trabalho para poder despachar com seus Oficiais sobre os assuntos de sua agenda para o
Trabalho e para contatar com os Irmãos que desejarem apresentar algum trabalho, pois
ninguém pode se manifestar sem o seu conhecimento prévio e autorização.

Os Diáconos, antes da abertura da Loja, devem verificar se ela


está preparada. Se não há falta de algum móvel ou instrumento de
trabalho, se todos os cargos estão ocupados, se todos os Oficiais estão
paramentados etc. O 1º Diácono deve ainda, verificar quais Oficiais
estão ausentes, chamando os seus substitutos.

A coisa mais desagradável que existe é constatar, durante a abertura da Loja, a falta de
cadeiras para autoridades e convidados, falta de instrumentos de trabalho, Oficiais sem
os colares, cargos não preenchidos, entre outros. Aí começa o corre-corre, o improviso, a
procura desenfreada por objetos faltantes. Tudo isso, desarmoniza a Loja, prejudica o
início dos trabalhos e, além de comprometer o seu desenvolvimento, revela incúria por
parte dos responsáveis por estas tarefas.

Na verdade, quem prepara a Loja são os Vigilantes e seus Adjuntos.


Aos Diáconos cabe a verificação final se está tudo conforme para que
170

os trabalhos possam ser iniciados assim, com a tranqüilidade


necessária e indispensável. Para isso, os Vigilantes devem comparecer
com pelo menos trinta minutos de antecedência para as providências
preliminares. Cada Vigilante deve ter tantos Adjuntos quantos forem
necessários para que as tarefas sejam divididas e não haja sobrecarga
sobre um determinado Irmão.

Estando a Loja devidamente preparada, o Venerável Mestre convida para que todos os
Oficiais assumam os seus devidos lugares. Em seguida todos ficam de pé e o Venerável
Mestre determina a introdução dos Irmãos do quadro e Visitantes por intermédio do 1º
Diácono.

Tem início a Abertura da Loja.

O Mestre de Harmonia executará uma peça musical, preferencialmente do gênero


clássico, para manter um ambiente agradável no interior do Templo durante a introdução
dos Irmãos do quadro e Visitantes.

O Guarda do Templo permanecerá no seu posto, do lado de fora da porta da Loja,


até ele dar as três batidas na porta, respondendo as do 2º Diácono durante os
procedimentos de abertura. Então, ele entra no Templo e se coloca junto à porta. Cabe ao
Guarda abrir e fechar a porta do Templo.

de Entrada

O Cortejo, segundo o ritual de Schröder de 1960, circunda o Tapete, seguindo do


Ocidente pelo Norte ao Oriente. Chegados ao Oriente, o 1º Diácono indica os lugares aos
Grandes Oficiais e Mestres portadores de Esquadro, enquanto o 2 Diácono faz
permanecer no Ocidente o cortejo dos Mestres, Companheiros e Aprendizes, até que os
Irmãos no Oriente estejam de pé, em seus lugares. Em seguida, determina que os Mestres
ocupem os lugares no Sul, os Companheiros no Sul e Norte, e os Aprendizes ao Norte (1ª
fileira)

No ritual original não existia o cortejo os Irmãos adentravam no Templo sem qualquer
cerimônia e “quando estiver reunido um número legal de Irmãos, os locais dos Oficiais
estiverem ocupados, e tiver passado um quarto de hora depois da hora marcada, o
Venerável Mestre dá uma batida, que é repetida pelo segundo e primeiro Vigilantes, após
o qual todos os Irmãos seguem aos seus lugares”.

Abertura do Trabalho

A Verificação da cobertura em relação aos Irmãos é feita através 1º Diácono antes da


formação do Cortejo. No Rito Schröder cabe ao 1º Diácono esta verificação. Dentro do
Templo o Venerável como em qualquer rito pergunta qual a primeira preocupação de um
maçom. São dadas a batidas regulamentares na porta do Templo, sendo respondido que a
Loja está coberta. A partir deste momento a Loja está a coberto dos olhos profanos,
devendo ser cumpridas todas as formalidades exigidas pela ritualística.
171

A abertura do Tapete é o ato de abrir o painel na ritualística, introduzido em 1960,


para que seguisse o mesmo procedimento dos demais ritos. No ritual original ele fazia
parte da decoração da Loja. Os Diáconos por determinação do Venerável Mestre
estendem o Tapete. O Guarda do Templo tinha responsabilidade de desenhar o painel da
Loja no assoalho e após, os Irmãos tomavam suas posições.

O Acendimento das velas auxiliares durante o cerimonial de abertura, também


instituído pelo ritual de 1960. O Venerável Mestre acende a vela auxiliar do Altar e a
entrega ao 1º Diácono que acende as velas auxiliares das mesas dos Vigilantes, e se coloca
junto à coluna do Nordeste.

O Venerável Mestre e os Vigilantes que representam as Colunas da Loja, a Sabedoria,


a Força e a Beleza acendem as velas grandes (as Três Pequenas Luzes) nas velas auxiliares
com as palavras respectivas. As chamas nos dão uma visão de vibração, por isto elas,
simbolizam a produção, assim como está no catecismo: “porque sem elas, nada de
esmerado poderá ser produzido”. O trabalho é um ato de criação, assim a sessão também
é um ato de criação é a continuação do trabalho do nosso Criador.

Catecismo Funcional é realizado para que cada Oficial esteja consciente de suas
competências. A cada pergunta do Venerável Mestre, o oficial dá a sua posição e
atribuições. Também nós em nosso dia-a-dia, devemos estar conscientes de nossas
atribuições no cumprimento de nossas funções para que possamos realizar um trabalho
com êxito.

A oração é o momento de reflexão para o Trabalho. Para qualquer Trabalho, mesmo o


profano deve ser antecedido por uma reflexão para que o nosso subconsciente passe a
participar da atividade que será realizada.

Na Declaração de Abertura dos Trabalhos o VM diz: “A Loja está aberta. Que cada
um esteja consciente do seu dever, e que esta hora seja abençoada”. Nós devemos em
nossas atividades diárias estar conscientes de nossas obrigações e sentirmos que estamos
realizando uma atividade abençoada, e, abençoado será também o produto de nossas
atividades.

Com a Saudação estaremos realmente iniciando a nossa atividade. Sempre damos


início a qualquer atividade com uma saudação.

A Loja está Aberta. Este é o período que o VM coloca em execução a agenda que ele
preparou. Ele pode iniciar com a saudação aos visitantes, a leitura da ata os demais
assuntos agendados. Por exemplo: Leitura do expediente do Venerável Mestre, Leitura
do expediente da secretária, Leitura de atos oficiais, Escrutínio Secreto, Apresentação de
Trabalhos, Palestra, Instrução, Deliberação sobre assuntos pendentes, Filiação,
Regularização, Iniciação e outros assuntos. Nada acontecerá sem que ele já tenha
conhecimento. O Irmão que desejar fazer qualquer apresentação deverá ter sido
autorizado com antecedência pelo VM. Tudo o que for discutido deverá ter o parecer da
Comissão respectiva. O Venerável Mestre deve apresentar em cada sessão algo de
aproveitamento aos Irmãos (espiritual, moral, ético e etc.). Para isto ele conta com o Irmão
Orador. O êxito da Sessão (Trabalho) dependerá da boa preparação do primeiro malhete.
172

Com a Loja Aberta é recepcionado o Grão-Mestre (Geral ou Distrital).

Visitantes não tomam parte nos debates e votações de assuntos internos da Loja.
Assim a introdução dos Irmãos do quadro é feita sem eles. Após a Loja decidir os seus
assuntos internos, ocorrerá o ingresso dos visitantes que será do mesmo modo do cortejo:
O Venerável Mestre determina que o 1ºDiácono introduza os Irmãos visitantes.

Todos devem estar de pé durante a introdução dos visitantes. Comandar a ordem fica
a critério do Venerável Mestre. Atenção: Se os visitantes forem introduzidos e tendo
matéria interna a serem resolvidas, eles participarão delas, pois, lhes foi concedida
autorização para tal. Não deve ser vedada aos visitantes a participação em assuntos
internos da Loja se lhes for permitido o ingresso antecipadamente.

A INICIAÇÃO

PREPARAÇÃO DO CANDIDATO

Para a preparação, o Garante sem vestimenta maçônica, conduz o Candidato (trajado


segundo norma do Grande Oriente do Brasil, com gravata borboleta branca, luvas brancas
e cartola) ao recinto para tal reservado, onde o deixa com palavras de recomendação e
pede que tenha confiança no Irmão Preparador.

O Garante deve entregar ao Tesoureiro, mediante recibo, as taxas referentes a


admissão.

O que o Preparador tem que dizer ao Candidato, nunca deve ser lido, mas dito
livremente.

O Preparador, acompanhado por um Irmão mais moderno, geralmente um


Companheiro, ambos sem paramentos, cumprimenta com formalidade o Candidato.

Solicita ao Candidato que leia as sentenças e responda as perguntas do Preparador:

1) buscais admissão em nosso meio por vossa livre vontade ou se foi por uma
persuasão, que poderia ser considerada como uma interferência em vossas convicções?

2) Quais os motivos foram determinantes na sua decisão de procurar uma Loja


Maçônica.

3) Como Maçom devereis ainda assumir obrigações especiais cujo cumprimento


prometereis solenemente. Estás decidido a cumprir estas obrigações de modo sincero e
consciencioso?

DECLARAÇÃO

Solicita que o Candidato tire as luvas e as coloque no bolso do paletó. Em seguida


solicita a ele o preenchimento da Declaração e ainda, datar e assinar a mesma. (formulário
próprio)
173

ENTREGA DA CARTOLA

A primeira demonstração de que estais dispostos em submeter-vos a estas provas será a


de nos entregardes a vossa cartola a qual para nós vale como um símbolo da liberdade.

CÂMARA ESCURA

O Candidato é conduzido à Câmara Escura. Tem início o primeiro ato propriamente


dito da iniciação, pois ele deverá sempre lembrar que ele veio a este mundo de um lugar
escuro.

O Candidato faz o seu testamento moral ao responder as perguntas apresentadas.


(Testamento em formulário próprio).

RELATÓRIO DO PREPARADOR

1) Demonstra tornar-se um legítimo Maçom;

2) Suas noções sobre a Fraternidade são puras e dignas de um homem com


discernimento;

3) Na declaração assinada promete subordinar-se aos nossos costumes e guardar sigilo;

4) confiante entrega de sua cartola, simbolicamente se desfez de sua liberdade, para


readquiri-la como Maçom.

LEITURA DO TESTAMENTO

O Preparador verifica se o testamento está assinado e manda ao Venerável Mestre que


o lê, com apreciação benevolente diante de falhas eventuais.

VESTIMENTA DO INICIANDO

Todos os metais e objetos de valor são colocados numa caixinha, que é fechada pelo
Adjunto.

Preparador faz com que o Candidato dispa o paletó, retire a gravata borboleta e abra os
botões superiores da camisa, de modo que o peito fique descoberto; levante a perna da
calça acima do joelho esquerdo, descalce o sapato direito e calce o chinelo.

Em seguida, solicita permissão para colocar a venda. Após, pergunta se o Candidato


vê alguma coisa. Leva-o à porta do Templo. E solicita que bata três vezes pausadamente.
Que significam: Procurai e achareis, pedi e vos será dado e, batei e vos será aberto. Que
relacionada à maçonaria significa: Meditei sobre minha intenção, confiei-me a um amigo,
bati e a porta da Maçonaria me foi aberta.

INICIAÇÃO propriamente dita


174

Dentro da Loja: Após as três batidas fortes na porta, todos os Irmãos levantam-se de
seus acentos, sem se colocarem no Sinal. Os Oficiais colocam suas mesas e cadeiras numa
posição que não dificulte a circulação. A movimentação das mesas é necessária porque
hoje as viagens são feitas pela frente dos Oficiais.

Perguntas:

1) Quem bate de maneira tão estranha? Um homem livre e de boa reputação.

2) O que ele deseja? Ser admitido como maçom.

3) Concorda ele em se submeter, incondicional e livremente, às provas e aos costumes?


Sim.

4) Quem se responsabiliza por ele? O Ir. ___________ .

5) Ir._________ Confirmais esta Garantia? Sim.

ENTRADA DO CANDIDATO

O Preparador adentra ao Templo e entrega o Candidato ao 1º Vigilante. Este apresenta


ao Venerável Mestre como um homem livre e de boa reputação, deseja ser admitido como
Maçom.

O Venerável Mestre pergunta se ele deseja se unir a uma Fraternidade que procura,
zelosamente, tudo o que é verdadeiro, bom e belo e se está decidido a submeter-se aos
antigos costumes dos Maçons quando da Iniciação.

Se a Resposta for um SIM, é colocado o compasso no lado esquerdo do peito. (Não


com o desejo atingir tanto o corpo, mas a consciência). São feitas as viagens.

VIAGENS

As viagens são feitas pelo sul para seguir a doutrina de São João. Busca-se a luz
caminhando na luz.1

Cada vez que o Candidato passa pela frente do Venerável Mestre todos completam o
sinal de ordem, batendo com força no lado da coxa.

Ao chegar ao Ocidente pela 1 vez: o Venerável Mestre diz: – “Ignorante e fraco, o


homem inicia o curso da Vida. Somente aos poucos, a luz da razão se expande,
vagarosamente a força amadurece”.
175

Ao chegar ao Ocidente pela 2º vez: – “A vontade própria sincera e o esforço constante


na investigação da Verdade nos estimulam mais do que a ajuda alheia, pois assim, é mais
honrosa a vitória final sobre os erros e preconceitos!”

Ao chegar ao Ocidente pela 3º vez: – “Quem quiser encontrar a bem-aventurança no


caminho da vida, aspire, antes de tudo, o seu próprio enobrecimento moral e promova o
verdadeiro bem-estar de seus Irmãos”.

COMPROMISSO

Terminada as Viagens, o VM pergunta: se o Candidato persiste no propósito de se


tornar Maçom e se ele prometerá solenemente ao cumprimento das obrigações que a
“Palavra de Maçom” impor.

O compromisso se traduz no aperto de mão que o Venerável toma do Candidato.

“Sim, eu o quero, assim como prezo o nome de um homem honesto”.

“Tomo e aperto a mão de um homem honesto que nunca se mostrará desmerecedor do


respeito de seus Irmãos”.

O Candidato é conduzido pelas mãos dos Vigilantes ao Altar, passando sobre o Tapete.

POSIÇÃO ADEQUADA PARA O COMPROMISSO

Colocar o joelho esquerdo sobre um banquinho, a mão direita do Candidato, sobre a


Bíblia e o Esquadro e com sua mão esquerda, segurar o Compasso, colocado a ponta no
lado esquerdo do peito.

ORAÇÃO

Para que o Candidato se torne um bom maçom.

OBRIGAÇÕES

1ª. Ser obediente e fiel às Leis do País em que vive.

2ª. Considerar sagrado os usos e costumes da Maçonaria como expressão de lições de


vida transmitidas através da Iniciação e prestar respeitoso silêncio, perante os não-
maçons, acerca de tudo isto.

3ª. Auxiliar os Irmãos, segundo as vossas forças, com conselhos e atitudes, excetuando
nos casos que contrariem a honra, os bons costumes, as normas de vossa comunidade e
do país.

4ª. Honrar a promessa sob a “Palavra de Maçom” tão conscienciosa, como o mais
sagrado juramento.
176

5ª. Seguir, com rigor, as Leis de vossa Loja, promovendo o seu progresso conforme
vossas forças.

6ª. Nunca propor para a Maçonaria alguém que não conhece, com toda consciência,
como homem honesto.

7ª. Não requerer filiação em outra Loja, nem romper unilateralmente o relacionamento
com a mesma sem antes ter requerido afastamento, tê-lo recebido. Muito menos se
desligar da Loja ou da Fraternidade sem um motivo relevante.

8ª. Reconhecer como Potência Maçônica regular, legal e legítima, o Grande Oriente do
Brasil, ao qual prestará inteira obediência.

SAGRAÇÃO

O Venerável Mestre admite e recebe o Candidato como Maçom.

A CADEIA DE UNIÃO

O Candidato é conduzido ao ocidente para formação da Cadeia. O Garante fica do lado


direito do Candidato e o 1º Vigilante do lado esquerdo.

O novo Irmão recebe a luz.

Na Cadeia acontece o compromisso dos membros da Loja em relação ao novo Irmão:


“Nossos corações batem por vós e o aperto de nossas mãos vos diz que permaneceremos
vossos Irmãos, enquanto a Verdade, o Sigilo, a Justiça e o Amor Fraterno forem sagrados
para vós”.

O DESCANSO

O Descanso tem como objetivo a recuperação dos Obreiros. O novo Irmão recompõe
o seu traje. Normalmente, a Loja oferece um pequeno lanche aos presentes, representando
a alimentação que os pedreiros faziam no seu período de descanso, quando o sol alcançava
o meridiano.

RETORNO AO TRABALHO

Ao voltar ao Trabalho o novo Irmão agradece aos presentes: “Eu agradeço


cordialmente a Loja, que me julgou digno de tornar-me seu membro”. E aproxima-se do
Altar pelos três passos maçônicos.

O 1º Vigilante ensina os passos fora do Tapete e o novo Irmão repete sobre o Tapete.

INSTRUÇÃO DO VENERÁVEL MESTRE

O Venerável Mestre ministra as instruções do grau. Versará sobre:

1) As três Grandes Luzes, as Três Pequenas Luzes e o Tapete;


177

2) Sinal, Palavra e Toque (sem fazer o novo Irmão repetir);

3) avental do Aprendiz;

4) calçar as luvas (que estão no bolso do paletó);

5) luvas para a fiel Companheira da vida.

6) distintivo da Loja

7) Cobrir-se com a Cartola.

