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A ORIGEM DO CORDIAL APERTO DE MÃO NO RITO SCHRÖDER PRATICADO

NO BRASIL – C.A.M.1

Por Ir. Rui Aurélio De Lacerda Badaró 2

A saudação “Cordial Aperto de Mão” difundida e utilizada pelos maçons


brasileiros que praticam o Rito Schröder e com fundamentação na parte final da
cerimônia de Iniciação, nada mais é que um costume adotado em Terrae Brasilis e
introduzido pelo Ir.3 Rui JUNG Neto, diretor do Colégio de Estudos do Rito Schröder.
O Ir. Rui Jung Neto, da C.B.A.R.L.S Concordia et Humanitas n. 56, Or. de
Porto Alegre, GLMERGS, é conhecido como o introdutor da expressão no Rito
Schröder praticado no Brasil. Explica Rui JUNG que ao estudar o Ritual do A.M. do
R.E.A.A. percebeu que o Tríplice e Fraternal Abraço (TFA ou TAF) é o cumprimento
ritualístico dado pelo V.M. ao Irmão recém Iniciado no R.E.A.A. Sendo assim, no
seu entendimento, o maçom Iniciado no Rito Schröder deveria, ainda que para seu
conhecimento, buscar o cumprimento ritualístico do seu próprio Rito, em lugar de
utilizar automaticamente o de outro, por mais difundido que seja.
Ao continuar sua pesquisa sobre a temática, Rui JUNG identificou na A.R.L.S.
Rocha Negra, G.O.R.G.S., a utilização da saudação F.A.M. (Forte Aperto de Mão) no
lugar do tradicional T.F.A., sendo que a justificativa para tal era a de que assim
estaria grafado no Ritual Schröder da Potência (G.O.R.G.S.).
Aprofundando-se, Rui JUNG Neto encontrou no Ritual Schröder de 1960,
substrato dos rituais brasileiros, no final da cerimônia de Iniciação o que segue:

1
Peça de arquitetura elaborada com base em conteúdo apresentado durante troca de mensagens no
Colégio de Estudos do Rito Schröder. Especial agradecimento aos IIr. Antonio Gouveia Medeiros e Rui
Jung Neto.
2
M.M. da Justa e Perfeita Loja de São João, 680, Or. de Sorocaba, GLESP.
3
O triponto (.'.) não está presente na maçonaria universal, e sim apenas nos ritos de origem francesa.
Sua forte presença no Brasil deve-se à supremacia do REAA no país. Conforme nos ensina RAGON, em
sua obra Ortodoxia maçônica, otriponto começou a ser oficialmente usado nas abreviações a partir de
12/08/1774 através de determinação do Grande Oriente da França. Nesse sentido, CHAPUIS evidencia
que o uso já era adotado por algumas Lojas francesas anteriormente, como por exemplo a Loja "A
Sinceridade". do oriente de Besançon, em ata de 1764.O costume de abreviar as palavras surgiu com os
gregos e foi extensamente explorado pelo romanos através das "anotações tironianas" que, aliás,
criaram a regra de duplicar a letra inicial quando da abreviação de termo no plural, regra ainda existente
na abreviação maçônica. Esse sistema de abreviação do latim sobreviveu de tal forma na Europa pós-
romana que, para se ter uma idéia do uso e abuso das abreviaturas na França, em 1304, o rei Felipe IV,
o Belo, publicou lei proibindo abreviações nas atas jurídicas/sentenças. Se eram sempre
usadas/adotadas em atas e sinalizadas por traços, barras ou reticências, é claro que nas atas maçônicas
as abreviações não ficariam de fora e ganhariam um sinal correspondente com a instituição: uma
variação das reticências, lembrando o símbolo geométrico mais importante para a maçonaria, o
triângulo. Não demorou para que, pelo costume da escrita e exclusividade do uso, o triponto
ultrapassasse sua utilidade caligráfica e alcançasse a assinatura dos irmãos. Por quê os maçons ingleses
e americanos não utilizam o triponto? Simplesmente porque a língua inglesa não é uma língua
neolatina, românica. Ocorrem abreviações, porém respeitando outras regras e sem o uso de sinais.Em
tempo: As abreviaturas ou abreviações não estão previstas no rito Schroder, pois para Schröder tudo
podia e deveria ser ensinado e aprendido claramente. Essa é a tradição a ser conservada nas peças de
arquitetura do rito Schröder. VOELCKER, L. Rito Schroder. Porto Alegre: GORGS, 2013. Pag. 141
VM: ...
Após o encerramento agradecei ao vosso Garante com
um cordial aperto de mão. Que o vosso zeloso
esforço seja sempre o de ser merecedor de sua
recomendação.
...

