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ANEXOS de “Maçonaria”

A
CITAÇÕES-RESUMO DO ANTIGO RITO DE YORK1

Abertura
(Estando os IIr. reunidos à chegada do Mestre e sendo a hora, este vai até o seu assento no Oriente, cobre-se, veste
sua faixa, seu colar, seu avental, e com o maço na mão, ordena que os IIr. se vistam apropriadamente e em ordem, e
que os Oficiais ocupem seus lugares para a abertura. Em seguida, pergunta se está presente o Ir. Cobr. (Tyler) e faz
com que se aproxime do Oriente).
– Ir. Cobr.: vosso lugar na Loja?
– No exterior da porta interna.
– Vosso dever ali?
– Manter afastados todos os espiões (cowans) e curiosos (eavesdroppers)2 e não permitir que ninguém a cruze se
não estiver devidamente qualificado e sem a permissão do V.M.
– Recebei o implemento de vosso ofício (dá-lhe a espada). Cobri vosso posto e permanecei em ativo cumprimento
de vosso dever.
(Neste Rito, quem responde qual é o “primeiro e constante dever dos Maçons quando estão reunidos”, “ver se a Loja
está devidamente coberta”, é o 2º Diácono, que por sua vez é quem informa ao Cobridor em que Grau se abrem os
trabalhos e comunica-lhe que cubra a Loja como Aprendiz Aceito (Entered Apprentice Mason), Companheiro
(Fellow Craft), ou Mestre Maçom).
– Venerável Mestre, a Loja está coberta.
– Como está coberta?
– Por um irmão deste grau, no exterior da porta interna, investido com o implemento próprio de seu oficio.
– ...
V.M. – (dando um golpe com o malhete: o Vigilante se põe de pé) Irmão Primeiro Vigilante (Senior Warden), está
seguro de que todos os presentes são Aprendizes Aceitos?
– Estou seguro, Venerável, de que todos os presentes são Maçons Aprendizes Aceitos.
– Sois vós um Aprendiz Aceito?
– Assim sou admitido e aceito entre os irmãos e companheiros.
– Onde fostes preparado em primeiro lugar para ser recebido como Aprendiz Aceito?
– Em meu coração.
– Onde, em segundo lugar?
– Em um aposento adjacente a uma Loja deste Grau, legalmente constituída, devidamente reunida em um lugar
que representa o piso térreo (Ground Floor)3 do Templo do Rei Salomão.

1Estas citações procedem do Duncan’s Masonic Ritual and Monitor, or Guide to the Three Symbolic Degrees of the Ancient York
Rite, by Malcolm C. Duncan. David McKay Co. Inc. Third edition. New York ~1930.
2 Termo que inclui os sentidos de “astuto” (eaves), e como verbo “espiar”, “bisbilhotar”, assim como causador de “goteiras”,

introdutor de “água” ou “humidade” (eavesdropper). O primeiro (cowan) se vincula, segundo os Historical Landmarks, vol. I. p.
349, citado em nota no Monitor, aos “ouvintes” (listeners) e os compara igualmente aos cães, no sentido infernal. Reúnem os
significados de “ouvinte”, “espião” e introdutor ou causador de desordem. Parece considerar-se na citação o termo “cowan”
como antítese de “cohen” (sacerdote, em hebraico). Sobre a Loja se diz que é “um lugar coberto, onde não se escuta o canto de
um galo nem o ladrar de um cão”, e que também é “um lugar secreto, onde reinam o silêncio, a harmonia e a paz”. O Templo é
um lugar “coberto”, sair dele se diz “cobrir o Templo”; por outro lado, se está “coberto”, “oculto”, “inencontrável”, é porque é
também “elevado”, tal como se aponta no juramento deste Grau. O centro é sempre e ao mesmo tempo o lugar mais elevado,
ainda que possa haver a possibilidade de considerá-lo em vários níveis, o que corresponde também aos distintos Graus ou
Leituras da Realidade, sobre o feito inegável de que somos o que conhecemos, aquilo com o que nos identificamos.