IDENTIFICAÇÃO PELOS VIGILANTES

O 1° Diácono conduz o novo Irmão pelo Sul ao lado direito do 2º Vigilante, depois ao
lado direito do 1° Vigilante. Os Irmãos Vigilantes se dirigem a ele, de maneira inteligível
a todos. Os Vigilantes lhe ensinam a resposta. (aqui o novo Irmão deve repetir o que os
vigilantes ensinam)

SAUDAÇÃO AO NOVO IRMÃO

O novo Irmão é conduzido ao altar e recebe a saudação dos presentes.

O NOVO IRMÃO SENTA NO NORTE

O inicio de toda a senda maçônica é no norte. (a parte escura do Templo)

Em seguida são feitas as leituras:

Explanação da Iniciação

Ela é apresentada pelo Orador ou 2º Vigilante. Se outro Irmão apresentar a explanação,


este deve postar-se ao lado do 2º Vigilante no Sul, junto ao Tapete, para poder explicar
os seus símbolos.

Deveres e Direitos do Aprendiz

A leitura é feita pelo 1° Vigilante.

Catecismo do Aprendiz

Perguntas ao 2ºDiácono;

Perguntas ao 1º Diácono;

Perguntas ao 2º Vigilante;

Perguntas ao 1º Vigilante;
178

ENCERRAMENTO DA LOJA

Após a conclusão dos Trabalhos o VM desejando fechar a Loja, dá uma batida com o
malhete que será repetido pelos Vigilantes e tem início a Palavra à bem da Loja e da
Fraternidade.

Ela é a parte final, onde os Obreiros poderão ainda falar sobre algo de interesse
para a Loja e para a Fraternidade, pois o rito Schröder não se considera uma
Ordem. É o momento em que devem ser feitas comunicações à Loja que não
possam motivar discussões ou de contestações. As propostas e informações que
são motivos de discussões devem ser feitas por escrito ao Venerável Mestre e após
o parecer da Comissão respectiva que será parte da agenda do Trabalho. As
justificativas de faltas também são por escrito, pois depende o parecer da
Comissão.

Nesta ocasião, são feitas saudações por aniversários ou outro qualquer acontecimento
social de um dos Irmãos presentes. Nas iniciações é o momento em que os visitantes têm
para fazer os seus cumprimentos, contudo lembrar aos Irmãos do quadro da Loja que esta
é uma obrigação do Venerável Mestre ou ao Orador da Loja. Os discursos devem ser
curtos e objetivos.

Quem quiser falar, fica de pé e faz-se notar levantando a mão direita; em seguida, o
2º Vigilante dá conhecimento do pedido ao Venerável Mestre. Concedida à palavra a um
Irmão, este se coloca no Sinal e diz: “Venerável Mestre e meus Irmãos!” Completa
o Sinal antes de iniciar a fala. Ao terminar a fala, senta-se.

A Lembrança dos Pobres é a prática ritualística constitui um dos antigos costumes


da maçonaria. Ficou estabelecido que os maçons jamais se reúnem sem pensar nos pobres,
nos carentes e nos desamparados da sorte. Assim é apresentada a cada Irmão uma bolsa,
que chamamos de esmoleira com o objetivo de criar nos Irmãos a consciência de lembrar
dos menos favorecidos pela sorte. O Venerável diz para encerrarmos nosso trabalho com
uma ação de amor, que lembremo-nos dos pobres. Então, o 2º Diácono pega a esmoleira
na mesa do Tesoureiro e a partir deste, recolhe de Irmão a Irmão, percorrendo o Oriente,
o Sul, o Ocidente e o Norte, colocando, no final, a esmoleira sobre a mesa do Tesoureiro.
O 2º Diácono coloca o seu óbolo diretamente sem o auxílio de outro Irmão.

Quando o número dos presentes for elevado, o 1ºDiácono ajuda com mais uma
esmoleira. No caso de uma reunião muito concorrida a coleta poderá ser feita junto à
porta, no momento que os Irmãos saírem do Templo.

Se for necessário, após a coleta, o Venerável Mestre poderá mandar ler a ata do
trabalho. Não havendo restrições a ata, esta será assinada pelo Venerável Mestre.
Terminada a Ata, o 1º Diácono a leva ao Venerável Mestre e, depois da assinatura devolve
ao Secretário.

O Catecismo de Encerramento é o momento que o 1º Vigilante recebe do Venerável


Mestre a determinação de cumprir a sua obrigação no final do Trabalho: “fechar a Loja,
entregar o salário aos Irmãos e dispensá-los do trabalho”. O VM e os Vigilantes vão
para as suas colunas. As velas são apagadas uma a uma com os dizeres respectivos. O 1º
179

Vigilante, após fechar a Loja, determina que seja dobrado o Tapete. Então, os Diáconos
dobram o Tapete, do Oriente para o Ocidente, simbolizando os últimos raios do sol
incidindo sobre ele.

Em seguida é formada a Cadeia de União por todos os Irmãos. Para formar a Cadeia,
cada Irmão segura com a mão direita a mão esquerda do Irmão que está à direita e, com
a mão esquerda a mão direita do Irmão que está à sua esquerda. O VM sempre fica no seu
lugar atrás do Altar. Durante a Cadeia é feita a Oração (momento espiritual) pelo
Venerável Mestre. Ela, sendo uma particularidade do rito, é formada por todos os
presentes com as mãos dadas não havendo necessidade de cruzar os braços sobre o peito,
que simboliza os nós do amor, uma vez que ele não faz parte do sistema. Ela simboliza a
Fraternidade e a união que deve sempre existir entre os Irmãos. Ela deve ser formada em
todas a sessões.

Havendo a necessidade de transmitir a palavra semestral deve ser feita outra Cadeia
sem a presença dos visitantes. A Cadeia também é formada no momento da Luz na
iniciação.

Para desfazer a Cadeia, basta largar as mãos. Contudo existem Lojas que soltam a
mãos após o toque do grau.

A Saudação é momento da despedida. O Venerável Mestre saúda a todos os Irmãos


pelo sucesso alcançado, o que é repetido por todos em agradecimento.

A saída do Templo se faz pelo cortejo de saída. O 1º Diácono conduz os Irmãos para
fora do Templo, na mesma ordem da entrada. Inicia com a saída do Grão-Mestre, se ele
tiver presente. Segue-se a saída dos Grandes Oficiais, dos Veneráveis Mestres, dos
Mestres Instalados, dos Mestres, dos Companheiros e dos Aprendizes e, finalmente a
saída dos Oficiais da Loja.

É bom costume que os Oficiais, quando todos Irmãos deixaram a sala da Loja, dêem
as mãos e agradeçam pelo bom trabalho. Crítica, mesmo que se torne apropriada ou
necessária, não deve ser realizada imediatamente após do Trabalho de Templo.

Conclusão

O Ritual trata da criação do ser humano.

Para uma corrente o ser humano tem sua origem apenas no Logos (Sabedoria, Força e
Beleza) enquanto que outra corrente afirma que o ser humano foi criado a partir dos
elementos (terra, ar, água e fogo).

Enquanto um Rito fala apenas na criação do ser humano e a sua formação, outro Rito
além de falar no ser humano trata também da formação da sociedade e de seus governos.

Tudo se cria através da Sabedoria, Força e Beleza, porque a Sabedoria projeta, a Força
executa e a Beleza adorna. Assim, nada de proveitoso existe que não tenha passado pela
Sabedoria, Força e Beleza. Então, o Ritual afirma na origem do ser humano na vida
180

terrena: “Ignorante e fraco, o homem inicia o curso da Vida. Somente aos poucos, a luz
da razão se expande, vagarosamente a força amadurece”.

Sobre a Sociedade diz o Ritual: “Os Maçons formam uma Fraternidade difundida entre
todos os povos, países e classes, cujo fim consiste em promover o legítimo humanitarismo
no espírito do verdadeiro amor fraterno, isto é, ajudar a implantar o domínio dos puros
princípios morais em todos os círculos e empregar suas atividades em boas obras”.

Humanitarismo significa estabelecer condições de manutenção permanente do Ser


Humano sobre a face da Terra conforme nos diz a Bíblia, “através do sopro Divino”, isto
é, com dignidade.

O Rito Schröder tem apenas cinco Rituais, o da Loja de Aprendiz, da Loja de


Companheiro, da Loja de Mestre, da Loja de Mesa e da Loja de Funeral.

Os demais são os Rituais Especiais da Obediência a qual a Loja está vinculada. São
Rituais próprios para suas atividades, tais como:

• Instalação e Posse de Venerável;


• Reassunção de Venerável;
• Posse dos Oficiais e Comissões Eleitas e Nomeadas;
• Adoção de Lowton;
• Cerimonial de Consagração Matrimonial;
• Cerimonial de Exaltação Matrimonial;
• Cerimonial de Regularização de Loja;
• Cerimonial de Sagração de Templo;
• Cerimonial de Consagração e Entrega de Estandarte;
• Cerimonial de Funeral Público;
• Cerimonial Fúnebre junto a Sepultura;

• Cerimonial Maçônico Público.

Quem tem autoridade para autorizar estas adaptações é o Grão-Mestre. Assim devem ser
obedecidas as suas normas, com as devidas adaptações devido a maior influência de
determinados Ritos nos Rituais da Obediência. Estes Rituais serão todos da Obediência
onde as Lojas do Rito Schröder estão filiadas. Assim como na Alemanha, no Brasil,
devemos usar os Rituais da Obediência a que a Loja estiver vinculada, devidamente
adaptados ao Rito Schröder. Importante ressaltar que adaptar não é reduzir ou modificar
o que está previsto, mas colocar no ritual apenas o que é exigido pelo rito Schröder.

Concluindo, (..) Apesar de amar o Rito Schröder e trabalhar pela sua consolidação e
crescimento em todas as Potências Regulares do Brasil, devo enfatizar minha convicção
de que não há e nem poderia haver, supremacia de um Rito sobre os demais. Os Ritos
maçônicos Regulares devem ser venerados e estudados por todos os maçons, pois tem
suas próprias origens históricas e filosóficas e são métodos de ensino que retratam uma
época e uma ideologia. Quem considera seu Rito, sua Grande Loja, Grande Oriente, ou
sua Loja superior aos demais, ainda não compreendeu o verdadeiro significado de "ser
maçom". Ir. Rui Jung.
181

(*) SGOR – Adjunto para o Rito Schröder – GOB.

Fontes:
Ritual do Grau de Aprendiz, segundo Friedrich Ludwig Schröder;
Colégio de Estudos do Rito Schröder;
Trabalhos dos Irmãos Antonio Gouveia Medeiros e Rui Jung Neto;
Seminários do Rito Schröder (2007/2008, SC e RS);
Os primeiros Passos do Aprendiz Maçom – Rito Schröder – Ir. Francisco Bento de Almeida – 1ª edição –
1999.

HISTÓRIA DO RITO DE YORK

IIr Anatoli Oliynik e Hercule Spoladore

Praticado pelos maçons da cidade inglesa de York, após 1816


passou a chamar-se Rito de Emulação (Emulation Ritual). Por um
questão de reformulação os ingleses nunca aceitaram o título “Rito de
York” razão pela qual esse nome só prevalece fora da Grã Bretanha.
Durante a Maçonaria Operativa não o chamavam de Rito e possuia
somente um grau. Após o ingresso dos Maçons Aceitos criaram o
segundo grau “Companheiro” e o terceiro grau somente a partir de
1725, mantendo-se esta característica até 1740, quando foram
introduzidos os Altos Graus. Após a reforma Ritualística de 1816 ficou
apenas com tês graus e um apêndice do 3º Grau, chamado Real Arco
Sagrado.
182

Foi introduzido no Brasil em 1837, pela Loja Orphan Lodge,


subordinada à Grande Loja Unida da Inglaterra. A primeira Loja a
trabalhar no Rito, ligada à uma Potiência do país foi a Eureka Lodge do
Grande Oriente do Brasil que em 1891 adotou o Ritual de Emulação.

Em 1920, um ritual em português impresso em Londres e


reconhecido pela Grande Loja Unida da Inglaterra começou a ser usado
no Brasil.

RITUALISTICA

Estando os Obreiros reunidos, um hino de abertura pode ser


cantado. Iniciando-se a reuinião, o Ven Mestre abre os trabalhos com
um golpe de malhete seguido pelos Vigilantes. Após a verificação pelo
Guarda do Templo, todos ficam de pé e à ordem.

Cumpridas as normas ritualísticas iniciais, o Venerável Mestre declara


aberta a Loja, aplicando os golpes de malhete, no grau, repetidos pelos
Irmãos Vigilantes. O Segundo Diácono abre o painel da Loja e o Guarda
Inteno (Guarda do Templo) dá as batidas na porta que são respondidas
pelo Guarda Externo, retornando ao seu lugar, (à esquerda de quem
entra). O Capelão ou ex-Venerável abre o Livro das Sagradas
Escrituras (Livro da Lei), compondo com o Esquadro e o Compasso
(neste Rito as pontas do Compasso ficam viradas para o Venerável
Mestre.

Entre a abertura e encerramento dos trabalhos existe uma pausa. O


Venerável Mestre ordena ao Segundo Vigilante fazer a chamada aos
Obreiros para o descanso e, depois, para retornarem ao trabalho.
O encerramento dos trabalhos é feito pelo Primeiro Vigilante (quando
o Primeiro Vigilante afirma que seu lugar é no Ocidente para assinalar
o ocaso do sol e encerrar a Loja, após verificar se todos os Irmãos
estão plenamente satisfeitos, realmente, neste Rito isso acontece).

A localização do Primeiro Vigilante fica na mesma linha do Venerável


Mestre, no Ocidente, e não no canto esquerdo da Loja, à Noroeste.

Formando, com o Venerável Mestre e o Segundo Vigilante, um


triângulo cuja base está voltada para a coluna do Norte.
183

Outra particularidade deste Rito é o encerramento dos trabalhos feito


pelo Irmão Primeiro Vigilante. É ele quem, realmente, encerra os
trabalhos e fecha a Loja e não o Venerável Mestre, como em alguns
outros Ritos.

INICIAÇÃO

O Ritual de iniciação do Rito de York (tradução de 1920 pelo Irmão


Joseph Thomaz Wilson Sadler - impresso em Londres e reconhecido
pela Grande Loja Unida da Inglaterra) traz expressas e detalhadas
recomendações sobre os cuidados com as interpretações individuais.

Nesse Ritual, na cerimônia de iniciação não existem as provas


referentes aos quatro elementos e nem as três viagens, mas existem
as perambulações, durante as quais é o Segundo Diácono quem instrui
e conduz o candidato.

Durante o ato é lida pelo Capelão ou pelo Venerável Mestre uma


belíssima Oração ao Supremo Árbitro dos Mundos. As perguntas feitas
ao candidato são respondidas, também com o auxilio do Segundo
Diácono.

Antes de receber a luz o candidato é consultado, pelo Venerável


Mestre, se está decidido a prestar um solene juramento. Sendo a
resposta negativa, este é retirado do recinto, sendo positiva, ele presta
o juramento. A última pergunta do Venerável Mestre é sobre o desejo
predominante no coração do candidato. A resposta é LUZ. Encerrando
com esclarecimentos ao candidato, através de três lições denominadas
“Alocução”, “Prática” e “Preleção”.

RITO DE YORK

Os procedimentos do Rito de York são os mais antigos e os mais


praticados em todo o mundo. Estima-se que cerca de 85% dos maçons
os pratiquem.

A Grande Loja de Londres juntamente com as Grandes Lojas da


Escócia e Irlanda, fundadas em 1717, 1725 e 1736, respectivamente,
constituem as três mais antigas do mundo.

Na Inglaterra não havia denominação para rito tal como é hoje


(Escocês, Francês, Adonhiramita etc). Poder-se-ia dizer que, para os
ingleses, rito é o maçônico e ritual é um procedimento, uma prática
especifica, o que eles chamam de working.
184

No Brasil costuma-se confundir Rito de York com Emulation


Ritual, pensando que o segundo é também um rito. O primeiro é um
rito, e o segundo, é um ritual utilizado pelo primeiro, conhecido no
Brasil como ritual de Emulação. O Rito de York abriga em torno de sete
tipos de rituais que muito se assemelham entre si cujas práticas variam
de acordo com as regiões na Inglaterra. São eles: o Emulation, o Logic,
o Taylor’s; o Alfaiate; o Bristol, o Stability e o West End.

Até 1717 as lojas maçônicas eram livres, isto é, não havia uma
obediência que as aglutinassem. Com a fundação da Grande Loja de
Londres algumas lojas inglesas passam a se subordinar a uma
obediência central. Na cidade de York as lojas maçônicas continuaram
independentes até 1751, quando surge uma Grande Loja rival
denominada Grande Loja da Inglaterra ou Grande Loja de York.

Com a rivalidade entre as duas Grandes Lojas, a denominação


Rito de York começa a tomar corpo. Na verdade, ainda não se trata de
um rito, mas sim do procedimento adotado pelos maçons de York que
divergiam em alguns poucos pontos dos procedimentos adotados pelos
maçons de Londres. Com isso a denominação acaba se consagrando.

Na prática, não havia diferenças ritualísticas acentuadas que


pudessem ser caracterizadas nos procedimentos ritualísticos da
Grande Loja de Londres e Grande Loja de York. Na realidade trata-se
de um mesmo procedimento, praticado tanto pelos "Antigos" quanto
pelos "Modernos".

Rito de York por meio de seus procedimentos ritualísticos, é o


mais próximo da maçonaria operativa, anterior a 1717.

Em 1813 ocorre a união [Act of Union] firmado entre as duas


Grandes Lojas rivais inglesas dando origem a Grande Loja Unida da
Inglaterra. A partir da união, vários rituais foram autorizados e
escritos, dentre eles o ritual de Emulação.

Atualmente, há 157 Grandes Lojas no mundo, das quais a


Grande Loja Unida da Inglaterra reconhece 107. Isso não implica dizer
que as 50 Grandes Lojas não reconhecidas, sejam consideradas
espúrias ou irregulares - simplesmente, não são reconhecidas.

