“Ninguém acende a Luz de um candeeiro e a coloca debaixo da
mesa, mas sim lugar mais alto da casa, para que ilumine tudo e a todos”. Jesus de Nazaré, inicio da era cristã.
Acredito que a iniciação é o mais belo e marcante momento da vida
maçônica. E ápice da ritualística é o momento em que é revelada a Luz ao neófito. Tenho certeza que aqui ninguém esquece deste momento em suas vidas maçônicas. Só pra recordarem, depois do juramento o Ven∴ Mestre pergunta ao Ir∴ 1º Vig∴ o que mais ele pede a seu favor e ele responde: “Que se lhe dê a LUZ!” E quem nos deu a Luz? O Ven∴e todos os IIr∴.E por ser este momento, tão mágico, belo, instigante e misterioso é que agora vos pergunto: Que Luz ou Luzes viemos pedir, e que vós nos destes? Para tudo o que é desconhecido podemos dizer que é obscuro, pouco nítido. Assim para sair do obscuro, da escuridão usamos Luz! Nos trabalhos maçônicos, o que nos desvenda a escuridão e o desconhecido são Três simples e complexas Luzes, colocadas no Altar do Juramento, no centro espiritual da Loja, iluminando a todos do alto! Essas Três Luzes que viemos pedir e que nos foi dado, são o Livro da Lei, o Esquadro e o Compasso. Estas Três Grandes Luzes Simbólicas da Maçonaria, jamais ficam separadas e sem elas uma Loja não pode trabalhar. Essas Luzes jamais se separam por um simples motivo, uma completa a outra.
O LIVRO DA LEI
O Livro da Lei segue o preceito religioso do neófito ou da Loja, sendo a
Bíblia o mais conhecido entre nós. Embora nossa Loja adote a Bíblia, a nenhum maçom se exige crença exclusiva em seus ensinamentos, podendo a Bíblia ser substituída por outro livro igualmente sagrado, como o Vedas, o Alcorão, o Talmude. Ela representa o Código da Sã Moral, a Lei Divina e agrega a este, a Sabedoria. Representa a palavra do G∴A∴D∴U∴, pois é por meio deste Livro que Ele tem revelado muitos de seus preceitos e provas de seu poder. Porém, o homem foi criado para aperfeiçoar-se e desenvolver-se para uma vida superior. E é dado ao maçom instrumentos e ensinamentos mais profundos para esse desenvolvimento. Assim, o Livro da Lei é fonte de moral que deve regular a nossa conduta no lar, no trabalho e na sociedade. Mas é preciso lembrar aos irmãos que diante deste Livro, com o qual nossa educação familiar e culto religioso é base, não podemos nos prender a ensinamentos estruturados no mundo profano, mas sim, devemos tirar ensinamentos importantes que libertem o pensamento e deixe vagar o esoterismo, a purificação do saber, a reconstituição sintética do “conhecimento” pela interpretação racional e coordenada dos símbolos e rituais. O ESQUADRO
O esquadro é um dos símbolos mais venerados da Ordem. Junto como
Compasso, forma o símbolo mais conhecido da Maçonaria. Simboliza a Equidade, Justiça e Retidão, e constitui a Jóia do Ven∴, pois este deve ser o maçom mais reto e justo da Loja. Este símbolo figura em todos os graus da maçonaria com um dos mais importantes emblemas. O Esquadro representa o Corpo, a matéria, desta forma junto com o Livro da Lei, temos Corpo e Sabedoria. O Esquadro provém da metade do quadrado que simboliza a Terra. A forma reta do esquadro aparece todo o momento na vida do maçom e principalmente do Aprendiz, o sinal de ordem, formando um esquadro com todo o corpo, pés, dedos e braços, a marcha, e até mesmo o avental, pois podemos desenhá-lo com o esquadro. Por que todo esses símbolos lembram o esquadro? Acredito que é para lembrar sempre aos OObr∴ da Arte Real, que o exemplo do Esquadro com sua retidão e justiça, deve ser sempre uma constante na vida dos maçons, para que o mesmo não sucumba aos deleites profanos, que na Sublime Ordem não podemos trazer as paixões, os vícios e desejos subjugados e dominados pelas ilusões terrenas, que precisamos ter desprendimento das afeições materiais e incertas da vida profana.