1
– O que fez de vós um Aprendiz Aceito?
– Meu juramento.
– Quantos constituem uma Loja de Aprendizes Aceitos?
– Sete ou mais, consistindo no Venerável Mestre, o Primeiro e o Segundo Vigilantes, o Primeiro e o Segundo
Diáconos, o Secretário e o Tesoureiro.
– O lugar do Segundo Diácono (Junior Deacon)?
(Continuam as perguntas sobre o lugar e o dever dos Oficiais na seguinte ordem: Primeiro Diácono, Secretário,
Tesoureiro, Segundo Vigilante, Primeiro Vigilante e Venerável Mestre, com a precisão de que se vinculam umas
funções com outras mediante a última pergunta que responde cada Oficial, referida ao lugar que ocupa em Loja,
responde o próximo Oficial; à que corresponde al lugar e dever do Venerável Mestre responde, como em outros
ritos, o Primeiro Vigilante):
– Como o sol se levanta no Oriente, para abrir e governar o dia, assim se levanta o Venerável Mestre no Oriente (dá
três golpes com seu malhete e todos os irmãos da Loja se levantam, ele incluindo) para abrir e governar sua Loja,
pôr os Obreiros para trabalhar e dar-lhes as instruções oportunas.
V.M. – Irmão Primeiro Vigilante, são minhas ordens que esta Loja seja aberta no Primeiro Grau da Maçonaria. No
que se refere à condução dos trabalhos (business) durante este tempo, toda reunião privada e qualquer outra
conduta imprópria e não maçônica que tende a destruir a paz deles enquanto se encontram comprometidos com os
justos propósitos da Maçonaria, estão estritamente proibidas, sob pena não menor à que a maioria dos irmãos
presentes, agindo sob as regras desta Loja, considere adequada infligir: comunicai ao Segundo Vigilante no Sul, e
que este o faça a todos os irmãos presentes na Loja, para que, recebido o aviso devido e oportuno, possam conduzir-
se de acordo com isso.
Isto realizado, o V.M. diz:
– Irmãos, juntos ao sinal (ou aos sinais, se a Loja é aberta em outros Graus).
O Venerável realiza (e todos com ele) em primeiro lugar o sinal de “guarda devida”, que se refere à posição das
mãos durante o juramento do Grau, depois faz o sinal de Aprendiz Aceito, que alude à pena contida no juramento.
Uma vez realizado, o V.M. dá um golpe com o malhete, seguido ordenadamente pelo Primeiro e Segundo Vigilantes.
Depois disso, descobre-se e repete a seguinte passagem das Escrituras (Salmo 133):
“Oh! quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união! É como o óleo precioso sobre a cabeça, que desceu
sobre a barba, a barba de Arão, que desceu sobre a gola das suas vestes; como o orvalho de Hermon, que desce
sobre os montes de Sião; porque ali o Senhor ordenou (commanded) a bênção, a vida para sempre”. “Amém!”
Todos os irmãos presentes respondem: “Amém! Assim seja!”
V.M. – Declaro agora esta Loja aberta no Primeiro Grau da Maçonaria.
Irmão Segundo Diácono, informai o Guarda do Templo.
(Uma vez realizado) Irmão Primeiro Diácono, atendei ao altar.
V.M. (dá um golpe com o malhete) – Todos sentados e dispostos ao trabalho.

Recepção
(Ao recolher o Candidato, o Segundo Diácono vai acompanhado de dois Assistentes, cujas jóias consistem em
sendas cornucópias, e do Secretário, que deve receber o assentimento daquele às seguintes perguntas):
– Declarais formalmente, sobre vossa honra, que sem predisposição por parte de nenhum amigo, nem influenciado
por motivos mercenários, livre e voluntariamente vos ofereceis como candidato aos mistérios da Maçonaria?
– Declarais formalmente, sobre vossa honra, que vos move para solicitar os privilégios da Maçonaria uma favorável
opinião da instituição, um desejo de conhecimento e uma sincera aspiração de ser útil aos vossos semelhantes?
– Declarais formalmente, sobre vossa honra, que vos conformareis com todas as antigas e estabelecidas convenções
da Ordem?
...
(O Primeiro Diácono, por ordem do V.M., recebe o candidato das mãos do Segundo “em forma devida”, o que
significa neste Rito: apoiando uma ponta do compasso que tomou do Altar sobre seu peito esquerdo, dizendo-lhe):

3“Ground” tem o sentido de “sustentar e fazer crescer”, de “terra, base e fundamento”, de capacidade de receber e de devolver,
de “terra boa”, na qual a semente dá seus frutos.