É difícil precisar, exatamente, o número de lojas maçônicas no


mundo. Sabe-se que há, aproximadamente, 50 mil lojas em jurisdições
reconhecidas pela Grande Loja Unida da Inglaterra.

A Inglaterra com cerca de 48 milhões de habitantes e perto de


700 mil maçons, é a maior jurisdição, com 8.578 Lojas.
185

Na Capital - LONDRES -, com 7 milhões de habitantes na área


metropolitana, existem cerca de 1.648 lojas maçônicas, com 150 mil
maçons, aproximadamente.

Os EUA possuem 50 Grandes Lojas, com aproximadamente, 15


mil lojas maçônicas e 4 milhões de maçons.

Com 50 jurisdições os Estados Unidos contam com cerca de


metade de todas as Grandes Lojas reconhecidas pela Grande Loja
Unida da Inglaterra, Irlanda e Escócia.

Dos 4 milhões de maçons dos Estados Unidos, 3 milhões são do


Rito de York, ou seja 75%. Entretanto, é oportuno frisar que o Rito de
York praticado nos Estados Unidos difere do praticado na Inglaterra.

O Rito de York, na Inglaterra, não possui graus filosóficos.


Apenas uma extensão do terceiro grau que não se constitui num grau.
Esta extensão do terceiro grau, praticada pelos Capítulos ingleses,
denomina-se, Real Arco ou Arco Real. Nos EUA, ele é constituído pelos
3 graus simbólicos e 4 graus filosóficos. Estas não são as únicas
diferenças. Existem outras de ordem ritualística. Recomenda-se pois,
não fazer comparações entre ambos os países.

No Brasil, as lojas maçônicas federadas ao Grande Oriente do


Brasil adotam a linha inglesa ou seja, o Rito de York e o ritual de
Emulação [Emulation Ritual]. Entretanto, existem muitas lojas ligadas
a outras obediências que praticam o "iorques" ou seja, uma mistura
entre o Rito de York e o Escocês que acaba resultando numa verdadeira
barbárie ritualística. O total de maçons no mundo, em números exatos,
é difícil de ser calculado, porque as informações não são completas.
Entretanto, pode-se compor os quadros a seguir:

PAÍS LOJAS MAÇONS


Inglaterra 8.578 700.000
Escócia 5.700 400.000
Irlanda 1.100 60.000
Estados Unidos 15.000 4.000.000
Canadá 5.000 250.000
América do Sul 9.000 450.000
Austrália 7.500 375.000
Filipinas 210 10.500
Europa Continental 1.300 65.000
Nova Zelândia, japão, 5.000 200.000
Índia, etc.
186

RITO DE YORK (Emulation Rite)

Por Anatoli Oliynik Gr. Sec. Geral Adj. para o Rito de York do G.O.B.

O Rito de York é o rito mais antigo e o mais praticado em todo o mundo.


Estima-se que cerca de 85% dos maçons o praticam. A Grande Loja de
Londres juntamente com as Grandes Lojas da Escócia e Irlanda,
fundadas em 1717, 1725 e 1736, respectivamente, constituem as três
mais antigas do mundo. Na Inglaterra não havia denominação para
Rito tal como é hoje (Escocês, Francês, Adonhiramita etc). Poder-se-ia
dizer que, para os ingleses, rito é um procedimento, uma prática e não
uma denominação especifica. Até 1717 as lojas maçônicas eram livres,
isto é, não havia uma obediência que as aglutinassem. Com a fundação
da Grande Loja de Londres algumas lojas inglesas passam a se
subordinar a uma obediência central. Na cidade de York as lojas
maçônicas continuaram independentes até 1751, quando surge uma
Grande Loja rival denominada Grande Loja da Inglaterra ou Grande
Loja de York. Com a rivalidade entre as duas Grandes Lojas, a
denominação Rito de York começa a tomar corpo. Na verdade, ainda
não se trata de um rito, mas sim do procedimento adotado pelos
maçons de York que divergiam em alguns poucos pontos dos
procedimentos adotados pelos maçons de Londres. Com isso a
denominação acaba se consagrando. Na prática, não havia diferenças
ritualísticas acentuadas que pudessem ser caracterizadas nos
procedimentos ritualísticos da Grande Loja de Londres e Grande Loja
de York. Na realidade trata-se de um mesmo procedimento, praticado
tanto pelos "Antigos" quanto pelos "Modernos". Rito de York ou
Emulation Rite é o rito mais próximo da maçonaria operativa, anterior
a 1717. Em 1813 ocorre a união entre as duas Grandes Lojas rivais
inglesas que deu origem a Grande Loja Unida da Inglaterra, cujo
procedimento maçônico passa a denominar-se Emulation Rite [Rito
Emulação].

Portanto, por força do Act of Union firmado pelas duas Grandes Lojas
rivais, a denominação Rito de York deixa de existir, pelo menos
formalmente. A nova denominação foi adotada para que não ficasse
caracterizado que a Grande Loja de Londres submeteu-se a Grande
Loja de York cujo rito, até a época da união, denominava-se "Rito de
York". Atualmente, há 157 Grandes Lojas no mundo, das quais a
Grande Loja Unida da Inglaterra reconhece 107. Isso não implica dizer
que as 50 Grandes Lojas não reconhecidas, sejam consideradas
espúrias ou irregulares - simplesmente, não são reconhecidas. É difícil
precisar, exatamente, o número de lojas maçônicas no mundo.

Sabe-se que há, aproximadamente, 50 mil Lojas em jurisdições


reconhecidas pela Grande Loja Unida da Inglaterra. A Inglaterra com
187

cerca de 48 milhões de habitantes e perto de 700 mil maçons, é a


maior jurisdição, com 8.578 Lojas. Na Capital - LONDRES - , com 7
milhões de habitantes na área metropolitana, existem cerca de 1.648
lojas maçônicas, com 150 mil maçons, aproximadamente. Os E.U.A.
possuem 50 Grandes Lojas, com aproximadamente, 15 mil lojas
maçônicas e 4 milhões de maçons. Com 50 jurisdições os Estados
Unidos contam com cerca de metade de todas as Grandes Lojas
reconhecidas pela Grande Loja Unida da Inglaterra, Irlanda e Escócia.
Dos 4 milhões de maçons dos Estados Unidos, 3 milhões são do Rito
de York, ou seja 75%. Entretanto, é oportuno frisar que o Rito de York
praticado nos Estados Unidos difere do Emulation Rite praticado na
Inglaterra. O Emulation Rite, na Inglaterra, não possui graus
filosóficos. Nos E.U.A., o Rito de York é constituído pelos 3 graus
simbólicos e 4 graus filosóficos. Estas não são as únicas diferenças.
Existem outras de ordem ritualística. Recomenda-se pois, não fazer
comparações entre ambos os ritos. No Brasil, as lojas maçônicas
federadas ao Grande Oriente do Brasil adotam a linha inglesa ou seja,
o Emulation Rite apesar do uso da denominação "Rito de York" que
acabou se consagrando. Entretanto, existem muitas lojas ligadas a
outras obediências que praticam o "iorques" ou seja, uma mistura
entre o Rito de York (linha americana) e o Escocês que acaba
resultando numa verdadeira barbárie ritualística. O total de maçons no
mundo, em números exatos, é difícil de ser calculado, porque as
informações não são completas, mas estima-se que 5.500.000
praticam o RITO DE YORK, ou seja: 85%. Há, naturalmente, erros mas
que não afetam o resultado final. ALGUMAS COMPARAÇÕES COM O
RITO ESCOCÊS ANTIGO E ACEITO Não tem no Rito de York: A Palavra
Semestral; Cadeia de União. (não deve ser formada em hipótese
alguma). Sessões Especiais (todas são regulares). Câmara de
Reflexões. Espadas dentro da loja (o único que usa a espada é o G.E.).
Bolsa de Propostas e Informações. Passos para entrada na loja.

Cartão de visitante (quando o visitante exige, o M.L. solicita que o Ir∴


Sec. encaminhe uma carta diretamente à loja do visitante, informando
a visita). Altar dos Juramentos (não há altares na loja, as mesas do
M.L., P.V. e S.V., são retangulares e chamadas de Pedestais).
Transmissão da Palavra Sagrada. Cálice da Amargura (na iniciação).
Consagração pela Espada e o Malhete. Espada Flamejante. Prova dos
Elementos. Tríplice abraço. Os três pontinhos; (deve ser abolido, das
abreviaturas e também das assinaturas). Diferença de nível entre o Or.
e Oc.. Separação física entre o Or. e Oc. (grade). Os cargos de: Orador,
Chanceler, Experto, Porta Estandarte e Porta Espada. Corda de 81 nós.
Candidatura para o cargo de Mestre da Loja (não há disputa pelo cargo,
há uma linha de sucessão). Nenhum assunto administrativo pode ser
discutido em loja aberta; Nenhum candidato é reprovado no escrutínio
secreto em loja aberta. (os candidatos são avaliados e pré-aprovados
188

em reunião administrativa). Não se usam, no Rito, as palavras:


Balaústre ou Peça de Arquitetura. Usa-se: ATA, EXPEDIENTE ou
PALESTRA, CONFERÊNCIA. ALGUMAS CARACTERÍSTICAS DO RITO DE
YORK Há somente um livro de ATAS para todos os graus - todas as
ATAS são escritas, lidas e aprovadas no Primeiro Grau. O Ritual não
deve ser lido em loja. É todo memorizado. Somente o P.M.I. pode
permanecer com o Ritual aberto, pois ele funciona como ponto para
ajudar um Ir∴, num esquecimento ocasional. Os cargos eletivos são
somente três: o M.L., o Tes. e o Guardião. Na sessão anterior a da
eleição, um Ir∴, secundado por outro, (toda proposta feita em Loja
Aberta, tem que, necessariamente, ser secundada por outro Ir∴, caso
contrário, não será considerada). propõe o nome do M.L. e solicita que
este indique o nome do Tes. e do Guardião. Estes portanto, serão os
nomes que serão eleitos na sessão seguinte. É da tradição do rito, não
haver disputa de cargos em hipótese alguma. A linha de sucessão deve
ser respeitada, para que a harmonia e a união entre os irmãos seja
mantida. Os demais cargos são de livre escolha do M.L.. Todas as
reuniões de Loja Aberta são regulares, a saber: (a) Iniciação; (b)
Passagem; (c) Elevação; (d) Instalação do Mestre da Loja (e)
Dedicação do Templo. Não existe a denominação de sessões magnas,
econômicas etc. As perguntas feitas pelo M.L. aos Candidatos à
Passagem ou Elevação, são feitas na mesma sessão da respectiva
cerimônia, e suas respostas não são apreciadas pela Loja, isto é, são
sempre aprovados. Não é permitido o uso do Balandrau para os
membros da Loja. O traje é preto ou escuro e gravata preta longa ou
combinada com o terno quando escuro. Aos visitantes é permitido o
uso do balandrau (desde que não sejam do Rito). O M.L. é o único que
pode falar sentado na Loja. Os demais, falam de pé e à ordem e com
o passo. As batidas são t., em todos os Graus, a diferença é no ritmo.
Não há maçonaria Filosófica no Rito. Haverá, sempre, uma cadeira
vaga à esquerda do M.L., (para quem olha para o Pd.) destinada ao
Grão-Mestre ou seu Adjunto. Nenhum Oficial tem direito de reclamar
promoção quando entra na linha de sucessão. A linha de sucessão: (1)
Guarda Interno; (2) Segundo Diácono; (3) Primeiro Diácono; (4)
Segundo Vigilante; (5) Primeiro Vigilante; (6) Mestre da Loja. Em
nenhuma procissão é permitido que algum Ir∴ ficar entre o M.L. e seus
VVig.. Se houver uma ODE de abertura ou música apropriada, deve ser
cantada ou executada antes de abrir a Loja - Se houver uma de
encerramento, depois da Loja fechada. (não usar música durante os
trabalhos em Loja Aberta). No primeiro ou segundo levantamento, se
houver alguma mensagem oficial ou Decreto do Grão-Mestre para ser
lido, o D.C. pede aos IIr∴ que fiquem de p. e à ordem. O M.L. não se
levanta para apresentar os instrumentos de trabalho em qualquer grau
- nem na preleção após à iniciação. Numa visita o M.L. só deve oferecer
o malhete ao Grão-Mestre, ou Adjunto - a nenhum outro. Na
explanação da T.D., no Segundo Grau, todos os Oficiais permanecem
189

em seus lugares. Quando o M.L. está ausente, deve ser substituído


pelo P.M.I., se presente. Se o M.L. tiver que se ausentar por uns
tempos, deve escolher entre os P.Ms. quem deve substituí-lo. (isso
significa que o P.V. só substitui o M.L. em caso de impedimento
definitivo e somente nestes casos). Na Procissão de saída, o P.M.I. não
deve ir atrás, ou ao lado do M.L.. Não há lugar certo para ele, que é
um dos P.Ms., simplesmente. O P.M.I. não é um Oficial da Loja. As
comissões que constam dos Estatutos, têm a finalidade de atender aos
regulamentos do Grande Oriente do Brasil (são estranhas para o Rito
de York). Na verdade, o Rito tem duas comissões - a de Inventário,
composta por dois membros escolhidos pelo M.L. para verificação e
controle dos bens da Loja - a de Auditagem, com dois membros, para
darem parecer ao Relatório apresentado pelo Tes., para ser votado no
dia da instalação do novo M.L.. (O Tes. deve distribuir aos membros
da Loja, cópia do Relatório, antes da reunião, a fim de que todos
possam tomar conhecimento do mesmo, antes da votação. Deve ser
aprovado por unanimidade. - O Tes. deve merecer o máximo de
confiança, como todos os outros membros da Loja). Não há ordem para
levantar-se ou sentar-se, nas reuniões. Salvo as exceções que constam
do Ritual. Toda vez que o M.L. se levanta, todos se levantam e sentam-
se depois que ele se sentar, sem necessidade de ordem. O único que
pode falar sentado na Loja é o M.L. - Todos os demais falam de pé,
com Pas. e Sn. Para falar não é necessário pedir ao M.L., basta
levantar-se com Pas. e Sn. e aguardar a ordem para falar - Não há
uma ordem estabelecida para concessão da palavra. Pode falar um Ir∴
do Or. depois outro de qualquer lugar da Loja, isto é, não há
precedência - A palavra pode ser concedida a um Aprendiz ou
Companheiro, depois que um Mestre ou P.M.I., ou qualquer autoridade
tenha feito uso da palavra, salvo do Grão-Mestre Geral, Estadual ou
Adjunto que falam por último. A MARCHA A marcha é sempre iniciada
com o pé esquerdo. Nas Cerimônias (Iniciação, Passagem e Elevação)
é obrigatório o esquadramento da Loja. Fora das Cerimônias não há
um sentido obrigatório de caminhar na Loja. O Maçom não pode
caminhar sozinho na Loja, terá que ser, sempre, conduzido pelo D.C.,
nas sessões regulares e pelos Diáconos, nas Cerimônias. SAUDAÇÕES
ÀS AUTORIDADES As saudações às autoridades são feitas, logo após a
Loja aberta, pelo D.C.. No caso ele vai ao centro da Loja e diz: "Irmãos,
acha-se presente em nossa reunião o (cita o cargo do Ir∴ - Soberano,
Eminente) Irmão F. ... Peço-vos que fiqueis de pé (inclusive o M.L.) e
o saudemos com "n" Sns., guiando-vos por mim - À Ordem IIr∴" Os
IIr∴ ficam à Ordem com o Pas. e o D.C. começa a fazer os Sns. (aquele
em que a Loja esta aberta - geralmente no Primeiro Grau). O D.C. dá
o Pas., coloca o bastão encostado no ombro direito, ele e todos juntos
fazem o sinal e cortam batendo com ruído a mão direita na coxa direita,
tantas vezes quantas o rank ao homenageado exigir, de acordo com o
regulamento.
190

Autoridade Nº de Vezes

Grão-Mestre Geral (11)

Grão-Mestre Geral Adjunto; - Presidente AFL, STJ e Medalha D. Pedro


II (9)

Grão-Mestre Estadual; - Gr. Sec. Geral; - Garante de Amizade; - Pres.


Assembléia Legislativa (7)

Deputado Federal, Grão-Mestre Adjunto Estadual; - Gr. Sec. Estadual


(5)

Membros do Conselho Estadual, Deputado Estadual; Past Master e


Mestre de Loja (3)

A LOJA

A Loja por ter uma personalidade jurídica, passa a ter, virtualmente,


dois Estatutos: Um, como Sociedade Civil para fins administrativos;
Outro, da sociedade fraternal, para fins maçônicos baseados nos velhos
preceitos. As leis maçônicas são de ordem moral e estão restritas à
Instituição. Assim sendo, devem cingir-se, estritamente, à ritualística
e à liturgia, sem gerar conflitos - vale dizer - sem colidir com a boa
hermenêutica das leis civis. É tradição do Rito de York que os assuntos
administrativos não sejam discutidos em Loja Aberta, porque são
assuntos atinentes à Sociedade Civil e a Loja não deve ser perturbada
com discussões. Na reunião administrativa todos votam, inclusive os
aprendizes e companheiros, pois é uma reunião da Sociedade Civil. Em
Loja Aberta, votam, somente, os Mestres, de acordo com os
regulamentos (a votação é uma exigência do GOB).

No Rito de York há uma forma especial para votação nas eleições.


Todos os Irmãos votam, exceto os membros honorários - vide linha de
sucessão. Os envelopes utilizados para correspondência de uma Loja
do Rito de York não podem conter identificação (timbre da Loja,
endereço e outros). Nenhuma correspondência pode ser identificada
pelos profanos, como Maçônica.