O COMPASSO
Completando as Três Luzes, está o Compasso. Também um dos grandes
e venerados símbolos da Maçonaria. A primeira figura geométrica que se pode traçar com o compasso é o circulo centrado com um ponto. Tomado por excelência como símbolo solar, ali se combina o circulo (o infinito) com o ponto (inicio de toda manifestação ou evolução). O compasso é o símbolo de perfeição nas artes, pois dele surgem as mais complexas figuras, todas perfeitas e obedecendo a um centro comum, e desse modo, pode-se explicar que a Divindade, foco central de toda beleza e inspiração, derrame sobre os homens seus dons. Este instrumento ao mesmo tempo o mais simples e o mais complexo, visto que a partir dele o operário pode praticar todas as operações do oficio. Aberto a 90º ele torna-se o esquadro e ai temos o limite do espírito humano, aberto a 60º, e com esse ângulo a espiritualidade chegará ao cosmos. Podemos então dizer que o Compasso é o Espírito, a representação divina em cada um de nós. No grau de Aprendiz o Esquadro está colocado, sobre o Altar dos Juramentos, em cima do Compasso, pois nós aprendizes ainda não conseguimos nos libertar completamente do mundo profano, assim a matéria domina o espírito. Por isso se diz que o maçom deve estar entre o Compasso e o Esquadro, isto é, entre o espírito e a matéria, entre o Céu e a Terra. Mas os vértices do compasso estão voltados para o ocidente, pois dele emana a divindade que se derrama sobre nós aprendizes e todo o ocidente. Mas será que somente nós aprendizes ainda não nos libertamos dos deleites profanos? Por que a Loja é sempre iniciada em Grau de Aprendiz? Será que é para lembrar a todos os irmãos, independente do grau, que devemos em Loja iniciarmos sempre lapidando a pedra bruta com a ajuda destes dois instrumentos para superar nossa paixões profanas e elevarmos nossa condição humana a algo mais esotérico, místico e sagrado?
CONCLUSÃO
Agora sim, temos o maçom completo, justo e perfeito, Corpo (o
Esquadro), Espírito (o Compasso) e Sabedoria (O Livro da Lei). Assim sobre o Altar dos Juramentos, não temos mais apenas símbolos e objetos mas temos o Homem Perfeito, o exemplo do Ser mais completo e virtuoso, que irradia Luz! Agora sim, sei que Luz pedi em minha Iniciação! Pedi Luz da Sabedoria, da Retidão e Justiça, do Espírito Livre e Elevado. Também compreendo o que o Carpinteiro Jesus de Nazaré (que com certeza utilizou instrumentos como o esquadro e o compasso em seu ofício), quis dizer a quase dois mil anos atrás com o frase que iniciei este texto. Se o homem de Luz está representado no Altar dos Juramentos de toda loja e que é exatamente esse ser perfeito e elevado que todos nós maçons estamos lapidando, conquistando e buscando constantemente em nossos trabalhos, então não podemos agora como Luzes, ficarmos embaixo da mesa, mais sim no lugar de destaque, no alto, seja onde for, os maçons devem ser a Luz que ilumina as trevas e dissipa o vício, o erro e a ignorância.
DF. - Charlier , René Joseph M∴M∴.1966. Mosaico Maçônico – Edições E.D.O. – Ribeirão Preto – SP. - Figueiredo, Joaquim Gervásio de.Grau 33º. – Dicionário de Maçonaria – Editora Pensamento – São Paulo – SP - Lemes, Cyro de Carvalho.Grau 33º .1921 – Os Diálogos e as Lições do Mestre Quercus Rocy – Mageart Editora – São Paulo – SP - Gama, Antonio Carlos. 2001 – Apostila Grau 1 – Aprendiz - A∴R∴G∴B∴L∴S∴ “Estrela do Rio Claro” – Rio Claro - SP - A∴R∴L∴S∴ Acácia de Araraquara.1992 – Apostila 19º Erac - São Carlos – SP. - Reginato, Antonio Fernando David. 2004 – As Três Luzes da Maçonaria – Trabalho de Aprendiz – Rio Claro - SP