2
– Sr. Gabe (este nome, completado mais adiante, é o que recebe o candidato durante toda a recepção), ao entrar
nesta Loja pela primeira vez, recebo-vos com a ponta de um instrumento afiado que pressiona vosso peito esquerdo
nu, que serve para ensinar-vos, que tal como isto é uma tortura para vossa carne, assim deve estar sempre vossa
recordação em vossa mente e vossa consciência se chegares a tentar revelar ilegitimamente os segredos da
Maçonaria.
(Conduzido ao interior, é detido após alguns passos por ordem do V.M.):
– Não permitamos que ninguém entre em um dever tão importante sem primeiro invocar a bênção da Divindade. Ir.
Primeiro Diácono, conduzi o candidato ao centro da Loja e fazei com que se ajoelhe para o benefício da prece.
O V.M. deixa seu lugar no Oriente, aproxima-se do candidato, ajoelha-se ao seu lado, e repete a seguinte oração:
– Outorgai Vossa ajuda, Todo-Poderoso Pai do Universo, a esta nossa presente assembléia, e concedei a este
candidato à Maçonaria, que ele possa dedicar e consagrar sua vida ao Vosso serviço, e chegar a ser um verdadeiro e
fiel irmão entre nós! Dotai-o de competência em Vossa divina sabedoria, para que, mediante os segredos de nossa
arte, possa estar melhor preparado para revelar as belezas do amor fraterno, o socorro, e a verdade, em honra de
Vosso Sagrado Nome. Amém.
Respondendo todos: – Assim seja.
O V.M. (pondo-se de pé, toma o candidato pela mão direita e coloca sua mão esquerda sobre a cabeça deste) lhe diz:
– Sr. Gabe (alguns Mestres dizem: “Desconhecido!” [Stranger!]), em quem depositais vossa confiança?
O candidato (instruído): – Em Deus.
V.M. – Pois que em Deus depositais vossa confiança, vossa fé está bem fundada. Levantai-o (ajuda-o a levanta-se),
segui vosso condutor e não temais nenhum perigo.
(O V.M. se retira para o seu assento no Oriente e lê a passagem da Escritura recitada na Abertura da Loja, enquanto
o condutor guia o candidato por uma volta em torno dela, até o posto do 2º Vig. no Sul. Enquanto passa diante do
lugar de cada oficial, Oriente, Sul e Ocidente, estes produzem um som com seu malhete).
O 2º Vig. (dá um golpe, o condutor também): – Quem vem lá?
Condutor (1º Diác.): – O Sr. Pedro Gabe4, que está há muito tempo na escuridão, e busca agora ser conduzido à luz5
e receber uma parte nos direitos e benefícios desta Venerável Loja, erigida a Deus e dedicada aos Sagrados São João,
como todos os irmãos e companheiros já o fizeram antes.
(Perguntas dos Vigilantes depois da anterior:)
– Sr. Gabe, é por vosso livre desejo e acordo?...
– Ir. 1º Diác., é válido e bem qualificado?...
– Está devida e autenticamente preparado?6
– De idade legítima e corretamente indicado?
– Por qual outro direito ou benefício espera ser admitido?
R. – Por ser um homem nascido livre, de boa reputação e bem recomendado.
O Venerável Mestre, além das anteriores:
V.M. – De onde vindes e até onde estais viajando?
1º Diác. – Desde o Ocidente, e viajando até o Oriente.
V.M. – Por que deixais o Ocidente e viajais até o Oriente?

4 Pedro = pedra. Gabe = apócope de Gabriel: “Homem de Deus”, ou “Força de Deus”; o arcanjo que prefigura a Encarnação

através da Anunciação.
5 “Brought to Light”, que significa igualmente: “parido”, “dado à luz”.
6 “Duly and truly prepared”: O 2º Diác. o faz despojar-se das roupas exteriores e do calçado, o braço esquerdo fora da manga de
sua camisa e da roupa interior de tal modo que o braço e o peito esquerdo fiquem nus, venda-lhe os olhos, descalço, uma
sapatilha para seu pé direito, a perna esquerda do pé até o joelho inclusive desnudos, e finalmente uma corda, chamada cable-
tow, que dá uma volta em seu pescoço, chega até a terra e se arrasta atrás dele. Sobre o simbolismo desta corda, vinculada ao da
“figura chamada mandorla (ou amênoa), ou ‘vesica piscis’, bastante conhecida no simbolismo arquitetônico e sigilário da idade
média”, ver R. Guénon: A Grande Tríade, cap. II: "Diferentes gêneros de ternários". Também de R. Guénon o artigo “Qabbalah”,
em Formas Tradicionais e Ciclos Cósmicos (Obelisco, Barcelona 1984), e igualmente Robert Lawlor, Sacred Geometry, págs. 32-
37. Thames & Hudson, London 1990.