ADMINISTRAÇÃO DA LOJA

A administração de uma Loja Regular do Rito de York, consiste: Oficiais


compulsórios (*) Mestre da Loja ** Primeiro Vigilante Segundo
Vigilante Secretário Tesoureiro ** Primeiro Diácono Segundo Diácono
Guarda Interno Guarda Externo ** (*) Estes oficiais são indispensáveis
para composição e funcionamento de uma loja do Rito de York
191

(Emulation Rite). Destes, apenas 3 (**) são eletivos. Os demais são


de livre escolha do M.L. e por ele nomeados. Oficiais auxiliares (**)
Capelão Diretor de Cerimônias Organista Esmoler Ass. do Diretor de
Cerimônias Assistente do Secretário Mordomo Administrador da
Caridade Administradores (**) Estes oficiais são facultativos e
complementam a administração de uma loja do Rito de York. Todos
eles são de livre escolha do M.L. e por ele nomeados. Obs.: Os cargos
de Capelão, Diretor de Cerimônias, Secretário e Tesoureiro, devem ser
exercidos, preferencialmente, por Past Masters. O Guarda Externo,
obrigatoriamente por um Past Master. Cargos Eletivos: - Mestre da
Loja; - Tesoureiro e - Guarda Externo. Todos os demais cargos, sem
exceção, são de livre escolha do Mestre da Loja e por ele nomeados.

REUNIÕES DA LOJA

A Loja deve ter, no mínimo, três reuniões mensais: 1 (uma) de Loja


Aberta - ritualística; 1 (uma) de Administração - para assuntos da
Sociedade Civil; 1 (uma) de Instrução*. ( * ) As reuniões de Instrução
são reuniões de ensaio dos rituais da Loja (Primeiro Grau, Segundo
Grau, Terceiro Grau, Iniciação, Passagem, Elevação, Instalação de
Mestre da Loja e Dedicação do Templo). Portanto, não são semelhantes
as instruções realizadas pelo R.E.A.A. Estas, no Rito de York, são
denominadas: Palestras ou Conferências e só podem ser realizadas no
Descanso da Loja. Ordem dos Trabalhos: Abertura e apresentação da
Carta-Patente (O M.L. mostra-a ao Tes. sem falar); Leitura e
confirmação da ATA da sessão anterior; Recebimento de Cartas e
Comunicações. Agenda (assuntos do dia); Levantamentos 1º) Para
assuntos do GOB; 2º) Para assuntos do G.O. Estadual e da Loja; 3º)
Para assuntos pessoais. 7. Encerramento. Obs.: A Ordem dos
Trabalhos, por não fazer parte do ritual, não exige rigor na sua
estruturação. Pode apresentar pequenas variações tais como: a
Agenda pode ser distribuída nos três levantamentos. Por exemplo: 1º
Período: para assuntos da ordem maçônica universal e do Grande
Oriente do Brasil; 2º Período: para assuntos do Grande Oriente
Estadual e da Loja, além do expediente da secretaria; 3º Período: para
assuntos pessoais e da bem-querença entre os irmãos.

A REUNIÃO

A critério da Loja, o início da reunião pode ser precedido de uma


procissão, para a entrada do M.L. e seus Vigilantes. Se houver
autoridade, G.M.G. ou G.M.E., haverá uma procissão especial e será
obrigatória. A entrada de autoridades se dará depois da Loja aberta e
após a leitura e confirmação da ATA e a saída, antes do encerramento.
Nessa procissão, pode ser cantada uma ODE de abertura ou executada
uma peça musical apropriada (gênero clássico). Antes da procissão
192

todos os IIr já estão em Loja, em seus respectivos lugares, inclusive


os visitantes não graduados. O D.C. pede a Loja que se levante para a
entrada do M.L. (não precisa usar o Sn.). Após o encerramento há uma
procissão para a saída do M.L. e seus Vigilantes, os P. Ms., no Or.
podem ser convidados pelo D.C. para acompanharem - Pode, também,
ser cantada uma ODE de encerramento ou executada peça musical
apropriada. COMITÊ DE ASSUNTOS GERAIS Ninguém pode lançar-se
candidato. No caso do P.V. não poder assumir, o Comitê de Assuntos
Gerais composto de todos os P. Ms. da Loja e mais dois Ms. Ms. sob a
direção do M.L., indicará o próximo Mestre a ser eleito e os demais
Oficiais a serem eleitos ou nomeados pelo próximo Mestre da Loja.

O COMPORTAMENTO EM LOJA

Depende dos IIr∴, da devoção que demonstrem em seus trabalhos,


fazer de sua Loja um exemplo, onde transpire um envolvente
magnetismo e se pratique um dos mais sublimes ideais maçônicos:

A FRATERNIDADE.

Os IIr∴ devem assistir assídua e pontualmente as reuniões e se


considerarem muito honrados por pertencerem ao quadro da Loja.
devem manifestar profunda reverência para com a Ordem; devem ter
alta consideração para com a Loja; devem saber que depende da sua
ajuda, a plena magnetização do templo e a conservação desse
magnetismo; devem estar conscientes de que são a própria alma da
Maçonaria; E mais, que com o seu trabalho e comportamento, façam
com que a loja se torne uma loja modelo, totalmente eficiente em seus
trabalhos, de sorte que alguém que a visite possa impressionar-se pelo
bom trabalho feito e pela força de sua atmosfera magnética. Curitiba,
16 de Janeiro de 1998.

Anatoli Oliynik Gr. Sec.-Geral Adj. para o Rito de York do G.O.B. E-


mail: anatoli@netpar.com.br Notas: 1. Este documento contém as
principais orientações para Lojas do Rito de York [Emulation Rite] linha
inglesa (Grande Loja Unida da Inglaterra). Evitar comparações com o
Rito de York norte-americano que difere do rito praticado na Inglaterra.
Maiores detalhes podem ser encontrados em: OLIYNIK, Anatoli. O Rito
de York (Emulation Rite). Curitiba: Ed. Gráfica Vicentina, 1997. 236 p.
Il. Pedidos do livro podem ser encaminhados diretamente para o autor
no endereço acima indicado. Solicite a ficha de pedido por E-mail. E-
mail: anatoli@netpar.com.br
193

BREVE HISTÓRICO DA FUNDAÇÃO DA GRANDE LOJA UNIDA DA


INGLATERRA

Uma vez fundada a Grande Loja de Londres em 24.06 l7l7, como já se


sabe da história da Ordem, que ocorreu na Cervejaria do Ganso e da
Grelha( The Goose and Gridiron), onde se reuniram alem de uma Loja
com o mesmo nome, mais três a saber: A Coroa (The Crown); A
Macieira( The Apple) e a O Copázio(copo grande, copaço) e as Uvas
(The Rummer and Grappes) Elegeram como primeiro Grão-Mestre o
Irmão Sir. Antony Sayer. As três primeiras Lojas foram constituídas de
maçons operativos e a quarta a do Copázio e das Uvas foi constituída
por homens eminentes, nobres e entre eles o Reverendo James
Anderson,que escreveria em l723 o famoso Livro das Constituições
(Livre des Constituitones), mais conhecido como Constituições de
Anderson. Era nessa época uma Maçonaria de apenas dois graus. Não
havia o grau de mestre, havia o cargo de Mestre da Loja O grau de
Mestre foi introduzido na Maçonaria em l725 e definitivamente
incorporado em l738. Em 11.05.l725 teriam sido elevados ao grau de
Mestre os dois primeiros maçons na história da Ordem: Papillon Bul e
Charles Cotton. Interessante que, os primeiros Grão-Mestres da
Maçonaria no mundo eram Companheiros e não Mestres.

Entretanto, apesar desta iniciativa da Maçonaria Inglesa, fundando a


que seria a primeira potência maçônica, a Grande Loja de Londres, a
sua influência na Inglaterra durante muito tempo, foi relativa pois uma
grande parte das lojas inglesas em respeito aos antigos costumes onde
os "Maçons livres em Lojas livres" predominavam, não queriam saber
de novidades, principalmente em função do já conhecido
conservadorismo inglês. O principal foco de resistência foi a velha Loja
do condado de York. Os Maçons de muitas lojas teimavam em não
seguir não só a uma organização obedencial, bem como eram
refratários às inúmeras alterações que foram introduzidas sendo por
esta razão chamados de Antigos e evidentemente os Maçons da Grande
Loja de Londres eram chamados de Modernos.

Em l725 na cidade de York foi fundada a Grande Loja se


autoproclamando Grande Loja da Inglaterra. Cessou suas atividades
mais ou menos l740.

Em l75l foi fundada uma Grande Loja dos Antigos, formada de maçons
irlandeses que haviam sido impedidos de pertencer às lojas inglesas.
O maçom que mais se bateu contra os Modernos foi o irlandês
194

Lawrence Dermott, publicando em l756 as Constituições da Grande


Loja dos Antigos sob o título Ahiman Rezzon( Ahim quer dizer Irmãos:
manah, escolher e ratzon, lei) Ele afirmava que os Antigos deveriam
ser chamados de Maçons de York porque a primeira Grande Loja da
Inglaterra havia sido reunida em York em 926 pelo príncipe Edwin.
Entretanto, sabemos que se trata de uma lenda e não da realidade
maçônica inglesa dos séculos XVII e início do XVIII.

Somente em 1761, foi reativada a Grande Loja de York, ligada à cidade


do mesmo nome, com a seguinte sigla: Grande Loja de toda a
Inglaterra( The Grand Lodge off all England). Os maçons desta Grande
Loja criticavam a Grande Loja de Londres por ter esta realizado muitas
alterações a saber: mudaram as formas de reconhecimento nos graus
na Maçonaria, retiraram as orações dos procedimentos;
descristianizaram o ritual, omitiram os Dias Santos, mudaram a forma
de preparação do candidato; enxugaram o ritual, deixando de dar as
instruções como até então eram ministradas; cortaram a leitura dos
Antigos Deveres nas Iniciações; retiraram a Espada durante as
Iniciações, mudaram o antigo método de arrumar a loja e também
alterações e mudança na função dos diáconos, colocaram o Altar dos
Juramentos no centro da loja, alem de outras alterações.

Uma outra Grande Loja, a quarta, apareceu na Inglaterra em l777 por


ocasião da cisão havida na Loja Antiquity, quando parte da Loja
acompanhou o grande maçom Willian Preston, separando-se da
Grande Loja de Londres, porem voltando daí há onze anos em l788 à
Potência de origem. Willian Preston, grande palestrante e compilador
dos então catecismos maçônicos., ele teria sido o primeiro maçom a
dar o significado simbólico às ferramentas de trabalho dos operários
da construção.

De fato, a Grande Loja de Londres, imprimiu um tipo de catecismo(não


se chamava ritual naquela época), introduzindo uns procedimentos e
retirando outros, mais no sentido de atualização e renovação. Criaram
um Ritual muito parecido com o atual Rito de York Americano.

Quanto aos maçons do condado de York e os outros que se opunham


às modificações implantadas pela Grande Loja de Londres praticavam
um ritual parecido ao que Samuel Prichard de maneira perjura,
publicou num jornal de Londres em 10 de Janeiro de l730 de dois graus.
Eram conservadores e não admitiam modificações em hipótese
alguma.
195

Entretanto, a Maçonaria Inglesa chegou à conclusão que tanta


divergência não levaria a Ordem a lugar algum, já em l794 os dois
Grão-Mestres rivais solicitaram ao Duque de Kent que intermediasse
um acordo entre as duas Potências, no sentido de uma unificação. Em
l809, a Grande Loja de Londres constituiu uma Loja de Promulgação
ou Reconciliação, com a finalidade de estudar a fundo o problema.

Esta Loja chegou a conclusão após estudos que se poderia atender a


todos os interessados, principalmente no tocante ao Ritual, isto é
cederiam em favor dos Antigos em parte, suas maiores reivindicações.

Em 1813 por coincidência dois nobres, irmãos de sangue eram os Grão-


Mestres das duas Potências adversárias, o Duque de Sussex da Grande
Loja de Londres e o Duque de Kent, Grão-Mestre da Grande Loja de
toda a Inglaterra. Assim, em 27.de Novembro daquele ano, foi
assinado um tratado com 3l artigos sacramentando a união de ambas
as Obediências. Não foi lavrada ata, para se salvaguardar o segredo
maçônico e o Duque de Kent propôs que seu irmão o Duque de Sussex
fosse o primeiro Grão Mestre da nova Potência que passou a se chamar
Grande Loja Unida da Inglaterra, nome este que permanece até a
presente data. A partir daí a Maçonaria Inglesa entrou numa fase de
paz e tranqüilidade. Acresça-se que apesar de terem chegado a um
acordo acabou prevalecendo em quase 80% das práticas adotadas
pelos Antigos. Há na Inglaterra uma certa tolerância, pois existem
algumas pequenas diferenças nas práticas ritualísticas perfeitamente
aceitas sem que isto venha a ser enxertos, invenções, adendos
consistindo apenas em tradições sem constituir problemas entre os
maçons ingleses, cuja mentalidade é bastante diferente da nossa, já
que temos uma capacidade de inventar muito grande.

ALGUNS ESCLARCIMENTOS QUANTO AO NOME DO RITO (TRABALHO)


NO BRASIL E SÍNTESE DA HISTÓRIA DO RITO NO PAÍS

Se vasculharmos detidamente os rituais ingleses notaremos que não


existem alguns termos os quais foram traduzidos para o português aqui
no Brasil de forma inadequada, e que acabaram sendo usados
incorretamente e até se tornarem erradamente tradicionais. Em
realidade não existe o Rito de York Inglês. Existe sim, o Rito de York
Americano que nada tem a ver com sistema ritualístico inglês. O
sistema Inglês de Ritualística tem o nome de Arte Maçônica (Craft
Masonry) Não encontramos os termos Rito de York (York Rite), e nem
o Rito de Emulação(Emulation Rite).
196

Existem os nomes de Ritual de Emulação(Emulation Ritual) e Trabalho


de Emulação( Emulation working).

A partir de 1871 foi criado um ritual denominado " The perfect


Cerimonies of Craft Masonry" ( Cerimônias Exatas da Arte Maçônica),
impresso pela "A Lewis, Publishers" de Londres.

Existe o termo Emulation (Emulação), ligado a uma Loja a "Emulation


Lodge of Improvement" (Loja Emulação de Melhoramento)fundada em
l823,verdadeira escola de maçonaria onde são dadas instruções por
preceptores que ensinam o ritual aos Irmãos, que existe e funciona até
a presente data.

Se formos usar o nome do sistema maçônico inglês corretamente


deveríamos nos referir a este Rito como Trabalho de Emulação, e Ritual
de Emulação aos procedimentos ritualísticos, porque em realidade na
Inglaterra, o que nós chamamos de Rito de York, conforme já frisamos
lá não existe tal expressão. Lá os maçons se dizem pertencer à Craft
Masonry e não a um Rito, como aqui no Brasil. Craft significa oficio ou
arte. Costumam dizer que pertencem ao Oficio Maçônico e não a um
Rito.

O sistema inglês de Maçonaria entrou no Brasil através da " Orphan


Lodge" no Rio de Janeiro em 28.06.l837. Em 21.09.1839 também no
Rio de Janeiro, foi fundada a "St.Jonh's Lodge" e a terceira Loja foi a
"Southern Cross Lodge" em Recife que recebeu a Carta Constitutiva ou
Carta Patente em 25.04.1856. Todas estas Lojas receberam
autorização diretamente, isto é, a Carta Patente da Grande Loja Unida
da Inglaterra. Não tinham quaisquer vínculos com a Maçonaria
Brasileira. Estas lojas tiveram existência efêmera. mas marcaram
oficialmente o contato do Brasil com o sistema ritualístico inglês. A
última delas a abater colunas foi a"Southern Cross Lodge" em 1872 ou
l873.

O Grande Oriente do Brasil ao Vale dos Beneditinos,depois Grande


Oriente Unido (dissidente do GOB) fundado em 09.11.1863 por
Saldanha Marinho fundou três lojas, pelo sistema americano, onde o
Rito usado tem realmente o nome de Rito de York, sem relação com o
sistema inglês. Foram elas: a Loja "Vesper" no Rio de Janeiro em
30.11.1872 a "Washington Lodge" em Santa Barbara do Oeste -SP.
onde imigraram americanos após a Guerra Civil Americana e a
"Lessing" em Santa Cruz do Sul no Rio Grande do Sul em 22.03.l880.
197

Entretanto a primeira loja de origem inglesa fundada sob os auspícios


de uma Potência no Brasil foi a Loja "Eureka" em 21.10.1891 pelo GOB.
Em 21.12.1912 o Grande Oriente do Brasil assinou um tratado com a
Grande Loja Unida da Inglaterra, onde houveram dois textos, um em
português, onde foi traduzido como "Grande Capítulo do Rito de York"
e no inglês como "Grand Conseil of Craft Masonry in Brazil", cuja
tradução correta seria " Grande Conselho do Ofício Maçônico no Brasil",
evidentemente se referindo à Maçonaria Simbólica. No brasão
emblemático, estão inseridas as letras G.C.C.M. na parte superior e
Brasil com "z" na parte inferior.

As lojas componentes deste Grande Conselho, ou Grande Capítulo


como querem os brasileiros foram:

"Eureka Lodge " nº.440 - Rio de Janeiro Fundada em 22.10.1891

"Duke of Clearence"nº.443- Salvador Bahia Fundada em10.10.1892

"Morro Velho Lodge"nº. 648- Nova Lima-Mg. Fundada em 20.03.1899

"Lodge of Unity" nº.792– São Paulo –Sp Fundada em 22.09.1902

"St. George's Lodge" n.8l7 – Recife – Pe Fundada em30.06.1904

"Lodge of Wanders" nº 856 – Santos – Sp. Fundada em 05.09.1907

"Eduardo VII Lodge" nº903 – Belém – Pa. Fundada em 10.11.1911

A última Loja, a sétima, foi fundada para que se pudesse criar o Grande
Capítulo, ou Grande Conselho. Outras Lojas vieram a fazer parte deste
Corpo, como a "Campos Salles Lodge";nº966 em São Paulo -Sp.;
"Lodge of Friendship" nº.975 em Niterói- RJ; " Centenary Lodge"
nº.986 em São Paulo -SP.; "Royal Edward Lodge" nº 1.096 no Rio de
Janeiro.

