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AS JÓIAS DA LOJA

C? M?Humberto Nocetti Bez


C? M?Geraldo Luiz Zen

Or? de São José, 02 de março de 2007, E? V?

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1 INTRODUÇÃO

A Maçonaria se inspira em símbolos e alegorias para transmitir os seus


conhecimentos filosóficos, ritualísticos, tradições, etc. Os símbolos podem ser números,
letras, figuras geométricas, objetos, signos, sinais gráficos, etc. Entre os objetos,
podemos citar: a pedra bruta, a pedra polida, a prancheta, o nível, o esquadro e o prumo.
Esses objetos representam as jóias fixas e as jóias móveis de uma Loja.
Esta simbologia já foi estudada durante a passagem pelo Grau de Aprendiz, com
seus significados e interpretações referentes ao Grau. Nesta Peça de Arquitetura
procuraremos avançar no estudo desta simbologia e dar uma interpretação que será
dirigida para o Grau de Companheiro.

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2 JÓIAS FIXAS E JÓIAS MÓVEIS

Jóias são todos os objetos que na Maçonaria representam as insígnias e


distintivos da Loja, grau e cargo. Os oficiais da Loja trazem jóias correspondentes ao
cargo que estão exercendo, penduradas em uma fita larga, normalmente na cor azul. Por
exemplo: Venerável Mestre: esquadro
Primeiro vigilante: nível
Tesoureiro: uma chave, ou duas chaves cruzadas
Hospitaleiro: uma bolsa.

2.1 AS JÓIAS FIXAS

São as jóias que estão expostas e presentes na Loja, que permanecem sempre
nos mesmos lugares, apesar de representarem pessoas diferentes que transitam pela loja,
representam também os três graus mais importantes de uma loja e servem como
referências permanentes para a transmissão de conhecimentos maçonicos.
As jóias fixas são: a Pedra Bruta, a Pedra Cúbica e a Prancheta da Loja.
Simbolicamente, na Prancheta o Venerável projeta a Oficina que transforma a Pedra
Bruta (o Aprendiz) na Pedra Cúbica (o Mestre Maçom), habilitado para construir um
mundo melhor.

2.1.1 A PEDRA BRUTA

A pedra bruta é colocada próximo á mesa do Ir:. 1º Vigilante e representa


os Aprendizes da Loja. Simboliza a personalidade rude, o homem grosseiro, ignorante
do Aprendiz, e sua tarefa consiste em aplainar as arestas e deve trabalhar e estudar para
aprender o significado do simbolismo do seu grau e a respectiva interpretação filosófica.
Este trabalho é denominado de desbastar a pedra bruta até transformá-la em uma pedra
cúbica ainda imperfeita, usando como ferramentas o maço, o cinzel e a régua.

2.1.2 A PEDRA CÚBICA

A pedra cúbica é colocada ao lado da mesa do Ir:. 2º Vigilante e figura o


Iniciado. Se o trabalho do Aprendiz foi desbastar a pedra bruta usando as suas
ferramentas, a tarefa do Companheiro será o de polir a mesma com a ajuda do esquadro,
do nível e do prumo, até torná-la cúbica, representando o homem culto, educado,

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espiritual. O Aprendiz disciplinou o seu corpo físico com a energia da sua vontade, o
Companheiro disciplinará as suas emoções através de um aprendizado bem medido,
equilibrado e correto, fazendo do seu eu um cubo perfeito, pronto a ser usado na
construção do templo de uma humanidade a mais perfeita possível. O Companheiro ao
ingressar no 2º Grau, tem personalidade e caráter que podem ser usados na Obra de
Construção Universal. Esta pedra será polida durante o período de aprendizado que o
levará ao mestrado.
Existe uma outra pedra chamada de Pedra Cúbica Piramidal que apresenta um
cubo com uma pirâmide de base quadrada superposta ao cubo. Esta pedra tem o seu
simbolismo próprio, mas são raras as Lojas que a utilizam, principalmente no Rito
Escocês.
2.1.3 A PRANCHETA DA LOJA

Prancheta é um móvel, normalmente de forma triangular, utilizado nos rituais


das lojas.
A Prancheta da Loja, alegoricamente representa o trabalho do Mestre que nela
elabora os planos de construção da arquitetura do templo. É colocada junto a Prancheta
do Venerável. É construída com as dimensões que representam o número de ouro (
número que entre os pitagóricos simboliza os ideais de perfeição e em construções
geométricas estabelece dimensões que estão em harmonia) e nela é inscrita a chave do
alfabeto maçônico ( sistema criptográfico usado na maçonaria com base em duas chaves
gráficas).
Podemos resumir e agrupar a interpretação simbólica das três jóias fixas
afirmando que: “A Pedra Bruta representa o homem grosseiro e ignorante, susceptível,
porém, de ser educado e instruído; a Pedra Cúbica figura o Iniciado que, livre de erros
e preconceitos, adquiriu os necessários conhecimentos e a habilidade para participar
utilmente da Grande Obra de Construção Universal; a Prancheta da Loja relaciona-se
com os Mestres, cuja autoridade baseia-se no talento de que dão provas e no exemplo
que devem dar”30

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GOSC, Instruções do Grau de Companheiro Maçom – Rito Escocês Antigo e Aceito. Florianópolis.
2001.