3
1º Diác. – Em busca da luz.
(O candidato é reconduzido ao 1º Vig. para que este o ensine a aproximar-se do Oriente, “o lugar da luz”, mediante
e em definitivo um só passo ritual que o leva diante do altar).
...
(Posição do candidato para o juramento:)
V.M. – Irmão Primeiro Vigilante, colocai o candidato na forma devida, que é: ajoelhado sobre seu joelho esquerdo
nu, a direita formando o ângulo de um esquadro, sua mão esquerda segurando a Bíblia Sagrada, o esquadro e o
compasso, sua direita descansando em cima.
(Extrato do Juramento:)
(Todos os Irmãos estão ao redor do altar e o V.M. se encontra diante dele e de frente para o candidato, que repete
suas palavras).
– Eu, Pedro Gabe, de minha própria e livre vontade e acordo, na presença de Deus Todo-Poderoso e desta
Venerável Loja, erigida a Ele e dedicada aos Sagrados São João, agora e aqui (o Venerável pressiona com seu
malhete sobre as articulações dos dedos do candidato) prometo e juro mais solene e sinceramente que em todas as
ocasiões guardarei, sempre ocultarei e nunca revelarei nenhuma das artes, partes, ou pontos dos ocultos mistérios
da Antiga e Livre Maçonaria... ...exceto a um verdadeiro e legítimo Ir., ou em um Loja de Maçons regularmente
constituída; e isso não até que, por um estrito juízo, devido exame, ou legítima informação, tenha-os encontrado
nele ou com eles, tão legitimamente autorizados para isso como eu mesmo estou. Prometo e juro que não os
imprimirei, pintarei, gravarei, ... ou farei que isso se faça, sobre nenhuma coisa móvel ou imóvel, capaz de receber a
mínima impressão de uma palavra, sílaba, letra, ou caráter, mediante o qual possam chegar a ser legíveis ou
inteligíveis a alguma pessoa sob a abóbada celeste, e os segredos da Maçonaria obtidos assim ilegitimamente por
minha indignidade.
...Com uma firme e determinada resolução de cumpri-lo, sem nenhuma reserva mental ou secreta evasão da mente
de nenhuma espécie, comprometendo-me a mim mesmo sob uma pena não menor que a de ter minha garganta
cortada transversalmente, minha língua arrancada desde suas raízes, e meu corpo sepultado nas ásperas areias do
mar, na marca da maré baixa, onde a maré retrocede e avança duas vezes em vinte e quatro horas, se alguma vez eu
violar deliberadamente meu juramento de Aprendiz Aceito.
V.M. – Como prenda de vossa sinceridade, soltai vossas mãos e beijai o livro sobre o qual elas permanecem, que é a
Bíblia Sagrada. (uma vez realizado):
V.M. – Em vossa presente condição, que é o que mais desejais?
Candidato (instruído) – Luz.
V.M. – Irmãos, estendei (strech forth) vossas mãos e assisti-me a trazer este novo irmão para a luz.
(Os IIr. que rodeiam o altar colocam suas mãos em forma de “guarda devida” de Aprendiz Aceito).
V.M. – “No princípio Deus criou os céus e a terra. E a terra era sem forma e vazia, e a escuridão estava sobre a
superfície das águas. E Deus disse ”Que se faça a luz”, e a luz foi feita”. (neste momento, o condutor retira a venda
do candidato). (Em algumas Lojas, à última palavra, os irmãos batem o pé no solo e uma palma). (O golpe do
malhete do Venerável é o sinal para que os irmãos voltem aos seus lugares, mas ele permanece junto ao altar).
V.M. – Ir. 1º Diác., vos agradecerei se retirardes a corda (cable-tow). (Alguns Mestres dizem: – Pois agora o Ir. está
conosco graças a um vínculo mais forte).
V.M. – Meu Irmão, ao nascer a luz neste grau, descobris ambas pontas (points) do compasso ocultas sob o esquadro,
o que significa que estais ainda na escuridão, em relação à Maçonaria, tendo apenas recebido o grau de um
Aprendiz Aceito. Descobris também as três grandes luzes na Maçonaria, mediante a ajuda das três luzes menores.
As três grandes luzes na Maçonaria são a Bíblia Sagrada, o esquadro e o compasso, que se explicam assim: a Bíblia
Sagrada e a regra e guia de nossa fé e prática; o esquadro, para ajustar nossas ações; o compasso, para
circunscrevermos-nos e guardarmos-nos dentro dos limites com todo o gênero humano, mas mais especialmente
com um irmão Maçom. As três luzes menores são os três candelabros de uma vela que vedes situados em forma
triangular em torno deste altar. Representam o sol, a lua e o Mestre de Loja; e assim como o sol rege o dia, e a lua
governa a noite, assim deve o Venerável Mestre esforçar-se para reger e governar sua Loja com igual regularidade.
(Dando um passo para trás desde o altar). – Em seguida, descobris-me como Mestre desta Loja, aproximando-me
de vós desde o Oriente, sob a devida guarda, sinal e passo de um Aprendiz Aceito (faz-los) e, como prenda de meu
amor e favor fraternos, vos dou minha mão direita (toma pela mão direita o candidato, ajoelhado diante do altar) e
com ela o apertar de mãos e a palavra de um Aprendiz Aceito. Agarrai minha mão, irmão, como eu o faço. Como
ainda não estais informado, vosso condutor responderá por vós (o 1º Diác.).
(Olhando o Diácono nos olhos, enquanto segura o candidato pela mão direita). – Eu saúdo (ou “chamo”).