Em 06.05.1935 estas Lojas passaram a fazer parte de uma Grande


Loja Distrital, já que as Lojas jurisdicionadas à Grande Loja Unida da
198

Inglaterra fora do Reino Unido são agregadas em Distritos. A Grande


Loja Distrital no Brasil ( hoje, Grande Loja Distrital para a América do
Sul –Divisão-Norte) teve a anuência do Grande Oriente do Brasil para
esta situação, já que a maioria dos membros destas Lojas era de
origem inglesa. E alem do mais em troca, interessava e muito ao GOB
o reconhecimento formal da Grande Loja Unida da Inglaterra. Cessava
assim as atividades do Grande Capítulo ou Grande Conselho, como
seria o nome correto. Esta Entidade não conferia graus, não se tratava
de um Corpo de graus superiores, já que estes não existem neste
sistema ritualístico. Foi criada mais para se tratar de assuntos
administrativos.

Em 1920, o Irmão Joseph Thomas Wilson Sadler do quadro da Loja


"Lodge of Unity" de São Paulo, baseado na Edição de l9l8 do Ritual "
The Perfect Cerimonies of Craft Masonry" fez uma tradução do Ritual
inglês para o português com a aprovação da Grande Loja Unida da
Inglaterra. Ele usou corretamente a expressão " Cerimônias Exatas da
Arte Maçônica" e não mencionou a expressão Rito de York.
Em l976 foi reimpresso o Ritual de 1920, e aí apareceu a expressão
"Rito de York", que aliás já vinha sendo usado há muito tempo,
consagrando assim definitivamente no Brasil, um nome que não existe
no sistema inglês, quando se sabe que lá na Inglaterra este Trabalho
(Rito) não tem esta denominação. Como todos os Rituais usados
atualmente pelos brasileiros estão baseados nesta tradução, e como
foi inserido em l976 o termo Rito de York, ainda que de forma incorreta,
tornar-se-á muito difícil após muitos anos se desfazer deste erro que
já se tornou corriqueiro e de uso geral.

A versão feita pelo Irmão Sadler tem incorreções com relação à


tradução, se bem que poucas, porem um dos maiores erros deste
Ritual foi colocarem o V:.M:.e demais Oficiais com os três pontinhos,
quando sabemos que eles não existem no sistema ritualístico inglês.

O correto seria V.M., conforme abreviamos as palavras na língua


portuguesa.

Atualmente esta tradução foi copiada pelas demais Potências o seu


diálogo usado em todo Brasil, é praticamente o mesmo mas existem
dificuldades com relação a liturgia, a qual os ingleses fazem questão,
quem sabe, com muita razão de esconde-la. Não ligam muito se outros
povos praticam ou não seu sistema, a não ser os do Commonwealth.
E os brasileiros, são useiros e vezeiros em "escocesar "qualquer
sistema quer inventando quer enxertando procedimentos. Há
dificuldade aqui no Brasil em se freqüentar as Lojas Distritais inglesas,
199

já que poucos Irmãos entendem a língua inglesa. Aprendemos alguma


coisa com Irmãos brasileiros que freqüentam tais lojas, bem como com
Irmãos que pertencem à Potências reconhecidas pela Grande Loja
Unida da Inglaterra e que freqüentem lojas na Inglaterra quando de
passagem por aquele país.

COMO É PRATICADA A MAÇONARIA NA INGLATERRA

A Maçonaria Simbólica inglesa é totalmente controlada pela Grande


Loja Unida da Inglaterra, sendo que lá como já referimos, não se fala
em Ritos e sim de em um conjunto de procedimentos ritualísticos
maçônicos; chamados Trabalhos. No caso o Trabalho de Emulação que
é o Trabalho predominante, (cerca de 85%) tem um Ritual chamado
Ritual de Emulação (Emulation Ritual).

A Grande Loja Unida da Inglaterra no entanto, reconhece outros tipos


de Trabalhos a saber:

Taylor Working, Bristol Working, Lewis Working, West End Working,


Stability Working, Universal Working, alem de outros tipos de
Trabalhos menos divulgados. Todos estes tipos de Trabalhos são muito
parecidos com o Emulation Working. Talvez o mais diferenciado seja o
Bristol Working, no qual o Venerável usa um tipo de chapéu chamado
"cocked hats" muito usado na marinha inglesa. Neste Trabalho as
cerimônias também são um pouco diferentes.

O Trabalho de Emulação tem uma extensão do terceiro grau, que não


chega a ser um novo grau chamado Santo Arco Real. Não se trata em
absoluto de um grau superior, porem tem uma ritualística própria. Ele
é freqüentado pelos Past-Masters. Não confundir o Santo Arco Real do
sistema inglês com o Corpo de Graus Superiores do sistema
americano( Rito de York Americano). conhecido como Real Arco que
tem vários graus. Esta história de que o Santo Arco Real inglês não é
um grau, se bem pensada, não é bem assim . Não é um grau porque
eles não querem que seja, pois se comporta como se fosse um grau,
pois tem até um ritual especial. Esta é a verdade.

A Grande Loja Unida da Inglaterra que se julga a Loja-Mãe do mundo


e se dá o direito de reconhecer ou não outras Obediências Simbólicas
ou seja, Grande-Orientes e Grandes Lojas, onde é inflexível em seus
200

critérios de reconhecimentos, no entanto, não cogita, não proíbe, não


tem tratados, não interfere com relação aos chamados Graus
Superiores. Simplesmente, ignora-os. Seu poder total se refere tão
somente aos graus simbólicos.

Qualquer membro de um dos Trabalhos quer seja o de Emulação,


Bristol West End e etc., poderá buscar caso queira, graus superiores,
em outros Ritos outras Ordens, ou GRAUS PARALELOS como lá são
chamados, por exemplo no Rito Escocês Antigo e Aceito ou mesmo no
Real Arco do Rito de York Americano ou em qualquer outro sistema de
Graus Superiores, desde que não interfira na parte Simbólica.
Na Inglaterra e País de Gales existe um Supremo Conselho 33 do Rito
Antigo e Aceito( Ancient and Accepetd Rite- Supreme Council 33)
fundado em 1845. Não leva o nome de Escocês mas não é outro senão
o nosso já por demais conhecido Rito Escocês Antigo e Aceito.
Os Irmãos poderão também ingressar na Ordem do Monitor Secreto-
Grande Conselho( Order of the Monitor.

Ainda existem outros tipos de Maçonaria de Graus Superiores como por


exemplo, a Ordem dos Sacerdotes Cavaleiros Templários do Sagrado
Arco Real – Grande Colégio- (Order of Holy Royal Arch Knight Templar
Priests) e ainda na Ordem da Cruz Vermelha de Constantino e Ordens
Correlatas (Order of Red Cross of Constantine and appendant Orders).

Existem outros GRAUS PARALELOS que merecem ser citados:

- Grande Loja de Mestre da Marca – Mestres de Marca - (Grand Lodge


of Mark Masters- Mark Degree).

- Graus de Nauta da Arca Real ( Royal Arch Mariner Degree).


- Ordem dos Reais e Seletos Mestres- Grande Conselho-(Order of-
Royal and Select Masters).

Ordem dos Graus Maçônicos Aliados- Grande Conselho- (Order of Allied


Masonic Degrees) Honorável Sociedade de Maçons Livres, etc.
(Worshipful Society of Free Masons etc.)
201

PECULIARIDADES DO TRABALHO DE EMULÇÃO NO RITUAL DE


EMULAÇÃO

Nomearemos as principais peculiaridades de forma aleatória


Uma Loja deste Trabalho (Rito) tem personalidade jurídica. Por esta
razão ela tem que ter um Estatuto registrado em cartório como se fora
uma sociedade civil e um Regimento Interno para fins eminentemente
maçônicos. Os assuntos administrativos jamais poderão ser discutidos
em Loja aberta, porque eles fazem parte de uma sociedade civil. Numa
reunião administrativa até Aprendizes votam. Porem em Loja aberta
só os Mestres poderão votar.
Há uma certa tolerância nos procedimentos ritualísticos, sem que isto
ocasione invenções , enxertos, ou adendos, pois existe a tradição nas
Lojas que não é alterada.

As jóias do Trabalho de Emulação são prateadas e não douradas.


O sinal de Ordem é um pouco diferente dos demais Ritos, e no passo
o calcanhar do pé direito se encaixa na concha do pé esquerdo.
A decoração de uma Loja neste Rito é muito simples. A Loja está
situada num plano só. Não existe balaustrada. As colunas "J" e "B"
estão situadas fora do Templo. O nome da mesa do Venerável Mestre
(Mestre da Loja) e dos Vigilantes é Pedestal e é de forma quadrangular,
muito simples e pequena sem aquela série de símbolos e papeis que
existem em outros Ritos. Existe três castiçais, também chamados
também de tocheiros de mais ou menos 1,20 m de altura, colocados á
direita do pedestal do Venerável e dos Vigilantes onde no seu topo é
acesa uma vela própria.

A porta do templo é lateral localizada no canto noroeste da Loja.


Toda sessão regular é precedida de uma procissão própria do Rito para
dar entrada ao Venerável e os Vigilantes. Ídem, para Autoridades.

As Três Grandes Luzes são: O Livro das Sagradas Escrituras, o


Esquadro e o Compasso. As Luzes Secundárias são: O Sol (2º Vigilante)
governa o Dia, a Lua(1º Vigilante) governa a Noite e o Venerável
Mestre (Mestre da Loja) que dirige a Loja.

Existem símbolos tais como a Corda, a Régua de 24 Polegadas, o


Esquadro o Maço e o Escopro (cinzel).

Os símbolos contidos no Tracing Board of First Degree ( Tábua de


202

Delinear do 1º grau) que em outros Ritos chama-se painel Nesta


representação em forma de um quadro pintado, encontramos as
Colunas Dórica Jônica e Corintia, o Sol, a Lua cheia (não em quarto
crescente), o Círculo com um ponto central; a Escada de Jacó com as
três virtudes, Fé Esperança e Caridade. E ainda esta Tábua de Delinear
nos explica o interior de uma Loja que é composto de Ornamentos que
são o Pavimento Mosaico que é em xadrez (e não em diagonal), a
Estrela Brilhante de sete pontas (Blazing Star) e a Moldura Denteada
ou Marchetada, o Mobiliário da Loja composto do Volume do Livro
Sagrado, o Esquadro e o Compasso e as Jóias.

As Jóias Móveis são o Esquadro o Nível e o Prumo e as Jóias Imóveis


são a Tábua de Delinear, Pedra Bruta e Pedra Esquadrada. Ainda temos
o Lewis( pronuncia-se lu-is ou li-uis) que seria um tipo de luva de ferro
em secções com cunhas ajustáveis e expansíveis utilizadas pelos
pedreiros para engatar a auxiliar os grandes levantamentos. Seria uma
ferramenta que levanta grandes pesos com pouca força.

As colunetas jônica dórica, e coríntia, representação em miniatura das


colunas do Tracing Board(Planta de Delinear) estão em cima dos
Pedestais Em Loja aberta coluneta dórica em cima do pedestal do 1º
Vigilante permanece em pé e a coríntia deitada no pedestal do 2º
Vigilante Loja fechada é contrário.

O ritual deverá ser decorado ou memorizado. Não poderá ser lido em


Loja. O Paster Master Imediato poderá permanecer com o Ritual aberto
para "dar o ponto" e dar uma ajuda para algum esquecimento.

A dinâmica de uma sessão é a seguinte: Abertura da Loja e


apresentação da Carta – Patente ao Secretário.

Leitura pelo Secretário e confirmação da Ata da sessão anterior.


Ordem do Dia.

Quaisquer assuntos de interesse da Loja.

Levantamentos. Existem três, mas o Mestre da Loja poderá engloba-


los num só.

ENCERRAMENTO RITUALÍSTICO DA LOJA


203

Com relação aos três levantamentos, estes são os três momentos em


que o Venerável põe à disposição dos Irmãos o uso da palavra a saber:

1º Levantamento para assuntos da Ordem Maçônica Universal e


Instrução do Grau.

No primeiro levantamento se houver alguma proposta, mensagem ou


Decreto do Grão-Mestre para ser lido, o Diretor de Cerimonial pedirá
que todos fiquem de pé e á Ordem.

2º Levantamento para assuntos da Obediência, da Loja e Expediente


de Secretaria.

3º Levantamento para assuntos pessoais e da bem-querença entre os


Irmãos.

Quando o Venerável Mestre(Mestre da Loja) estiver ausente ele será


substituído pelo PMI e não pelo Primeiro Vigilante.

A marcha é sempre iniciada rompendo-se com o pé esquerdo. Nas


cerimônias em Loja aberta para qualquer Irmão transitar em Loja, será
obrigatório o Esquadramento. Nenhum Irmão poderá caminhar
sozinho, ele deverá ser acompanhado pelo Diretor de Cerimonial ou 2º
Diácono. Este caminhar chama-se perambulação.

ESQUADRAMENTO

Entende-se por esquadramento que quando um canto da Loja seja


alcançado pela perambulação, será dado um quarto de volta à direita
havendo uma pausa momentânea, prosseguindo-se a seguir,a
caminhada em nova direção sempre rompendo com o pé esquerdo do
Diretor de Cerimonial e o Irmão que estiver perambulando, ambos de
braços dados através do membro superior direito do Irmão com o
membro superior esquerdo do Diretor de Cerimonial Quando uma Loja
está esquadrada, os cantos não são cortados nem contornados.
Os avental de Aprendiz é todo branco e deve manter-se de abeta
abaixada. O de Companheiro é branco com duas rosetas azuis nos
ângulos de baixo. O de Mestre é branco, orlado e na parte inferior com
fita azul celeste de no máximo cinco centímetros
204

Os cargos eletivos são: o Venerável Mestre, o Tesoureiro e Guarda


Externo. O demais cargos serão nomeados pelo Venerável Mestre
(Mestre da Loja).

Nos Rituais ingleses existe o termo W.M. que significa Worshipul Master
que é mais um tratamento especial ou seja, Honorável ou Venerável
Mestre, porem a sua função em Loja é Mestre da Loja, mas, com o
tratamento ritualístico de Venerável Mestre pelo menos é a tradição na
Inglaterra.

Não existe disputa para os cargos eletivos. Há uma ordem natural


para os cargos exercidos para que um Irmão se torne Venerável
Mestre(Mestre da Loja), a saber: Guarda Interno, Segundo Diácono,
Primeiro Diácono, Segundo Vigilante e Primeiro Vigilante.

Um Irmão poderá saber cinco anos, que será o Mestre da Loja.


Haverá sempre uma cadeira vazia ao lado direito do Venerável
Mestre(Mestre da Loja) a qual é do Grão-Mestre. Ninguém mais poderá
sentar-se nesta cadeira.

Somente o Grão- Mestre e o Venerável Mestre(Mestre da Loja) poderão


falar sentados. Os demais Irmãos deverão falar de pé dando o passo e
à Ordem.

Existe somente um Livro de presenças para os Membros da Loja e para


os Visitantes, sendo que os Membros da Loja assinarão primeiro e os
Visitantes a seguir.

Existe apenas um Livro de Atas. Se uma Loja realizar uma Sessão de


Mestre, ela terá que automaticamente ser aberta no grau de Aprendiz,
passar para o grau de Companheiro e a seguir para grau de Mestre.
Uma vez, havendo o procedimento no grau de Mestre, a sessão voltará
para uma sessão de Companheiro e finalmente para Aprendiz. Como a
Ata é para Sessão ritualística, não há registro de assuntos secretos.

O Volume das Sagradas Escrituras na Inglaterra é a Bíblia. Não existem


outros livros sagrados no Rito o qual é teísta feito tão somente para a
Maçonaria de irmãos cristãos. Entretanto, como a Grã-Bretanha é
constituída pelo Commonwealth (Comunidade Britânica) que
atualmente congrega cinquenta e oito países, é lógico que por Volume
da Lei Sagrada, os ingleses povo muito politizado toleram o livro
205

sagrado da religião de cada país.

A Loja deverá realizar três sessões mensais a saber:

a) Loja Aberta – Ritualística

b) Administrativa somente para assuntos da Sociedade Civil

c) de Instrução.

As sessões ritualísticas em Loja Aberta são: Iniciação, Passagem,


Elevação, Instalação do Mestre da Loja e Consagração ou Dedicação
do Templo. Não existem Sessões magnas ou especiais. Todas são
regulares.

O QUE NÃO EXISTE NO TRABALHO DE EMULAÇÃO

Não existe nada relacionado à Alquimia, Esoterismo, Rosacrucismo,


Martinismo Cabala ou qualquer ramo do ocultismo.
Não existe Altar dos Juramentos. Os compromissos são tomados no
próprio Pedestal do Venerável. Existe um tamborete ou genuflexório
para o candidato ajoelhar-se.

O uso do chapéu é desconhecido no Ritual de Emulação.


Não existem decorações no teto a não ser a letra "G" suspensa no
centro do Templo.

Não existe dossel em cima do pedestal ou cadeira do Venerável.


Não existem os Altares das Luzes que neste Rito chamam-se como já
dissemos Pedestais.

Não existe Bateria com as mãos. Existe o bater dos malhetes, cujas
batidas serão específicas para cada grau. Chama-se batida de malhetes
e não bateria.

Não existe Bolsa de Propostas e Informações.


206

Não existe o Balandrau. Em todas as sessões, o traje é preto ou escuro


com gravata preta.

Não existe a Cadeia de União.

Não existe Câmara das Reflexões.

Não existe consagração do candidato pela Espada e Malhete.

Não existe a Corda de 8l nós.

Não existem Colunas Zodiacais.

Não existe certificado de presença. Se o visitante o exigir, o Secretário


da Loja enviará uma carta para a Loja a qual pertence o Irmão
informando que ele esteve presente à reunião.