Assim, Rui JUNG concluiu pela utilização da saudação “Cordial Aperto de


Mão”, abreviando-a “C.A.M.”, e passou a se valer dela nas trocas de mensagens
com os Irmãos do Rito Schröder, embora a saudação tradicional no Brasil seja o
“Tríplice e Fraternal Abraço – T.F.A.”. Interessante frisar que o R.E.A.A. é
majoritário somente em Terrae Brasilis, em que pese o maçom brasileiro, por
vezes, acredite que tudo aquilo originado no R.E.A.A. seja universal.
Ainda em matéria de saudação, esclarece o Irmão Antonio GOUVEIA
Medeiros que é possível a utilização de qualquer saudação, pois o Rito não exige
fórmulas prontas. Todavia, o Tríplice e Fraternal Abraço é um cumprimento
ritualístico do R.E.A.A., não utilizado por outros Ritos. Por uma questão de
uniformização, o Grande Oriente do Brasil e, depois, as Grandes Lojas, acabaram
por acrescentar a saudação “Tríplice e Fraternal Abraço” em outros Ritos para além
do R.E.A.A., vez que este último é o mais praticado no Brasil.
Relaciona o Irmão Gouveia os tipos de saudações de final de documentos
mais usadas pelos Irmãos da Alemanha:
Mit herzlichen, brüderlichen Grüßen, i.d.u.h.Z. Euer Bruder „X”
Cordiais saudações e fraternais no número para nós sagrado. Vosso Irmão „X“

(In den uns heiligen Zahl)


Mit herzlichen, brüderlichen Grüßen, Euer Br. „X”
Com cordiais e fraternais saudações, vosso Ir. “X”

Herzliche, brüderliche Grüße


Cordiais saudações e fraternais

Herzlichse Grüße „X”


Cordiais saudações „X“

Viele Grüße an alle Eure Brüder, Euer Br. „X”


Muitas saudações a todos os vossos Irmãos, vosso Ir. “X”

Herzlichst, Euer Br. „X”


Cordialmente, vosso Ir. „X“

Sehr herzliche brüderliche Gruesse, und alles Gute!


Com calorosas saudações fraternais e tudo de bom!

Herzliche Grüsse an Dich i.d.u.h.Z. Br.: „X“


Cordiais saudações para você no número para nós sagrado, Ir. “X”.

Mit freundlichen, brüderlichen Grüßen, i.·.d.·.u.·.h.·.Z., „X”


Muito cordiais e fraternas saudações no número para nós sagrado, “X”
Observa-se que a abreviatura i. d. u. h. Z. - in den uns heiligen Zahl (no
nosso número sagrado) mesmo constando da diretriz da Grande Loja dos Maçons
Antigos, Livres e Aceitos (GL AFuAMvD) não designa uma fórmula obrigatória usada
como saudação final dos documentos.
Conclui Antonio GOUVEIA que o Irmão pode usar a saudação fraternal que
melhor lhe convier, vez que se busca a perfeição e o caminho é condição individual.
Obrigatório, sim, é cumprir o ritual como ele está escrito.
i.d.u.h.Z.
S.N.N.S.(Saúdo-vos no nosso número sagrado).

REFERÊNCIAS

GOUVEIA, A. Caderno de estudos do Rito Schröder. Florianópolis: Colégio de


Estudos do Rito Schröder. 2014

http://www.fraternalsecrets.org/index.php?pageId=7527

HOCHSPRINGEN. http://www.wissen-im-etz.info/literatur/goethe/gedichte/21.htm

HOCHSPRINGEN. Man wusste damals nicht, wem man trauen kann: Artikel
der Badische Zeitung Acesso em: 14 de.março 2014. Disponível em
http://www.badische-zeitung.de/freiburg/man-wusste-damals-nicht-wem-man-
trauen-kann--44390110.html

HOCHSPRINGEN. Die Freimaurer-Logen Deutschlands und deren Grosslogen


1737-1972 (Quatuor Coronati Bayreuth, Hamburg 1974). Second revised
edition, Karl Heinz Francke and Dr. Ernst-Günther Geppert, Die Freimaurer-Logen
Deutschlands und deren Grosslogen 1737-1985 (Hamburg 1988).

JUNG, R. Cordial aperto de mão. Email [ColegioSchroeder@yahoogrupos.com.br]


trocado em 10 de abril de 2014. In: Colégio de Estudos do Rito Schröder.

VOELCKER, L. Rito Schroder. Porto Alegre: GORGS, 2013.

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