4
1º Diác. – Eu oculto.
V.M. – O que ocultais?
1º Diác. – Todos os segredos dos Maçons, nos Maçons, a quem este (dá-lhe o toque de Aprendiz Aceito) sinal alude.
(Seguem as perguntas e respostas que se referem à comunicação ritual da palavra sagrada).
V.M. (Ajudando o neófito, a quem ainda tem pela mão direita, a levantar-se do altar). – Levantai-vos, irmão, e
saudai o 2º e 1º VVig. como um Aprendiz Aceito juramentado.
...
O 1º Diác. responde por ele, e ao permitir-lhe que avance para o Oriente, o Mestre se aproxima do Aprendiz e lhe
entrega o avental enrolado, fazendo com que seja conduzido até o 1º Vig. para que o ensine como vesti-lo, amarrá-lo,
e instruindo lhe diz: – Este é o modo, Irmão Gabe, que os AApr. Aceitos vestiam seus aventais durante a construção
do Templo do Rei Salomão, e assim levareis o vosso até que estejais mais avançado. (Faz com que o reconduzam al
V.M. no Oriente. Para a continuação, veja a nota 33 dos Rituais da Loja Thebah7).
V.M. – Irmão Gabe, estais colocado agora no ângulo nordeste desta Loja, por ser um Apr. Aceito mais jovem, um
homem reto e Maçom, e vos encarrego estritamente que como tal caminheis e atueis sempre. Irmão, posto que
estais vestido como um Aprendiz Aceito, é necessário que tenhais vossas ferramentas, que são a régua (ou medidor
[gauge]) de vinte e quatro polegadas e o maço, ou martelo comum. ... A régua para medir e entregar seu trabalho, …
o maço comum para quebrar os ângulos supérfluos das pedras brutas...
– Irmão Gabe, há uma instrução deste Grau, consistente em três seções, que deveis memorizar à primeira
oportunidade. A primeira seção trata da maneira de vossa iniciação; a segunda seção, as razões do por quê etc.; a
terceira seção, a forma, móveis, luzes etc. Esta instrução começa assim...

B
DO RITO ESCOCÊS RETIFICADO
Neste Rito, de inspiração cavalheiresco-cristã, “formar a Loja” designa a reunião de todos os IIr∴ ao redor do
retângulo da tapeçaria ou Quadro da Loja, que contém o simbolismo do Grau no desenho do Átrio e do “Templo
interior”, que se encontrar sobre o solo no interior do triângulo formado pelo Altar e as mesas dos VVig∴. As três
viagens do Recipiendário se realizam ao redor dos IIr∴ que “forma a Loja”, passando por trás do trono do Oriente e
dos postos dos VVig∴, o que constitui, visto desde uma perspectiva zenital, uma figura formada por um círculo, que
rodeia um triângulo que contém um quadrângulo, em cujo centro se encontra a Estrela Flamígera, desenho que,
exceto por este último símbolo, substituído pelo centro onde se apóia uma ponta do compasso, recorda
curiosamente uma das lâminas da obra alquímica Atalanta Fugiens, de Michel Maier. Igualmente deve-se observar
na recepção, ao redor do “Delta luminoso” do Oriente, a frase: “Et tenebrae eam non comprehenderunt”.