Não existe Culto ao Pavilhão Nacional.

Não existem Espadas, a não ser a Espada do Guarda Externo. Não


existe a Espada Flamígera ou Flamejante.

Não existem Graus Superiores. Existe o Santo Arco Real, que é uma
espécie de extensão do Terceiro Grau, que não é considerado como um
grau, apesar de possuir um ritual especial, cuja ritualística trabalha
com os verdadeiros segredos do Terceiro Grau, sendo que no Terceiro
Grau comum, estes segredos são substituídos.
Não existe o giro da palavra pelas colunas. A palavra é solicitada
diretamente ao Venerável Mestre.(Mestre da Loja).

Não existem os Livros preto e amarelo.

Não existe a prova dos quatro elementos. Terra, Ar, Água e Fogo.
Não existe a Sala dos Passos Perdidos. O local que precede a Loja,
chama-se ante-sala.
207

Não existe a Palavra Semestral. Para atender as normas da Potência o


Venerável Mestre (Mestre da Loja) a transmitirá discretamente sem
ritualística após a sessão, a quem quiser conhecê-la.

Não existe a transmissão da Palavra Sagrada na ritualística de abertura


ou fechamento da Loja.

Desde l986 A Grande Loja Unida da Inglaterra aboliu dos Rituais as


penalidades mencionadas nos juramentos das Iniciações. Agora são
apenas lembradas que antigamente existiam tais penas caso o
candidato fosse perjuro.

Não existe a separação física entre o Ocidente e o Oriente. Não existe


o gradil ou grade, nem existem desníveis ou degraus, entre estas duas
partes da Loja. A Loja é muito simples situada num plano só.

Não existe a Taça Sagrada ou Cálice da Amargura.

Não existe o Tríplice Abraço.

Não existem os três pontinhos nas assinaturas, nas abreviações Os três


pontinhos são desconhecidos neste Rito. As abreviações são como na
escrita comum, por exemplo: Venerável Mestre V.M.
Não existem os termos Prancha de arquitetura, peça de arquitetura,
balaustre, Existem no Trabalho de Emulação as palavras Expediente,
Palestra ou Conferência, Ata e o termo usado para a redação da Ata é
registro

OFICIAIS DA LOJA

Venerável Mestre(Mestre da Loja)


1º Vigilante
2º Vigilante
Tesoureiro
208

Secretário
1º Diácono
2º Diácono
Guarda Interno
Guarda Externo
Capelão
Diretor de Cerimonial
Esmoler (*)
Organista (*)
Mordomo (*)
Administrador de Caridade(*)
Assistente de Secretário(*)
Assistente de Diretor de Cerimonial.(*)

(*) São considerados cargos facultativos

Não existem os cargos de Orador, Chanceler, Expertos, Porta-


Bandeira, Porta Estandarte e Porta-Espadas.

Para que não se confunda o sistema maçônico americano com o inglês


que acabamos de demonstrar em suas principais características
enumeraremos os graus do Rito de York americano sendo que, este
sim é o Rito de York, o autêntico que, tanta confusão se faz a respeito,
quando grande parte dos maçons brasileiros chamam o Trabalho de
Emulação de Rito de York, quando na realidade o Rito de York é como
dissemos, americano e por sinal é muito deferente do inglês.

Segundo o "Educational Bureau General Grand Chapter" R.A.M. de


Lexington- Kentucky –EE.UU. o Rito de York americano está dividido
em quatro partes:

Primeira Parte – Lojas Azuis

1 –Aprendiz ( Entered Apprentice)


2 -Companheiro (Fellowcrfat)
3 – Mestre ( Master Mason)
209

Segunda Parte – Capítulos do Real Arco

4 –Mestre da Marca (Mark Master)


5 –Mestre Passado (Paster Master)
6 –Mui Excelente Mestre (Most Excellent Master)
7 –Maçom do Real Arco ( Royal Arch Mason)

Terceira Parte – Conselho de Mestres Reais e Escolhidos (


Maçonaria Críptica ou secreta)

8 –Mestre Real ( Royal Master)


9 –Mestre Escolhido (Select Master)
10-Super Excelente Mestre (Super Excellent Master)

Quarta Parte – Conselho dos Cavaleiros Templários

11–Ordem da Cruz Vermelha ( Order of Red Cross


12-Ordem de Malta ( Order of Malta_)
13-Ordem do Templo ( Order of the Temple)

BIBLIOGRAFIA
LIVROS
O Rito de York ( Emulation Rite) Anatoli Oliynik Curitiba l997.
Rito & Rituais (Volume 1) Francisco de Assis Carvalho –
Editora " A Trolha" Ltda –Londrina -1993
ARTIGOS EM REVISTAS
210

Joaquim da Silva Pires - "Comentários sobre o suposto "Rito de York"


"A Trolha"
Publicados em diversos artigos em 1.997-1998
José Castellani "Rito de York" "A Trolha" nº55 Maio 1991
José Castellani "Primórdios do Rito de York no Brasil" "O Prumo" nº
101
de Abril e Maio l995
João Guilherme C.Ribeiro comentando o livro "A Reference Book for
Freemason"
de Frederick Smith na Revista "Engenho & Arte"

ARTIGOS PUBLICADOS NA "BIGORNA"


Kurt Prober " A Bigorna" nº 21 – Junho – l984
Kurt Prober " A Bigorna" n°35 - Maio l985
Kurt Prober " A Bigorna" nº 99 - Junho 1989

RITUAIS

The Perfect Cerimonies of Craft Masonry – as approved,sanctioned


and confirmed by THE UNITED GRAND LODGE on 5th June,1816 –
And as taught in the Unions Emulation Lodge of Improvement For
M.Ms. – Freemason Hall, London – A Rew and Revised Edition
Privateley printed for a Lewis- London MDCCCXVIII (1918)
(Foi deste Ritual que o Irmão Joseph Sadler fez a tradução em l920
para o português)

Emulation Ritual

As demonstrated in the Emulation Lodge of Improvement – Compiled


by and published with the approval of the Committee of the
Emulation Lodge os Improvement A Lewis
(Masonic Publishers Ltd. – All rights Reserved, 1976 – London -

Rituais 1º,2º e 3º graus "Cerimônias Exatas da Arte Maçônica" –


Tradução da edição inglesa de l918, realizada em l920 pelo Irmão
Joseph Thomaz Wilson Sadler da Loja "Lodge of Unity", de São Paulo,
impressa em Londres, aprovada pela Grande Loja Unida da Inglaterra
e adotado pelo Grande Oriente do Brasil.
Rituais do 1º, 2º e 3º graus do Rito de York organizados pelo Irmão
211

ANATOLI OLIYNIK, Grande Secretário Geral de Orientação Ritualística


do Grande Oriente do Brasil para Rito de York Ano 2.000

TRABALHO COMPILADO PELO IRMÃO HERCULE SPOLADORE,


MEMBRO DA LOJA DE PESQUISAS MAÇÔNICAS "BRASIL"- TRABALHO
DE EMULAÇÃO

HISTÓRIA DO REGIME ESCOCÊS RETIFICADO – RER

André Otávio Muniz


212

O Regime Escocês Retificado -RER -é um sistema maçônico e


cavalheiresco, constituído na França, na segunda metade do século
XVIII.

O RER e o Regime, que lhe serve de vetor, se distinguem de outros


sistemas maçônicos tanto por suas origens muito claras, das quais se
conhecem, precisamente, todas as etapas e principais personagens,
que estiveram no centro de seu desenvolvimento, quanto por uma
coerência excepcional, essencialmente devida ao fato de que os
fundadores do Regime e os redatores do Rito tinham uma ideia
extremamente precisa do resultado final, que queriam atingir.

A habilidade, com que esses ritualistas conseguiram manejar os


materiais simbólicos e rituais de origens diferentes, possibilitou que se
conseguisse como resultado uma obra homogênea, pedagógica e
iniciática.

O Rito Escocês Retificado é vinculado a uma organização estrutural


– o Regime Escocês Retificado – originalmente articulado em três
classes (de ofício, inspiração original, a doutrina do “Filósofo
cavalheiresca e sacerdotal), reproduzindo as três divisões superiores
de toda sociedade tradicional. Hoje, contudo, só se praticam,
regularmente, as duas primeiras classes. As bases do RER podem ser
resumidas da seguinte maneira:

Fidelidade ao simbolismo e ao Cristianismo;


213

Um duplo apego: de um lado, o respeito às antigas obrigações da


Ordem Maçônica, ou seja, das regras tradicionais da Franco-Maçonaria
regular; de outro o respeito aos princípios e tradições maçônicas e
cavalheirescas próprias do Regime, resultante notadamente das
Convenções (Assembleias Gerais) de Lyon, em 1778, e de
Wilhelmsbad, em 1782;

. O aperfeiçoamento espiritual de seus membros, pela


prática da ação, que todo homem deveria empreender consigo mesmo,
para vencer suas paixões, corrigir seus defeitos e progredir até a
realização espiritual, além do aprofundamento no esoterismo cristão;

. A prática constante de uma benemerência esclarecida


dirigida a todos os homens.

O RER foi constituído e organizado entre 1774 e 1782 por dois


grupos de maçons: um de Estrasburgo e outro de Lyon. No grupo de
Lyon, os mais importantes personagens foram Jean e Bernard de
Turkheime, no grupo de Estrasburgo, Rodolphe Saltzmann. Sobre
todos eles, no entanto, está a radiosa figura de Jean Baptiste
Willermoz.

Willermoz, intimamente persuadido de que a Maçonaria é o


instrumento de Verdades Superiores (esclarecimento do homem sobre
sua verdadeira natureza espiritual e fornecimento de instrumentos
necessários para a “reintegração” a seu estado primordial; ideia
fundamental e essencial, capaz de despertar potencialidades
adormecidas e virtudes ocultas, inscritas na própria alma humana),
tornou-se o arquiteto chefe da construção do Regime e do Rito Escocês
Retificado, impregnando sua construção com sua doutrina.

As fontes do RER são múltiplas, mas podemos resumi-las da


seguinte forma:

. A Maçonaria Francesa em uso no século XVIII, mais


precisamente, o Rito Francês (ou Moderno);

. A Estrita Observância, sistema maçônico e cavalheiresco alemão;

. A Doutrina Martinezista, transmitida por Martinez de Pasqually,


e a Ordem dos “Elus Cohen”; . A Tradição Cristã indivisa, nutrida pelos
ensinamentos dos Padres da Igreja (escritores eclesiásticos de
destacada sabedoria e profundidade).
214

Passamos, agora, a explicar de que maneira cada uma dessas


fontes influenciou o RER.

O Rito Francês (ou Moderno)

A Maçonaria Francesa do fim do século XVIII, que, mais tarde,


estruturar-se­ia em um sistema chamado de “Rito Francês”, com seus
Três Graus (Aprendiz, Companheiro e Mestre) e suas Quatro Ordens
(Eleito Secreto, Eleito Escocês, Cavaleiro da Espada e Soberano
Príncipe Rosa-Cruz), bem como os numerosos sistemas ditos
“escoceses”, deu a forma puramente maçônica, que servirá de
receptáculo aos ensinamentos provenientes de outras fontes.

Do Rito Francês ou Moderno, serão, notavelmente conservados a


posição da Coluna J, a atribuição das letras aos dois primeiros graus,
o posicionamento dos vigilantes, a marcha partindo com o pé direito,
o porte da espada em Loja pelos IIr\ e um certo número de usos
ritualísticos, adotados nessa época na França.

A Estrita Observância Templária

A Estrita Observância Templária, ou Maçonaria Retificada de


Dresde, sistema maçônico-cavalheiresco de origem germânica,
fundado entre 1751 e 1755 por Charles de Hund, Barão do Império,
Senhor de Lipse, na Alta Lusace, que tencionava iniciar uma reforma
moral da Maçonaria alemã, reunia, em seu seio, uma parte da nobreza
alemã, se constituindo em herdeira e continuadora da Ordem do
Templo, de onde pretendia deter os conhecimentos espirituais, que
estavam de posse dos Templários, e projetava a restauração dessa
Ordem, abolida em 1312.

A Estrita Observância compreendia uma Ordem Interior de


Cavalaria em dois graus (o noviciado, classe preparatória ao Segundo
Grau, onde seria armado Cavaleiro), sobreposta a uma classe
maçônica dividida em quatro graus: Aprendiz, Companheiro, Mestre e
Mestre Escocês (tal qual é adotado hoje no RER, apesar da separação
entre o grau simbólico de Mestre Maçom e o grau superior de Mestre
Escocês).

O Rito Francês e a Estrita Observância foram as duas principais


fontes formais, que serviram de receptáculo ao elemento mais
essencial, ou seja, os ensinamentos de Martinez de Pasqually.
215

Personagem enigmático que nasceu, segundo certas fontes, em


1710, segundo outras, em 1727, em Grenoble, Dom Martinez de
Pasqually, também, chamado de Pasqually de la Tour, ou Latour de las
Casas, morreu em Porto Príncipe, em 20 de setembro de 1774.

Católico, de uma família de origem espanhola ou portuguesa,


provavelmente de origem marrana, Martinez de Pasqually foi um
grande teósofo, descrito por seus discípulos como um mestre, que
possuía conhecimentos maravilhosos e era dotado de poderes
transcendentais excepcionais.

Sua Doutrina, que inspiraria Jean Baptiste Willermoz e que seria


o centro da Doutrina da Ordem dos Cavaleiros Elus Cohen do Universo,
mais conhecida como Ordem dos Elus Cohen, é exposta em sua obra
inacabada: “Tratado sobre a reintegração dos seres de acordo com
suas propriedades primeiras, virtude e potência espiritual divina”, onde
expõe a história ontológica do homem, de sua origem divina, de sua
queda do estado primordial e original glorioso e dos meios da
reintegração, através da iniciação, até seu estado primordial.

Jean Baptiste Willermoz estava intimamente convencido, depois


de sua entrada na Ordem dos Elus Cohen, de que a Maçonaria deveria
esclarecer o homem sobre sua própria natureza, sua origem e sua
destinação.

Fortemente impressionado pelo ensinamento teosófico e teúrgico


de Martinez, imediatamente se convenceu de que tomava contato com
uma Doutrina puramente tradicional, que revelava a verdade da
Maçonaria.

A partir daí, irá consagrar-se inteiramente a esse ensinamento,


juntando à tradição esotérica cristã uma moldura maçônica, nascendo,
assim, o fundo doutrinal do RER.

Primeiramente, Willermoz achava que a Estrita Observância


Templária era o asilo perfeito para sua Doutrina. No entanto, ele
percebeu, rapidamente, que ela não correspondia exatamente ao que
desejava.

A Doutrina da Estrita Observância, para Willermoz, se afigurava


como um ensinamento que visava a um objetivo temporal, ou seja, o
renascimento da Ordem do Templo, enquanto instituição.
216

Da Estrita Observância, Willermoz retirou os elementos que


achava importantes para sua própria Doutrina, e, a partir da fusão
desses elementos com as fontes já citadas, elaborou o seu Próprio
Sistema, ou seja, o RER.

Jean Baptiste Willermoz estruturou o RER com as divisões


clássicas de uma sociedade tradicional, ou seja, em três classes
concêntricas, cada uma delas correspondente a uma iniciação
específica. Em uma visão de conjunto, teríamos:

. Uma classe maçônica compreendendo quatro graus:


Aprendiz, Companheiro, Mestre e Mestre Escocês de Santo André.
(Iniciação de Ofício);

. Uma classe cavalheiresca, a Ordem Interior,


compreendendo dois graus: Escudeiro Noviço e Cavaleiro Benfeitor da
Cidade Santa (C.B.C.S.);

. Uma classe sacerdotal secreta compreendendo duas


categorias: o Professo e o Grande Professo. Hoje, só são praticadas as
duas primeiras classes, sendo o último Grau do Rito o de C.B.C.S..

A transformação, ocorrida entre a Estrita Observância Templária


e o Regime Escocês Retificado, ou seja, a estruturação do edifício ritual
e doutrinal próprios do RER, foi, oficialmente, aprovada por duas
assembleias gerais:

. O Convento das Gálias, que se deu em Lyon, entre


novembro e dezembro de 1778, e ratificou o “Código Maçônico das
Lojas Reunidas e Retificadas” e o “Código da Ordem dos Cavaleiros
Benfeitores da Cidade Santa”, que podem ser considerados como
textos fundadores do RER, ainda em vigor;

. O Convento de Wilhelmsbad, que se deu na Alemanha, em


setembro de 1782, sob a presidência do Duque Ferdinando de
Brunswick-Lunebourg e do Príncipe Charles de Hesse, os dois principais
dirigentes da Estrita Observância, que se juntaram à reforma do
Convento das Gálias.

Segundo as decisões do Convento das Gálias, confirmadas pelo


Convento de Wilhelmsbad, o RER rejeitou a teoria sustentada pela
Estrita Observância de filiação histórica com a Ordem do Templo,
conservando um princípio de filiação espiritual, fundado na participação
217

de uma tradição comum, colocada em evidência pela denominação de


“Cavaleiros Benfeitores da Cidade Santa”

Além disso, a última classe secreta, a “Profissão”, não foi aprovada


pelo Convento de Wilhelmsbad , apesar de continuar a ser praticada
secretamente.

No plano temporal, o RER manteve a divisão geográfica da Estrita


Observância Templária, inspirada na Ordem do Templo, em nove
províncias, estando a França dividida em três províncias: Auvergne,
Occitânia e Bourgogne.

Na época do eclipse da Ordem, suspensa no século XIX, o Grande


Priorado Independente da Helvécia, herdeiro da 5ª Província (de
Bourgogne), recolheu as chancelas e povoou duas outras províncias,
tornando-se, assim, o conservador do RER no mundo.