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2.2 AS JOIAS MÓVEIS

São as jóias que são transmitidas periodicamente aos sucessores dos ocupantes
dos cargos que as representam. As jóias móveis são: o Esquadro, o Nível e o Prumo,
insígnias dos cargos de Venerável, do Primeiro Vigilante e do Segundo Vigilante,
respectivamente. São jóias porque adornam os colares usados pelas três luzes da Loja
tendo um significado objetivo e subjetivo.

2.2.1 O ESQUADRO

Um dos símbolos mais usado na Maçonaria e junto com o Compasso


representam o emblema mais conhecido dos maçons. É considerado o símbolo da
perfeição porque o traçado de duas perpendiculares, usando-se o esquadro, divide o
plano em quatro ângulos retos iguais. Moralmente simboliza a Eqüidade, a Justiça e a
Retidão, e é a jóia do Venerável, porque este deve ser o Maçom mais correto e justo da
Loja. Espiritualmente simboliza o eu interior e o microcosmo.
O significado do Esquadro abrange a todos os graus simbólicos e isto é
percebido nas instruções que genericamente abrangem a todos os Obreiros da Loja,
oferecendo lições sábias com relação à conduta e o exato cumprimento do dever.
É o símbolo da retidão e da disciplina maçônica: o Aprendiz e o Companheiro
usam um sinal e marcham com os pés em forma de esquadro.

2.2.2 O NÍVEL

Jóia usada pelo 1º Vigilante e simboliza a igualdade, a eqüidade e a harmonia.


O nivelamento humano significa que todos os homens são iguais nos seus
direitos e oportunidades, mas não são iguais na hierarquia, na cultura, no
comportamento e na condição econômica. Mas isso não determina obstáculos para
ingressar na Maçonaria. Na Cerimônia de Iniciação quando se diz que o candidato deve
ser “livre e de bons costumes”, representam as condições mínimas para o nivelamento.
É um instrumento que confere a horizontalidade das construções e junto com o
prumo pode formar as perpendiculares perfeitas determinadas pelo esquadro.

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2.2.3 O PRUMO

Jóia que adorna o 2º Vigilante e significa a retidão na busca da verdade e na


execução dos atos, tanto em loja como em suas horas de lazer.
“O Prumo incita o Maçom, isto é, impulsiona a colocação do maçom, num
plano superior ao das mesquinharias, ou seja, dos assuntos pueris, pornográficos, onde
a luxúria, a vaidade, o ócio ocupam inadequadamente o pensamento” 31.
Instrumento usado para verificar a verticalidade das construções.
Finalizando e resumindo, podemos dizer que: “O Esquadro nos induz a corrigir
os defeitos que nos impeçam de manter firmemente nossa posição na construção
humanitária. O nível exige que o Maçom tenha como iguais todos os homens, enquanto
o Prumo incita-o a elevar-se acima de todas as mesquinharias, fazendo-o conhecer o
valor das coisas“ 32.

31
CAMINO, Rizardo da. Simbolismo do 2º grau ‘Companheiro’. Rio de Janeiro – RJ. Editora Aurora,
1976.
32
GOSC, Instruções do Grau de Companheiro Maçom – Rito Escocês Antigo e Aceito. Florianópolis.
2001.

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3 CONCLUSÃO

No Grau de Companheiro estudam-se os símbolos e rituais, como foi feito no


Grau de Aprendiz. Julgava-nos que sabíamos tudo a respeito de determinados símbolos
e seus significados filosóficos. Ao passarmos para o 2º Grau, aparecem novos símbolos
e novas interpretações de símbolos conhecidos. Estas interpretações são mais precisas e
filosoficamente mais práticas.
As Jóias fora estudadas no Grau de Aprendiz, mas nesta Peça de Arquitetura o
conhecimento adquirido foi aprofundado e novos significados foram apresentados,
preparando-se a caminhada para alcançar o Grau de Mestre.

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BIBLIOGRAFIA

1. GOSC. Instruções do Grau de Companheiro – Rito Escocês Antigo e Aceito. 1ª


edição. Florianópolis – SC. 2001.

2. DA CAMINO, Rizardo Simbolismo do 2º grau ‘Companheiro’. Rio de Janeiro


Editora Aurora. 1976
3. FIGUEIREDO, Joaquim Gervásio de. Dicionário de Maçonaria. São Paulo. 3ª
ed. Editora Pensamento.

4. BOTELHO, Heitor; O Companheiro Maçom. Londrina – PR. Editora “A


trolha”. 1995

5. PUCSH, Jaime; ABC do Aprendiz. Tubarão – SC. Editora Dehon. 2000

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