7A nota 33 diz o seguinte: Entre os Oficiais que compõem uma Loja maçônica, o Ir∴ Hospitaleiro encarna a virtude da Caridade,
como testemunha o coração que figura na jóia de seu colar (no R∴E∴R∴ é um coração inflamado). É o depositário do “Tronco
da Viúva”, ou “da Beneficência” destinado a socorrer as necessidades pecuniárias dos membros da Loja e de suas famílias
impedidos por motivos de saúde ou de outra índole. Ele é igualmente o laço que a Loja mantém com os IIr∴ doentes que não
podem assistir aos Trabalhos. Transcrevemos o seguinte, pertencente ao A∴Y∴R∴: [Depois de ter sido revestido com o avental
e devolvido ao Oriente diante do V.M., este lhe diz: “Ir. Gabe, de acordo com um antigo costume, adotado entre os maçons, é
necessário que se vos solicite alguma doação de natureza metálica, não pelo seu valor intrínseco, mas para que possa ser
depositado entre as relíquias nos arquivos desta Loja, como uma recordação de quanto fostes feito um maçom. Qualquer coisa,
Irmão, que tenhais convosco, de natureza metálica, será recebida com gratidão: um botão, um alfinete, uma moeda de cinco ou
dez centavos, ou qualquer coisa, meu Irmão”. O candidato observa que não leva nada sobre si, que está totalmente desprovido,
pois seu condutor já o havia despojado de tudo antes de entrar na Loja. Talvez solicite poder ir até onde estão suas roupas para
poder contribuir, o que é logo rechaçado pelo V.M. Após alguns momentos de suspense, este diz: “Ir. Gabe, sois na verdade um
objeto de caridade: quase nu, sem um centavo, nem sequer um botão ou alfinete para oferecer a esta Loja. Permiti, meu Irmão,
que isto tenha um último efeito sobre vossa mente e vossa consciência, e recordai, se alguma vez virdes um amigo, mas mais
especialmente a um Irmão, em uma condição semelhante de desamparo, que deveis contribuir tão livremente para seu sustento
e socorro, conforme suas necessidades pareçam exigir e vossa capacidade vos permita sem que haja nenhuma ofensa material
para vós ou para vossa família”. Depois disso, o candidato é “devolvido ao lugar de onde veio e investido do que antes lhe havia
sido desvestido”, antes de voltar à Loja e ser colocado no Nordeste, ponto cardeal onde antigamente era depositada a primeira
pedra da construção. Trata-se do simbolismo do despojamento, imagem da dependência de todo ser com relação ao Princípio,
representado no espaço sagrado da Loja, vinculado igualmente com o simbolismo da caridade, já que esta corresponde ao
“vértice superior do triângulo iniciático”. Soma-se, em nota, no Duncan’s Ritual: “O Mestre, assistido pelo 1º Vig., (que revestiu
o Neófito com o avental e o ensinou como levá-lo) deposita a primeira pedra de ângulo de uma bela fábrica” (o sublinhado assim
se encontra no texto). Ver R. Guénon: “A pedra angular”, “Lapsit Exillis”, “El-Arkàn”, caps. XLIII a XLV de Símbolos
Fundamentais...

5
Fazemos uma resenha das perguntas e respostas correspondentes às três viagens nas quais o Recipiendário sofre a
“prova dos Elementos”. O candidato é conduzido pelo 2º Vig∴, que mantém uma espada apoiada em seu peito. Ao
chegar a cada ocasião novamente ao Ocidente, as perguntas e respostas rituais são as seguintes:

Primeira Viagem:
(O 2º Vig∴ toma a mão direita do Candidato com sua esquerda).
2º Vig∴: – O que é isto?
O Candidato responde: – “Fogo”.
Ir∴ Introdutor: – O fogo consome a corrupção, mas devora o ser corrompido.
V∴M∴: – O homem está em busca da Verdade, mas não poderá descobri-la se a corrupção o extravia.
...
V∴M∴: – Irmão 2º Vig∴, o que pedis?
2º Vig∴: – Venerável Mestre, o Buscador fez sua primeira viagem e, passando pelo Meio-dia, foi rigorosamente
provado pelo Fogo e, no entanto, não encontrou o que deseja.
V∴M∴: – Bem vejo, pois que é um fraco e ainda não teve o valor de entrar convosco na boa via, está ainda muito
longe. Provai-o novamente, talvez o consiga se perseverar.

Segunda Viagem
(Se faz em sentido contrário às outras duas. O 2º Vig∴ toma a mão esquerda do Candidato com sua direita).
2º Vig∴: – O que é isto?
O Candidato responde: – “Água”.
Ir∴ Introdutor: – É pela dissolução das coisas impuras que a água lava e purifica, mas recobre as influências
funestas e os princípios da putrefação.
...
V∴M∴: – Aquele que se envergonha da moral, da Virtude e de seus Irmãos, é indigno da estima e da amizade dos
Maçons.
...
V∴M∴: – Irmão 2º Vig∴, o que pedis?
2º Vig∴: – Venerável Mestre, o Perseverante terminou sua segunda viagem e passou, com muita dor, pelo elemento
Água, na região Norte, mas não alcançou a meta de suas buscas.
V∴M∴: – Como podia esperá-lo? Se se assustou com as penas que deve sofrer, não está ainda na boa via, e
inclusive encontra-se ainda muito longe; se sofre com paciência e sem murmúrios, pode esperar o êxito de seus
trabalhos.