Despertado na França, em 1910, por Edouard de Ribeaucourt, o


RER, em 1913, será, juntamente com a Respeitável Loja “Le Centre
des Amis” n° 1, a origem de restauração da Maçonaria regular na
França, pela fundação da Grande Loja Nacional Independente e Regular
para a França e as Colônias, que se tornaria, depois, a Grande Loja
Nacional Francesa.

Hoje o RER é praticado por cerca de 4500 maçons retificados na


França.
218
219
220

A PLURALIDADE DE RITOS MAÇÔNICOS NO BRASIL E NO


GRANDE ORIENTE DO BRASIL, EM PARTICULAR (*).

De fato, é um laurel da Maçonaria Brasileira a Pluralidade de


Ritos, porque o exercício de Ritos Regulares faz com que a nossa
Obediência abrigue, generosamente, as várias correntes Filosóficas e
Doutrinárias do Mundo Maçônico, desde o Agnosticismo até o Teísmo.
Seria um atentado à História e à Justiça se, em obediência a imposições
ilegítimas e alienígenas, criássemos agora obstáculos aos Ritos"
(Álvaro Palmeira, Grão-Mestre Geral do Grande Oriente do Brasil -
1963/1968)

1 - A Gênese dos Ritos

Conceituamos rito como sendo um cerimonial próprio de um


culto ou de uma sociedade, determinado pela autoridade competente;
é a ordenação de qualquer cerimônia e, por extensão, designa culto,
221

religião ou seita. Maçonicamente é a prática de se conferir a Luz


Maçônica a um profano, através de um cerimonial próprio. Em
seiscentos anos de Maçonaria documentada, uma imensidade de ritos
surgiram. Mas, de 1356 a 1740, existiu um rito apenas, ou melhor um
sistema de cerimônias e práticas, ainda sem o título de Rito, que
normatizava as reuniões maçônicas. Somente a partir de 1740 é que
uma infinidade de ritos varreu o chão maçônico da Europa. Para evitar
heresias, um Rito deve ter conteúdo que consagre algumas exigências
bem conhecidas: o símbolo do Grande Arquiteto do Universo, o Livro
da Lei, o Esquadro e o Compasso sobre o altar dos juramentos, sinais,
toques, palavras e a divisão da Maçonaria Simbólica em três graus.
Não há nenhum órgão internacional para reconhecer ritos. Acima do
3º Grau, cada Rito estabelece sua própria doutrina, hierarquia e
cerimonial.

Um rito maçônico, usando simbolismo próprio, é um grande


edifício. Deve ter projeto integrado, dos alicerces ao topo. Cada rito
possui detalhes peculiares. A linha maçônica doutrinária, em cada Rito,
deve ser contínua, dos graus simbólicos aos filosóficos. Cada Rito é
uma Universidade doutrinária.

2 - Os Ritos praticados no Brasil

Conforme observamos, existem muitos Ritos Maçônicos


praticados em todo o mundo. No Brasil, especificamente, são
praticados seis, alguns deles reconhecidos e praticados
internacionalmente e outros com valor apenas regional. São eles, o
Rito Schröeder ou Alemão (pouco praticado no Brasil), o Rito Moderno
ou Francês, o Rito de Emulação ou York (o mais praticado no mundo),
o Rito Adonhiramita, o Rito Brasileiro e o Rito Escocês Antigo e Aceito
(o mais praticado no Brasil).
222

O RITO SCHRÖEDER foi criado por Friedrich Ludwig Schröeder


que, ao lado de Fessler, foi um dos reformadores da Maçonaria alemã.
De acordo com o prefácio do ritual editado em 1960 pela Loja
"ABSALON ZU DEN DREI NESSELN" (Absalão das Três Urtigas),
Schröeder introduziu o rito em sua Loja a 29 de junho de 1801 e esse
rito, desde logo, conquistou numerosas Lojas em toda a Alemanha e
em outros países onde passou a ser praticado, principalmente por
maçons de origem alemã. É um rito muito simples e trabalha, como o
de York, apenas na chamada "pura Maçonaria" ou seja, na dos três
graus simbólicos, já que não possui Altos Graus. No Rito Schröeder a
expressão "Grande Arquiteto do Universo" é usada no plural - "Grande
Arquiteto dos Universos (GADDUU).

O RITO MODERNO, criado em 1761, foi reconhecido pelo


Grande Oriente da França em 1773. A partir de 1786, quando um
projeto de reforma estabeleceu os sete graus do rito - em
contraposição ao emaranhado dos Altos Graus da época -, ele teve
grande impulso espalhando-se por toda a França, pela Bélgica, pelas
colônias francesas e pelos países latino-americanos, inclusive pelo
Brasil. Já no início do século XIX, o Grande Oriente do Brasil - primeira
Obediência brasileira - foi fundada em 1822, adotando o Rito Moderno,
antes do Rito Escocês que só seria introduzido em 1832. Em 1817
houve a grande reforma doutrinária que suprimiu a obrigatoriedade da
crença em Deus e da imortalidade da alma, não como uma afirmação
do ateísmo, mas por respeito à liberdade religiosa e de consciência, já
que as concepções religiosas de uma pessoa devem ser de foro íntimo,
não devendo ser impostas. O Grande Oriente da França, que acolheu
a reforma, queria demonstrar com isso o máximo de escrúpulos para
com os seus filiados, rejeitando toda e qualquer afirmação dogmática.
Essa atitude provocou uma rápida reação da Grande Loja Unida da
Inglaterra que rompeu com o Grande Oriente da França. O caso
envolveu não apenas uma questão doutrinária como ainda político-
religiosa.

O RITO YORK é considerado bastante antigo. A Grande Loja de


Londres, durante muito tempo após a sua fundação, teve uma
influência muito limitada, pois a grande maioria das Lojas britânicas
continuava a respeitar as antigas obrigações, permanecendo livres sem
223

aderir ao sistema obediencial. O centro de resistência à Grande Loja


era a antiga Loja de York, de grande tradição operativa e que dava aos
membros da Grande Loja o título de "Modernos", enquanto eles
próprios se autodenominavam "Antigos", pelo respeito às antigas leis.
O que os Antigos censuravam nos Modernos era a descristianização
dos rituais, a omissão das orações e da comemoração dos dias santos,
contrariando assim os mandamentos da Santa Igreja (Anglicana). O
cisma entre os Antigos e Modernos durou até 1813, quando as duas
Grandes Lojas fundiram-se formando a Grande Loja Unida da
Inglaterra, que adotava o Rito dos Antigos de York. A Constituição
desse Supremo Órgão foi publicada em 1815. O rito não possui Altos
Graus, tendo além dos três simbólicos, uma quarta etapa designada de
"Real Arco", que é considerada uma extensão do Mestrado. O Rito de
York, por ser teísta, está mais ligado aos países onde os cultos
evangélicos predominam, pois o clero desses cultos tem dado à
Maçonaria o apoio e o suporte necessário para a sua evolução e
crescimento.

O RITO ADONHIRAMITA nasceu de uma polêmica entre


ritualistas em torno de Hiram Abif, chamado de ADON-HIRAM (Senhor
Hiram) e ADONHIRAM, o preposto das corvéias, depois da construção
do Templo de Jerusalém, de acordo com os textos bíblicos. O rito,
depois de uma época de grande difusão, acabou desaparecendo.
Todavia, no Brasil (onde foi o primeiro rito praticado), ele permaneceu,
fazendo com que o país seja hoje o centro do rito, que teve seus graus
aumentados de treze para trinta e três. O Rito Adonhiramita é deísta.

O RITO BRASILEIRO teria sido criado em 1878, em


Pernambuco, mas tem sua existência legal a partir de 23 de dezembro
de 1914, quando foi publicado o Decreto nº. 500, do então Grão-Mestre
do Grande Oriente do Brasil, Lauro Sodré, fazendo saber que, em
sessão do Conselho Geral da Ordem havia sido aprovado o
reconhecimento e incorporação do Rito Brasileiro entre os que
compunham o Grande Oriente do Brasil. Depois o Rito desapareceria,
para ressurgir em 1940 e novamente em 1962, praticamente
desaparecer, até que em 1968, o Decreto nº. 2.080, de 19 de março
224

de 1968, do Grão-Mestre Álvaro Palmeira, renovava os objetivos do


Ato nº. 1617 de 3 de agosto de 1940, como o marco inicial da efetiva
implantação do Rito Brasileiro. A partir daí, o rito teve grande
crescimento no país.

O RITO ESCOCÊS ANTIGO E ACEITO, Começou a nascer na


França, quando Henriqueta de França, viúva de Carlos I, decapitado
em 1649, por ordem de Cromwell, aceitou do Rei Luís XIV asilo em
Saint-Germain-en-Laye, para lá se retirando com seus regimentos
escoceses e irlandeses e os demais membros da nobreza,
principalmente escocesa, que passaram a trabalhar pela restauração
do trono, sob a cobertura das Lojas, das quais eram membros
honorários, o que evitava que os espiões de Cromwell pudessem tomar
conhecimento da conspiração.Consta que Carlos II, ao se preparar para
recuperar o trono, criou um regimento chamado de Guardas
Irlandeses, em 1661. Esse regimento possuía uma Loja, cuja
constituição dataria de 25 de março de 1688 e que foi a única Loja do
século XVII cujos vestígios ainda existem, embora os stuartistas
católicos devam ter criado outras Lojas. O termo "escocês", já a partir
daquela época, não designava mais uma nacionalidade, mas o partido
dos seguidores dos Stuarts, escoceses em sua maioria. Assim, após a
criação da Grande Loja de Londres, em 1717, existiam na França dois
ramos maçônicos: a Maçonaria escocesa e stuartista, ainda com Lojas
livres, e a inglesa com Lojas ligadas à Grande Loja. A Maçonaria
escocesa, mais pujante, resolveu, em 1735, escolher um Grão-Mestre,
adotando o regime obediencial, o que levaria à fundação da Grande
Loja da França (Grande Oriente de 1772), embora esta designação só
apareça em 1765. O escocesismo, na realidade, só se concretizou com
a introdução daquilo que seria a sua característica máxima, os Altos
Graus, através de uma entidade denominada "Conselhos dos
Imperadores do Oriente e do Ocidente". Este Conselho criou o Rito de
Héredom, com 25 graus, o qual, incorporado ao escocesismo, deu
origem a uma escala de 33 graus, concretizada do primeiro Supremo
Conselho do Rito em todo mundo. O REAA, por ter sido um rito deísta,
não foi unanimemente aceito nos países onde predominavam as
Igrejas Evangélicas e vicejou mais nos países latinos onde predomina
o Catolicismo. É necessário explicar que atualmente o caráter deísta
do Rito Escocês Antigo e Aceito misturou-se ao teísmo, sendo que este
225

acabou sendo predominante. O REAA tem o mesmo forte caráter teísta


do Rito de York.

3 - Conclusão: A Unidade na Diversidade

A Maçonaria se caracteriza pela diversidade e sempre admitiu a


pluralidade de ritos. O Sistema do Rito Único, caso existisse, não seria
um bom sistema. A Ordem reuniu sistemas diversos formando uma
unidade superior, perfeitamente caracterizada que é a Doutrina
Maçônica. A Maçonaria convive com muitos ritos, uns teístas, outros
deístas sem esquecer os agnósticos. Afinal, há muitas maneiras de se
relacionar com Deus. Mas há um detalhe: o maçom não pode ser ateu.
Em decorrência deste ecletismo, as manifestações maçônicas
disseminadas no mundo ao longo do tempo, apresentam-se com
grande diversificação, havendo Unidade na Diversidade. É possível que
a máxima "E PLURIBUS UNUM" (A Unidade na Diversidade), inscrita no
listel que envolve a parte superior do Selo dos EUA seja de origem
maçônica. Afinal, todos os chamados "pais da pátria" daquele país
foram maçons, a começar por George Washington.

Referências Bibliográficas:

CASTELLANI, José. Curso Básico de Liturgia e Ritualística.


Londrina, Ed. "A TROLHA", 1991;

FARIA, Fernando de. Rito Brasileiro de Maçons Antigos, Livres e


Aceitos. "O SEMEADOR" nº 8 (2ª fase) Jul-Dez 1990;

OLIVEIRA, Arnaldo Assis de. Escocesismo. Trabalho para


aumento de salário no Ilustre Conselho de Kadosch nº 22, 1992;

"EGRÉGORA" nº. 1/Jul-Ago 1993; nº. 2/ Set-Nov 1993; nº.


3/Dez 93-Fev 1994; nº. 4/Mar-Mai 1994; nº. 5/Jun-Ago 1994.
226

(*) Trabalho de autoria do Pod Irmão Lucas Francisco Galdeano –


Grão-Mestre Adjunto do Grande Oriente do Distrito Federal.

COBRIDOR DE TODOS OS RITOS PRATICADOS NO ÂMBITO

DO GRANDE ORIENTE DO BRASIL

O Art. 30 da Constituição do Grande Oriente do Brasil prescreve no seu item VIII,


freqüentar os trabalhos de qualquer outra Loja e dela receber atestado de freqüência, como o direto
de visita;

Este cobridor de todos os ritos destina-se a orientar os Irmãos que ocupam cargo cuja
responsabilidade é certificar a condição de regularidade do visitante. A verificação de
regularidade é uma das mais importantes funções relativa à segurança do trabalho.

O Encarregado da função deve ser um Mestre experiente (um Mestre Instalado), uma vez
que já é versado na arte da direção da Loja. Toda vez que receber o visitante deve orientá-lo no
tocante ao cobridor do rito adotado na Loja, para evitar constrangimentos. Cada ritual
determina qual oficial deve exercer esta função.

O direito de visitação é o meio mais eficiente para os estabelecimentos de relações


fraternais e aperfeiçoamento na Arte Real. Contudo deve ser sempre observado o momento de
introdução dos visitantes na Loja.

O item XVII do Art. 24 da Constituição do Grande Oriente do Brasil prevê como dever da
Loja “identificar os visitantes pelo exame de praxe ou pela apresentação de suas credenciais
maçônicas, salvo se apresentados por membro de seu Quadro”;

Cada rito estabelece em seus rituais o momento de introdução dos visitantes e a modo
como acontece.
227

Rito Adonhiramita:

Todo Irmão regular tem o direito de comparecer às sessões das Lojas da Obediência e às
das Potências da Amizade do GOB, sujeitando-se, entretanto, se não for conhecido dos Irmãos
do Quadro, à fórmula de reconhecimento denominada Telhamento e, também, deve atender às
disposições disciplinares estabelecidas pela Loja visitada. Desta forma, chegando à Loja em
visita, o Irmão apresenta-se ao Cobridor Externo, na Sala dos Passos Perdida, o qual será
encaminhado ao 1° Experto que se encontra no Átrio.

Preliminarmente, o Irmão 1º Experto indaga ao Irmão Visitante qual o Rito praticado pela
Loja que ele pertence, para que realize o Telhamento com base no respectivo Ritual, evitando-
se, assim, qualquer constrangimento ao Irmão Visitante, tendo em vista a diversidade de Ritos
existentes, os quais possuem Sinais, Toques e Palavras próprios.

Rito Brasileiro:

É facultado ao Venerável permitir que o Irmão visitante, se for pessoa conhecida da Oficina,
ingresse no Templo em família, participando do cortejo da abertura. Qualquer outro
visitante será submetido ao procedimento regulamentar.

Autoridades Maçônicas, bem como portadores de Títulos de Recompensa, serão recebidas


conforme o protocolo do Regulamento Geral da Federação.

Qualquer Maçom, membro de Loja regular do País ou do estrangeiro, goza do direito de


visitação. E um Landmark da Ordem.

Se o visitante não for conhecido, antes do início da Sessão, deve ter verificada sua dignidade
maçônica pelo 1º Experto e gravar seu nome no livro próprio. Seus documentos serão examinados pelo
Orador da Loja. Não havendo impedimentos, o Venerável determina o ingresso, sem levantar a Loja. O
visitante é introduzido pelo Mestre de Cerimônias.

Rito Escocês Antigo e Aceito:

O Venerável Mestre procederá, em relação aos Irmãos Visitantes, portadores de


representação especial ou títulos de autoridade, de acordo com o Protocolo de Recepção do
Regulamento Geral da Federação.

As autoridades Maçônicas do Simbolismo receberão o tratamento consignado no mesmo


Protocolo.

Os Irmãos Visitantes sem representação especial, membros de qualquer Loja regular, têm o
direito de visitar qualquer co-Irmã regular, sujeitando-se ao telhamento, se não forem conhecidos,
e gravando o nome no Livro de Visitantes.

É uma prerrogativa tradicional o direito de visitação, após a Ordem do Dia, sendo


identificados pelo 2º Experto que apresenta o livro de assinaturas dos Visitantes, juntamente com
seus títulos, ao Irmão Orador para verificação do “ne-varietur”.
228

A critério do Venerável Mestre os Irmãos Visitantes conhecidos poderão entrar “em


família” na Abertura dos Trabalhos.

Rito Moderno:

Nas Sessões Magnas é sempre recomendável que os visitantes entrem por ocasião da
Ordem do Dia, no entanto, tem sido praxe, principalmente nas Sessões comuns, os Irmãos
visitantes entrarem junto com os Irmãos da Loja, o que nada impede que seja feito. A entrada
pode acontecer após a ordem do dia houver assunto administrativo a ser tratado.

Os visitantes profanos, nas Sessões em que for permitido o seu ingresso, deverão entrar
sempre na Ordem do Dia.

Em virtude do fato da maioria das Lojas não terem salão próprio para recepção e festas,
estas são feitas no Templo Maçônico, que neste momento não deve ter as características
simbólicas de um Templo.

O Cobridor é quem verifica se o visitante tem condições ou não de adentrar no Templo.

Rito Schröder:

O Exame é feito pelo Irmão 1º Diácono na ante-sala, no caso do Irmão visitante não tiver
sido apresentado por um Irmão da Loja. O exame será feito antes de o Irmão visitante fazer
parte do cortejo de entrada. Caso o Venerável Mestre tenha alguma comunicação a fazer em
Loja Aberta aos Irmãos de sua Oficina, durante a qual ele não deseja a presença de visitantes, é
facultado introduzi-los depois de feitas às comunicações.

Rito York:

Os Visitantes são identificados na Sala dos Passos Perdidos e com todos os Irmãos do
quadro adentram a Loja e aguardam de modo informal, mas respeitosamente, a entrada dos
Principais Oficiais.

COBRIDOR DO 1GRAU

SINAIS – TOQUES – PALAVRAS

RITO ADONHIRAMITA
Sinal de Ordem – Estando de pé, com o Sinal do Grau, unir os pés formando uma esquadria,
com o pé direito voltado para frente. O Sinal de Ordem, como vemos, consta de três
esquadrias; a primeira com o polegar e os dedos da mão direita, a segunda com o braço
direito e o corpo e a terceira com os pés.
229

Sinal do Grau ou Gutural - Estando de pé, unir os quatro dedos da mão direita, de modo
a formarem uma esquadria com o polegar e levar a mão direita à base do pescoço, com o
braço na horizontal, formando uma esquadria com o corpo. O braço esquerdo caído
naturalmente ao longo do corpo. O Sinal do Grau, como se vê, consta de duas esquadrias:
a primeira com o polegar e os dedos da mão direita e a segunda com o braço e o corpo.

Sinal de Saudação – feito o Sinal de Ordem, levar, rapidamente e com energia, a mão
direita horizontalmente ao ombro direito, formando uma linha reta e, depois, deixá-la cair
ao longo do corpo, de modo a traçar, assim, uma esquadria, voltando ao Sinal de Ordem.

A saudação maçônica é feita ao Venerável Mestre quando da entrada e saída do Oriente,


na linha da balaustrada e no Ocidente sempre que ultrapassar a linha imaginária que de
delimita o Norte e o Sul. Quando da entrada e saída do Templo a saudação é feita ao
Venerável Mestre e aos Vigilantes.

Sinal de Abstenção - Colocar a mão, à direita sobre a esquerda, acima da cabeça,


permanecendo, assim, coberto, quando esta for a expressão da vontade do Irmão durante
a apuração das votações nominais ou quando estiver sendo votada a aprovação do
Balaústre de uma sessão da qual não participou.

Toque - Tomar a mão direita do Irmão com a própria mão direita e tocar levemente com a
extremidade do polegar a primeira falange do dedo indicador do outro, dando três toques
no ritmo da bateria do grau.

Palavra Sagrada - O toque implica o pedido da Palavra Sagrada e a resposta é a seguinte:


Não vo-la posso dar senão soletrada; dai-me a primeira letra e eu vos darei a segunda.
Dá-se, então a palavra soletrada, alternando, quem a pede e quem a dá, a começar pelo
que pediu, e, depois, silaba a silaba a começar por “NIHCAJ”.

Palavra de Passe - NIACLABUT

Palavra Semestral - A palavra semestral é dada semestralmente pelo Soberano Grão


Mestre Geral e constitui prova de regularidade, só devendo ser transmitida pelo
Venerável Mestre aos Irmãos regulares do Quadro da Oficina, em Cadeia de União com
as formalidades de praxe e ser incinerada logo depois. Sendo prova de regularidade, o
Irmão regular que não estiver presente à Sessão em que for transmitida, deverá pedir ao
Venerável Mestre, em particular, a sua transmissão auricular.

O Experto deverá pedi-la, antes de admitir visitantes, e se estes não a derem deverão
receber desculpas, mas não deverão ser admitidos.

Ao recebê-la, da mesma forma que as Palavras Sagradas e de Passe, o Experto anunciará


ao Venerável: - “Amado Mestre, a Palavra Sagrada está justa, a Palavra de Passe perfeita,
e a Palavra Semestral, regular”.

Será, então, franqueado o ingresso no Templo.


230

Marcha - Estando à ordem, com os pés em esquadria, dar três passos morosos para a frente,
avançando o pé direito e unindo-lhe o calcanhar do pé esquerdo, sempre recompondo a
esquadria, sem bater os calcanhares. A seguir, fazer saudação encarando o Oriente;
repetir a saudação voltando a cabeça (só a cabeça e não o corpo) energicamente para a
direita; repetir a saudação, voltando a cabeça energicamente para a esquerda.

Idade - Três Anos

Bateria - 00-0

Aclamação - A aclamação faz-se dando um estalo com os dedos polegares e médio da mão
direita, primeiro à altura do ombro direito e, finalmente, acima da cabeça, na linha média
da face, formando, assim, um triângulo e dizendo a cada estalo: – VIVAT! – VIVAT! –
VIVAT!

RITO BRASILEIRO

Sinal de Ordem - Mão direita ao pescoço com os dedos unidos e estendidos e o polegar
separado em esquadria. Palmapara baixo

Sinal de Saudação - Estando à Ordem, levar a mão direita horizontalmente ao ombro


direito e deixá-la cair perpendicularmente ao longo do corpo e retornar ao Sinal de Ordem.

Sinal de Obediência - Colocar a mão direita aberta por cima da esquerda sobre o avental.

Sinal do Rito - Levar naturalmente a mão direita ao ombro esquerdo, depois ao ombro
direito e estender o braço à frente, formando esquadria com a palma da mão direita para
cima

Sinal de Abstenção - Colocar a mão direita sobre a esquerda, acima da cabeça,


permanecendo, assim, coberto quando esta for a expressão da vontade do Irmão durante
a aprovação das apurações nominais ou quando estiver sendo votada a aprovação da
Balaústre de uma sessão da qual não participou.

Sinal de Costume - (Para aprovação) O braço direito estendido para frente, com a palma
da mão direita voltada para baixo e os dedos unidos; caso não faça o sinal representa
desaprovação.
231

Em todos os sinais - Em todos os sinais, quando em pé, os pés devem estar em


esquadria, isto é, pé esquerdo para frente pé direito para o lado formando um ângulo de
90º.

Idade – Três Anos

Toque - Tomar a mão direita a do Irmão colocando o polegar sobre a primeira falange do dedo
anular (indicador), e dar com o mesmo dedo, por um leve movimento, três pancadas, por
uma e duas. 0-00.

Palavra Sagrada ZOOB (dá-se soletrada)

Palavra de Passe - Não há Palavra de Passe no grau de Aprendiz. Na Antiga Maçonaria, o


Aprendiz, uma vez admitido, não podia ir ao mundo profano; assim prescindia de Palavra
para sair e regressar.

Bateria - 0-00.

Aclamação: Glória! Glória! Glória!

Marcha - 3 passos para frente com o pé esquerdo; a cada passo, juntar o calcanhar direito ao
calcanhar esquerdo formando esquadria.

Sinal e Contra Sinal - O Sinal de Obediência e o Sinal do Rito valem como Sinal e Contra
Sinal de reconhecimento no mundo profano. Se, fora do Templo, virmos alguém com o
Sinal de Obediência, somos obrigados a responder, fazendo discretamente a terceira parte
do Sinal do Rito. Se a pessoa logo se dirigir a nós, é, sem dúvida, Maçom. Se, porém,
permanecer sem entender, é profano que, por acaso, fizera o Sinal.

RITO ESCOCÊS ANTIGO E ACEITO

Sinal de Ordem - Estando de pé, com os pés em esquadria, colocar a mão direita aberta
com a palma para baixo, sobre a garganta, tendo os quatros dedos unidos e estendidos e
o polegar separado, formando esquadria.

Sinal Gutural ou Saudação Maçônica - Estando à Ordem, levar a mão direita,


horizontalmente, até o ombro direito, depois deixar cair ao longo do corpo, formando
uma esquadria.

Toque - Tomar com a mão direita a do Irmão, e tocar levemente com o polegar a primeira
falange do dedo indicador, três vezes, igualmente espaçadas.
232

Palavra Sagrada – ZAOB - Pede-se dizendo: - Dai-me a Palavra Sagrada, ou depois de


dar o toque cravar ligeiramente a unha do polegar da mão direita no dedo indicador do
interrogado. De qualquer modo, deve-se responder: não vos posso dizer senão soletrada
– Dai-me a primeira Letra e eu vos darei a segunda. (Os dois alternam, então, começando
pela letra B. Dada a última pelo interrogado, o interrogante pronuncia a primeira silaba e
o interrogado a Segunda).

Palavra de Passe - Não há neste grau.

Marcha - Estando à Ordem, dar três passos para frente, começando com o pé esquerdo e
unindo o pé direito em esquadria a cada passo, de maneira a ter os calcanhares unidos a
cada passo, depois fazer o sinal gutural em cumprimento às Luzes.

Bateria - 0-0-0.

Idade - Três Anos

Aclamação - Huzze Huzze Huzze

Aplauso ou Bateria - Batem-se três vezes a palma da mão direita na palma da mão
esquerda (que fica parada).

RITO MODERNO

Sinal de Ordem - Estando de pé, com os pés formando uma esquadria, unir os quatro dedos
da mão direita, de modo que formem uma esquadria com o polegar, e levar a mão direita
ao pescoço com o braço na horizontal, de modo que forme uma esquerda com o corpo.
Consta, pois, de três esquadrias, a saber: polegar e dedos da mão direita, braço e corpo e
pés.

Sinal de Saudação - Estando à ordem, levar a mão direita horizontalmente ao ombro,


formando uma linha reta, e depois deixá-la cair ao longo do corpo de modo a formar
uma esquadria.

Toque - Tomar a mão direita do Irmão com a própria mão direita e pressionar, levemente,
com a extremidade a primeira falange do dedo indicador do outro, dando três toques,
sendo os dois primeiros seguidos e o último espaçado.

Palavra Sagrada – NIKAJ - Pede-se, dizendo: “Dai-me a Palavra Sagrada” ou, após o toque,
pressionando ligeiramente a unha do polegar direito no dedo indicador do interrogado. A
resposta é a seguinte: - “Não vo-la poso dar se não soletrada. Dai-me a primeira letra e eu
vos darei a segunda”. Alternam então, quem pediu e quem a dá. Começando quem pediu,
com a letra J; dada a última letra pelo interrogante, o interrogado pronuncia a primeira
silaba e o interrogante a última.
233

Palavra Semestral – É dada semestralmente pelo Soberano Grão Mestre e, constituindo


prova de regularidade, só deve ser transmitida pelo Venerável Mestre aos Irmãos
regulares do Quadro da Oficina em Cadeia de União, com ritual apropriado. Sendo prova
de regularidade, o Irmão regular que não estiver presente à sessão em que for
transmitida, deverá pedir ao Venerável Mestre a sua transmissão, em particular. Os
visitantes deverão dar as palavras de passe e semestral ao Experto para serem admitidos
no Templo.

Palavra de Passe - NIACLABUT

Marcha - Estando à ordem com os pés em esquerda, o pé direita dirigido para a frente, dar
três pés firmes para a frente, sempre recompondo a esquerda e sem bater os calcanhar.
A seguir, saúda-se o Venerável e os Vigilantes, isto é, após a saudação feita ao Oriente
volta-se a cabeça energicamente para a direita (sem virar o corpo), e repete-se o gesto:
novamente volta-se a cabeça agora para a esquerda e saúda-se, restabelecendo, depois
o sinal de ordem.

Bateria - 00-0.

Idade – Três Anos

Aclamação - Estando-se à ordem, dizer: Liberdade, Igualdade e Fraternidade.

RITO SCHRÖDER

Sinal de Ordem - Estando de pé, com os pés em esquadria, colocar a mão direita, com a
palma para baixo, na garganta, tendo os quatro dedos unidos e estendidos e o polegar
formando uma esquadria. Para completar o Sinal, levar a mão direita ao lado direito do
ombro e depois baixá-la ao lado do corpo.

Toque - Tomar com a mão direita a mão direita do Irmão, dando, suavemente, com a
extremidade do polegar as três batidas do grau na primeira falange do dedo indicador.

Palavra Sagrada - NIKAJ. É dada soletrada. À solicitação: “Dai-me a Palavra! Responder:


Não vos posso dar senão soletrada, dai-me a primeira que vos darei a segunda”. Quem
pergunta dará a primeira letra ou sílaba, sendo transmitida alternada pelo ouvido direito,
em seguida o interrogante dá a primeira sílaba e o interrogado dá a segunda.

Passos – Colocando-se à borda do Tapete com os pés em esquadria; com a ponta do pé


esquerdo apontando para o Altar; então, dá três passos sobre o Tapete, iniciando com o
pé esquerdo, em linha reta, em direção ao Venerável Mestre; com a cabeça erguida,
olhando fixamente para o Oriente e, a cada passo, puxa o do pé direito. A cada passo os
234

pés formam um ângulo reto. Esta marcha sobre o Tapete só é realizada durante a
Iniciação e sem o Sinal.

Batida – Dar três pancadas, sendo duas primeiras rápidas e a última mais espaçada.

RITO YORK

Primeiro Passo Regular da Maçonaria: - Ficar perfeitamente ereto, os pés


formando uma Esquadria, dar um passo curto com o pé esq. e colocar o calcanhar do pé direito
no calcanhar do pé esquerdo.

Sinal de Ordem: Colocar a mão direita no pescoço espalmada com o polegar estendido na
forma de um Esquadro, do lado esquerdo da garganta; um pouco abaixo da orelha esquerda.

Sinal Penal: Levando a mão deita na forma acima, e num movimento constante e firme para
o outro lado da garganta até o ombro direito, baixando-a perpendicularmente ao corpo,
formando assim uma esquadria.

Sinal de Fidelidade: Com a mão direita espalmada, formando com o polegar em esquadro,
levar a mão ao lado esquerdo do peito. (ao final dos trabalhos do Grau 1) com este sinal,
pronunciar a palavra Fidelidade, por três vezes, batendo no peito no lado esquerdo.

Sinal de Reverência: Com todos os dedos unidos, colocar a mão ao lado esquerdo do
peito.

Saudar ou Aplaudir: - Bater com mão direita sobre a aba do avental. (sobre a coxa.)

Toque ou Senha - Permanecendo ereto e com os pés formando uma esquadria com o
calcanhar direito, na concha do pé esquerdo, pegar com a mão direita, a mão direita do Irmão,
e dar um Toque ou Senha, por uma pancada simples do polegar sobre a primeira falange do
dedo indicador, que é respondido da mesma forma.

Palavra Sagrada. – ZAOB (Nunca dar por extenso, sempre por letras ou sílabas).

Palavra de Passe:- Não há.

Batida do Grau: Três pancadas espaçadas. ( 0 - 0 - 0 )

Passos em direção ao pedestal do Venerável Mestre no Oriente - A três


passos do pedestal do Venerável Mestre, parar com os pés em esquadria; o pé esquerdo na
direção do oriente e o pé direito apontando para o sul. Dar um passo curto com o pé esquerdo,
juntando os calcanhares na forma de um esquadro. Dar outro passo mais extenso com o pé
esquerdo, juntando os calcanhares na forma de um esquadro. Dar, ainda, outro passo mais
extenso com o pé esquerdo, juntando os calcanhares na forma de um esquadro.
235

RITOS ADOTADOS PELO GOB (RESUMO)


CARACTERÍSTICAS ADONHIRAMITA MODERNO ESCOCÊS SCHRODER YORK BRASILEIRO

País de origem e ano de França – França – Alemanha –


França - 1787 Irlanda Brasil - 1914
criação 1761/73 1738/86 29.06.1801
1723/77
Data de implantação (no Novembro de
Brasil) Junho de 1822 Agosto 1822 1832 1855 1875 Março de 1968

Quantidade de graus 07 (inglês)


33 7 33 3 33
Sup. Cons.
Oficina-Chefe - - Sob. Supr. Conclave
M.E.Conselho M.P.S.G.Cap. Brasil

Título do Dirigente Grande Patriarca Sap. Gr. Soberano Gr.


- - Sob. Grande Primaz
(Oficina Chefe) Regente Inspetor Com.
Princípio filosófico Teísta Agnóstico Teísta Deísta Teísta Teísta
N° de Oficiais e Dignidades
(em Loja) 18 17 20 8 10 19
Bateria do 1° grau e
toque 00-0 00-0 0-0-0 00-0 0-0-0 0-00


Rompimento da Marcha Pé esquerdo Pé
Pé direito Pé direito esquerdo Pé esquerdo
esquerdo
Posição das Colunas no J-Norte, B- J-Norte, B-
B-Norte, J-Sul (**)
Templo J-Norte, B-Sul Sul Sul J-Norte, B-Sul
Palavra Sagrada (1° grau) J J B J B B

Aclamação LIF
VIVAT Huzzé Não há Não há Glória
Leitura do Livro Sagrado Salmo 133
(1° grau) S. João V, 6-9 Não há (todo) Não há Não há Salmo 133 (v. 1°)
236

Circulação do Tronco Hosp Hosp Hosp 2° Diácono Hosp


2° Diácono
Norte Norte
Assento dos Aprendizes Norte (topo) Sul (topo)
Norte (topo) Norte (topo) (frente) (frente)
Total de Lojas federadas
ao GOB 273 103 1.847 34 101 288

(*) Trabalho elaborado pelo SerIr JOSÉ ROBSON GOUVEIA FREIRE, MI, Gr 33, Delegado Litúrgico do Rito
Brasileiro no DF e Secretário de Relações Públicas do Grande Oriente do Distrito Federal.

(**)Tais Colunas, no Rito Schröder, fazem parte, apenas, da instrução ministrada pelo Venerável
Mestre por ocasião das iniciações e promoções, mas não se constituem em símbolos instalados na Sala
da Loja. Integram, portanto, a alegoria para identificar as PPal SSagr dos respectivos graus.

(Última atualização: 14.07.2017)

Fonte de consulta – Boletim Especial – Relatório Anual/2010 – pág. 37 - do Grande Oriente do Brasil

PS: Toda redação contida no presente trabalho, acha-se vazada com base em legislação e ortografia
vigentes em época pretérita.

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