Terceira Viagem
(Como a primeira).
2º Vig∴: – O que é isto?
O Candidato responde: – “Terra”.
Ir∴ Introdutor: – O grão arrojado na terra recebe nela a vida, mas se seu gérmen estiver alterado, a própria terra
acelera sua putrefação.
...
V∴M∴: – O Maçom, cujo coração não se abre às necessidades e às desgraças dos demais homens, é um monstro na
Sociedade dos Irmãos. (Após um momento de silêncio): Refleti bem, senhor, sobre estas três máximas que a Ordem
acaba de vos apresentar, pois servirão no futuro para julgardes vós mesmo.
...

6
V∴M∴: – O que pedis, Irmão?
2º Vig∴: – O Sofredor terminou a terceira viagem, chegou ao Ocidente e experimentou o elemento terrestre, mas
confessa seu erro e reclama vossa assistência.
V∴M∴: – Por fim está na boa via, posto que conseguiu chegar ao pé da escada do Templo. Irmãos Vigilantes, fazei-
o subir os três primeiros graus, a fim de que ensaie diante de nós as forças que acaba de adquirir.
... (os Vigilantes põem o Candidato no começo da tapeçaria do Quadro da Loja, o rosto voltado para o Oriente, os
pés em esquadro, e os dois calcanhares um contra o outro; sustentam-no por ambos braços, fazendo-o subir
mediante três pequenos passos de esquadro bem distintos dos três primeiros degraus da escada do Templo e,
depois de deixá-lo repousar por um instante na primeira paragem, fazem-no voltar e descer a passos livres, fugindo
com medo).
V∴M∴: – Senhor, a escada, cujos três primeiros degraus acabastes de subir, conduz à porta de um Templo que está
ainda oculto aos vossos olhares... ... que aprendeis a elevardes sem cessar com firmeza até à paragem em que
terminam estes três degraus, para contemplar dali o exterior desse edifício, admirar sua regularidade e suas
proporções.

C
LEITURA PARA O QUADRO DA LOJA
Este extrato da leitura que se realiza durante o traçado do Quadro da Loja no Rito inglês Emulação (Emulation)
está de acordo com as citações traduzidas de Les Tracés de Lumière (Dervy-Livres, París 1976) de Jean Tourniac, e
de Villard de Honnecourt Nº 8, I 1984, artigo: “Le Tableau de Loge comme support de meditation et comme lieu du
geste”, de J.-François Ferraton. Sobre o “Pavimento mosaico”, ver R. Guénon, Símbolos Fundamentais..., cap.
XLVII: “O branco e o negro”.
“Permiti-me atrair em primeiro lugar vossa atenção sobre a forma da Loja, que é um paralelepípedo estendendo-se
longitudinalmente do Ocidente ao Oriente, sua largura vai do Norte ao Sul, e sua altura vai desde a superfície da
Terra até seu centro, e é tão alta como os Céus. Uma Loja de Maçons é descrita em todas as direções do espaço para
mostrar a universalidade da Ciência e nos ensina que a Caridade de um Maçom não deve conhecer outros limites
que os da Prudência”.
“Nossas Lojas devem estar orientadas do Oriente ao Ocidente, porque todos os Templos dedicados à adoração
divina, como as Lojas de Maçons, estão ou devem estar assim orientados. Nossas Lojas se encontram sobre uma
Terra sagrada, ou sobre a mais alta colina, ou o mais profundo vale, ou no vale de Josafat, o em qualquer lugar
secreto”.
“Nossas Lojas estão iluminadas pelas Três Grandes Luzes da Maçonaria: o Livro da Lei Sagrada, o Compasso e o
Esquadro. O Livro da Lei Sagrada pertence ao Grande Arquiteto do Universo, o Compasso ao Mestre, e o Esquadro
ao Companheiro”.
“Os ornamentos da Loja são três: o Pavimento mosaico, a Estrela flamígera e a Cadeia de união. O Pavimento
mosaico é o solo da Loja, a Estrela flamígera está no centro, e a Cadeia de união é o marco que a rodeia”.
“Em nossas Lojas há três jóias móveis e três imóveis. As três jóias móveis são: o Esquadro, o Nível e o Prumo. O
Esquadro serve para pôr as pedras segundo as linhas justas e esquadrinhadas, o Nível para verificar todas as
horizontais, e o Prumo para verificar todas as verticais. As três jóias imóveis são: a Prancha de traçar, a Pedra
cúbica e a Pedra bruta. Com a Prancha de traçar os Mestres traçam seus planos, com a Pedra cúbica os
Companheiros provam suas utilidades e com a Pedra bruta os Aprendizes aprendem a trabalhar.
“Em todas as Lojas regularmente constituídas e normalmente consagradas, há um ponto situado no interior de um
círculo ao redor do qual nenhum irmão pode errar. Este círculo está limitado ao Norte e ao Sul pelas colunas J e B,
as quais simbolizam os nossos dois santos patronos: São João Evangelista e São João Batista. Se dermos a volta
nesse círculo, deveremos tocar necessariamente as duas colunas”.
“O Universo é o Templo de Deus Todo-Poderoso, a quem servimos. A Sabedoria, a Força e a Beleza sustentam seu
Trono como os pilares de Sua Obra, porque Sua Sabedoria é infinita, Sua Força onipotente e Sua Beleza resplandece
na ordem e simetria do conjunto da criação. Ele estende os Céus ao infinito, como um vasto baldaquino, dispõe a
Terra como o escabelo de seus pés, coroa seu Templo com as Estrelas como uma diadema e de Sua Mão irradiam a
Potência e a Glória. O Sol e a Lua são os mensageiros de Sua Vontade e toda Sua Lei é a concórdia”.

7
D
ORAÇÕES
As que são apresentadas em seguida, uma corresponde à Abertura dos Trabalhos e outra ao seu Encerramento,
procedem de fonte particular, pertencendo a um Rito dos EUA, que bem pode ser uma variante do citado Ancient
York Rite.

Abertura
“Sacratíssimo e Gloriosíssimo Senhor Deus, Grande Arquiteto do Universo, Doador de todos os presentes e graças,
Aquele que prometeu que onde dois ou três estivessem reunidos em Seu Nome, estaria no meio deles e os
abençoaria. Em Vosso Nome estamos reunidos e em Vosso Nome desejamos proceder em tudo o que fizermos.
Concedei que os sublimes princípios da Livre Maçonaria possam subjugar toda paixão discordante dentro de nós.
Harmonizai e enriquecei dessa forma nossas corações com Vosso próprio Amor e Bondade. Que possa, neste tempo,
a Loja refletir humildemente a Ordem e a Beleza que reinam para sempre diante de Vosso Trono. Amém”.

Encerramento
“E agora, Todo-Poderoso Pai, pedimos Vossa Bênção sobre os atos desta comunicação. E, estando próximos de nos
separarmos, Vos pedimos nos guardeis sob Vosso Cuidado protetor até que estejamos juntos novamente. Ensinai-
nos, o Deus, a realizar as belezas dos princípios de nossa Instituição honrada pelo tempo, não só enquanto estamos
em Loja, mas lá fora, no mundo. Subjugai toda paixão discordante dentro de nós. Que possamos amarmos-nos uns
aos outro nos vínculos da união e da amizade. Amém”.

Recepção
A seguinte oração procede do manuscrito “The Three Distinct Knocks” (1760), a partir da tradução de Gilles
Pasquier publicada no Villard d'Honnecourt Nº 13, II 1986. Oração que realiza o Recipiendário junto ao V∴M∴
antes de começar suas viagens. Pode-se compará-la com a do Ancient York Rite.
“Ó Senhor Deus, Grande e Universal Maçom do Mundo, e primeiro construtor do Homem como se fosse um templo,
sê conosco, ó Senhor, tal como prometeste que quando dois ou três estivessem reunidos em Teu Nome, Tu estarias
no meio deles, sê conosco, ó Senhor, e abençoa todas as nossas tarefas, e faz lembrar aquele que é nosso amigo para
que seja um fiel Irmão. Faz com que a Graça e a Paz se propaguem nele através do Conhecimento de nosso Senhor
Jesus Cristo e faz-lo lembrar, ó Senhor, que assim como colocará sua mão sobre tua Santa Palavra, daí em diante
não mais a empregue senão ao serviço de um Irmão, jamais para feri-lo ou a sua família. Que nos seja dada a
grande e preciosa Promessa de ser admitidos a participar em tua Divina Natureza, escapando da corrupção deste
mundo de invejas”.
“Ó Senhor Deus, soma à nossa Fé a Virtude, à Virtude o Conhecimento, ao Conhecimento a Temperança, à
Temperança a Prudência, à Prudência a Paciência, à Paciência a Piedade, à Piedade o Amor Fraterno, e ao Amor
Fraterno a Caridade; e permita, ó Senhor, que a Maçonaria seja abençoada através do Mundo, e que tua Paz esteja
sobre nós; e concede-nos estar unidos em nosso Senhor Jesus Cristo, que vive e reina para sempre”.

Fonte: http://www.geocities.com/glolyam/thebah.htm
Tradução: Lucas Yassumura, em 25 de setembro de 2005.

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